APOSTILA TECIDOS

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1 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS TECIDOS 1.1 Conceitos gerais e tipos de tecidos Os tecidos que formam o organismo dos animais são formados por conjuntos de células semelhantes anatômica e funcionalmente, ou seja, células parecidas quanto à forma, tipo de núcleo, citoplasma, etc. O estudo das células é chamado cientificamente de citologia e o estudo dos tecido é denominado de histologia. Uma subdivisão específica da histologia, que trata do estudo dos tecidos doentes, é chamada de histopatologia. Além das células, os tecidos são também compostos pela matriz extracelular, um conjunto de substâncias secretadas pelas células ao seu redor. A organização de um tecido envolve vários componentes, de forma a garantir a nutrição, a comunicação, a sustentação, a renovação celular, etc. Os tecidos, por sua vez, quando em conjunto, formam os órgãos, que, unidos, formam os sistemas ou aparelhos que são divididos funcionalmente (função). No organismo dos animais e também dos seres humanos são reconhecidos cinco tipos de tecidos, a saber: epitelial, conjuntivo, muscular, nervoso e sangue. 1.2 Tecido Epitelial O tecido epitelial, como o próprio nome sugere, está associado aos epitélios, ou seja, ao conjunto de células de cobertura ou revestimento, tanto externa quanto internamente ao corpo, nas cavidades, órgãos, etc. Além da clara função de revestimento, os tecidos epiteliais são também responsáveis por funções como absorção na mucosa intestinal, por exemplo, secreção glândulas lacrimais, sudoríparas e sensibilidade quando associado a tecidos nervosos. O arranjo do tecido epitelial é bastante típico: consiste em um conjunto de células poliédricas e justapostas, com pouca substância no interstício 1 e apoiadas sobre uma lâmina basal, que consiste na matriz extracelular do tecido, que é composta por um tipo especial de colágeno e outras substâncias. Esta estrutura cria uma barreira, 1 Espaço entre uma célula e outra.

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1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS TECIDOS

1.1 Conceitos gerais e tipos de tecidos

Os tecidos que formam o organismo dos animais são formados por conjuntos de

células semelhantes anatômica e funcionalmente, ou seja, células parecidas quanto à

forma, tipo de núcleo, citoplasma, etc. O estudo das células é chamado cientificamente

de citologia e o estudo dos tecido é denominado de histologia. Uma subdivisão

específica da histologia, que trata do estudo dos tecidos doentes, é chamada de

histopatologia.

Além das células, os tecidos são também compostos pela matriz extracelular, um

conjunto de substâncias secretadas pelas células ao seu redor.

A organização de um tecido envolve vários componentes, de forma a garantir a

nutrição, a comunicação, a sustentação, a renovação celular, etc.

Os tecidos, por sua vez, quando em conjunto, formam os órgãos, que, unidos,

formam os sistemas ou aparelhos que são divididos funcionalmente (função).

No organismo dos animais – e também dos seres humanos – são reconhecidos

cinco tipos de tecidos, a saber: epitelial, conjuntivo, muscular, nervoso e sangue.

1.2 Tecido Epitelial

O tecido epitelial, como o próprio nome sugere, está associado aos epitélios, ou

seja, ao conjunto de células de cobertura ou revestimento, tanto externa quanto

internamente ao corpo, nas cavidades, órgãos, etc.

Além da clara função de revestimento, os tecidos epiteliais são também

responsáveis por funções como absorção – na mucosa intestinal, por exemplo, secreção

– glândulas lacrimais, sudoríparas e sensibilidade – quando associado a tecidos

nervosos.

O arranjo do tecido epitelial é bastante típico: consiste em um conjunto de

células poliédricas e justapostas, com pouca substância no interstício1 e apoiadas sobre

uma lâmina basal, que consiste na matriz extracelular do tecido, que é composta por um

tipo especial de colágeno e outras substâncias. Esta estrutura cria uma barreira,

1 Espaço entre uma célula e outra.

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necessária à função de revestimento do tecido, mostrada esquematicamente na Figura 1,

a seguir.

