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    CENTRO FEDERAL DE EDUCAO TECNOLGICADE MINAS GERAIS

    DEPARTAMENTO DE ENSINO DE SEGUNDO GRAUCOORDENAO DO CURSO TCNICO DE MECNICA

    MANUTENO DE MQUINAS EEQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS

    Professor: Leonardo Roberto da Silva

    Setembro/2008

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    INDCE

    Manuteno de Mquinas e Equipamentos Industriais - MMEI

    1. Introduo manuteno.........................................................................................................32. Anlise de falhas em mquinas.................................................................................................43. Lubrificao industrial..............................................................................................................74. Tipos de manuteno ..............................................................................................................125. Tcnicas de desmontagem de elementos mecnicos..............................................................196. Tcnicas de montagem de conjuntos mecnicos...................................................................217. Mancais de deslizamento.........................................................................................................228. Mancais de rolamento.............................................................................................................259. Transmisso por polias e correias..........................................................................................4710. Redutores de velocidade........................................................................................................5411. Sistemas de vedao...............................................................................................................6112. Montagem de peas com guias deslizantes..........................................................................6913. Acoplamentos.........................................................................................................................7314. Cabos de ao...........................................................................................................................7615. Embreagens............................................................................................................................7816. Anel elstico............................................................................................................................8117. Freios.......................................................................................................................................8218. Chavetas..................................................................................................................................8418. Noo de leitura e interpretao de conjuntos mecnicos.................................................86

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    1. Introduo manuteno

    Com a globalizao da economia, a busca da qualidade total em servios, produtos egerenciamento ambiental passaram a ser a meta de todas as empresas. Disponibilidade demquina, aumento da competitividade, aumento da lucratividade, satisfao dos clientes,

    produtos com defeito zero...O que a manuteno tem a ver com a qualidade total?Vamos comparar. Imagine que eu seja um fabricante de rolamentos e que tenha concorrentes

    no mercado. Pois bem, para que eu venha a manter meus clientes e conquistar outros, precisareitirar o mximo rendimento de minhas mquinas para oferecer rolamentos com defeito zero epreo competitivo. Deverei, tambm, estabelecer um rigoroso cronograma de fabricao e deentrega de meus rolamentos. Imagine voc que eu no faa manuteno de minhas mquinas. Seeu no tiver um bom programa de manuteno, os prejuzos sero inevitveis, pois mquinascom defeitos ou quebradas causaro: Diminuio ou interrupo da produo; Atrasos nas entregas; Perdas financeiras; Aumento dos custos; Rolamentos com possibilidades de apresentar defeitos de fabricao; Insatisfao dos clientes; Perda de mercado.Para evitar o colapso de minha empresa devo, obrigatoriamente, definir um programa de

    manuteno com mtodos preventivos a fim de obter rolamentos nas quantidades previamenteestabelecidas e com qualidade. Tambm devo incluir, no programa, as ferramentas a seremutilizadas e a previso da vida til de cada elemento das mquinas. Todos esses aspectosmostram a importncia que se deve dar manuteno.

    1.1 Um breve histrico

    A manuteno, embora despercebida, sempre existiu, mesmo nas pocas mais remotas.Comeou a ser conhecida com o nome de manuteno por volta do sculo XVI na Europacentral, juntamente com o surgimento do relgio mecnico, quando surgiram os primeirostcnicos em montagem e assistncia. Tomou corpo ao longo da Revoluo Industrial e firmou-se,como necessidade absoluta, na Segunda Guerra Mundial. No princpio da reconstruo ps-guerra, Inglaterra, Alemanha, Itlia e principalmente o Japo aliceraram seu desempenhoindustrial nas bases da engenharia e manuteno. Nos ltimos anos, com a intensa concorrncia,

    os prazos de entrega dos produtos passaram a ser relevantes para todas as empresas. Com isso,surgiu a motivao para se prevenir contra as falhas de mquinas e equipamentos.Essa motivao deu origem manuteno preventiva. Em suma, nos ltimos anos que tem

    havido preocupao de tcnicos e empresrios para o desenvolvimento de tcnicas especficaspara melhorar o complexo sistema Homem/Mquina/Servio.

    1.2 Conceito e objetivos

    Podemos entender manuteno como o conjunto de cuidados tcnicos indispensveis aofuncionamento regular e permanente de mquinas, equipamentos, ferramentas e instalaes.Esses cuidados envolvem a conservao, a adequao, a restaurao, a substituio e a

    preveno. De modo geral, a manuteno em uma empresa tem como objetivos:

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    Manter equipamentos e mquinas em condies de pleno funcionamento para garantir aproduo normal e a qualidade dos produtos;

    Prevenir provveis falhas ou quebras dos elementos das mquinas.Alcanar esses objetivos requer manuteno diria em servios de rotina e de reparos

    peridicos programados. A manuteno ideal de uma mquina a que permite altadisponibilidade para a produo durante todo o tempo em que ela estiver em servio e a um custoadequado.

    1.3 Servios de rotina e servios peridicos

    Os servios de rotina constam de inspeo e verificao das condies tcnicas das unidadesdas mquinas. A deteco e a identificao de pequenos defeitos dos elementos das mquinas, averificao dos sistemas de lubrificao e a constatao de falhas de ajustes so exemplos dosservios da manuteno de rotina.

    A responsabilidade pelos servios de rotina no somente do pessoal da manuteno, mas

    tambm de todos os operadores de mquinas. Salientemos que h, tambm, manuteno deemergncia ou corretiva que ser estudada no item 4.2.

    Os servios peridicos de manuteno consistem de vrios procedimentos que visam mantera mquina e equipamentos em perfeito estado de funcionamento. Esses procedimentos envolvemvrias operaes: Monitorar as partes da mquina sujeitas a maiores desgastes; Ajustar ou trocar componentes em perodos predeterminados; Exame dos componentes antes do trmino de suas garantias; Replanejar, se necessrio, o programa de preveno; Testar os componentes eltricos etc.Os servios peridicos de manuteno podem ser feitos durante paradas longas das mquinas

    por motivos de quebra de peas (o que deve ser evitado) ou outras falhas, ou durante oplanejamento de novo servio ou, ainda, no horrio de mudana de turnos.

    As paradas programadas visam desmontagem completa da mquina para exame de suaspartes e conjuntos. As partes danificadas, aps exame, so recondicionadas ou substitudas. Aseguir, a mquina novamente montada e testada para assegurar a qualidade exigida em seudesempenho.

    O acompanhamento e o registro do estado da mquina, bem como dos reparos feitos, sofatores importantes em qualquer programa de manuteno.

    2. Anlise de falhas em mquinasAs origens de falhas das mquinas esto nos danos sofridos pelas peas componentes. A

    mquina nunca quebra totalmente de uma s vez, mas pra de trabalhar quando alguma partevital de seu conjunto se danifica. A parte vital pode estar no interior da mquina, no mecanismode transmisso, no comando ou nos controles. Pode, tambm, estar no exterior, em partesrodantes ou em acessrios. Por exemplo, um pneu uma parte rodante vital para que umcaminho funcione, assim como um radiador um acessrio vital para o bom funcionamento deum motor.

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    2.1 Origem dos danos

    A origem dos danos pode ser assim agrupada:Erros de especificao ou de projeto - A mquina ou alguns de seus componentes nocorrespondem s necessidades de servio. Nesse caso os problemas, com certeza, estaro nos

    seguintes fatores: dimenses, rotaes, materiais, tratamentos trmicos, ajustes, acabamentossuperficiais ou, ainda, em desenhos errados.Falhas de fabricao - A mquina, com componentes falhos, no foi montada corretamente.Nessa situao pode ocorrer o aparecimento de trincas, incluses, concentrao de tenses,contatos imperfeitos, folgas exageradas ou insuficientes, empeno ou exposio de peas atenses no previstas no projeto.Instalao imprpria - Trata-se de desalinhamento dos eixos entre o motor e a mquinaacionada. Os desalinhamentos surgem devido aos seguintes fatores: fundao (local deassentamento da mquina) sujeita as vibraes; sobrecargas; trincas e corroso.Manuteno imprpria - Trata-se da perda de ajustes e da eficincia da mquina em razo dosseguintes fatores: sujeira; falta momentnea ou constante de lubrificao; lubrificao imprpria

    que resulta em ruptura do filme ou em sua decomposio; superaquecimento por causa doexcesso ou insuficincia da viscosidade do lubrificante; falta de reapertos ou falhas de controlede vibraes.Operao imprpria - Trata-se de sobrecarga, choques e vibraes que acabam rompendo ocomponente mais fraco da mquina. Esse rompimento, geralmente, provoca danos em outroscomponentes ou peas da mquina.

    Salientemos que no esto sendo consideradas medidas preventivas a respeito de projetos oudesenhos, mas das falhas originadas nos erros de especificao, de fabricao, de instalao, demanuteno e de operao que podem ser minimizados com um controle melhor.

    As falhas so inevitveis quando aparecem por causa do trabalho executado pela mquina.Nesse aspecto, a manuteno restringe-se observao do progresso do dano para que se possasubstituir a pea no momento mais adequado.

    2.2 Anlise de danos e defeitos

    A anlise de danos e defeitos de peas tem duas finalidades:a) Apurar a razo da falha, para que sejam tomadas medidas objetivando a eliminao de suarepetio;b) Alertar o usurio a respeito do que poder ocorrer se a mquina for usada ou conservadainadequadamente.

    Para que a anlise possa ser bem-feita, no basta examinar a pea que acusa presena defalhas. preciso, de fato, fazer um levantamento de como a falha ocorreu, quais os sintomas, sea falha j aconteceu em outra ocasio, quanto tempo a mquina trabalhou desde sua aquisio,quando foi realizada a ltima reforma, quais os reparos j feitos na mquina, em quais condiesde servio ocorreu a falha, quais oram os servios executados anteriormente, quem era ooperador da mquina por quanto tempo ele a operou.

    Enfim, o levantamento dever ser o mais minucioso possvel para que a causa da ocorrnciafique perfeitamente determinada. Evidentemente, uma observao pessoal das condies geraisda mquina e um exame do seu dossi (arquivo ou pasta) so duas medidas que no podem sernegligenciadas.

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    O passo seguinte diagnosticar o defeito e determinar sua localizao, bem como decidirsobre a necessidade de desmontagem da mquina. A desmontagem completa deve ser evitada,porque cara e demorada, alm de comprometer a produo, porm, s vezes, ela inevitvel.

    Aps a localizao do defeito e a determinao da desmontagem, o responsvel pelamanuteno dever colocar na bancada as peas interligadas, na posio de funcionamento. Na

    hora da montagem no podem faltar ou sobrar peas! As peas no devem ser limpas na fasepreliminar e sim na fase do exame final. A limpeza dever ser feita pelo prprio analisador, paraque no se destruam vestgios que podem ser importantes. Aps a limpeza, as peas devem seretiquetadas para facilitar na identificao e na seqncia de montagem da mquina.

