APOSTILA NÍVEL BÁSICO LARANJA - 9ª Edição, Junho / 2020
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APOSTILA NÍVEL BÁSICO – LARANJA
- 9ª Edição, Junho / 2020 -
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SILVIO ACÁCIO BORGES
Presidente da Confederação Brasileira de Judô - CBJ
JOSÉ OVÍDIO DUARTE DA SILVA
Presidente da Federação de Judô do Mato Grosso do Sul - FJMS
LINCOLN SILVA CRISTÓVÃO
Presidente da Associação Pantanal Esportes - APE
LINCOLN SILVA CRISTÓVÃO
Graduado em Educação Física / CREF: 5059 – G/MS
Especialista em Treinamento de Lutas / 2016
Especialista em Educação Especial e Inclusiva / 2018
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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 4
1.1 História do Judô.................................................................................................... 4
1.2 Criação do Judô e do Instituto Kodokan............................................................... 4
1.3 Código Moral......................................................................................................... 5
1.4 Judô como esporte olímpico................................................................................. 5
1.5 Jigoro Kano........................................................................................................... 5
1.6 A Introdução do Judô no Brasil............................................................................. 6
1.7 Criação da Confederação Brasileira de Judô....................................................... 7
1.8 Relação dos presidentes da CBJ.......................................................................... 7
2. O JUDÔ NA DEFESA PESSOAL....................................................................................... 8
3. APRESENTAÇÃO.............................................................................................................. 9
3.2 Fundamentação histórica.................................................................................... 11
3.3 Regulamentação para outorga de faixas............................................................ 12
3.2.1 Finalidades....................................................................................................... 12
3.2.2 Generalidades.................................................................................................. 13
4. DA RESPONSABILIDADE DE OUTORGA DE FAIXAS E GRAUS................................. 16
4.1 Condições para exames de faixas e graus......................................................... 18
4.2 Programas para exames das diferentes faixas e graus...................................... 18
5. EXAME FAIXA LARANJA................................................................................................ 19
6. BIBLIOGRAFIA................................................................................................................. 33
1. INTRODUÇÃO
1.1 História do Judô
O estilo Takenouchi-ryu fundado em 1532 é considerado a origem do estilo Ju-Jutsu japonês. O
judô é derivado do Ju-Jutsu, uma arte que serve tanto para atacar quanto para defender usando
nada mais que o seu próprio corpo.
1.2 Criação do Judô e o Instituto Kodokan
Durante anos, o jovem Jigoro Kano, professor de educação física, se dedicou a fazer um estudo
completo sobre as antigas formas de autodefesa e, procurando encontrar explicações científicas
aos golpes, baseadas em leis de dinâmica, ação e reação, selecionou e classificou as melhores
técnicas dos vários sistemas de Ju-jutsu em um novo estilo chamado de Judô, ou "caminho
suave" - Ju (suave) e Do (caminho ou via).
Em 1882, o mestre Kano fundou o Instituto Kodokan. O termo Kodokan se decompõe em ko
(palestra, estudo, método), do (caminho ou via) e kan (Instituto). Assim, significa "um lugar para
estudar o caminho", o que explica muito bem a intenção do fundador da arte. Além de tornar o
ensino da arte marcial como um esporte, Jigoro Kano desenvolveu uma linha filosófica baseada
no conceito ippon-shobu (luta pelo ponto perfeito) e um código moral. Assim, ele pretendeu que
a prática do Judô fortalecesse o físico, a mente e o espírito de forma integrada.
Com seu trabalho, Jigoro Kano conseguiu criar uma modalidade que não se restringe a homens
com vigor físico, se estendendo a mulheres, crianças e idosos, de qualquer altura e peso.
1.3 Código Moral
Visando fortalecer o caráter filosófico da prática do judô e fazer com que os praticantes do judô
crescessem como pessoas, o mestre Jigoro Kano idealizou um código moral baseado em oito
princípios básicos:
- Cortesia, para ser educado no trato com os outros;
- Coragem, para enfrentar as dificuldades com bravura;
- Honestidade, para ser verdadeiro em seus pensamentos e ações;
- Honra, para fazer o que é certo e se manter de acordo com seus princípios;
- Modéstia, para não agir e pensar de maneira egoísta;
- Respeito, para conviver harmoniosamente com os outros;
- Autocontrole, para estar no comando das suas emoções;
- Amizade, para ser um bom companheiro e amigo.
1.4 Judô como esporte olímpico
Prosseguindo com a organização da Kodokan e buscando aprovar os regulamentos do Judô,
Mestre Kano tornou-se o primeiro membro asiático do Comitê Olímpico Internacional em 1909 e
trabalhou para a propagação do esporte no mundo todo. O Judô passou a fazer parte do
programa olímpico oficialmente nos Jogos de Tóquio em 1964.
