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    FLUIDOS: ESTÁTICA E HIDRODINÂMICA

    A maioria das substâncias pode ser classificada em um dos três estados, ou  fases:  sólido,

    líquido ou gasoso. Quando submetidos a forças externas, os sólidos tendem a conservar seu volume

    e sua forma; os líquidos tendem a conservar seu volume, mas não a sua forma; e os gases não

    conservam nem volume nem forma.

    Os líquidos e os gases são classificados como  fluidos. Estas substâncias facilmente escoarão

    sob a ação de uma força cisalhante. As diferenças entre as propriedades de um fluido e de um sólido

    dependem das forças exercidas entre suas moléculas. Pode-se imaginar um sólido como um arranjo

    tridimensional de moléculas em que cada molécula é unida à sua vizinhança através de forças

    geradas por elementos análogos a um conjunto de molas, sendo capaz de gerar uma força reativaoposta a uma força aplicada em qualquer direção. Em um líquido, as forças intermoleculares são

    relativamente fracas, ao contrário do acontece nos sólidos, o que propicia, a estes, grande

    estabilidade. Nos gases, as forças intermoleculares são muito fracas, e o espaçamento médio entre

    as moléculas é maior do que nos líquidos e nos sólidos. Tanto os gases quanto os líquidos podem

    escoar quando a eles são aplicadas forças relativamente fracas.

    Geralmente, é mais conveniente analisar os fluidos utilizando as leis que dependem do

    comportamento estatístico das partículas ou que envolvem as propriedades médias ou específicas,como pressão, massa específica e temperatura.

    PRESSÃO

    A capacidade de escoar impossibilita um fluido de sustentar uma força paralela à sua

    superfície. Sob condições estáticas, a única componente paralela de força que necessariamente deve

    ser considerada é a que atua na direção normal ou perpendicular à superfície do fluido.

    A intensidade da força normal por unidade de área da superfície é chamada de  pressão. Apressão é uma grandeza escala. Logo, podemos defini-la como

     F  p

     A=   (1)

    A pressão possui as dimensões de força dividida por área (N/m2), essa unidade, segundo o

    SI, recebe o nome de Pascal (Pa).

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    DENSIDADE

    Quando dizemos que o ferro é “mais pesado” do que o alumínio, que queremos dizer

    realmente? Certamente não pretendemos que qualquer pedaço de ferro seja mais pesado do que

    qualquer pedaço de alumínio, e sim que dados dois volumes iguais de ferro e de alumínio, o ferro

    pese mais e, assim, tenha mais massa. Isto se traduz por massa por unidade de volume, ou

    densidade, de uma substância

    m

    V  ρ   =   (2)

    onde m  é a massa e V  o volume. A dimensão da densidade é massa dividida por volume, e suaunidade no SI é quilograma por metro cúbico (kg/m3). A Tabela 1 mostra algumas massas

    específicas.

    Material Densidade, kg/m Material Densidade, kg/m

    Alumínio 2,7 x 10 Gelo 0,92 x 10

    Cobre 8,9 x 103  Madeira 0,7 x 103 

    Ouro 19,3 x 10 Sangue 1,05 x 10Ferro ou aço 7,8 x 10 Mercúrio 13,6 x 10

    Chumbo 11,3 x 103  Água 1,00 x 103 

    Platina 21,4 x 10 Água do mar 1,03 x 10

    Osso 1,8 x 10 Ar 1,29

    Concreto 2,4 x 10 Hélio 0,179

    Vidro 2,6 x 10 Hidrogênio 0,090

    Tabela 1. Massa específica de alguns materiais

    VARIAÇÃO DA PRESSÃO COM A PROFUNDIDADE

    Embora a pressão em um fluido estático seja a mesma para uma determinada profundidade,

    a pressão varia efetivamente com a posição vertical, em razão do peso do fluido. Para deduzirmos a

    pressão em relação a densidade e profundidade, iremos considerar um fluido de densidade  ρ   em

    repouso num recipiente como o da Figura 1 abaixo. Consideraremos um cilindro imaginário nesse

    fluido. A força resultante dF  R que esse fluido exerce sobre o cilindro é

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    Fig. 1. Pequeno elemento de fluido num recipiente

    ( ) R

     pA p dp A dF + + =  

    Mas, como o cilindro está em repouso, essa força deve ser igual ao peso do cilindro. Deste modo,

    teremos: R

    dpA dF gdm− = =  

    Mas,

    dm dV Ady   ρ ρ = =  

    Ou seja,

    dp gdy   ρ = −  

    Logo, teremos

    2 2

    1 1

    2 1 2 1( )

     p y

     p y

    dp g dy p p g y y ρ ρ = − ⇒ − = − −∫ ∫   

    Considerando que a pressão aumenta com a profundidade, vamos definir a profundidade y2 como (-

    h), a pressão a essa profundidade é p e à superfície, po. Desse modo, teremos

    0 p p gh ρ = +   (3)

    O que nos mostra que a pressão varia linearmente com a profundidade.