    2.3 Principais tipos de rupturas

    Todas as rupturas processam-se de duas maneiras. A primeira por cisalhamento, quando forprovocado por deslizamento de planos no interior dos cristais do material. A segunda portrao, quando os cristais so separados um do outro. Trata-se de um dano causado pelaaplicao de fora superior ao limite de resistncia da pea. Quando for aplicado com choque

    trata-se de impacto. Quando for aplicada lenta ou rapidamente, mas sem choque, denominadaesttica. A Figura 1 mostra alguns exemplos de quebras por trao, flexo, cisalhamento etoro.

    a) Quebra por trao

    Material Materialfrgil dctil

    b) Quebra por flexo

    c) Quebra por cisalhamento d) Quebra por toro

    Material Materialfrgil dctil

    Figura 1 - Principais tipos de rupturas.

    Desgaste: Trata-se de perda inevitvel do material, modificao do acabamento, dureza,composio qumica e demais caractersticas da superfcie da pea. Distinguimos: o desgasteprovocado pelo atrito por deslizamentoque provoca a perda do material desde o incio (quase-esttico) e o desgaste provocado por atrito de rolamento, que comea a agir aps a fadiga desuperfcie (dinmico). O desgaste por deslizamento, na fase inicial, pode melhorar as caractersticas da superfcie com o "amaciamento", ou seja, removendoos picos das rugosidadese aumentando a superfcie de contato, da mesma maneira como o acabamento por lapidao,desde que noproduza engripamento.

    O desgaste por rolamento pode melhorar, inicialmente, as caractersticas da superfcie porao semelhante ao martelamento. Aps a fase inicial comea o desgaste, inicialmente lento com

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    remoo do material, at que as vibraes e foras dinmicas, provocadas pelos aumentos defolgas, vo acelerar o desgaste cada vez mais, conforme Figura 2. Se a mquina continuartrabalhando haver uma avaria, com parada brusca, num momento imprevisto e com dano devrias peas. O desgaste pode ser diminudo e retardado, mas no pode ser eliminado totalmenteem vista de ocorrncia das modificaes na superfcie da pea em trabalho.

    Figura 2 - Comportamento e fases do desgaste.

    3. Lubrificao industrial

    A lubrificao uma operao que consiste em introduzir uma substncia apropriada entresuperfcies slidas que estejam em contato entre si e que executam movimentos relativos. Essasubstncia apropriada normalmente um leo ou uma graxa que impede o contato direto entre assuperfcies slidas.

    Quando recobertos por um lubrificante, os pontos de atrito das superfcies slidas fazem comque o atrito slido seja substitudo pelo atrito fluido, ou seja, em atrito entre uma superfcieslida e um fluido. Nessas condies, o desgaste entre as superfcies ser bastante reduzido.Alm dessa reduo do atrito, outros objetivos so alcanados com a lubrificao, se a substncialubrificante for selecionada corretamente:

    Menor dissipao de energia na forma de calor; Reduo da temperatura, pois o lubrificante tambm refrigera; Reduo da corroso; Reduo de vibraes e rudos; Reduo do desgaste.

    3.1 Lubrificantes

    Os lubrificantes podem ser gasosos como o ar; lquidos como os leos em geral; semi-slidoscomo as graxas e slidos como a grafita, o talco, a mica etc. Contudo, os lubrificantes maisprticos e de uso dirio so os lquidos e os semi-slidos, isto , os leos e as graxas.

    Quanto origem, os leos podem ser classificados em quatro categorias: leos minerais,leos vegetais, leos animais e leos sintticos.leos minerais - So substncias obtidas a partir do petrleo e, de acordo com sua estruturamolecular, so classificadas em leos parafnicos ou leos naftnicos.leos vegetais - So extrados de sementes: soja, girassol, milho, algodo, arroz, mamona,oiticica, babau etc.leos animais - So extrados de animais como a baleia, o cachalote, o bacalhau, a capivara etc.leos sintticos - So produzidos em indstrias qumicas que utilizam substncias orgnicas einorgnicas para fabric-los. Estas substncias podem ser silicones, steres, resinas, glicerinasetc.

    Os leos animais e vegetais raramente so usados isoladamente como lubrificantes, por causada sua baixa resistncia oxidao, quando comparados a outros tipos de lubrificantes. Em vista

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    disso, eles geralmente so adicionados aos leos minerais com a funo de atuar como agentesde oleosidade. A mistura obtida apresenta caractersticas eficientes para lubrificao,especialmente em regies de difcil lubrificao.

    Os leos sintticos so de aplicao muito rara, em razo de seu elevado custo, e soutilizados nos casos em que outros tipos de substncias no tm atuao eficiente.

    Os leos minerais so os mais utilizados nos mecanismos industriais, sendo obtidos em largaescala a partir do petrleo.

    3.2 Caractersticas e propriedades dos leos lubrificantes

    Os leos lubrificantes, antes de serem colocados venda pelo fabricante, so submetidos aensaios fsicos padronizados que, alm de controlarem a qualidade do produto, servem comoparmetros para os usurios. Os principais ensaios fsicos padronizados para os leoslubrificantes encontram-se resumidos na Tabela a seguir.

    A escolha correta de lubrificantes deve levar em considerao suas principais propriedades:poder adesivo (aderncia); viscosidade (coeso); ausncia de cidos; pureza qumica; resistnciaao envelhecimento; pontos de inflamao e de congelamento aparente e pureza mecnica. Vamosanalisar cada uma dessas caractersticas:Aderncia: para que possa ser arrastado e comprimido no espao intermedirio entre as pecas, olubrificante deve aderir s superfcies deslizantes. Um lubrificante de pouca aderncia noconsegue entrar no espao interpeas devido resistncia que as pecas oferecem a sua entrada.Sem aderncia, o lubrificante se solta e ocorre atrito entre as peas.Viscosidade: a propriedade mais importante do lubrificante. A viscosidade do lubrificante necessria para evitar o rompimento da camada aderida s superfcies deslizantes; seno, seriaimpossvel a formao de uma pelcula contnua e resistente de lubrificante. O nvel de atrito

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    fluido depende da viscosidade, ou seja, da resistncia da camada lubrificante. A viscosidade ,portanto, uma forma de resistncia ao atrito em um deslizamento fluido. O lubrificante no deveser excessivamente viscoso, para evitar perdas por atrito. Nem muito pouco viscoso, porque aresistncia mecnica seria muito pouca. No caso de grandes cargas, por exemplo, em vez deatrito fluido, ocorre atrito misto. De qualquer forma, a viscosidade de um lubrificante no

    constante; depende estritamente da temperatura. A uma temperatura elevada, deve corresponderum lubrificante com menos viscosidade. Assim, muito importante conhecer a temperatura detrabalho para a seleo adequada do lubrificante. Logo temos:

    leo Viscosidade EscoamentoFino

    GrossoBaixaAlta

    RpidoLento

    Ausncia de cidos: um bom lubrificante deve estar livre de cidos orgnicos procedentes damistura de graxas vegetais e de graxas minerais, que so resduos do refinamento.Pureza qumica: o lubrificante deve estar livre de lcalis, asfaltos, resinas e parafinas.

    Resistncia ao envelhecimento: um bom lubrificante no varia sua composio qumica mesmodepois de uso prolongado. Alm disso, um bom lubrificante no se oxida, no fica resinoso nemespesso. Em contato com gua, no deve formar emulso.Ponto de inflamao: o ponto de inflamao de um lubrificante corresponde temperatura emque os vapores de leo se desprendem numa tal quantidade que forma uma mistura explosiva dear e vapor de leo. Por isso, o ponto de inflamao tem especial importncia nos lubrificantes demquinas ou mecanismos que trabalham com elevadas temperaturas, como cilindros de vapor,motores de combusto e compressores.Ponto de congelamento: o ponto de congelamento aparente a temperatura abaixo da qual olubrificante se toma to rgido que incapaz de fluir, por seu prprio peso, atravs de um tubo de40 mm de dimetro. Esse fato deve ser levado em conta, quando se trabalha com mquinas embaixa temperatura.Pureza mecnica: necessria a ausncia de impurezas slidas que podem danificar assuperfcies mveis e provocar o entupimento dos condutos de lubrificante. Por isso, lubrificantesvelhos devem ser filtrados antes de serem usados novamente.

    3.3 Graxas

    As graxas so compostos lubrificantes semi-slidos constitudos por uma mistura de leo,aditivos e agentes engrossadores chamados sabes metlicos, base de alumnio, clcio, sdio,ltio e brio. Elas so utilizadas onde o uso de leos no recomendado. As graxas tambm

    passam por ensaios fsicos padronizados e os principais encontram-se no quadro a seguir.

    Os tipos de graxa so classificados com base no sabo utilizado em sua fabricao.

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    Graxa base de alumnio: macia; quase sempre filamentosa; resistente gua; boa estabilidadeestrutural quando em uso; pode trabalhar em temperaturas de at 71C. utilizada em mancaisde rolamento de baixa velocidade e em chassis.Graxa base de clcio: vaselinada; resistente gua; boa estabilidade estrutural quando emuso; deixa-se aplicar facilmente com pistola; pode trabalhar em temperaturas de at 77C.

    aplicada em chassis e em bombas dgua.Graxa base de sdio: geralmente fibrosa; em geral no resiste gua; boa estabilidadeestrutural quando em uso. Pode trabalhar em ambientes com temperatura de at 150C. aplicada em mancais de rolamento, mancais de rodas, juntas universais etc.Graxa base de ltio: vaselinada; boa estabilidade estrutural quando em uso; resistente gua;pode trabalhar em temperaturas de at 150C. utilizada em veculos automotivos e na aviao.Graxa base de brio: caractersticas gerais semelhantes s graxas base de ltio.Graxa mista: constituda por uma mistura de sabes. Assim, temos graxas mistas base desdio-clcio, sdio-alumnio etc.Alm dessas graxas, h graxas de mltiplas aplicaes, graxas especiais e graxas sintticas.

    3.4 Lubrificantes slidos

    Algumas substncias slidas apresentam caractersticas peculiares que permitem a suautilizao como lubrificantes, em condies especiais de servio. Entre as caractersticasimportantes dessas substncias, merecem ser mencionadas as seguintes: Baixa resistncia ao cisalhamento; Estabilidade a temperaturas elevadas; Elevado limite de elasticidade; Alto ndice de transmisso de calor; Alto ndice de adesividade; Ausncia de impurezas abrasivas.Embora tais caractersticas no sejam sempre atendidas por todas as substncias slidas

    utilizadas como lubrificantes, elas aparecem de maneira satisfatria nos carbonos cristalinos,como a grafita, e no bissulfeto de molibdnio, que so, por isso mesmo, aquelas mais comumenteusadas para tal finalidade.