1.5 Jigoro Kano
Ao longo de sua vida, Jigoro Kano alcançou o doutorado em Judô, uma graduação equivalente
ao 12º Dan, honraria concedida apenas ao criador do esporte. Ele trabalhou constantemente
para garantir o desenvolvimento do atletismo e do esporte japonês de uma maneira em geral e,
como resultado de seus esforços, muitas vezes é chamado de "Pai dos Esportes Japoneses”.
Em 1935, ele foi premiado com o prêmio Asahi por sua excepcional contribuição para a
organização do esporte no Japão durante sua vida.
1.6 A introdução do Judô no Brasil
A imigração japonesa foi o fator mais importante para o surgimento do judô no Brasil. A influência
exercida por lutadores profissionais representantes de diversas escolas de ju-jutsu japonês
também contribuiu para o desenvolvimento do judô. O início do judô no Brasil ocorreu sem
instituições organizadoras. Apenas na década de 1920 e início dos anos 1930 chegaram ao
Brasil os imigrantes que conseguiram organizar as práticas do judô e kendô no país. Em São
Paulo, destaque para Tatsuo Okoshi (1924), Katsutoshi Naito (1929), Tokuzo Terazaki (1929 em
Belém e 1933 em São Paulo), Yassuishi Ono (1928), Sobei Tani (1931) e Ryuzo Ogawa (1934).
Takaji Saigo e Geo Omori, ambos com vínculo na Kodokan, chegaram a abrir academias em
São Paulo na década de 1920, porém, essa atividade não teve continuidade. Na década de 1930
Omori foi instrutor na Associação Cristã de Moços no Rio de Janeiro e, posteriormente, se
radicou em Minas Gerais. No norte do Paraná, nas cidades de Assaí, Uraí e Londrina, o judô deu
seus primeiros passos com Sadai Ishihara (1932) e Shunzo Shimada (1935). Os primeiros
professores a chegarem ao Rio de Janeiro, foram Masami Ogino (1934), Takeo Yano (1931),
Yoshimasa Nagashima (1935-6 em São Paulo e 1950 no Rio de Janeiro) e Geo Omori, vindo de
São Paulo (1930 aproximadamente).
A chegada dos primeiros professores-lutadores também deixou o seu legado. Dentre os
pioneiros se destacaram, Mitsuyo Maeda e Soishiro (Shinjiro) Satake, alunos de Jigoro Kano.
Eisei Mitsuyo Maeda, também chamado Conde Koma, chegou ao Brasil em 14 de novembro de
1914, entrando no país por Porto Alegre. Junto com ele chegaram Satake, Laku, Okura e
Shimisu. Em 18 de dezembro de 1915 a trupe de lutadores chegou a Manaus, mas antes disso
rodou o Brasil em demonstrações e desafios. Conde Koma se radicou em Belém do Pará, em
1921, enquanto Satake ficou em Manaus, onde ministrava aulas no Bairro da Cachoeirinha ainda
na década de 20. Maeda fundou sua primeira academia de judô no Brasil no Clube do Remo,
bairro da cidade velha. A contribuição dos imigrantes japoneses que divulgaram o judô parece
ter sido mais importante do que a contribuição de Conde Koma, e seus companheiros lutadores.
Da chegada do Kasato Maru ao Brasil (1908) até a Segunda Guerra Mundial, os nomes e as
práticas se confundiam. Encontra-se na literatura judô, jiu-do, jujutsu, jiu-jitsu e ainda jiu-jitsu
Kano, muitas vezes para designar a mesma prática. A institucionalização do esporte, inicialmente
organizada pela colônia japonesa, depois sob o controle da Confederação Brasileira de
Pugilismo e finalmente a criação da Confederação Brasileira de Judô foram os passos para a
diferenciação das práticas de luta e a organização do judô no país.
1.7 A Criação da Confederação Brasileira de Judô
A primeira instituição a ‘coordenar’ o desenvolvimento do judô kodokan no Brasil foi a Ju-kendo-
Renmei a partir de 1933 em São Paulo e 1937 no Paraná. A partir do ingresso do judô como
modalidade olímpica nos Jogos de Tokyo em 1964, passaram-se a se organizar as instituições
federativas do judô brasileiro. A Confederação Brasileira de Judô foi fundada em 18 de março de
1969, sendo reconhecida em 1972, quando o Brasil conquistou a primeira medalha olímpica. A
partir de 1984 o país estabeleceu uma tradição vitoriosa em Jogos Olímpicos, conquistando
medalhas em todas as edições. Com federações nos 27 estados e mais de um milhão de
praticantes, o judô assumiu, em 2012, a posição de esporte brasileiro com maior número de
medalhas em edições dos jogos olímpicos. Além da tradição vitoriosa a CBJ possui uma estrutura
moderna e organizada, proporcionando a seus atletas, treinadores e demais membros das
comissões técnicas uma excelente estrutura de treinamentos e competições. Desta forma captou
grande número de apoiadores e patrocinadores, já que sua marca é confiável e vitoriosa. O
Campeonato Mundial de Judô foi realizado no Brasil em 1965, 2007 e 2013.