Figura 1: Esquema de um tecido epitelial.

Fonte: Elaborado pela autora.

As faces apicais e basais (mais próximas à lâmina basal) possuem características

químicas diferentes, o que é crucial para a função do tecido – absorção, por exemplo.

Funcionalmente, o tecido epitelial pode ser dividido em epitélio de revestimento

e epitélio glandular, este último quando presente a função de secreção2.

O epitélio de revestimento apresenta a estrutura anteriormente abordada: células

em camadas (uma ou mais), com funções de recobrir superfícies e absorver nutrientes.

Este tipo de epitélio está presente, por exemplo, na parede dos intestinos, na pele, etc. O

epitélio de revestimento é classificado ainda de acordo com o número de camada de

células que o compõe; é simples quando apresenta apenas uma camada de células, e é

extratificado quando apresenta mais de uma camada de células. O epitélio simples, com

uma camada de células, pode ser encontrado no revestimento interno do organismo,

como por exemplo, no revestimento dos vasos de pequeno calibre, na superfície dos

ovários, etc. O epitélio estratificado, por sua vez, pode ser encontrado revestindo órgãos

como intestino, estômago, etc. Além desta classificação – simples e estratificado,

podem ser ainda classificado pelo formato das células apicais que o compõe (cúbico,

prismático, colunar, etc.), conforme mostra a Figura 2, a seguir.

O epitélio glandular, por sua vez, apresenta uma característica determinante,

que é a presença de células que secretam fluidos, de composição diversa; as glândulas

da parede do estômago ou do pâncreas, por exemplo, que secretam enzimas (proteínas);

já as glândulas sebáceas secretam lipídeos; as glândulas salivares secretam um

composto entre carboidratos e proteínas, assim como as glândulas mamárias, que

secretam o leite, composto de vários tipos de moléculas. Este epitélio é classificado em

2 Secreção é a produção e liberação de alguma substância por uma célula. As células do tecido mamário,

por exemplo, secretam o leite. As glândulas sudoríparas, por sua vez, secretam o suor.

Células

justapostas

Lâmina basal

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unicelulares, quando as glândulas são compostas de apenas uma célula, ou

pluricelulares, quando são constituídos de mais de uma células, como a glândula

mamária, mostrada na Figura 3, abaixo.. O epitélio glandular constantemente está

associado ao epitélio de revestimento, conforme mostra a Figura 4, na página seguinte.

Epitélio simples colunar ciliado Epitélio simples cúbico

Figura 2: Forma de células que compõe o tecido epitelial.

FONTE: Obtido do site http://vetanimal.blogspot.com/2007/07/histologia-tecido-

epitelial.html.

Figura 3: Alvéolo mamário, que contém várias glândulas secretoras do leite.

FONTE: Obtido do site www.proac.uff.br/fisiovet/index.php?option=com_content&

task=view&id=191&Itemid=152.

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Figura 4: Glândula unicelular produtora de muco (circulada no detalhe) associada ao

epitélio de revestimento do intestino.

FONTE: Obtido do site http://acd.ufrj.br/labhac/glandexouni.htm.

Além da classificação quanto ao número de células, o epitélio glandular pode

ainda ser classificado quanto à forma de secreção – endócrina (para dentro da glândula,

como a tireóide) ou exócrina (para fora da glândula, como o pâncreas ou a glândula

mamária). Quando exócrinas, as glândulas são compostas usualmente de uma porção

secretora e de uma porção condutora, cuja função é levar a secreção para fora da

glândula, seja para a corrente sangüínea, seja para o teto, etc.

1.3 Tecido Conjuntivo

O tecido conjuntivo é um tipo de tecido com uma enorme variedade de subtipos

de tecidos e funções; está associado a funções como união dos demais tecidos, como

músculos e pele (entre os músculos, por exemplo, é possível vermos a olho nú tecido de

cor branca que envolvem e dividem os feixes musculares), preenchimento de espaços,

sustentação de outros tecidos (ossos, cartilagens, etc.), acúmulo de reservas energéticas,

defesa e reparação (cicatrizes) e é encontrado nas mais diversas regiões do corpo dos

animais.