    A utilizao de slidos como lubrificantes recomendada para servios em condiesespeciais, sobretudo aquelas em que as partes a lubrificar esto submetidas a presses outemperaturas elevadas ou se encontram sob a ao de cargas intermitentes ou em meiosagressivos. Os meios agressivos so comuns nas refinarias de petrleo, nas indstrias qumicas epetroqumicas.

    3.5 Aditivos

    Aditivos so substncias que entram na formulao de leos e graxas para conferir-lhescertas propriedades. A presena de aditivos em lubrificantes tem os seguintes objetivos: Melhorar as caractersticas de proteo contra o desgaste e de atuao em trabalhos sob

    condies de presses severas; Aumentar a resistncia oxidao e corroso; Aumentar a atividade dispersante e detergente dos lubrificantes; Aumentar a adesividade; Aumentar o ndice de viscosidade.

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    Para que o lubrificante se enquadre nas exigncias de servio, existem vrios aditivos quepodem ser benficos para uma determinada aplicao e prejudiciais para outra. Os principaisaditivos so:

    Detergentes: mantm em suspenso e finalmente dispersado na massa de leo o carbonoformado, no as deixando aderir as peas do equipamento.

    Anti-oxidantes: retarda a oxidao do leo e por longo tempo mantm o leo com ascaractersticas originais.

    Anti-corrosivos: evita, mesmo com a presena de umidade, o enferrujamento das peas. Anti-espumantes: impede, mesmo em casos extremos, a formao de espuma

    assegurando assim a lubrificao normal e constante. Extrema presso: combina com o metal das partes em contacto e forma uma capa

    superficial que evita a soldagem. Anti-desgaste: forma pelcula protetora sobre as superfcies metlicas Rebaixadores do ponto de fluidez: permite que o ponto de fluidez dos leos alcance os

    valores necessrios para as aplicaes a que se destinam.

    Aumentadores do ndice de viscosidade: provoca menor variao da viscosidade adiferentes temperaturas.

    A escolha de um leo ou de uma graxa tambm depende dos seguintes fatores: Geometria do mancal: dimenses, dimetro, folga (mancal/eixo); Rotao do eixo; Carga no mancal; Temperatura de operao do mancal; Condies ambientais: temperatura, umidade, poeira e contaminantes; Mtodo de aplicao.Temperatura, rotao e carga do mancal so os fatores que vo direcionar a escolha do

    lubrificante. Como regra geral pode afirmar: Temperaturas altas: leo mais viscoso ou uma graxa que se mantenha consistente; Altas rotaes: usar leo mais fino; Baixas rotaes: usar leo mais viscoso.Em resumo, por mais complicada que uma mquina parea, h apenas trs elementos a

    lubrificar:1. Apoios de vrios tipos, tais como: mancais de deslizamento ou rolamento, guia etc.2. Engrenagens de dentes retos, helicoidais, parafusos de rosca sem-fim etc., que podem estar

    descobertas ou encerradas em caixas fechadas.3. Cilindros, como os que se encontram nos compressores e em toda a espcie de motores,bombas ou outras mquinas com mbolos.

    Uma lubrificao s poder ser considerada correta quando o ponto de lubrificao recebe

    o lubrificante certo, no volume adequado e no momento exato. Qualquer falha de lubrificaoprovoca, na maioria das vezes, desgastes com conseqncias a mdio e longo prazo, afetando avida til dos elementos lubrificados. Pouqussimas vezes em curto prazo.

    Estudos efetuados por meio da anlise ferrogrfica de lubrificantes tm mostrado que aspartculas geradas como efeito da m lubrificao so partculas do tipo normal, porm emvolumes muito grandes, significando que o desgaste nestas circunstncias ocorre de forma

    acelerada, levando inexoravelmente at a falha catastrfica.

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    A ferrografia uma tcnica de avaliao das condies de desgaste dos componentes de umamquina por meio da quantificao e observao das partculas em suspenso no lubrificante.Essa tcnica satisfaz todos os requisitos exigidos pela manuteno preditiva e tambm pode serempregada na anlise de falhas e na avaliao rpida do desempenho de lubrificantes.

    Somente um monitoramento feito por meio da ferrografia poder determinar os desgastes

    provocados pela m lubrificao. muito difcil diagnosticar uma falha catastrfica resultante dam lubrificao. Normalmente se imagina que se a pea danificada estiver com lubrificante, oproblema no da lubrificao. Mas quem poder garantir a qualidade da lubrificao ao longodos ltimos anos? Somente a prtica da lubrificao correta, efetuada de forma contnua epermanente, garante uma vida til plena para os componentes de mquinas. Por fim,acrescentamos que, embora no percebida por muitos, a lubrificao correta concorre, tambm,para a reduo no consumo de energia e na preservao dos recursos naturais. A lubrificaoorganizada apresenta as seguintes vantagens: Aumenta a vida til dos equipamentos em at dez vezes ou mais; Reduz o consumo de energia em at 20%; Reduz custos de manuteno em at 35%; Reduz o consumo de lubrificantes em at 50%.O homem-chave de toda a lubrificao o lubrificador. De nada adiantam planos de

    lubrificao perfeitos, programas sofisticados e controles informatizados, se os homens queexecutam os servios no estiverem devidamente capacitados e habilitados para a funo. Umbom lubrificador deve ter conhecimentos e habilidades que lhe permitam discernir entre o que correto e o que errado em lubrificao.

    4. Tipos de manuteno

    H dois tipos de manuteno: a planejada e a no planejada. A manuteno planejadaclassifica-se em quatro categorias: preventiva, preditiva, TPM e Terotecnologia.

    A manuteno preventiva consiste no conjunto de procedimentos e aes antecipadas quevisam manter a mquina em funcionamento.

    A manuteno preditiva um tipo de ao preventiva baseada no conhecimento dascondies de cada um dos componentes das mquinas e equipamentos. Esses dados so obtidospor meio de um acompanhamento do desgaste de peas vitais de conjuntos de mquinas e deequipamentos. Testes peridicos so efetuados para determinar a poca adequada parasubstituies ou reparos de peas. Exemplos: anlise de vibraes, monitoramento de mancais.

    A TPM (manuteno produtiva total) foi desenvolvida no Japo. um modelo calcado noconceito de minha mquina, cuido eu.

    A Terotecnologia uma tcnica inglesa que determina a participao de um especialista emmanuteno desde a concepo do equipamento at sua instalao e primeiras horas deproduo. Com a terotecnologia, obtm-se equipamentos que facilitam a interveno dosmantenedores.

    Modernamente h empresas que aplicam o chamado retrofitting, que so reformas deequipamentos com atualizao tecnolgica. Por exemplo, reformar um torno mecnicoconvencional transformando-o em torno CNC um caso de retrofitting.

    A manuteno no planejada classifica-se em duas categorias: a corretiva e a de ocasio.A manuteno corretiva tem o objetivo de localizar e reparar defeitos em equipamentos que

    operam em regime de trabalho contnuo.A manuteno de ocasio consiste em fazer consertos quando a mquina se encontra parada.

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    4.1 TPM - Planejamento, organizao e administrao

    Durante muito tempo as indstrias funcionaram com o sistema de manuteno corretiva.Com isso, ocorriam desperdcios, retrabalhos, perda de tempo e de esforos humanos, alm deprejuzos financeiros.

    A partir de uma anlise desse problema, passou-se a dar nfase na manuteno preventiva.Com enfoque nesse tipo de manuteno, foi desenvolvido o conceito de manuteno produtivatotal, conhecido pela sigla TPM (total productive maintenance), que inclui programas demanuteno preventiva e preditiva.

    A manuteno preventiva teve sua origem nos Estados Unidos e foi introduzida no Japo em1950. At ento, a indstria japonesa trabalhava apenas com o conceito de manuteno corretiva,aps a falha da mquina ou equipamento. Isso representava um custo e um obstculo para amelhoria da qualidade.

    A primeira indstria japonesa a aplicar e obter os efeitos do conceito de manutenopreventiva, tambm chamada de PM ( preventive maintenance) foi a Toa Nenryo Kogyo, em1951. So dessa poca as primeiras discusses a respeito da importncia da manutenibilidade e

    suas conseqncias para o trabalho de manuteno.Em 1960, ocorre o reconhecimento da importncia da manutenibilidade e da confiabilidade

    como sendo pontos-chave para a melhoria da eficincia das empresas. Surgiu, assim, amanuteno preventiva, ou seja, o enfoque da manuteno passou a ser o de confiana no setorprodutivo quanto qualidade do servio de manuteno realizado.

    Na busca de maior eficincia da manuteno produtiva, por meio de um sistemacompreensivo, baseado no respeito individual e na total participao dos empregados, surgiu aTPM, em 1970, no Japo. Nessa poca era comum: Avano na automao industrial; Busca em termos da melhoria da qualidade; Aumento da concorrncia empresarial; Emprego do sistema just-in-time; Maior conscincia de preservao ambiental e conservao de energia; Dificuldades de recrutamento de mo-de-obra para trabalhos considerados sujos, pesados

    ou perigosos; Aumento da gesto participativa e surgimento do operrio polivalente.Todas essas ocorrncias contriburam para o aparecimento da TPM. A empresa usuria da

    mquina se preocupava em valorizar e manter o seu patrimnio, pensando em termos de custo dociclo de vida da mquina ou equipamento. No mesmo perodo, surgiram outras teorias com osmesmos objetivos.

    O objetivo global da TPM a melhoria da estrutura da empresa em termos materiais(mquinas, equipamentos, ferramentas, matria-prima, produtos etc.) e em termos humanos(aprimoramento das capacitaes pessoais envolvendo conhecimentos, habilidades e atitudes). Ameta a ser alcanada o rendimento operacional global. As melhorias devem ser conseguidaspor meio dos seguintes passos: Capacitar os operadores para conduzir a manuteno de forma voluntria; Capacitar os mantenedores a serem polivalentes, isto , atuarem em equipamentos

    mecatrnicos; Capacitar os engenheiros a projetarem equipamentos que dispensem ou diminui a

    manuteno; Incentivar estudos e sugestes para modificao dos equipamentos existentes a fim de

    melhorar seu rendimento.

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    Aplicar o programa dos oito S:1. Seiri = organizao; implica eliminar o suprfluo.2. Seiton = arrumao; implica identificar e colocar tudo em ordem .3. Seiso = limpeza; implica limpar sempre e no sujar.4. Seiketsu = padronizao; implica manter a arrumao, limpeza e ordem em tudo.

    5. Shitsuke = disciplina; implica a autodisciplina para fazer tudo espontaneamente.6. Shido = treinar; implica a busca constante de capacitao pessoal.7. Seison = eliminar as perdas.8. Shikari yaro = realizar com determinao e unio.

