Apostila Teórica Bases e Molhos 11

download Apostila Teórica Bases e Molhos 11

of 24

Transcript of Apostila Teórica Bases e Molhos 11

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

COZIGASTRONOMIA

BASES E MOLHOSAULAS PRTICAS

Maria ngela Severino

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

SUMRIONoes bsicas de servio......................................................................................04 Cozinheiro Saucier...........................................................................................04 Bases......................................................................................................................05 Fundos e de cozinha...............................................................................................05 Fundos claros.................................................................................................. 06 Fundos escuros................................................................................................06 Fundo de peixe............................................................................................... 07 Fundo de legumes........................................................................................... 07 Fundos de caa............................................................................................... 07 Aromticos......................................................................................................... 08 Mirepoix.......................................................................................................... 08 Mirepoix branco...............................................................................................08 Bouquet garni..................................................................................................08 Sachet dpicesi.............................................................................................. 08 Cebola brule.................................................................................................. 08 Cebola pique................................................................................................. 08 Agentes de ligao..............................................................................................09 Naturais.......................................................................................................... 09 Elaborados.......................................................................................................09 Embelezadores e melhoradores..........................................................................10 Molhos.................................................................................................................11 Molhos de bases escura...................................................................................12 Molho Espanhol.............................................................................................................................12 Molho Demiglace..........................................................................................................................12 Molhos derivados do demi-glace.....................................................................................12 Molhos de bases clara..................................................................................... 13 Molho Bechamel.........................................................................................13 Molho derivado do Bechamel..........................................................................................13 Molho Velout........................................................................................... 13 Molho derivado do Veout..............................................................................................13 Molhos emulsionados...................................................................................... 14 Molho maionese......................................................................................... 14 Molhos derivados da maionese.................................................. 14 Molho Holands.............................................................................................. 14 Molhos derivados do Holands.................................................................................................14

2

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Molho de tomate............................................................................................ 15 Molhos frios.................................................................................................... 15 Molho vinagrete.............................................................................................................................15 Molhos derivados do vinagrete................................................................................................15 Molhos especiais............................................................................................. 16 Molhos contemporneos e alternativos............................................................16 Sopas..................................................................................................................18 Tipos sopas.....................................................................................................................................18 Composio das sopas........................................................................................................................18 Sopas bsicas......................................................................................................................................18 Sopas compostas e especiais..............................................................................................................20 Classificao geral de sopas...........................................................................21 Bibliografia..........................................................................................................22 de

3

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

NOES DE BRIGADAS DE SERVIO A cozinha necessita de amplo planejamento de espao e de tarefas. As brigadas clssicas eram formadas por elementos especializados com atribuies definidas, seguindo a diviso tradicional preconizada por Escoffier. As cozinhas possuam reas fsicas considerveis com grandes espaos e instalaes diversificadas. A tendncia atual a racionalizao de espaos, equipamentos e mo-de-obra. Os cozinheiros altamente especializados deram lugar , basicamente, trs tipos de profissionais: quente, frio e doce. As cozinhas, por sua vez podem ser de pequeno, mdio ou grande porte. Numa cozinha de grande porte, a brigada formada de: chefe de cozinha, entremetier, saucier, rtissieur, garde-manger, ptissier, aboyeur. Chefe de Cozinha: planeja, dirige e supervisiona o trabalho da brigada de cozinha, solicita mercadorias e ajuda na elaborao do cardpio. Entremetier: prepara sopas, guarnies e legumes, farinceos. Saucier: Rtissieur: confecciona os pratos de carnes, aves, pescados, legumes e ovos preparados no forno, grelhados e fritos. Garde-manger: desossa limpa e corta carnes, prepara molhos frios e o Buffet frio, responsvel por guardar os gneros alimentcios e os supervisionar. Ptissier: prepara massas doces e salgadas, confeitaria, sobremesas e sorvetes e monta o Buffet de sobremesas. Aboyeur: recebe comandas, canta os pedidos e controla a sada de pedidos.

Cozinheiro Saucier Saucier deriva da palavra sauce (molho, em francs). o cozinheiro responsvel pelo preparo de fundos e caldos bsicos e molhos quentes. Prepara tambm os peixes (exceto os fritos e grelhados), crustceos quentes e todas as carnes (exceto as assadas e grelhadas). Essa praa encontrada geralmente nas grandes cozinhas ou naquela em que os pratos com molhos so relevantes. Trata-se de uma funo importante e delicada, que requer grande experincia e habilidades culinrias. Com o desenvolvimento de novos produtos, incluindo bases para molhos, h uma tendncia de suprimir esse posto de trabalho.

4

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

BASESBases so preparaes compostas por diferentes ingredientes, utilizadas para a confeco de determinadas produes culinrias, tambm podem ser utilizadas para modificar e melhorar o sabor, a textura, a cor e o aroma dos alimentos. Podemos dividir as bases em quatro grupos: 1. 2. 3. 4. Fundos bsicos (caldos); Aromticos ou aromatizantes; Ligaes ou espessantes; Embelezadores e melhoradores de sabor.

FUNDOS DE COZINHAOs fundos so a base da cozinha clssica, influenciando e caracterizando o sabor das produes culinrias que servem de base: molhos, sopas, cozidos. Os componentes necessrios para se preparar um fundo so: Componentes nutritivos ou de base: ossos, aparas, carcaas de boi, vitela, frango, porco ou caas, espinhas e aparas de peixe, legumes; Componentes aromticos: mirepoix, bouquet garni, sachet dpices, folhas de louro, ervas aromticas etc; Componentes lquidos: geralmente gua, eventualmente vinho.

