Apostila Metodologia Cientifica para curso de Arquitetura e Urbanismo

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Metodologia Científica DAUP | UNESP_Campus Bauru Prof. Dr. Adalberto da Silva Retto Jr . A P O S T I L A

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Apostila Metodologia Cientifica para curso de Arquitetura e Urbanismo Prof. Dr. Adalberto da Silva Retto Jr.

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A P O S T I L A

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Índice

Os saltos de escala no estudo (e no projeto) da cidade e do território: indagações à luz do debate veneziano

A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea

Indagações a partir do livro L’architettura della Città, de Aldo Rossi

Livro “Como se faz uma tese em ciências humanas” - Umberto Eco

Escalas de Modernidades: Um precurso na obra do arquiteto luso brasilei-ro Fernando Pinho

Módulo 1: Igrejas

Módulo 2: Casas

Módulo 3: Edifícios verticais Módulo 4: Desenho urbano

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Os saltos de escala no estudo (e no projeto) da cidade e do território:

indagações à luz do debate venezianohttp://migre.me/glkr1

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Vista aérea de VenezaFoto Oliver-Bonjoch [Wikimedia Commons]

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Quando se fala de história da cidade, história do urbanismo e história da cidade e do território, emergem questões de como os saberes são transmitidos, de como os conhecimentos são adquiridos e, também de como traba-lhar, do ponto de vista não evolutivo, elementos que compõem essa materialidade na longa duração, a partir de saltos de escalas. Quando se fala de projeto da cidade e do território, emergem temas de contexto, de memória e de como a contribuição histórica pode ser operada de forma crítica, em um constante jogo de escalas.

Desse modo, o objetivo deste ensaio é refletir sobre a relação entre esses âmbitos de estudos comuns nas pós-graduações das escolas de arquitetura e urbanismo, à luz das discussões sobre urbanismo (história e projeto) em dois departamentos do Instituto Universitario di Architettura di Venezia: no Dipartimento di Storia dell´Architettura, baseado na produção recente de três livros de Donatella Calabi, e no Dipartimento di Urbanistica, a partir de um ex-cursus no debate entre plano e projeto na Itália do pós-guerra (1).

As indagações que permeiam esta reflexão fundamentam-se em uma experiência que, de um lado, abarca o dou-toramento (2001-2002) e pós-doutoramento (2007) deste pesquisador, passando pela assistência à docência no Depar-tamento de História, e de outro, no desenvolvimento de planos urbanísticos junto à equipe do doutorado em urba-nismo e do Studio 09, coordenados por Bernardo Secchi e Paola Viganò (2).

Questões de âmbito disciplinar: um percurso nas obras Storia dell´urbanistica europea (Paravia, 2000), La città del primo Rinascimento (Laterza, 2001) e Storia della città. L’età moderna (Marsiglio, 2001), de Donatella Calabi.

O índice desses três livros de Donatella Calabi é formado por um elenco de elementos concretos de setores fortemente reconhecíveis nas cidades: ruas, casas, praças, edifícios públicos, palácios dos senhores, equipamentos urbanos, que formam um mosaico, como que remontando, do ponto de vista figurativo, às pranchas de Jean-Nicolás-Louis Durand (1760–1835). Esse princípio fragmentário é ampliado por alguns outros capítulos que expandem e con-textualizam, de forma mais articulada, as transformações dos elementos individualizados. Ao invés de levar-nos a um raciocínio “evolutivo”, em termos de composição física da cidade, a autora nos faz pensar em uma outra maneira de remontar os tempos, por meio de articulações de partes e superposição de extratos que não modificam a sintaxe tradi-

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cional, mas iluminam um percurso no qual opera a economia dentro do espaço da cidade.

Cada elemento assume uma escala de observação que aciona um arco temporal específico, que por sua vez en-gendra categorias interpretativas particularizadas que, por analogia ou diferença, evidenciam a articulação dos fenô-menos de transformação da construção do urbano, restituindo um panorama rico de como se transforma a paisagem urbana.

Manfredo Tafuri (1935-1994), dois anos antes de sua morte, na introdução do livro La piazza, la chiesa, il parco (3), que é uma coletânea das teses do primeiro e segundo ciclos do Departamento de História (DSA), explicita clara-mente o método que embasaria as novas pesquisas no âmbito veneziano: a relação entre filologia e análise historiográ-fica a partir de objetos pontuais – fragmentos –, em um arco temporal que se dilata do século 14 ao 19.

O eixo que articula todos os escritos desse volume é a complexa relação entre ideia, texto e contexto, a partir de elementos pontualizados, e a busca do método adequado, para cada um, na sua longa história. Na mesma introdução, Tafuri faz indagações importantes de como as pesquisas foram abordadas: “quale filologia per questo particolare tema? Come sottoporre a critica le fonti, una volta riconosciuta la loro storicità? Come fare parlare monumenti e carte di archivio per restituire uno scenario significante, non isolato nei suoi confini?”

O escopo é o da superação da dificuldade inevitável da fragmentação dada por cada caso singular, através de uma prática de pesquisa de confronto que parte da “microhistória” para a “história comparativa”, e que tem no livro Ricerca del Rinascimento (4) sua formulação mais acabada.

Mas apesar de Donatella ser, dentre os pesquisadores venezianos, quem mais potencializa o convite tafuriano para multiplicar os confrontos e análises comparativas (5), ao reconhecer historicamente um domínio bastante vasto na investigação sobre instrumentos, na progressiva construção da natureza histórica da cidade (6), delineia um percur-so paralelo, em que a história urbana coloca-se não apenas como uma extensão da história da arquitetura. Essas con-tradições estão articuladas no texto Storia dell´architettura e storia della città: un matrimonio difficile (7), da própria

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autora.

Vale ressaltar, entretanto, que o primeiro livro aqui em análise trata, como enuncia o próprio título, da história do urbanismo europeu, e os outros dois, de história da cidade. Ao confrontarmos então os dois volumes de história da cidade, do renascimento à idade moderna supracitados, com o índice seguindo a mesma estrutura, fica evidente que a autora entende a história da cidade do ponto de vista da história geral, como um campo de estudo, mas não como uma disciplina. Os episódios, acima tratados, transformam-se em motes/ocasiões para repensar a própria forma da cidade elencada no índice. As categorias fundamentais que permeiam tais páginas, são as de continuidade e descontinuidade, momentos de ruptura, no qual são registradas as transformações do espaço físico, dos hábitos, das tradições, dos inte-resses fundiários, etc., em períodos de longo arco cronológico. Vale pensar, assim, na importância que a autora dá ao papel que episódios como grandes terremotos, incêndios, guerras, mudanças de regime político, tiveram para repensar a transformação das cidades.

Desse ponto de vista, falar de “evolução” da cidade (expressão que teve uma grande fortuna na historiografia) mostra-se pouco útil, uma vez que essas categorias são, senão negligenciadas, postas em um segundo plano. Se isso é verdade, as consequências no plano conceitual são as de que a história da cidade e a história da arquitetura e do urba-nismo são duas esferas de estudo muito diferentes entre si.

O livro de história do urbanismo, por outro lado, detém-se o mais possível no processo de institucionalização da disciplina através da análise de cursos de ensinamentos específicos, da formação profissional, ou contemporanea-mente, da leitura de personagens importantes na historiografia dos grandes planos. Isto é, a obra frisa mais os cruza-mentos entre a história das ideias, a história dos planos e a história da institucionalização de alguns processos.

De fato, no volume em questão, a autora trata da história de uma disciplina com regras próprias, técnicas e nor-mativas bastante particulares que, de certa maneira, podem ser pensadas somente a partir da segunda metade do ‘800. Com isso, destrói anacronismos como aquele de falar de história do urbanismo antigo, medieval, etc., comumente tratados em livros de referência, de Ildefonso Cerdà a Camillo Sitte, de Brinckman a Lavedan, autores que sempre colo-

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caram o início de suas narrações relativas às transformações da cidade contemporânea em um tempo muito elástico. Essa “filologia viscosa”, como acena Tafuri, nos induziu à denominação de urbanismo antigo, medieval ou contem-porâneo como a mesma coisa, como uma narração que fizesse parte de um intervalo cronológico longo.

O pressuposto do livro de Donatella, quando o confrontarmos com os demais, é o de que esses clássicos, ao falarem de história do urbanismo, tratam-na como história da civilização humana. Tal escolha cria bastante confusão pois tende a colocar um quadro parcial como quadro universal, fazendo um certo anacronismo ao confundir as téc-nicas e os instrumentos particulares que, de quando em quando, são utilizados nos diversos períodos. Essas técnicas de pesquisa particulares são, por exemplo, as técnicas da representação, que em um período ou em outro são radical-mente diferentes. Dessa forma, uma confusão terminológica pode corresponder a uma confusão conceitual, muito recorrente nos trabalhos acadêmicos até o presente momento.

A ideia motora da obra é então a de que o urbanismo teve pressupostos bastante reconhecíveis a partir de um período histórico, com suas técnicas, seus protagonistas e suas ideias, e que deveria prospectar o conceito de ciência política do século 19 com um aparato institucional, regras e estruturas próprias. E, assim, a formulação da autora re-jeita terminologias correntes em estudos clássicos como aquela de pré-urbanismo, de Françoise Choay (1925–).

O livro parte portanto da hipótese de que foram projetadas transformações das cidades, feitas intervenções na morfologia do espaço físico na idade antiga, medieval e moderna, mas que as técnicas para projetar essas transfor-mações foram radicalmente diferentes daquelas da idade contemporânea. Sobre isso, a autora diz também que se deve ser bastante rigoroso, pois o urbanismo é uma disciplina que se vale de regras particulares para transformações da cidade e do território, a partir de uma certa data.

A autora não aceita rupturas canônicas estabelecidas pela historiografia geral, como por exemplo, a de que a idade moderna começa com a descoberta da América, em 1492. Para ela, pode-se antecipar bastante o início dessa história, partindo da hipótese de que as transformações físicas urbanas, em certos países mais que em outros, podem ter ocorrido muito antes do que se imagina, individualizando uma ruptura com a cidade medieval muito antes de 1942,

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pois há evidências de que desde os primeiros anos do ‘400 tem-se um período de reproposição de instrumentos e técni-cas.

A ideia de um “longo renascimento” proposto no livro, embasou-se nas discussões em torno do congresso de 1983 intitulado “Venezia nell’età del doge Andrea Gritti”, em que um grupo de estudiosos do departamento de história e convidados externos concentraram-se em um tema comum, analisado nas declinações internas e através de cruza-mentos polarizados entorno de fenômenos polivalentes:

“Assim, os estudos de Calabi e Morachiello sobre o coração comercial de Rialto e sobre as bases teóricas das técnicas; de Concina sobre a história das ciências, sobre o Arsenale e sobre a defesa territorial da Sereníssima; de Foscari sobre

as relações entre o debate religioso, vida civil e expressão artística e sobre o papel da imagem na Veneza do ‘400 e ‘500, fazem parte de um único quadro de referência, que se re-fragmenta e se recompõe continuamente ao longo das análi-

ses” (8)

Dessa forma, se estabelece um diálogo direto com os estudiosos da denominada Scuola Romana e do Centro Internazionale di studi di architettura ‘Andrea Palladio’, na rediscussão de estudos clássicos como aqueles de Rudolf Wittkower (9) e Jakob Burckhardt (10).

A partir dessas considerações, explicitam-se hiatos nada pequenos entre história da arquitetura e história da ci-dade e suas respectivas técnicas, que apontam para um aspecto importante que diferencia o historiador da arquitetura e do urbanismo dos demais: o debruçar-se sobre o espaço físico ou a morfologia urbana e territorial, isto é, a leitura da materialidade da cidade e do território (11), que é um âmbito muito próximo de nós arquitetos.

Por outro lado, ao partir do fragmento elencado no índice, a autora atualiza questões relevantes relativas a mo-delos, difusões e declinações. É a partir do fragmento em profundidade que o exemplo emerge, não mais privilegiando Paris e Londres como as cidades chaves para entender o nascimento do Urbanismo, como propusera Benévolo (12), mas cidades em que as transformações foram, a partir da técnica, mais bem consubstanciadas.

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Palácio Barbaran Da Porto, Veneza, Arquiteto Andrea Palladio. Atual sede do Centro Internazi-onale di studi di architettura ‘Andrea Palladio’Foto Marcok [Wikimedia Commons]

Ao analisar a produção intelectual de Donatella Calabi, e por con-sequência a do seu departamento, vem à tona, em um primeiro momen-to, uma fase dedicada à história do urbanismo, e uma segunda, à história da cidade (13). Nas palavras da autora, a diferença da relação entre breve e longo período torna-se fundamental para explicitar as diferenças entre uma história da arquitetura e a história da cidade afirmando os domínios distintos14.

No tocante a sua constituição, mas também em conexão com a definição do que deveria ser história urbana, dois pontos assumem par-ticular relevo: o primeiro, a premência de estudos comparativos, que dizem respeito às tradições interpretativas, opções de recortes, ângulos, escalas de observação por parte do historiador; o segundo, uma abord-agem acurada de pesquisa histórica, que implica não só na utilização de instrumentos diversos, mas em uma rigorosa pesquisa de arquivo, de fontes materiais, do seu cruzamento, com o objetivo de conhecimento desses sujeitos, mas não como projeto das transformações (15). Na leitu-ra da lógica das variantes projetuais e de hipóteses de reconstruções, vem à tona toda tradição dos grandes estudos de morfologia protagoni-zados pelos mestres da escola muratoriana (16) e, também, a capacidade da autora de enfrentar-se diretamente com os fatos, não com uma cega paixão pelos documentos, mas com uma obsessiva paixão por documen-tar-se, na melhor tradição tafuriana dos arquitetos–historiadores (17), não mais projetistas.

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Da Renovatio Urbis à Cidade Dispersa: um excursus no debate entre Plano e Projeto na Itália do pós-guerra

Para efeito de síntese, pode-se individualizar duas grandes formas de ver a relação entre arquitetura nova e cidade preexistente, na Itália do pós-Segunda Guerra. Em outras palavras, da relação entre arquitetura e contexto, que pode ser lida segundo angulações diversas e que explicita os diversos modos de como os arquitetos assumiram o contexto histórico como material de projeto: de um lado, uma posição que tende a uma continuità culturale com a cidade preexistente e sua história, posição que procura sublinhar ligações do projeto com a identidade urbana, com a memória dos lugares, com a imagem da cidade, real e/ou ideal, com uma interpretação figurativa da cidade; de outro lado, uma posição que tende para uma continuidade morfológica com a cidade preexistente e a sua estratificação histórica e que procura, ao contrário, sublinhar as ligações do projeto com as preexistências físicas, com o sítio geográ-fico, com as características topográficas, com os traços antigos, com os assentamentos físico-morfológicos dos lugares. Em síntese, com a forma e estrutura da cidade, como uma interpretação morfológica dela mesma.

No primeiro caso, a relação instituída com o contexto é uma relação de certo modo idealizada, abstrata, forte-mente subjetiva, frequentemente literária, que encontra estímulo em uma imagem mental de um lugar solicitada no imaginário coletivo ou, mais simplesmente, na figura do próprio arquiteto-artista. Nesse caso, o nexo entre análise e projeto, e assim o procedimento projetual e da formação do projeto, é do tipo metafórico, de translação mais ou menos consciente de imagens e de formas extraídas da tradição de um lugar.

No segundo caso, a relação instituída com o contexto é, em certa medida, mais concreta e tende a uma objetivi-dade, ainda que relativa. Funda-se sobre dados analítico-descritivos, típicos da geografia ou da arqueologia mais que da história. O nexo entre análise e projeto é mais estreitamente correlato; trabalha-se sobre um sistema de relações físicas e espaciais; tem-se, assim, consequentemente, um procedimento projetual do tipo integrativo, tendendo a integrar estreitamente a nova intervenção com as formas edilícias e com as coordenadas espaciais circunstantes.

A diferença entre os dois procedimentos mostra-se evidente: no primeiro opera-se por translação dos signos e significados da história (filtrados através da sua imagem) ao projeto; no segundo, opera-se por escavação e descoberta

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de signos e significados da experiência de estratificação histórica de um lugar urbano específico (filtrada através da leitura, das estratificações físico-topográficas e dos seus “estratos” mais profundos e permanentes).

O tema subjacente colocado é aquele da relação entre projeto arquitetônico ou urbanístico e a cidade pree-xistente ou, em outras palavras, da relação entre arquitetura nova e contexto. Nesse sentido, a afirmação da morfo-logia aparece no seio da disciplina Urbanismo como componente fundamental na transformação do território, aqui revisto com o intuito de revelar a postura crítica e criativa do urbanista num exercício de renovação contínua.

Nessa linha, é reconhecida a importância da elaboração teórica e experimentação prática de Ernesto Rogers e de outros, que apesar das inegáveis diferenças de interpretação, trabalharam, não casualmente, próximos ao pro-jeto cultural da revista Casabella-continuità, sob direção do próprio Rogers nos anos 1950. Dentre esses personagens merecem destaque Ignazio Gardella, de sua mesma geração, e Aldo Rossi, mais jovem e ligado a ambos.

Giuseppe Samonà, outro personagem de relevo da época, defende uma unità architettura-urbanistica, que não é para ser lida como fusão das duas disciplinas nem como vontade de construir um campo disciplinar intermediário e híbrido, mas como vontade de responder à busca de uma identidade urbana do espaço com o lugar, ou seja, da “dimen-sione umana dell’aggregato da costruire” com a “dimensione geografica dell’area relativa” (18), já que a projetação ar-quitetônica e projetação urbanística concorrem ambas à introspecção e à definição morfológica dos lugares (urbanos).

O acento essencial é colocado no conceito de morfologia urbana, ou seja, o estudo das formas construídas ou ainda, mais precisamente, “l’indagine sulle relazioni e gli elementi strutturali che compongono lo spazio insedia-tivo, cioè sulla sua essenza formale, come insieme coerente e conchiuso, come sistema” (19). Esse luogo-spazio, que se propõe como unidade elementar componente da cidade é, para Samonà, um sistema dotado de uma absoluta “fi-nitezza” (a finitio albertiana?), e trata-se de uma unidade formal que frequentemente relaciona-se com um pedaço da arquitetura: “è un luogo intero della città, un complesso architettato che ha raggiunto una sua compiutezza formale definitiva (20).

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Escreve Samonà: “In germe la città antica viene esaminata dagli architetti nelle sue strutture edilizie, analizzate e classificate morfologicamente, senza preoccupazioni di riferimenti alla concretezza delle situazioni reali che animano le ossature dell’antico tessuto urbano. Ma che cosa è dunque questa unità urbana? E’ un’unità figurativa? E’ un’unità omogenea di elementi organizzati secondo un insieme tale da costituire ordine ed equilibrio fra le parti che la compongono? Non è così [...]. L’unità è un fatto complesso della città storica, e cioè un’unità-processo che ha un suo inizio, un suo punto di mezzo di grande splendore, e una sua decadenza. Quanto più coerenti sono queste parti pietrificate del processo, tanto più alto è il livello culturale, politico, artlstico della città storica e la sua unità spirituale e figurativa” (21)

Ludovico Quaroni, diferentemente de Rogers e Samonà, muitas vezes fala explicitamente de um possível nível intermediário entre arquitetura e urbanismo, girando ao redor dos temas do “disegno urbano” e do “piano-quadro”, que se propõem como capazes de substituir a insatisfação do “plano particolareggiato” e do “planivolumetrico”, medi-ando entre alguns componentes de programa do desenvolvimento típico do urbanismo e componentes compositivos espaciais típicos da arquitetura. A investigação de Quaroni aponta, sobretudo, para a superação de uma práxis, que existe geralmente na planifi-cação particularizada incapaz de criar uma profícua comunicação entre planificação do desenvolvimento, ideia com-plexa do projeto na escala urbana, e realização arquitetônica de partes isoladas.

Ao ensinamento desses mestres anteriormente elencados acrescenta-se Saverio Muratori e as discussões que iriam florescer no seio do IUAV, já nos anos 1960. O interesse por uma nova abordagem do aporte da arquitetura ao tema do controle/projeto da forma urbana então emerge, e um nome importante dentro desse contexto é, sem dúvida, o de Aldo Rossi e seu livro intitulado L’architettura della città (22). Na obra, através dos estudos de seus “fatos urba-nos”, Rossi chega a uma hipótese de “projetação da cidade”, fundada sobre um processo analógico, instituído entre a estrutura urbana histórica e a construção da cidade nova:

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“eu creio que o modo mais sério de operar sobre a cidade, ou para melhor entendê-la – que não é muito diferente –, é aquele de colocar uma mediação entre a cidade real e a cidade análoga. E que esta última, se coloque como a autêntica

projetação da cidade [...]. Em outros termos, é uma forma de servir-se de uma série de elementos diversos, entre eles ligados ao contexto urbano e territorial, como ponto central da nova cidade” (23)

Mas se a discussão entre Plano e Projeto, arquitetura e urbanismo, sustentou os primeiros anos do debate disci-plinar nos anos 1970, a noção de renovatio urbis que emerge a partir da pesquisa histórica de Manfredo Tafuri sobre as reformas do Doge Gritti na Veneza do Renascimento, começa a fazer parte da cena projetual embasando um discurso que vai avançar nas décadas subsequentes. Disso derivou uma verdadeira e própria teoria da projetação, que vê o pro-jeto de arquitetura como “modificação crítica do território” (24). Assim, o projeto, ao dispor-se com clareza absoluta, torna-se instrumento de transformação das relações existentes no sítio; procura o confronto com as permanências, para modificar as regras de pertencimento.

A ideia de modificação está, aqui, estreitamente conectada a uma outra noção, da qual é necessário explicitar imediatamente o sentido: aquela de lugar. A modificação enfrenta justamente as relações que se instauram entre ar-quitetura e lugar. Citando Gregotti:

“Modificação, pertencimento, contexto, identidade, especificidade e lugar, são um grupo de vocábulos que parecem pressupor uma preexistente realidade a ser conservada transformando-a, tramando-lhe a memória com traços a ela

pouco a pouco enraizada à base de traços precedentes; uma realidade que aparece na forma física de uma geografia a qual o culto cognitivo e a sua interpretação fornecem o material fundante do projeto” (25)

Assim, essa “teoria da modificação” de Vittorio Gregotti trata de:

“trabalhar sobre diferenças significativas [...] procurar a solução do caso específico, re-encontrando nas leis da con-strução do lugar os principais materiais a serem confrontados com o avanço disciplinar, e somente através dos mesmos

propor os fragmentos das hipóteses [...]. Dessa forma, o contexto sempre se constitui em material indireto para verifi-

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cação de uma arquitetura do lugar” (26)

Nos artigos dos anos 1980, agrupados no livro Un progetto per l’urbanistica (27), Bernardo Secchi delimita um campo de investigação para o urbanismo a partir de algumas questões, sem negligenciar a forma física da cidade, en-tendida como síntese de processos sócioeconômicos capazes de levar a repensar o papel do urbanismo na sociedade contemporânea.

Suas reflexões situam-se na linha da reconstrução da identidade e da autonomia do urbanismo como disciplina que mantém vínculos estreitos com a arquitetura, mas que em alguns pontos dela se distingue. No texto em que Secchi polemiza o propósito da relação entre plano e projeto a favor da autonomia do urbanismo, Benevolo sustenta que:

“o ‘urbanismo’, na sua especificidade, é somente o conjunto de técnicas capaz de colocar cada projeto de arquitetura no tempo e no lugar preciso; deve criar condições preliminares para a arquitetura e não antecipar arbitrariamente seus

resultados. Os instrumentos urbanísticos, por sua vez, são formalizações parciais pertencentes a uma sequência que, no seu conjunto, apresenta-se como um fato arquitetônico na sua totalidade e se justifica por tornar eficaz a fase de

realização final” (28)

Para Benevolo, a inclusão de determinados projetos no plano não passava de um modo de satisfazer a especu-lação imobiliária. Partindo do fato de que as condições eram outras, a resposta de Secchi rejeitava a ideia do plano como o ponto de partida de uma série de instrumentos hierarquicamente subordinados, mas o entendia como “um projeto concreto capaz de se constituir em programa para uma nova investigação […] sobre as relações de diversas or-dens de espaços e construções”, na qual à administração caberia “definir os tempos e os modos de uma ativação legíti-ma dos interesses, questão muito mais complexa que o respeito somente às regras do jogo” (29).

O que Secchi exprime, e que sem dúvida é o escopo do seu livro Primeira lição de urbanismo (30), é falar de um urbanismo como testemunho de um vasto conjunto de práticas, que são aquelas da contínua e consciente modificação do estado do território e da cidade. Mas também para o autor, falar de urbanismo hoje significa ocupar-se de algumas

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coisas: como elaborar projetos pontuais a serem inseridos dentro de uma visão de longo período que são passíveis de serem controlados continuamente com cenários.

Logo, o jardim, mas também o fragmento e as outras figuras em um contínuo deslize aparecem como aquilo que tem consistência material e visível e que constitui um depósito físico dos processos econômicos e sociais, a herança de um momento histórico que dura no tempo. A forma comporta-se como uma espécie de arquivo das políticas e das práticas que podem ser reinterpretadas, com a prerrogativa de poder ser observada de maneira direta compondo uma ampla e eclética seleção de “materiais” a serem manipulados.

A condição de “fragmento” que cada elemento assume na cidade contemporânea, e que vem explicitada no índice dos livros de Donatella Calabi, tem a possibilidade de ser reconhecida na sua identidade individual, de um pos-sível isolamento do contexto do qual, porém, torna-se difícil, se não impossível, reconstruir a unidade, e do qual so-mente a parte é capaz de conter as regras gerais.

Temos formulada, dessa forma, “a hipótese de uma teoria da projetação arquitetônica onde os elementos são prefixados, formalmente definidos, mas onde o significado que desencadeia o processo da operação é o sentido autên-tico, imprevisto, original, da investigação”, já que “cada um pode se encontrar diante de elementos fixos e racionais, na própria história, e acentuar o caráter peculiar de um lugar, de uma paisagem, de um monumento” (31).

Ao analisar os planos de Bernardo Secchi, Patrizia Gabellini fala de:

“uma nova forma de plano e técnica, que se distancia de uma coleção sistemática e fechada de formas predefinidas, e se aproxima de um acúmulo de materiais a serem reutilizados, numa espécie de catálogo aberto, a partir do qual se atinge

a referência específica à tematização” (32)

Boeri (1993), ao discorrer sobre Secchi e sua noção de urbanismo e de Plano, esclarece que o autor pensa, seja um como o outro, como um texto, já que no território da dispersão não é possível de ser pensado um desenho complexo

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que possa determinar dimensões, densidades ou infraestruturas, pois aí é que emerge o papel e o sentido de uma inter-pretação do plano como texto:

“nas áreas da dispersão, onde os lugares não tem nome, o plano pode, através de imagens, símbolos e cenários, ocupar-se de ‘espaços abertos plurais e sem identidade da cidade difusa, (que) é onde com mais evidência manifesta-se a não

convergência de mapas mentais dos indivíduos; que frenquentemente não são nem mesmo em grau de serem nomina-dos’.” (33)

Questionamentos, indagações e hipóteses: o percurso formativo de Manfredo Tafuri entre projeto e história

A hipótese de base que conduz esta discussão é aquela de averiguar uma possível migração e/ou deslizamento de um método projetual da escola morfológica denominada muratoriana, reunida em torno dos Departamentos de Pro-jeto do IUAV, a um método historiográfico, da denominada Escola de Veneza.

É sabido que no tocante à formação do novo Departamento de História, Manfredo Tafuri levou os arquitetos-historiadores a tomarem distância do métier de projetista, como forma de evitar que a “fecunda incerteza da análise” (34) fosse maculada pela certeza da proposição projetual; encorajou e promoveu, assim, a formação de especialistas em materiais, estruturas, métodos arqueológicos, história das técnicas e das representações, de modo a obter figuras com-petentes às quais encarregar também trabalhos de restauro e manutenção de patrimônio. É fato, também, que o en-contro de Tafuri com Bruno Zevi foi determinante para as suas novas escolhas e que o confronto entre os dois assumiu grande importância em meio à discussão da denominada história operativa. No entanto, o estudo da contaminação de um método projetual a um historiográfico (e vice-versa), a partir de um exame minucioso de algumas trajetórias profissionais de projetistas, à luz de seus projetos e teorizações é, acreditamos, algo ainda a ser feito.

Desse modo, este ensaio insere-se nessa lacuna e, por essa razão, aqui são enumeradas algumas passagens im-portantes do percurso de Manfredo Tafuri, que denotam sua profunda ligação com o métier de projetista antes de sua atividade exclusiva de historiador.

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A formação de Manfredo Tafuri acontece por meio da participação ativa na didática, embora tenha atuado e co-laborado também com grandes nomes do cenário italiano como arquiteto projetista em diversos concursos e projetos: em 1959, participou do concurso para o projeto da Biblioteca Nazionale di Roma, com a equipe de Vaccaro e Manieri Elia; no âmbito do grupo romano AUA, colaborou na elaboração de alguns projetos para edifícios de Bologna e Latina, além de participar de outros concursos nacionais; em 1961, passou a colaborar com Adalberto Libera, outro impor-tante protagonista da arquitetura do pós-guerra na Itália. No ano de 1960, assumiu a cadeira de professor assistente universitário ao lado de Salvatore Greco, docente do curso de Composizione Architettonica. É lá que começa a fazer parte de um grupo de trabalho com Aymonino, Piccinato, Quilici e Bracco. Entre 1964 e 1965, torna-se assistente de Ludovico Quaroni, titular da cadeira de Composizione, em Roma.

Nessa sua última fase, de 1964, o jovem Manfredo dedica a Quaroni uma breve monografia intitulada L. Quaro-ni e lo sviluppo dell’architettura moderna in Itália (35), que Cesare de Seta liquida imediatamente como um ato de reparação, afetuosamente consolatório no confronto de uma geração que viveu a tragédia da guerra e do Fascismo. Dois anos depois, em 1966 tem uma experiência como suplente de Ernesto N. Rogers, na faculdade de Milão, e escreve uma série de artigos publicados na revista Casabella, então dirigida por Rogers, e que tinha Vittorio Gregotti no papel de chefe de redação, e Aldo Rossi e Francesco Tentori como redatores.

Nesse sentido, o percurso de Manfredo Tafuri historiador procede pari passu com sua evolução didática em cadeiras projetuais, seja como assistente ou como colaborador de grandes maestri e capiscuola (no sentido estrito da palavra), do cenário italiano. Se esse percurso narra uma outra história, que é capaz de desmontar certezas da geração dos arquitetos-historiadores sem pranchetas, formados segundo seus princípios, é ele que, em certo modo, tem emba-sado as recentes transformações por que passaram o Instituto veneziano.

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Notas

NETexto apresentado no I Enanparq – Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ar-quitetura e Urbanismo‏, Rio de Janeiro, nov./dez. 2010.

1Esta reflexão nasce da participação de duas bancas de qualificação na FAU-USP: a do doutoramento de Milena Ayala, sobre a trajetória profissional de Bernardo Secchi, sob orientação da Profa. Dra. Maria Cristina da Silva Leme e com participação do Prof. Dr. José Lira Tavares; e a do mestrado de Rafael Urano, sobre a trajetória profissional de Man-fredo Tafuri, sob orientação do Prof. Dr. Mário Henrique Simão D’Agostino e com participação da Profa. Dra. Olgária Matos.

2Equipe do PDP de Agudos: Adalberto da Silva Retto Jr – Unesp Bauru – Coordenador Técnico-científico do PDPA, Carlos Roberto de Paula Lima – Coordenador Político do PDPA. Equipe Técnica da Unesp Bauru: Norma Regina Con-stantino, Marta Enokibara, Kelly Magalhães; Unesp Botucatu: Célia Zimback; Christian Traficante. IUAV de Veneza/Doutorado de Urbanismo: Bernardo Secchi, Paola Viganò, Paola Pellegrini, Emanuel Gianotti. Estagiários: Adriana V.C. Junqueira, Adriana Trivellato, Ana Paula Morais, André Luiz Acosta, Ana Paula Alarcon Mattos, Aline Silva Santos, Camila Nicolielo, Camila Rosa, Catarina Klein, Douglas Bezerra da Silva, Fernanda Turini, Fernando Rafael Dainese, Eve Cristina Valário, Élder Capello, Gleice da Conceição Sales Ferreira, Hugo do Nascimento Serra, Juliana Le Grazie, Lígia Arriaga Perassolli, Leila Anselmo, Luciana Luri Higashi, Luciana Maria Teixeira, Maria Fernanda, Mariana Greco Távora, Mariela Prudente Correa Berardo Toscano, Marília Carolina Faria Caetano, Maurício Sakamoto Yanata, Mônica Harumi, Rogério S. Machado, Rulian Nociti de Mendonça, Rachel Trevisan Savieto, Simara Regina Roma, Sheila Cristina Kajiwara, Tatiana Gerbelli, Thiago Fuschini Bicas. Colaboradores: Jandira Biscalchini, Eduardo Luiz de Oliveira, Bruno Furquim de Campos, Carolina Zequim, Giovanna Carraro Maia, Lais Araújo Manaresi, Rafaela de Almeida, Silvia Mori. Equipe da Prefeitura Municipal de Agudos: Gervásio Cavini, Luiz Aleixo Cezarotti, Evandro José

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de Oliveira, Elisabete Lucas de Paula Souza, Flaviano José Garcia, Aurora Alexandre, Leliane Vidotti.

3TAFURI, Manfredo. La piazza, la chiesa, il parco. Milano, Electa, 1991.

4TAFURI, Manfredo. Ricerca del Rinascimento. Torino, Giulio Einaudi Editore, 1992.

5TAFURI, Manfredo. Ibidem; BERENGO, Marino. L’Europa delle città. Torino, Einaudi 1999.

6PAZZAGLINI, Marcello. Il dibattito sulla città e sul territorio. In: CONFORTO, Cina; et al. Il dibattito architettonico in Italia, 1945-1975. Roma, Bulzoni, 1977.

7CALABI, Donatella. Architectural history and Urban History: a difficult marriage. Journal of Urban History, 1 nov. 1990, p. 70-78.

8TAFURI, Manfredo. Prefazione. In: Renovatio Urbis” Venezia nell’età di Andrea Gritti (1523-1538), Roma, Officina Edizioni, 1984. O congresso foi realizado em junho de 1983 e a Ata foi publicada neste livro o livro curado por Man-fredo Tafuri com ensaios de: Donatella Calabi, Maria Cali, Enio Concina, Robert Finlay, William Melczer, Paolo Mora-chiello, Edward Muir, Giorgio Padoan, Lionello Puppi, David Rosand, Ellen Rosand, Mario Sartor, Giovanni Scarabel-lo, Aldo Stella.

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9WITTKOWER, Rudolf. Architectural Principles in the Age of Humanism. Londres, Alec Tiranti, 1952.

10Ver: BURCKHARDT, Jakob. The Civilization of the Renaissance in Italy, 1860; BURCKHARDT, Jakob. The History of the Renaissance in Italy, 1867. English translation: SGC Middlemore, 2 volumes, Londres, 1878.

11ZUCCONI, Guido. La citta contesa: Dagli ingegneri sanitari agli urbanisti (1885-1942) (Saggi di architettura). Milão, Jaca Book, 1988.

12BENEVOLO, Leonardo. Le origini dell’urbanistica moderna. Roma-Bari, Laterza, 1963.

13Sobre história do urbanismo, escreveu: E. Hénard. Alle origini dell’urbanistica: la costruzione della metropoli, 1974; uma antologia de textos de Baumeister, Stübben, Eberstadt, 1974; antologia de textos de W. Hegemann, 1975 e 1976; l male città: diagnosi e terapia, 1979; L’architettura domestica in Gran Bretagna, 1982; Parigi anni Venti. Marcel Poëte e le origini della storia urbana, 1997 e 1998; e Storia dell’Urbanistica europea. Questione, strumenti, casi esemplari, 2000. Sobre história da cidade moderna na Itália, Inglaterra, França: Fabbriche, piazze, mercati. La città italiana del Rinasci-mento, 1997; La città degli ebrei (com Concina e Camerino), 1991; Venise, 1999; com P. Lanaro dirigiu La città italiana e i luoghi degli stranieri, 1998; com J. Bottin Les Etrangers dans la ville, 1999. Atualmente dirige pela editora Laterza a coletânea de livros sobre História da Cidade, na qual publicou La Città del primo Rinascimento. Roma-Bari, Laterza, 2001.

14Ver PES, L. Storici in regione. Un esempio di egostoria orale. Intervista a Donatella Calabi. In: Venetica. Rivista degli Istituti per la storia della Resistenza di Belluno, Treviso, Venezia, Verona e Vicenza. Padova, Cierre Edizioni, 2004,

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p. 139-160. Ver também: RETTO JUNIOR, A. S.; BOIFAVA, B. A’ scuola di Venezia’ e a historiografia da arquitetura e do urbanismo: diálogo com Donatella Calabi. Coleções FAAC/Gráfica e Editora Coelho. Bauru, 2005.

15Uma das mais importantes descobertas de arquivo na carreira de Donatella Calabi foi a reconstrução a partir do pro-jeto de um pequeno canal do percurso de saída dos judeus do Ghetto de Veneza para os ritos funerários. Sobre isso ver : La città degli ebrei. Il ghetto di Venezia: architettura e urbanística. Veneza, Marsilio, 1991.

16Donatella Calabi formou-se em arquitetura e por ocasião da morte de seu pai, Danielle Calabi, assume o escritório ocu-pando-se da continuidade de obras como do hospital psiquiátrico em Verona e Catania, dentre outros. Sobre isso ver o catálogo das obras de seu pai intitulado Daniele Calabi: architetture e progetti. Marsilio: Venezia, 1992; Ver também: PES, L. Storici in regione. Un esempio di egostoria orale. Intervista a Donatella Calabi. In: “Venetica”. Rivista degli Isti-tuti per la storia della Resistenza di Belluno, Treviso, Venezia, Verona e Vicenza. Padova, Cierre Edizioni, 2004, p.139-160.

17CASCIATO, 2003. Sobre isso: CASCIATO, M. The Italian Mosaic: The architect as historian. Journal of the Society of Architectural Hstorians, n. 62, mar. 2003.

18Ver: TENTORI, F. M. Fusioni fra archtettura e urbanística. Milão, Collana Universale di Architettura / Testo & Im-magine, 1996.

19SAMONÀ, Giuseppe. Urbanistica e l’avvenire della città. Roma-Bari, Laterza, 1990, p. 35.

20Idem, ibidem, p. 66.

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21Idem, ibidem, p. 121.

22Aldo Rossi. L’architettura della città. Milão, Marsilio Editori, 1966.

23Idem, ibidem, p. 60.

24GABELINNI, Patrizia. Figure di urbanisti e programmi di urbanistica. In: CAMPOS VENUTI, G.; OLIVA, F. (Org.). Cinquant’anni di urbanistica in Italia, 1942-1992. Bari, Laterza, 1993.

25GREGOTTI, Vittorio. In difesa della ragioneria urbanística. Casabella, n. 526, Milão, 1986, p. 2-3.

26GREGOTTI, Vittorio. Il territorio dell’architettura. Milão, Feltrinelli, 1966.

27SECCHI, Bernardo. Un progetto per l’urbanistica. Torino, Giulio Einaudi Editore, 1989.

28BENEVOLO, Leonardo. I progetti nel piano. Casabella, n. 563, Milão, 1989, p. 34-36.

29SECCHI, Bernardo. L’eccezione e la regola. Casabella, n. 509-510, Milão, 1985, p. 29-31.

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30SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo, Ática, 2000.

31ROSSI, Aldo. Scritti scelti sull´architettura e la città. Torino, Città Studi Edizioni, 1975.

32GABELLINI, Patrizia. Figure di urbanisti e programmi di urbanística. In: CAMPOS VENUTI, G.; OLIVA, F (Eds.). Cinquent´anni di urbanística in Italia, 1942-1992. Bari, Laterza, 1993.

33BOERI, S., A.Lanzani, E.Marini, Il territorio che cambia. Milão, Segesta, 1993.

34CIUCCI, Giorgio. Gli anni della formazione. Casabella, Milão, n. 619-620, 1995, p. 14.

35TAFURI, Manfredo. Ludovico Quaroni e lo sviluppo dell’architettura moderna in Itália. Milão, Edizioni di Comunità, 1964.

Sobre o autor

Adalberto da Silva Retto Júnior é arquiteto e professor do Curso de Arquitetura da Unesp Campus de Bauru, com doutorado FAU USP/ Departamento de História do IUAV de Veneza (2003) e pós doutorado (Fapesp) no IUAV de Veneza (2007).

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A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea

Um itinerário de estudo nas cidades de Paris, Roma e Veneza

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A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea: um itinerário de estudo nas cidades de Paris, Roma e Veneza.

A história dos homens desde o início é a história de grandes movimentos através de espaços. Ora levados pela necessidade de encontrar meios de subsistência em um modelo de vida nômade; ora quando floresceram as primeiras civilizações no Mediterrâneo, na Índia ou na China, pelas exigências do comércio através de vias navegáveis; ora por questões religiosas. Ao lado destes deslocamentos efetuados por razões econômicas e religiosas, surgiram tipos de viagens ditadas pelo prazer de alargar os conhecimentos.O protótipo da “viagem exploratória”, “viagem formativa” ou “viagem de instrução”, pode ser exemplificada ao longo da história, no mítico percurso de Ulisses ou do legendário marinheiro da tradição oriental, Simbad, mas também, na célebre viagem do historiador grego Heródoto no mundo antigo, que viveu no século IV antes de Cristo.

A partir de 1720 surge um tipo de “viagem de complementação da educação”, principalmente na Inglaterra, onde os ingleses de “boa família” faziam o percurso em direção à Itália, passando pela França e pela Suíça. Nenhum aristo-crata ou gentil uomo del Settecento podia dizer que sua formação estava completa sem ter vivido no exterior por pelo menos um ano. Durante tal viagem ele adquiria o conhecimento da língua e dos costumes dos países em que permane-cia e visitava os monumentos e lugares mais célebres. Um particular fascínio tinham pela Itália, o Bel paese, que se tornou um percurso formativo quase obrigatório, tanto na arte como na arquitetura, principalmente pelas recentes escavações de Pompéia e Herculano, e pela possibilidade de estudar obras de mestres como Raffaello, Michelangelo, Caravaggio, Guido Reni, Guercino, etc.

Mesmo depois, a Itália, principalmente Roma, continuou a representar um momento central na formação dos artistas desde o século XVII ao XIX, que visavam seguir os vestígios de uma antiguidade perdida, transformada em ob-jeto de evocação, em uma contínua mistura de “invenção” e “realidade”, da qual se perfilava a relação “romântica” com o passado. Vale lembrar que na França é instituído na Academia Real o famoso Prix de Rome, como coroamento da carreira dos arquitetos.

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Apesar da moda do Grand Tour na Europa ser interrompido na segunda metade do século XVIII com o advento da indústria do Turismo, em algumas escolas de engenharia ou arquitetura perdurou essa prática com o mesmo in-tuito de complementação da formação. Por exemplo, no contexto paulistano, o engenheiro Alexandre Albuquerque, primeiro professor de Composição Geral e História da Arquitetura e Estética na Escola Politécnica de São Paulo, não somente viajou como resultado de um prêmio recebido da referida escola em 1906, como, em seu retorno, publicou ensaios intitulados “Renascimento italiano e seu desenvolvimento” (1909, 1929 e 1930). Os ensaios eram ilustrados com desenhos que assumiram um enorme importância para a difusão e a interpretação da história da arquitetura.

Dizer que a idéia de viagem de formação estancou-se em função da indústria do turismo, seria negligenciar uma série de personagens ou trajetórias transatlânticas, que tomaram-nas base de sua reflexão e formação. Ou ainda, negli-genciar a grande discussão entre cidade e história/ memória e o debate travado a partir dos anos de 1960 no contexto italiano.

Como elucida Le Corbusier, em 1907, em sua Voyage d’Italie:

“Quand on Voyage et qu’on est praticien des choses visuelles: architecture, peinture ou sculpture, on regard avec ses yeux et on dessine afin de pousser à l’interérieur, dans sa propre histoire, le choses vues. Une fois les choses entrées par

le travail du crayon, elles restent dedans pour la vie; elles sont écrites, elles sont inscrites”.

O que vale ressaltar é que, se de um lado o Grand Tour ou as viagens serviram como complementação formativa, por outro, assumiram importância na difusão de conceitos, experiências e por que não, de modelos. Afinal, é sabido que o Grand Tour teve uma grande contribuição para a difusão do neoclássico em toda Europa, tanto no âmbito pictórico como arquitetônico, a partir de 1760.

A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea

Partindo-se do princípio que a cidade contemporânea é formada por uma sobreposição de temporalidades e es-

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calas – “um palimpsesto” nas palavras de André Corboz –, o curso proposto constituiu-se de as aulas de campo enten-didos como percursos históricos, propiciando entender de um lado as estratificações pretéritas e de outro, como os projetos contemporâneos confrontam-se com a dimensão espaço-temporal a partir da resolução do fragmento. Os itinerários, dos quais o primeiro foi no Rio de Janeiro e agora Paris, Veneza e Roma (julho 2012), são entendidos como narrativas de experiências espaciais dentro desse cenário específico.

O título do curso “A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea” é, na realidade, uma hipótese de trabalho levada a cabo a partir de uma investigação de estratégias de intervenções das três últimas décadas, como um novo percurso para a interpretação e o projeto da cidade contemporânea (1). Nesse sentido, parte-se da chave de leitura intitulada “A paisagem dentro da cidade”, que aborda a reconfiguração de partes da cidade como paisagem, a partir dos projetos de reestruturações de áreas ferroviárias, tramas urbanas, centros históricos, partes de cidades e grandes eventos que começaram a delinear um percurso gradual que coloca o projeto de espaços abertos como conec-tores de estruturas urbanas e territoriais.

Por outro lado, as três cidades escolhidas foram pensadas de forma a perpassar do ponto de vista temporal toda a problemática teórica: Paris, a Capital do Século XIX, a partir de seus parques e as hipóteses projetuais recentes em companhia de Yannis Tiomis e Cristiana Mazzoni para o Le Grand Paris; Veneza, a República Lagunar e suas estruturas medievais e renascentistas, a partir das intervenções do Doge Gritti, e as intervenções modernas de Vittorio Gregotti, Carlo Scarpa, Tadao Ando e Calatravas; e finalmente Roma, com suas estratificações históricas a partir das praças im-ersas na área interna de suas sete colinas, até a arquitetura contemporânea de Renzo Piano e Zaha Hadid, apresentadas pela profa. Heleni Porfyriou e convidados.

Após o êxito da experiência recente do curso de Julho 2012, apresentamos o novo itinerário, a nova estrutura, e a equi-pe que dará continuidade e aprofundamento aos debates, agora percorrendo as cidades de Paris, Roma e Barcelona.

O escopo teórico principal do curso, que acontecerá em duas etapas, primará por avaliar criticamente as transfor-mações paradigmáticas em função de grandes eventos: das Exposições Universais em Paris, passando pelo EUR –

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o primeiro Projeto de Vila Olímpica permanente em Roma, às Olímpiadas de Barcelona.

Para estimular o intercâmbio de profissionais e alunos, fomos recebidos pelos professores em Paris na École Nationale Supérieure d’Architecturede Paris la Villette, e na Scuoladi Architettura da Universitá Sapienza di Roma, pelo profes-sor Diretor do doutorado em Architettura del Paesaggio, Dr. Ippolito Achille.

A experiência pretérita de aula de campo, como aconteceu em Paris com os arquitetos e urbanistas Yannis Tsiomis e Cristiana Mazzoni, possibilitou, além das leituras das estratificações temporais, desenvolver uma ótica operativa-reflexiva do ponto vista projetual sobre a cidade contemporânea. Alguns nomes importantes no cenário internacional estão sendo cogitados como continuidade e enriquecimento desse método, como os paisagistas Patrick Blanc e Gilles Clément.

Na sequência os percursos feitos nas cidades de Paris, Veneza e Roma.

Paris

Percuso 1: Das Praças Reais às Promenades Clássicas (Pont Neuf, Square du Vert Galant, Place Dauphine, Place des Voges, Place Vendôme, Jardin des Tuileries, Place de la Concorde, Jardin des Champs-Elysées e Arc de Triomphe).

Percurso 2: As Promenades Haussmannianas (Parc Buttes-Chaumont, Bois de Boulogne).

Percurso 3: A Paris Moderna

Percurso 4: Os Parques Contemporâneos (Parc de La Villette, Parc André Citroën).

Percurso 5: A metrópole em projeto: os territórios periféricos (Paris-Nord-Est, La Plaine St-Denis, Paris-Rive Gauche, Paris-La Défense, Nanterre/Seine Arche).

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Veneza

Percuso 1: Praça San Marco (Basílica, velhas e novas procuradorias, Torre do Relógio, Biblioteca Marciana, Zecca, Fon-daco dei Tedeschi).

Percurso 2: Rialto (Ponte di Rialto, Pallazzo dei Dieci Savi e Fabbriche Vecchie).

Percurso 3: As grandes escolas e a estruturação da periferia veneziana (Scuola Grande e Chiesadi San Rocco, Complesso Residenziale a Santa Maria Mazor).

Roma

Percurso 1: Roma Caput Mundi e Roma Antiga

Percurso 2: Roma do Renascimento, Barroco e Moderna

Percurso 3: Roma Capital da Cristandade

Percurso 4: Roma Fascista, Roma E.U.R. e Roma e Arquitetura Contemporânea (Renzo Piano, Maximiliano Fuksas e Zaha Hadid)

nota

1O Curso Internacional de Extensão Universitária denominado “A dimensão paisagística no projeto da cidade contem-porânea”, estruturou-se a partir de atividades na Unesp/Bauru (um módulo preparatório – 02 a 06/07/12) e palestras e aulas de campo, com um total de 142h/aula ministradas por grandes especialistas das Universidades colaboradoras (23/07 a 05/08/12): École Superieure d’Architecture de Paris La Villette (Paris VIII), Universitá Sapienza (Roma) e Isti-tuto Universitario di Architettura di Venezia (IUAV di Venezia-Itália).

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Sobre os autores

Adalberto da Silva Retto Júnior é arquiteto e professor do Curso de Arquitetura da Unesp Campus de Bauru, com doutorado FAU USP/Departamento de História do IUAV de Veneza (2003) e pós-doutorado (Fapesp) no IUAV de Veneza (2007).

Marta Enokibara é arquiteta e professora de paisagismo no Curso de Arquitetura da Unesp Campus de Bauru, com doutorado na FAU USP.

Ficha técnica

Coordenação do cursoProf. Dr. Adalberto da Silva Retto Júnior (Unesp/Bauru e Sorbonne Paris I); Profa. Dra. Marta Enokibara (Unesp/Bau-ru)

Colaboradores Prof. Dr. Yannis Tsiomis (Diretor de Estudos na EHESS e Professor na École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris-la-Villette); Profa. Dra. Cristiana Mazzoni (Professora na École Nationale Supérieure d’Architecture de Strasbourg e Diretora do Laboratório Amup/ENSA de Strasbourg); Prof. Dr. Gianmario Guirardelli (Professor do IUAV di Venezia); Profa. Dra. Heleni Porfyriou (Consiglio Nazionale di Ricercadi Roma); Prof. Dr. Achile M. Ippolito (Professor da Sapienza, Università di Roma); Arqueóloga Dra. Laura Genovese (Consiglio Nazionale di Ricerca di Roma); Profa. Dra. Emma Tagliacolo (Professora da Sapienza, Universitàdi Roma e Consiglio Nazionale di Ricercadi Roma); Prof. Ms. Eraldo Rocha (UNIP/Bauru)

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Indagações a partir do livro L’architettura della Città, de Aldo Rossi

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Teatro do Mundo, Bienal de Veneza, 1979Croqui Aldo Rossi

L’Architettura della Città é publicado em 1966, mes-mo ano de Complexity and Contradiction in Architecture de Robert Venturi, nos Estados Unidos e de Il Territorio dell’Architettura, de Vittorio Gregotti, na Itália.

Sem querer se debruçar na relação, e nem mesmo, sobre as diferenças e complementariedades destes três textos, ilumi-na-se a partir de uma cronologia horizontal (1) a amplitude do debate de uma geração inteira de arquitetos sobre a necessi-dade de redefinir coordenadas teóricas, que poderiam guiar e orientar a dimensão do fazer e do agir arquitetônico. A leitura dos três livros demonstra uma verdadeira revisão crítica da disciplina, a partir do empobrecimento do Movimento Moderno que, na forma globalizada do International Style, do segundo pós-guerra, manifesta a sua insuficiência em delinear com clareza qual deveria ser o futuro da arquitetura.

L’architettura della Città abre um debate fundamental da história da cidade e da arquitetura já explicitado no próprio título: a cidade, na sua totalidade, aparece como um organismo vivo que se compõe de arquitetura em um binômio in-separável. Com isso, Aldo Rossi põe as bases para uma refun-

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dação objetiva e científica da disciplina, cuja racionalidade não é mais autoreferencial, mas interna, de coordenadas históricas. A arquitetura, assim, é vista como um fato permanente, universal e necessário que deve conhecer e recon-quistar o território indiscutível da própria especulação teórica e da própria prática operativa: a cidade.

O objetivo primário de Rossi é justamente o de definir a estrutura intrínseca na cidade, pois somente partindo de seu conhecimento e da análise da dimensão urbana, a arquitetura poderia restabelecer sua contribuição operativa. A cidade, que vem analisada e investigada pelo autor através de métodos interpretativos específicos da geografia ur-bana e princípios do estruturalismo, compõe-se “per parti” autônomas e reconhecíveis a partir das quais derivam as declinações específicas: o tecido repetitivo das residências e a individualidade dos monumentos.

Vale, entretanto, salientar que a produção bibliográfica rossiana não acaba com este livro, e que, para uma com-preensão maior de sua reflexão, é necessário estabelecer não somente uma leitura acurada dos projetos (como docu-mentos primários), mas também com outros textos do mesmo autor. De fato, o livro aqui apresentado é um texto que recolhe e sistematiza uma série de estudos, de análises e de considerações maturadas e aprofundadas no período de sua formação, no âmbito de sua escola em Milão, assim como artigos publicados na revista Casabella Continuità, dirigida naquele momento por Ernesto Nathan Rogers, onde Rossi é redator há mais de dez anos.

Apesar deste aspecto, é importante ressaltar que neste livro Aldo Rossi, empenhado na construção lógica de uma teoria a priori, não propunha um modelo paradigmático de cidade. A cidade análoga, que é apresentado somente alguns anos depois, faz parte de uma reflexão que persegue o autor por toda sua vida acadêmica e profissional.

Um outro confronto, que torna-se obrigatório quando faz-se um diálogo vertical (2) com a obra do autor, é o seu Au-tobiografia Scientifica (3). Os dois textos, que estão separados do ponto de vista cronológico por vinte anos, foi publi-cado pela primeira vez nos Estados Unidos por uma solicitação de Philip Johnson. Somente chega no cenário italiano em 1991, ano em que Aldo Rossi é o primeiro italiano a receber o Pritzker Prize.

Aos estudos teóricos sobre a cidade conduzidos nos anos de 1960 e 1970, baseados sobre as lógicas abstratas do plano,

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Aldo Rossi contrapõe uma investigação pessoal baseada no estudo da cidade como um organismo composto de tan-tas partes acabadas, determinadas no curso do tempo, através de processos de transformações e de permanências, que adquirem valores específicos na memória individual e coletiva, e que constituem a essência, a alma da cidade.

A observação dos elementos que compõem a cidade transforma-se, na atividade projetual de Aldo Rossi, em memória dos próprios elementos. Estes elementos, modificados através de sucessivas depurações lingüísticas, em for-mas primárias, em arquétipos (como o cone, o cubo, a pirâmide), recompõem-se em cada arquitetura, “evocando um sentimento de vida” (4) ou exprimindo “uma nostalgia” (5).

A lição de “A arquitetura da cidade”, traduzido para língua portuguesa em 1977 (Portugal) e em 1995 (Brasil), é também e, sobretudo, fazer perceber as relações entre história da cultura e das instituições (“A cidade grega” de Marcel Poëte; Fustel de Coulanges, etc.) e a arquitetura.

Mas, a tomada de consciência de que a cidade que se lê é aquela em que se opera, de certa forma, explica o êxito nacional e internacional da obra (6) considerado por teóricos como um livro-tratado (7). Ao retornar à natureza do próprio conhecimento diante das transformações da arquitetura da cidade, em uma condição análoga àquela do an-gelus novus, de Walter Benjamin, o autor explicita a consciência do arquiteto na dupla angulação: da continuidade da própria disciplina na proposição analítica e projetual, e a fratura ocorrida socialmente, nos modos e nas expectativas de vida, sem se esbarrar em uma proposição meramente utópica. Esta relação dolorosa constituiu-se em uma questão teórica, cuja importância reaparece atualmente (por uma implícita aspiração a uma “unidade aquitetura-urbanismo”) diante de um cenário, no qual a possibilidade de uma teoria do projeto parece completamente absorvida da extrema complexidade das formas da paisagem contemporânea.

Os elementos primários e área-residência: a cidade “per parti”

No livro de Rossi, o assentamento físico da cidade é decomposto em dois sistemas distintos, definidos como os “elementos primários” e “área-residência” (8). Na individualização de tais elementos primários entram múltiplos aspec-

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tos, o caráter público e coletivo (“o aspecto coletivo parece constituir a origem e o fim da cidade” - escreve Rossi), o caráter histórico-monumental (“um edifício histórico pode ser entendido como um fato urbano primário; isso re-sulta desligado da sua função originária, ou apresenta no tempo mais funções, no sentido do uso a que foi destinado, enquanto não modifica a sua qualidade de fato urbano gerador de uma forma da cidade. Os monumentos são sempre elementos primários”).

Os elementos primários, assim, têm uma natureza múltipla, que em síntese pode ser definida, nas palavras do autor como “aqueles elementos capazes de acelerar o processo de urbanização de uma cidade e, referindo-se a um território mais amplo, dos elementos caracterizantes os processos de transformação espacial do território. Eles agem quase sem-pre como catalizadores” (9).

Tais elementos, no final, não são uma necessidade dos fatos físicos constítuidos: podem ser simplesmente “lugares” do-tados de um valor simbólico próprio: “o fato urbano, de fato, apresenta uma qualidade específica sua, que é dada prin-cipalmente pela sua persistência em um lugar, da capacidade de desenvolver uma ação precisa, da sua individualidade”. Mas não só: eles podem ser reencontrados também no “plano” da cidade (10): “afirmo agora – acrescenta Rossi – que considero o plano um elemento primário, da mesma forma que um templo ou um forte”.

Em conclusão, ao caracterizar o conceito de elemento primário entram em jogo o caráter de constância ou de per-manência do seu papel e de sua existência física no envolvimento com a cidade, o caráter de individualdade ou de sin-gularidade que eles possuem, logo o caráter de elemento gerador e formativo da estrutura urbana de um determinado período histórico.

Ezio Bonfanti no texto “Elementi e Costruzione. Note sull’Architettura di Aldo Rossi”, de 1970, em uma análise atenta entre os elementos e seu procedimento projetual compositivo, afirma que aquilo que caracteriza o processo de con-strução da obra rossiana (dos seus projetos e de seus desenhos) é uma composição por elementos acabados e autôno-mos, que são colocados lado a lado e reunidos, sem nenhuma possibilidade de subordinação hierárquica (11).

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Bonfanti classifica estes elementos em duas categorias: pedaços e as partes. Os pedaços, são “elementos primári-os irredutíveis ulteriormente”, como por exemplo as paredes muitos finas do edifício na Gallaratese ou a trave com secção triangular da ponte para a Triennale di Milano. As partes, ao contrário, “são elementos mais complexos que […] podem coincidir com obras arquitetônicas inteiras”, como o monumento-fonte de Segrate ou o volume cúbico do Monumento à Resistenza di Cuneo. Ao tomar em análise a Prefeitura e Scandicci ou a escola elementar de Fagnano Olona, Bonfanti evidencia a emergência de traços do pavillionsystem citado por Emil Kaufmann no seu livro de 1933 “De Ledoux à Le Corbusier” (12). De fato, a arquitetura do Iluminismo, que assumiu um papel decisivo na formação de Aldo Rossi, colocou as bases para os princípios daquilo que Kaufmann define como arquitetura autônoma, nascida da destruição da Unidade Clássico-Barroca.

Sem entrar no mérito das considerações de kaufmann, o aspecto interessante e significativo levantado por Bon-fanti é o caráter duplo que o conceito de parataxe (13) assume como chave de interpretação para a obra e o pensamen-to do autor.

A Città analoga

Através dos estudos sobre “fatos urbanos”, Aldo Rossi desenvolve uma hipótese de “progettazione della città” fundada em um processo analógico passível de ser instituído entre a estrutura urbana histórica e a construção da cidade nova: “acredito - escreve – que o modo mais sério para operar na cidade, ou para entendê-la, que não é muito diferente, seja aquele de colocar uma mediação entre a cidade real e a cidade análoga. Que esta última, em síntese, seja a autêntica projetação da cidade (...). A alternativa real é aquela de proceder à construção da cidade por analogia: em outros termos, de servir-se de uma série de elementos diferentes, entre eles ligados ao contexto urbano e territorial, como pilares da nova cidade” (14). E interroga “Como existe uma relação autêntica, circunstanciada, com a cidade em que construímos? Isso existe – reforça Rossi, na medida em que a arquitetura remonta, nos motivos da sua própria projetação, as características gerais da cidade”.

Dez anos depois do L’Architettura della Città, um livro que não propõe um modelo urbano, Aldo Rossi começa a

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dar forma a sua idéia de cidade, seguindo princípios presentes no livro, de que a manufatura urbana é constituída por partes autônomas e acabadas, e imaginando uma cidade em que, como nos quadros de Canaletto, somam-se e se so-brepõem às partes compondo, no final, um projeto unitário.

A teorização da Città Analoga foi elaborada a partir de 1964, na introdução do catálogo da exposição Illumi-nismo e architettura del ‘700 Veneto (15). Todavia, é por ocasião da Biennale di Venezia de 1976, que o autor apresenta uma prancha que constitui a metáfora gráfica dos estudos e investigações sobre esta idéia.

Na prancha, apresentada como uma “obra coletiva”, apresenta a casa em Borgo Ticino, a perspectiva do Gal-laratese, o traçado de Monza, a Cabine dell’Elba e outras imagens do seu repertório sobrepostas ao tecido da cidade histórica e aos seus monumentos, reproduzindo uma paisagem urbana que encontra na técnica aditiva da montagem sua construção lógica.

Neste ponto, a Città Analoga se insere imediatamente em dois filões analíticos possíveis muito difundidos pelos estudiosos de Rossi: aquele dos modelos urbanos, que sempre caracterizaram o pensar da arquitetura e da cidade e, do ponto de vista da técnica, o da montagem/ collage procedimentos aditivos que filiam-se, em certa medida, à politics of “bricolage”, base da reflexão do livro Collage City de Colin Rowe e Fred Koetter (16).

Apesar de modalidades operacionais diferentes e processos não necessariamente convergentes, os resultados quando confrontados apresentam certas imagens relevantes:

1. O ponto de partida de Rossi tem base claramente estruturalista, na qual interpreta a cidade como uma estrutura física a partir da área-residência e os elementos primários. A cidade, assim, é concebida como uma manufatura, como uma obra de arte em que a cidade antiga e a cidade moderna confundem-se e se sobrepõem fazendo parte de um estudo analógico, científico e arqueológico que a partir do simbólico estabelece a ligação necessária entre o real e o ima-ginário.

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2. Rowe e Koetter em Collage City, ao contrário, sobrepõem à realidade urbana uma análise gestáltica que, através da definição das relações entre figura-fundo, permite individualizar e se confrontar utilizando dois modelos urbanos como referência: a cidade antiga que produz espaços, e a cidade moderna que produz objetos. Diante dos dois mode-los, que a história restitui como herança física e operativa, não existe a necessidade de uma escolha, mas simplesmente aceita-se as complexidades e as contradições do real. A cidade, dessa forma, apresenta-se como um repertório, um depósito múltiplo e complexo de formas, objetos, espaços e texturas, e a partir daí somente a prática projetual - da col-lage e do assemblaggio-, permite a definição da estratégia, que Colin Rowe já visualiza na Roma Imperial e Barroca ou nas construções das cidades-museus napoleônicas.

Com isto, notamos uma grande diferença entre a collage de Rowe e Koetter e a operação rossiana: para os primeiros, A Collage City não é uma reflexão sobre forma urbana, é muito mais uma estratégia. Logo, não é uma oper-ação compositiva que culmina no projeto, o processo já é ao mesmo tempo projeto.

Não é por mero efeito de retórica que no Collage City Colin Rowe retoma e comenta criticamente definições de Claude Lévi-Strauss do “O pensamento Selvagem” (17): “..o cientista”, cita Rowe “cria eventos ….a partir das estruturas e o bricoleur constrói as estruturas a partir dos eventos” (18).

Colin Rowe utiliza livremente as formas e os eventos, que serão montadas e arranjadas em uma construção nova. Enquanto para Rossi, o importante é a escolha dos elementos que entram para fazer parte da composição que irá recompor e reconstruir os fragmentos da realidade.

O procedimento projetual analógico

A relação análise urbana/projeto em Aldo Rossi, vem explicitamente formulada através de uma ‘hipótese de uma teoria de projetação urbana – arquitetônica, onde os elementos são prefixados, formalmente definidos, mas onde o significa-do durante a operação tem o sentido autêntico, imprevisto, original, da investigação”, já que “cada um pode reencon-trar elementos fixos e racionais na própria história, e acentuar o caráter peculiar de um lugar, de uma paisagem, de um monumento” (19).

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A intervenção de Rossi sobre a cidade põe-se, assim, primariamente com um problema de conhecimento do significado de uma civilização urbana e da sua imagem, para posteriormente transferí-lo “analogicamente” ao projeto. Isto significa que não existe uma instrumentalização específica da projetação urbana contraposta àquela da projetação arquitetônica, mas que em um movimento de ir e vir os elementos do projeto arquitetônico se orientam – na experiên-cia da projetação urbana –, com a finalidade de relacionar o objeto-cidade, a manufatura-cidade, a arquitetura da ci-dade.

A projetação urbana vem a agir sobre dois planos distintos, mas correlacionados: de um lado, em direção da pro-jetação/ reprojetação dos nós constitutivos da estrutura urbana (histórica); do outro lado, em direção a reprojetação dos mecanismos constituintes da forma de parte isolada da cidade.

O procedimento projetual, de que Aldo Rossi é um intérprete de grande sensibilidade, também corresponde à figura retórica da metáfora na translação de significado de um objeto a outro por “íntimas, mas variadíssimas semel-hanças”. O novo (a invenção) torna-se, em tal caso, metáfora do antigo, retomado – por analogia – por formas estru-turais, “formas tipológicas”, mais ou menos ancestrais, conectadas com a cidade preexistente. Em seus projetos não são propostas formas acabadas, mas “íntimas semelhanças” derivadas das “formas estruturais”: geometrias do lugar, “ge-ometrias da memória”.

Todavia – por considerações não somente dimensionais, mas também concretamente de gestão – foi eclipsada qualquer ilusão utópica da “cidade toda como arquitetura”, ou melhor, de um “controle da forma urbana operado globalmente com os instrumentos da arquitetura”.

A “città analoga” de Aldo Rossi introduz “um procedimento compositivo, que é permeado de alguns fatos funda-mentais da realidade urbana, entorno a qual constitui outros fatos fazendo parte de um sistema analógico” (20).

Para ilustrar este conceito, Rossi refere-se ao famoso capriccio palladiano de Canaletto: “os três monumentos paladianos constituem uma Veneza análoga cuja formação é completada com elementos corretos, ligados à história da

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arquitetura como da cidade (...). Tal operação lógico-formal pode traduzir-se em um modo de projetação” (21).

O novo, no procedimento rossiano, é, sem dúvida novo, mas faz alusão ao já conhecido através de sutis retoma-das, que instaura uma continuidade com o preexistente, filtrada pela memória, com uma interpretação estritamente subjetiva, mas profunda, de cores, traços somáticos, de matrizes tipológicas, de um ambiente urbano. Não tem neces-sariamente, neste tipo de intervenções, a busca de uma continuidade morfológica com aquilo que preexiste: a relação com as preexistências – como já dizia Rogers – é uma relação de tipo figurativo, de uma sintonia camuflada com os significados formais de um lugar e suas imagens: é uma relação de certo modo literária, poética, assimilável à interpre-tação (também literária e poética), que qualquer escritor elabora sobre as peculiaridades das cidades, de maneira sinté-tica. Um exemplo acabado que ilustra esta relação é a síntese feita pelos pintores mais amados e estudados por Rossi, como De Chirico, interpretando as cidades da região padana, ou Sironi, as periferias lombardas. Entretanto, apesar do estudo da cidade ser a base do projeto, durante a fase projetual essa história é esquecida, uma vez que os dados sim-bólicos, lingüísticos, figurativos da tradição arquitetônica de uma determinada civilização histórico-geográfica, torna material operado na impostação do projeto.

O procedimento de Rossi está presente e encontra respaldo na definição, de 1978, do recém-fundado Diparti-mento di Teoria e Tecnica della Progettazione Urbana do Istituto Universitario di Architettura di Venezia (I.U.A.V.), que assumia como campo de estudo “a projetação urbana - arquitetônica em relação a um contexto dado, interpretado nos seus componentes de história, de morfologia, de funções”.

De fato, Rossi somente assume uma cadeira como professor efetivo na Universidade de Veneza, em 1975, depois de ter sido professor asistente de Ludovico Quaroni, em 1963, na escola de Urbanismo de Arezzo, e de Carlo Aymoni-no, no Istituto Universitario di Architettura di Venezia. A partir de 1965 ensina na Università de Milão, Zurique e em diversas Universidades dos Estados Unidos.

Nas palavras de Gianugo Polesello, então diretor do departamento: “Afirmei que a Arquitetura e o Plano já se con-tituem em domínios científicos separados, tecnicamente definidos. Não pretendo aqui postular uma reconquista da

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unidade entre Arquitetura e Plano (...). Afirmo, porém, que o problema do town-design como disciplina ou como ciên-cia autônoma e separada, é restrito de significado, seja a respeito aos resultados arquitetônicos, seja daqueles urbanís-ticos, do plano. O problema não é aquele da coincidência entre Arquitetura e Plano, que são mantidos autonômos e independentes do ponto de vista técnico e teórico-científico, mas sim o da Projetação da Cidade” (22). A “projetação urbana” “vem assim se qualificar, não tanto como ‘disciplina’ em si mesma e ‘técnica’ específica, quanto como tema, que tem por objeto a cidade e a sua definição física e formal. A cidade é, assim, o objeto e o fim último da projetação urbana. Ela pode usar, instrumentos do Plano (como estratégia de reordenação e localização, funcional, econômico...) e da Arquitetura (como técnica de intervenção direta na construção da cidade)”.

Revisitar as biografias científicas de personagens, trajetórias profissionais como Rossi, assim como de outros arquitetos do cenário italiano como Vittorio Gregotti, Gianugo Polesello, Giorgio Grassi, Carlo Aymonino, Giancarlo de Carlo, Bernardo Secchi e Gino Valle, permite explicitar de forma cabal uma relação entre teoria do projeto e visão racionalizada da cidade e do território – que significa, antes de tudo, considerar a possibilidade de uma dimensão dis-cursiva e operativa no fazer, sem criar simples (ou simplistas) procedimentos de causa e efeito.

Notas

1A “Leitura horizontal”, do ponto de vista metodológico, é capaz de colher as convergências, contatos entre profissio-nais, participação em trabalhos comuns, seja no âmbito acadêmico, seja naquele institucional. (Relatório Fapesp – pós doutorado no Dottorato di Ecellenza ISAV– Adalberto da Silva Retto Jr - 2007).

2A “Leitura vertical” permite colher a contribuição efetiva do autor interna a disciplina, tendo como base o escopo dis-ciplinar da História da Arquitetura e do Urbanismo, observados pela sua densidade ou redução, na capacidade de ex-pandir-se ou de se repropor, a partir da aparição e de sua maturação, consistência, declínio ou metamorfose. No caso específico dos textos, ganha particular importância a averigüação dos canais de difusão ou tipologias dos destinatários, pois de maneira rápida e essencial possibilita visualizar a inserção destes na comunidade científica e na sociedade. (A

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leitura horizontal e vertical faz parte das discussões metodológicas para a construção de trajetórias profissionais no campo da arquitetura e urbanismo e foram desenvolvidas, em um primeiro momento no âmbito de duas disciplinas optativas intituladas “Escalas de modernidade: um percurso na obra do arquiteto Fernando Pinho” (2001 e 2002) e “Ur-banismo em Questão” (1999). Recentemente enriquecidas na construção da trajetória profissional do engenheiro Vic-tor da Silva Freire, durante pós-doutorado no Doutorado de Excelência de Veneza e apresentadas no relatório Fapesp – pós doutorado – Adalberto da Silva Retto Jr (2007).

3Para alguns autores, no livro Autobiografia Científica existe uma superação de uma interpretação evolucionista, que leva a pensar uma divisão de sua produção em dois momentos: um Rossi de L’architettura della città e outro de Auto-biografia Scientifica. Apesar disso, a teoria como construção lógica e objetiva, e a autobiografia como necessidade de confronto com a dimensão subjetiva, são elementos que permanecem ao longo da carreira do autor.

4ROSSI, Aldo. A cura di G. Braghieri. Bologna: Zanichelli Editore, 1989, p.11

5TAFURI, M. - DAL CO, F. Architettura contemporanea. Milão: Electa, 1988, p.382

6Principais edições italianas e estrangeiras de L’architettura della città:

Edições italianas – Título: L’architettura della città. I, II, II edições Padova, Marsilio Editori; collana <Biblioteca di Architettura e Urbanistica> com direção de Paolo Ceccarelli, n.8. I edição, maio de 1966; PP.217, 3n.n.; Il. no texto, 12; fora do texto, ,37; II edição, com um <Prefazione Allá seconda edizione> do autor, abril 1970; PP.8 n.n.; il. como na I edição; III edição, abril 1973; igual a precedente. A IV e V edições: Milano, Clup (Cooperativa Libraria Universitaria Del Politecnico). I edição, maio de 1978, curado por Daniele Vitale, com uma revisão das notas e todas as introduções

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e apresentações do autor para as edições precedentes; pp. 314; il. no texto, 103; fora do texto, 44; II edição, junho de 1987, curada e com premissa de Daniele Vitale, com atualização das introduções e apresentações do autor para as edições precedentes e revisão das ilustrações; pp.348; il. no texto, 162.

Edições espanholas – Título: La arquitectura de la ciudad. Barcelona, Editorial Gustavo Gili, S.A.; com <Prólogo a La edición castellana> de Salvador Tarragó Cid (escrito em 1968); tradução de Josep Maria Ferrer-Ferrer e Salvador Tar-ragó Cid; revisão bibliográfica de Joaquim Romaguera e Ramió. I edição, na <Colección Arquitectura y Crítica>, dirigi-da por Ignacio de Solá-Morales Rubió, 1971; pp.239, 3 n.n., 4n.n.; il. no texto, 12; fora do texto, 37; II edição, na <Colec-ción Punto y Linea>, sem data (mas de 1976); pp.239, 5 n.n.; il. no texto, 10; VII edição, 1986; pp.312; il. no texto, 47, fora do texto, 37.

Edição alemã – Título: Die Architektur der Stadt. Skizze zu einer grundlegenden Theorie dês Urbanen. Düsserdolf, Bertelsmann Fachverlag (Copyright de 1973, Verlagsgruppe Bertelsmann GmbH/Bertelsman Fachverlag, Düssedolf); coleção <Bauwelt Fundamente>, dirigida por Ulrich Conrads, n.41; com um <Nachwort zur deutschen Ausgabe> do autor; tradução ao alemão de Arianna Giachi; pp.174, 2n.n.; il. no texto, 12, e fora do texto, 37.

Edição portuguesa – Título: A arquitectura da cidade. Lisboa, Edições Cosmos, novembro 1977; direção e tradução de José Charters Monteiro e José da Nóbrega Sousa Mantins; com <Introdução à edição portuguesa> do autor; pp.260, 2n.n.; il.no texto, 12 e fora do texto, 8, 49.

Edição americana – Título: The Architecture of the City. Cambridge, Mass, and London, Engl., M.I.T. Press, 1982 copy-right for The Graham Foudation for Advanced Studies in the Fine Arts, Chicago, Ill., and The Institute for Architecture and Urban Studies, New York, N.Y.; coleção “Opposition Books”, dirigida por Peter Eisenman e Keneth Frampton; tradução de Diane Ghirardo e Joan Ockman, revisada pelo autor e por Peter Eisenman; com um “Editor’s Preface” e “Editor’s Introduction: The House of Memory. The Test of Analogie” de Peter Eisenman; e uma “Introduction to the First American Edition” feita pelo autor; pp.202, 105 il.

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Edições francesas – Título: L’architecture de la ville. Paris, L’Equerre, 1981; coleção “Formes Urbaines”, dirigida por Antoine grumbach e Bernard Huet; tradução de Françoise Brun; edição inteiramente igual a I edição Clup, Milano, 1978; pp.296; il.146.

Edição grega – Título: H APXITEKTONIKH TH∑ ∏OΛΛ∑. Salonicco, 1986; copyright para língua grega de Lois Papa-dopoulos, Giorgos Papalistas, Sofie Tsitiridou; tradução de Vassiliki Petridou; com uma “Nota a edição grega” do au-tor; pp.354; il.103, fora do texto, 44

Edição húngara – Título: A város épitészete. Budapeste, Budapesti Muszaki Egyetem, 1986; tradução a partir da edição americana de masznyik Csaba, com a colaboração de Moravánszky Ákos; pp.146; il. n.n. In.: II edição, junho de 1987, curada e com premissa de Daniele Vitale.

Edição brasileira – Título: Arquitetura da cidade. Editora: Martins Fontes, São Paulo, 1995; pp. 309; coleção a com prefácio de Daniele Vitale, constando no final do livro da “Introdução à edição portuguesa”, Nov.1977, e nota biográ-fica (sem autoria); Il. no texto, 145, e 11 na “Introdução à edição portuguesa”.

7Ver DE MICHELIS, Marco, “Ceci tuera cela” Parametro, n. 267, mar. 207, p. 19-23. Cit. RETTO JR, A.S. In.: Plano e ar-quitetura / plano com arquitetura. Indagações acerca das Lições de urbanismo de Bernardo Secchi, Arquitextos, 083-02. Portal Vitruvius, abril 2007.

8Nas palavras de Rossi: “vede la città distinta in parti diverse e dal punto di vista formale e storico costituenti dei fatti urbani complessi. Poiché in un quartiere è preminente la parte residenziaIe e questo con i suoi aspetti ambientali cam-bia notevolmente nel tempo caratterizzando l’area su cui insiste, piuttosto che le costruzioni, ho proposto di usare il termine di area-residenza. (...) Ma le aree e l’area-residenza (...) non sono sufficienti a caratterizzare la conformazione e l’evoluzione della città; al concetto di area deve accompagnarsi quello di un insieme di elementi determinanti che

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hanno funzionato come nuclei di aggregazione. Questi elementi urbani di natura preminente li abbiamo indicati come elementi primarii in quanto essi partecipano dell’evoluzione della città nel tempo in modo permanente, identifican-dosi spesso con i fatti costituenti la città. L’unione di questi elementi (primarii) con le aree in termini di localizzazione e di costruzione, di permanenze di piano e di permanenze di edifici, di fatti naturali o di fatti costruiti, costituisce un insieme che è la struttura fisica della città” (Rossi, 1966).

9ROSSI, Aldo. L’architettura della città, Milano, Marsilio Editori, I edição, 1966.

10Quando Rossi cita o Plano como elemento primário, certamente relaciona-se ao Plano Diretor da Cidade, que no con-texto italiano da época tem uma relação entre arquitetura e urbanismo.

11BONFANTI, E. Elementi e Costruzione. Note sull’architettura di Aldo Rossi, in Ezio Bonfanti, Scritti di Architettura, a cura di Luca Scacchetti, Milano, Clup, 1981, pag. 286.

12O livro de Emil Kaufmann, foi publicado pela primeira vez em Viena, 1933, propondo uma interpretação inédita sobre a arquitetura moderna

13A parataxe, do ponto de vista estilístico, é um processo de dispor lado a lado blocos de significação, sem explicitar a relação que os une. O discurso descontínuo das linguagens pós-modernistas torna a montagem um processo comum em que elementos isolados criam novo sentido com a técnica da montagem, que é por excelência do cinema, que tra-balha com fragmentos e corte: uma imagem projeta significado à outra. Dentro da mais clássica tradição retórica, a figura da parataxe faz parte das figuras de linguagem que afetam o aspecto sonoro ou gráfico das palavras, o aspecto

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semântico das unidades, a disposição formal da frase ou o valor lógico e referencial da proposição, operando funções de supressão, acréscimo, substituição e permuta. Mais especificamente, os metataxes ou figuras de construção, que atuam sobre a frase, a ordem das palavras, a gramática, que agem no plano sintático e formal, alteram a estrutura habitual da frase como elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto, polissíndeto, hibérbato, inversão, hipálage, quiasmo, para-taxe, silepse, anacoluto, anáfora, aliteração, assonância, onomatopéia, oxímoro, tmese.

14ROSSI, Aldo, Scritti scelti sull’architettura e la città, a cura di Rosaldo Bonicalzi, Milano,Clup, 1975

15SAVI, Vittorio, L’architettura di Aldo Rossi, Milano, Franco Angeli Editore, 1976.

16ROWE, Colin, Koetter Fred, Collage City, Milano, Il Saggiatore, 1981.

17LÉVI-STRAUSS, Claude. O Pensamento Selvagem. RJ: Zahar Ed., 1983.

18ROWE, Colin, Koetter Fred, Collage City, Milano, Il Saggiatore, 1981, pp. 168.

19ROSSI, Aldo, Scritti scelti sull’architettura e la città. Op. Cit.

20ROSSI, Aldo, Scritti scelti sull’architettura e la città. Op. Cit.

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21ROSSI, Aldo, Scritti scelti sull’architettura e la città. Op. Cit.

22GRANDINETTI E PITTALUGA, Aspetti dell’architettura di Gianugo Polesello / Armando Dal Fabbro. In: Edilizia pop-olare: rivista bimestrale dell’Associazione nazionale fra gli Istituti autonomi per le case popolari, N. 220 (1992), p. 42.

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Sobre o autor

Adalberto da Silva Retto Junior, professor de projeto urbano e história do urbanismo na FAAC – Unesp Cam-pus de Bauru, pós-doutorado como bolsista Fapesp, no Doutorado de Excelência SSAV/ Istituto Universitário di Ar-chitettura di Venezia.

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Livro na íntegra: http://migre.me/gl20Q

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Escalas de Modernidades: Um percurso na obra do arquiteto luso brasileiro Fernando Ferreira de Pinho

http://migre.me/glkwP

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Resumo

Para compreensão da totalidade da obra (casas unifamiliares, conjuntos habitacionais, mobiliário, bairros, ed-ifícios e Igrejas) do arquiteto português Fernando Ferreira de Pinho (1950-1990), foi necessário ultrapassar a distância temporal-territorial e concentrar a atenção sobre alguns temas com os quais ele se debate com empenho e continui-dade. Seja no Porto, em São Paulo ou nas cidades “pioneiras” do oeste, à frente da construtora Martha & Pinho Ltda, ocupa-se do projeto ‘a sua execução final, oscilando entre experimentação tecnológica e processo superado de caracte-rísticas compositivas. Sua obra, ao mesmo tempo que o distancia da arquitetura compromissada com uma brasilidade, proveniente de Artigas ou de Niemeyer, filia-se aos princípios heróicos de uma modernidade do qual Rino Levi, em São Paulo, desponta como seu maior intérprete. Entretanto, se a seqüência das obras de Fernando Pinho delineia uma cidade nos cânones do estilo internacional, afirmada pela abstração técnica, ao remontarmos o momento histórico em que floresce sua obra, afirma-se uma nova estrutura urbana na cidade de Bauru. Esta, respaldada pelas condições políticas e organizacionais, que viriam consub-stanciar uma nova lógica social, econômica e territorial para o país, priorizando as redes de transportes necessárias à articulação inter-regional, numa espécie de refundação rediscutindo os postulados fixados pela Carta de Atenas.

Abstract

To understand the totality of the work (mono-familiars houses, habitation, furniture, neighbourhoods, build-ings and churches) of the Portuguese architect Fernando Ferreira de Pinho (1950-1990), it was necessary to get over

Um Percurso na Obra do Arquiteto Fernando Ferreira Pinho: Geografia de uma Modernidade e Ensaio de Catalogação

Adalberto da Silva Retto Júnior ([email protected]) Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo - FAAC - UNESP

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the temporal - territorial distance and to focus on some issues he faced with effort and continuity. Either in the Port, in San Paolo, either in western “pioneers” cities, Matha & Pinho Ltda., as his building industry boss, directly works from the project phase to the final execution, oscillating between technological experimentation and exceeded pro-cess of compositional characteristics. His work at the same time distances him from the compromised architecture through a “Brazilianness” originating from Artigas or Niemeyer, and gets along with the heroic principles of moder-nity whose most relevant interpreter in San Paolo is Rino Levi. However, if the sequence of Fernando Pinho’s works delineates a city under international style standards af-firmed by the technical abstraction, when recalling the historical moment in that blossoms his work, a new urban structure in the city of Bauru gains strength, supported by the political and organisational conditions, that would re-flex a new territorial, economic, social logic for the country, in accordance with the priority given to the nets of trans-portation necessary for an inter- regional articulation, a sort of re-foundation discussing what is postulated within the Letter of Athens.

Introdução

No Porto, cidade onde se formou, ou em São Paulo, a “City of great opportunities” para os arquitetos imigrant-es, as obras de Fernando Ferreira de Pinho delineiam uma cidade nos cânones do estilo internacional remontando os ideais do modernismo heróico afirmado pela abstração técnica, propiciada pela industrialização e estreitamente rela-cionado a um espírito industrial mais avançado, neo-técnico, para retomar uma expressão de Patrick Geddes (1970)1. De fato, a partir da crise do café em 1929 e de sua queda no mercado internacional, percorre-se a década de 1930 e iní-cio da década de 1940, com um país que conhecia um primeiro crescimento industrial significativo, deslocando o cen-tro dinâmico da economia para o mercado interno. Como salienta Octávio Ianni (1963, p.110), estavam constituídos os pré-requisitos básicos da industrialização: a existência de capital acumulado através da agroexportação e a presença de um contingente de trabalhadores livres, em formação desde a abolição e a chegada dos imigrantes europeus. A essa situação somavam-se outros fatores como a existência de mercado consumidor interno e a disponibilidade de máqui-nas e conhecimentos técnicos importados.

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Lançadas as bases da industrialização, Fernando efetuaria a dissolução da arquitetura na cidade do “cuchiaio alla città”, como enunciada pelo racionalismo italiano: o conjunto habitacional, igrejas, residências unifamiliares, o de-senho do bairro e detalhamento de mobiliário, até edifícios verticais. À frente da construtora Martha & Pinho Ltda., ocupa-se do projeto à sua execução final, oscilando entre experimentação tecnológica e processo superado de carac-terísticas compositivas, baseado em profundo conhecimento da cultura construtiva, trabalhando materiais pobres e tecnologia sofisticada, elucidado através do confronto entre obra executada e maquete, croquis e desenho executivo.

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Se por um lado, esta escala de resolução corresponderia a um perfil de profissional que afirmava os preceitos da Carta de Atenas, por outro, revelaria um descompasso entre o desenvolvimento da capital e interior do estado de São Paulo, com reflexos tanto na sua produção arquitetônica e urbanística e nas bases conceituais do projeto, tanto como no perfil e atuação do profissional. A unidade de método enunciada por Artigas, poucos anos antes, corresponderia uma outra figura de projetista que realizaria as várias escalas da cidade através da unidade entre arquitetura e urban-ismo numa mesma disciplina: o design, a arquitetura, o town design e o urbanismo. Na reforma de 62, explica Arti-gas, partia-se “para uma visão mais ampla da arquitetura, fora do âmbito do próprio edifício. O urbanismo era fácil de compreender como parte da Arquitetura, mas incluímos também a programação de Comunicação Visual e de Desenho Industrial. Com isso, o arquiteto, feito pela FAU, passava a enfrentar o total do meio ambiente como temática: desde o planejamento da estrutura urbana, passando pelo objeto industrial, até a programação dos edifícios que deveriam compor a cidade.” 2. No plano nacional, tal debate reflete-se na busca do genius loci e da centralidade, consubstanciados na Brasília de Lúcio Costa, mas pertencentes também ao Team X. Se a produção do arquiteto Fernando Pinho não fazia parte do esforço extremo de imaginação análoga a uma espécie de refundação que percorreu os anos cinqüenta e sessenta, rediscutindo os postulados fixados pela Carta de Atenas, a construção do Estado e da identidade nacional passariam pela integração do território de “desmesurada grandeza geográfica” elevando a escala de resolução do urbanismo ao âmbito nacional. A ampliação do ângulo de observação, leva-nos aos anos de 1970, que marcariam não só o período mais profícuo da obra do nosso personagem, mas em que as condições políticas e organizacionais viriam consubstanciar essa nova escala de ação. Tem-se uma nova lógica social, econômica e territorial para o país, aproveitando os caminhos abertos pela Constituição de 1937, am-parado pelo Plano de Reaparelhamento Econômico (1951-1954) e pelo Plano de Metas (1956-1961), que priorizaria as redes de transportes necessárias à articulação inter-regional. Nas palavras de Anhaia Mello3, o urbanismo – só pode-ria ser realmente praticado no plano regional e na maior de suas regiões – a Nação. De um lado, instauram-se as bases de uma nova reorganização da metrópole, na qual o modelo radio-concêntri-co do Plano de Avenidas, já considerado por Lodi4 como “fechado e gerador de forte pressão sobre um único centro”, é posto em discussão em detrimento de uma solução linear; de outro, seriam estabelecidas as bases de uma estrutura diferenciada que priorizaria a integração do território. Vale frisar que, no período de 1920 e 1950, o Estado já tinha

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substituído linhas férreas por rodovias construídas nos mesmos traçados, levando a escolha das estradas de rodagem como principal meio para a realização dos fluxos de mercadorias e pessoas no país. Caberia a elas integrar as zonas de fraco povoamento e produção para constituir um mercado unificado comandado por São Paulo. Nesse período, deu-se a construção de importantes rodovias como a Rodovia Padre Anchieta, ligando a capital paulista ao litoral, a Via Anhangüera, ligando São Paulo à cidade de Jundiaí, a rodovia Presidente Dutra entre São Paulo e Rio de Janeiro e, num momento posterior, a Av. Rondon, que se articularia à rede rodoviária nacional, mas que afirmaria internamente à cidade de Bauru, uma estrutura regional, denominada Av. Nações Unidas. Ver a Brasília de Costa e o projeto de Artigas para a metrópole paulista sob este prisma, seria remontar uma discussão do estruturalismo arquitetônico, que propunha fixar alguns elementos estáveis que se apoiassem numa espinha dorsal de facilidades, possibilitando variações e flexibilidade, incremento otimizado dos elementos, numa sobreposição entre a influência individual e aquela da comunidade. Em reação ao princípio da separação das partes e das atividades, base da urbanística do Movimento Moderno, busca-se a total integração física de todas as partes à esta espinha dorsal. Mas, se o sistema de transporte à alta velocidade retomaria uma discussão do estruturalismo arquitetônico, explicitaria também uma descontinuidade enunciada no âmbito formal, que faz com que a integração da casa à cidade fosse mediada pela simples volumetria. A relação entre casa e cidade enunciada por Artigas, na estruturação da metrópole já consolidada, é agenciada pelo edifício. Entretanto, sua integração à cidade seria mediada por objetos técnicos, materiais urbanos, que aparecem como articulação possível para a fragmentação da mesma. Não é à toa que ao falar de arte e técnica, Artigas remonta a distinção aristotélica entre a natural being e artefato. Na afirmação que se segue Artigas enumera tais elementos: “Daí, podermos concluir que a ponte, a estação, o aeroporto, não são habitações, mas complementos, objetos complementares à habitação através dos quais o espaço da habitação se universaliza. A cidade é uma casa. A casa é uma cidade.”5 Se a afirmação de Artigas é válida para organização da metrópole, na qual os arquitetos com hipóteses operativas afirmariam a limitação das partes, levando a arquitetura a ser protagonista absoluta com excesso de valores metropo-

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litanos, essa nova dimensão na estruturação do interior paulista perfilaria duas gerações de arquitetos: de um lado um grupo de arquitetos ligados à uma arquitetura compromissada com uma brasilidade, proveniente de Artigas, que se ocuparia de infra- estruturas urbanas, como terminais rodoviários, prefeituras, etc.; de outro, um grupo de profissio-nais, ocupados na construção da cidade utilizando uma técnica compositiva superada baseada numa condição de ma-turidade da indústria nacional.

Mas, se a nova configuração de cidade articulada por vias regionais seria afirmada pela conjuntura política e social, estas seriam compartilhadas com infraestruturas urbanas que se concectariam às redes de integração nacional, numa equivalência de contextos. Como ressalta Jean Louis Cohen, falando da produção arquitetônica do pós-guerra, existe uma espécie de “des-localização” das intervenções dos urbanistas e dos arquitetos: “aumenta a aparência de cristalizar as regras universais de funcionamento das comunidades humanas, o que atenuará de fato a diferença entre a tradição de socialização e de urbanidade das regiões e das cidades em que tais práticas serão implantadas”6. Gideon reconhece três estágios no percurso reflexivo sobre as escalas de atuação dos arquitetos iniciadas a partir

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do congresso de Bridgewater (CIAM 1947) e daquele de Bérgamo (CIAM 1949): um primeiro, no qual a atenção se volta à organização da célula e os arquitetos experimentam um nova espacialidade em projetos de conjuntos isolados; um segundo, em que o tema se relaciona com a necessidade de uma maior articu-lação do projeto e das agregações de casas e de blocos de habitação, com um renovado interesse para a planificação; um terceiro, que levaria os arquitetos a repensar o tema do centro comunitário e do centro cívico, questões centrais na reflexão dos anos de 1950. No Brasil, deu-se o início de uma produção significativa de habitação social, articulada com o modelo desenvolvimentista nacional, e que nas cidades do interior paulista, conformariam uma vasta periferia.

Manfredo Tafuri 7 ressalta que do mesmo modo que as exigências denunciadas pelas vanguardas históricas remetiam ao setor das comunicações visuais mais diretamente ligadas aos processos econômicos (arquitetura e de-sign), a planificação enunciada pelas teorias arquitetônicas e urbanísticas remetem a uma restruturação da produção e do consumo em geral. Em outras palavras, a uma coordenação da produção. À ideologia do plano, o design aparece cada vez mais ligado à cidade como uma estrutura produtiva. Nesse sentido, seguindo o raciocínio de Tafuri, a ar-quitetura está entre realismo e utopia, sendo que a última reside na obstinação em esconder, que a ideologia da planificação pode desen-volver-se na produção construtiva, somente se indicar que o verdadeiro Plano poderá tomar forma quando deixa para trás a produção construtiva; deste modo, uma vez aceito o objetivo da reorganização da produção em geral, a ar-quitetura e o urbanismo serão objetos, e não sujeitos da planificação.

O confronto entre a produção desta corrente com a obra de Fernando, o distancia do modernismo nacionalista e filia-o aos princípios heróicos de uma modernidade, do qual Rino Levi em São Paulo, desponta como seu maior inté-rprete. Tal filão, viria afirmar uma geração de profissionais ligados a escritórios de arquitetura, com uma produção até pouco tempo negligenciada pela historiografia clássica, que seguindo o percurso de Gideon, fazia uma história heróica através de grandes edifícios, dividindo a produção nacional em duas vertentes da denominada Brazilian School (Mo-raes, 1944; Midlin, 1975): a “Escola Carioca” e a “Escola Paulista”.

Mas, se em algumas cidades do oeste paulista, a estrutura linear, de Lúcio Costa e Artigas, não assumiria o status

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de plano, esta apareceria compondo uma nova sintaxe urbana da cidade, criando uma hierarquia de vias que alteraria radicalmente a grelha cartesiana. Porém, acionariam uma operação analítica com características diferenciadas. Do ponto de vista metodológico, implicaria em generalizar o “conceito de rede” em dois dois momentos fundamentais do debate urbanístico do interior paulista: o aparecimento da rede ferroviária e a formação das cidades intorno a cada estação, num acelerado esquema de valorização das terras; e os anos de 1970, com a complementação da malha ro-doviária inter-regional. Apesar de não fecharmos tal discussão, gostaria de remontar os dois momentos históricos, utilizando um salto de escala como ponto fundamental de análise. Para o primeiro momento, partimos do mote de Bernard Lepetit acerca das causas extracitadinas do crescimento das cidades, e a pesquisa sobre o nascimento do urbanismo nos Estados Unidos feita por Manfredo Tafuri8, afirmando as particularidades que a implantação de tal sistema ocasiona no desen-volvimento das cidades. A própria natureza da linha do trem, escreve Tafuri, é em grau de assegurar excepcionais divi-dendos que envolvem o assentamento do “inteiro sistema”, que se estende à escala regional9. Assim, cada estação se transforma no núcleo de um colossal processo de usufruto de áreas e tem-se a formação de um rígido esquema espacial em quadrícula, sem variação, destinado a ser reproduzido tendo por base somente os parâmetros econômicos. A malha ortogonal, radicalmente oposta à estrutura de quarteirões da Lisboa Pombalina reconstruída, assume um novo signifi-cado que prolifera com o avanço do cultivo do café no oeste paulista, propiciando o nascimento de um grande número de cidades terciárias, estudadas por Pierre Monbeig (1984)10. Para o segundo, a exigência da nova escala encontra seu ponto de reflexão inicial no plano de melhoramentos de Moses para a cidade de São Paulo, acentuando as grandes artérias que permitiriam deslocamento veloz às áreas recrea-tivas (descongestionando a cidade), prestigiando o automóvel como símbolo de mobilidade e contemporaneidade. Com isso Moses lança uma continuidade dos anos 50 aos anos 70, momento em que as inovações tecnológicas, os diferentes sistemas de movimentos parecem maduros para uma reorganização das cidade e que consiste, antes de tudo, em um esforço de denominação e colocação de materiais simples e de materiais complexos, entre novas imagens. O entendimento desses dois momentos poderia ser respaldado por um contexto ainda mais amplo da política nacional: 1- Partindo da observação unânime de Afonso de Taunay (1976)11, Sérgio Milliet (1938)12, Alfredo Ellis Junior (1937)13, J.R. de Araujo Filho (1969)14 e Ary França (1960)15 , de que a principal modificação determinada pelo café na

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vida brasileira foi, sem dúvida, “o deslocamento dos centros de maior importância econômica e do eixo demográfico, até então localizados no nordeste e no leste brasileiro, para o sul do país” , subsidiado pelo sistema de concessão com a participação do capital externo, proporcionando um “aparelhamento técnico do país”, que segundo Xavier (2001)16, causou uma integração parcial do território brasileiro polarizado por São Paulo17. 2- O governo Kubitschek (1956-1961), ao consubstanciar a mudança da Capital, nos anos de 1960, para o centro ge-ográfico do país possibilitaria o equilíbrio geográfico que viria preencher a lacuna que o programa arquitetônico mo-derno ainda não tinha preenchido: o mapa do Brasil, publicado na abertura do catálogo oficial da mostra “Brazil Builds, architecture New and Old” (1943)”, da exposição realizada no Museum of Modern Art de New York, ainda afirmava a supremacia litorânea. A “New Architecture”, povoava as metrópoles mais industrializadas e capitais litorâneas dos estados: “Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Baia, Paraíba e Pernambuco”. Ao reduzirmos o ângulo de observação, tal reflexão permitiria fazer um corte conceitual na totalidade da obra de nosso protagonista. De um lado, os projetos que resolveria a quadrícula estrutural e histórica da cidade, confer-indo urbanidade à mesma. De outro, os edifícios verticais que afirmariam a nova estrutura urbana da cidade. Dentre estes edifícios, gostaria de por relevo em dois, Brasil - Portugal e Vila Real, que não só se articulariam às grandes arté-rias, mas consubstanciariam dois pontos de deslocamento do centro da cidade, estabelecendo uma outra relação entre tipologia edilícia e estrutura urbana.

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Enquanto o Brasil Portugal, assumiria o caráter épico do edifício vertical, interiorizando o fluxo da nova artéria regional, o edifício Vila Real, absorveria o programa metropolitano na parte basal do edifício, aos moldes do Edifício Copan (1951)18, Conjunto Nacional (1955)19, Edifício Itália (1956)20, Conjunto Metropolitano (1960), projetando na superfície vertical o tecido “aberto” da planimetria urbana, mas também, apresentando características de espaço alter-nativo para a localização de atividades tradicionalmente presentes somente na área central da cidade. Esta dupla angulação, do qual o presente ensaio é somente uma abordagem experimental e parcial, transformou - se, durante a pesquisa desenvolvida em um curso optativo anual, em um processo analítico com muitas caracterís-ticas de continuidade, caso o entendamos na variável temporal (a história do desenvolvimento edilício da cidade de Bauru e as cidades de quadrícula do oeste paulista); mas também descontínuo, se entendido especificamente como estudo em si das relações entre tipologia edilícia e morfologia urbana. Notas

1 GEDDES, Patrick. Cities in evolution :an introduction to the town planning movement and to the study of civics. Routledge/Thoemmes. London, 1997. (existe edição em português). 2 ARTIGAS, Rosa Camargo (org.). “Vilanova Artigas”, São Paulo, Instituto Lina Bo e P. M. Bardi/ Fundação Vilanova Artigas, 1997. 3MELLO, L.I.A. Em: “Plano Regional de São Paulo, (Uma contribuição da universidade para o Estudo de um Código Lícito de Ocupação do Solo), 1954”. 4LODI, Carlos. “Considerações sobre os pontos fundamentais do Planejamento Urbano”. Acrópole, março/1954. 5 “Arquitetura e Construção”, em Artigas, Vilanova. “Caminhos da Arquitetura”. São Paulo, Fundação Vilanova Artigas/ Pini 1986.pp.104. 6 COHEN, Jean-Louis, Forme urbaine et discontinuité. Colloque de Cerisy, Metamorfoses de la ville, Ed. Economica, Paris, 1987. 7 TAFURI, Manfredo, Cacciari, Massimo, Francesco Dal Co. De la vanguardia a la metropoli: critica radical a la arquitectura. Barcelona: G. Gili, c1972. 8 TAFURI, Manfredo., DAL CO, Francesco. Architettura Contemporanea. Col. Storia Universale dell’architettura. 2ª edição. Milano: Electa, 1998.

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9 Apesar de terem existido vários “Planos de Viação Geral” que se sucederam, elaborados por engenheiros, como: Plano de Benedito Ottoni em 1859, unindo os extremos do país (Pernambuco e Bahia ao Norte e Rio de Janeiro ao Sul) publicado no “O futuro das estradas de ferro no Brasil”; Plano Morais (1869), Plano Queirós (1874), Plano Rebouças (1974, Plano Bicalho (1881) e Plano Bulhões(1882),9 o café foi responsável por um reequacionamento de todas estruturas que pudessem instaurar a clara noção de “sistema”, baseada no “paradigma da mobilidade”, que, segundo Bernard Lepetit9, leva à inserção nos circuitos co-merciais. Tais obras, do norte ao sul do país, são amplamente registradas, seja nos catálogos do “O Império do Brazil na Ex-posição Universal de Paris (1867), de Viena (1873) ou de Philadelphia em 1876, nos boletins da Association de Anciens Èlèves e nos Anais da L’École des Ponts et Chaussées” ou no catálogo da “Missão aos Estados Unidos” - apresentado pelo Engenheiro brasileiro “Éleve externe” da École Nationale de Ponts e Chausées, J. J. da Silva Freire. 10 MONBEIG, Pierre. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Editora Hucitec; Editora Polis, 1984. 11TAUNAY, Afonso de E. Historia do café no Brasil. Rio de Janeiro, Departamento Nacional do Café, 1939 trad. Subsídios para a história do café no Brasil, 1941; 1943; 1976. 12 MILLIET, Sergio. Roteiro do café: análise histórico-demográfica da expansão cafeeira no Estado de São Paulo. Série Estudos paulistas; São Paulo : [s.n.], 1938. 13 ELLIS Jr, Alfredo. A evolução da economia paulista e suas causas. São Paulo [etc.] Série Biblioteca pedagógica brasileira. Sér. 5.a: Brasiliana. v. 90 Companhia editora nacional, 1937. 14ARAÙJO FILHO, José Ribeiro de. “Santos, O Porto do Café, Rio de Janeiro, 1969. Tese Livre Docência. 15 FRANÇA, Ary. A marcha do café e as frentes pioneiras, Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Geografia, 1960. Série Guia da excursão no. 3 realizada por ocasião do XVIII Congresso Internacional de Geografia. 16 XAVIER, Marcos. Os sistemas de engenharia e a tecnicização do território. O exemplo da rede rodoviária brasileira. In: SAN-TOS, Milton. e SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: Território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. 17 Ver: IANNI, Octávio. Estado e planejamento econômico no Brasil (1930-1970). Série Coleção Retratos do Brasil, v. 83, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira 1971; ver também Paul Singer, Desenvolvimento econômico e evolução urbana, Edusp, São Paulo, 1968. 18 Projeto do arquiteto Oscar Niemeyer 19 Projeto do arquiteto David Libeskind 20 Projeto do arquiteto Adolf Franz Heep

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A: Rua Santo Antônio B: Rua Bernardino de CamposC: Rua comendador José da Silva MarthaD: Rua Alfredo Ruiz, 18-25E: Rua Alfredo Ruiz, 18-50

F: Rua Major Fraga, 2-13G: Av. Nações Unidas, 11-35H: Rua Primeiro de Agosto, 4-47I: Av. Rodrigues Alves, 8004J: Rua Rio Branco, 23-24

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Módulo 1: Igrejas

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Igreja Matriz de Santo Antônio

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Igreja Matriz de São Benedito

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Santuário de Nossa Senhora de Fátima

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O material gráfico apresentado foi gentilmente cedido pelo acervo particular da família Pinho.As fotografias, a planta e os cortes da Igreja de Santo Antônio foram extraídos da Revista Acrópole, nº 302, pp. 52-53As fotografias e a planta da Igreja de São Benedito foram extraídas da Revista Acrópole, nº 307, pp. 40-41

Disciplina OptativaMonitoria por: Lílian Pereira Dutra 91

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Módulo 2: Casas

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Casa B-12 Rua Alfredo Ruiz, 18 - 25 Bauru - SP

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Casa C-4 Rua Alfredo Ruiz, 18 - 50 Bauru - SP

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Casa C-11Rua Major Fraga, 2 - 13 Bauru - SP

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Módulo 3: Edifícios Verticais

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Av. Nações Unidas, 11-35, Bauru - SP

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EDIFÍCIO BRASIL PORTUGAL

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Rua: Primeiro de Agosto 4-47, Bauru

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EDIFÍCIO CARAVELAS

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Fachada InternaFachada Externa

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117TÉRREO ANDARES 3º AO 7º1º PISO

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Rua: Rodrigues Alves 8004, Bauru Rua: Rio Branco, 23 - 24, Bauru

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EDIFÍCIO SÃO LUCAS E EDIFÍCIO RESIDENCIAL VILA REAL

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PLANTA BAIXA DO 1º AO 9º ANDAR

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PLANTA BAIXA DO 1º AO 9º ANDAR

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A: Rua: Praça das Cerejeiras, 1-59, Centro, BauruB: Rua: Wesceslau Braz . 9065 - Vila Souto, BauruC: Rua: Gustavo Maciel, 12-33 Bauru SP

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Módulo 4: Desenho urbano A arquitetura de Zenon Lotufo e Ícaro De Castro Mello

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Rua: Praça das Cerejeiras, 1-59, Centro, Bauru

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A ARQUITETURA DE ZENON LOTUFO E ÍCARO DE CASTRO MELLO

-O PAÇO MUNICIPAL - 1953

Rua: PADRE JOÃO x AVIADOR GOMES RIBEIRO

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Rua: Wesceslau Braz . 9065 - Vila Souto, Bauru

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A ARQUITETURA DE ZENON LOTUFO E ÍCARO DE CASTRO MELLO

-ESPORTE CLUBE NOROESTE - 1953

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1 - Estádio 2 - Pista de atletismo 3 - Campo4 - Entradas e Bilheterias5 - Gymnasium6 - Volleyball7 - Paredão8 - Bola ao cesto9 - Arquibancada10 - Quadras de tênis11 - Vestiário do Tênis12 - Bar do Tênis13 - Auditorium14 - Play Ground15 - Piscina: Salto e competição16 - Piscina: Aprendizes17 - Estacionamento18 - Stand de tiro

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1 - Campo de bola ao cesto2 - Arquibancada3 - Palco4 - Entrada ao público5 - Tribuna6 - Imprensa e rádio7 - Bar8 - Sala do técnico9 - Vestiário Feminino10 - Vestiário Masculino11 - Sanitário público feminino12 - Sanitário público masculino

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1 - Restaurante2 - Bar3 - Copa4 - Vestiário Feminino5 - Vestiário Masculino6 - Sanitário Feminino7 - Sanitário Masculino8 - Vestíbulo9 - Terraço 139

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1 - Circulação2 - Arquibancada3 - Hall4 - Entrada pública5 - Bilheteria 6 - Administração7 - Bar8 - Depósito9 - Caixa d`água e Casa de máquinas10 - Salão11 - Sanitário público Feminino12 - Sanitário público Masculino13 - Restaurante, copa e cozinha14 - Diretoria, arquivo e secretaria15 - Sala de jogos e biblioteca16 - Salas17 - Saída de público18 - Edifício Vestiários19 - Cabines de rádio e Tribuna de honra e imprensa

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Rua: Gustavo Maciel, 12-33 Bauru SP

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A ARQUITETURA DE ZENON LOTUFO E ÍCARO DE CASTRO MELLO

-BAURU TÊNIS CLUBE - 1956

Rua: Gustavo Maciel

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1 - Tênis coberto2 - Quadra de tênis3 - Piscina Infantil4 - Play Ground5 - Casa de Guarda e Sanitários6 - Piscina7 - Arquibancada8 - Sede9 - Vestiários

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EDIFÍCIO DOS VESTIÁRIOS1 - Entrada2 - Hall3 - Sanitários4 - Sala5 - Cozinha6 - Copa7 - Despensa8 - Circulação EDIFÍCIO DA SEDE PRINCIPAL9 - Salão de Crianças10 - Sala11 - Sanitário Masculino12 - Sanitário Feminino13 - Depósito CASA DE GUARDA E SANITÁRIO14 - Sala 15 - Saniários16 - Guarda 17 - Casa de máquinas

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EDIFÍCIO DOS VESTIÁRIOS1 - Entrada2 - Guarda Roupa3 - Vestiário Masculino4 - Vestiário Juvenil Masculino5 - Chuveiros6 - Sanitários7 - Vestiário Femino

EDIFÍCIO DA SEDE PRINCIPAL 8 - Barbearia9 - Salão de bilhar10 - Secretaria11 - Diretória12 - Público13 - Circulação14 - Sanitário Masculino15 - Sanitário Feminino16 - Exposição17 - Bar18 - Boite19 - Depósito20 - Sanitário21 - Vestiário22 - Circulação de serviço23 - Hall serviço24 - Hall25 - Sanitário Masculino26 - Sanitário Feminino

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EDIFÍCIO DA SEDE PRINCIPAL 2 - Sanitário Feminino3 - Palco4 - Hall5 - Sanitário Maculino 6 - Salão de festas7 - Restaurante8 - Estar9 - Bar10 - Serviço11 - Copa12 - Cozinha13 - Hall de serviços14 - Sanitário Masculino15 - Sanitário Feminino

EDIFÍCIO DOS VESTIÁRIOS1 - Terraço

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EDIFÍCIO DA SEDE PRINCIPAL 1 - Camarim2 - Sanitário3 - Depósito4 - Hall5 - Balcão6 - Salão de estar7 - Sala de jogos8 - Copa9 - Hall de serviços10 - Sanitário Masculino11 - Sanitário Feminino

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Sobre a Apostila

Tipologia: Urdu Typesetting (texto) Orator Std (títulos )

Equipe de Realização

Produção Gráfica: Matheus Guilherme Raquel Ferreira Sarti

As imagens utilizadas nesta apostila foram gentilmentecedidas pela família de Fernando Pinho

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