    Eliminar as seis grandes perdas:1. Perdas por quebra.2. Perdas por demora na troca de ferramentas e regulagem.3. Perdas por operao em vazio (espera).4. Perdas por reduo da velocidade em relao ao padro normal.5. Perdas por defeitos de produo.

    6. Perdas por queda de rendimento.

    Aplicar as cinco medidas para obteno da quebra zero:1. Estruturao das condies bsicas.2. Obedincia s condies de uso.3. Regenerao do envelhecimento.4. Sanar as falhas do projeto (terotecnologia).5. Incrementar a capacitao tcnica.

    A idia da quebra zero baseia-se no conceito de que a quebra a falha visvel. A falhavisvel causada por uma coleo de falhas invisveis como um iceberg.

    Figura 3 - Origem das falhas (quebra).

    Logo, se os operadores e mantenedores estiverem conscientes de que devem evitar as falhasinvisveis, a quebra deixar de ocorrer. As falhas invisveis normalmente deixam de serdetectadas por motivos fsicos e psicolgicos.

    Para finalizar a manuteno no deve ser apenas aquela que conserta, mas, sim, aquela queelimina a necessidade de consertar.

    4.2 Manuteno corretiva

    Manuteno corretiva aquela de atendimento imediato produo. Esse tipo de manutenobaseia-se na seguinte filosofia: "equipamento parou, manuteno conserta imediatamente".

    No existe filosofia, teoria ou frmula para dimensionar uma equipe de manutenocorretiva, pois nunca se sabe quando algum vai ser solicitado para atender aos eventos que

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    requerem a presena dos mantenedores. Por esse motivo, as empresas que no tm umamanuteno programada e bem administrada convivem com o caos, pois nunca haver pessoalde manuteno suficiente para atender s solicitaes. Mesmo que venham a contar com pessoalde manuteno em quantidade suficiente, no sabero o que fazer com os mantenedores empocas em que tudo caminha tranqilamente.

    por esse motivo que, normalmente, a manuteno aceita servios de montagem paraexecutar e nunca cumpre os prazos estabelecidos, pois h ocasies em que ter de decidir seatende s emergncias ou continua montando o que estava programado.

    Como as ocorrncias de emergncia so inevitveis, sempre haver necessidade de umaequipe para esses atendimentos, mesmo porque, no se deve ter 100% de manutenopreventiva, Dependendo do equipamento, s vezes mais conveniente, por motivos econmicos,deix-lo parar e resolver o problema por atendimento de emergncia.

    Mesmo em empresas que no podem ter emergncias, s vezes elas ocorrem com resultadosgeralmente catastrficos, como por exemplo, em empresas areas. Nas empresas que convivemcom emergncias que podem redundar em desastres, deve haver uma equipe muito especial demanuteno, cuja funo eliminar ou minimizar essas emergncias.

    A filosofia que deve ser adotada : "Emergncias no ocorrem, so causadas. Elimine a causae voc no ter novamente a mesma emergncia".

    A equipe de manuteno corretiva deve estar sempre em um local especfico para serencontrada facilmente e atender produo de imediato. Como a equipe no sabe o local ondevai atuar, o usurio com problemas dever solicitar o atendimento por telefone, porm, paraefeitos de registro e estatstica, ele dever emitir um documento ao setor responsvel.

    4.3 Manuteno preventiva

    A manuteno preventiva obedece a um padro previamente esquematizado, que estabeleceparadas peridicas com a finalidade de permitir a troca de peas gastas por novas, assegurandoassim o funcionamento perfeito da mquina por um perodo predeterminado.

    O mtodo preventivo proporciona um determinado ritmo de trabalho, assegurando oequilbrio necessrio ao bom andamento das atividades.

    O controle das peas de reposio um problema que atinge todos os tipos de indstria. Umadas metas a que se prope o rgo de manuteno preventiva a diminuio sensvel dosestoques. Isso se consegue com a organizao dos prazos para reposio de peas. Assim,ajustam-se os investimentos para o setor. Se uma pea de um conjunto que constitui ummecanismo estiver executando seu trabalho de forma irregular, ela estabelecer, fatalmente, umasobrecarga nas demais peas que esto interagindo com ela. Como conseqncia, a sobrecargaprovocar a diminuio da vida til das demais peas do conjunto. O problema s pode ser

    resolvido com a troca da pea problemtica, com antecedncia, para preservar as demais peas.Em qualquer sistema industrial, a improvisao um dos focos de prejuzo. verdade quequando se improvisa pode-se evitar a paralisao da produo, mas perde-se em eficincia. Aimprovisao pode e deve ser evitada por meio de mtodos preventivos estabelecidos pelostcnicos de manuteno preventiva. A aplicao de mtodos preventivos assegura um trabalhouniforme e seguro.

    O planejamento e a organizao, fornecidos pelo mtodo preventivo, so uma garantia aoshomens da produo que podem controlar, dentro de uma faixa de erro mnimo, a entrada denovas encomendas. Com o tempo, os industriais foram se conscientizando de que a mquina quefuncionava ininterruptamente at quebrar acarretava vrios problemas que poderiam ser evitadoscom simples paradas preventivas para lubrificao, troca de peas gastas e ajustes.

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    Com o auxlio dos relatrios escritos sobre os trabalhos realizados, so suprimidas asinconvenincias das quebras inesperadas. Isso evita a difcil tarefa de trocas rpidas de mquinase improvisaes que causam o desespero do pessoal da manuteno corretiva.

    A manuteno preventiva um mtodo aprovado e adotado atualmente em todos os setoresindustriais, pois abrange desde uma simples reviso, com paradas que no obedecem a uma

    rotina, at a utilizao de sistemas de alto ndice tcnico.A manuteno preventiva abrange cronogramas nos quais so traados planos e revisesperidicas completas para todos os tipos de materiais utilizados nas oficinas. Ela inclui, tambm,levantamentos que visam facilitar sua prpria introduo em futuras ampliaes do corpo dafbrica.

    A aplicao do sistema de manuteno preventiva no deve se restringir a setores, mquinasou equipamentos. O sistema deve abranger todos os setores da indstria para garantir um perfeitoentrosamento entre eles, de modo tal que, ao se constatar uma anomalia, as providnciasindependam de qualquer outra regra que porventura venha a existir em uma oficina. Essaliberdade, dentro da indstria, fundamental para o bom funcionamento do sistema preventivo.

    O aparecimento de focos que ocasionam descontinuidade no programa deve ser encarado de

    maneira sria, organizando-se estudos que tomem por base os relatrios preenchidos por tcnicosda manuteno. Estes devero relatar, em linguagem simples e clara, todos os detalhes doproblema em questo.

    A manuteno preventiva nunca dever ser confundida com o rgo de comando, apesar deela ditar algumas regras de conduta a serem seguidas pelo pessoal da fbrica. manutenopreventiva cabe apenas o lugar de apoio ao sistema fabril. O segredo para o sucesso damanuteno preventiva est na perfeita compreenso de seus conceitos por parte de todo opessoal da fbrica, desde os operrios presidncia.

    A manuteno preventiva, por ter um alcance extenso e profundo, deve ser organizada. Se aorganizao da manuteno preventiva carecer da devida solidez, ela provocar desordens econfuses. Por outro lado, a capacidade e o esprito de cooperao dos tcnicos so fatoresimportantes para a manuteno preventiva.

    A manuteno preventiva deve, tambm, ser sistematizada para que o fluxo dos trabalhos seprocesse de modo correto e rpido. Sob esse aspecto, necessrio estabelecer qual dever ser osistema de informaes empregado e os procedimentos adotados. O desenvolvimento de umsistema de informaes deve apresentar definies claras e objetivas e conter a delegao dasresponsabilidades de todos os elementos participantes. O fluxo das informaes dever fluirrapidamente entre todos os envolvidos na manuteno preventiva.

    A manuteno preventiva exige, tambm, um plano para sua prpria melhoria. Isto conseguido por meio do planejamento, execuo e verificao dos trabalhos que so indicadorespara se buscar a melhoria dos mtodos de manuteno, das tcnicas de manuteno e da elevao

    dos nveis de controle.Finalmente, para se efetivar a manuteno preventiva e alcanar os objetivos pretendidoscom sua adoo, necessrio dispor de um perodo de tempo relativamente longo para contarcom a capacitao dos tcnicos e dos dirigentes de alto gabarito. Isso vale a pena, pois ainstalao do mtodo de manuteno preventiva, pela maioria das grandes empresas industriais, a prova concreta da pouca eficincia do mtodo de manuteno corretiva.

    4.4 Manuteno preditiva

    Manuteno preditiva aquela que indica as condies reais de funcionamento das mquinascom base em dados que informam o seu desgaste ou processo de degradao. Trata-se da

    manuteno que prediz o tempo de vida til dos componentes das mquinas e equipamentos e ascondies para que esse tempo de vida seja bem aproveitado.

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    Na Europa, a manuteno preditiva conhecida pelo nome de manuteno condicional e nosEstados Unidos recebe o nome de preditiva ou previsional.

    Os objetivos da manuteno preditiva so: Determinar, antecipadamente, a necessidade de servios de manuteno numa pea

    especfica de um equipamento;

    Eliminar desmontagens desnecessrias para inspeo; Aumentar o tempo de disponibilidade dos equipamentos; Reduzir o trabalho de emergncia no planejado; Impedir o aumento dos danos; Aproveitar a vida til total dos componentes e de um equipamento; Aumentar o grau de confiana no desempenho de um equipamento ou linha de produo; Determinar previamente as interrupes de fabricao para cuidar dos equipamentos que

    precisam de manuteno.

    Por meio desses objetivos, pode-se deduzir que eles esto direcionados a uma finalidademaior e importante: reduo de custos de manuteno e aumento da produtividade.

    Para ser executada, a manuteno preditiva exige a utilizao de aparelhos adequados,capazes de registrar vrios fenmenos, tais como: vibraes das mquinas; presso; temperatura;desempenho e acelerao. Com base no conhecimento e anlise dos fenmenos, torna-sepossvel indicar, com antecedncia, eventuais defeitos ou falhas nas mquinas e equipamentos.

    A manuteno preditiva, geralmente, adota vrios mtodos de investigao para poderintervir nas mquinas e equipamentos. Entre os vrios mtodos destacam-se os seguintes: estudodas vibraes; anlise dos leos; anlise do estado das superfcies e anlises estruturais de peas.

    Estudo das vibraesTodas as mquinas em funcionamento produzem vibraes que, aos poucos, levam-nas a um

    processo de deteriorizao. Essa deteriorizao caracterizada por uma modificao dadistribuio de energia vibratria pelo conjunto dos elementos que constituem a mquina.Observando a evoluo do nvel de vibraes, possvel obter informaes sobre o estado damquina.