    VARIAÇÃO DA PRESSÃO NA ATMOSFERA

    Para os gases,  ρ    é de valor comparativamente pequeno (em relação aos líquidos), e a

    diferença na pressão entre dois pontos vizinhos é geralmente desprezível. A pressão do ar varia

    substancialmente quando se consideram grandes alturas na atmosfera. Além disso, uma vez que os

    gases são compressíveis, a variação na pressão causa uma variação na massa específica  ρ   com a

    altitude y.

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    Pode-se obter uma aproximação razoável para a variação da pressão com a altitude na

    atmosfera terrestre, admitindo-se que a massa específica  ρ    seja proporcional á pressão. Esta

    consideração é muito próxima da realidade. Utilizando esta hipótese e admitindo-se que a variação

    de g  com a altitude seja desprezível, pode-se obter a pressão p a uma altitude y qualquer acima do

    nível do mar.

    Vimos que

    dp gdy   ρ = −  

    Uma vez que  ρ   é proporcional a p, infere-se que

    0 0

     p

     p

     ρ 

     ρ =  

    onde  ρ   o e po são os valores da massa específica e da pressão ao nível do mar. Assim,

    0

    0

     g dpdy

     p p

     ρ = −  

    Integrando ambos os membros

    1

    0

    0

    00

     p   h

     p

     g dpdy

     p p

     ρ = −∫ ∫   

    Que nos fornece

    0

    0 0

    ln  g  p

    h p p

     ρ = −  

    Ou,

    0

    o

    o

     g h

     p p p e

     ρ −

    =   (4)

    Pressão Atmosférica

    É a pressão exercida num corpo devido à atmosfera. O instrumento utilizado para medir a

    pressão atmosférica é o barômetro, inventado por Evangelista Torricelli (1608-1647). A Fig. 2

    mostra um barômetro de mercúrio, semelhante ao utilizado por Torricelli. A pressão atmosférica é:

             

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    Fig. 2. Barômetro de mercúrio

    Pressão manométrica

    É a diferença entre a pressão absoluta (total) e a atmosférica. Consideremos a Figura abaixo,onde a pressão absoluta é dada por:

    atm p p gh ρ = +   (5)

    Se p = 0, então h = 10 m para a água e 760 mm para o mercúrio.

    Fig. 3. Manômetro de tubo aberto

    O PRINCÍPIO DE PASCAL

     A pressão aplicada a um fluido estático incompressível fechado se transmite igualmente a

    todas as partes do fluido. Assim, concluímos que

    1 2

    1 2

     F F  A

    =   (6)

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    (a) (b)

    Fig. 3. (a) Aplicação do teorema de Pascal (b) Prensa hidráulica

    O PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES

    Um corpo total ou parcialmente imerso em um fluido sofre uma força igual em módulo ao

     peso do fluido deslocado e dirigida para cima segundo uma reta. Chamamos essa força de

     Empuxo, e é definida como

     E P=   (7)

    onde E  é o empuxo e P (=mg) é o peso do fluido deslocado. Assim, o empuxo é

        (8)

    onde  ρ  é a densidade do fluido, g  a aceleração da gravidade e V  o volume deslocado.

    FLUIDOS EM MOVIMENTO

    Fluidos podem se mover ou escoar de várias maneiras. A água pode fluir suave e

    vagarosamente em um córrego tranquilo ou violentamente numa queda-d’água. O ar pode formar

    uma brisa suave ou um tornado violento. Para lidar com tal diversidade, é útil identificar alguns dostipos básicos de escoamento de fluidos.

    O escoamento de um fluido pode ser permanente ou não-permanente. No escoamento

     permanente, o vetor velocidade das partículas de fluido em qualquer ponto é constante com o passar

    do tempo. Enquanto que no escoamento não-permanente, o vetor velocidade sempre varia em um

    ponto com o passar do tempo.