1.8 Relação de Presidentes da CBJ
1969 - 1979 - Augusto de Oliveira Cordeiro
1980 - 1981 - Miguel Martins Fernandez
1982 - 1984 - Sérgio Adib Bahi
1985 - 1990 - Joaquim Mamede de Carvalho e Silva
1991 - 2000 - Joaquim Mamede de Carvalho e Silva Júnior
2001 – 2016 - Paulo Wanderley Teixeira
2017 – Silvio Acácio Borges
(Atualmente os mandatos da CBJ são de 04 anos, porém já ocorreram mandatos de 2 e 3 anos
no período de 1969 a 1990.)
2. O JUDÔ NA DEFESA PESSOAL
Em 1888 a Policia Metropolitana de Tóquio – Japão realizou a 2ª competição para escolher o
sistema marcial a ser adotado, sendo que na primeira competição o Judô Kodokan, já havia
vencido. Após uma segunda vitória, o Judô passou a ser praticado até os dias de hoje.
Em 1951, os Estados Unidos e o Japão assinam um tratado de segurança que iria modificar o
Judô para sempre. O Kodokan foi fechado por se tratar de uma academia militar, sendo que após
muitas reuniões ficou decidido que o Kodokan poderia ensinar o Judô esportivo, se tornando
esporte olímpico em 1964.
Mas antes dessas mudanças a defesa pessoal sempre foi treinada na Kodokan e lutadores de
Judô rodaram o mundo para divulgar essa arte marcial, e é claro, faziam isso através de desafios
a outros lutadores representantes de outras artes marciais. Para isso foi criado em 1906 o kime-
no-kata (formas de decisão), sendo que também foi criado o Seiryoku-zen’yo-kokumin-taiiku–no-
kata (Educação física nacional baseada no princípio da eficácia máxima) em 1880, composta de
técnicas de atemi-waza com princípios básicos de chute e soco, as quais lembram muito o karatê.
Em 1956, foi criado um kata com formas modernas de autodefesa (Goshin-jutsu-no-kata), foram
reunidos 21 (vinte e um) mestres na Kodokan, sendo que esse kata é composto por técnicas de
defesa pessoal: projeções, chaves de braço, socos e chutes, defesa contra-ataques armados e
desarmados. Também foi criado Joshi-Goshinho e o Kime-Shiki, que foram criados pelo filho de
Jigoro Kano (Jiro Nango), os quais são técnicas de defesa pessoal feminina.
O Exército dos Estados Unidos teve como introdutor do Judô o Capitão Allan Corstorphin Smith,
que em 1916, recebeu a sua faixa preta da Kodokan, sendo que em 1917 lança o livro "The
Secrets of Jujitsu, A Complete Course in Self Defense", nele está contido apenas o Goshin-jutsu
(defesa pessoal) e o Kime-no-kata (formas de decisão), técnicas essas usadas por policiais de
todo o mundo. Apesar do nome "Os segredos do Jiu-jitsu", o livro é baseado no Judô da Kodokan,
mesmo por que nesse momento histórico o Judô era conhecido no ocidente como "Kano Ju-
jutsu". Assim, observa-se a presença do judô na policia japonesa, exercito americano, e em
nosso Estado até então como esporte olímpico e em disciplinas que abordam as lutas na
graduação. Mostrando assim que na contemporaneidade ainda não é utilizada como disciplina
titular da defesa pessoal em cursos de formação na policia civil. Entretanto, sabe-se que são
utilizadas apenas duas técnicas de judô.
Atualmente a Guarda Nacional Republicana, através de sua Academia Militar, que é um
estabelecimento de ensino superior público militar, em Lisboa, Portugal, é responsável pela de
formação de Oficiais, sendo que a formação dos Sargentos e Guardas fica a cargo de outro
estabelecimento. Mesmo assim nas três formações tem existe em sua grade curricular a
disciplina “Uso da força”, com a matéria “Formação em defesa pessoal na guarda nacional
republicana”, na qual o judô aparece como uma das artes marciais que são ministradas ao longo
da formação. Assim no 2º (segundo) ano de formação, de acordo com Ferrão (2013, p.21): No
que se refere ao CFO (Curso de formação de Oficiais), é esta formação ministrada pela
Academia Militar, formação essa que é multidisciplinar, composta de uma disciplina de Esgrima
ministrada no primeiro ano de frequência deste curso, Judô no segundo ano, Boxe no terceiro
assim como uma disciplina de Combate Corpo a Corpo (CCC), sendo esta última lecionada com
base no Manual de Combate Corpo a Corpo do Exército, não existindo uma disciplina de Defesa
Pessoal.