    O princpio de anlise das vibraes baseia-se na idia de que as estruturas das mquinasexcitadas pelos esforos dinmicos (ao de foras) do sinais vibratrios, cuja freqncia igual freqncia dos agentes excitadores.

    Se captadores de vibraes forem colocados em pontos definidos da mquina, eles captaroas vibraes recebidas por toda a estrutura. O registro das vibraes e sua anlise permitemidentificar a origem dos esforos presentes em uma mquina operando.

    Por meio da medio e anlise das vibraes de uma mquina em servio normal de

    produo detecta-se, com antecipao, a presena de falhas que devem ser corrigidas, tais como: Rolamentos deteriorados; Engrenagens defeituosas; Acomplamentos desalinhados; Rotores desbalanceados; Vnculos desajustados; Eixos deformados; Lubrificao deficiente; Folga excessiva em buchas; Falta de rigidez; Problemas aerodinmicos; Problemas hidrulicos; Cavitao.

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    O aparelho empregado para a anlise de vibraes conhecido como analisador de vibraes.No mercado h vrios modelos de analisadores de vibraes, dos mais simples aos maiscomplexos; dos portteis, que podem ser transportados manualmente de um lado para outro, ataqueles que so instalados definitivamente nas mquinas com a misso de executar monitoraoconstante. A Figura 4 apresenta um operador usando um analisador de vibraes porttil e, em

    destaque, o aparelho.

    Figura 4 - Exemplo de analisador de vibraes porttil.

    Anlise dos leosOs objetivos da anlise dos leos so dois: economizar lubrificantes e sanar os defeitos. Os

    modernos equipamentos permitem anlises exatas e rpidas dos leos utilizados em mquinas. por meio das anlises que o servio de manuteno pode determinar o momento adequado parasua troca ou renovao, tanto em componentes mecnicos quanto hidrulicos.

    A economia obtida regulando-se o grau de degradao ou de contaminao dos leos. Essaregulagem permite a otimizao dos intervalos das trocas.

    A anlise dos leos permite, tambm, identificar os primeiros sintomas de desgaste de umcomponente. A identificao feita a partir do estudo das partculas slidas que ficammisturadas com os leos. Tais partculas slidas so geradas pelo atrito dinmico entre peas emcontato.

    A anlise dos leos feita por meio de tcnicas laboratoriais que envolvem vidrarias,reagentes, instrumentos e equipamentos. Entre os instrumentos e equipamentos utilizados temosviscosmetros, centrfugas, fotmetros de chama, peagmetros, espectrmetros, microscpiosetc. O laboratorista, usando tcnicas adequadas, determina as propriedades dos leos e o grau decontaminantes neles presentes.

    As principais propriedades dos leos que interessam em uma anlise so: ndice deviscosidade; ndice de acidez; ndice de alcalinidade; ponto de fulgor e ponto de congelamento.

    Em termos de contaminao dos leos, interessa saber quanto existe de: resduos de carbono;partculas metlicas e gua.

    Assim como no estudo das vibraes, a anlise dos leos muito importante na manutenopreditiva. a anlise que vai dizer se o leo de uma mquina ou equipamento precisa ou no sersubstitudo e quando isso dever ser feito.

    Anlise do estado das superfciesA anlise das superfcies das peas, sujeitas aos desgastes provocados pelo atrito, tambm

    importante para se controlar o grau de deteriorizao das mquinas e equipamentos. A anlisesuperficial abrange, alm do simples exame visual, com ou sem lupa, vrias tcnicas analticas,

    tais como:

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    Endoscopia; Holografia; Estroboscopia; Molde e impresso.

    Anlise estruturalA anlise estrutural de peas que compem as mquinas e equipamentos tambm importante para a manuteno preditiva. por meio da anlise estrutural que se detecta, porexemplo, a existncia de fissuras, trincas e bolhas nas peas das mquinas e equipamentos. Emunies soldadas, a anlise estrutural de extrema importncia.

    As tcnicas utilizadas na anlise estrutural so: interferometria hologrfica; ultra-sonografia;radiografia (raios X); gamagrafia (raios gama); ecografia; magnetoscopia; correntes de Foucault;infiltrao com lquidos penetrantes.

    Periodicidade dos controles

    A coleta de dados efetuada periodicamente por um tcnico que utiliza sistemas portteis demonitoramento. As informaes recolhidas so registradas numa ficha, possibilitando aoresponsvel pela manuteno preditiva t-las em mos para as providncias cabveis.

    A periodicidade dos controles determinada de acordo com os seguintes fatores: nmero demquinas a serem controladas; nmero de pontos de medio estabelecidos; durao dautilizao da instalao; carter estratgico das mquinas instaladas e meios materiaiscolocados disposio para a execuo dos servios.

    As vantagens da manuteno preditiva so: Aumento da vida til do equipamento; Controle dos materiais (peas, componentes, partes etc.) e melhor gerenciamento; Diminuio dos custos nos reparos; Melhoria da produtividade da empresa; Diminuio dos estoques de produo; Limitao da quantidade de peas de reposio; Melhoria da segurana; Credibilidade do servio oferecido; Motivao do pessoal de manuteno; Boa imagem do servio aps a venda, assegurando o renome do fornecedor.

    5. Tcnicas de desmontagem de elementos mecnicos

    A desmontagem e montagem de mquinas e equipamentos industriais fazem parte dasatividades dos mecnicos de manuteno e so tarefas que exigem muita ateno e habilidade,devendo ser desenvolvidas com tcnicas e procedimentos bem definidos.

    Em geral, uma mquina ou equipamento industrial instalado corretamente, funcionando nascondies especificadas pelo fabricante e recebendo cuidados peridicos do servio demanuteno preventiva capaz de trabalhar, sem problemas, por muitos anos. Entretanto,quando algum dos componentes falha, seja por descuido na operao, seja por deficincia namanuteno, necessrio identificar o defeito e eliminar suas causas.

    No caso de mquinas mais simples, relativamente fcil identificar o problema eprovidenciar sua eliminao, porm, quando se trata de mquinas mais complexas, a

    identificao do problema e sua remoo exigem, do mecnico de manuteno, a adoo deprocedimentos seqenciais bem distintos.

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    O primeiro fato a ser considerado que no se deve desmontar uma mquina antes da anlisedos problemas. A anlise deve ser baseada no relatrio do operador, no exame da ficha demanuteno da mquina e na realizao de testes envolvendo os instrumentos de controle.

    Salientemos, novamente, que a desmontagem completa de uma mquina deve ser evitadasempre que possvel, porque demanda gasto de tempo com a conseqente elevao dos custos,

    uma vez que a mquina encontra-se indisponvel para a produo. Agora, se a desmontagemprecisar ser feita, h uma seqncia de procedimentos a ser observada: desligar os circuitoseltricos; remover as peas externas, feitas de plstico, borracha ou couro; limpar a mquina;drenar os fluidos; remover os circuitos eltricos; remover alavancas, mangueiras, tubulaes,cabos e calar os componentes pesados.Essa seqncia de procedimentos fundamenta-se nas seguintes razes:a) preciso desligar, antes de tudo, os circuitos eltricos para evitar acidentes. Para tanto, bastadesligar a fonte de alimentao eltrica ou, dependendo do sistema, remover os fusveis.b) A remoo das peas externas consiste na retirada das protees de guias, barramentos eraspadores de leo. Essa remoo necessria para facilitar o trabalho de desmonte.c) A limpeza preliminar da mquina evita interferncias das sujeiras ou resduos que poderiam

    contaminar componentes importantes e delicados.d) necessrio drenar reservatrios de leos lubrificantes e refrigerantes para evitar possveisacidentes e o espalhamento desses leos no cho ou na bancada de trabalho.e) Os circuitos eltricos devem ser removidos para facilitar a desmontagem e limpeza do setor.Aps a remoo, devem ser revistos pelo setor de manuteno eltrica.f) Os conjuntos mecnicos pesados devem ser calados para evitar o desequilbrio e a queda deseus componentes, o que previne acidentes e danos s peas.

    Obedecida seqncia desses procedimentos, o operador dever continuar com adesmontagem da mquina, efetuando as seguintes operaes:1. Colocar desoxidantes nos parafusos, pouco antes de remov-los. Os desoxidantes atuam sobrea ferrugem dos parafusos, facilitando a retirada deles. Se a ao dos desoxidantes no foreficiente, pode-se aquecer os parafusos com a chama de um aparelho de solda oxiacetilnica.2. Para desapertar os parafusos, a seqncia a mesma que a adotada para os apertos. A tabela aseguir mostra a seqncia de apertos. Conhecendo a seqncia de apertos, sabe-se a seqnciados desapertos.

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    importante obedecer orientao da tabela para que o aperto dos elementos de fixao sejaadequado ao esforo a que eles podem ser submetidos. Um aperto alm do limite pode causardeformao e desalinhamento no conjunto de peas.3. Identificar a posio do componente da mquina antes da sua remoo. Assim, no haverproblema de posicionamento.4. Remover e colocar as peas na bancada, mantendo-as na posio correta de funcionamento.Isto facilita a montagem e, se for caso, ajuda na confeco de croquis.5. Lavar as peas no lavador, usando querosene. Essa limpeza permite identificar defeitos oufalhas nas peas como trincas, desgastes etc. A lavagem de peas deve ser feita com o auxlio deuma mquina de lavar e pincis com cerdas duras.

    Geralmente as mquinas so acompanhadas de manuais que mostram desenhos

    esquematizados dos seus componentes. O objetivo dos manuais orientar quem for oper-las emanuse-las nas tarefas do dia-a-dia. Entretanto, certas mquinas antigas ou de procednciaestrangeira so acompanhadas de manuais de difcil interpretao. Nesse caso, recomendvelfazer um croqui (esboo) dos conjuntos desmontados destas mquinas, o que facilitar asoperaes posteriores de montagem.

    6. Tcnicas de montagem de conjuntos mecnicos

    A montagem tem por objetivo maior a construo de um todo, constitudo por uma srie deelementos que so fabricados separadamente. Esses elementos devem ser colocados em umaseqncia correta, isto , montados segundo normas preestabelecidas, para que o todo seja

    alcanado e venha a funcionar adequadamente. Em manuteno mecnica, esse todo representado pelos conjuntos mecnicos que daro origem s mquinas e equipamentos.

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    A montagem de conjuntos mecnicos exige a aplicao de uma srie de tcnicas e cuidadospor parte do mecnico de manuteno. Alm disso, o mecnico de manuteno dever seguir,caso existam, as especificaes dos fabricantes dos componentes a serem utilizados namontagem dos conjuntos mecnicos.