Estruturalmente, o tecido conjuntivo é formado, à semelhança dos outros

tecidos, por células e material intercelular, mas ele se diferencia dos demais tecidos

devido à maior importância da matriz extracelular do que propriamente das células na

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composição do tecido. Basta ver o tecido ósseo, por exemplo: a matriz extracelular

(composta de fibras e sais de cálcio) tem mais importância constitutiva que as próprias

células, conforme será detalhado a seguir.

Conforme a estrutura e a função, o tecido conjuntivo pode ser subdividido em

tecido conjuntivo propriamente dito, adiposo, cartilaginoso e ósseo.

O tecido conjuntivo propriamente dito tem função de sustentação de outros

tecidos, e é encontrado em diversos locais, tais como na derme (sustentação da

epiderme- pele), o estroma dos órgãos (tecido de sustentação), nos tendões, além da

função de reparação de outros tecidos danificados. O tecido conjuntivo apresenta um

tipo celular típico, o fibroblasto – mostrado na Figura 5, que secreta uma matriz

extracelular rica em colágeno e outras macromoléculas, o que confere a consistência a

este tipo de tecido, essencial à função de reparação e sustentação.

Figura 5: Aspecto microscópico de um tendão – tecido conjuntivo denso, com suas

fibras colágenas e fibroblastos.

FONTE: Obtido do site www.icb.ufg.br/histologia/conju/open.htm

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O tecido adiposo tem como característica a presença de células modificadas para

o acúmulo de lipídios (gorduras), tanto para reserva energética quanto para proteção

contra o frio. Este tecido é encontrado normalmente em baixo da pele (na hipoderme),

mas pode também estar presente em outros locais, tais como úbere, ovários, etc . Este

tecido é classificado de acordo com a célula que o compõe; se a célula apresenta uma

única “gota” lipídica em seu interior, o tecido adiposo é classificado em unilocular. Já se

a célula apresenta várias gotas lipídicas em seu citoplasma, o tecido é chamado de

adiposo multilocular. O tecido adiposo unilocular é comumente chamado de “gordura

amarela”, por sua coloração característica e é o mais comum dos dois tipos. O tecido

adiposo multilocular, chamado também de “gordura marrom”, devido à intensa

vascularização e ao grande número de mitocôndrias, é típico dos animais hibernantes e

de recém nascidos, e possui função termogênica (geração de calor corporal). As Figuras

6 e 7, a seguir, mostram as diferenças entre as células componentes destes tecidos.

Célula do tecido adiposo unilocular Célula do tecido adiposo multilocular

Figura 6: Tipos celulares encontrados no tecido adiposo.

FONTE: Imagens obtidas dos sites: http://www.jornallivre.com.br/158998/o-que-e-

tecido-adiposo.html (adaptado pela autora) e

http://www.flickr.com/photos/isaiasmalta/3960528499/

Reservatórios de

gordura

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Tecido Adiposo Unilocular Tecido Adiposo Multilocular

Figura 7: Aspecto microscópico do tecido adiposo unilocular (esquerda) e multilocular

(direita). Notar que o núcleo da célula, no tecido unilocular, está deslocado pela enorme

reserva lipídica.

FONTE: Obtido dos sites www.urcamp.tche.br/histologia/atlas/adiposo.html e

http://acd.ufrj.br/labhac/figura113.htm.

O tecido conjuntivo cartilaginoso também apresenta características bem

peculiares. Sua composição é bem característica, assim como as células que o compõe,

os condrócitos e os condroblastos. Além destes tipos especiais de células, o tecido

conjuntivo cartilaginoso possui uma matriz gelatinosa no interstício das células.

Complementarmente, possui também fibras (pericôndrio3) que auxiliam o tecido

conjuntivo cartilaginoso a cumprir suas funções, de sustentação e recobrimento de

extremidades ósseas.

