apostila-paisagismo

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Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia Curso: ARQUITETURA e URBANISMO PAISAGISMO HISTÓRIA E TEORIA I APRESENTAÇÃO Esta apostila foi elaborada para ser utilizada como suporte no 1* bimestre da disciplina PAISAGISMO, do Curso de Arquitetura da UNIMAR. Não é o único referencial da disciplina, mas fonte de referência dos conteúdos abordados. Prof. Arq. Msc. Walnyce de Oliveira Scalise

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Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia

Curso: ARQUITETURA e URBANISMO

PAISAGISMO

HISTÓRIA E TEORIA I

APRESENTAÇÃO

Esta apostila foi elaborada para ser utilizada como suporte no 1* bimestre da disciplina PAISAGISMO, do Curso de Arquitetura da UNIMAR.

Não é o único referencial da disciplina, mas fonte de referência dos conteúdos abordados.

Prof. Arq. Msc. Walnyce de Oliveira Scalise

Marília- SP2010

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SUMÁRIO

1. Introduzindo Questões: Paisagismo/ Paisagem

2. Paisagismo- a evolução do conceito

3. Breve Histórico do Paisagismo

4. Paisagismo no Brasil4.1 – Desenvolvimento da Profissão no Brasil

5. Noções de Ecologia, Geografia e Botânica

6. As Espécies Vegetais e o Paisagismo

7. Materiais utilizados no Paisagismo

8. Estilos de Jardins

9. O Projeto Paisagístico9.1- Fases preliminares9.2- Anteprojeto9.3- Projeto Executivo9.4- Memoriais

Referências

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. Introduzindo questões

São emergentes as questões sobre Paisagismo e Paisagem no atual panorama

de grandes transformações ocorridas nos últimos séculos, no contexto de expansão

populacional, principalmente urbana com todo tipo de conflitos sociais, crises reais de

qualidade de vida e vários tipos de escassez. Neste universo, o Paisagismo aparece

como instrumento para ações que buscam criar respostas a uma série de problemas

percebidos nas diferentes formas de organização de espaço.

Paisagismo pode ser entendido “como um processo consciente de manejo e

projeto de lugares, considerados como segmentos específicos de uma paisagem total”,

MACEDO (1992). O campo de atuação do paisagista estende-se aos espaços livres de

urbanização e aos espaços livres de edificação, da escala do território e da região à da

cidade e do lote.

O trabalho com a paisagem tem por objetivo a criação de espaços voltados

para o futuro, os lugares ideais para uma sociedade de um espaço- tempo. De acordo

com MACEDO (1992), o paisagista nas propostas de intervenção deve respeitar os três

princípios básicos:

a) observação e procura da manutenção da dinâmica ecológica do lugar;

b) o atendimento prioritário às necessidades da população, tanto em termos

qualitativos quanto funcionais;

c) obedecer, criar e recriar padrões estéticos adequados à população local

(presente ou futura) e ao lugar.

“A forma pela qual a paisagem é projetada e construída reflete uma

elaboração filosófica e cultural, que resulta tanto da observação objetiva do

ambiente quanto da experiência individual ou coletiva com relação a ela.” LEITE

(1993)

A Paisagem representa o universo de trabalho do paisagista. Segundo MACEDO

(1992), para a visão sistêmica na compreensão da paisagem pode-se dividir em

elementos que se associam, se transformam para permitir a criação de métodos e

técnicas de avaliação. Os elementos são: o suporte físico, nele incluindo o solo, subsolo

e águas; a vegetação; as edificações e estruturas urbanas e por fim os seres vivos

podendo excluir também o ser humano.

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Esses elementos poderão ser vistos separadamente, mas posteriormente deve

se associar novamente, “não se privilegia no estabelecimento de planos e projetos somente

este ou aquele elemento, como águas ou solos adequados no estabelecimento de planos e

projetos paisagísticos, mas sim a dinâmica do lugar e suas possibilidades de interação espacial”

LYLE (1985).

2. PAISAGISMO – A evolução do conceito

Num primeiro momento, é importante uma reflexão à luz da história sobre

aspectos evolutivos do campo projetual e do Paisagismo, buscando identificar

arquétipos, conceitos e enfoques que auxiliaram na consolidação do Paisagismo como

disciplina e campo de atuação. Questionamentos e pesquisas, que tenham a história

como base de referência, são fundamentais no entendimento das questões

contemporâneas, principalmente se essa ciência for apreendida, não apenas como uma

sucessão cronológica e descritiva dos fatos e obras, mas se for vista como estrutura

que permita com a discussão do passado, a compreensão do presente e as

possibilidades de atuação com visão prospectiva, delineando possíveis tendências.

O campo projetual do Paisagismo em sua evolução, por tradição, acha-se

fortemente ligado à historia dos jardins. Atualmente, de maneira progressiva, vem

assumindo amplas frentes com abrangência e complexidade muito maiores, gerando

uma gama de possibilidades bastante grande tanto no campo profissional quanto no

meio acadêmico e na pesquisa. Os tempos de globalização e questões próprias ao

mercado de trabalho podem acabar definindo vários circuitos restritivos de atuação,

mas é importante esclarecer que o campo projetual e disciplinar do paisagismo

ampliou-se em decorrência da própria conceituação atual de Paisagismo.

Em seu livro, El Paisage del Hombre, Geoffrey JELLICOE ( 1995) afirma

“durante os séculos XVII e XVIII, as civilizações ocidentais, originalmente

sociedades limitadas, transformaram-se em liberais. Suas bases filosóficas e legais,

além do espírito científico, propiciaram - lhes liberdade de empreendimento e mobi

lidade social, bem como as possibilidades de prosperar e expandir em escalas mais

amplas do que as civilizações oriental e central com suas bases estáticas de religião

e ética. Daí por diante começou o intercâmbio universal de idéias que finalmente

elevariam as artes da paisagem de um nível local e doméstico de projeto ao

moderno conceito de planejamento abrangente”.

Aliado a isso, se avaliarmos esse quadro, tomando como referência a evolução

das conceituações de Paisagismo, citada por Catharina Cordeiro LIMA no Seminário

”Paisagismo no século XXI” (ABAP/SP - 1999), das atas oficiais da ASLA (American

Society of Landascape Architecture), a primeira entidade corporativa da categoria que

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se conhece, fundada no início do século nos Estados Unidos, será possível uma visão

ainda mais acurada da progressiva ampliação e complexidade do campo.

A primeira definição retirada das atas de 1902-1920, coloca: “A arquitetura

de paisagem é a arte de adequar a terra para uso e deleite humanos”, abordagem

que se estende à profissão e ao campo de pesquisa. Dando continuidade, Catarina

Cordeiro LIMA coloca em sua palestra “A dimensão ecológica da Paisagem” na

ABAP(1999), as definições de 1950, 72 e 75 da ASLA:

“Arquitetura da paisagem é a arte de organizar a terra e os objetos

dispostos sobre ela, para uso e deleite humanos”. (Constituição – 1950)

“Arquitetura da paisagem é a arte da aplicação de princípios científicos à

terra – seu planejamento, projeto e gerenciamento – para atender o público, a saúde

e o bem-estar social, possuindo ainda um compromisso com o conceito o manejo do

território”. (Albert Fein – ASLA 1972)

“Arquitetura da paisagem é a arte do projeto, planejamento ou manejo da

terra e da organização de elementos naturais ou construídos através da aplicação

de conhecimentos culturais e científicos, relacionados ao manejo e conservação dos

recursos, a fim de que o ambiente resultante sirva a propósitos de utilização e

fruição”. (Constituição – 1975)

Com os progressos sócio – culturais, inovações técnicas, a preocupação com as

questões ambientais, o paisagismo continuou ampliando gradativamente sua área de

ação. Em 1983, a definição da ASLA classificou a arquitetura da paisagem como

“a profissão que aplica princípios artísticos e científicos à pesquisa, ao

planejamento ao projeto e manejo de ambientes construídos e naturais. Os

profissionais atuantes utilizam habilidades criativas e técnicas, além de

conhecimento científico, cultural e político na organização planejada de elementos

naturais e construídos . Os ambientes resultantes devem atender a propósitos

estéticos, funcionais, de segurança e fruição”.

Seguem-se extensos parágrafos detalhados, no que diz respeito às

possibilidades de atuação profissional e de pesquisa. Ainda sobre arquitetura da

paisagem, segundo a ASLA – 1983,

“ pode incluir, para fins de desenvolvimento, valorização e preservação da

paisagem: pesquisa, seleção e alocação de recursos hídricos e do solo, para uso

apropriado; estudos de viabilidade; elaboração de critérios gráficos e escritos, a fim

de nortear o planejamento e projetos concernentes ao desenvolvimento territorial;

elaboração revisão e análise de planos diretores; produção de planos territoriais

abrangentes, projetos de movimento de terra, drenagem, irrigação, plantação e

detalhes construtivos; especificações; orçamentos e planilhas de custo para

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desenvolvimento do território; colaboração no projeto de estradas, pontes e

estruturas no tocante aos aspectos funcionais e estéticos das áreas envolvidas;

negociação e organização dos projetos para fins de execução; vistorias e inspeção

de execução, restauro e manutenção”.

Na sua evolução histórica, o Paisagismo, em dados momentos, esteve atrelado

a paradigmas muito claros, tendo em conta as diversidades do ambiente físico e da

cultura, mas a história não é linear e existem variações entre os modelos de uma

determinada época, como por exemplo, a concepção paisagística inglesa do século

XVIII e o que a França adotou, em seguida, como sendo o “Jardin Anglais” e mesmo

diferenças bastante marcantes entre os paisagistas ingleses e os adeptos dos impulsos

naturalísticos do mesmo período, que JELLICOE (1995) coloca como “alternâncias de

chegada ao projeto” , de percepções, alteração dos vetores de formas de utilização de

conceber a relação homem-natureza, da época, do local.

Diferentes culturas gerando diferentes projetos, mesmo dentro de um mesmo

paradigma. Percebe-se até mesmo no modernismo, com suas tendências

predominantes, assimilações de nuances com interpretações concomitantes. No

contemporâneo, a crise de paradigmas gera uma busca para atender as demandas,

desejos e necessidades crescentes da sociedade urbana, que motivou o aparecimento

de diferentes enfoques não excludentes, na apreensão, planejamento e projeto da

paisagem.

Deu margem a uma certa especialização, contrariando visões de síntese que

eram ensaiadas no final do século passado, principalmente pelo paisagista Olmsted, o

idealizador de um grande número de parques urbanos que procurou atribuir à profissão

uma dimensão mais totalizante, compatibilizando o entendimento dos processos

naturais na cidade e na região, com os processos sócio-culturais, sem deixar de

trabalhar com as possibilidades criativas na conformação das paisagens.

A atual diversidade de linhas projetuais, que vão desde abordagens ligadas à

compreensão dos processos ecológicos até o atendimento das questões sociais e

culturais; desde formas com aparências mais naturalísticas enfatizando a valorização

de dados de natureza até as que têm resolução mais processadas e outros significados

mais vinculados aos processos humanos, “palco de sociabilidades” SEGAWA (1996).

Os processos de projeto, por seu lado, vão desde a criação individual

tradicional a formas de engajamento com participação coletiva no processo de criação.

Nos Estados Unidos, essas tendências podem ser claramente identificadas.

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A primeira, com orientação ambientalista, baseada, principalmente, nos

teóricos Ian MCHARG, John Tillman LYLE, Anne SPIRN, que colocam o aprofundamento

da questão ecológica e o compromisso com uma estética ligada à agenda

ambientalista. Segundo eles, a paisagem deve ser vista não como produto, mas como

processo, em uma dinâmica de evolução no tempo e no espaço, com pesquisa de

tecnologias sustentáveis, projeto com práticas de regeneração e visão da cidade como

ecossistema.

A segunda, vê o Paisagismo como arte, ligada às possibilidades de trabalho

com a forma, a estética e a simbologia no projeto e concepção do espaço. Tem como

expoentes, os projetos de Peter WALKER e de Martha SCHWARTZ.

A terceira, parte da adequação do espaço construído ao usuário, sua

participação desde o momento da criação e busca as bases nos estudos que avaliam o

desempenho do espaço construído após a apropriação pelos usuários, orientação dos

trabalhos de Lawrence HALPRIN.

O caminho do Paisagismo no Brasil é completamente diverso, pois não conta

com uma qualificação profissional claramente institucionalizada. Somente em 1998

ocorreu o I Congresso Brasileiro de Paisagismo, de cujos trabalhos não foi possível,

ainda, nenhum resultado positivo no sentido da regulamentação da profissional,

significando um entrave aos aprofundamentos necessários, a uma função social

definida e no que diz respeito à formação profissional, apesar das diversas atitudes

sérias existentes no sentido da pesquisa e do projeto.

3. Breve Histórico do Paisagismo

Toma-se a História como base de referências, auxiliando no entendimento das

questões contemporâneas, principalmente se for apreendida não como uma sucessão

cronológica e narrativa de acontecimentos mas como estrutura que permite, ao discutir

o passado, a compreensão do presente, as possibilidades de atuação e as prováveis

futuras tendências .

A evolução do campo do projeto paisagístico esteve, durante muito tempo,

atrelada à história dos jardins. As cidades surgem desde 4.000 anos a.C. e, a partir de

então, os jardins passam a representar uma preocupação de caráter mais amplo que

apenas o ornamental. Desde o Neolítico existe o cuidado com a estilização,

representação e contemplação da vegetação através das cerâmicas e inscrições. Com

os sumérios, os babilônicos, nos jardins suspensos de Semíramis e nos jardins

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mesopotâmicos, através das formas artificiais criadas a partir de elementos naturais,

marca a adaptação da humanidade à natureza rude.

Há o antigo mito iraniano do jardim do unicórnio, guardião da árvore da vida, o

jardim greco-romano das Hespérides, com o dragão Landon. Sobre a origem dos

jardins, o Gênesis traz o Jardim do Éden e a partir daí, o homem busca o jardim perdido.

“O jardim nasceu com o homem. A primeira residência do primeiro

casal foi um jardim... A cidade é sempre o homem do primeiro jardim, mas

não há meio de achar um jardim em si mesma e vai tecendo o século com

outros...” Machado de Assis, 1895 apud SEGAWA (1996).

Na construção das primeiras cidades, a criação de ambientes especiais dotados

de significados simbólicos, a obra divina cede lugar à arquitetura dos seres humanos e

o espaço da natureza cedia lugar aos espaços culturais da civilização. No Extremo

Oriente, 2000 anos a.C., as composições dos jardins exercem funções culturais e

simbólicas paralelas à própria existência das cidades e das arquiteturas. Enquanto a

cidade realça a artificialidade, através de seu traçado geométrico, o jardim evolui

gradativamente na liberdade formal plena do jardim japonês.

Não é a síntese da cidade nem do campo, talvez fosse a expressão individual

do homem nessas sociedades rígidas e controladas, superando individualmente a

função do templo e suas grandes praças. O jardim é algo particular no interior das

habitações. Nas sociedades orientais, a tão conhecida relação Yin/Yang, criada na China

ocorre também, no diálogo entre áreas edificadas e não edificadas. O importante é o

equilíbrio entre os opostos.

A tentativa de organização do entorno é uma necessidade observada no

decorrer da História da Humanidade. Inicialmente a significação simbólica e religiosa

nas culturas egípcia e persa, além de um vínculo com as práticas agrícolas, uma

crescente evolução no sentido de estilização e formalização do entorno real, onde não

só as condições climáticas eram buscadas, mas também as atividades ligadas à fruição

estética e sensorial dos elementos estruturadores desse espaço.

O conhecimento de História é importante para entendermos o porquê do

surgimento de determinadas práticas do homem, por meio de sua contextualização,

entendemos seu significado.As primeiras intervenções humanas datam

aproximadamente de 30.000 a.C., na Era Paleolítica, quando o homem utilizava as

paredes das cavernas para realizar seus registros. Destes, o mais bem conservado que

se conhece está na caverna de Lascaux, no sul da França.

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Na Era Neolítica, o homem aprendeu, por meio da técnica, a “dominar” a

natureza; tornou possível a criação de animais e plantas e possibilitou a sua fixação.

Deixou de ser habitantes de árvores e cavernas para criar “as aldeias”. Nesse período e

até a nossa História recente, o homem não sentia necessidade de preservação da

natureza pois esta era ainda intocada. Nessa Era também apareceram as primeiras

manifestações religiosas, e é interessante lembrar que, em praticamente todas as

religiões, o Paraíso era representado por jardins que simbolizavam a vida e a morte.

Na Idade do Bronze o homem aprendeu a técnica da metalurgia e criou

ferramentas e armas. Para a confecção desses materiais foi em busca de jazidas de

minerais; houve o nascimento do comércio que culminou na expansão humana à

procura de novas terras. Em torno de 2.000 a.C. teve início a diminuição gradual das

matas, com o aparecimento de grandes “clareiras”.

Os jardins ou áreas onde se cultivam plantas apareceram efetivamente nas

antigas civilizações, como Egito, Mesopotâmia, Babilônia, Grécia, Pérsia, Índia, Japão e

China. Os jardins apareceram quando o homem já vivia em cidades. Ele os utilizava

tanto para a manutenção de seus víveres quanto para sua ostentação, sem deixarmos

de mencionar seu desejo de permanecer em contato com a natureza.

As características ambientais e regionais de cada um dos locais onde se

encontravam os jardins definiam pontos importantes de sua concepção, como podemos

ver em alguns destes exemplos:

O Egito encontra-se em uma área de solo fértil, em meio a uma região árida e

desértica. Assim, no início de sua história seus jardins desenvolveram plantas e frutos

para uso de seus proprietários. Tinham como característica a irrigação, feita por meio

de canais que definiam áreas geométricas retangulares. Nesses jardins praticava-se o

cultivo de uvas, romãs, tamareiras, plantas da flora nativa e outras importadas, como

maçãs, mirra e amendoeira. Nos espelhos d’água eram cultivados lótus e papiro, para o

fabrico de papel. Além dos jardins, os egípcios também interferiam na paisagem com a

construção de esfinges e pirâmides, que visavam à perpetuação e à glória dos faraós,

considerados representantes dos deuses na Terra.

Na Mesopotâmia, em especial a cidade de Babilônia, os jardins seguiam as

mesmas características dos encontrados no Egito. Foi na Babilônia que Nabucodonosor

presenteou a princesa dos Medas com os “jardins suspensos”, uma das “sete

maravilhas do mundo”, revelando também de forma bastante clara, a antiga intenção

de preservar a ligação do homem com a natureza.

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A topografia da Grécia sugere a implantação de cidades em regiões mais altas

por motivos estratégicos de defesa, elas eram muradas. Nos bosques sagrados

reverenciavam-se os deuses, sendo estes representados por estátuas. Em suas

investidas em busca de novos territórios, os gregos assimilaram em sua cultura o gosto

pela construção de jardins, e foi numa dessas investidas que importaram da Pérsia os

jardins paradisíacos. É da Grécia que se tem notícia do surgimento do vaso com flores

anuais utilizados para oferendas ao deus Adônis.