3. APRESENTAÇÃO
Os princípios educacionais que inspiraram o Prof. Jigoro Kano quando da idealização do Judo,
faziam parte do seu plano grandioso de desenvolver e promover a Educação Física por meio
dessa modalidade esportiva. Seu desejo era formar seres humanos fortes, sadios e úteis a
sociedade.
Seu método explora a riqueza real e simbólica do combate corpo a corpo, fundamentado em
uma educação harmônica unindo as culturas: Intelectual, moral e física.
Para o Prof. Jigoro Kano o corpo e um instrumento a serviço do individuo, com o objetivo de
contribuir na sua formação integral por meio dos aspectos; Biológicos (desenvolvimento
harmonioso do corpo e a eficiência em combate), psíquicos (formação do espírito e do caráter)
e sociais (convívio afetivo e em sociedade).
A transmissão televisiva das competições, como os Campeonatos Mundiais, Jogos Olímpicos e
outros eventos, tornou-se um fator preponderante para sua popularização, despertou o interesse
pela modalidade, contribuindo assim para que o Judo se tornasse conhecido no mundo inteiro e,
segundo a Federação Internacional de Judo (FIJ), aproxima-se de 200 (duzentos), o numero de
países onde ele e praticado.
Ha cerca de dez anos, iniciou-se no Japão o movimento de conscientização da necessidade de
se voltar às origens do Judo, com objetivo de resgatar os valores históricos e culturais como
também dos processos pedagógicos de ensino do Judo inseridos no contexto da formação do
cidadão integro através da sua pratica. A FIJ, órgão Maximo na gestão do judo mundial,
consciente da sua responsabilidade, tem tomado medidas para o resgate da essência do judo e,
a mais importante, foi à alteração na regra de competição implantada em 2010 onde a verdadeira
técnica característica do judo foi priorizada, em detrimento daquela que vinha sendo adotada em
total desacordo com as raízes do nosso esporte.
Diante dessa realidade, a Comissão Nacional de Graus realizou um profundo estudo visando a
reformulação no Regulamento de Exame e Outorga de Faixas e Graus da Confederação
Brasileira de Judo com a intenção de resgatar e preservar estes valores históricos e culturais,
como também os valores éticos e morais no ensino do Judo. Junto a isso, houve uma grande
preocupação de que estes valores sejam transmitidos de forma pedagógica para que possam
ser preservados e passados de geração a geração.
Desta forma o Judo poderá continuar desfrutando da credibilidade que conquistou junto à
sociedade como um desporto educativo de suma importância no desenvolvimento físico e na
formação do caráter dos jovens, mantendo ainda o reconhecimento como desporto de
competição já consagrado em Olimpíadas, Mundiais e outros eventos internacionais.
Foi baseado nestes princípios e com o objetivo de atingir estes propósitos que a Comissão
Nacional de Graus da CBJ formulou estes novos critérios de avaliação dos conhecimentos
pertinentes a progressão de Faixas e Graus.
O presente Regulamento foi elaborado pela Comissão Nacional de Graus com base no anterior
Regulamento de Outorga de Graus e Faixas da CBJ e no documento “Dan Ranks and Grades”
da Federação Internacional de Judo (FIJ), que expõe as regras internacionais em vigor desde
2011.
Quanto à ortografia das palavras japonesas, procurou-se seguir a origem dos termos com a grafia
redigida próximo a língua oriental. Para tanto, os termos estrangeiros foram colocados em itálico.
Como exemplo, o termo “gi” em japonês (como em judo gi) se lê “gui”; o “s” (como em Osaekomi)
se lê “ss” (“Ossaekomi”); o “chi” (como em tachi) se lê “ti”.
3.1 Fundamentação Histórica
O sistema de graduação em Judo foi idealizado pelo Prof. Jigoro Kano e os primeiros judocas
que receberam de suas mãos o 1° Dan de faixa preta foram Tsunejiro, Tomita e Shiro Saigo em
1883. Yoshiaki Yamashita foi o primeiro a ser promovido a 10° Dan por Jigoro Kano em 1935.
Entre os 10 primeiros que obtiveram o 10° Dan, praticaram em media 58 anos para alcançar
essa graduacao.
Para a graduacao superior dos seus alunos o Prof. Jigoro Kano sempre teve a preocupação com
a conduta moral, intelectual e a eficiência da técnica em combate, pois seus primeiros graduados
tiveram a missão de difundir o Judo pelo mundo.
Jigoro Kano se preocupava com a Educação por meio da pratica do Judo e propagou ao mundo
a importância desse aspecto na orientação dos praticantes.