    Outro cuidado que o mecnico de manuteno deve ter, quando se trata da montagem de

    conjuntos mecnicos, controlar a qualidade das peas a serem utilizadas, sejam elas novas ourecondicionadas. Nesse aspecto, o controle de qualidade envolve a conferncia da pea e suasdimenses. Sem controle dimensional ou sem conferncia para saber se a pea realmente adesejada e se ela no apresenta erros de construo, haver riscos para o conjunto a ser montado.De fato, se uma pea dimensionalmente defeituosa ou com falhas de construo for colocada emum conjunto mecnico, poder produzir outras falhas e danos em outros componentes.

    Recomendaes para a montagem:1. Verificar se todos os elementos a serem montados encontram-se perfeitamente limpos, bemcomo o ferramental.2. Examinar os conjuntos a serem montados para se ter uma idia exata a respeito das operaes

    a serem executadas.3. Consultar planos ou normas de montagem, caso existam.4. Examinar em primeiro lugar a ordem de colocao das diferentes peas antes de comear amontagem, desde que no haja planos e normas relativas montagem.5. Verificar se nos diferentes elementos mecnicos h pontos de referncia. Se houver, efetuar amontagem segundo as referncias existentes.6. Evitar a penetrao de impurezas nos conjuntos montados, protegendo-os adequadamente.7. Fazer testes de funcionamento dos elementos, conforme a montagem for sendo realizada, paracomprovar o funcionamento perfeito das partes. Por exemplo, verificar se as engrenagens estose acoplando sem dificuldade. Por meio de testes de funcionamento dos elementos, possvelverificar se h folgas e se os elementos esto dimensionalmente adequados os e colocados nasposies corretas.8. Lubrificar as peas que se movimentam para evitar desgastes precoces causados pelo atritodos elementos mecnicos.

    7. Mancais de deslizamento

    Mancal um suporte de apoio de eixos e rolamentos que so elementos girantes de mquinas.Os mancais classificam-se em duas categorias: mancais de deslizamento e mancais de rolamento.Mancais de deslizamento so concavidades nas quais as pontas de um eixo se apiam. Ofuncionamento das modernas mquinas depende, principalmente, do funcionamento perfeito dosmancais nelas existentes. A falha dos mancais, sejam eles de deslizamento ou de rolamento, motivo suficiente para fazer as mquinas pararem de funcionar, causando prejuzos para aproduo.

    Os mancais de deslizamento so elementos de mquinas sujeitos s foras de atrito, que oprincipal fator a considerar para sua utilizao. Tais foras surgem devido rotao dos eixosque exercem cargas nos alojamentos dos mancais que os contm. A vida til dos mancais dedeslizamento poder ser prolongada se alguns parmetros de construo forem observados: Os materiais de construo dos mancais de deslizamento devero ser bem selecionados e

    apropriados a partir da concepo do projeto de fabricao. O projeto de fabricaodever prever as facilidades para os trabalhos de manuteno e reposio, considerandoas principais funes dos mancais de deslizamento que so apoiar e guiar os eixos.

    Sendo elementos de mquinas sujeitos s foras de atrito, os mancais de deslizamentodevero apresentar um sistema de lubrificao eficiente. Lembremos que as foras de

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    atrito geram desgastes e calor e, no caso dos mancais de deslizamento, opem-se,tambm, ao deslocamento dos eixos.

    importante que o projeto de construo dos mancais de deslizamento contemple afacilidade de desmontagem e troca de equipamentos, bem como a compatibilidade entre odimensionamento dos mancais com as cargas que os sujeitaro.

    Na construo de mancais de deslizamento, o projeto dever levar em conta, alm dasfunes prprias desses elementos, o meio ambiente no qual eles trabalharo.Normalmente, o ambiente no qual os mancais de deslizamento trabalham cheio depoeira e outros resduos ou impurezas.

    A Figura 5 apresenta um eixo apoiado em mancais de deslizamento e os tipos de mancais(radial e radial-axial).

    Radial Radial - Axial

    Figura 5 - Tipos de mancais de deslizamento.

    Os mancais de deslizamento podem ser lubrificados com leo ou com graxa. No caso deleo, a viscosidade o principal fator a ser levado em considerao; no caso de graxa, a sua

    consistncia o fator relevante.

    7.1 Alinhamento e controle da folga de mancais de deslizamento

    O alinhamento de mancais de deslizamento pode ser obtido colocando o eixo sobre o mancale fazer o eixo girar para que se possa observar as marcas provocadas pelo eixo contra o mancal.Quando os mancais estiverem alinhados, as marcas devero ser uniformes.

    Figura 6 - Mtodo de alinhamento de mancais de deslizamento.

    Para o controle da folga de mancais de deslizamento, exige-se o posicionamento correto doconjunto mancal e eixo. O conjunto dever girar livremente. O controle da folga entre o mancal eo eixo feito com uma lmina calibrada verificadora de folgas. O controle da folga, quando seexige maior preciso dimensional, pode ser efetuado com um relgio comparador conforme

    mostra a Figura 7.

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    Figura 7 - Controle da folga de mancais de deslizamento.

    7.2 Vantagens e desvantagens dos mancais de deslizamento

    O quadro a seguir mostra algumas vantagens e desvantagens dos mancais de deslizamento.

    7.3 Classificao dos mancais de deslizamento

    Os mancais se classificam de acordo com as foras que eles suportam. Podem ser radiais,

    axiais e mistos.Axiais: no podem ser submetidas a cargas radiais. Impedem o deslocamento no sentido

    axial, isto ,longitudinal ao eixo.

    Figura 8 - Exemplo de mancal de deslizamento axial.

    Radiais: no suportam cargas axiais e impedem o deslocamento no sentido transversal aoeixo.

    Figura 9 - Exemplo de mancal de deslizamento radial.

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    Mistos: Tem, simultaneamente, os efeitos dos mancais axiais e radiais. Impedem odeslocamento tanto no sentidoradial quanto no axial.

    Figura 10 - Exemplo de mancal de deslizamento para carga mista.

    Materiais para buchasOs materiais para buchas devem ter as seguintes propriedades: Baixo mdulo de elasticidade, para facilitar a acomodao forma do eixo; Baixa resistncia ao cisalhamento, para facilitar o alisamento da superfcie; Baixa soldabilidade ao ao, para evitar defeitos e cortes na superfcie; Boa capacidade de absorver corpos estranhos, para efeito de limpar a pelcula

    lubrificante; Resistncia compresso, fadiga, temperatura de trabalho e corroso; Boa condutibilidade trmica; Coeficiente de dilatao semelhante ao do ao.Os materiais mais usados so: bronze fosforoso, bronze ao chumbo, lato, ligas de alumnio,

    metal antifrico, ligas de cobre sinterizado com adio de chumbo ou estanho ou grafite em p,materiais plsticos como o nilon e o politetrafluretileno (teflon). Os sinterizados so

    autolubrificantes por serem mergulhados em leo quente aps sua fabricao. Este processo fazcom que o leo fique retido na porosidade do material e com o calor do trabalho venha superfcie cumprir sua funo.

    Quando necessitar de mancal com maior velocidade e menos atrito, o mancal de rolamento mais indicado.

    8. Mancais de rolamento

    So aqueles que comportam esferas ou rolos nos quais o eixo se apia. Quando o eixo gira, asesferas ou rolos tambm giram confinados dentro do mancal. Rolamento uma pea deimportncia fundamental para os equipamentos mecnicos, isto , equipamentos nos quais h

    transmisso de fora e movimento. So Geralmente constitudos de dois anis concntricos, entreos quais so interpostos os corpos volventes (rolos, esferas ou agulhas), espaados entre si demaneira regular, por meio de uma gaiola, cuja funo manter os corpos rolantes separados euniformemente distribudos entre os dois anis. As peas em rotao so geralmente constitudaspor rolamentos, que realizam as seguintes condies funcionais: Permitem a rotao da pea com preciso; Permite somente em grau de liberdade, o de rotao impedindo a translao por meio de

    superfcies de apoio; Limitam ao mximo as perdas de energia devidas ao atrito (coeficiente de atrito muito

    pequeno).

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    8.1 Caractersticas construtivas

    Quanto construo, os rolamentos podem ser divididos em trs grupos:Esferas: quando os corpos rolantes so esferas, podendo ser fornecidos com vrias classes defolga interna, com ou sem vedaes com diferentes tipos de porta-esferas (gaiolas ou cestas),

    com furo cilndrico ou cnico, com anis de formas diversas e vrias outras caractersticasespeciais adequadas s aplicaes. Apropriados para rotaes mais elevadas.Agulhas: Quando os corpos rolantes so de dimetro pequeno e comprimento grande. Sorecomendados para mecanismos oscilantes, onde a carga no constante e o espao radial limitado.Rolos: Quando os corpos rolantes so formados de cilindros e cones truncados, pode-se dizer deuma forma geral que os rolamentos de rolos podem suportar cargas maiores do que os de esferas,porm, geralmente, no so adequados quando a velocidade muito alta.

    A Figura 11 apresenta as principais partes de um rolamento de esfera. O anel externo fixadono mancal (carcaa), enquanto que o anel interno fixado diretamente no eixo. As dimenses eas caractersticas dos rolamentos so indicadas nas diferentes normas tcnicas e nos catlogos

    dos fabricantes.

    Figura 11 - Principais partes de um rolamento de esfera.

    8.2 Vantagens e desvantagens dos rolamentos

    Vantagens:- Menor atrito e aquecimento;- Baixa exigncia de lubrificao;

    - Intercambialidade internacional;- No h desgaste do eixo;- Pequeno aumento da folga durante a vidatil.

    Desvantagens:- Maior sensibilidade aos choques;- Maiores custos de fabricao;

    - Tolerncias pequenas (carcaa/eixo);- No suporta cargas to elevadas como osmancais de deslizamento;- Ocupa maior espao radial.

    8.3 Tipos de rolamento e aplicaes

    Os tipos de rolamento construdos para suportar cargas atuando perpendicularmente ao eixo,tais como os rolamentos dos cubos de rodas, por exemplo, so chamados de rolamentos radiais.

    Os rolamentos projetados para suportar cargas que atuam na direo do eixo so chamados de

    rolamentos axiais. Um rolamento axial pode ser usado, por exemplo, para suportar o empuxo da

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    hlice propulsora de um navio. Muitos tipos de rolamento radiais so capazes de suportar,tambm, cargas combinadas, isto , cargas radiais e axiais.

    Quanto aplicao, os rolamentos podem ser divididos em radiais, axiais e mistos, podendo,ainda ser autocompensadores (no rgidos).