Os persas, famosos por seus jardins paradisíacos, construíram-nos para seu

lazer e os carregaram de simbologia. O cipreste, por exemplo, era o símbolo da

passagem da vida para a eternidade, e as árvores frutíferas representavam a vida e a

fertilidade. Devido à necessidade de irrigação, os jardins persas, de traçado

geométrico, eram alimentados por fontes, dando forma de cruz à irrigação. Foram os

primeiros a utilizar as plantas por seu valor estético, tirando partido de sua forma e

aroma. Podemos dizer que foram os persas os criadores dos jardins como os

conhecemos hoje. Em seus jardins, as árvores como os ciprestes, plátanos e romãs,

eram sempre renovadas para que permanecessem jovens. Eram muito cultivadas flores

como rosas, violetas e jasmins.

Os romanos, também na busca de novos territórios de dominação, importaram

principalmente da cultura grega a concepção de seus jardins. As casas romanas eram

orientadas para áreas que sugeriam amplitude como mar ou o campo. Em seus jardins,

eram colocados afrescos, fontes e topiárias (esculturas em plantas realizadas por meio

da poda). Esses jardins interavam-se à arquitetura da casa.

Os povos orientais, aqui representados pela Índia, China e Japão,

apresentavam em seus jardins sua filosofia de cunho religioso. O budismo, surgido na

Índia entre 620 a.C. e 540 a.C., foi transmitido por missionários à China e Japão. Com

ele, proliferou também a concepção do jardim budista, que representava a paisagem

em escala reduzida. Um exemplo dessa visão é a bonsai.

O jardim Chinês e Japonês- Da dinastia Han surgiu o jardim “lago-ilha”, que

será muito repetido, tanto na China como no Japão. Tratava-se de um mito muito

complicado. Algumas ilhas só eram atingíveis transportadas por um pássaro: a cegonha

gigante. Nesses jardins, esses animais são representados simbolicamente por rochas.

No final do século VI foi criado o Parque Ocidental, com um perímetro de 113

quilômetros e contendo 4 imensos lagos cobertos de Lótus e rodeados de Chorões.

No período Heian aparecem lindos parques em Kioto, a capital, e arredores,

verdadeiros lugares para a meditação. Em 1894, para comemorar os 1100 anos da

capital Kioto, um desses jardins Heian. Trata-se de um dos jardins mais alegres e de

melhor traçado do mundo, com hortos de Cerejeiras, maciços imensos de Azáleas e

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Lírios, rochas cobertas por flores e Pinus, traduz o característico amor dos japoneses

pela natureza.

A arte na jardinagem japonesa consiste em concentrar a atenção sobre o

essencial, seja das formas precisas ou a sutileza das matizes; todas as plantas são

extremamente valorizadas. São usadas comumente plantas perenes, criando um

quadro estável seja qual for a estação do ano.

Revisando: Na Grécia antiga, os jardins têm caráter mais voltado às

construções e percursos públicos não envolvidos com edificações. Em Roma,

representam o status social mais elevado, estão dentro dos palácios, nas termas,

envolvidos pelos peristilos. A água e a vegetação, controladas e implantadas de forma

planejada, representam a sabedoria humana e as possibilidades de domínio sobre a

natureza por uma sociedade cada vez mais antropocêntrica. Na Espanha, com a

invasão moura, o jardim aparece como uma identificação do paraíso. Cinco dos sete

paraísos descritos no Corão são jardins, conforme TOBEY (1988).

Na Idade Média européia, as pestes e as constantes invasões dos povos

bárbaros fizeram com que as cidades e castelos se fechassem e se fortificassem. Os

espaços livres tornaram-se funcionais para o cultivo de plantas medicinais e alimentos.

Nos monastérios e conventos ainda se mantinha a tradição do jardim; neles eram

plantadas flores para enfeitar os altares. O formato dos canteiros desses jardins deu

origem aos canteiros barrocos. Por serem cultivados por monges copistas, que

necessitavam ter mãos delicadas para a realização de seu trabalho, foram

desenvolvidas ferramentas de jardinagem.

Com o fim das invasões, com o controle das pestes e o início da expansão

comercial, a Europa começou a experimentar um período de paz. Era o início do

Renascimento, um período em que se destacaram os jardins da Itália e da

França. O século XV marcou na Europa o início do Renascimento, os descobrimentos, as

conquistas. Os jardins também renasceram. Surgiram os jardins botânicos e também o

comércio de plantas para coleção, resultado da expansão européia em novos

continentes. Na Itália iniciou-se a restauração dos mais belos parques e dos jardins das

“vilas romanas”, que serviram como modelo para a construção de novos jardins.

O Renascimento recupera e fortalece o humanismo e o barroco produz jardins

monumentais, geometrizados, totalmente controlados pelo homem, onde a vegetação

perde suas características, transformando-se em elemento construtivo de uma

arquitetura exterior de grande impacto visual. Alguns destes jardins estão fora da

cidade, nos palácios, fugindo do caráter urbano. São criados mundos que existem por

si, todas as relações são planejadas. O observador é um participante deste mundo por

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onde passeia, muitas vezes se transformando em um espectador. A partir da

Renascença, os jardins da coroa e da nobreza são abertos ao público, especialmente

em Londres e outras capitais da Europa.

Os jardins eram feitos para o homem e a dignificavam; seus modelos eram

trazidos da antiguidade clássica, representada por Roma e passaram a ocupar junto

com a música, a pintura e a arquitetura, um lugar de destaque nas artes. Desenhados

para abrigar também discussões intelectuais: sábios e artistas podiam trabalhar e

discutir no “frescor dos ares do campo”. As áreas ajardinadas ao lado dos castelos

possuíam desenhos simétricos de proporções matemáticas e perspectiva sem fim. A

casa e o jardim integravam-se em um único espaço.

A água era largamente empregada com a construção de repuxos, chafarizes e

cascatas. Também eram introduzidos nos jardins elementos construtivos como

escadas, terraços e esculturas. As plantas eram submetidas a um tratamento formal

com grande utilização de tapiárias e parterres (canteiros geométricos e bem marcados

pelo cultivo, em blocos, de plantas de uma única espécie). As espécies mais usadas

eram os ciprestes, os buxinhos, os louros e os azinheiros.

A França sofreu grande influência dos jardins romanos. Os jardins de Versailles

(1624-1688) foram construídos e idealizados por André Lê Notre, com traçado

simétrico, valorizando a perspectiva e a sensação de grandiosidade. O passeio central

comandou toda a composição de cada lado, canteiros dispostos simetricamente

separados dos bosquetes por cercas vivas podadas e estátuas de mármore branco.

Sobressaia a tudo isso os tapetes de relva, as inúmeras fontes e canteiros floridos. O

local tinha sido anteriormente um imenso brejo onde se praticava a caça.

O liberalismo democrático dos ingleses do século XVIII levou a que fossem

rejeitados os governos despóticos franceses e, com isso, os jardins renascentistas.

Nessa época, o movimento romântico na pintura exaltava as belezas da natureza e da

paisagem natural, devido à influência oriental trazida para a Europa pelas relações

comerciais da Inglaterra com o Oriente. Os jardins passaram a imitar paisagens

naturais e dar importância do elemento “surpresa”, ou seja, eram montados com

grandes gramados e a incorporação de lagos e rios. Entre os mestres dos jardins

ingleses estão William Kent, William Chambers.

Os holandeses também não fugiram, no início das influências francesas e

italianas. Porém, devido a sua topografia plana e pelo hábito de cultivo das plantas

bulbosas (em especial a Tulipa e ao seu gosto pelas cores, criaram jardins mais

compactos e graciosos. São divididos em múltiplos recintos, apresentam túneis

sombreados por trepadeiras. As partes centrais são formadas por intrincados grupos

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florais, fontes douradas, baixas, jorram sua água em pequenos tanques rodeados de

cercas vivas de bordadura baixa. Os ciprestes recebiam podas, formando círculos

sobrepostos portões de ferro fechavam os jardins).

Ao longo do ramo fluvial de Vetch, entre Utrech e Muden, uma série de

elegantes casas ajardinadas caracterizava essa época que vai do século XVII a XVIII.

Hoje tudo isso caiu da moda. Os jardins modernos holandeses vão do estilo

internacional até a uma agradável forma doméstica, com especial ênfase nas Tulipas,

Narcisos e Jacintos, distribuídos com capricho encantador.

O jardim se coloca como expressão de subjetividades, que, por vezes, superam

as da arquitetura do espaço edificado. Transforma-se em algo independente, com

simbologia própria. Surgem padrões estéticos, variações de composição como na

arquitetura das edificações, mas seus elementos são dinâmicos. Por mais que se tente

um domínio pleno, está se lidando com a terra, a água, a luz, o sol e o tempo, que o

torna muito diferente da obra edificada.

As transformações humanas sobre a natureza ganharam intensidade e

velocidade no século passado com a Revolução Industrial. A cidade ganhou um aspecto

cinzento, as condições sanitárias e qualidade de vida passaram por um nível de

deficiência assustador. Os jardins então, estavam dentro e fora da cidade, eram o

símbolo de uma vida saudável a que todos aspiravam, mas restrita apenas a alguns.

Desde esse momento, ou talvez desde antes, aspira-se ao jardim, primeiro nas

condições de vida na cidade, depois tentando transformar a própria cidade num

enorme jardim - com igualdades e justiças como pregaram os revolucionistas, os

utopistas e pré- urbanistas do século passado.

Com a Revolução Industrial, as áreas urbanas foram se adentrando. Houve o

aburguesamento da sociedade e o parcelamento da terra acentuou-se, provocando a

diminuição das áreas particulares livres. Parques e jardins públicos eram usados para

arejamento das áreas urbanas, eram os “pulmões” das cidades.

Os jardins particulares, então, passaram a ter dimensões reduzidas,

culminando nos jardins modernos, surgidos nos anos 40, que incorporaram em suas

áreas, além da vegetação, elementos construtivos e equipamentos de lazer como

piscinas, churrasqueiras, pequenas quadras, pergolados, gazebos, varandas, etc.

Nesses jardins, as formas artísticas de produção do espaço são tão valorizadas quanto

a tecnologia dos materiais utilizados para sua construção, o desenho do jardim deve ser

resultado também de conceitos básicos de concepção arquitetônica.

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No século XX, o Movimento Moderno aprofunda estas questões idealizando a

cidade como um enorme território de sucessivos jardins, coletivizados e usufruídos por

todos. A arquitetura dos edifícios também é traçada e codificada, tendo em vista a

liberação de espaços verdes, o “recrear o corpo e o espírito”, buscando a luz solar e o

ar, isolando as edificações. A redescoberta do papel qualificador que o jardim pode

absorver sobretudo em contextos urbanos degradados, evidencia-se na carga

representativa do desenho.

Artistas e técnicos, preocupados desde o século XIX com essas questões,

contribuem para que muitos paisagistas passem do exercício da jardinagem para o

projeto ambiental. Esta trajetória parece ter se originado no “English Landscape

Tradition”, movimento do século XVIII, na Inglaterra, com poetas e escritores,

concebendo uma harmonia entre o homem e a natureza, entendida como jardim,

símbolo do paraíso perdido por Adão e Eva.

Os EUA, no século seguinte, contribuem para o desenvolvimento de uma nova

visão: em 1858, Frederick Law Olmsted cria a denominação “arquiteto paisagista“.

Nessa época, Olmsted destaca-se por inúmeros projetos urbanísticos, inclusive o

Central Park de Nova Iorque. Dois de seus discípulos, Horace Cleveland e Charles Eliot,

criam, em 1901, na Universidade de Harvard, o primeiro programa de arquitetura

paisagística. E, em 1907, surge a profissão de urbanista, derivada desse curso.

Em decorrência da consolidação da atividade projetual, diante das

reivindicações da sociedade pela criação de parques voltados às atividades de

recreação e lazer e espaços livres urbanos vegetados, os Landscape architects se

preocupavam com o desenho dos parques, conceituação e inserção no planejamento

urbano.

A fase atual do Paisagismo tem dois fatores de influência: o primeiro, pela

atividade de grandes profissionais da área no contexto do pós guerra até agora e que

ditaram as bases técnicas e formais aos designers da paisagem contemporânea.

Tiveram destaque: Roberto Burle Marx, Luis Barragán, Thomas Church, Silvia Crowe,

Cramer, Eckbo, Lynch, Appleyard, Halprin e McHarg entre outros; o segundo, pelo

estudo da história do Paisagismo, a partir dos anos 70, nos Estados Unidos, com George

B. TOBEY(1988) e Geoffrey e Susan JELLICOE(1995), que contribuíram para dar

credibilidade ao exercício do Paisagismo.

Segundo FRAMPTON (1987), o desenho paisagístico moderno surgiu em 1938,

quando Tunnard veio aos Estados Unidos para dar aulas na Universidade de Harvard,

na mesma disciplina iniciada em 1901, na sequência, surgem, Eckbo com sua visão

14

Page 15: apostila-paisagismo

mais ecológica, e Church, com posição mais parecida à de Tunnard, ambos começando

das 1as marcas do homem na paisagem pré-histórica.

A primeira metade do século XX mostrou um Paisagismo com pouca

expressividade, principalmente pelo ensino e prevalência dos modelos do século XVIII e

XIX, que apresentavam pouco interesse às mudanças que o Movimento moderno

impunha às paisagens.

Dos anos 50 aos 70, destacaram-se os melhores trabalhos dos grandes

mestres da arquitetura paisagística. Dentre eles, Roberto Burle Marx, que, embora

sendo modernista não se submeteu aos cânones do movimento. Teve seu processo

criativo ligado às artes plásticas e ao entendimento da botânica, utilizados para a

compreensão da natureza, principalmente a tropical do Brasil com suas cinqüenta mil

espécies diferentes de plantas. “A natureza é um ciclo da vida que deve ser

compreendida para poder se tomar liberdades com ela conscientemente. Os meios de

que dispomos como as grandes máquinas, o fogo podem ser usados tanto para o bem

quanto para o mal, porém no Brasil são usados para criar miséria” MARX apud

LEENHARDT (1994). São conhecidas suas pesquisas e excursões para reconhecimento

da flora brasileira e a ele é atribuída a distinção mais clara entre as etapas conceitual e

prática que compõe a realização de um projeto de paisagismo. O paisagismo de Burle

Marx cria padrões de desenho que incorporam as formações naturais sem, no entanto,

copiá-las, como aconteceu nos jardins ingleses e, revoluciona a forma de projetar os

espaços livres públicos, com concepção plástica própria, formas orgânicas e trabalho

com a água.

Fazenda Marambaia – Burle Marx

Luis Barragán, arquiteto e paisagista do período, criou interessante diálogo

entre as formas arquitetônicas e as formas complexas da vegetação e da paisagem. As

15

Page 16: apostila-paisagismo

paisagens de Thomas Church, nos Estados Unidos, exibiam assimetria e estilo

geométrico.

Nos anos 60, designers e técnicos, principalmente os americanos: Appleyard,

Halprin e Eckbo começaram a pesquisar a paisagem, sobre a experiência de receber

influência dos aspectos perceptivos e emocionais, e do fator tempo, no local e no

entorno. ECKBO(1969) sintetizou “nosso sentido de estética provém da natureza, da

incidência desta sobre nossas reações, não no plano pictórico, mas no plano biológico”.

4. Paisagismo no Brasil

No Brasil, com a transferência da família real para o Rio de Janeiro, no séc. XIX,

desencadeia um processo de formação de passeios públicos, praças e parques,

concomitantes à formação de jardins botânicos com viveiros para pesquisa e

reprodução de mudas de espécies de valor econômico e ornamental significativos.

Anteriormente, temos, em 1783, a construção do Passeio Público do Rio de Janeiro,

projetado por Mestre Valentim, com base no Jardim Botânico de Lisboa e considerado

não só a primeira grande obra de urbanização da cidade, conforme mencionado por

OTTONI(1972), como também o primeiro parque público do Rio de Janeiro.

Este mesmo passeio é remodelado por Glaziou, a pedido de D. Pedro II, e, com

desenho mais curvilíneo, abandona seu traçado rigorosamente geométrico e retilíneo.

Glaziou projeta ainda o parque da mansão imperial (a Quinta da Boa Vista), além da

quase totalidade dos logradouros públicos e da arborização das avenidas do Rio.

Em São Paulo, a característica de “arraial sertanista” perdura até o início do

séc. XIX, sendo suas praças públicas modestas e mal cuidadas, destacando-se somente

a Praça do Colégio, a Sé e a Praça da Câmara. Quanto ao jardim residencial, pequenos

quintais para o cultivo de espécies frutíferas e criação de aves e animais domésticos,

no final do século XIX, são objetos de grande atenção, com o surgimento dos palacetes

e a adoção de recuos e jardins laterais.

É válido ressaltar a importância desses jardins privados, em função de seu

porte e qualidade, alterando a percepção da paisagem de certos setores da cidade de

São Paulo, no que se refere à organização do espaço livre de edificação, evidenciando

ainda mais a ausência do tratamento do espaço público.

O Paisagismo brasileiro define-se no séc. XIX, a partir de uma rede consolidada

de cidades grandes e médias que, situadas principalmente no litoral e sob forte

influência urbanística européia (francesa e inglesa) apresentem condições para a

16

Page 17: apostila-paisagismo

criação de obras significativas, tanto em espaços públicos- parques, praças e

boulevards, como espaços privados- jardins de palacetes e chácaras.

No séc. XX, o Paisagismo no Brasil alcança uma identidade projetual própria,

principalmente após os anos 40, com Burle Marx, que muito influi na definição dos

paradigmas do Paisagismo moderno brasileiro, com sua formação de artista plástico,

aliada ao profundo conhecimento da botânica e da flora tropical. Como ele, três

pioneiros do Paisagismo moderno em São Paulo: Mina Warchavichick, com seus jardins

de cactos e plantas tropicais; Waldemar Cordeiro, outro artista plástico, deixando

bastante conhecidas suas aproximações entre arte e projeto. Outro nome bastante

importante foi Roberto Coelho Cardozo, que trabalhou com Garret ECKBO e introduziu

na FAUUSP, a disciplina de influência do referencial americano, criando uma “escola

paulista de paisagismo” que formou arquitetos paisagistas que lideraram, a partir dos

anos 60, um campo de investigação profissional, destacando-se Miranda Magnoli, Rosa

Kliass e numa segunda geração: Silvio Macedo, Paulo Pellegrino, Benedito Abbud e

outros

Ainda na FAUUSP, foram realizados extensivos levantamentos e análise do

Paisagismo brasileiro, e mais recentemente o Projeto Quapá- Quadro do Paisagismo no

Brasil, coordenado por Silvio Macedo, divulgado em 1998, classificou-o em três

grandes períodos:

1 – Ecletismo - Definido pelo surgimento dos primeiros parques públicos, das

praças ajardinadas, dos jardins das mansões dos barões do café (Rio e SP). Inicia-se

com a construção do Passeio Público do Rio de Janeiro (1779) e perde sua hegemonia

no final da primeira metade do séc. XX, com os grandes projetos públicos em SP, Rio e

Brasília. Nesse período, as influências francesas e inglesas sobre os projetos, ocorrem

na totalidade. Tem por principais caracteríticas: a visão romântica; evidencia o

bucólico, com lagos, fontes, gramados, poda temporária, esculturas, coretos, pontes,

aves e animais silvestres soltos, circulação sinuosa ou em eixos define a estrutura. Do

logradouro: o passeio, o desfile, com a vegetação criando fundos e bordaduras.