    O escoamento turbulento  é um tipo extremo de escoamento não permanente e ocorre

    quando existem obstáculos pontudos ou existem curvas na trajetória de um fluido se movendorapidamente.

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    O escoamento de um fluido pode ser compressível ou incompressível . A maioria dos

    fluidos é praticamente incompressível; ou seja, a massa específica de um líquido permanece quase

    constante quando a pressão varia. Em contraste, os gases são altamente compressíveis.

    O escoamento de um fluido pode ser viscoso ou não-viscoso. Um fluido viscoso, como o

    mel, não escoa prontamente e dizemos que ele possui uma grande viscosidade. Em contraste, a água

    é menos viscosa e escoa mais prontamente; a água possui uma viscosidade menor do que a do mel.

    Embora nenhum fluido real possua viscosidade nula a temperaturas usuais, alguns fluidos possuem

    viscosidade tão pequena que pode ser desprezada. Um fluido não-viscoso e incompressível é

    chamado fluido ideal .

    EQUAÇÃO DA CONTINUIDADEVocê já usou o seu polegar para controlar o fluxo de água saindo pela extremidade de uma

    mangueira? Em caso afirmativo, você percebeu que a velocidade da água aumenta quando o seu

    polegar reduz a área da seção transversal da abertura da mangueira. Este tipo de comportamento de

    um fluido é descrito pela equação da continuidade. Esta equação expressa a seguinte idéia: Se um

    fluido entrar por uma extremidade de um tubo numa certa taxa, então o fluido também deve sair a

    mesma taxa. A massa do fluido por unidade de tempo que escoa por um tubo é chamada  fluxo de

    massa.

    Fig. 4. Fluido escoando pelo tubo

    Observando a Figura 4 percebemos que o fluxo de massa na posição 1 é

    1

    1 1 1Fluxo de massa posição 1

    m Av

    t  ρ 

    ∆= =

    ∆ 

    2

    2 2 2Fluxo de massa posição 2

    m A v

    t  ρ 

    ∆= =

    ∆ 

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    O fluxo de massa possui o mesmo valor em todas as seções ao longo de um tubo que possui

    uma única seção de entrada e uma única seção de saída para o escoamento do fluido. Assim,

    teremos que

    1 1 1 2 2 2 A v A v ρ ρ =  

    A massa específica de um fluido incompressível não se altera durante o escoamento, logo

    1 2 ρ ρ = , e a equação da continuidade se reduz a

    1 1 2 2 A v A v=   (8)

    Onde A é a área de seção transversal do tudo (em m

    2

    ) e v a velocidade escalar do fluido (em m/s). Agrandeza Av representa o volume do fluido por segundo que passa pelo tubo, sendo conhecida como

    a vazão Q (em m3/s)

    Q Av=   (9)

    EQUAÇÃO DE BERNOULLI

    A Equação de Bernoulli descreve o comportamento de um fluido em movimento.

    Fig. 5. Fluido em movimento num tubo que possui diâmetro e altura variável

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    Para deduzir a equação de Bernoulli, consideremos a Figura 5. A porção do fluido de massa

    m que está entre 1 e 1´ sofrerá uma variação na energia potencial ao chegar em 2, dada por:

    2 1 2 1( ) ( )U mg y y g V y y ρ ∆ = − = ∆ −  

    Mas, a variação da energia cinética é dada por:

    2 2 2 2

    2 1 2 1

    1( ) ( )

    2 K m v v V v v ρ ∆ = − = ∆ −  

    A força para empurrar a massa m em A1 se contrapõe a  F 2 que realiza um trabalho negativo dado

    por:

    1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 F p A W p A x e F p A W p A x= ⇒ = ∆ = ⇒ = − ∆  

    Logo, o trabalho total será:

    1 2 1 2( )

    T W W W p p V  = + = − ∆  

    Assim, o teorema do trabalho-energia nos fornece:

    2 2

    1 2 2 1 2 1

    1( ) ( ) ( )

    2 p p V g V y y V v v ρ ρ − ∆ = ∆ − + ∆ −  

    Então, teremos:

    2 2

    1 1 1 2 2 2

    1 1

    2 2 p gy v p gy v ρ ρ ρ ρ + + = + +   (10)

    A equação 10 é denominada de Equação de Bernoulli .