Os condroblastos possuem a função de produção dos elementos da matriz

extracelular, tais como as fibras de colágeno. Já os condrócitos são células originárias a

partir dos condroblastos isolados pela matriz extracelular. A Figura 8, a seguir, mostra

os componentes do tecido conjuntivo cartilaginoso.

3 Pericôndrio (ou bainha conjuntiva) é um tipo de tecido conjuntivo denso (formado por fibroblastos, tais

como os tendões), bastante vascularizado, cuja função é envolver as cartilagens.

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Figura 8: Aspecto microscópico do tecido conjuntivo cartilaginoso (cartilagem da

traquéia). 1 – Condroblasto, 2 – Matriz extracelular, 3 – Condrócito, 4 – Pericôndrio, 5

– Células adiposas do tecido conjuntivo adjacente.

FONTE: www.urcamp.tche.br/histologia/atlas/carilaginoso_hialina.html.

O tecido conjuntivo ósseo, por sua vez, semelhantemente ao tecido conjuntivo

cartilaginoso, também possui a função de sustentação, mas além desta, possui funções

vitais como a proteção de órgãos vitais, alojamento da medula óssea, apoio aos

músculos esqueléticos e reserva de cálcio. O tecido ósseo possui três tipos básicos de

células: os osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos, imersos na matriz óssea Os

osteoclastos são responsáveis pela síntese dos componentes orgânicos da matriz óssea,

tais como proteínas e colágeno. Os osteócitos são osteoclastos isolados pela matriz

óssea, responsáveis pela manutenção da matriz óssea. Os osteoblastos, por sua vez, são

células gigantes (muitas vezes com inúmeros núcleos), responsáveis pela dissolução da

matriz óssea de modo a fornecer cálcio ao organismo. O equilíbrio entre a construção e

a dissolução do tecido ósseo é chamado de remodelação óssea.

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A matriz óssea – material intercelular – é uma associação de compostos

orgânicos (principalmente fibras colágenas) a uma parte inorgânica, composta por

fosfato e cálcio. A Figura 9, abaixo, mostra o esquema dos principais tipos celulares do

tecido conjuntivo ósseo.

Figura 9: Tipos celulares presentes no tecido ósseo.

FONTE: NEVES et. al (2007), adaptado pela autora.

1.4 Tecido Nervoso

O tecido nervoso é um tipo de tecido amplamente distribuído no organismo dos

animais domésticos, com funções básicas de comunicação, coordenação e regulação de

funções vitais.

As células típicas do tecido nervoso são os neurônios, responsáveis pela

secreção de substâncias sinalizadoras e transmissão dos impulsos nervosos. Estas

células possuem uma forma típica, com dendritos, que são estruturas responsáveis pela

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recepção dos sinais nervosos, corpo celular, que aloja o núcleo, e axônios, responsáveis

pela transmissão de sinais nervosos.

Associados aos neurônios, o tecido nervoso também apresenta outros tipos

celulares, como as neuroglias, ou células da Glia, e as células de Schwann (células da

bainha de mielina), responsáveis pela sustentação, nutrição e defesa dos neurônios.

Figura 10: Esquema de um neurônio.

FONTE: NEVES et. al. (2007).

Figura 11: Aspecto microscópico dos neurônios (o corpo celular aparece em maior

tamanho, colorido de roxo).

FONTE: Obtido do site

http://4.bp.blogspot.com/_uUZgnuvHNGY/SkjljQqgrfI/AAAAAAAAAS4/ZxHcXhj4N

LQ/s1600-h/histo1.jpg.

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1.5 Tecido Muscular

O tecido muscular é um tecido associado à sustentação e movimentação do

corpo dos animais domésticos. Ele é composto por um tipo especial de célula, as fibras

musculares, um tipo de célula alongada, polinucleada, com filamentos protéicos no

citoplasma e agrupadas paralelamente, o que determina a direção da contração

muscular. O tecido muscular é dividido, conforme seu tipo celular e função, em tecido

muscular liso, estriado esquelético e estriado cardíaco. A Figura 11 e 12, a seguir,

compara os diferentes tipos de músculos e mostra as diferentes formas das células

(fibras) musculares.