Os fundos, aps a coco, passam a ser denominados caldos. Em francs no existe essa diferena de terminologia, sendo o termo fonds de cuisine usado para as duas etapas: os fundos e o caldo j cozido. Os caldos bsicos so, dessa maneira, o resultado da coco dos fundos e servem de base para vrias preparaes culinrias (consomes, sopas, molhos) e como elemento de coco para carnes, aves, peixes, gros e legumes. Podem ser divididos em: Fundos Claros Fundos Escuros Fundos de Aves Fundos de Peixe Fundos de Legumes Fundos de Caa Aos fundos bsicos podemos ainda acrescentar os fundos gordurosos e os reduzidos. Fundos Gordurosos Manteiga clarificada e manteiga derretida; leos vegetais e azeite.

5

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Nos molhos emulsionados quentes (holands, brnaise e derivados), utiliza-se manteiga clarificada (manteiga da qual foram retirados gua, lactceos e sal, formando uma manteiga a ser aquecida a temperaturas mais elevadas sem queimar) ou manteiga derretida (que conserva as caractersticas da manteiga). Nos molhos emulsionados frios (maionese e derivados), utiliza-se azeite de oliva, leos e gorduras vegetais.

Fundos Reduzidos As redues so todos os lquidos utilizados com fundo para molhos ou outras preparaes. O lquido escolhido para dissolver os sucos ou resduos deve combinar com o sabor do prato. Como elemento de reduo, pode-se utilizar leite, vinho tinto ou branco, cerveja ou mesmo outro caldo bsico. No se deve confundir os fundos reduzidos com os espessantes ou agentes de ligao, que tm outra caracterstica qumica, alm de outra utilizao culinria. FUNDOS CALDOS CONCENTRADOS GLCES GELIAS, EXTRATOS, ESSNCIAS.

Fundos Claros Podem ser divididos em: Fundo claro de vitela Fundo claro de aves Fundo claro de peixe

Fundo claro de vitela ou boi: so preparados que tm por base ossos de vitela ou boi em pequenos pedaos (ossos de vitela so considerados os melhores, pelo sabor mais suave). Os ossos podem ser deixados de molho em gua fria por algumas horas e depois branqueados. Quando frios, devem ser levados ao fogo com mirepoix e gua. Deixar cozinhar em fogo lento por 4 horas. Desengordurar e passar em pano fino umedecido. Guardar em geladeira. Podem ser utilizados na confeco de diversas preparaes culinrias: molhos, sopas, coco de legumes etc. Fundo claro de aves: obtido da mesma forma que o fundo claro de vitela, substituindo-se os ossos de vitela por ossos ou carcaas de aves. Podem ser acrescentados tambm alguns midos (moelas, ps, pescoo etc). Esse fundo um caldo bsico utilizado na preparao de sopas, cremes, velouts, sopas pures e molhos claros. Fundo claro de peixe: usar o mesmo processo de fundo de peixe.

6

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Fundos Escuros So preparados tendo por base ossos e carnes de boi, vitela ou porco. Antes da coco, os ossos so enfarinhados e dourados no forno. A carne frita, a fim de se obterem os sucos naturais, e acrescentam-se os componentes aromatizantes (mirepoix com ou sem toucinho) e gua. Levar para cozimento em fogo brando, acrescentando-se a cebola brule, a cebola pique e o bouquet garni. Para se obter uma colorao mais escura, pode-se usar pur ou extrato de tomate e reduzir com vinho tinto ou gua. Aps vrias redues, os fundos se transformam em glacs, extratos e essncias.

Glacs: a reduo de fundo escuro, com aparncia de xarope concentrado. Os glacs friostm consistncia de gelatina devido ao colgeno presente nos componentes cartilaginosos. Pode-se acrescentar gelatina sem sabor para aumentar a ligao. Aps a primeira depurao, voltar a reduzir at concentrar. Coar o fundo em chinois ou em peneira fina sobre um recipiente menor para facilitar a concentrao. Levar ao fogo baixo e deixar evaporar cerca de 1/3 do caldo. Coar novamente e repetir a operao at que fique espesso. Se mergulhar uma colher e esta ficar coberta por uma camada brilhante e viscosa, o glac est pronto. O fundo deve atingir a consistncia de gelatina slida.

Extratos: So glacs concentrados e sem gorduras, que se tornam slidos aps refinamento. Essncias: So glacs reduzidos e concentrados, com aparncia pastosa. So utilizadas assimcomo os extratos pra reforar o sabor de molhos, sopas e assados.

Fundos de Peixe So utilizados para a produo desse fundo: espinhas e aparas de peixes, o que diferem dos fumets pelo modo de preparo. Fundo de Peixe: preparado com espinhas dorsais, cabeas sem guelras e nadadeira de peixe cortadas em pedaos (evitar os peixes de carne gordurosa), Mirepoix, vinho branco, gua e champignons laminados (opcional). Colocar o peixe e os temperos em uma panela grande. Cobrir com cuidado. Continuar a escumar at no se formar mais espuma. Acrescentar mais lquido se necessrio e deixar por mais meia hora. Passar por uma peneira forrada com um pano fino umedecido. Pode ser utilizado para preparaes de velouts de peixes e frutos do mar. Fumet de peixe: uma preparao em que os ingredientes so previamente dourados em manteiga quente. A seqncia de preparo idntica do fundo de peixe. utilizado em cozimentos a poch, bisques, cremes, sopas regionais.

Fundo de Legumes O fundo de legumes ou vegetariano serve de base para preparaes da cozinha vegetariana e diettica. Seu preparo semelhante ao dos outros fundos, com a diferena de que somente legumes ou gordura vegetais so utilizados.

7

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Fundos de Caa Apesar desse tipo de fundo no ser utilizado no Brasil, importante mencion-lo. So preparados como os fundos escuros, substituindo-se os ossos de vitela ou boi por ossos de caa de plo ou de pluma, como pato, ganso, coelho, javali etc. Pode-se acrescentar gua vinho tinto ou branco e mudar a composio de aromatizantes, incluindo erva-doce, zimbro ou slvia a mirepoix.