2 – Moderno - Tem como marco inicial as obras de Burle Marx, em Recife, e

jardins do MEC, no Rio. Até hoje, a maioria dos projetos segue seus paradigmas que

tem, entre outros, como padrão: o uso da vegetação nativa e o total rompimento com

as escolas clássicas. Apresenta nítida influência americana e do Movimento moderno.

Das principais características, destacam-se: a vegetação criando ambientes; novos

usos e programas; lazer ativo, equipamentos esportivos; a utilização de grades; uso

intenso da vegetação nativa e a incorporação e transformação dos antigos elementos

formais: lagos, fontes, pontes e esculturas

17

Page 18: apostila-paisagismo

3 – Contemporâneo - Reflete a inquietação dos anos 80 e 90 e não está

consolidado. Recebe forte influência dos paisagistas japoneses, americanos e

franceses, em especial na seleção de estruturas construídas e vegetação. Sofre

influência americana pós- moderna. As características principais podem ser traduzidas

pelas novas buscas formais, influência formal do pós-moderno, revisão do moderno,

visão ecológica, colunas, pórticos e cores. Representa uma definição em andamento.

Quanto à cronologia, foi assim classificado:

Século XVII a XVIII- Ecletismo

Hortos, largos, terreiros, quintais - Passeio Público/Rio

Século XVIII a XX - Ecletismo

Jardim Botânico - Parques Públicos

Ajardinamento de largos e terreiros

Surgimento da praça - jardim

Surgimento dos jardins formais nas fazendas

O palacete e a casa isolada no lote

Arborização de rua - o boulevard

Mirante, o passeio - a avenida beira- mar

Surgimento dos bairros: Higienópolis, Campos Elíseos - SP

Parque do Derby - Recife

Praças em Belém do Pará e em Belo Horizonte

1900 a 1940 - Ecletismo

Parques Públicos/ Parques temáticos e comemorativos

Sistemas de espaço público

Feiras e exposições

Parques Urbanos

Estações de águas

Jardim Zoológico

Jardins de Estilo - moldura do estilo neocolonial ao neoclássico

Parque Farroupilha - Porto Alegre

Consolidação do Bairro Jardim ( Cia. City - SP)

Jardim América / Jardim Europa

Consolidação da casa isolada no lote

Jardins privados

Novas áreas centrais

Copacabana e Avenida Central no Rio

Parques de Bouvard e Avenida Paulista em SP

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Page 19: apostila-paisagismo

1940 a 1980 - Moderno

Play Grounds

Parques- estações de águas

Jardins contínuos nas calçadas (Jardins - Curitiba)

Abandono gradual dos estilos

O edifício de apartamentos, isolado no lote

Espaços livres do lote como extensões do lote - superquadra

Calçadões em áreas centrais e nas praias

Jardins do Mec no Rio -Burle Marx, Roberto Coelho Cardoso, Waldemar

Cordeiro

Aterro do Flamengo

Brasília

Remodelação - Praça da Sé, Praça Roosevelt

1980 em diante - Contemporâneo

Shopping Centers

Parques Ecológicos, Parques Lineares

Cercamento de grades

Bairros- jardim contemporâneos, em condomínios

Condomínios verticais - Tijuca

Prédios de Apartamento: área equipamentos multiplos

Projeto ecológico Tietê

Parques Aquáticos

Projeto Anhangabaú

Projeto Rio - Cidade

Atualmente, existe um rico conjunto de idéias e tendências no Paisagismo

nacional. Observam-se, ainda, influências da Escola americana de Eckbo, Halprin,

Lawrence e Lyle, e dos novos paisagistas Walker, Schwartz, além das novas tendências

européias do eixo Paris – Barcelona e dos japoneses Sassaka e Yoshimura. É possível

identificar algumas abordagens projetuais: umas comprometidas com a inserção de

variáveis ambientais, como os parques de Fernando Chacel no Rio de Janeiro; outras

comprometidas com a ecologia, como o projeto de Henrique Zanetta e Raul Pereira, em

Santo André; com o planejamento de novos usos: Praça do Relógio- USP, de Silvio

Soares Macedo e Paulo Pellegrino e a Universidade Livre do Meio Ambiente, de

Domingos Bongestabs; com a necessidade de preservação e de apropriação pela

população: Parque Alfredo Volpi, de Rosa Kliass e a que resgata a dimensão do lúdico:

a Orquestra Mágica e os Bichos da Mata, entre outros.

19

Page 20: apostila-paisagismo

Praça do Relógio, USP – Silvio Macedo e Paulo Pellegrino.

4.1- O Desenvolvimento da Profissão no Brasil

As principais referências para o desenvolvimento da profissão de Arquiteto

Paisagista no Brasil ligam-se ‘as figuras dos arquitetos paisagistas Roberto Burle Marx,

Roberto Coelho Cardozo, além de Waldemar Cordeiro e Mina Warchavchik,

considerados os pioneiros do Paisagismo Moderno, principalmente pelo emprego de

plantas tropicais.

No Rio de Janeiro, Roberto Burle Marx desde a década de 30 foi precursor da

utilização da linguagem paisagística moderna associando ao conceito do jardim como

obra de arte a dimensão ambiental e ecológica.

Em São Paulo, primeiramente os jardins de Mina Warchavchik, utilizavam a

flora tropical de palmeiras e cactus, cuidadosamente ordenados para realçar a

arquitetura de Gregori Warchavchik, partindo de um planejamento de massas de

espécies definidas, dispostas segundo padrões com forte influência geométrica. Na

década de 50, surgem as obras de Waldemar Cordeiro, artista concreto, baseadas em

oposições entre retas e círculos e as resultantes deste encontro, valendo-se da figura-

fundo, do traçado geométrico e de novos materiais.

Na área acadêmica, Roberto Coelho Cardozo, trazendo a influência de Eckbo

e do paisagismo americano, inicia o ensino da Arquitetura Paisagística na FAUUSP e

forma uma primeira geração de arquitetos paisagistas, com destaque para Miranda

Magnoli e Rosa Kliass.

20

Page 21: apostila-paisagismo

Em 1976 foi fundada a ABAP- Associação Brasilleira de Arquitetos Paisagistas,

membro da IFLA- Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas, que congrega até

hoje profissionais que exercem suas funções em escritórios especializados, órgãos

públicos e instituições de ensino e pesquisa.

Atualmente a efetivação da profissão deve-se: às crescentes demandas

devidas ao desenvolvimento urbano; à conscientização geral da problemática

ambiental; aos trabalhos desenvolvidos, como os de Fernando Chacel e as pesquisas

realizados na área, pelo GDPA, como o Projeto Quapá. Estas condições permitiram a

constituição de um quadro nacional de profissionais com considerável experiência no

trato das questões das diversas paisagens regionais brasileiras.

Desde 1994, a disciplina de Paisagismo tornou-se obrigatória em todos os

cursos de Arquitetura no Brasil. Algumas faculdades oferecem disciplinas obrigatórias,

optativas, cursos de extensão, aperfeiçoamento, extensão, especialização bem como

mestrado e doutorado. Devido ‘a falta de cursos específicos de formação reconhecidos

pelo MEC, além de esforços e discussões nos Congressos Brasileiros desde 1998, a

profissão não é regularmente reconhecida no Brasil.

21

Page 22: apostila-paisagismo

5- Noções de Ecologia, Geografia e Botânica

Concepção botânica do jardim

Para implantar um projeto de jardim, é imprescindível que o paisagista de

jardins saia do campo místico da adivinhação em relação às combinações de plantas

que utilizará nas áreas destinadas à vegetação, e conheça intimamente as plantas de

seu repertório. É de suma importância o conhecimento das necessidades e exigências

de cada espécie, no que se refere ao cultivo, localização e ambientação adequada,

tratamento e cuidados específicos. Cada espécie apresenta características próprias

quanto à luminosidade, temperatura, umidade e solo. Para tal empreitada, faz-se

necessária a utilização de conhecimentos de Botânica, Ecologia, Fitogeografia e

Agronomia.

A Botânica dará suporte à compreensão da fisiologia da planta, ou seja

demonstrará como elas “funcionam”. Sendo a planta um ser vivo como nós, também

possui um metabolismo que avisa quando está com fome, sede, falta de ar, frio, calor e

tantas outras necessidades. Também nos fornecerá os conhecimentos necessários para

identificarmos e classificarmos as plantas (taxonomia).

O estudo da Ecologia nos dará as informações necessárias para a compreensão

dos mecanismos de adaptação da planta e sua relações de convívio com outras no

novo ambiente – o jardim. Ex.: a utilização, nos centros urbanos, de espécies que

atraem pássaros favorece o equilíbrio do ecossistema, pois estes fazem com que

diminua a superpopulação de alguns insetos nessas áreas.

A Fitogeografia nos trará informações necessárias para a compreensão do

habitat das plantas, fornecendo-nos os subsídios necessários para a correta utilização

das espécies escolhidas. Também nos ajudará a partilhar, em nossos jardins, da nova

concepção de paisagismo, que leva em consideração a preservação e a utilização

controlada das espécies vegetais.

Em todo o mundo encontramos vários ambientes a caminho ou em estado de

degradação, onde espécies vegetais e animais estão sendo extintos pela ação humana.

O conhecimento das plantas em seu habitat natural pode possibilitar sua reprodução

em viveiros e posteriormente sua utilização em jardins, evitando com isso sua extinção.

22

Page 23: apostila-paisagismo

A Agronomia nos dará suporte necessário ao manejo do solo e das plantas e ao

“controle” do jardim, seja para a manutenção da saúde nutricional das plantas ou para

o controle de pragas.

As plantas são compostas por raízes, caule, folhas, flores, frutos e sementes.

Estas partes nem sempre se apresentam na forma com que estamos habituados a

visualiza-las, ou seja, encontramos raízes aéreas, folhas em forma de espinhos, etc.

Isso se deve ao resultado da evolução por que passaram as espécies e da adaptação

em função da necessidade de subsistência em seu habitat.

Na jardinagem, utilizamos uma gama muito variada de plantas, que oscilam

entre as mais primitivas e simples em sua estrutura, como é o caso das Selaginelas

pertencentes às Bryophitas (Pteridophytas), até aquelas situadas no topo da evolução

das espécies, como é o caso das orquídeas pertencentes às Gymnospermas.

Cada uma das partes da planta tem uma ou mais funções, bastante

específicas:

Raiz – Possui duas funções:

fixar a planta ao substratp;

captar água e sais minerais para a folhas.

Como o restante da planta, a raiz também respira, por isso a terra ao seu redor

deve ser arejada para permitir a circulação do ar. Divide-se em coifa, zona lisa, zona

pilosa, zona suberosa e raiz secundária.

As raízes podem ser subdividias em:

subterrâneas axiais, fasciculadas e tuberosas;

aéreas adventícias, suportes, estrangulantes,

respiratórias, tabulares, grampiformes;

aquáticas.

Das subterrâneas, nos interessam mais as axiais ou pivotantes, em que a raiz

principal desce perpendicularmente ao solo em busca de uma fonte de suprimento de

água, e as fasciculadas, que, ao contrário, dispõem-se em feixes superficiais ao solo.

Isso porque esses dois tipos têm relação direta com o trabalho do paisagista de jardins.

As raízes pivotantes são típicas de plantas dicotiledôneas e coníferas,

apresentam uma raiz principal e várias secundárias, que saem lateralmente. Algumas

árvores apresentam as raízes superficiais mais desenvolvidas do que a pivotante,

podendo algumas vezes até levantar pisos ou quebrar calçadas; são as árvores nativas

de solos rasos, como o solo amazônico.

23

Page 24: apostila-paisagismo

As fasciculadas possuem dezenas de raízes com diâmetros semelhantes, que

partem da base da planta. São típicas de palmeiras, gramíneas e outras

monocotiledôneas. As espécies com esse tipo de raiz são indicadas para “segurar”

terrenos inclinados, ou em processo de erosão, como alguns paus de bambu, com

enraizamento bastante agressivo.

As plantas superiores pertencem à Divisão das Angiospermae que se separam

em duas classes com características bem distintas as monocotiledôneas (como o

arroz, o capim) e as dicotiledôneas (como o feijão e o Pau-ferra). Isto diferencia o

número de folhas cotiledonares na plântula.

Caule - tem várias funções:

Dar sustentação e a disposição necessária para a copa e as folhas poderem

captar a luz, dar resistência aos ventos, servir de estrutura de armazenamento de

reservas. Na maioria das vezes é aéreo, podendo porém ser subterrâneo, como no caso

dos bulbos. Por ele passam os sistemas de abastecimento entre as folhas e as raízes.

As seivas circulam entre as folhas e as raízes nos dois sentidos. Da raiz em

direção às folhas, sobre a “seiva bruta”, composta de água e sais minerais. A circulação

é feita através dos chamados “vasos lenhosos” ou lenho. No sentido contrário, isto é,

das folhas para a raiz, desce a “seiva elaborada”, composta principalmente de água,

açúcares produzidos na fotossíntese, amidos e demais compostos sintetizados nas

folhas. O transporte, nesse caso, é feito pelos “vasos liberianos” ou líber. Estes vasos

distribuem por toda a planta os alimentos produzidos nas folhas.

Os nutrientes de que as plantas precisam para suas atividades vitais são 17

elementos químicos que se subdividem em macro e micronutrientes.

Elementos estruturais:

C (carbono)

O (oxigênio)

H (hidrogênio)

Macronutrientes – necessários em maior quantidade:

N (nitrogênio) – componente básico das proteínas

P (fósforo) – transmissor de energia essencial no DNA e RNA

K (potássio) – controla a água nos tecidos e a respiração

Ca (cálcio) – controla o fluxo de água na célula

Mg (magnésio) – componente essencial na clorofila e enzimas

S (enxofre) – componente de proteínas

Micronutrientes – necessários em quantidades mínimas:

B (boro) – conduz os carboidratos até as raízes

Cu (cobre) – age no processo de respiração

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Page 25: apostila-paisagismo

Fé (ferro) essencial na fotossíntese

Mn (manganês) – síntese de proteínas

Zn (zinco) – síntese do amido

Si (silício) – componente básico da celulose

Cl (cloro) – participa da fotossíntese

Mo (molibdênio) – controla a absorção de nitrogênio

No caso das plantas pertencentes à classe das dicotiledôneas, cujos caules

apresentam crescimento secundário em espessura, podemos dizer que os vasos –

lenhosos e liberianos – constituem a parte ativa do caule, por onde circulam as seivas,

garantindo o suprimento de água a grandes alturas, e o restante do caule ficando com

funções estruturais. O lenho e o líber ficam dispostos em um círculo, pois ambos se

renovam a cada ano, formando anéis concêntricos. É isso, aliás, que permite estimar a

idade de uma planta pelo caule. Se a região onde a planta vive se caracteriza por

verões e invernos bem definidos, bata contar o número de anéis pelo caule.

A cada renovação dos vasos, porém, a planta desativa os antigos, que deixam

de ter função de transportar as seivas. Bloqueados muitas vezes por uma substância

que tem o nome de lignina, os vasos endurecem, aumentando a resistência do caule.

No caso das plantas pertencentes à classe das monocotiledôneas, os caules

geralmente não apresentam crescimento secundário, e os vasos líbero-lenhosos

apresentam-se em feixes dispersos no caule.

Os caules podem ser identificados como: troncos nas árvores, estipe nas

palmeiras, haste nas herbáceas, calmo nas gramíneas, estolho nas plantas reptantes,

suculentos nas cactáceas, subterrâneos nos bulbos e rizomas, pseudobulbos nas

orquidáceas, etc.

Folhas – São a principal estrutura de produção de alimentos para a manutenção da

planta, pois apresentam a maior quantidade de cloroplastos, responsáveis pela

fotossíntese que produz glicose. São responsáveis ainda pela evapotranspiração, que é

o controle da perda de água que circula na planta.

Flores – São o órgão reprodutor da planta. A reprodução em termos evolucionistas é a

razão das espécies, e merecem muita atenção também por um outro aspecto: as flores

têm importância fundamental na classificação da planta, e é através delas que se

define o grau de “parentesco” entre as espécies.

É na flor que percebemos o estágio evolutivo que determinada espécie atingiu.

Por exemplo, o pinheiro, que produz uma grande quantidade de “pólen” para ser

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Page 26: apostila-paisagismo

levado pelo vento até as pinhas femininas, é bem mais primitivo que uma orquídea,

que produz pouco pólen, que será levado por uma vespa até uma outra orquídea e

dezenas de metros de distância, garantindo ainda a polinização cruzada, muito

importante e desejável para a evolução das espécies.

São o meio de propagação sexuada das espécies vegetais. A disseminação das

sementes pode ocorrer através:

do vento, desde sementes aladas até esporos;

do ciclo de amadurecimento do fruto que, ao cair deixa que a

semente se desenvolva naturalmente no solo;

de animais que, ao se alimentarem dos frutos, transportam

involuntariamente as sementes;

da aderência aos passantes, como é o caso, por exemplo, do

picão.

Como todo embrião, a semente é formada pelo encontro de duas cargas

genéticas: a masculina e a feminina. Isso acontece por meio da polinização. A carga

masculina, or grão de pólen, que se encontra nas antenas da flor, é transportado ao

órgão sexual feminino (pistilo), de onde partirá a fecundação.

Para produzir descendentes mais sadios, é importante que a carga genética

masculina da semente seja diferente da feminina, isto é, o pólen de uma planta deve

fecundar o óvulo de outra planta (“polinização cruzada”), para que se garanta à

semente, e por conseqüência à planta-filha, um maior vigor genético. Esta variação

gênica poderá favorecer sua adaptação a novos ambientes.

Nomenclatura e taxonomia das plantas utilizadas na

concepção do jardim

É fundamental para o paisagista de jardim conhecer e identificar precisamente

as plantas que especifica em seu projeto para que, quando de sua execução, a espécie

plantada seja exatamente a mesma que a especificada. Para tanto, utiliza-se a

identificação através do nome científico, de linguagem universal, derivado da

taxonomia.