    Rolamentos de rolos cilndricos caracterizado por um jogo de rolos cilndricos, envoltos numa cesta. Apresenta um anelcom flanges, que guiam os rolos, e um anel sem flange que permite o deslocamento no sentidolongitudinal. A pista do anel livre ligeiramente convexa, permitindo uma oscilao, de at 0,1grau. Este rolamento usado em mquinas onde existem dilataes dos eixos, e tambm emmquina que necessitam de grande rigidez. Pode ser fornecido em diferentes execues paraatender diferentes tipos de aplicaes, inclusive com flanges em ambos os lados a fim desuportar tambm cargas axiais.

    Figura 12 - Rolamentos de rolos cilndricos.

    Rolamentos de agulhas

    semelhante ao descrito anteriormente, mas os rolos so mais compridos, em relao aodimetro. utilizado especialmente quando o espao radial limitado. freqentemente usadosem anis, que so substitudos pela pista do eixo ou na pea que gire sobre ele. recomendadopara mecanismos oscilantes e outros, onde a carga no constante.

    Figura 13 - Rolamentos de agulhas.

    Rolamentos axiais de esferaAmbos os tipos de rolamento axial de esfera (escora simples ou escora dupla) admitem

    elevadas cargas axiais, porm, no podem ser submetidos a cargas radiais. So caracterizadospor dois anis colocados na direo horizontal sendo o dimetro do anel do eixo ligeiramentemenor. O anel da caixa possui, s vezes, a face inferior abaulada para compensar as flexes doeixo ou desalinhamento. Quando for necessria capacidade de carga radial em conjunto com aaxial, deve ser acrescentado um rolamento radial. Com um terceiro anel no meio de dois jogos deesferas transforma-se em de escora dupla.

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    Figura 14 - Rolamentos axiais de esferas.

    Rolamento axial autocompensador de rolos semelhante ao rolamento de rolos cnicos, mas a geratriz dos rolos abaulada. Pode

    suportar cargas radiais e trabalhar sob condies de desalinhamento. Sua capacidade de carga alta. A pista esfrica do anel da caixa confere ao rolamento a propriedade de alinhamentoangular, compensando possveis desalinhamentos ou flexes do eixo. Sua capacidade de carga

    alta.

    Figura 15 - Rolamento axial autocompensador de rolos.

    Rolamentos de rolos cnicosSua caracterstica possuir uma capa externa cnica, levemente abaulada na parte interna,

    e uma carreira de rolos cnicos, envoltos num cone provido de guias. A capacidade de cargaaxial e radial depende do ngulo que varia, geralmente, entre 12 e 20. Os rolamentos deste tiposo aplicados usualmente, em pares, virados um contra o outro. Os anis so separveis. O anelinterno e o externo podem ser montados separadamente.

    Figura 16 - Rolamentos de rolos cnicos.

    Rolamento autocompensador de esferas caracterizado por possuir uma pista esfrica no anel externo e duas carreiras de esfera

    envoltas numa cesta, podendo oscila em volta do centro. usado onde no for possvel

    alinhamento perfeito e onde o eixo puder fletir. A oscilao pode chegar at 3, dependendo da

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    largura do rolamento. Devido forma da pista externa, a capacidade de carga menor do que emrolamentos radiais comuns e a capacidade da carga axial pequena.

    Figura 17 - Rolamentos autocompensador de esferas.

    Rolamento autocompensador de rolos semelhante ao indicado na Fig. 17, mas no lugar de esferas existem aqui rolos abaulados

    (bariletes) A oscilao pode variar entre 1,5 e 2,5, dependendo da sua largura. usado ondeexige uma grande capacidade para suportar carga radial e a compensao de falhas dealinhamento.

    Figura 18 - Rolamentos autocompensador de rolos.

    Rolamento radial rgido de uma carreira de esferas os mais conhecidos entre os mais empregados. Suporta cargas radiais e pequenas cargas

    axiais e apropriado para rotaes mais elevadas. Sua capacidade de ajustagem angular

    limitada. necessrio um perfeito alinhamento entre o eixo e o furo da caixa.

    Figura 19 - Rolamentos radial rgido de uma carreira de esferas.

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    Rolamentos de rolos cilndricos cruzadosOs rolamentos de rolos cilndricos cruzados possuem pistas nos anis interno e externo que

    so inclinadas de um ngulo de 45 em relao ao eixo do rolamento, e entre as quais os roloscilndricos so dispostos alternadamente com um ngulo de 90 um em relao ao outro. Odimetro dos rolos maior que o seu comprimento. Os rolamentos so muito compactos e

    podem suportar cargas radiais, cargas axiais, atuando em ambos os sentidos, e tambmmomentos de tombamento. Como eles so capazes de suportar cargas radiais, axiais e momentos,no necessrio utilizar um segundo rolamento.

    Figura 20 - Rolamentos de rolos cilndricos cruzados.

    Rolamentos de esferas de contato angular caracterizado por anis profundos de flanges mais altas de um lado da canaleta de cada um

    dos anis. Este rolamento no pode trabalhar sem carga axial e por isso deve ser pr-carregado.Quando existirem duas carreiras de esferas, sustenta carga axial em duas direes. Pode serfornecido com diferentes ngulos de contato (22 a 45).

    Figura 21 - Rolamentos de esferas de contato angular.

    8.4 Seleo do tipo de rolamento

    Os rolamentos tm caractersticas prprias que o tornam particularmente adequada adeterminadas aplicaes. As principais consideraes so:Espao: dimensionamento (D, d, B).Carga: natureza (dinmica ou esttica) e direo (radial, axial ou mista).Alinhamento dos suportes: rgidos ou orientveis (quando apresenta defeitos de alinhamentos).Velocidade: O limite velocidade de rotao de um rolamento constitudo pela temperaturaque ele assume em exerccio. (Velocidade elevadas => baixo atrito => esferas).Preciso: A escolha do grau de preciso de um rolamento subordinada preciso exigida paraa rotao.

    Para os clculos relativos ao dimensionamento, as grandezas caractersticas dos rolamentosso os coeficientes de carga dinmica C e de carga esttica Co.

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    C: quando o rolamento deve suportar cargas estando em rotao.Co: para os rolamentos no girantes, ou submetidos a oscilaes lentas, ou girantes a baixavelocidade (rolamentos de pistas).

    8.5 Vida nominal

    o nmero de rotaes ou hora de funcionamento a uma dada velocidade constante, que orolamento est em condies de executar antes que o material manifeste sintomas de fadiga, ouapresente desgaste.

    As funes requeridas para os rolamentos diferem de acordo com a aplicao, e devem sermantidas necessariamente por um perodo alm do determinado. O rolamento mesmo queutilizado corretamente, ao passar do tempo deixa de desempenhar de forma satisfatria, devidoentre outros casos como o aumento de rudo e vibrao, a reduo da preciso pelo desgaste, adeteriorao da graxa lubrificante ou o escamamento por fadiga na superfcie do rolamento.

    A durabilidade estimulada do rolamento s vlida, se todos os esforos, forem consideradosde acordo com as reais condies de trabalho (carga, temperatura, fator segurana, lubrificao)

    com um erro admissvel de 10%. A vida til mais longa obtida quando existe lubrificaohidrodinmica, quando os elementos rolantes e pistas, no ocorre em absoluto, um contatometlico, sob estas condies de lubrificao necessrio que o fludo tenha um determinadograu de pureza.

    A vida mdia aproximadamente cinco vezes a vida nominal. A vida do rolamento pode sercalculada com vrios graus de satisfao dependendo da preciso com que as condies deoperaes sejam definidas.

    Carga dinmica (Frmulas)

    PFnCFL .= ou

    b

    hPCx

    nL = .60

    000.000.1

    Lh: Vida nominal em horasFL: fator de esforos dinmicosC: capacidade de carga dinmica (Tabela)P: carga dinmica equivalente - P = x Fr + y Fa (Kgf)Fn: fator de velocidaden: rotaob: 3 (esferas) e 10/3 (rolos)

    Fator de correo para temperatura de servios

    Temp. de servio (C) Fator de temp. (Ft)150 1,0200 0,90250 0,75300 0,60

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    8.6 Compra de rolamentos

    Na ocasio de compra de rolamentos, em substituio aos gastos, devem ser verificadascuidadosamente sua procedncia e seu cdigo. Cada fabricante tem seus smbolos (letras,nmero, trao, etc.) e cada um desses smbolos tem sua significao.

    Estes prefixos e sufixos dizem respeito folga, preciso, tipo de vedao tipo de anis,sistema de lubrificao, quantidades de esferas, acabamento e inmeros dados codificados. No conveniente usar rolamentos de vrias procedncias.

    8.7 Ajustes dos alojamentos

    Deve-se certificar de que as dimenses do eixo e do cubo esto dentro das tolerncias. Emcaso de no se possuir desenhos nem medidas, deve verificar qual o tipo de carga e consultar atabela do fabricante do rolamento. Deve-se notar que, via de regra, a parte que sustenta a cargatem ajuste com aperto e a outra tem ajuste deslizante. Tudo isso deve ser observado antes damontagem, assim tambm certificar de que no h ovalizao, degrau, conificao, etc. Quando

    h necessidade de aquecimento na montagem, se efetua com aquecimento prvio em banho deleo at o mximo 120 dependendo da confeco do rolamento.

    Caractersticas dos ajustes mais utilizadosQualidade extra precisa

    Furo-Base

    Eixo-Base

    H6/s5 S6/h5 Ajuste prensado duro no-desmontvel. No necessita chaveta contra arotao. Montagem prensa.

    H6/p5 P6/h5 Ajuste prensado, menos duro. Necessita o emprego de chaveta contra arotao.

    H6/n5 N6/h5 Ajuste fixo, duro, no-desmontvel mo.H6/m5 M6/h5 Ajuste fixo apertado. As partes devem fixar-se tambm contra o

    deslizamento longitudinal.H6/k5 K6/h5 Ajuste fixo mdio. Montagem e desmontagem com martelo de chumbo.H6/j5 J6/h5 Ajuste fixo ligeiro. Montagem e desmontagem mo com ligeiros golpes

    de marreta de madeira.H6/h5 H6/h5 Ajuste deslizante sem jogo perceptvel. Montagem mo.H6/g5 G6/h5 Ajuste com pequeno jogo. Aplicvel a eixos retificados.

    Qualidade precisaFuro-Base

    Eixo-Base

    H7/u6 U7/h6 Ajuste prensado duro. Montagem prensa ou a quente.H7/s6 S7/h6 Ajuste prensado duro. Montagem prensa ou quente.H7/p6 P7/h6 Ajuste prensado. Montagem prensa ou quente.H7/n6 N7/h6 Ajuste fixo duro. Previna-se contra o giro. Montado e desmontado com

    grande esforo.H7/k6 K7/h6 Ajuste fixo mdio. Previna-se contra o giro e do deslizamento. Montagem

    com marreta de madeira.H7/j6 J7/h6 Ajuste ligeiro anlogo aos H6/j5 e J6/h5H7/h6 H7/h6 Ajuste deslizante de centralizao precisa.