AROMTICOSSo componentes base de legumes, ervas e especiarias adicionados a fundos, sopas e molhos com a finalidade de realar e acentuar o sabor.

Mirepoix: cenoura, cebola, salso cortados em cubos. So utilizados para aromatizar fundos,sopas, molhos, braseados. Normalmente a proporo de 25% de cenoura, 25% de salso e 50% de cebola.

Mirepoix branco: um Mirepoix do qual se retira a cenoura e ao qual se adiciona o alho-por.Utilizado para aromatizar molhos claros e fundos.

Bouquet garni: composto basicamente de salso, cenoura, salsinha, folha de louro,amarrados. Retira-se aps fornecer ao fundo, molho ou sopa o sabor desejado. Os ingredientes do bouquet garni podem variar de acordo com a regio.

Sachet dpices: dente de alho, folha de louro, pimenta em gros, tomilho, talo de salsinhaenvolta em pano fino ou gaze. Do mesmo modo que o bouquet garni, retirado aps sua utilizao.

Cebola brule: cebola cortada ao meio e tostada na chapa ou frigideira. Alm de aromatizar,acentua a cor de fundos escuros.

Cebola pique: cebola descascada e cortada ao meio. Leva uma folha de louro espetada emum pequeno corte lateral e cravos-da-ndia espetados.

8

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

AGENTES DE LIGAO OU ESPESSANTESAs ligaes so realizadas pelos componentes que servem para engrossar lquidos. So utilizadas na preparao de molhos, cremes, sopas, pudins e sufls, e algumas delas em produes de confeitaria. Quando falamos de espessamento de um molho, est se falando sua viscosidade. Viscosidade uma propriedade mensurvel de qualquer lquido e descreve a velocidade com que esse lquido flui sob uma presso particular, ou seja, como ele escorre. As ligaes podem ser classificadas em dois grupos com vrias subdivises:

Naturais: ovos (gemas, inteiros), sangue, coral, outras ligaes; Elaboradas: amido, creme de leite, gelatina.Naturais

Ovos Gemas: a gema sozinha, sem a clara, um elemento de ligao, sempre a uma temperatura inferior a 70C. As temperaturas elevadas endurecem as gemas (coagulao de albumina), separando-as do elemento lquido. As ligaes com gema so feitas em combinao com outro ingrediente: - Creme de leite, para engrossar e enriquecer molhos e sopas; - Azeite, gordura ou manteiga, para emulsionar molhos quentes e frios (ligaes a frio e a quente); - Farinha de trigo, para confeitaria (pode-se ferver at 4 minutos); - gua fria (na cozinha diettica) quatro gemas para dois copos de gua. Ovos inteiros: servem como ligao em pudins e outras produes de confeitaria. A coagulao dos ovos permite a confeco de royales ou cremes renverses. Sangue O sangue empregado como ligao em produtos de charcutaria ou em receitas especficas cujos molhos so feitos com o prprio sangue (molhos pardos). Acrescenta-se vinagre para evitar a coagulao. No se deve atingir o ponto de fervura.

9

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Coral Usa-se coral de lagostas ou de algum outro crustceo misturando-o com creme de leite ou manteiga. No pode deixar ferver. Outras ligaes Iogurte e queijos brancos so ingredientes muito utilizados na cozinha vegetariana, assim como algas marinhas e gomas alimentcias vegetais, que tambm podem ser utilizadas como espessantes.

ElaboradasLigaes por amido O amido um polissacardeo que, com a umidade, fermenta e aumenta de volume permitindo a aglutinao e provocando o espessamento do lquido, criando a liaison. O amido encontrado nas farinhas de trigo, milho (maizena) e arroz (creme de arroz), na batata (fcula), na mandioca (tapioca e polvilho), na araruta, em leguminosas secas e em certas frutas. As ligaes por amido podem ser a quente e a frio

A quente: Roux - tradicionalmente o roux uma mistura de manteiga derretida e farinha detrigo, em quantidades mais ou menos iguais, variando de acordo com a preparao desejada. O tempo de coco varia de acordo com o tipo de roux a ser utilizado, determinando assim sua colorao, que serve tambm como parmetro para a diviso dos roux.

Roux branco ou claro: necessita de pouco cozimento, o suficiente para fazer desaparecer o gosto da farinha crua. O grau de ligao forte, servindo para molhos claros e sopas cremosas de tonalidade clara. Roux amarelo: necessita de coco suave at ficar ligeiramente dourado. Possui grau de ligao mdio e utilizado em alimentos de cor amarelo-queimados ou mais escuros. Roux escuro: deve ser cozido at obter-se uma colorao bem escura. Possui grau de ligao fraco e utilizado em molhos escuros e pratos especficos.

Existe um roux negro, utilizado na cozinha crole. Com a tendncia da culinria voltada para uma cozinha leve e natural, o roux comea a ser substitudo por misturas de fcula e gorduras vegetais ou animais. As fculas mais utilizadas so as de araruta e de batata. A fcula de arroz e de milho, insolvel at os 60C, adquire consistncia gelatinosa depois de fria. As ligaes com fcula interferem somente na consistncia dos molhos, no alterando a cor dos mesmos. A frio

Beurre mani: nome dado mistura no cozida de manteiga, amolecida e farinha de trigo, em propores que variam, formando uma pasta homognea. Recomenda-se separar a mistura em pedacinhos e depois acrescentar pouco a pouco ao lquido quente, misturando com o auxlio de um batedor.

Singer (salpicar de farinha): mtodo que consiste em salpicar farinha branca ou torrada ao alimento a ser frito ou salteado. Utilizado nos fricasss, emincs, braseados.