O fato de as plantas serem a base de nossa alimentação, farmacopéia,

vestuário, moradia, etc. já obrigou o homem primitivo a nomeá-la. Para facilitar a

comunicação, os gregos utilizaram o primeiro sistema binário de nomenclatura de

plantas, que dava e elas nome e sobrenome. O ponto de partida do sistema hoje

utilizado por nós deve-se ao naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-1778), que publicou,

26

Page 27: apostila-paisagismo

em 1753, dois volumes da obra Species Plantarum. Esse trabalho enciclopédico reunia

5.900 espécies de 1.908 gêneros descritos em latim, agrupados conforme o número de

suas partes florais.

A taxonomia classifica a planta segundo o Código Internacional de

Nomenclatura Botânica, no qual estão expressas as regras a serem seguidas na escolha

e seleção do nome que será utilizado para designar uma determinada planta, ou seja:

os nomes normalmente são em latim;

a nomenclatura de um grupo taxonômico é baseada na prioridade

de publicação da primeira espécie descrita;

o gênero é definido por uma palavra e a espécie por uma outra

palavra;

a terminação var (do latim varietas, que indica variedade) é

utilizada para plantas de mesma espécie, com pequenas

diferenças fisionômicas;

a terminação cv (cultivar) é utilizada para plantas de mesma

espécie, com pequenas diferenças fisionômicas induzidas

artificialmente;

algumas plantas são híbridas, e recebem um “X” entre o nome

referente ao gênero e o referente à espécie.

Segundo os princípios da taxonomia, todas as plantas pertencem a uma dada

Espécie; estas estão reunidas em Gêneros; estes, agrupados em Famílias; estas, em

Ordens, que estão dispostas em Classes, que pertencem a uma Divisão (Joly, 1977,

página 4).

Resumidamente:

Divisões ou Filos > Classes > Ordens > Famílias > Gêneros >

Espécie

As plantas estão divididas conforme seu grau de parentesco.

Reino Fungi

Fungi- São organismos saprófitas ou parasitas desprovidos de clorofila e com

reprodução assexuada por esporos. O corpo pode ter organização celular, como nas

leveduras ou fermentos, ou por filamentos ramificados (hifas), que constituem os

cogumelos. Na jardinagem, interessam-nos:

os fermentos, com especial importância para as micorrisas, que

fazem simbiose com as árvores fixando nitrogênio do ar em suas

raízes.

27

Page 28: apostila-paisagismo

os basidiomicetes, que digerem a celulose e a lignina das

madeiras, importantes na produção do húmus e reciclagem dos

nutrientes no ambiente.

os fungos parasitas, que têm ação destruidora sobre as plantas.

Lichenes- Estas plantas são constituídas por uma associação simbiótica

permanente entre uma alga (clorofícia ou cianofícia) e um fundo. Sua reprodução é

vegetativa por sorédios (hifas + células da alga). Os indivíduos desta divisão são

encontrados sobre os troncos das árvores, sobre o solo e sobre as rochas. Têm grande

importância na desagregação das rochas devido à sua produção de ácido liquênico.

Clorophyta 1 classe 9 ordens

Phaeophyta 3 classes

Rhodophyta

Para a jardinagem, são importantes as algas filamentosas, que infestam os

espelhos d’água, ricos em nutrientes.

Bryophyta- São plantas herbáceas pequenas, sem os vasos condutores de

seiva. A reprodução ocorre por esporos com alternância de gerações e necessitam

estar em meio úmido.

Bryophyta 3 classe 5 ordens

Nesta divisão, encontramos os musgos usados para forração de lugares

úmidos, como as Selaginellas (Pteridophyta) e Sphagnum.

Pteridophyta- Evoluíram das Bryophytas e apresentam vasos condutores

rudimentares. Sua reprodução também se dá como a das briófitas, ou seja, por

alternância de geração, sendo o esporófito a geração mais desenvolvida, e o

gametófito, uma lâmina verde que encontramos em solos úmidos.

Pteridophyta 1 classe 4 subclasses 6 ordens

Desta divisão são muito utilizadas as plantas da ordem Filicales, família

Polipodiáceas, que abrange as samambaias e avencas (mais de 5.000 espécies), e as

das famílias Dicksoneaceas e Cyatheacea, que abrangem os xaxins.

Gymnospermae- São plantas lenhosas com os vasos condutores

desenvolvidos. Apresentam flores com sexos separados. Sua reprodução já se faz por

sementes nuas, ou seja, que não estão encerradas em ovários.

Gymnosperma

e

4 classes 14 ordens

28

Page 29: apostila-paisagismo

Desta divisão são muito utilizadas as cicas e a maioria das coníferas

conhecidas.

Angyospermae- São plantas que produzem flores. Suas sementes estão

protegidas pelo fruto. É a divisão mais evoluída na escala das plantas.

Angyosperma

e

2 classes 62 ordens

Nesta divisão encontramos a maioria das plantas ornamentais. São divididas

em 2 classes: Dicotyledonea e Monocotyledonea.

Classe Dicotyledonea

apresentam duas folhas cotiledonares que podem servir como

órgão de reserva da semente;

apresentam crescimento secundário em espessura, tanto no caule

como na raiz;

o crescimento em espessura é resultado da atividade do câmbio

(meristema localizado entre a casca e o cerne da madeira). Os

vasos condutores encontram-se localizados junto ao câmbio;

as folhas apresentam nervação reticulada;

as raízes são do tipo axial ou pivotante.

Classe Monocotyledonea

apresentam uma folha cotiledonar;

não apresentam crescimento secundário no caule e na raiz;

os vasos condutores estão distribuídos em feixes líbero-lenhosos

dispersos no estipe;

as folhas apresentam nervuras paralelas e estão dispostas em

espiral ao redor de um galho;

as raízes são do tipo fascicular.

29

Page 30: apostila-paisagismo

Grupos de plantas utilizadas no paisagismo de

jardins

É necessário ter conhecimento do grupo formal em que essas plantas se

encontram, para facilitar o raciocínio de projeto, pois este inicia-se com o arranjo de

volumes e massas de vegetação, e não de indivíduos. Existe uma certa hierarquia na

organização da especificação, ao mesmo tempo em que podemos visualizar, desde o

início, a composição geral do jardim.

Podemos dividir as plantas, quanto ao manejo, em: árvores, palmeiras,

arbustos, herbáceas, epífitas, aquáticas, filícias e cactáceas. São as seguintes as

características de cada grupo:

Tipologia quanto à forma

Grupo de

plantas

Tipologia quanto à forma Altura

Palmeiras delgadas, esguias, compridas pequena /

média / grande

Árvores globosas, cônicas, elíptica, colunares pequena /

média / grande

Arbustos globosas, cônicas, elípticas, colunares pequena / média

Cactáceas globosas, colunares, plamadas pequena /

média / grande

Trepadeira

s

escandentes, planos verticais, volúveis

30

Page 31: apostila-paisagismo

Forrações Coberturas horizontais

Como forrações temos o grupo das herbáceas, algumas cactáceas, aquáticas

e algumas filícias.

Árvores: O grupo divide-se em árvores de pequeno, médio e grande porte,

variando de 3 m até mais de 100 m de altura em alguns casos. Caracterizam-se por

possuir caule e adensamento de folhas na copa. A maioria das árvores pertence à

divisão das Angiospermae, classe Dicotyledoneae.

As coníferas pertencem à divisão das Gymnospermae, e em sua maioria

também se enquadram no porte arbóreo. Ao plantarmos uma árvore, devemos sempre

nos preocupar com o seu futuro. Ou seja, nos perguntar, entre outras questões: quando

crescer criará algum problema para a rede elétrica? As suas dimensões, com respeito

ao volume e área da copa, são compatíveis com o local? E com o distanciamento de

plantio proposto? Irá sombrear alguma área onde desejamos sol? Levantará pisos,

guias ou calçadas? Poderá criar eventuais obstruções às redes de água e esgotos?

Palmeiras: Também divididas em pequeno, médio e grande porte, variam de

0.50 m a 50 m. Distinguem-se das árvores por não possuírem brotação lateral no caule

(com raras exceções) e pela disposição dos vasos líbero-lenhosos, que se espalham por

todo o tronco (nas árvores formam anéis periféricos). Ainda em relação ao caule, as

palmeiras são divididas em dois grupos: as monocaules, que, como o nome diz, têm só

um caule (palmitos, coqueiros, etc.); e as multicaules (areca-bambu, açaí, etc.).

Pertencem às Angiospermae, classe Monocotiledoneae, família Palmae.

Arbustos: São plantas que não atingem grande porte; em geral são espécies

lenhosas e possuem formação densa junto à superfície do solo. Neste grupo encontram-

se algumas trepadeiras, como alamanda, e folhagens como o guaimbé e a sanchesia.

Herbáceas: Com algumas exceções, possuem caule com consistência de erva

e pouco desenvolvido, portanto têm hábito rasteiro. Neste grupo, incluem-se as

forrações (ajuga, clorofito, etc.), as folhagens (marantas, etc), as gramíneas (grama

preta, grama São Carlos, etc) e algumas trepadeiras, por exemplo (ipomea) as

madressilvas e a hera (estas espécies seriam classificadas como semilenhosas. Além

dessas, encontramos as semi-herbáceas, como a yuca-mansa, ou filamentosa. Existem

também alguns arbustos herbáceos, como é o caso da maior parte das helicônias. A

maioria destas plantas pertencem às angiospermas.

Epífitas: São plantas que se desenvolvem sobre as árvores, para receber mais

luz. Esse hábito muitas vezes faz com que pareçam parasitas. O cultivo das epífitas

31

Page 32: apostila-paisagismo

deve conter substratos ricos em matéria orgânica, fibras e uma excelente drenagem.

Entre as mais conhecidas, destacam-se as bromélias, as orquídeas, algumas cactáceas

(como ripsalis), entre outras. A maioria destas plantas pertencem às Angiospermae.

Aquáticas: Ainda pouco usuais nos nossos jardins, por causa das dificuldades

em controlar o desenvolvimento das algas verdes, as plantas aquáticas subdividem-se

em três grupos: as que ficam submersas, as que ficam na superfície e as que vivem em

terras encharcadas. Muitas podem ser cultivadas em vasos. Entre as mais comuns

estão: aguapés, ninfeas, lótus, taboas e papiros. A maioria destas planta sutilizadas em

jardinagem pertencem às Angiospermae.

Filícias: São samambaias, avencas, chifres-de-veado, cavalinhas, entre outras

plantas que se caracterizam por te duas fases de vida: assexuada e sexuada (na qual

necessitam de muita umidade para se reproduzir). A maioria dessas plantas pertence

às Pteridophytae.

Suporte do Jardim- o SOLO

Há milhões de anos, a superfície da Terra era composta por rochas, e não

havia condições para o desenvolvimento das plantas. Aos poucos, o intemperismo

(ação de agentes atmosféricos e biológicos) foi triturando e decompondo as camadas

superiores das rochas e transformando-as em terra. Os seres decompositores (bactéria,

fungos, insetos, vermes, etc.) trataram de incorporar ao solo material orgânico,

gerando as condições necessárias à fixação das plantas.

Essa camada superior de terra tem o nome de “solo fértil”. Abaixo em estágio

intermediário de composição, encontra-se o subsolo. Mais baixo ainda, temos a rocha-

mãe. Essas três camadas formam o “perfil do terreno”. O solo fértil, camada biológica

ativa, praticamente inexistente no solo das grandes cidades, caracteriza-se pela cor

escura e por sua porosidade. A cor é devida à presença de matéria orgânica, gerada

pela decomposição dos restos vegetais e animais (húmus). A porosidade é essencial,

sem ela não haveriam trocas gasosas, como o oxigênio que as raízes precisam captar

do ambiente.

Conforme a capacidade que o solo tem de permitir a passagem de ar (aeração)

e a retenção da água, o solo é classificado em dois grupos: Os argilosos e os arenosos,

característica que interferirá na sua fertilidade. A terra argilosa, encontrada

principalmente nos banhados, retém grande quantidade de água e não deixa muito

espaço para o oxigênio. A camada aerada é, portanto, bastante estreita.

32

Page 33: apostila-paisagismo

Em solos assim também chamados “solos pesados”, desenvolveram-se plantas

com um tipo de raiz superficial, para captar o oxigênio próximo à superfície. O solo

arenoso, ao contrário tem uma grande camada aerada. Tão grande que, devido à

extrema porosidade, quase não consegue reter a água, nem os sais minerais que ela

carrega para baixo. A esses solos, pobres em nutrientes, dá-se o nome de “solos leves”.

As plantas que nele se adaptaram têm raízes profundas para buscar a água e os sais

minerais em camadas inferiores.

Entre esses dois extremos, existem inúmeras variações na composição do solo.

Uns mais pesados, com maior concentração de argila e siltes, outros mais leves,

tendendo a arenosos. Podemos classificar o solo segundo estas constituições de terra:

Argilosa (50% areia, 50% argila)

Barrenta (65% areia, 35% argila)

Barro - arenosa (80% areia, 20% argila)

Arena - argilosa (90% areia, 10% argila)

Arenosa (95% areia, 5% argila)

É importante saber como identifica-los, para trabalhar a terra conforme as

plantas que se deseja cultivar. Para melhorar a fertilidade da terra, muitas vezes é

necessário compensar as deficiências do solo, drenar os solos encharcados (por

exemplo, argilosos), ou acrescentar argila aos excessivamente arenosos. Tudo depende

da característica da planta que queremos no jardim.

Também é de suma importância a identificação da consistência do solo, que

nesse aspecto é classificado como:

Compacto (quase nenhuma porosidade e impermeável)

Raso (média porosidade e pouca permeabilidade)

Médio (boa porosidade e permeabilidade)

Profundo (poroso e permeável)

O PH, potencial de hidrogênio, é um índice que mede a acidez ou alcalinidade

do solo. Varia de 1.0 a 4.0, sendo que o número 7.0 representa PH neutro. Abaixo disso,

quanto menor o índice, mais ácido é o solo. Assim, PH 6.5 indica ligeira acidez, PH entre

5 e 6 é sinal de acidez e PH menor que 5.0 significa que o solo é muito ácido. Acima de

7.0, quanto maior o PH maior a alcalinidade. Quase não existem solos alcalinos. Os

brasileiros, em geral, são ácidos, devido à grande quantidade de alumínio e aos baixos

teores de cálcio e magnésio. Na maior parte dos solos, o PH varia de 3.0 a 9.0, sendo

considerado ideal entre 6.0 e 6.5, para a maioria das espécies utilizadas em

jardinagem.

33

Page 34: apostila-paisagismo

A acidez elevada do solo (PH menor ou igual a 5.0) diminui a assimilação dos

nutrientes pelas raízes e torna insolúveis: o fósforo, o boro, o cobre, o zinco, além de

tornar tóxico o alumínio. Para corrigir a acidez, deve-se acrescentar calcário dolomítico,

cálcio e magnésio. Mas é preciso tomar cuidado: o excesso de calcário pode deixar o

solo alcalino (PH maior que 7.0), o que também provoca bloqueio da assimilação de

nutrientes. A forma de corrigir as deficiências de sais minerais do solo é através da

adubação, que pode ser química, orgânica ou uma combinação das duas.

Adubação química é o fornecimento dos nutrientes necessários à planta na

forma de sais, como o NPK, a famosa formulação química que contém nitrogênio (N),

fósforo (P) e potássio (K). O NPK permite concentrações diferenciadas desses três

elementos químicos, que são expressas em porcentagem. A formulação contém três

percentuais, cada qual referindo-se a um dos componentes. Exemplo: o NPK 15:8:20 é

composto por 15% de nitrogênio, 8% de fósforo e 20% de potássio. Fórmulas assim,

com diferenças na quantidade de cada elemento, são muito utilizadas na agricultura,

por uma questão de economia. Antes da aplicação do NPK, o solo deve ser

rigorosamente analisado, para se saber exatamente quais as suas deficiências.

Na jardinagem, o mais comum é a aplicação de uma fórmula equilibrada

(10:10:10), ou com ênfase em algum dos elementos, conforme o resultado que se

deseja. O NPK 10:30:15, por exemplo, contém mais fósforo, para melhorar o

enraizamento e o florescimento de nitrogênio, para estimular o crescimento de

folhagens. A tabela abaixo traz os sintomas das plantas conforme o elemento químico

em falta. Além de nitrogênio, fósforo e potássio, estão incluídos cálcio e magnésio,

componentes do calcário dolomítico usado para corrigir a acidez do solo.

Sintoma Elemento químico em

falta

Folhas desbotadas nitrogênio ou magnésio

A planta não floresce, não frutifica, não enraíza fósforo

A planta seca facilmente, mesmo em curtos

períodos de estiagem

potássio

A planta deixa de filtrar os nutrientes

do solo e pára de crescer

cálcio

Adubação orgânica é aquela em que se empregam restos vegetais que,

decompostos por microorganismos, formam o húmus, substância responsável pela

fertilidade do solo. É na presença do húmus que se formam as pequenas ‘esponjas” ou

“grumos’, que fazem o solo reter a água e os nutrientes solúveis. Os grumos são

compostos de partículas de solo mineral unidas por uma cola bacteriana, produzida a

partir do ácido húmico.

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Page 35: apostila-paisagismo

Nos jardins e vasos usa-se o composto orgânico previamente preparado na

composteira, ou o húmus de minhoca. Ambos oferecem um material visivelmente

homogêneo e livre de odores, embora seja recomendado deixar que uma pequena

camada de matéria orgânica se decomponha no local, para um melhor aproveitamento

dos ácidos produzidos durante o processo.

Clima e Luminosidade

Algumas dicas importantes que podem evitar dissabores, perda de tempo e de

dinheiro. Na distribuição das plantas pelo mundo, observa-se uma nítida diversificação

de acordo com as zonas climáticas. É o clima, o solo e até a topografia de cada região

que, em última instância determinam o tipo de vegetação nativa.

É importante não esquecer da existência de uma variedade enorme de plantas

para cada tipo de clima. Assim, se por um lado é perda de tempo tentar cultivar tulipas

na Bahia, por outro, existem milhares de flores que podem substituir perfeitamente a

tulipa, e que se adaptam maravilhosamente bem ao clima baiano. A tecnologia atual

permite cultivar tulipas até no deserto do Saara, com a construção de estufas e

cuidados especiais, onde as condições de temperaturas e luminosidade pudessem se

adequar às exigências deste cultivo. Só que isso, além de se absurdamente caro, não é

nem um pouco prático. Na hora de fazer o seu jardim, é muito melhor escolher logo as

plantas adequadas ao clima da sua região, que ficar tentando adaptações que, na

maioria das vezes, resultarão em fracasso.