Em 1895 criou o Go Kyô e organizou uma sequência pedagógica para o ensino do Judo, que
depois foi revisada em 1908 e 1920 e atualizada com poucas modificações em 1982 e 1997.
Em 1930 indicou o Prof. Seizaburo Yamamoto para iniciar estudos científicos sobre “posturas
em Judo” que relacionava a postura com a forca da gravidade.
Em 1932 no Instituto Kodokan foi formado o comitê medico do Judo, que em 1948 passou a ser
denominado de “Conselho de Estudos Científicos sobre o Judo”, publicando periodicamente,
relatórios, estudos e pesquisas cientificas. E notória a dimensão educativa do Prof. Jigoro Kano,
como Professores que somos, temos a obrigação em dar continuidade a esse trabalho educativo
e social.
Como diz o Projeto “Renascença do Judo” do Instituto Kodokan e Federação Japonesa de Judo,
“não se pode reduzir o sucesso alcançado pelo Judo ao fascínio que ele causa, devemos sim,
voltar aos ensinamentos contidos nas lições do mestre Jigoro Kano, objetivando a educação
humana, ou seja, o aperfeiçoamento humano em beneficio da sociedade”.
3.2 Regulamento para exame e outorga de faixas e graus
3.2.1. Finalidades
Art. 1º - O presente Regulamento estabelece normas para realização de exames de promoção,
outorga e controle de faixas e graus do Judo no Brasil a serem seguidas pelas Federações
filiadas a Confederação Brasileira de Judo.
Parágrafo único - As regras estabelecidas neste documento são as únicas reconhecidas pela
CBJ.
Art. 2º - A formação do CONSELHO NACIONAL DE GRAUS (CNG) e uma atribuição da CBJ,
que indica seu presidente, em conjunto com as Federações estaduais cujos membros são
escolhidos através de votação.
Parágrafo único - O CNG tem como objetivo:
- Estudar e propor os critérios e atribuições regulamentares das diferentes graduações em
território nacional, estando de acordo com as determinações da FIJ;
- Coordenar o processo de graduação das Federacoes estaduais;
- Examinar os pedidos de graduação enviados pelas Federacoes estaduais, bem como enviar
ao Comitê Executivo da Federação Internacional de Judo (FIJ), quando cabível;
- Validar os processos de exame das Federacoes estaduais e homologar, quando julgado
favorável, as promoções realizadas;
- Avaliar todas as questões concernentes ao processo de graduação a nível nacional e, quando
aplicável, internacional;
- Apresentar propostas para eventos nacionais relacionados ao processo de desenvolvimento
técnico, moral, ético e filosófico, eixos fundamentais do processo de graduação.
3.2.2. Generalidades
Art. 3º - De acordo com os níveis de aquisição dos conhecimentos históricos, filosóficos, os
princípios do espírito do Judo, domínio e habilidades na execução das técnicas, e ainda a
contribuição na divulgação e progresso do Judo, aos praticantes será autorizado usar as faixas
nas cores conforme sequência abaixo:
§ 1º - Para as promoções abaixo, será necessário atender aos critérios de idade e carência em
conjunto.
BÁSICO
Faixa Graduação Idade mínima Carência mínima
BRANCA INICIANTE -------------------------- --------------------------
BRANCA / CINZA 11º KYU 4 ANOS 3 MESES*
CINZA 10º KYU 5 ANOS 3 MESES*
CINZA / AZUL 9º KYU 6 ANOS 6 MESES*
AZUL 8º KYU 7 ANOS 6 MESES*
AZUL / AMARELA 7º KYU 8 ANOS 6 MESES*
AMARELA 6º KYU 9 ANOS 6 MESES*
AMARELA / LARANJA 5º KYU 10 ANOS 12 MESES*
* Carência mínima exigida pela CBJ, na graduação anterior.
2º - Nas faixas em duas cores, (citadas acima) devera ser colocada em suas extremidades a cor
da faixa seguinte, obedecendo ao limite de 20 cm a 25 cm em cada uma das extremidades.
§ 3º - Nas faixas básicas e intermediarias, se for necessário, poderá ser colocado no máximo
quatro tiras em uma de suas extremidades.
INTERMEDIÁRIO
Faixa Graduação Idade mínima Carência mínima
LARANJA 4º KYU 11 ANOS 12 MESES**
VERDE 3º KYU 12 ANOS 12 MESES**
ROXA 2º KYU 13 ANOS 12 MESES**
MARROM 1º KYU 14 ANOS 12 MESES**
** Carência mínima de tempo e idade completos, exigida pela CBJ, na graduação anterior.
§ 4º - Para os praticantes acima de 16 anos não será exigido a sequência nem a carência nas
faixas básicas.