10

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Creme de leite O creme de leite puto no pode ser considerado um elemento de ligao; somente depois de misturado com gemas de ovos modifica a aparncia dos molhos. Quando acrescentados s sopas, cremes com gemas de ovos compem as sopas velouts. O creme de leite pode ainda enriquecer molhos e outras preparaes culinrias. Gelatina A gelatina, substncia inodora e incolor, era originalmente um produto obtido pelo cozimento das cartilagens (ps, tendes, cabeas) de animais. Atualmente obtida tambm de algumas algas. As gelatinas so comercializadas em folhas e em p, naturais ou aromatizadas. So utilizadas para engrossar molhos frios (dando origem aos chauds-froids), cremes, musses e produtos de confeitaria.

EMBELEZADORES E MELHORADORES DE SABORSo complementos de molhos, sopas e massa com a finalidade de melhorar o aroma e a textura dos comestveis. Liga fina: Mistura de gemas com creme de leite que suaviza o sabor e a consistncia e melhora a textura de cremes e velouts. Creme de leite, nata e manteiga: Empregados para o mesmo fim da liga fina. Corantes naturais e artificiais: Utilizados para realar ou mudar a cor de uma preparao

MOLHOSTodo alimento cozido, salteado, grelhado, embutido, defumado ou cru, para se tornar mais saboroso e apetitoso, precisa de um complemento chamado Molho. Desde os tempos mais remotos, o homem sempre buscou alternativas para acrescentar sabor e realar a aparncia dos alimentos, utilizando-se do recurso culinrio que hoje chamamos de molho. Os fundos, processados com ligaes, passam a ser chamados de bases. Estas, quando aromatizadas com vinho ou ervas, passam a ser molhos-bases, que, acrescidos de ingredientes como champignon, tomate, cebola, etc., so considerados molhos compostos. Portanto, molhos so produes culinrias quentes ou frias que servem para acompanhar, realar, disfarar ou mesmo identificar um alimento. H dois passos isolados ao fazer molhos: obter o sabor requerido e garantir o espessamento e a sensao na boca correta. O sabor vem de diferentes fontes. Em molhos de carnes, vem das reaes de Maillard que ocorrem durante o processo de assados, enquanto em outros o sabor intrnseco ao ingrediente como, por exemplo, o molho de queijo no prato galinha ao parmeso. Maillard - so reaes qumicas ocorridas no processo de dourar, so responsveis pelo sabor agradvel do dourado de carboidratos e de alimentos que contm protenas, como carnes grelhadas e assadas, crosta de po e cebolas, esse nome foi dado em homenagem ao bioqumico francs Louis Camille Maillard, Enquanto a viscosidade, ou espessamento determina a textura de um molho, h muitos outros fatores que podem ser importantes. O termo muito usado gosto na boca, apesar de ser considerado um termo feio usado para descrever as sensaes ao ingerir alimentos, inclui todos os aspectos da textura do alimento, como tambm alguns aspectos do sabor (por exemplo, quanto dura

11

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

na boca o sabor e o gosto). Para os molhos, o interesse est na maciez sem grumos, cremosidade, acidez, aspereza, bem como a persistncia de textura e sabor. muito difcil separar essas diferentes qualidades e ento selecionar os aspectos de elaborao de um molho que as afetem. Existem regras simples para isso. A sensao de cremosidade decorre da tendncia de alimentos bem grossos e cremosos recobrirem toda a cavidade bucal e no se dissolvem muito rapidamente, dando uma sensao de gosto que persista por algum tempo. Isso equivale a dizer que a cremosidade vem da combinao de viscosidade (espessamento) e solubilidade das gorduras no molho. Presumivelmente a palavra molho, em portugus, resulta do fato de que essas produes molham o alimento. Em praticamente todos os outros idiomas latinos conservou-se a raiz latina salsus: em francs, sauce (fem.: la sauce); em espanhol e italiano, salsa (sinnimo de salgado); em ingls, igualmente sauce. Nas antigas brigadas de cozinha havia um cozinheiro especializado na arte de fazer molhos matre saucier -, funo que tende a desaparecer com as novas tcnicas culinria e atual realidade de mercado. Os molhos eram parte integrante de uma receita e tiveram seu apogeu nos sculos XVII e XVII. Com o passar do tempo evoluram e sofreram modificaes. Auguste Escoffier dividiu os molhos de acordo com sua temperatura e consistncia, classificando-os como bsicos e derivados. Atualmente podemos separ-los da seguinte forma: De acordo com sua composio:

Molhos bsicos, derivados e semiderivados:So aqueles que servem de base para outros molhos, alm de ser utilizados como acompanhamento ou complemento de coco. So considerados bsicos ou molhos demi-glace, Velout, Bechamel e tomate. Algumas correntes culinrias incluem tambm o holands e a maionese. Dividem-se os molhos bsicos em quatro grupos e suas subdivises:

Molhos de base escura:

Molho Espanhol: apesar do nome, o molho espanhol um clssico da cozinha francesa cuja preparao foi muito simplificada. A verso atual mais prxima da receita original tem como ingredientes Mirepoix gordo, pur de tomate, fundo escuro, roux escuro, manteiga, sachet dpices.