Do ponto de vista da jardinagem, os parâmetros climáticos mais importantes

são:

1 – temperatura

2 – regime de chuvas

3 – umidade relativa do ar

4 – insolação

No Brasil, face às proporções quase continentais do país, temos pelo menos 6

diferentes tipos de clima: equatorial, tropical, tropical atlântico, tropical de altitude,

semi-árido e subtropical. O Brasil é um país tão grande, que temos aqui, nada menos

que seis tipos distintos de clima:

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Page 36: apostila-paisagismo

EQUATORIAL – é o clima da região amazônica. Caracteriza-se por temperaturas

entre 24 e 26 graus centígrados, chuvas abundantes e bem distribuídas durante todo o

ano, e alta umidade do ar. A vegetação tem a exuberância típica das florestas úmidas.

TROPICAL – predomina nas regiões Nordeste, Sudeste e extensas áreas do

Planalto Central. Caracteriza-se pela existência de apenas duas estações no ano,

ambas quentes e distintas: invernos secos, com baixa umidade relativa do ar, e verões

chuvosos. A vegetação típica é o cerrado, com gramíneas e arbustos retorcidos, de

casca grossa.

TROPICAL ATLÂNTICO – domina todo o litoral do Rio Grande do Norte ao Rio

Grande do Sul. Distingue-se por temperaturas médias entre 18º e 26º C. com chuvas

abundantes, que variam de época conforme a latitude. No litoral do Nordeste, são mais

freqüentes de abril a agosto, e mais ao sul, no verão. A vegetação natural é a mata

atlântica, de tipo tropical, já intensamente devastada.

TROPICAL DE ALTITUDE – predomina do norte do Paraná ao Sul do Mato Grosso

do Sul. Caracteriza-se por temperaturas médias entre 18 e 22 graus centígrados,

podendo cair abaixo dos 10 e subir acima dos 30. É no verão que caem as chuvas mais

intensas, e no inverno podem ocorrer geadas. A vegetação original, já muito devastada,

era mata tropical. Uma mata densa, fechada, porém com características diferentes da

floresta amazônica, inclusive com a ocorrência de araucárias.

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Page 37: apostila-paisagismo

SEMI-ÁRIDO – predomina nas áreas baixas do sertão nordestino, vale do rio São

Francisco e norte de Minas Gerais. Evidencia-se por temperaturas em torno de 27º C.

com poucas e irregulares chuvas. A vegetação típica é a caatinga, com bosques de

arbustos espinhos e cactáceas.

SUBTROPICAL – prevalece de São Paulo para baixo, com exceção do norte do

Paraná e faixa litorânea. Caracteriza-se por temperaturas que variam de 5 a 35 graus,

às vezes num mesmo dia, com médias anuais inferiores a 20º C. Nas áreas mais

elevadas, o verão é suave e o inverno rigoroso, com nevascas ocasionais. As chuvas

são abundantes e bem distribuídas. A vegetação muda bastante conforme a atitude.

Nas regiões mais altas, encontrava-se originalmente a chamada mata de araucária, ou

pinhais, com poucas variedades e predominância de espécies com folhas em forma de

agulha. Na planícies, o que prevalece é a vegetação baixa, sobretudo a gramíneas.

Portanto, repetindo: na hora de fazer o seu jardim, é melhor escolher logo as

plantas adequadas ao clima da sua região do que ficar tentando adaptações.

Mapeamento das Sombras

O mesmo raciocínio é válido para as exigências das plantas em relação à

luminosidade. Algumas vezes, as de sombra até se adaptam ao sol pleno, e vice-versa.

Mas sempre cobram um preço, em termos de viço, vigor e velocidade de

desenvolvimento.

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Page 38: apostila-paisagismo

Inverno: 9 horas de luz. O sol nasce mais a Nordeste. Quando alto,

projeta sombra na face sudoeste.

Primavera e Outono: 12 horas de luz. O sol nasce exatamente no

Leste. Quando alto, projeta sombra na face sudeste.

Verão: 15 horas de luz: O sol nasce mais a sudoeste. Quanto alto,

projeta alguma sombra na face sul.

Quanto à necessidade de luz, podem ser classificadas da seguinte maneira:

Plantas de pleno sol

Plantas de meia-sombra

Plantas de sombra

Plantas de obscuridade

Normalmente, usa-se o seguinte critério para definir cada um destes itens:

Sol pleno : No mínimo 4 horas de sol direto todos os dias.

Meia-sombra : Luminosidade intensa, mas evite sol direto entre 10

e 17 horas.

Sombra : Não suporta sol direto. Luz indireta, pelo menos, 2 horas

ao dia.

Para descobrir, então, onde cada uma pode ser plantada, precisamos anotar no

nosso projeto a posição da sombra provocada pela casa e outras construções, e isso de

manhã, ao meio-dia e à tarde. O mesmo procedimento é efetuado para os eventuais

muros, árvores nativas, etc. Só assim teremos condições de fazer uma escolha de

plantas realmente acertada.

Fitogeografia – Domínios vegetais e Clima

A Fitogeografia é um ramo da geografia que estuda a distribuição dos domínios

vegetais. O relevo relacionado à altitude e o clima, associados à Fitogeografia, definem

os domínios vegetais. É importante relacionarmos as plantas ao clima do ambiente de

origem em que se encontram naturalmente.

Os fatores climáticos mais importantes são as temperaturas médias entre

verão e inverno e os índices pluviométricos, ou a quantidade de chuva. No Brasil, os

tipos de clima caracterizam basicamente dois grupos de plantas: as de clima

temperado, que suportam períodos de frio com temperaturas próximas de zero e

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Page 39: apostila-paisagismo

geadas, e as de clima tropical, que não sobrevivem às geadas. As tropicais, em

compensação, suportam mais umidade e resistem mais aos fungos, que se

desenvolvem melhor em meio úmido.

Outro fator climático relevante são os ventos que alteram o clima de pequenas

áreas, ou seja, formam microclimas mais secos. Isso dificulta a proliferação de fundos,

mas, por outro lado, limita o crescimento de uma série de espécies.

Os domínios vegetais, como o nome sugere, são área onde predomina uma

determinada fisionomia. Essas paisagens têm um caráter próprio, resultado da

evolução por que passaram as inúmeras espécies animais e vegetais que a compõem,

em resposta às carências e disponibilidades oferecidas pelo meio físico.

As limitações mais usuais são: os tipos de solo e suas carências minerais, a

topografia, o clima e a altitude, o regime hídrico, os ventos, etc. Essa interação entre

animais e plantas com o ambiente é que chamamos de ecossistema. É importante o

conhecimento dos domínios vegetais e suas características físico-ambientais, pois cada

um desses ecossistemas gerou inúmeras preciosidades na evolução da vida.

Clima e domínios vegetais do Brasil

O Brasil tem 5 grandes domínios tropicais, divididos em várias

paisagens. São eles: Floresta Tropical Amazônica, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e

Complexo Pantaneiro.

A Floresta Amazônica

É a maior floresta pluvial da Terra, com temperatura acima de 20º C e médias

em torno de 26-27º, com máxima absoluta de 38º. Os solos são, na sua maioria, rasos e

pobres. As árvores têm suas raízes adventícias superficiais desprovidas da raiz

pivotante, formando uma trama onde elas se “apóiam” umas nas outras. Isso faz com

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Page 40: apostila-paisagismo

que caiam com relativa facilidade, abrindo clareiras num solo revestido de ervas e

formas novas de árvores que irão crescer, substituindo as antigas.

É um ecossistema fechado que se mantém à sua própria custa, vivendo de

seus resíduos que, ao se decorem, devolvem os nutrientes.O alto índice pluviométrico

pode ser percebido nas pingadeiras formadas pelo ápice longo e delgado da maioria

das folhas, uma adaptação para seca-las logo após a chuva. É muito grande o número

de epífitas nos estratos superiores da mata, e de associações de plantas com formigas,

plantas mirmecófilas, por exemplo, as embaúbas.

A mata amazônica divide-se em:

Mata de terra firme;

Mata de várzea;

Mata de Igapó;

Caatingas do Rio Negro.

Mata Atlântica

A Mata Atlântica estende-se por toda a Serra do Mar, que vai do Rio Grande do

Norte até o Rio Grande do Sul, compreendendo, também, a Serra da Mantiqueira.

A temperatura média varia de 14º C a 21º C, com máxima de 35º C e mínima

de 1º C.

Enquanto a mata está localizada em uma planície, a mata atlântica difere em

seu relevo pelas escarpas rochosas e variação altimétrica; varia do nível do mar até

2.000 m de altura, propiciando o aparecimento de outros domínios menores dentro da

unidade Mata Atlântica.

A Mata Atlântica contém:

Floresta pluvial Montana;

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Page 41: apostila-paisagismo

Floresta pluvial baixo-montana;

Campos de altitude;

Pinheirais.

Restinga

As restingas são a origem de muitas plantas usadas no paisagismo, como:

clusia fluminense, ingá lauriana, osmosia arbórea, várias bromélias, orquídeas de solo

do gênero epidendro, cactáceas (Cereus abtusus) e a conhecidíssima primavera

(Bougainvilea glabra).

É o conjunto de formações vegetais que reveste a áreas litorâneas; trata-se de

um ecossistema complexo e ainda pouco estudado. Possui peculiaridades como o

crescimento sobre areias estéreis, reprodução vegetativa de muitas espécies, água

relativamente abundante e tolerância ao sal.

A vegetação de restinga, combinada ao relevo, cria algumas modalidades de

paisagem de restinga, como:

Litoral rochoso;

Litoral das praias arenosas;

Dunas movediças;

Dunas fixas.

Cerrado

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Page 42: apostila-paisagismo

Conhecida também como savana, a vegetação do cerrado brasileiro é

fisionomicamente, porém, o cerrado tem adaptações muito irregulares, razão pela qual

vários botânicos brasileiros na concordam em chamá-lo de savana.

Caracteriza-se por possuir apenas dois estratos:

Um arborescente, de pequenas árvores tortuosas, espaçadas e

dotadas de casca espessas;

E outro de gramíneas, subarbustos e arbustos.

Apresenta fisionomia retorcida e pequena, devido à presença de alumínio

solúvel no solo, deixando-o tóxico para o metabolismo vegetal.

Nas veredas do cerrado, são encontrados os buritizais. Comunidades de

palmeiras buriti (Mauritia flexuosa) são encontradas nas depressões com água

aflorante.

Campo

Possui condições de vida da vegetação muito diversificada. Seus solos são

formados pela decomposição de rochas cristalinas e possuem escassa profundidade,

além de ser pobres em nutrientes.

A cobertura vegetal varia conforme sua latitude e altitude. As árvores são

esparsas, seu terreno é duro e pouco permeável. A reprodução de suas espécies é

predominante realizada por sementes e em grandes quantidades.

É um ecossistema que seria de grande valor para o paisagismo ornamental

devido à grande produção de flores, a introdução de suas espécies para os jardins é

bastante dificultosa e pouco estudada, devido às características de adaptação de suas

plantas, freqüentemente refratárias ao cultivo.

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Page 43: apostila-paisagismo

Cocal

Caracteriza-se pela alta densidade de palmeiras babaçu (Orbygnia martiana).

São pobres em alimentos para a fauna, mas, devido à grande inflorescência

das palmeiras, são um grande atrativo para animais que se alimentam do néctar.

São matas com predominância de palmeiras devido à ação do homem que, ao

promove derrubadas seguidas de queimadas, foi eliminando as outras espécies.

As palmeiras sobreviveram a essa ação antrópica devido à sua resistência ao

fogo, que é devida à distribuição de seus vasos condutores e formação enterrada de

seu tronco em sua fase jovem.

Caatinga

Caracteriza-se pela existência de dois tipos de vegetação:

Vegetação permanente, que vive e subsiste

desfolhada nos meses de seca; e

Vegetação periódica, que só vegeta quando há

água.

Compõe-se por um mosaico de plantas xerófitas e decíduas. Possui grande

número de cactos e bromélias espinhosos (ou aculeados) e plantas suculentas –

euforbiáceas e cactáceas espinhosas. Não é objeto de queimadas naturais devido ás

suas características.

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Page 44: apostila-paisagismo

Pantanal

Caracteriza-se por uma vasta planície alagadiça, de solo que demora a escoar

suas águas. Não é pântano. Possui um período de cheia, que se inicia em dezembro e

vai até maio. traz fertilidade, nas argilas e em detritos orgânicos.

Sua vegetação é composta por um mosaico de comunidades aquáticas,

submersas ou nadantes, fixadas no fundo lamacento. As ninfeas e vitória-régia

pantaneira (Victoria cruziana) são representantes dessa vegetação. Possui cordilheiras

(serras de rochas calcárias aflorantes), matas e cerrados que jamais são inundados. A

vegetação das cordilheiras é semelhante a da caatinga.

O pantanal tem áreas com predominância de uma espécie, que gera

aglomerações diferenciadas, como os:

Buritizal, da palmeira buriti (Mauritia vinifera);

Carandazal, da palmeira carandá (Copernicia Australis)

Paratual (Ipê amarelo), do paratudo (Tabebuia Chryssotricha);

Pirizal, do piri (Cyperus giganteus), é uma Ciperácea aquática

semelhante ao papirus (Cyperus papyrus);

Taboal, da taboa (Typha latifolia)

6- As Espécies Vegetais e o Paisagismo

Dentro do processo de implantação de paisagismo, deve-se considerar que a

distribuição dos elementos vegetais, sua composição e seleção de espécies devem ser

feitas de maneira integrada à concepção global na criação do projeto, no qual a

vegetação exerce papel estruturador fundamental. Porém, o que vemos são as massas

vegetais aparecendo no projeto como elementos secundários, jogados em áreas que

44

Page 45: apostila-paisagismo

são as sombras dos locais ocupados pelas atividades, construções, equipamentos e

circulações.

A condição básica para que a vegetação cumpra seu papel organizador de

espaços em qualquer escala é que existam áreas livres adequadas para o seu plantio e

desenvolvimento (áreas livres do tecido urbano). Esta vegetação só aparecerá de forma

expressiva na paisagem quando houver maior respeito e consciência da importância do

seu papel na cidade.

Quando os lotes (residenciais, comerciais ou industriais), sistema viário

(calçadas, canteiros centrais e rotatórias), área institucionais (escolas, hospitais,

cemitérios, clubes), tiverem previsão de dimensões e locais apropriados para o seu

plantio e desenvolvimento. Quando as praças e parques forem bem distribuídos pela

cidade. Quando as áreas acidentadas tiverem efetivamente seu direito a não ocupação

garantido. Quando áreas vegetadas naturais forem preservadas.

Embora a vegetação necessite dos espaços livres para a sua existência, nem

todos esses espaços urbanos precisam ser vegetados. A história nos mostra exemplos

de áreas livres espetaculares, magnificamente bem resolvidas, que não se utilizam da

vegetação para definir seus espaços. Porém, os elementos vegetais numa área

densamente ocupada, tem sua importância comprovada amenizando situações

extremas, provocadas pelo excesso de áreas construídas desordenadamente, pelo

decorrente desconforto térmico, pela impermeabilização do solo e pela grande

quantidade de poeira e poluentes no ar.

Além desses aspectos, a vegetação na paisagem urbana também é importante

por seus aspectos visuais, culturais e psicológicos, na amenização da aridez da

paisagem densamente construída e pela própria condição de representação da

natureza em cenários urbanos excessivamente artificiais.

Quando analisamos a vegetação de porte dos maciços vegetais, encontramos

três tipos principais de estratos que organizam espaços diferenciados:

Estrato Arbóreo: O observador passa por baixo da vegetação

Estrato Arbustivo: A vegetação dificulta ou impede a passagem do

observador

Estrato de Forração: O observador passa sobre a vegetação

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Page 46: apostila-paisagismo

Estrato Arbóreo

O espaço formado sob as copas do estrato arbóreo normalmente pode ser

utilizado por pedestres e veículos. Suas copas variadas qualificam de modos diversos

esses espaços que podem ser altos, baixos, mais ou menos aconchegantes, escuros,

claros, até ensolarados, caso a copa seja bastante rala. Porém devido às grandes

dimensões de seu porte e volume, o estrato arbóreo necessita de áreas relativamente

amplas para o seu desenvolvimento.

Os componentes do estrato arbóreo necessitam de pouca manutenção para sua

sobrevivência, o que facilita seu desenvolvimento, inclusive no espaço público.

Encontramos na vegetação arbórea, uma variada tipologia de formas de copas das

quais destacamos: Horizontal, Irregular, Esférica, Cônica, Cônica invertida, Semi

esférica, Piramidal e vertical (colunar).

O aspecto forma da copa torna-se fundamental quando vamos utilizar a espécie

isolada. Nesse caso o potencial escultórico da vegetação é ressaltado. Árvores de copa

horizontal, mesmo isolada, organizam um teto que dá sensação de aconchego às

pessoas sentadas em bancos. As árvores podem se tornar referências visuais

importantes no tecido urbano.

Árvores de copa vertical apresentam potencial menor para delimitar os espaços,

porém dependendo da forma de plantio, pode se tornar elemento de referência na

paisagem. Árvores de copa vertical são mais eficientes para organizar o plano de

vedação.

Árvores de copa horizontal apresentam sombra em qualquer hora do dia.

Árvores de copa vertical apresentam grande variação do tamanho de sombra durante o

dia. As raízes em geral se desenvolvem no solo ocupando uma área que acompanha de

modo invertido a forma da copa. No sistema viário, não se deve empregar espécies de

raizame superficial.

46

Page 47: apostila-paisagismo

A linearidade, o paralelismo e a geometrização dominantes nas formas das

áreas livres urbanas muitas vezes induzem a plantios igualmente lineares, paralelos e

geométricos. São raras as espécies que permanecem com a mesma densidade de

folhagem durante o ano todo. A maioria perde as folhas no inverno, mesmo que em

quantidades diferentes.

Características de algumas espécies:

Palmeiras- As palmeiras marcam a paisagem sem veda-la, ampliando

psicologicamente as dimensões existentes. É um elemento que requer certa distância

para ser observado. A proximidade demasiada do observador ou a existência de algum

obstáculo que impeça o visual de sua copa pode proporcionar-lhe o aspecto de poste. O

alinhamento de um renque de palmeiras pode ressaltar a perspectiva ou sugerir

imponência aos espaços sem veda-los. Seu alinhamento pode lembrar arcadas.

Bambus- Touceiras de bambus vedam o espaço desde baixo. É um elemento

que serve de proteção contra erosão.

Chorão- Também conhecido por salgueiro, se desenvolve próxima às águas.

Seu reflexo na superfície da água produz uma plasticidade muito requisitada.

Estrato Arbustivo

A vegetação de porte arbustivo, pelas suas dimensões reduzidas, comparece

visualmente na paisagem urbana de forma menos marcante que as árvores. De modo

geral, os espaços livres de uso urbano são estruturados de forma mais adequada pela

arborização, cuja dimensão é mais compatível com a escala da cidade.