    H7/h7 H7/h7 Ajuste deslizante. Montagem deslizante mo.H7/g6 G7/h6 Ajuste com pequeno jogo.

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    8.8 Danos tpicos de rolamentos

    Esta seo trata dos diferentes tipos de danificaes em rolamentos e suas provveis causas.Caso o rolamento apresente falhas, a razo deve ser investigada e sua provvel causa eliminada.As causas tpicas de danificaes so:

    Falha de montagem; Falha de lubrificao Materiais estranhos ao rolamento; Contaminao com gua; Erros de forma do eixo ou da caixa; Vibraes; Passagem de corrente eltrica; Fadiga do material; Desgaste por patinao: provocado pela patinao do anel externo no seu alojamento ou

    patinao do anel interno no eixo; Fraturas: resultam de aperto excessivo do anel ou cone sobre o eixo, na montagem,

    acompanhado de sobrecarga; Engripamento: pode ocorrer devido a lubrificante muito espesso ou viscoso demais, que

    impede a folga dos roletes e esferas com cargas leves e rotaes altas. Pode acontecertambm com a eliminao de folgas e aperto excessivo;

    Superaquecimento: quando a temperatura do rolamento em funcionamento exceder a 50C, acima da temperatura ambiente, em mquinas que no trabalham com materiaisquentes, considera-se o elemento superaquecido. Quando a temperatura exceder esteslimites, as origens podem ser: folga insuficiente, carga excessiva, lubrificao inadequadaou rolamento inadequado;

    Rudos e Vibraes: Um rolamento apresenta em servio um zumbido suave, porm, emcaso de defeito aparecero rudos diferentes. Para ouvir melhor o som do rolamento,pode-se usar um pedao de madeira ou uma chave de fenda com a parte metlicaencostada no alojamento do rolamento e o cabo no ouvido.

    8.9 Como verificar as condies de um rolamento

    O comportamento do rolamento pode ser verificado pelo tato e pela audio. Para checar oprocesso de giro, faz-se girar o rolamento, lentamente, com a mo. Esse procedimento permitirconstatar se o movimento produzido com esforo ou no, e se ele ocorre de modo uniforme oudesigual.

    Na verificao pela audio, faz-se funcionar o rolamento com um nmero de rotaes

    reduzido. Se o operador ouvir um som raspante, como um zumbido, porque as pistas dorolamento esto sujas; se o som ouvido for estrepitoso, a pista apresenta danos oudescascamento; se o som ouvido for metlico, sinal de pequena folga ou falta de lubrificao.

    A verificao pelo ouvido pode ser melhorada colocando-se um basto ou uma chave defenda contra o alojamento onde se encontra o rolamento conforme Figura 22. Encostando oouvido na extremidade livre do basto ou no cabo da chave de fenda, ou ainda utilizando umestetoscpio eletrnico, os tipos de sonoridade podero ser detectadas facilmente.

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    Figura 22 - Controle do funcionamento do rolamento (audio).

    Alm dos rudos, outros fatores a ser observados nos rolamentos a temperatura e a vibrao.A temperatura pode ser verificada por meio de termmetros digitais, sensveis aos raiosinfravermelhos. Outra maneira de verificar a temperatura de um rolamento aplicar giz sensitivo

    ou, simplesmente, colocar a mo no alojamento do rolamento. A vibrao pode ser observadacom a mo (sensibilidade) ou utilizar os analisadores de vibrao.

    Figura 23 - Controle do funcionamento do rolamento (temperatura e vibrao).

    Se a temperatura estiver mais alta que o normal ou sofrer constantes variaes, isto significaque h algum problema no rolamento. O problema pode ser: lubrificao deficiente; lubrificaoem excesso; presena de sujeiras; excesso de carga; folga interna muito pequena; incio dedesgastes; rolamento preso axialmente; excesso de presso nos retentores e calor provenientede fonte externa.

    8.10 Procedimentos para desmontagem de rolamentos

    Antes de iniciar a desmontagem de um rolamento recomenda-se, como primeiro passo,marcar a posio relativa de montagem, ou seja, marcar o lado do rolamento que est para cima eo lado que est de frente e, principalmente, selecionar as ferramentas adequadas. O rolamentodever ser montado novamente na mesma posio. Inicie a desmontagem pela seleo corretadas ferramentas a serem utilizadas. Lembre-se de manusear os rolamentos com cuidado. Garantaum bom apoio ou escora para foras normalmente originadas na desmontagem. Vejamos comose faz para desmontar rolamentos com interferncia no eixo, com interferncia na caixa emontados sobre buchas.

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    Desmontagem de rolamento com interferncia no eixo

    A desmontagem de rolamento com interferncia no eixo feita com um extrator (saca-polias). As garras desta ferramenta devero ficar apoiadas diretamente na face do anel interno.Os rolamentos grandes podem ser desmontados facilmente com auxlio das ferramentas

    hidrulicas.

    Figura 24 - Desmontagem de rolamento com interferncia no eixo.

    Quando no for possvel alcanar a face do anel interno, o saca-polias dever ser aplicado naface do anel externo, conforme Figura 25. Entretanto, importante que o anel externo seja giradodurante a desmontagem. Esse cuidado garantir que os esforos se distribuam pelas pistas,evitando que os corpos rolantes (esferas ou roletes) as marquem.

    Na operao, o parafuso dever ser travado ou permanecer seguro por uma chave. As garras que devero ser giradas com a mo ou com o auxlio de uma alavanca.

    Figura 25 - Desmontagem de rolamento com interferncia no eixo (esforo no anel externo).

    Na falta de um saca-polias, pode-se usar um puno de ferro ou de metal relativamente mole,com ponta arredondada, ou uma outra ferramenta similar. O puno dever ser aplicado na facedo anel interno. O rolamento no dever, em hiptese alguma, receber golpes diretos do martelo.Esse mtodo exige bastante cuidado, pois h riscos de danificar o rolamento e o eixo.

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    Figura 26 - Desmontagem de rolamento com puno de metal.

    Desmontagem de rolamento com interferncia na caixa

    Quando o rolamento possui ajuste com interferncia na caixa, como em uma roda, ele poderser desmontado com o auxlio de um pedao de tubo metlico com faces planas e livres derebarbas. Uma das extremidades do tubo apoiada no anel externo, enquanto a extremidade livrerecebe golpes de martelo. Os golpes devero ser dados ao longo de toda a extremidade livre dotubo.

    Figura 27 - Desmontagem de rolamento com interferncia na caixa.

    Caso haja ressaltos entre os rolamentos, deve-se usar um puno de ferro ou de metalrelativamente mole, com ponta arredondada, ou ferramenta similar. Os esforos devero seraplicados sempre no anel externo.

    Figura 28 - Desmontagem de rolamento com interferncia na caixa com puno de metal.

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    O conjunto do anel interno de um rolamento autocompensador de rolos ou de esferas podeser desalinhado. O desalinhamento permite o uso de um sacapolias no anel externo.

    Figura 29 - Desmontagem de rolamento autocompensador.

    Desmontagem de rolamentos montados sobre buchas

    Os rolamentos autocompensadores de rolos ou esferas so geralmente montados com buchas

    de fixao. Essas buchas apresentam a vantagem de facilitar a montagem e a desmontagem dosrolamentos, uma vez que o assento do eixo, com o uso dessas buchas, passa a no necessitar deuma usinagem precisa. A Figura 30 mostra da esquerda para a direita, os seguintes elementos:porca de fixao, arruela de trava, rolamento e bucha de fixao.

    Figura 30 - Rolamento montado sobre bucha.

    A desmontagem de rolamentos montados sobre buchas de fixao deve ser iniciada aps semarcar a posio da bucha sobre o eixo. A orelha da arruela de trava, dobrada no rasgo da porcade fixao, deve ser endireitada, e a porca dever ser solta com algumas voltas.

    A seguir, o rolamento dever ser solto da bucha de fixao por meio da martelagem no tubometlico, conforme explicado anteriormente.

    Figura 31 - Desmontagem de rolamento montado sobre buchas de fixao.

    Antes de montar os rolamentos autocompensadores de rolos em buchas de fixao, a folga

    interna radial deve ser medida com um calibrador de lminas. Coloque o rolamento de p nabancada, gire o anel interno alguma vezes para que os rolos assumam suas posies corretas, e

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    ento introduza a lmina do calibrador entre o rolo superior e a pista do anel externo. Use umalmina fina para comear e aumente gradualmente a espessura, at que a lmina entre bem justa.A folga dever ser a mesma para ambas as carreiras de rolos. Verifique a reduo de folga vriasvezes durante a montagem. O quadro a seguir contm valores recomendveis para a reduo defolga interna radial e o deslocamento axial para rolamentos autocompensadores de rolos.

    Quando o rolamento for desmontado, este dever ser inspecionado. Primeiro lave-o comquerosene ou produtos industrial apropriado e segue-o cuidadosamente com um pano limpo eisento de fiapos ou utilize ar comprimido de qualidade. As pistas e os corpos rolantes devem serinspecionados para verificar se existem sinais de danificaes. Entretanto, rolamentos blindadoscom duas placas de proteo ou de vedao, no podem ser lavados e consequentemente nopodero ser inspecionados.

    8.11 Montagem de rolamentos

    A montagem de rolamentos deve pautar-se nos seguintes princpios: Escolher o mtodo correto de montagem; Observar as regras de limpeza do rolamento; Limpar o local da montagem que dever estar seco; Selecionar as ferramentas adequadas que devero estar em perfeitas condies de uso; Inspecionar cuidadosamente os componentes que posicionaro os rolamentos; Remover as rebarbas e efetuar a limpeza do eixo e encostos;

    Verificar a preciso de forma e dimenses dos assentos do eixo e da caixa; Verificar os retentores e trocar aqueles que esto danificados;

  • 8/3/2019 _Apostila[1]MANUTENAO DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS.

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    Retirar o rolamento novo (em caso de substituio) - Retirar da embalagem originalsomente na hora da montagem. A embalagem apresenta um protetor antiferruginoso.

    A aplicao desses princpios permite montar, corretamente, os rolamentos com interfernciano eixo e com interferncia na caixa.

    Figura 32 - Verificao da preciso de forma e dimenses dos assentos do eixo.

    Montagem de rolamentos com interferncia no eixoA montagem de rolamentos com interferncia no eixo segue os seguintes passos:

    Lubrificar o assento do rolamento. Posicionar o rolamento sobre o eixo com o auxlio de um martelo. Os golpes no devem seraplicados diretamente no rolamento e sim no tubo metlico adaptado ao anel interno.

    Figura 33 - Montagem de rolamento com interferncia no eixo.

    Usar as roscas internas ou externas, porventura existentes no eixo, para a montagem ou usarpr