§ 5º - Recomenda-se o registro dos praticantes junto a sua federação de origem a partir da faixa
branca ou quando realizar sua primeira graduação, respeitando os critérios de idade e carência
mínimas contemplados nas tabelas acima.
GRADUADO
Faixa Graduação Idade mínima Carência mínima
PRETA 1º DAN 16 ANOS
> 20 ANOS
2 ANOS**
1 ANO**
PRETA 2º DAN 20 ANOS 4 ANOS**
PRETA 3º DAN 25 ANOS 5 ANOS**
PRETA 4º DAN 31 ANOS 6 ANOS**
PRETA 5º DAN 37 ANOS 6 ANOS**
** Carência mínima de tempo e idade completos, exigida pela CBJ, na graduação anterior.
*** Casos não enquadrados neste Artigo, deverão ser solicitados através dos Artigos 16 º
e 23 º deste regulamento, desde que a carência de idade mínima esteja completa.
GRADUAÇÃO SUPERIOR
Faixa Graduação Idade mínima Carência mínima
VERMELHA E BRANCA 6º DAN 44 ANOS 6 ANOS**
VERMELHA E BRANCA 7º DAN 52 ANOS 7 ANOS**
VERMELHA E BRANCA 8º DAN 60 ANOS 7 ANOS**
VERMELHA 9º DAN 69 ANOS 8 ANOS**
VERMELHA 10º DAN 78 ANOS 8 ANOS**
** Carência mínima obrigatória, na graduação anterior.
§ 6º - Para atletas MEDALHISTAS no âmbito de Campeonatos Mundiais Sênior, Kata e/ou Jogos
Olímpicos, bem como para os árbitros FIJ A e/ou técnicos, que tenham participado ativamente
desses eventos, a carência e idade mínimas seguirão a tabela abaixo.
GRADUAÇÃO SUPERIOR (CATEGORIA ESPECIAL)
Faixa Graduação Idade mínima Carência mínima
PRETA 1º DAN 15 ANOS 1 ANOS**
PRETA 2º DAN 17 ANOS 2 ANOS**
PRETA 3º DAN 20 ANOS 3 ANOS**
PRETA 4º DAN 24 ANOS 4 ANOS**
PRETA 5º DAN 29 ANOS 5 ANOS**
VERMELHA E BRANCA 6º DAN 30 ANOS 6 ANOS**
VERMELHA E BRANCA 7º DAN 38 ANOS 8 ANOS**
VERMELHA E BRANCA 8º DAN 50 ANOS 10 ANOS**
VERMELHA 9º DAN 60 ANOS 10 ANOS**
VERMELHA 10º DAN 70 ANOS 10 ANOS**
** Carência mínima obrigatória, na graduação anterior.
4. RESPONSABILIDADE DE OUTORGA DAS FAIXAS E GRAUS
Art. 4º - A responsabilidade de outorga de faixas e graus esta assim distribuída:
I – DANGAI (Faixa Branca ate Marrom) - Serão outorgadas pelas Associações ou entidades
similares, reconhecidas pelas Federações e sob a responsabilidade do professor inscrito no
“Registro Geral de Graduação” da CBJ, respeitando os seguintes critérios:
a) Faixa Preta – 1° Dan: poderá promover ate a Faixa Verde (3° Kyu).
b) Faixa Preta – 2° Dan: poderá promover ate a Faixa Marrom (2° Kyu).
§ 1º - Caso o professor não tenha a graduação mínima exigida para realizar a graduação
com seus alunos, o mesmo deverá procurar professor com graduação superior dentro de
sua Federação e/ou da CBJ para que seja homologada a validade do referido exame de
graduação.
II – YÛDANSHA (Faixas Pretas de 1o a 5o Graus) - Serão outorgados os graus após exame
teórico e pratico realizado pela Comissão Estadual de Graduacao, composta por membros
inscritos no “Registro Geral de Graduacao” da CBJ, devendo os mesmos ser portadores de graus
superiores aos dos candidatos, com homologação da CBJ.
III – KÔDANSHA – Kodansha e um titulo de alta graduação, especifico do Judo criado pelo
Instituto Kodokan, e que deve ser outorgado aqueles que se empenharam no aprendizado, na
pratica continua, na demonstração da sua eficiência técnica, e a devida dedicação no ensino, no
estudo e na pesquisa do Judo. Portanto, e depositário e responsável pela difusão dos princípios
filosóficos e educacionais do Judo, preconizados pelo Prof. Jigoro Kano.
§ 2º - Faixa Vermelha e Branca 6º Grau - A promoção para 6° Grau será recomendada pela
Comissão Estadual de Graduacao, por meio da Federação ao Conselho Nacional de Graus, que
outorgara o grau mediante a votação favorável de pelo menos quatro dos seus membros
analisando os aspectos éticos e moral, cooperação, aprofundamento nos conhecimentos
pedagógicos, técnicos e realizações, em beneficio do desenvolvimento do Judo nacional, através
da analise de currículo, sendo avaliadas as atividades judoísticas relativas ao período de
carência pertinente ao grau pretendido, homologado pelo Presidente da CBJ.