Os arbustos aparecem com maior predominância nos espaços livres reduzidos,

como por exemplo nos lotes de pequenas e médias dimensões. Vão aparecer também

com freqüência nos jardins sobre lajes. Devido ao seu pequeno volume, os arbustos

necessitam de pouca profundidade de solo para sua sobrevivência. Vamos encontra-lo

47

Page 48: apostila-paisagismo

por toda a cidade, em qualquer jardim, inclusive plantados em vasos nos ambientes

internos.

Os arbustos necessitam de manutenção constante, maior do que os elementos

do estrato arbóreo: retirada de folhas secas, regas, podas em alguns casos, etc.

Quando o arbusto é plantado em pequenas porções de terra, como é o caso de vasos,

floreiras e jardins sobre lajes, necessita de regas freqüentes. Nesses casos, o solo não

tem reservas mais profundas de umidade e resseca com facilidade pela ação do sol e

dos ventos.

No estrato arbustivo, a vegetação apresenta imensa gama de portes, formas,

cores e texturas. Seus efeitos podem ser realçados através do plantio isolado da

espécie, ou dos agrupamentos de maciços hetero ou homogêneos. O arbusto plantado

individualmente ou em pequenos grupos num jardim pode fazer o papel de escultura.

Para isso é necessário um relativo isolamento em relação aos outros vegetais. Mas

pode ser agrupado nas mais diferentes formas de maciços ou cercas vivas,

expressando melhor seu potencial delimitador de espaços.

Para efeito de plano de massas, vamos considerar dois tipos de extratos

arbustivos, cujos volumes estruturam os espaços de maneira extremamente diversas:

Arbustos Altos- Quando a copa se forma na região da altura do olho do

observador em pé (1.50 m). Formam cercas vivas. Nos casos de folhas densas, não

permitem a visual entre observadores próximos. Vedam muros e pequenas

construções, tornando visualmente o espaço menos edificado. Podem sugerir

psicologicamente a ampliação de espaço, quando o verde do muro (arbusto) se une ao

verde do solo (gramado).

Nas vias expressas, podem aparecer nos canteiros centrais minimizando a

presença de veículos. Nos passeios, junto ao muro que hoje cada vez mais cercam os

jardins frontais, as sebes vivas ajudam a minimizar o espaço edificado da paisagem.

Algumas espécies arbustivas muito utilizado em cercas vivas, quando recebem poda de

formação, adquirem a forma de árvore, podendo ser utilizadas inclusive no sistema

viário. Como exemplo, podemos citar o hibisco.

Os arbustos podem ser podados nas mais diferentes formas, apresentando

desde motivos geométricos até representações de animais.

Arbustos Baixos (Herbáceas)- Quando a folhagem permanece abaixo do olho

do observador, liberando o visual. A imagem popular do jardim repleto de flores

geralmente está relacionada com os elementos do estrato arbustivo baixo, talvez por

apresentarem imensa gama de espécies com cores, textura e floração variada.

48

Page 49: apostila-paisagismo

A manutenção dos arbustos baixos pode diferir bastante conforme eles forem

anuais ou perenes. Anuais são aqueles com período de vida curto (algumas estações),

que necessitam anualmente de replante. Apresentam, em geral, floração magnífica de

colorido intenso. São consideradas perenes aquelas que não desaparecem após a

florada. Seu replante pode se dar num período maior do que dois anos.

Atualmente, existe preferência na utilização de arbustos perenes em jardins

residenciais, pois embora possam apresentar floração menos intensa, exigem cuidados

também menores com manutenção. Vemos uma utilização crescente de arbustos

anuais plantados em vasinhos nos locais que necessitam de grande impacto visual e

promocional, como nos “stands” de vendas, restaurantes, shopping centers, etc.

Os arbusto baixos prestam-se a várias formas de utilização no espaço urbano,

exemplos: - seus volumes orientam o fluxo de pedestres e cercam os caminhos sem

obstruir a visão; sua visualização “de cima” permite a criação de desenhos com efeitos

estéticos, conseguidos principalmente pelas cores, texturas e florações variadas.

Os famosos jardins franceses utilizavam o arbusto baixo para suas composições.

O arbusto baixo pode funcionar como elemento de proteção, impedindo a aproximação

e advertindo para o perigo. Quando aliado à elevação do terreno, chega a obstruir a

visão.

Estrato de Forração

Existem duas tipologias básicas desse estrato:

Forrações do solo- Plantas rasteiras que revestem o chão

Trepadeiras- Plantas que podem forrar vários tipos de superfície

Forrações do solo- Podemos subdividi-las em dois grupos:

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Page 50: apostila-paisagismo

# Suportam relativo pisoteio- As forrações que suportam pisoteio são as gramas.

Necessitam de insolação praticamente direta para sobreviver e exigem manutenção de

poda relativamente constante. Existem vários tipos de gramas. As mais utilizadas na

região são: Grama Batatais (Paspalum notatum), Grama São Carlos (Axonopus

Compressus)

# Não suportam pisoteio- São espécies rasteiras que se multiplicam ou crescem

forrando o solo. Porém não propiciam um caminhar agradável nem resistem ao

pisoteio. Algumas espécies crescem com o tempo, constituindo o mesmo volume dos

arbustos baixos, caso não sejam podadas. Assim, torna-se difícil em alguns casos,

estabelecer a diferença entre o estrato de forração e o arbustivo. Em geral essas

forrações suportam graus diferentes de sombreamento, desenvolvendo-se nas áreas

sob arbustos e árvores ou nas áreas sob a luz direta do sol.

Muitas vezes são usadas sob arbustos apenas para que a terra não fique à

mostra após o plantio, estando previsto o seu desaparecimento quando a planta maior

se desenvolver. Normalmente são plantadas em mudas relativamente próximas (10 a

15 cm), porém algumas espécies são vendidas em tapetes. Como exemplo temos:

dichondra (Dichondra sp), onze-horas (Portulaca sp)

Algumas forrações são escandentes; quando utilizadas em canteiros elevados,

crescem debruçando-se sobre a mureta da floreira, cobrindo-a na vertical. Outras

forrações, além de escandentes, podem trepar nas paredes ou objetos que alcançam.

Nesse sentido destacamos as espécies: Hera (Hedera helix, Hedera canariensis, Hedera

variegata), Jibóia (Scindapsus aureus).

As forrações também se prestam para definir desenhos de cores ou texturas

variadas no jardim. Quanto à manutenção, as forrações anuais necessitam de

replantes ou transplantes com espécies alternadas. As forrações perenes praticamente

não necessitam de novo plantio, mas algumas espécies exigem podas para

permanecer rentes ao solo.

Trepadeiras- Considera-se as trepadeiras como forrações, pois elas podem

forrar praticamente qualquer tipo de superfície, desde que sejam plantadas próximas

ao suporte adequado. Vamos considerar duas categorias de trepadeira que se

desenvolvem em suportes diferentes:

-As que se agarram sozinhas em superfícies relativamente lisas

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Page 51: apostila-paisagismo

-As que necessitam de suportes especiais de apoio (tela, treliça, pérgolas, fios)

As que se desenvolvem em superfícies lisas não são muitas e praticamente

nenhuma apresenta floração significativa. Porém ainda assim podemos subdividi-las em

trepadeiras de folhas perenes e caducas. Dentre as folhas caducas destaca-se: Hera de

inverno (Partenocissus tricuspidada). Dentre as folhas perenes destaca-se: Ficus

pumila, Hedera helix, Hedera canariensis, Scindapsus aureus, Philodendron

oxycardium, Raphidophora decursiva, Monstera deliciosa.

Na categoria das que necessitam de apoio especial, encontra-se a maioria das

trepadeiras existentes, muitas delas com floração exuberante. Algumas trepadeiras,

quando não encontram apoio adequado, crescem sobre si mesmas, formando

verdadeiros arbustos:

Primavera (Bougainvillea speciosa), Alamanda (Alamanda cathartica)

Costela de Adão (Monstera deliciosa)

7- Materiais utilizados no Paisagismo

Dificilmente a vegetação aparece sozinha nos espaços livres urbanos. Em

geral, ela se apresenta em conjunto com outros elementos naturais (solos, rochas,

água) e processados (edificações, muros, muretas, pavimentos, referenciais) na

organização da paisagem. Para que o resultado seja harmônico, é indispensável que o

projeto considere conjuntamente todos os elementos organizadores do espaço da

paisagem.

Além do conhecimento biológico da vegetação a ser utilizada, o paisagista de

jardins deverá ter pleno conhecimento do mobiliário e dos elementos construtivos e

materiais de acabamento disponíveis no mercado. A oferta desses elementos é infinita.

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Page 52: apostila-paisagismo

Cada um desses materiais também possui condições específicas de uso. Ao se

especificar a utilização de, por exemplo, um piso, deve-se avaliar sua durabilidade,

resistência às intempéries, condutibilidade térmica, tráfego, se deve ser

antiderrapante, adaptabilidade de sua cor e textura ao local onde se pretende coloca-

lo, etc.

Ao escolhermos um material de acabamento, devemos sempre, entre outras

questões, questionarmos: Ele é adequado às condições ambientais do local onde

pretende inseri-lo? Qual será sua utilização? Para essa utilização, quais as restrições

impostas por sua característica física? Quais as características técnicas básicas de

execução? Compõe-se dentro dos resultados estéticos pretendidos? Entre os materiais

empregados em jardins, podemos destacar alguns grupos:

Pedras: Podem ser encontradas na forma bruta e trabalhada. Nesse grupo,

encontramos os granitos, mármores, arenitos, etc. Esse grupo de materiais pode ser

destinado a pisos, escadas, borda de piscinas, muros, bancos, mesas, etc. Cada um dos

elementos citados exige um tipo específico de uso; assim, cada tipo de pedra deve ter

características compatíveis ao uso proposto.

Cerâmicas: Assim como o grupo das pedras, as cerâmicas também possuem

diversos tipos de aplicação, inclusive em revestimentos de piscinas, entre outros

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Page 53: apostila-paisagismo

acabamentos.

Tintas e vernizes: Existem tintas e vernizes com várias texturas de

acabamento e cores, e específicos para aplicação em áreas externas, nas mais diversas

opções de uso, até mesmo para revestimento de piscinas, como o ÉPOXI.

Revestimentos externos texturizados e pigmentados: Como, por exemplo,

chapiscos coloridos com pigmento, quartzolit, granilite, etc. e relativos a outros

materiais, como piso emborrachado.

Madeiras: O emprego da madeira também atende a diversos tipos de

elementos, como mobiliário, pergolado, cercas, escadas, decks, etc. Também existem

critérios para sua utilização, como sua resistência mecânica às intempéries e a ação de

microorganismos.

Água: São várias as opções de aproveitamento, como cascatas, fontes,

espelhos d’água, lagos, entre outras. Deve ser cuidadosamente utilizada, pois pode

gerar a proliferação de microorganismos e mau cheiro. O uso da água deve estar

vinculado ao uso de tecnologia adequada de tratamento e conservação.

Mobiliário: Este grupo atende a uma gama variada de funções. Nele

encontramos mobiliário, brinquedos, esculturas, luminárias, postes de iluminação,

postes de sinalização, etc. A especificação desses materiais também deve levar em

conta a resistência dos mesmos às intempéries.

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Page 54: apostila-paisagismo

Elementos construtivos: São os elementos arquitetônicos propriamente ditos,

como acessos, muros, portões, escadas, floreiras, decks, piscinas, pergolados,

quiosques, entre outros. O paisagista de jardins não deverá, obrigatoriamente, ter

habilidade para projetar esses elementos, mas sim com relação aos seus conceitos de

utilização e a integração do jardim com tais elementos na composição do ambiente.

8- Estilos de Jardins

Reconhecer os estilos diferentes é fundamental para evitar que se cometa

erros ao implantar o seu jardim. Repare à sua volta. Embora você talvez não tenha

notado é bem provável que exista um certo estilo na decoração do ambiente em que

você está agora. Se não um estilo rígido pelo menos a predominância de alguma

tendência, seja ela moderna, pós-moderna ou clássica.

A mesma coisa acontece na arquitetura, na pintura, na música..., enfim, nas

artes em geral. Com a jardinagem também é assim. Do mesmo modo que uma mesa

em estilo flamengo, do séc. XVII, não combina com uma cadeira – taça de Fiberglass,

um agave, típico de jardins desérticos, dificilmente combinaria com uma sebe de buxos

– elemento quase obrigatório nos jardins clássicos. Assim como uma peça de Chopin

não se afina com um conjunto Heavy-metal, um coqueiro, que evoca os trópicos, não

tem afinidade com ciprestes e outras coníferas, típicos de regiões temperadas. Daí a

importância de se ter alguma noção dos estilos de jardins. Não para limitar a

criatividade ou interferir no nosso gosto pessoal. A idéia é evitar que venhamos a

cometer erro que, mais tarde, irão – visualmente – nos incomodar.

Assim, considere que existem pelo menos 5 estilos básicos de jardins, cada um

deles com certas características bem peculiares. Se o terreno for muito grande, nada

impede que você adote mais de um estilo em locais diferentes.

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Page 55: apostila-paisagismo

1- O jardim clássico- ou formal, é caracterizado sobretudo pelas linhas

geométricas e simetria do traçado. Círculos, retângulos, triângulos e semicírculos,

combinam-se para compor uma paisagem desenhada com régua e compasso. Este

estilo de jardim vem da época do Renascimento – século XVI – e atingiu seu maior

esplendor na França e Itália. Neles não podem faltar sebes baixas e rigorosamente

aparadas, que emolduram canteiros onde as flores exercem um papel apenas

secundário. Figuras de topiaria (esculturas vegetais), estátuas, escadarias e fontes de

desenho clássico, fazem o complemento ideal.

2- O jardim seco, desértico ou rochoso,

tenta reproduzir uma paisagem árida. Alguma coisa como um pequeno oásis

ou um pé de serra em região de cerrado. Pedras e areia fazem o pano de fundo para

cáctus, agaves, yucas e suculentas em geral. Uma ou outra palmeira de regiões áridas,

como a carnaúba e o urucuri, arvoretas de tronco retorcido, arbustos esgalhados, tipo a

caliandra, talvez uma ou duas cicas e pronto – o jardim está formado. Naturalmente,

num jardim assim não faz o menor sentido ter um verdejante gramado.

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Page 56: apostila-paisagismo

3-O jardim oriental ou japonês

é cheio de simbolismo, e teve sua origem nos templos xintoístas. Esta, que

ainda é a mais popular religião do Japão, tem como um dos seus principais

fundamentos o culto à Natureza. Em decorrência disso, alguns elementos têm a

presença quase obrigatória num jardim japonês. Pedras de rio, dispostas a sugerir que

a própria natureza as colocou ali, e em número ímpar, preferivelmente 3, 5 ou 7 – os

números da felicidade. Água, seja formando riachos, laguinhos ou cascatas, para

induzir o homem a enxergar-se a si mesmo. Lamparinas de pedra, que representam o

espírito bom e iluminado, que afasta a negritude do mal. E umas poucas plantas.

Poucas mesmo, mas de grande beleza e ocupando lugar de destaque.

Não pode faltar, por exemplo, algum tipo de bambu, servindo como pano de

fundo para azaléias, camélias, íris, glicínias, tuias, nandinas e, eventualmente, uma

cerejeira-do-japão. Esta última, para nos lembrar que muitas das promessas que

fazemos a nós mesmos são como essas árvores: belíssimas, mas não dão frutos. No

mais, suaves ondulações no terreno e, para integrar o conjunto, grama-japonesa

(Zoysia) ou areia bem grossa e branquinha.

4- O jardim tropical

é aquele onde se tenta recriar um pedacinho de uma paradisíaca ilha tropical,

com muito verde e muitas flores. Árvores como o flamboyant e o jasmim-manga,

arbustos como o hibisco, a primavera e a gardênia, palmeiras diversas, folhagens tipo

filodendros, monsteras e samambaias, bananeiras ornamentais, lírios-do-brejo, biris,

bromélias, dracenas... enfim, tudo que evoca a exuberância da flora tropical. Num

jardim neste estilo, um gramado é quase essencial, até para promover a integração

entre os diversos “verdes”. Uma área sombreada, e talvez uma cascatinha ou um filete

d’água, dão o toque final.

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Page 57: apostila-paisagismo

5- O jardim contemporâneo

é o mais usado hoje em dia. É um estilo livre e que tem algumas raízes no

chamado jardim inglês. Nele, o que se busca é uma paisagem algo campestre, alegre e

florida, e um certa integração entre o jardim e a casa.

Agora, que você conhece um pouco mais sobre os estilos de jardins, dê uma

boa olhada no seu e veja se não é o caso de fazer algumas alterações.

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Page 58: apostila-paisagismo

9- O Projeto Paisagístico

O projeto de paisagismo deve passar por duas etapas:

-Anteprojeto de Paisagismo

-Projeto Executivo de Paisagismo

O projeto de paisagismo deve conter:

Representação da área edificada (implantação)

Representação da vegetação de acordo com a simbologia

normalizada

Representação de equipamentos e acessos específicos e com

detalhamento

Tabela com a relação de vegetação especificada (nome popular

e nome científico), associada a um número de identificação e a

correspondente quantificação

Identificação de escala

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Page 59: apostila-paisagismo

Cotas

Tabela de plantio

Memorial

Representação gráfica

Adota-se como simbologia para cada vegetação uma representação que possa

conter os elementos gráficos – cotas e outros – necessários ao entendimento técnico do

projeto, mas que também demonstre com clareza a escala de cada vegetação e a sua

relação com o lote, os espaços externos e as edificações. De modo que mesmo para um

leigo, a representação do projeto seja de fácil entendimento. Para plantio isolado de

árvores ou arbustos deve ser indicado através da simbologia em escala, a copa com

diâmetro da planta no seu pleno desenvolvimento.

A locação da vegetação, em planta, deve estar amarrada com cotas por um

eixo cartesiano.

9.1 - Fases preliminares

Para obter um jardim que seja, de fato, a solução perfeita para os aspectos

estéticos, ecológicos e práticos do espaço, é importante fazer os seguintes estudos

preliminares:

Levantamento planialtimétrico e cadastral, chamado tecnicamente de LPAC

Lista de necessidade e desejos

Análise do clima

Mapeamento das sombras

Análise do solo

1- O INVENTÁRIO

O inventário é um dos primeiros passos do processo do projeto. Compreende a

análise e o diagnóstico elaborados de forma integrada. Na análise fazemos o registro

dos recursos e problemas existentes tanto no local do projeto como no seu entorno de

influências. No diagnóstico levantamos as possibilidades de projetos e as propostas de

solução para os problemas verificados na análise. Dessa maneira, um problema

(diagnóstico) pode sugerir soluções cuja realização dependerão da verificação de

outros elementos (nova análise).