Figura 11: Tipos de tecidos musculares.

FONTE: Obtido do site

http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio21.php

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O tecido muscular estriado esquelético é formado por células cilíndricas longas,

com estriação regulares típicas, envoltas em tecido conjuntivo e ligadas aos ossos, daí o

nome tecido muscular esquelético. A função deste tecido é, em associação aos ossos,

promover a contração muscular que gera o movimento voluntário. As células do tecido

muscular (fibras musculares) possuem denominações específicas: sarcolema (membrana

plasmática) e sarcoplasma (citoplasma). No sarcoplasma das células musculares, há

centenas de fibrilas dispostas paralelamente – as miofibrilas – responsáveis pela

contração muscular.

As fibras musculares, em conjunto, são envolvidas e mantidas unidas por

camadas de tecido conjuntivo – endomísio, perimísio e epimísio, de dentro para fora,

respectivamente, conforme mostra a Figura 13, a seguir. O endomísio envolve uma fibra

muscular; o perimísio e o epimísio envolvem conjuntos de fibras musculares.

Figura 12: Tipos de células musculares.

FONTE: Adaptado de NEVES et. al.(2007).

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Figura 13: Esquema de um músculo estriado esquelético, com suas partes

componentes.

FONTE: NEVES et. al. (2007)

O músculo estriado cardíaco, a exemplo do estriado esquelético, também

possuem estriações características. A especificidade do tecido muscular estriado

cardíaco são as junções existentes nos discos intercalares (estriações), que permitem a

passagem de cargas elétricas entre as células. Além disso, suas células possuem apenas

um ou dois núcleos (e não inúmeros, como nas células do tecido muscular estriado

esquelético) e sua contração é involuntária.

Por fim, o tecido muscular liso, que apresenta contração fraca, lenta e

involuntária, é formado por células fusiformes (com as extremidades afinadas), sem

estrias transversais, é encontrado em paredes dos vasos sangüíneos e órgãos ocos. No

intestino, por exemplo, abaixo do epitélio, há uma camada de músculo liso, que auxilia

na movimentação do bolo alimentar.

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Músculo Estriado Esquelético

Músculo Estriado Cardíaco.

Músculo Liso.

Figura 14: Aspecto microscópico dos tecidos musculares. Notar as espessas camadas de

tecido conjuntivo (branco) que envolvem as fibras do tecido muscular esquelético e as

junções destacadas com uma seta no tecido estriado cardíaco.

FONTE: Obtido do site http://www.uff.br/atlashistovet/

1.6 Sangue

O sangue é um tipo especial de tecido caracterizado por apresentar maior

quantidade de material intercelular do que efetivamente células; e esse material

intercelular é líquido, de modo que não há um arranjo espacial definido nas células do

tecido. Além disso, o sangue apresenta mais uma particularidade: apresentar diversos

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tipos celulares, para realizar as diversas funções do tecido: nutrição, retirada de

metabólitos, suprimento de oxigênio e defesa, conforme detalhado no Quadro 1, abaixo.

Quadro 1: Tipos celulares presentes no sangue.

Célula Características Imagem1

GLÓBULOS

VERMELHOS,

HEMÁCEAS OU

ERITRÓCITOS

Células anucleadas (sem

núcleo), com formato de disco

bicôncavo, de coloração

avermelhada, devido ao

pigmento protéico hemoglobina.

Tem a função de transporte de

gases no sangue.

LE

UC

ÓC

ITO

S O

U G

BU

LO

S B

RA

NC

OS

Neutrófilos

São os leucócitos presentes em

maior número no sangue.

Apresentam granulações no

citoplasma, núcleo segmentado

(três partes), e coloração rosada

(salmão). Tem a função de

fagocitose (defesa).