§ 3º - Faixa Vermelha e Branca 7º Grau - A promoção para 7o grau será recomendada pela
Federação ao CNG, que promovera analise do currículo, adotando o mesmo critério estabelecido
no parágrafo 2o emitindo parecer ao Presidente da CBJ que encaminhara a Confederação Pan-
americana para homologação.
§ 4º - Faixas Vermelha e Branca 8º Grau e Vermelha 9º e 10º Graus - As promoções para 8º, 9º
e 10º Graus, serão recomendadas pelo CONSELHO NACIONAL DE GRAUS ao Presidente da
CBJ, considerando os professores que ao longo da vida judoistica, tenham contribuído
expressivamente para o progresso do Judo Nacional respeitando os aspectos desportivo,
filosófico, cultural, pedagógico, cientifico, técnico e pratica de Judo, de geração a geração,
através dos seus conhecimentos adquiridos pela dedicação constante dos estudos e pesquisas
sobre o Judo e outras áreas de conhecimento afins, ficando sob a responsabilidade da CBJ o
encaminhamento a FIJ para homologação. O 10° Grau somente poderá ser outorgado quando
por unanimidade pelo Comitê Executivo da FIJ.
4.1. Condições para exame de faixas e graus
Art. 5º - E condição básica e fundamental ao judoca, para ter acesso ao exame de qualquer faixa
ou grau, atender as condições abaixo:
I – Ter comprovada idoneidade moral - apresentar bom relacionamento interpessoal; respeitar
os princípios éticos e moral do judo;
II – Demonstrar os conhecimentos teóricos e pratico sobre o Judo, pertinentes ao conteúdo da
graduação da qual é portador.
III – Atender aos critérios recomendados neste Regulamento.
IV – Ser membro ativo e praticante em alguma Federação Estadual reconhecida pela CBJ.
V – Estar em dia com suas obrigações financeiras perante a CBJ.
VI - Ser brasileiro nato ou possuir cidadania brasileira e ser residente no Brasil por no mínimo
um ano.
VII – Possuir registro valido perante a Federação Estadual por, no mínimo, dois anos para
graduações superiores.
4.2. Programa para exame das diferentes faixas e graus
Art. 6º - O Programa para exame das diferentes faixas e graus e baseado em conhecimento e
compreensão. Existem diversos modos em que o exame de graduação pode tomar forma
dependendo da condição física ou restrições do candidato. A lista de requerimentos não é
exaustiva ou exclusiva. Espera-se do candidato que o mesmo obtenha um conhecimento mais
profundo a medida em que progride no seu aprendizado de acordo com as graduações, sendo
examinado em um numero progressivamente maior de elementos em cada etapa de
construção do conhecimento para um padrão cada vez mais alto. No exame de faixas e graus,
serão avaliados conhecimentos teóricos e práticos sobre Judo, conforme programa abaixo, de
modo cumulativo:
EXAME DA FAIXA: LARANJA
Idade mínima - 11 anos.
1 – DEMONSTRAR CINCO SEQUENCIA DE GOLPES (RENRAKUWAZA)
1.1 - Kouchi-gari => Ouchi-gari
1.2 - Ouchi-gari => Kouchi-gari
1.3 - Okuri-ashi-harai => Tai-otoshi
1.4 - Ouchi-gari => Uchi-mata
1.5 - Uchi-mata => Kouchi-gari
2 – DEMONSTRAR QUATRO CONTRA GOLPES (KAESHIWAZA)
2.1 - Kouchi-gari => Deashi-harai
2.2 - Kosoto-gari => Uchi-mata
2.3 - Tai-otoshi => Tani-otoshi
2.4 - Uchi-mata => Tani-otoshi
3 – TODAS AS TÉCNICAS DE PROJEÇÃO DO 2º KYÛ (NAGUE WAZA)
3.1 - Ashi-waza – (Técnica de pé)
Ko-soto-gari - 小外刈 (Ko = menor, Soto = por fora, Gari = foice)
3.2 - Ashi-waza – (Técnica de pé)
Ko-uchi-gari - 小内刈 (Ko = menor, Uchi = interno, Gari = foice)
3.3 – Koshi-waza (Técnica de quadril)
Koshi-guruma - 腰車 (Koshi = Quadril, Guruma = Roda)
3.4 – Koshi-waza (Técnica de quadril)
Tsurikomi-goshi - 釣込腰 (Tsuri = levantar, Komi = empurrar, Goshi = quadril)
3.5 - Ashi-waza – (Técnica de pé)
Okuri-ashi-harai - 送足払 (Okuri = seguindo ou deslizando, Ashi = pé, Harai = varrer)
3.6 – Te-waza – (Técnicas de braço)
Tai-otoshi - 体落 (Tai = corpo, Otoshi = derrubar)
3.7 – Koshi-waza (Técnica de quadril)
Harai-goshi - 払腰 (Harai = varrer, Goshi = quadril)
3.8 - Ashi-waza – (Técnica de pé)
Uchi-mata - 内股 (Uchi = interno, Mata = Coxa)
4 – SETE TECNICAS DE DOMINIO DE SOLO (KATAME WAZA)
4.1 – Kesa-gatame (Imobilização)
4.1 - Hon-Kesa-gatame - 袈裟固 (Kesa = cachecol, Gatame = segurar).