O conhecimento prévio do programa inicial de intenções torna mais eficiente a

elaboração do inventário, pois possibilita a verificação dos tipos de espaços necessários

e possíveis para o desenvolvimento das atividades e implantação dos equipamentos

solicitados. Nesse processo a visita ao local do projeto é fundamental. É quando

registramos através de “croquis” e comentários os recursos e problemas verificados.

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Page 60: apostila-paisagismo

As variáveis a inventariar dependem do local disponível e do programa

pretendido. Porém algumas delas existem em praticamente todos os projetos de

espaços livres urbanos. As variáveis mais freqüentes:

Orientação – Verifica-se através do norte as áreas ensolaradas ou

sombreadas do terreno, quer por efeito dos volumes vegetais, da topografia ou

construções situadas na área e no entorno. As áreas ensolaradas em lugares edificados

nem sempre são freqüentes e por isso são importantes. O adensamento de altos

edifícios em determinadas zonas vem rareando esses locais ensolarados tão

necessários principalmente para crianças. Assim, devemos reservar essas áreas para

implantar as atividades relacionadas com sol:

Áreas de recreação infantil; Piscinas; Solários, etc.

A orientação também indica as áreas sombreadas, necessárias para o

desenvolvimento de outras atividades.

Observação visual – A análise das visuais é fundamental. Em geral, contribui

na conceituação do partido do projeto. Através da observação visual estabelecemos

relações entre a paisagem existente do entorno e a paisagem a ser criada na área do

projeto. Essa relação pode nos sugerir as primeiras idéias para solucionar espaços ou

implantar área de equipamentos. Esta observação visual deve ser analisada da área do

projeto para o entorno e do entorno para a área do projeto.

No primeiro caso, quando se olha do terreno para fora, na condição de usuário,

anota-se as visuais interessantes que poderão ser valorizadas e s desinteressantes que

poderão ser vedadas ou pelo menos desvalorizadas pelo arranjo e composição dos

volumes vegetais ou edificados do projeto. Como visuais desinteressantes, pode-se

considerar além das feias e daquelas resultantes de edificações agressivas, como

paredões, ou aquelas que possam tirar a intimidade do uso pretendido no local.

Quando se olha de fora para o terreno, na condição de transeunte das ruas

adjacentes, ou de vizinhos, avalia-se as maneiras pelas quais a área do projeto poderá

contribuir para melhorar as visuais da vizinhança. No caso de vistas devassadas, devem

ser anotamos quais os tipos de volume (vegetal ou construído) cuja altura e localização

contribuirão para minimizar esse efeito.

Morfologia do terreno – Verifica-se no local quais as potencialidades de

utilização da topografia existente. Nas situações em que possuímos um levantamento

altimétrico é interessante sentir a comparação desse desenho com os desníveis reais

do terreno. Teoricamente é possível modelar o terreno (movimentação de terra) para

implantar qualquer atividade, equipamento ou edificação que se desejar. Porém a

prática tem mostrado que grandes movimentos de terra originam grandes problemas

60

Page 61: apostila-paisagismo

não só em termos de erosão e estabilidade, como também em termos de perda de

camada fértil do solo.

Solos – O solo fértil do terreno em geral se constitui em uma camada

superficial e relativamente rasa. No processo de modelagem do terreno (cortes e

aterros), é necessário se tomar os devidos cuidados para que essa camada fértil não

seja enterrada embaixo do sub-solo infértil, como freqüentemente acontece. Para isso,

antes de se efetuar o modelado deve-se raspar a camada superficial do solo,

amontoando-a em local onde o terreno não sofrerá alteração. Após executado o serviço

de movimento da terra, espalha-se o solo armazenado na superfície. Em geral aduba-se

esse solo, antes de ser espalhado, com composto orgânico e/ou químico.

Sem solo fértil as plantas não se desenvolvem. Quando ele não existe ou se

perdeu é necessário a compra da terra fértil (terra vegetal), seu preço é elevado e

encarece de modo significativo o total do orçamento no processo de implantação

paisagística. O dimensionamento das covas (a serem preenchidas com terra preparada

para o plantio da vegetação) depende do tipo de terreno encontrado. Em geral variam

em torno de:

Árvores-

Covas de 0.80 x 0.80 x 0.80 m a 1.00 x 1.00 x 1.00 m

Arbustos Altos-

Covas de 0.40 x 0.40 x 0.40 m a 0.60 x 0.60 x 0.60 m

Arbustos baixos

Camada de 0.25 a 0.30 m de profundidade pela extensão do maciço

Forrações e gramados

Camada de 0.10 a 0.20 m de profundidade pela área a ser implantado

Vegetação existente – Sempre que possível a vegetação existente deve ser

preservada, mesmo porque ela pode representara vegetação nativa da região.

Principalmente as árvores adultas, que demoram anos para atingir esse porte e

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Page 62: apostila-paisagismo

dificilmente resistem a transplante. Elas podem sugerir determinados usos para o local

onde se encontram e contribuem decisivamente na aparência inicial do projeto,

enquanto as árvores recém-plantadas ainda forem pouco visíveis.

Nos caso necessários, os arbustos e forrações podem ser deslocados; eles se

adaptam melhor do que as árvores ao transplante. Sua reutilização necessita de

programação antecipada para seu armazenamento, principalmente nos casos onde a

sua remoção é necessária numa época muito anterior ao replante.

Água – A água pode se tornar um recurso cênico importante quando aflora no

solo, quer seja na forma de mina, córrego, lago, rio ou represa. A água se apresenta no

sub-solo em forma de lençol freático. Quando esse lençol é raso, pode afetar as raízes

das espécies que venham a ser plantadas e que não suportam viver em solos

encharcados. Nessa situação é necessária a utilização de plantas específicas,

provenientes de habitats com esse tipo de solo ou que possam adaptar-se a ele.

Ventos – A verificação da direção dos ventos mais freqüentes deve ser

efetuada no local do projeto quando não houver um centro meteorológico na região.

Essa direção pode se afetada por edificações ou forma do relevo do entorno. Para

barrarmos os ventos apenas com vegetações são necessários maciços relativamente

altos e densos que podem ocupar dimensões geralmente incompatíveis com o tamanho

reduzido das área livres do tecido urbano.

Ruídos – Praticamente a vegetação não consegue barrar o ruído do trânsito,

que é mais freqüente no meio urbano. Para minimizarmos o ruído necessitaríamos de

grande volume de massas vegetais, o que ocuparia grande parte do terreno, nem

sempre disponível para esse fim. Considerando-se que existem formas mais eficientes

de minimizar o ruído urbano, a vegetação em geral é pouco utilizada para essa

finalidade específica.

Equipamentos, fluxos e usos próximos – Principalmente nos espaços de

uso público, a existência desses elementos pode influir diretamente no programa, no

zoneamento, e portanto, na distribuição da vegetação:

.Os fluxos de veículos e pedestres, das ruas contíguas ou internas à área,

quando intensos chegam a barrar o espaço. Por outro lado, através desses fluxos as

pessoas também fluirão pelos espaços propostos no projeto.

.Equipamentos como banca de revista, ponto de ônibus, telefone público, caixa

de correio, etc., podem sugerir adensamento ou circulação de pessoas.

62

Page 63: apostila-paisagismo

2- O ZONEAMENTO

O zoneamento é a fase onde se experimentam as diversas possibilidades de

locação dos elementos do programa (inclusive a vegetação) sobre o plano do terreno

existente. Essa localização considerará todos os elementos analisados e diagnosticados

na fase anterior, incluindo as relações de acessibilidade, harmonia e funcionalidade

entre os espaços propostos, o usuário (observador) e a paisagem circundante.

Nos projetos de paisagismo contíguos às edificações existentes ou projetadas,

é fundamental que o zoneamento considere a continuidade espacial entre os espaços

interior e exterior. Obtida através das aberturas do edifício, essa continuidade pode ser

dada em termos de acessibilidade de circulação, ou apenas em termos visuais. Mas ela

sempre implica numa relação compatível de uso entre o espaço interno e o externo.

Assim, a própria concepção arquitetônica e sua respectiva implantação no

terreno devem prever essas relações e dimensionamentos de espaços contínuos.

Infelizmente a própria expressão tão usual “implantar a edificação no terreno”, denota

a prática da concepção arquitetônica desvinculada do terreno e seu entorno.

O zoneamento, às vezes é confundido com as distribuições das funções no

terreno. Sem dúvida, as funções existem e precisam ser especificadas, porém é

necessário que o zoneamento já considere o caráter desses espaços. Não se refere

apenas àquela compatibilidade espacial necessária para o pleno desenvolvimento das

funções: a piscina estar em local ensolarado, locais de sombras nas áreas de estar,

locais relativamente amplos para a prática de jogos, etc. Mas deve-se enfatizar que

entre o local da atividade e o usuário deve existir uma relação de escala que

proporcione bem estar e sugira a sensação adequada para seu uso específico:

aconchego na área da piscina, intimidade na área de estar, proteção nas áreas de

recreação infantil, etc.

Além do zoneamento de funções, devemos nos preocupar com o zoneamento

dos espaços. Assim o dimensionamento das áreas zoneadas deve prever as extensões

necessárias para a locação dos volumes vegetais que delimitarão o espaço pretendido.

O zoneamento dos espaços não deve se prender ao zoneamento das funções, mesmo

porque nem toda a superfície do terreno precisa ser fisicamente utilizada.

Algumas áreas poderão servir como elemento de referência visual e

paisagística. Outras podem ser reservadas como elemento de transição entre espaços

utilitários. Serão espaços de acessos, fechados ou abertos, que podem enfatizar a

sensação obtida na seqüência do deslocamento do transeunte de um lugar para outro,

criando surpresas e aumentando a dramaticidade e a intensidade da percepção da

63

Page 64: apostila-paisagismo

paisagem. Existem ainda aquelas áreas que poderão se prestar para receber a

vegetação destinada a organizar o cenário do observador que estiver à distância.

3- O PLANO DE MASSAS

Na fase do plano de massas, delimitamos e organizamos os espaços livres

pretendidos no zoneamento. Essa fase corresponde a um desenvolvimento e um

aprofundamento da anterior. O projeto do espaço livre, como o próprio nome sugere,

está intimamente ligado com o projeto dos vazios, dessa porção de ar (bolha) cujas

formas, dimensões, luminosidade e seqüência, transmitem determinadas sensações ao

usuário. A delimitação e moldagem dessas bolhas de ar, com maior ou menor

intensidade de fluidez, será feita através dos elementos estruturadores do espaço

urbano, dentre os quais podemos destacar: os volumes vegetais; os volumes edificados

(muros, muretas, paredes e objetos urbanos); pisos processados ou não; elementos

naturais como solo, taludes,pedras, rochas, água, etc.; veículos e até mesmo pedestres

cujo fluxo ou disposição podem delimitar ou mesmo modificar um espaço urbano por

determinado tempo.

. Volumes vegetais-

A vegetação, através do seu volume, é apenas um dentre os elementos

estruturadores do espaço, porém é o único ser vivo que permanece preso ao chão,

contribuindo durante a sua vida para delimitar vazios da paisagem.

A característica de ser vivo, faz com que seus volumes se alterem durante o

ciclo de sua existência, desde o seu nascimento, até atingir a maturidade para

finalmente desaparecer. O volume da vegetação também pode se alterar conforme as

estações do ano, através da floração, frutificação e perda de folhagem.

Assim, trabalhar com a vegetação é trabalhar com o fator tempo e com sua

condição de ser vivo. Essas variáveis são as responsáveis pelas principais diferenças

entre o trabalho de se projetar com ou sem vegetação. No plano de massas, para efeito

de projeto, sempre se considera os volumes vegetais com suas formas e portes

adultos. Porém, não se pode esquecer da avaliação do conjunto desses volumes no

tempo, das diversas fases de desenvolvimento do jardim, pois, como diz Burle Marx:

“o importante é perceber que o jardim, ao contrário da construção, não está concluído,

quando acabamos sua feitura. Nessa hora, ele começará a se desenvolver e atingirá a

plenitude anos mais tarde”...

64

Page 65: apostila-paisagismo

. Planos definidores do espaço

As plantas possuem volumes com porte, forma, textura, cor, densidade de

folhagem, floração e galhos que variam de espécie para espécie. Através desses

volumes vivos, podemos compor e delimitar novos espaços na paisagem. Pode-se dizer

que a vegetação estrutura os 3 planos básicos que definem os espaços:

1º Plano (piso) – através de plantas que forram o chão

2º Plano (vertical de vedação) – cercas vivas – através de arbustos ou árvores

que vedem visuais, em geral elevando a linha do horizonte.

3º Plano (teto) – através da superfície inferior das copas que cobrem o céu

Embora esses planos possam ser organizados e compostos praticamente

apenas de vegetação, em geral eles se apresentam na paisagem urbana de maneira

bastante fluída, formados pela combinação de volumes vegetais e edificados.

. Levantamento Plani-altimétrico

O primeiro passo para a elaboração do esboço será um levantamento plani-

altimétrico do terreno. Ou seja, a preparação de uma planta do terreno medida em

escala (com medidas proporcionais às reais). Além dessas medidas planas, a planta

deve indicar as pequenas oscilações do terreno por meio das curvas de nível, que vão

auxiliar a identificação de áreas mais ou menos planas. Essa planta deverá, ainda,

indicar a face norte do terreno, a fim de permitir a avaliação da incidência da luz e dos

ventos. Outra indicação importante, que se obtém pelo levantamento plani-altimétrico,

são os locais que necessitarão de movimentos de terra, da construção de rampas ou

escadas e da proteção contra a erosão.

As necessidades e os desejos

Em seguida, faz-se uma listagem de tudo o que se deseja ou se precisa para o

local, como um pátio para o lazer ao ar livre, espaço para secagem de roupas, área

recreativa para crianças, áreas sombreadas para o verão, casinha para o cachorro,

piscina, quadras para jogos, etc.

Para cada um desses espaços, estabelece-se o tamanho e o formato

aproximados, e também suas exigências específicas, como a luminosidade, a vista, etc.

Com esses dados se esboça no papel um diagrama que especifique as relações

adequadas entre esses elementos e a casa. Lembre-se de que os dormitórios devem

ficar numa área protegida, quieta e sossegada, e a vista mais bonita deve ser a da área

social. A área de serviço deve ser uma continuidade da cozinha e os varais de roupas

precisam ficar próximos à lavanderia.

A solução dos problemas

Com uma planta diagramática que pareça resolver todos os problemas,

começa-se a fazer um desenho mais detalhado. Hora de tomar decisões importantes:

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Page 66: apostila-paisagismo

que materiais usar, que formato e arranjos é preciso dar a eles; que áreas devem ser

cercadas; qual o tipo de teto; como embelezar o jardim – com plantas coloridas,

texturadas e com belos formatos; como fazer o trabalho de drenagem e irrigação; a

pavimentação; o teto; a iluminação; etc.

Essas múltiplas decisões devem ser tomadas praticamente ao mesmo tempo,

porque cada uma delas exerce certo efeito sobre a maior parte das outras, influindo no

resultado final. Nessa fase do projeto, percebe-se determinados recursos não são

viáveis e que serão necessários muitos acertos para conseguir integrar o conjunto.

Tudo isso é muito mais simples do que pode parecer a primeira vista, e é

importante porque se não satisfaz os desejos do cliente, certamente não se faz um bom

jardim. Por outro lado, o formato e a declividade do terreno, bem como o tamanho e

estilo da construção, são fatores que vão influenciar decisivamente no resultado final.

. O Detalhamento do Plano de Massa

O plano de massas do projeto, que utiliza basicamente a volumetria do vegetal,

para compor e organizar os espaços, é caracterizado quanto à especificação dos

aspectos plásticos:

Folhagem/Floração

Frutificação

Galhos/Raízes

-Florações / Flores

A floração geralmente é visível à distância, ao contrário das flores que

necessitam da aproximação do observador para que perceba as formas, texturas e cor.

Para o observador relativamente distante, a cor é o elemento mais visível da floração. A

cor da floração pode ser o elemento de referência de um jardim.

O planejamento sucessivo das épocas de floração no projeto pode valorizar

espaços diversos em momentos diferentes. Às vezes, a floração é pouco visível, quer

seja pela pequena quantidade, pelo tamanho reduzido ou pela localização das flores na

copa. Em algumas espécies do estrato arbóreo, a floração ocorre na parte superior da

copa, dificultando sua visualização, porém se o observador estiver em nível mais

elevado, terá uma perfeita visão. Dentre as espécies destacam -se: Pau ferro

(Caesalpinia leiostachia)

Guapuruvú (Schizolobium parahybum)

Espatodea (Spathodea campanulata)

-Folhagens / Folhas

Quando se considera a cor no vegetal, tende a pensar apenas na floração;

porém é fundamental considerar no projeto o efeito da coloração da folhagem, uma vez

66

Page 67: apostila-paisagismo

que ela persiste muito mais tempo na paisagem. A coloração da folhagem depende não

só da cor (matiz) ou cores da folhas, mas também de sua pilosidade ou brilho, que

podem refletir a luz através do movimento causado pelo vento.

O estrato arbustivo apresenta uma gama maior de cores e de folhagens do que

o estrato arbóreo. Além de muitas tonalidades de verdes, vermelhos, cinzas e

amarelos, é grande a quantidade de espécies que apresentam várias cores numa

mesma folha. Alguns arbustos de folhagens coloridas (não verdes), quando não

recebem insolação ou luminosidade suficiente, mudam sua coloração, chegando a

esverdear-se. Porém é bom lembrar que existem espécies de folhagens não verdes que

são próprias de ambientes sombrios.

No estrato de forrações também é grande a variedade de cores das folhagens,

principalmente naquelas não passíveis de pisoteio, onde vamos encontrar vermelhos,

cinzas, brancos, verdes diversos, além das folhas manchadas, com tonalidades

variadas. Dentre as gramas que suportam relativo pisoteio, existem espécies de

diferentes tons que vão do verde intenso ao verde claro esbranquiçado.

- Frutificações / Frutos

A frutificação, em geral, não apresenta efeito visual significativo na paisagem,

principalmente para o observador situado à distância ou àquele menos atento. Porém

sua presença é fundamental para a atração de insetos, pássaros e pequenos animais.

Hoje em dia, as frutíferas vêm sendo muito utilizadas nos jardins particulares, em

conjunto com as demais plantas ornamentais. Principalmente as espécies de pequeno

porte (romã, citrus, pitanga, goiaba, jabuticaba).

- Galhagens / Galhos

Os galhos são a estrutura da copa, elementos responsáveis pela sua forma. A

galhagem se apresenta visualmente mais nítida nas espécies de folhas caducas, na

época do inverno, quando fica desnuda. Nessa ocasião, a copa torna-se um biombo

transparente permitindo a visão através do rendilhado dos seus galhos. A expressão

maior da galhagem está na forma do seu conjunto, a qual pode sugerir o efeito de

escultura viva no jardim.