Molho demi-glace: o demi-glace nada mais que a reduo em quantidades iguais de fundoescuro e molho espanhol. Deve ser brilhante, translcido, de colorao marrom escura e textura consistente sem ser viscoso. Os tempos modernos introduziram novas tcnicas de fazer o demiglace. A farinha de trigo, elemento de ligao dou roux, foi substituda por fculas ou outros elementos de ligao. Molhos derivados do demi-glace: so molhos que utilizam o demi-glace como base e variam segundo o que acrescentado:

12

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Bigarade vinho do Porto, suco de laranja, raspas de laranja e de limo; Bonnefoy molho bordelaise, reduo de vinho branco, echalotas; Bordelaise vinho tinto, cebola picada, gros de pimenta-do-reino, folha de louro, suco de limo; Chateaubriand echalota, tomilho, louro, lminas de cogumelos, vinho branco, manteiga, Estrago, salsinha; Charcutire cebolas picadas, vinho branco; Chasseur cebola roxa picada, champignons picados, vinho branco; Colbert cebola picada, pimenta-do-reino em gros, vinho branco, suco de limo; Diable vinho branco seco, vinagre, echalota, tomilho, pimenta-do-reino, louro; Diane Mirepoix, azeite, marinada de vinagre, pimenta em gros, suco de limo; Duxelles cebola picada, manteiga, vinho branco; Estrago vinho branco, estrago; Financire vinho Madeira, essncia de trufas; Godard Mirepoix gordo, champanhe, essncia de champignons; Italiano cebola picada, champignons, presunto em brunoise, vinho branco; Lyonnaise cebolas fritas deglaadas em vinho branco, vinagre; Madeira vinho Madeira; Marchand de vin cebola roxa, vinho tinto; Moutarde cebola, vinho branco, mostarda de Dijon, suco de limo; Moscovite poivrade, infuso de zimbro, amndoas tostadas, uvas passas, vinho Marsala; Prigueux cebola picada, vinho branco, vinagre, pimenta ou pprica, pepino em conserva, Estrago, salsinha; Poivrade Mirepoix, azeite, marinada vinagre, pimenta-do-reino; Robert cebola picada, vinho branco; Romaine vinagre balsmico caramelado, pignoli, uvas passas brancas e pretas; Salmis azeite, ossos de galinha, Mirepoix, vinho branco, essncia de trufas; Zingara cebola picada, vinho branco, molho de tomate, pprica, trufas.

Molhos de Base ClaraOs molhos de base clara bechamel e velout diferenciam-se pelo fundo (caldos de peixe, frango, vitela ou leite); o elemento de ligao sempre o roux claro ou amarelo. Molho Bechamel: o Marqus de Bechamel, ministro do rei Luis XIV, foi supostamente o inspirador do molho homnimo. O bechamel um dos molhos bsicos tendo como elementos roux claro, leite, uma cebola pique e componentes aromticos.

13

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Molhos derivados do Bechamel:

Aurore creme de leite, pur de tomate; Crme - creme de leite, suco de limo; Curry cebola, manteiga, Curry, creme de leite; Moutarde molho crme, mostarda de Dijon, suco de limo; Mornay gema de ovo, creme de leite, queijo tipo Gruyre; Nntua caldo de camaro, creme de leite, manteiga de crustceos, conhaque, pimenta Caiena; Soubise pur de cebola, pitada de acar, creme de leite.

Molho Velout: o molho velout composto por roux e pelo fundo claro de boi, vitela, aves ou peixe, resultando em vrios tipos de velout utilizados nos mais variados pratos e molhos derivados e subderivados. O velout serve tambm de base para as sopas tipo velouts, ligadas com creme de leite e gemas de ovos, os molhos chaud-froids. Molhos derivados do velout:

Albufera molho suprme, glac de carne, pimento em lminas; Allemande velout de vitela, gema, creme de leite, suco de limo; Anchois velout de peixe, anchovas; Au vin blanc velout de peixe, gema, creme de leite; Aurora molho suprme, pur de tomate; Bercy velout de peixe, echalotas, salsa picada; Camaro velout de peixe, manteiga de lagosta, essncia de trufas; Champignons velout de vitela, champignons laminados; Chaud-froid velouts diversos, gelatina, creme de leite e outros ingredientes; Curry velout de vitela, Curry, leite de coco, suco de limo; Diplomate velout de peixe, manteiga de lagosta, trufas; Estrago molho suprme, Estrago picado, creme de leite; Hongroise velout de frango ou vitela, cebola, manteiga, pprica, pur de cebola; Ivoire molho suprme, glac de carne; Joinville velout de peixe, manteiga de camaro, trufas. Poulette molho allemande, suco de limo, salsinha picada; Ravigote velout de vitela, vinho branco, echalota; Riche velout de vitela, glace de viande; Suprme velout de frango, creme; Toulousaine molho suprme, gema de ovo, creme de leite; Villageoise velout claro, pur de cebola, gema de ovo, creme de leite, manteiga.

Molhos Emulsionados

14

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

So molhos resultantes de uma emulso processo pelo qual dois lquidos antagnicos em sua estrutura molecular, por exemplo, gua e gorduras, so, por meio de disperso em partculas minsculas, incorporados temporria ou permanentemente. A emulso temporria quando no se sustenta por muito tempo: molho vinagrete e Beurre blanc. permanente quando adicionado um elemento emulsificador gema que lhe confere estabilidade: a maionese. Pode ainda ser semipermanente, como no molho holands. Maionese A maionese, do francs mayonnaise, um dos principais molhos emulsionados a frio. Pode ser produzida em indstria alimentcia ou artesanalmente. Trata-se de um molho estvel, cremoso, de colorao marfim ou amarelo-plida, utilizada como acompanhamento de pratos frios, cobertura de sanduches e base para outros molhos. Alguns cuidados so imprescindveis antes de se fazer maionese: Todos os ingredientes devem estar em temperatura ambiente; Utilizar recipientes de ao inoxidvel ou loua refratria materiais como alumnio ou ferro comprometem a qualidade do produto final; Incorporar o azeite cuidadosamente; Caso a maionese desande acrescentar gua quente ou vinagre e continuar batendo continuamente. Derivados da maionese: Aoli alho, azeite; Andalouse pur de tomate, cubinhos de pimento; Anglaise mostarda; Cambridge anchova, alcaparra, Estrago, Cerefolio, mostarda, cebolinha, salsinha; Chantilly creme de leite batido; Curry Curry, alho, coentro em gros; Dijonnaise mostarda de Dijon, suco de limo; Golf maionese, Catchup, conhaque, creme de leite; Gribiche maionese em que a gema de ovo crua substituda por gemas cozidas, alcaparra, ervas, clara de ovo picada; Rmoulade pepininho em conserva, salsinha, Cereflio, Estrago, alcaparra e essncia de anchova; Rose suco de beterraba, pimenta-do-reino; Tartare maionese em que a gema de ovo substituda por gema cozida, cebolinha, cebola; Verte espinafre, salsinha, Estrago. Molho Holands Na Europa Ocidental, muitos chefes de cozinha pedem como pr-requisito de admisso aos jovens cozinheiros confeco de um molho holands, um molho clssico sutil e delicado. Trata-se de uma emulso quente, preparada em banho-maria com vinagre de ma, pimenta-do-reino em gros, gemas de ovos, manteiga clarificada e suco de limo. O uso da manteiga clarificada resulta em um molho mais estvel e sem o gosto pronunciado da manteiga derretida. Uma vez pronto, o molho holands deve ser servido de imediato. Caso seja necessrio, conserv-lo em local morno por pouco tempo, em banho-maria. Derivados do molho holands:

15

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Arlsienne molho barnaise, gemas, tomate concass, essncia de anchovas; Barnaise a reduo de vinagre preparada com Estrago; Choron molho barnaise, pur de tomate; Ao endro/dill molho holands, iogurte natural, endro/dill; Foyot molho barnaise, glac de carne; Maltaise molho holands, suco e raspas de laranja; Maracuj molho holands, suco de maracuj; Mikado molho holands, suco e raspas de tangerina; Mousseline ou chantilly molho holands, creme de leite batido; Paloise molho holands, folhas de hortel frescas.

Molho de tomateO tomate surgiu na Amrica, inicialmente de colorao amarela e era utilizado pelos ndios mexicanos como plantas ornamentais devido beleza de seu fruto. O nome tomate deriva ou das palavras astecas ximate, zitomate, tumati ou at da palavra mexicana tomati. Com a evoluo da culinria mundial, e por ser muito verstil, hoje um dos frutos mais consumidos no mundo culinrio, tanto para doces ou salgados. Utilizado em molhos, sopas, sufls, sobremesas, purs, coquetis, etc. Derivados do tomate: extratos, polpa, tomate pelado, tomate triturado, e excelentes molhos. Apesar de no ser considerado um molho bsico por algumas correntes culinrias, o molho de tomate pode ser encarado como tal pela sua importncia principalmente na cozinha italiana. Os mais conhecidos so a bolonhesa, a putanesca, calabrs, de frutos do mar, com funghi, nos ragus italianos. Existem algumas maneiras de se fazer o molho de tomate, um molho de colorao ferruginosa (da ser considerado por algumas correntes como molho ferruginoso).

Molhos Frios

Vinagrete ou vinaigrette:O vinagrete (em francs vinaigrette) feito exclusivamente com vinagre ou outro acidulante, azeite de oliva virgem, sal, pimenta-do-reino e opcionalmente mostarda. uma emulso temporria, bastando uma ligeira mistura para que volte normalidade. Ao vinagrete podem ser acrescentadas ervas aromticas, anchova, alcaparras e condimentos. Se aquecido utilizado em emulses quentes com coulis, purs de legumes e frutas, jus de rti e court-bouillons (vinagrete quente para peixes). No Brasil, o que tratado como vinagrete na verdade o molho Campanha. Derivados do vinagrete: Agridoce alho, gengibre fresco, limo, mel, molho de soja, Catchup, xerez, sementes de gergelim, pimenta caiena; Argentino - tomate, cebola, cebolinha, salsa, ervilhas; Campanha tomate, cebola, salsa;

16

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Estrago o vinagre tradicional substitudo por vinagre de Estrago, suco de uva branca, salsa,

tomilho, hortel, alecrim, mostarda em gros, acar; Gengibre parte do vinagre substituda por vinagre balsmico, gengibre fresco picado; Grapefruit suco de grapefruit, molho ingls, queijo picante, acar; Gribiche gema de ovo cozida, alcaparra, pepino em conserva, cebolinha verde, Cereflio, Estrago, clara de ovo cozida; Lima e coentro coentro fresco suco de lima-da-prsia, mel; Mostarda mostarda de Dijon, suco de limo, tomilho; Ravigote mostarda, cebola, alcaparra, ervas aromticas; Roquefort queijo roquefort ou gorgonzola, suco de limo creme de leite.

Molhos EspeciaisSo molhos que por suas caractersticas no se enquadram na classificao usual, podendo ter como elemento bsico creme de leite, iogurte, gelias, queijos etc.:

Bread sauce: leite, miolo de po, cebola cravejada, manteiga, creme de leite. Coco: leite de coco, tomate, coentro, cebola, azeite. Cumberland: gelia de groselha, vinho do Porto, suco de laranja e limo, mostarda, pimenta caiena, gengibre, zestes (cascas) branqueadas de laranja e limo. Gorgonzola: gorgonzola, creme de leite, azeite. Iogurte banana: iogurte, banana, mel, especiarias secas. Iogurte hortel: iogurte, alho, hortel, leite. Mascavo: acar mascavo, creme de leite, suco de limo, cebola, pimenta-do-reino. Mexicano: iogurte, cebola, gengibre fresco, pimenta jalapeo picada, hortel, coentro. Mint sauce: vinagre, folhas de hortel frescas, acar. Mostarda: creme de leite, mostarda. Pesto: azeite, manjerico, pignoli ou nozes, percorino ou parmeso, alho.

Molhos Contemporneos e AlternativosChamamos de contemporneos e alternativos os molhos que no pertencem aos grupos bsicos ou especiais. So preparaes que primeira vista diferem muito do conceito tradicional que se tem de um molho e utilizam matrias-primas alternativas, proporcionando uma srie de novas criaes: chutneys, coulis, jus e sucos de assados, molhos base de manteiga, relishes, sabayons salgados, salsas.

Chutneys: de origem indiana, em forma de gelia agridoce e picante, feitos com vrios tiposde frutas ou vegetais cozidos em vinagre, condimentos e ervas aromticas. Servem como acompanhamento para carnes, aves, queijos ou como recheio para sanduches, tortas etc. Servidos geralmente frios.

Coulis: denomina-se coulis ao pur de legumes ou frutas aquecidos em banho-maria ou cozidosem fogo lento. Pode-se acrescentar ao final manteiga ou creme de leite. So utilizados como elemento de decorao e servem para espelhar os pratos.

17

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Jus e sucos de assados: suco desprendido do assado (jus de rti). Pode ser deglaceado comvinho e espessado com amido (jus li).

Molhos base de manteiga: os molhos que tm por base a manteiga podem ser divididosem trs categorias: beurre blanc, manteigas derretidas e manteigas compostas.

Beurre blanc preparao na qual a manteiga em flocos adicionada a uma reduo deechalotas, vinho branco e fundos de coco, batendo-se continuamente at formar uma emulso. Podem ser acrescentado creme de leite e ervas aromticas.

Manteigas derretidas servem como acompanhamento ou tempero, sendo preparadasa partir da manteiga derretida, qual se acrescenta um ingrediente cido (vinagre ou suco de limo). A manteiga aquecida at atingir uma colorao escura (beurre noisette); ao ser pingado gotas de limo obtm-se o beurre meunire, utilizado no preparo de peixes e suas variantes. Beurre la grenobloise: beurre noisette, alcaparras, cubos de limo. Beurre amandine: beurre noisette e amndoas previamente tostadas, cozidas na manteiga. Beurre meunire: beurre noisette, suco de limo, salsa. Bercy: manteiga derretida, cebola, vinho branco, tutano, salsa, pimenta-do-reino. Marchando de vin: manteiga derretida, salsa, cebola, limo, vinho tinto e glac de carne. Eggs and butter sauce: manteiga derretida, suco de limo, ovos cozidos, salsinha, pimentado-reino.

Relishes - muito similar ao chutney, o relish um condimento agridoce composto por frutas ou vegetais, muitas vezes em conserva (picles), finamente cortados e cozidos em acar, vinagre e especiarias. O relish pode ser servido frio ou quente. Tem a aparncia de uma gelia pastosa. Sabayons salgados: os Sabayons salgados resultam da mistura de gemas com fundos de coco, azeite de oliva ou creme de leite, aromatizados com ervas, vinho seco ou champanhe, obedecendo aos mesmos processos dos Sabayons doces. Salsas: de origem mexicana, muito utilizada tambm na cozinha norte-americana, so compostas por legumes, ervas e, s vezes, frutas, quase sempre crus ou cozidos al dente. Os ingredientes so picados ou batidos no processador de alimentos. Salsas so sempre frias e acompanham pratos frios ou quentes. Entre as mais famosas citamos o guacamole.

18

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

SOPASDefinem-se com este termo todos os alimentos lquidos servidos como entrada ao incio das refeies ou, excepcionalmente, como prato exclusivo. As sopas so feitas na base de fundos, que se complementam com a finalidade de lhe dar sabor e consistncia requeridos. Tipos de sopas: As sopas so classificadas, segundo a temperatura a que so servidas, em frias e quentes, sendo as ltimas as mais freqentes. Outra forma de classificar essas produes aquela feita de acordo com as suas caractersticas, definidas pelo mtodo de preparao e a composio dos mesmos. Segundo estes critrios distinguemse:

Consoms e caldos Potages e purs Creme e Velouts Sopas especiais, regionais e caseiras

Composio das sopas Os elementos bsicos das sopas so:

Os fundos, que constituem o elemento lquido de maior volume, sendo bsicos para todas as sopas.Da qualidade do fundo depende o sabor, cor e limpidez do produto acabado;

As ligas so adicionadas aos fundos para engross-los, embora no se empreguem nos consoms,caldos e sopas especiais; Os aromticos melhoram, modificam ou intensificam o sabor, formando parte da maioria das sopas; Produtos especiais (melhoradores) tornam as sopas mais requintadas; Alm desses elementos as sopas podem ser enriquecidas com condimentos, guarnies e adornos.

19

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Sopas Bsicas So consideradas sopas bsicas todas aquelas que levam na sua composio somente os elementos principais e os condimentos que os completam. Mediante a adio de outros ingredientes, obtm-se sopas derivadas e compostas. As principais sopas bsicas so:

Consom esses termos culinrio, adaptado da cozinha francesa, quer dizer apurado. O Consom um caldo reduzido por coco, melhorado por intermedirio da adio de carnes e legumes (aromticos) e clarificado. condimentado com sal e cheiro verde. O caldo empregado na confeco (por exemplo, de ave) determina o nome do Consom (Consom de ave). Na linguagem comum, entende-se por Consom, sem maiores definies, o de gado. Consom duplo um Consom duplamente concentrado, ou seja, reduzido metade do seu volume. O Consom pode ser servido frio ou quente, guarnecido, aromatizado com um vinho e at mesmo ligeiramente engrossado. Caldo um resto de coco em gua, utilizado geralmente, como fundo. Como sopa fina (rala), o caldo empregado em lugar do Consom ou sopa de peixe. Os caldos servidos como sopa, devem estar completamente desengordurados e condimentados. Potage uma sopa cujos elementos bsicos so: um caldo, diversos legumes e, s vezes carnes; como condimentos so utilizados sal e cheiro verde. Os Potages so engrossados transformando em pur parte de seus ingredientes e ou simplesmente submetendo a um super cozimento, todos ou alguns dos ingredientes. Os Potages so as sopas mais completas e muitas vezes so servidas como pratos fortes. Sopas de diversos tipos so formas de Potages. Estas sopas no so engrossadas intencionalmente. A liga que podem apresentar resulta do super cozimento dos legumes que as constituem. Sopa tipo pur um potage cujos ingredientes foram passados na peneira. Ao passar na peneira os purs j ficam ligeiramente engrossados. Caso a liga seja insuficiente, acrescenta-se roux a esta sopa. Alguns purs so enriquecidos com ligas finas ou creme de leite. Creme uma sopa cujos componentes bsicos so: um caldo que lhe d sabor e nome, leite ou creme de leite para enriquec-la e uma liga. Como liga dos cremes, so utilizados cereais (cozidos no caldo) ou roux branco. Outro mtodo de preparar cremes consiste em alargar um molho Bechamel com o caldo bsico concentrado. O creme enriquecido com creme de leite ao final do cozimento e, s vezes, se acrescenta para acentuar o sabor, um pur de legumes ou carne. Depois de preparado, o creme deve ser passado na peneira bem fina (etamine). Velout leva s vezes uma guarnio de acordo como o seu fundo, por exemplo: Velouts de carne ou ave, legumes, midos, etc.

20

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

Sopas especiais regionais ou caseiras, so produtos de cozinhas tradicionais tpicas, que no podem ser classificadas nos grupos anteriores. O processo de elaborao varia em cada sopa, e no existe uma sopa bsica que permita agrup-las

Sopas Compostas e EspeciaisSo sopas, geralmente bsicas, s quais se acrescentou guarnio ou condimento particular. As principais sopas compostas so apresentadas no seguinte quadro: GUARNIO Polvilho, pur de tomate, Juliana de ave Beterraba, nabos, aipo cortado em dados Crepas salgadas, em Juliana Beterraba, nabos, ervilhas, vagem (em Juliana) Caldo de carneiro com cevada CONSOMS QUENTES abrilhantada Fios de ovos e Juliana de espinafres Legumes cortados em Juliana Caldo de ave, dados de royal, brunoise Caldo de ave, dados de royal Massa de ovos, farinha, leite, fios de ovos no caldo. CONSOM FRIO Carne bovina fervida, pimentes cortados em dados BASE NOME DA SOPA COMPOSTA Consom AURORA Consom BRUNOISE Consom CELESTINA Consom COLBERT Consom ESCOCESA Consom Consom Consom Consom Consom FLORENTINA JULIANA PARISIENSE ROYAL XAVIER

tomates, Consom MEDRILENO

Beterraba, nabos, couve, batata, feijo

Potage GARBURE

21

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

POTAGES NATURAIS

Batatas em dados, alho-por, manteiga, Potage PARMENTIER creme de leite Legumes, pur de tomate, massas ou MINESTRA arroz, toucinho Carne bovina, toucinho, alho-por, feijo, MARMITA PAISANA ervilha Pur de beterraba Pur de ervilhas Potage crecy ligado com polvilho Pur de feijo branco e vermelho Potage Potage Potage Potage CRECY SAN GERMAN VELOURS CONDE

POTAGES PURS

CREMES E VELOUTS

Pontas e caldos de aspargos VELOUT ARGENTIL Manteiga e carne de lagosta, creme de BISQUE DE LAGOSTA leite, brandy Ervilha CREME CLAMART Couve-flor em pur CREME SUBARRY Creme de ave, liga fina CREME RAINHA Arroz, tomates em dados CREME SOLFERINO

CLASSIFICAO GERAL DAS SOPAS SEGUNDO SUA CARACTERSTICA

CLASSIFICAO DE SOPAS

SOPAS CLARAS

POTAGES

SOPAS LIGADAS CREMES

SOPAS ESPECIAIS

POTAGES CONSOMS PURS

CHOUDERS

CALDOS

VELOUTS

22

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

BIBLIOGRAFIABARBARA, Dansia. Aromas e sabores da boa lembrana - tomate, 2 ed. Rio de Janeiro: SENAC, 2001. BARHAM, Peter. A cincia da culinria. So Paulo: Rocca, 2002. BARRETO, R.L.P Passaporte para o sabor, 3 ed. So Paulo: SENAC, 2002. CASTELLI Geraldo. Administrao hoteleira. Coleo Hotelaria. CORTES, J. As Entradas e saladas. So Paulo: Estampa, 1997. DAVID, Elizabeth. Cozinha francesa regional / Elizabeth David; traduo Helena Londres. So Paulo: Companhia das Letras, 2000. ESCOFFIER, A. The complete guide to the art of modern cookery. New York: Mandarin, 1995. FARROW, Joanna Molhos. Arueri, SP: Manole, 2004. Gastronomia: sabores contemporneos; organizao de Bete Duarte Porto Alegre: RBS Publicaes, 2006. GOMENSORO, Maria Lucia Coimbra. Pequeno dicionrio da gastronomia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. 432p GORDON, Grimsdale. O livro dos molhos. Ed. Manole Ltda. So Paulo, 1997. Unilever Foodsolutions O Maravilhoso mundo dos caldos, fundos e molhos conceito da culinria clssica WILEY John THE CULINARY INSTITUTE OF AMERICA, The new professional chef. 7 ed. New York:, 2001. WOLKE, Robert L. O que Einstein disse a seu cozinheiro: a cincia na cozinha. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. WRIGHT, J. Le cordon bleu A autntica cozinha francesa. So Paulo: Manoele, 1996 WRIGHT, Jeni. TREUILLE, Eric. Le Cordon Bleu tcnicas culinrias. Editora Marco Zero, 5 ed.

23

Universidade de Sorocaba Gastronomia Bases e Molhos

24