4.2 - Ushiro-Kesa-gatame - (Ushiro = invertido, Kesa = cachecol, Gatame = segurar)
4.3 - Yoko-shiho-gatame - 横四方固め (Yoko = lateral, Shiho = quatro cantos, Gatame =
segurar)
4.4 - Kusure-Kami-shiho-gatame - 崩上四方固 (Kuzure = variação, Kami = em cima,
Shiho = quatro pontos, Gatame = segurar)
4.5 - Kata-gatame - 肩固 (Kata = ombro, Gatame = segurar)
4.6 - Kusure-yoko-shiho-gatame - (Kuzure = variação, Yoko = lateral, Shiho = quatro
cantos, Gatame = segurar)
4.7 - Tate-shiho-gatame - 縦四方固 (Tate = pernas abertas/direto, Shiho = quatro
cantos, Gatame = segurar)
5 – HABILIDADES NO SOLO.
Demonstrar cinco tipos de virada.
6 – VOCABULÁRIO
1. Onegai Shimassu - Ensine-me, por favor, ou Treine comigo, por favor.
2. Arigatô Gosaimashita - Obrigado por ter me ensinado ou por ter treinado comigo.
3. Shiaijo - Local de Competição.
4. Taissô - Aquecimento.
5. Rai - Sim.
6. Agurá - Sentado com as pernas cruzadas.
7. Yoshi: Continuar.
8. Kuzushi - Desequilíbrio.
9. Sezá - Ajoelhado para saudação.
10. Kotai - Trocar de parceiro.
11. Soremade - Terminou.
12. Mokusou - Meditação.
13. Ashi - pé ou perna.
14. Ossaekomi: Imobilização.
15. Maitá - Desistir.
16. Gomem - Desculpa.
7 - HISTÓRICO
A inclusão do Judô nos Jogos Olímpicos deu-se no ano de 1964 nas olimpíadas de Tókio em
caráter não oficial, porém nas Olimpíadas de Munique em 1972, o Judô foi incluído oficialmente
nos Jogos Olímpicos.
8 - PRINCÍPIOS DO JUDÔ
Somente se aproxima da perfeição, quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo a
humildade.
9 – CONHECIMENTOS GERAIS
Demonstrar as fases necessárias para aplicação de uma técnica:
1 - Desequilíbrio (Kusushi)
2 - Preparação (Tsukuri)
3 - Execução (Kake).
10 – INTRODUÇÕES A ARBITRAGEM
10.1 - Quais os tipos de pontuações existentes no judô atual?
Waza-Ari
Uma vantagem que acumulado, duas vezes chega ao ippon - braço estendido para o lado (na
altura do ombro) com a mão espalmada para baixo.
Ippon
O ponto completo, que define o combate - braço elevado para cima da cabeça com a palma
da mão para frente.
Mate
Gesto com a mão espalmada para frente na altura do ombro. Significa que se deve parar o
combate.
Osaekomi
Este gesto se, ao anunciar o Osaekomi o árbitro flexiona a perna correspondente ao braço e a
mão vai em direção aos atletas, anunciando a imobilização.
Ajustar o Judogui
Gesto utilizado quando este se desarruma, ou para punir o atleta ou os atletas quando estes
comentem alguma infração
BIBLIOGRAFIA
KANO, Jigoro. Judô kodokan. 11. Ed., São Paulo, SP, Editora Cultrix, 2015.
SILVA, Elton, Judô e a defesa pessoal, 2011. Encontrado em:
<http://judotradicionalgoshinjutsukan.blogspot.com.br/2011/01/o-judo-e-defessa-pessoal.html>.
Acesso em: 18 jan. 2016.
BORGES, Silvio Acácio. Regulamento para exame e outorga de faixas e graus. Conselho
Nacional de Graduação da Federação Brasileira de Judô, Rio de Janeiro, RJ, 2019. Encontrado
em:
<https://cbj.com.br/painel/arquivos/documentos_oficiais/arquivo_cbj_180653281019.pdf>.
Acesso em 14 nov. 2019.