- Caules

Os caules são mais expressivos nas espécies do estrato arbóreo. Eles podem

apresentar texturas interessantes e tonalidades variadas. As cores dos galhos e do

caule em geral são as mesmas, na maioria das vezes marrons, porém algumas espécies

apresentam tonalidades esbranquiçadas, avermelhadas, manchadas e até

esverdeadas.

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Page 68: apostila-paisagismo

- Raízes

Os aspectos plásticos visíveis das raízes podem ser interessantes ao longo do

tempo, embora esses efeitos sejam difíceis de serem previstos no projeto. Algumas

árvores de grandes copas, como as figueiras, desenvolvem raízes a partir dos galhos.

Com o passar dos anos essas raízes ajudam a segurar a copa produzindo efeitos

interessantes.

-Revisando: Levantamentos de dados para elaboração de projeto

A quantidade e o tipo de dados iniciais necessários para elaboração de um

projeto é variável. Depende de fatores como:

Tipo de usos

Abrangência de demanda

Dimensões da área de projeto

Tipo de edificações existentes

Tipo de edificações a ser implantado

Uso de solo do entorno

Densidade da população

Faixa etária dos prováveis usuários

Visita ao local

Compreender o espaço existente (perímetro do terreno)

Compreender o espaço existente (entorno)

Compreensão da paisagem local

Uso do cotidiano da população

Programa de intenções fornecido pelo cliente

Informações plotadas em desenhos

Orientação (norte)

Topografia

Referenciais de acessos

Vegetação existente

Pontos de água

Pontos de luz

Pontos de drenagem

Calçadas do entorno de influência

Plantas da edificação existente

Plantas da edificação a ser implantada

68

Page 69: apostila-paisagismo

9.2- Anteprojeto

Com os dados anteriores, é possível elaborar um anteprojeto. O anteprojeto

consiste na apresentação conceitual e física do problema, com a definição e

distribuição das funções e das áreas de intervenção com seus elementos principais,

naturais, edificados em escala adequada, na forma de desenhos em planta, cortes

esquemáticos e perspectivas.

O anteprojeto vai definir a distribuição espacial e os diversos tipos de lazer:

contemplativo, recreativo, esportivo, cultural e aquisitivo, preocupando-se com os

elementos naturais, construções, materiais de execução, hidráulica (irrigação, fontes,..)

e elétrica ( iluminação, tomadas, interruptores,..).

Distribuição espacial- O primeiro passo é dar uma olhada nas listas de

elementos arquitetônicos e vegetais, destinando uma área para cada item, dentro do

espaço total. Isto é muito importante, até para poder avaliar se, no jardim, cabe mesmo

tudo o que se deseja colocar ali. A princípio pode parecer difícil, mas não é. Se, ao lado

de cada um dos itens da sua lista, anotar a lápis o espaço aproximado que ele ocuparia,

depois é só somar tudo e comparar o total com a metragem do jardim. Aí, o mais

provável é descobrir que falta espaço. Nestas circunstâncias, portanto, seria necessário

rever a sua lista, quem sabe negociando com a família alguns cortes de itens ou

reduções de tamanho.

Vejamos um exemplo. Imagine que a lista original de desejos incluísse uma

piscina bem grande, de uns 12x5 metros. Incluída também uma horta e um pequeno

pomar. Feitas as contas, descobre-se que não cabe tudo. Que fazer? Sacrificar a horta e

o pomar em função da piscina? Sacrificar a piscina em função da horta e do pomar? Ou

contentar-se com uma piscina, uma horta e um pomar de tamanho menor? Estas são

decisões importantes, e que precisam ser tomadas antes de se fazer o projeto

definitivo.

Outra coisa importante:- Normalmente, uma casa costuma ter 5 áreas:

Áreas sociais (salas de estar, jantar, música, jogos, biblioteca,

varanda, etc.)

Áreas de serviço (lavanderia, cozinha, garagem, etc)

Áreas íntimas (os dormitórios e os banheiros); e mais as

Áreas externas de acesso e

Áreas externas de circulação.

69

Page 70: apostila-paisagismo

Em princípio, para que seja funcional e bem integrado, o jardim deveria ser a

extensão natural destas áreas. Portanto, localizar na planta onde se situa cada uma

delas é fundamental. Vale a pena, inclusive, conhecer as medidas das portas e janelas

que dão para o jardim, assim como a altura aproximada da casa, angulação do telhado

e a existência ou não de elementos verticais, tipo chaminés de lareira. Não são itens

obrigatórios, é verdade, mas estes detalhes certamente irão contribuir para a beleza e

funcionalidade do seu jardim.

São necessários vários passos, antes que as plantas ocupem seus lugares

definitivos no jardim. No espaço horizontal, rever listas e redefinir os espaços a serem

ocupados por cada um dos itens. Agora, cabe tudo no jardim? É hora de analisar a

superfície do solo. A topografia do terreno. Se fez o levantamento altimétrico, agora

precisa tomar outras decisões, do tipo não deixar terra nua em um projeto paisagístico,

pois a terra deve receber algum tipo de revestimento, para que sejam evitados

transtornos do tipo lama nos dias de chuva, poeira nos dias secos, e a invasão de ervas

daninhas nos dois períodos. O ideal é que todo o terreno livre seja coberto ou por

plantas – gramados, forrações, canteiros de flores, árvores e arbustos – ou pelo

pavimento da circulação.

Outro cuidado a ser observado aqui, diz respeito ao nivelamento do terreno.

Nivelamento, no sentido de evitar depressões que possam juntar água na hora das

regas e nos dias de chuva. Uma declividade de mais ou menos 5% (cinco centímetros

em cada 1 metro) poderá perfeitamente ser gramada. Declives maiores, por tornarem

difícil o corte da grama, deveriam receber outro tipo de revestimento vegetal. E se

forem bem acentuados, o melhor, talvez fosse criar um projeto de jardim em vários

níveis, com escadas ou rampas de interligação.

Por último, e ainda no que se refere aos cuidados com o espaço horizontal, não

esqueça de fazer com que a água da chuva escorre para uma boca de captação de

águas pluviais, ou para um determinado ponto fora do terreno – neste caso, cuidado

para não prejudicar os vizinhos.

O fechamento lateral- O objetivo da vegetação de fechamento lateral é atuar

como quebra-vento, quebra-ruídos, quebra-luz e, principalmente, assegurar a

necessária privacidade para você e os seus vizinhos. Além disso, do ponto de vista

estético, funciona como cortina, ou pano de fundo, destacando as demais plantas. É

evidente que o fechamento lateral não precisa necessariamente ser constituído de

plantas. .

70

Page 71: apostila-paisagismo

Checagem do anteprojeto- Antes de começar a distribuição das plantas,

tenha um pouquinho mais de paciência e faça uma checagem geral, certificando-se

pelo menos dos seguintes itens:

Não reserve espaço para árvores de grande porte muito perto da casa.

O sistema radicular da árvore pode acabar rachando pisos próximos e até

comprometer o alicerce. Além disso, as folhas secas costumam entupir

calhas e algum galho, se cair, poderá fazer estragos no telhado.

Cuidado, sobretudo, com as palmeiras imperiais. Depois de adultas,

cada uma das folhas mede cerca de 8 metros de comprimento. Portanto,

nada de planta-las a menor de 10 metros de distância da casa.

A menos que se utilize lajes de pedra ou placas de concreto, colocadas

a espaços regulares através de um gramado, caminhos e áreas de

circulação devem ter, no mínimo, 80 centímetros de largura. Se possível,

faça canaletas na beirada destes caminhos, de modo a funcionarem

como escoadouro para as águas das chuvas.

O espaço destinado a canteiros floridos deve, preferencialmente, ser

deixado em local que possa ter destaque, quando visto de dentro das

áreas mais nobres da casa.

Evite canteiros com formas geométricas rígidas. O traçado deles, é

verdade, muitas vezes é definido pela área de circulação. Neste caso, se

por um lado deve-se evitar a rigidez geométrica, por outro não convém

abusar das curvas aleatórias.

Não se preocupe muito em perseguir a chamada simetria. Formas

simétricas são mais apropriadas para grandes jardins.

Jardineiras de alvenaria devem ter, no mínimo, 40 centímetros de

largura por 60 cm de profundidade (dimensões internas).

Evite utilizar plantas tóxicas ou espinhosas em locais de fácil alcance

pelas crianças.

Não exagere na utilização de elementos decorativos, como estátuas e

fontes. A menos que o seu jardim seja mesmo muito grande, a profusão

de elementos decorativos tenderá a fazer com que ele fique parecendo

um show-room de fabricante. A propósito, cuidado também com o senso

de proporção. Um elemento decorativo muito pequeno num espaço

71

Page 72: apostila-paisagismo

grande, desaparece. Muito grande num espaço pequeno, tende ao

ridículo.

Tudo agora está devidamente checado, é hora de colocar as plantas e os

materiais de paisagismo, bem como as instalações elétricas, hidráulicas, drenagem,

equipamentos, construções, enfim todos os itens que farão parte do projeto final.

9.3- Projeto Executivo

Seguidos todos os itens anteriores, o anteprojeto estará pronto. É hora da

análise final. Antes de começar a executar o projeto, o ideal seria apresenta-lo à todas

as pessoas envolvidas. Desde o eletricista e o encanador, até o arquiteto e o

engenheiro – se a casa ainda não estiver pronta. É importante apresenta-lo,

principalmente, às pessoas da família que vão usufruir do jardim. Só depois de passar

por este crivo, deve-se partir para a fase seguinte: o chamado projeto executivo.

O projeto executivo nada mais é, que tudo o que foi feito até aqui, passado a

limpo. Em outras palavras, compreende os desenhos, cortes, detalhamentos e

memoriais descritivos, desenvolvidos com base no anteprojeto aprovado. Por isso

mesmo deve, obviamente, ser o mais claro e objetivo possível, para reproduzir com

toda a fidelidade, na prática, o que foi idealizado no papel.

Quando se trata de trabalhos executados por profissionais de paisagismo, na

verdadeira acepção da palavra, o projeto executivo é formado por diversas partes:

Arquitetura: apresentação de uma ou várias pranchas, ilustrando e locando

em escala os elementos arquitetônicos. Nestas plantas, são colocadas as medidas e as

cotas que vão definir a localização perfeita dos canteiros, passeios, fontes, espelhos

d’água, edificações, etc.

Engenharia civil: também é uma matriz, constituída de uma ou várias

pranchas, com soluções matemáticas para a execução planejada nas plantas de

arquitetura. Nestas plantas da engenharia civil, são detalhados todos os itens

referentes às fundações, estruturas e cobertura das edificações, bem como os detalhes

construtivos dos demais equipamentos, tipo pérgulas, fontes e espelhos d’água.

Altimetria: se na fase do anteprojeto foi decidido faze cortes ou aterrar o

terreno, esta é a planta que vai orientar todos os serviços de terraplenagem. É ela,

inclusive, que vai estabelecer o sistema de escoamento de água da chuva, para evitar

os empoçamentos.

72

Page 73: apostila-paisagismo

Hidráulica: é nesta planta que se determina tudo relacionado com a água.

Desde a localização – e o ramal de alimentação – de uma simples torneira, até um

eventual sistema de irrigação por aspersores, passando pelas fontes e cascatinhas. É

neste projeto que são anotados os locais por onde passarão os tubos de água, incluindo

o diâmetro destes canos, o tipo de aspersor e a potência das bombas, se for o caso.

Elétrica: trata-se do projeto que ilustra a disposição das luminárias, refletores,

tomadas de força e, inclusive, alto-falantes, se existir projeto de sonorizar o jardim.

Botânica: o projeto botânico, como não poderia deixar de ser, vai dar o toque

final ao projeto executivo de paisagismo. Em rigor, divide-se em três partes:

1 – Prancha ilustrada: é a planta que o jardineiro usará para executar o jardim.

Por isso mesmo, precisa definir com clareza a exata localização das árvores, palmeiras,

arbustos, canteiros de plantas rasteiras e áreas gramadas. Nela, para facilitar a leitura

visual do projeto, cada tipo de planta tem uma representação gráfica distinta. Assim,

uma árvore terá uma representação, e uma palmeira outra. Um arbusto é desenhado

de um modo, uma trepadeira de modo distinto.

2 – Memorial botânico: é a relação das plantas que serão usadas, e as

quantidades de cada uma. Quando bem feita, esta lista acompanha outras informações,

como porte e diâmetro da copa, época e cor do florescimento, espaçamento

recomendado, além das exigências de solo, regas e luminosidade de cada planta. É

grande a importância do memorial botânico, na medida em que é ele que orienta a

aquisição das mudas. Por isso mesmo, idealmente, neste memorial deve constar

também a altura aproximada das plantas quando da aquisição.

3 – Manual técnico de implantação e manutenção: explica como a terra deverá

ser corrigida e enriquecida, e também o tamanho das covas que receberão as árvores e

palmeiras. Expõe, passo a passo, todos os tópicos que deverão ser seguidos para a

manutenção do jardim. Ou seja, época de adubação, de poda, de revolvimento da terra,

etc. Inclui, também, orientações para a eventualidade das plantas serem atacadas por

pragas e doenças. Enfim, é o manual técnico de implantação e manutenção que fecha

com chave de ouro um projeto paisagístico.

9.4- Memoriais

73

Page 74: apostila-paisagismo

É a relação qualitativa e quantitativa das espécies vegetais a serem

utilizadas no projeto, orientando também quanto a tamanho, cuidados, aquisição e

distribuição das mudas no ato do plantio.

Memorial botânico refere-se à relação da quantidade e da qualidade das

espécies vegetais a serem usadas no projeto, orientando no processo de aquisição e de

distribuição das mudas no ato do plantio. Poderá ser feito sob a forma de tabela ou sob

a forma descritiva. Quando elaborado sob a forma de tabela, essa poderá estar

apresentada no Projeto Botânico, ou no Memorial Descritivo, conforme a maneira de

trabalhar do paisagista. Contudo, quando elaborado sob a forma descritiva, essa

somente poderá ser apresentada no Memorial Descritivo. O Memorial Botânico deve

conter: Nomes científicos e comuns das plantas planejadas; Área (m2) ocupada por

cada espécie; Área total ocupada pelo conjunto de cada espécie (no caso de canteiros,

grupos); Espaçamento de plantio da espécie; Quantidade, porte (m), embalagem de

comercialização e coloração das mudas; Outras informações a respeito das mudas

usadas no projeto, com o objetivo de facilitar a compra e a identificação das plantas.

O Memorial Descritivo é um documento muito importante e que deve ser

apresentado ao cliente, sendo útil durante a execução e a manutenção do jardim.

Consiste em um texto explicativo com o objetivo de dar uma idéia geral sobre a

concepção do jardim. O que não for possível colocar sob a forma de desenhos, o

paisagista deverá colocar sob a forma descritiva nesse memorial.

O Memorial Descritivo refere-se a um relatório contendo a descrição das

informações de ordem natural e social, bem como as especificações técnicas dos

materiais e dos vegetais usados. Deve ser claro, sem perdas de detalhes, contendo:

Capa; Cabeçalho: com as informações do carimbo das pranchas: Nome do cliente;

Endereço do local de execução; Tipo do projeto; Nome e CREA do projetista; Escala

utilizada e Data de realização do projeto. Apresentação: relato do tipo de projeto e suas

características, os problemas a serem solucionados, os objetivos e justificativas do

projeto. Os critérios usados para a elaboração do projeto também são mencionados,

correlacionando o estilo, o ambiente (paisagem e clima), as necessidades e os desejos

dos proprietários; Caracterização da área: Localização: endereço, cidade, estado,

coordenadas geográficas; Dimensões: área do terreno a ser ajardinado; Clima:

definição das características climáticas do local de implantação do projeto; Tipo de

solo: definido a partir de análises químicas e físicas; Características do terreno:

referem-se, principalmente, à topografia, definida de acordo com o levantamento

topográfico da área; Outras características que o paisagista achar relevante.

Características vegetais: discriminação da paisagem da região e das espécies vegetais

existentes na área (quando for o caso), por observação do local ou com base em

documentos, textos ou ainda informações verbais. Outros elementos existentes

também deverão ser levantados e descritos; Informações sobre a construção de

74

Page 75: apostila-paisagismo

estruturas físicas: elaboradas por um profissional especializado, discriminando detalhes

da construção da estrutura planejada, descrevendo com justificativas quando for

necessário. A relação de materiais, bem como as instruções para a implantação,

também devem ser apresentados neste memorial; Memorial botânico ou Lista de

espécies: esse item constitui o Memorial Botânico, constando da lista e da

caracterização das espécies utilizadas. Contudo, esse memorial poderá ser apresentado

na forma de tabela no Projeto Botânico, e não aqui no Memorial Descritivo; Orçamentos

e Cronograma de atividades: da mesma maneira que o memorial botânico, as tabelas

dos orçamentos e o cronograma de atividades também poderão estar anexadas nesse

documento.

REFERÊNCIAS

CULLEN, Gordon. Paisagem urbana. São Paulo: Martins Fontes,1983.FRANCO, Maria De Assuncao Ribeiro.Desenho ambiental: uma introducao a arquitetura da paisagem com o paradigma ecologico.1.ed. Sao Paulo : Annablume, 1997. 223p.KLIASS, Rosa Grena, ZEIN, Ruth Verde.Rosa Kliass: desenhando paisagens, moldando uma profissao.1.ed. Sao Paulo : Senac, 2006. 221p.JELLICOE, Geoffrey, JELLICOE, Susan.El paisaje del hombre: la conformacion del entorno desde la prehistoria hasta nuestros dias.1.ed. Barcelona : Gustavo Gili, 1995. 408p.LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes Moreira.Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbaceas e trepadeiras.3.ed. Nova Odessa : Plantarum, 2001. 1088p.SPIRN, Anne Whiston.O jardim de granito: a natureza no desenho da cidade.1.ed. Sao Paulo : EDUSP, 1995. 345p.

75

Page 76: apostila-paisagismo

ZACHARIAS FILHO, Fauze.Vegetacao e paisagismo : especificacoes da edificacao escolar de primeiro grau.1.ed. Sao Paulo : F D E, 1990. 141p.

Bibliografia ComplementarBARRA, Eduardo. Paisagens úteis: escritos sobre paisagismo. São Paulo: Mandarim, 2006. LEENHARDT, Jacques , Org. Nos jardins de Burle Marx. São Paulo: Perspectiva, 1996. LYALL, Sutherland. Landscape: diseno del espacio publico, parques, plazas, jardines. Barcelona: Gustavo Gili, 1991 SCHROER, Carl Friedrich, ENGE, Torsten Olaf. Garden architecture in Europe: 1450-1800. Germany: Benedikt Taschen, 1992. SERRA, Geraldo. O espaço natural e a forma urbana. São Paulo: Nobel, 1987.

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OBS: Todos os livros acima estão disponíveis na Biblioteca.

Agosto/2010

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