Eosinófilos

Um pouco maiores que os

neutrófilos, apresentam função

semelhante, de fagocitose.

Apresentam núcleo

fragmentado em duas partes, e

granulações no citoplasma.

Basófilos

São leucócitos de menor

ocorrência, também com núcleo

segmentado, granulações

grandes e destacadas no

citoplasma e função de

fagocitose.

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Quadro 1, continuação.

Célula Características Imagem1

LE

UC

ÓC

ITO

S O

U G

BU

LO

S B

RA

NC

OS

Linfócitos

Os linfócitos e os monócitos são

considerados leucócitos

agranulares, devido à ausência

de grânulos no citoplasma, visto

em outras células. Possuem

grandes núcleos e podem ser de

vários tipos (T, B), atuando na

produção de anticorpos e na

memória imunológica.

(eqüinos)

Monócitos

Agranulado, possui núcleo em

forma de rim ou ferradura e

possui função de fagocitar

células mortas, vírus, bactérias,

etc.

PLAQUETAS

Células anucleadas (alguns

autores as consideram apenas

fragmentos de células),

arredondadas, com função de

coagulação sanguínea, quando

há rompimento de um vaso.

1: Obtidas do material didático da disciplina Hematologia (USP-SP), disponível no site:

http://www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/Exclusivo/Inserir/Anexos/LinkAne

xos/C%E9lulas%20sangu%EDneas.pdf e do Atlas Virtual de Hematologia Veterinária

(UFRGS-RS), disponível no site: http://www6.ufrgs.br/favet/lacvet/atlas_hemato.htm

O plasma sangüíneo – material intercelular líquido – é composto por água,

proteínas, sais (sódio, principalmente), gases dissolvidos (O2, CO2), excretas,

hormônios, etc.

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1.7 Exercícios

a). Conceitue tecido e cite quais são os principais critérios para a definição de um

tecido.

b). Faça um desenho de um epitélio estratificado pavimentoso, ilustrando as

principais estruturas que o compõe.

c). Cite cinco lugares no corpo dos animais que você espera encontrar cada um dos

tipos de tecidos (epitelial, conjuntivo, muscular, nervoso e sangue).

d). Conceitue glândulas.

e). Quais são as classificações do tecido conjuntivo?

f). O que diferencia a “gordura amarela” da “gordura marrom”, em termos celulares?

Onde é encontrado cada tipo de gordura?

g). Descreva detalhadamente a composição do tecido conjuntivo cartilaginoso.

h). Desenhe um condrócito e explique sua peculiaridade em relação à outros tipos

celulares.

i). Quando machucamos a pele (tecido epitelial), como o organismo substitui o

tecido danificado? Quais as conseqüências em termos de elasticidade da pele? E

se houver uma lesão no tecido pulmonar de um cavalo de corrida, qual será o

efeito em termos do desempenho atlético do animal?

j). Quando um animal está recebendo um aporte insuficiente de cálcio em sua dieta,

como o organismo mantém os níveis sangüíneos deste elemento? Quais as

conseqüências em termo de matriz óssea?

k). Faça um desenho esquemático de um neurônio, ilustrando o corpo celular, os

dendritos e os axônios.

l). O que diferencia os três diferentes tipos de tecidos musculares?

m). Pesquise os valores de referência para hemácias, leucócitos e plaquetas de

diferentes espécies animais. O que uma alteração no número de leucócitos pode

nos indicar?

DICA: Pesquise na internet imagens dos diferentes tipos de tecidos e procure identificar as características vistas em

sala de aula (formato das células, tipo de material intercelular, número de núcleos das células, etc.). Vários são os

atlas virtuais de histologia disponíveis na web, aí estão alguns deles:

www.urcamp.tche.br/histologia/atlas/index_histo.html - ATLAS HISTOLÓGICO VIRTUAL DA UNIVERSIDADE

DA REGIÃO DA CAMPANHA (RS).

http://acd.ufrj.br/labhac/fotos.htm - ATLAS HISTOLÓGICO VIRTUAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO.