APOSTILA -LINGUAGEM E REDAÇAO PARA TV
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1.0 QUE LINGUAGEM É ESTA?
Amada por quem nela trabalha, odiada pelos críticos e por boa
parte dos estudiosos dos mass media: não há quem fique imune ao
fascínio exercido pela televisão. Seu poder é indiscutível, seu alcance
grandioso, seus efeitos – passíveis de acaloradas discussões.
Para muitos, o que não está na TV, não está no mundo... ou
pelo menos não está no Brasil, um país onde a maioria da população
ainda se informa exclusivamente por meio de telejornais. Para muitos
estudiosos, o que é invisível para as objetivas das câmeras de
televisão, não faz parte do espaço público brasileiro.
É o caso de Eugênio Bucci, para quem o modelo de televisãoque temos no país permite que se produza através dos programas
veiculados e do próprio hábito cotidiano de assistir a TV uma espécie
de unificação do país no plano do imaginário. Assim, falar da
televisão brasileira é falar do Brasil, e discuti-la significa debater
parte significativa de nossa realidade. Já para outros teóricos, a TV
não passa de uma “caixinha de imagens em movimento” que encanta, seduz
e distrai; todavia, inibe o raciocínio abstrato e confere muito pouca importância
ao juízo crítico, emburrece, dada a rapidez “leviana” com que trata seus
assuntos nos noticiários. Lembrando Dominique Wolton: “A televisão encontra-
se, portanto, encurralada entre os discursos apaixonados e os políticos, que
não contribuem, nem uns nem outros para a lógica do conhecimento”
(WOLTON, 1996, p.48).
Aqui, entretanto, vamos nos ater ao estudo do texto de
telejornalismo, suas regras e possibilidades de formato. O que
veremos nas próximas páginas é que uma das especificidades da
“gramática” deste veículo é que, o telejornal, mais que o jornal
impresso, tem que entreter o tempo todo. Uma nota entediante de
dez segundos, de nada adiantará ser curta, se não for bem escrita,
com ritmo e informação. Poderá ser fatal, o telespectador fugirá. O
retumbante é obrigatório. Se não há boa imagem impactante,
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dificilmente o fato merecerá bom tempo no telejornal. Ou seja: há
uma maneira peculiar de estruturar a notícia nesse veículo, o que,
aliás, para alguns estudiosos do tema, muito se aproxima das
narrativas dramáticas – muitas vezes se distanciando das regras
jornalísticas previstas em outras mídias, como a abertura da matéria
pelo assunto mais importante (em TV, o ideal é abrir a matéria pela
imagem mais impactante. Mas em muitos momentos o lead só vai
aparecer na passagem do repórter, por exemplo, porque fazer uma
reportagem é um “contar de história”, com início, meio e fim – e nem
sempre o início é o lead).
Alguns autores chegam a sustentar que, neste sentido, o
telejornalismo se aproxima da telenovela, pois assim como a ficção,os telejornais devem falar ao coração, apostando no melodrama, cuja
regra central é o permanente conflito entre bem e mal, que culmina
no boa noite, com um happy end de preferência.
Em cada bloco ou cada dois blocos, o bem vence o mal(ou no mínimo tenta vencê-lo). A cada respiração, vemuma moral da história. Se uma informação trata de umaguerra no exterior, a outra busca realçar a fraternidade
que temos em nosso país; se uma frase conta que ainflação foi alta, a seguinte garante que o rendimento dapoupança será um recorde; se morre um ídolo nacional,o programa jornalístico ganha trilha sonora bemtristonha, um ritmo mais fúnebre. Porque o telejornalfala um pouco à cabeça, mas fala muito mais ao coração.(BUCCI, 2000, p. 74).
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2.0 AS MARCAS DA LINGUAGEM TELEVISIVA
Pode-se dizer a linguagem de televisão é verbo-icônica, pois se
utiliza de palavras e imagens para transmitir suas mensagens. Dada
esta peculiaridade, possui algumas características que a diferenciam
em relação aos meios impressos e ao rádio:
Informação Visual: a TV possui uma linguagem que
independe do conhecimento de um idioma ou da escrita.
A imagem é o signo mais acessível à compreensão
humana. A TV mostra e o telespectador vê: ele entende,se informa e amplia o conhecimento pelo sentido da
visão.
Imediatismo: a TV transmite informação atualizada
quando mostra o fato no momento exato em que ele
ocorre. A alta tecnologia permite que a informação
imediata chegue através da imagem. Os satélites
mostram fatos ocorridos do outro lado do mundo.
Instantaneidade: A informação na TV requer “hora
certa” para ser vista e ouvida: a mensagem é
instantânea. A informação é “captada” de uma só vez, no
exato momento em que é emitida. Não há como voltar
atrás e ver de novo. O ritmo tem que ser acelerado
(dificilmente cada take ultrapassa seis segundos) também
para evitar a saturação de quem assiste.
Alcance: A TV é um veículo abrangente, de grandealcance, não distingue classe social ou econômica, atinge
a todos. Uma informação na TV pode ser vista e ouvida
de várias maneiras diferentes.
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Envolvimento: a TV exerce um fascínio porque
“transporta” o telespectador para “dentro” de suas
histórias, sempre de maneira simpática, simples e
amigável, sempre simulando o contato direto e pessoal,
“olho no olho” – esta é a estratégia da TV para permitir a
conquista, a sedução e a adesão do telespectador, que
com o meio se identificará. Além disso, por meio da forma
pessoal de “contar” uma informação, repórteres e
apresentadores se tornam conhecidos pelo público e por
isso mesmo (no caso dos apresentadores) são fixos em
cada telejornal. A idéia é realmente torná-los familiares à
audiência, criando um “laço” com quem assiste. Comolembra Muniz Sodré, em O Monopólio da Fala
O receptor percebe a mensagem da tevê como algo de ‘natural’ no interior de sua casa. Caem as eventuaisbarreiras aos fenômenos de projeção e identificação,desde que a mensagem atenda às características de
‘naturalidade’ do veículo. Este finge ser o olho da famíliaassestado para a espontaneidade dos acontecimentos domundo, escondendo a sua condição de olha hipnótico eimobilizador do sistema. A astúcia semi-ótica do vídeoconsiste em adaptar o mundo à ótica familiar. (SODRÉ,
1984, p.59)
Eugênio Bucci em Brasil em Tempo de TV sustenta aindaque
O apresentador de telejornal desenvolve com otelespectador um vínculo de familiaridade como se fosseum ator, um astro. Vivemos num tempo em que
jornalistas da TV são celebridades, símbolos sexuais.(BUCCI, 2000, p. 29)
Fragmentação e superficialidade: a TV tem um timing,
um ritmo, que torna suas informações poucoaprofundadas. Há programas específicos de maior
densidade (entrevistas, documentários – cuja presença
nas grades de programação, ao menos das tevês abertas,
entretanto, é reduzido). Aqui vale lembrar Ciro Marcondes
Filho, quando assevera que:
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Tudo o que o telejornalismo produz é rápido demais,emocional e superficial. Tudo vai direto para o lixo, tudoé esquecido, tudo desaparece instantaneamente.
Nenhuma notícia sobrevive, nenhum relato ésuficientemente trabalhado para criar raiz, tudo evapora(...) Uma máquina incessante de fazer o nada” (MARCONDES FILHO, 2000, p. 89).
Por outro lado, a superficialidade do telejornalismo em relação
às outras mídias tem uma justificativa calcada na audiência, segundo
Tony Schwartz
As redes de transmissão organizam os noticiários deforma tal a garantir um maior público porque seuinteresse principal é a grande audiência, que se satisfazcom apenas leves pinceladas sobre o título da notícia, enão com uma audiência mais restrita, que exige umaprofundamento dos fatos (SCHWARTZ, 1985, p. 78)
Audiência: a TV mede o interesse do telespectador para
orientar a programação e criar condições comerciais. As
medições de audiência, quantitativas ou qualitativas
podem ser usadas na busca do estilo do jornalismo de
uma emissora.
3.0 A LI NGUAGEM VI SUAL NO TELEJORNALISMO: OS
ENQUADRAMENTOS
Para melhor compreender a linguagem televisiva, há também
que se considerar que esta, como herdeira da linguagem
cinematográfica, é formada não apenas pelo discurso textual, mas
também pelos elementos visuais, capturados a partir de alguns
recursos de câmera, como planos, focalização, angulamentos e
movimentos. Não se conta uma história em televisão apenas com
palavras.
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A câmera, ao registrar uma ação ou um estado, escancara aexistência de um ponto de vista. Só que esse olhar doenunciador se impõe como o olhar do enunciatário. Otelespectador, assim, vê-se obrigado a ver o que a lente vê egeralmente passa a desconsiderar tudo o mais que não entranos enquadramentos. Para avançar no estudo dos efeitos dedistanciamento e aproximação, é necessário conhecer tipos de
enquadramentos de câmera (HERNANDES, 2006, p. 138)
Em outras palavras, a câmera subordina as pessoas da
narrativa aos efeitos de sentido pretendidos pelo enunciador, ou seja,
quem a manipula. No decorrer de uma reportagem realizam-se
diversos enquadramentos que geram efeitos de proximidade ou de
distanciamento, de acordo com a intenção pretendida pela equipe de
reportagem.
*Plano Geral: Mostra uma visão geral de um local; é o mais aberto
dos planos, usado geralmente para contextualizar o local de uma
ação ou a dimensão de algum fato em relação ao ambiente onde se
situa.
Exemplo de P lano Geral
*Plano de Conjunto: Mostra visão de corpo inteiro
Exemplo de P lano de Conjunto
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*Plano Americano: Mostra corpo da cintura para cima
Exemplo de Plano Americano
*Plano Médio: Mostra visão da cintura para cima, aparecendo os
braços. É o plano mais utilizado em telejornalismo, para stand up de
repórteres e para apresentadores de telejornal em geral. Ao lado do
plano americano, o plano médio quase sempre se apresenta como
uma justa medida de enquadramento e simula um tipo de contato
mais neutro.
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Exemplo 1 de Plano Médio
Exemplo 2 de Plano
Médio
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*Primeiro Plano: Mostra-se ombro e rosto inteiro. O foco é na
pessoa e não no espaço ao seu redor.
Exemplo de primeiro plano
*Plano de Detalhe – Também chamado de close up. O foco é no
rosto do personagem que aparece em cena ou em algum detalhe do
corpo, como olhos ou mãos. É nele que se manifesta o poder de
significação psicológico e dramático da cena – acentua-se a ação
emocional.
Exemplo de P lano de Detalhe
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4.0 - O CASAMENTO DA PALAVRA COM A IMAGEM
Embarquemos em um túnel do tempo de volta a setembro de
1950, ano de inauguração da TV no Brasil, pela iniciativa e
investimentos de Assis Chateaubriand, fundador da PRF-3 TV Difusora
de São Paulo. Ainda insipiente, as produções eram transmitidas ao
vivo – visto que a tecnologia que possibilitaria a edição, o videotape,
somente chegaria ao país quase dez anos depois. Uma limitação que,
contudo, não impediria a veiculação no mesmo ano do primeiro
telejornal brasileiro, “Imagens do Dia”, na pioneira TV Tupi. Tratava-
se uma produção caracterizada pelo resumo dos principais fatos do
dia, narrados por um apresentador em estilo radiofônico e, as
imagens relativas aos fatos – em preto e branco - eram exibidassomente ao final, sem som, dissociadas e desconectadas dos textos
os quais a haviam introduzido – como se constituíssem mesmo outro
programa. Imagine a monotonia de nossos avôs ao assistir este
programa? Teriam mudado de canal certamente – se outros
existissem nesta época! Isto porque o “Imagens do Dia” contrariava
umas das principais características da notícia em televisão: o
“casamento” indissociável entre imagem e som.
Nos estudos sobre telejornalismo, a dicotomia verbal versus
visual aparece com força. Há quem tente convencer de que esta
forma de discurso é comandada exclusivamente pela “supremacia da
imagem”. Outros buscam mostrar a primazia do “poder da palavra”.
Reza o senso comum que uma imagem vale mais que mil
palavras. Bastaria então aos que atuam em TV preocupar-se
primordialmente com a qualidade do material visual em uma
reportagem em detrimento ao texto, pois este serviria apenas comoapoio, teria papel secundário, coadjuvante. Ledo engano. O elemento
textual é tão importante nos telejornais quanto nos veículos
impressos, mas suas especificidades – inclusive no modo como é
apreendido pela audiência - não podem ser esquecidas. Como lembra
Prado:
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No jornal é possível reler o que não foi entendido, na TV,se isso acontecer, a idéia fica perdida e a mensagemdeixa de ser transmitida. Sendo assim, não se devecomeçar um texto, seja off ou leitura do locutor, comuma informação vital para a matéria, a não ser que elaseja repetida na mesma reportagem. Não adianta dizer,por exemplo: ‘cento e dez pessoas morreram numdesastre aéreo agora há pouco no México’. É precisolembrar que as pessoas estarão em casa com a atençãodividida entre a televisão, bate-papo, barulho dascrianças etc e precisam que alguma coisa interessantelhes chame a atenção para não perderem a informaçãofundamental. (PRADO, 1996, p.63)
É o que também lembra Guilherme Jorge Rezende no livro
“Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial”, em que analisoutelejornais da Globo, do SBT e da TV Cultura de São Paulo:
Nenhuma informação foi transmitida apenas porimagens. O telejornalismo baseado apenas nacapacidade informativa da imagem ficou muito longe darealidade. O que se detectou mesmo foi a funçãoinsubstituível da palavra, comentando, explicando,esclarecendo a informação visual ou até mesmocomandando o processo de composição jornalística naTV. (REZENDE, 2000, p. 272)
Ou seja, no telejornalismo, as estratégias de gerenciamento de
atenção devem ser muito sofisticadas e de efeito imediato. Por isso, é
necessário produzir textos para serem falados e ouvidos. Daí a
preocupação com a sonoridade das palavras, o que implica dizer que
o efeito sonoro do texto tem também grande importância.
A imagem, portanto, não é como uma soberana que se impõe a
seus súditos por sua simples presença. Em telejornalismo, apreocupação é fazer com que texto e imagem caminhem juntos, em
harmonia, sem um competir nem “brigar” com o outro. Se
observarmos com atenção algumas reportagens de TV, perceberemos
que alguns problemas de incompatibilidade neste sentido acontecem
com freqüência. Ora há redundância, quando o texto descreve
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exatamente o que se vê – resultando num material óbvio e numa
narrativa meramente descritiva e cansativa (o que, aliás, desrespeita
a inteligência de quem assiste TV); ora há o paralelismo, quando
texto e imagem não se complementam e caminham em direções
paralelas e independentes; e, ainda, o distanciamento, quando texto
e imagem não têm absolutamente nada a ver um com o outro.
Por isso, a regra universal ao escrever para TV é, antes de
tudo, perguntar-se quais são as imagens disponíveis a serem
“casadas” com as informações apuradas. Em televisão, não podemos
jamais escrever uma palavra que seja ignorando o que há em termos
de imagens oferecidas. Se não há imagem disponível, há que se
pensar em uma solução visual: composição de arte infográfica(inseridas em uma reportagem, as artes são criadas pela Editoria de
Artes das emissoras de TV e têm como objetivo ajudar o
telespectador a entender a mensagem transmitida e, por isso, devem
ser usadas na medida exata, devem ser discretas e eficientes,
evitando transformar a matéria em uma alegoria), gravação de
passagem etc. Mas, como administrar a relação do texto com as
imagens captadas?
A resposta é simples: participando das gravações, sabendo o
quê e como o cinegrafista está captando – afinal, o sucesso de um
material televisivo depende muito do quão afinada é a parceria entre
repórter e cinegrafista: a chave no telejornalismo, aliás, é saber
trabalhar em equipe. Outra forma é decupando as fitas e anotando
com precisão os time codes.
Para se associar à imagem- sem redundância- o texto deve
identificar os elementos fundamentais da notícia. Aliás, isto é umaprioridade de qualquer texto jornalístico – independente de estilo,
forma ou veículo. Mas na TV, é com palavras precisas, bem
escolhidas, que o texto deve responder às seis perguntas básicas,
elemento fundamental de toda notícia:
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QUEM? O QUÊ?
QUANDO? ONDE?
COMO? POR QUÊ?
Sem ser descritivo ou redundante, com informações
fundamentais, sendo simples e direto, o texto vai naturalmente casar
com a imagem. Mas a estes “ingredientes”, devemos acrescentar
ainda a emoção e a sensibilidade do jornalista, que com o tempo,
também deve encontrar um estilo próprio e pessoal de escrever,
como uma marca registrada somente sua.Vejamos um exemplo:
A notícia: um grupo de sem-terra invade uma fazenda. O
proprietário chama a polícia para retirá-los. Os sem-terra já
montaram barracas de lona e pretendem lutar pela posse da terra.
As imagens: de barracas, de homens, mulheres e crianças,
policiais investindo contra o acampamento e das conseqüências desta
ação.
Texto 1: Os policiais chegaram com tudo pela manhã,
na área da fazenda onde os sem terra
estão acampados. Eles vieram a cavalo e trouxeram
também vários tratores. Cada barraca do
acampamento fo i destruída, uma a uma,
com muita violência. Dezenas de homens, mulheres
e crianças, desesperados, corriam para todos os lados.
Eles levavam nas mãos o pouco que podiam salvar de suas coisas.
Diagnóstico - o texto acima descreve a ação mostrada nas
imagens, com detalhes, muitos adjetivos, frases longas,
intercaladas, palavras que confundem e não esclarecem. Que
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tal modificá-lo para torná-lo mais eficiente, direto e com mais
impacto?
Texto 2: A polícia chegou cedo para retirar
os sem-terra da área invadida. Em vinte minutos,
o acampamento foi totalmente destruído...(sobe som BG dos tratores).
Homens, mulheres e crianças saíram correndo,
e ainda tentaram salvar o que sobrou...(sobe som
BG da mulher no meio dos escombros, chorando)
A indicação sobe som de BG (background= som ambiente)
estão caracterizadas a força e a natureza da imagem, sem
necessidade de palavras, porque há momentos em que ela fala por si
só, em que a palavra pode esperar. A imagem, neste momento, tem
narrativa própria, normalmente para transmitir a emoção e a força de
um momento. Às vezes, o silêncio ou o som original do que está
acontecendo vale mais que qualquer texto – e ainda confere força à
notícia. Mas para quem escreve, é necessário lembrar que usar o
SOBE SOM requer sensibilidade e equilíbrio – porque quando utilizado
em demasia este recurso acaba por perder sua razão de ser.
Há ainda outros recursos interessantes de serem utilizados no
texto de TV, visto que ela nunca é dona absoluta de um ambiente
(ela quase sempre está na sala e os telejornais são apresentados na
hora das refeições) e concorre com outros elementos (conforme já
mencionamos há algumas páginas) pela atenção de quem assiste.
Sem falar que não há que se comparar a concentração do espectador
destinada à TV como a que existe, por exemplo, em uma sala de
escura de cinema, isolada de outras interferências. Um recurso parachamar a atenção do telespectador é alertá-lo para o que está para
ser anunciado:
E uma ú ltima notícia...
Uma informação que acabamos de receber..
Urgente: as agências de notícias in formam que...
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Existem também os recursos de texto para ressaltar
determinadas imagens dentro da matéria, para valorizá-las ou
mesmo para permitir que o telespectador esteja atento naquele
momento:
Vamos acompanhar as imagens..
Vejam agora imagens exclusivas...
Os detalhes nas imagens em câmera lenta mostram...
A imagem realmente deve ser uma preocupação constante na
matéria, desde a elaboração da pauta, em todas as etapas da
produção até a edição final. Cabe então citar o repórter e
apresentador da TV Globo, Pedro Bial:
Fazer um texto para TV sem se deixar conduzir pelo quea imagem sugere é suicídio para quem quer ser ouvido ecompreendido (...). Não escrevemos legenda para foto,nem descrevemos o que já está sendo visto. As imagensvão nos remeter a possíveis associações que vão ajudarna compreensão da mensagem. O texto que chama aatenção para o próprio texto é apenas um exercício de
narcisismo e busca de elogios. O melhor texto é aqueleque passa despercebido em meio ao impacto que amatéria, esta sim, causou. (PATERNOSTRO, 2006,p.104).
5.0 - O TEXTO ESCRITO PARA SER FALADO
A forma de transmitir a informação na televisão tem
especificidades em relação às outras mídias, mais notadamente a
mídia impressa. Em telejornalismo, o texto é escrito para ser falado
(pelo apresentador, pelo repórter) e ouvido (pelo telespectador).
Para tanto, a principal dica é exercitar a leitura em voz alta,
para tudo o que se escreve (não estranhe ao entrar em uma redação
de telejornal e deparar-se com tantas pessoas falando sozinhas... não
se trata de esquizofrenia, mas da técnica básica para elaborar textos
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em televisão). Trata-se de um hábito simples, mas fundamental para
repassar o texto, a fim de perceber a força e a sonoridade das
palavras, notar o raciocínio, o encadeamento das frases, para ter a
noção exata do conteúdo e, principalmente, detectar os erros, como a
cacofonia, por exemplo.
Cacófatos são os encontros de palavras formadas a partir da
união da sílaba de uma palavra com a primeira da seguinte pode
resultar em palavras fora do contexto da notícia, desagradáveis e até
obscenas. Veja os exemplos abaixo:
O governo pagará um salário mínimo por cada criança na escola.
A colega tinha a resposta na ponta da língua
Ele é um político sueco corajoso
O time do América ganharia esse jogo de qualquer maneira.
O chefe da nação autorizou o aumento dos impostos.
Estes equívocos são fáceis de serem solucionados, se a leitura
em voz alta se tornar um hábito. Que pode evitar também as
palavras rimadas – vocábulos em seqüência com a mesma
terminação. Elas dificultam a leitura do apresentador e ao mesmo
tempo “ferem” o ouvido do telespectador, como mostramos a seguir:
A empresa estatal Petros vai investir um bilhão para acabar
com a poluição, e esse é um passo importante para
a preservação dessa região.
Ao lermos em voz alta, percebemos que a frase soará muito
melhor, se assim for reescrita:
A empresa estatal Petros vai investir um bilhão para acabar
com a área poluída. Um passo importante para
preservar essa região.
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Reler o texto em voz alta também possibilita ao jornalista de TV
detectar outros problemas textuais, como frases sem sentido,
informação dúbia ou incompleta. Por exemplo:
Acontece neste momento uma rebelião no Centrode Detenção de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
O motim foi de madrugada, depois que os presos
tentaram fugir.
Afinal, rebelião está acontecendo ou foi de madrugada? Ao
reescrevermos, sanamos o problema:
Ainda não terminou a rebelião no Centro de Detençãode Pinheiros, zona oeste de São Paulo. O motim começou
de madrugada, depois que os presos tentaram fugir.
Outro exemplo:
O primeiro-ministro da Grã Bretanha, Tony Blair,
disse que o governo iraquiano vai poder vetar
as ações militares de coalizão depois da transferênciade poder, marcada para o dia trinta de julho.
Perceba a confusão: a palavra poder é usada com dois sentidos
diferentes na mesma frase – o primeiro como verbo e o segundo
como substantivo - e isso confunde o espectador. Fica melhor assim:
O primeiro ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair,
disse que o I raque pode vetar as ações militares
da coalização, depois da transferência de governo
no dia trinta de julho.
Muitas vezes, mudar a ordem das palavras, suprimir um
vocábulo ou até descobrir um sinônimo podem ajudar a conferir
harmonia e sonoridade à frase, sem qualquer prejuízo à informação.
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Também é importante estar atento ao estilo pobre às expressões que
enfraquecem o texto (um exemplo é começar o texto com a palavra
“ontem”, que naturalmente envelhecem a informação).
Outro exemplo é a expressão “continua” em início de frases em
televisão. Afinal, o que continua não é novidade, não é mesmo? E
diante de uma expressão que nada acrescenta, nem atualiza, a
probabilidade do telespectador mudar de canal é considerável. No
caso de uma notícia sobre uma greve, por exemplo, ao invés de
escrever... Os funcionários públicos continuam parados prefira
Os funcionários públicos entraram hoje no décimo primeiro dia
de greve. É uma frase com mais detalhes, mais completa do ponto
de vista jornalístico. E situa melhor o espectador.
6.0 - UMA QUESTÃO DE RITMO
A leitura em voz alta também chama a atenção para o ritmo do
texto, que favorece quem está assistindo à TV. Ele não deve ser
contundente ou agressivo, mas também não pode ser lento ou
monótono. Por isso, abuse das palavras simples e das frases curtas,
elas ajudam na compreensão, dão sentido de ação à notícia e passam
informações sem rodeios – desde que não comprometam a
informação. Mas lembre-se: notícia de TV não é telegrama, portanto,
é importante usar esta regra com bom senso.
A pontuação é quem vai garantir o “embalo” ao texto,
marcando suas pausas e garantindo a respiração correta para o
repórter/apresentador, indicando os momentos corretos de fazer
pausas e marcar diferentes entonações de voz. Pontuação equivocada
pode induzir quem lê a erro, por falta de fôlego... ou até mesmoalterar o sentido de uma informação. Em televisão são permitidos
vírgula, dois pontos, reticências, ponto final, interrogação. Se na
mídia impressa as frases intercaladas por vírgulas são permitidas, em
televisão devem ser evitadas. É o caso:
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Depois de quarenta dias fechadas, as comportas da Usina
Hidrelétrica de Ilha Solteira, no Rio Paraná, que fica na divisa de
São Paulo com Mato Grosso, foram reabertas,
a situação está totalmente controlada, e a população
da região está livre de qualquer possibilidade de
racionamento de energia elétrica.
Haja fôlego para o apresentador! Em TV, use uma informação
por frase! Aqui há muitas vírgulas, frases longas e intercaladas,
confundindo quem ouve. Prefira:
As comportas da Usina de Ilha Solteira, no Rio Paraná
foram reabertas. Elas ficaram fechadas por quarenta dias.
A situação foi normali zada e os moradores da região, na divisa de
São Paulo e Mato Grosso, estão livres do racionamento.
Observação: no texto de telejornalismo não existe separação de
sílabas.
7.0- O TEXTO DE TV: COLOQUIALI DADE, SIMPLI CIDADE E
ALGUMAS REGRAS
Texto coloquial é aquele que tem estilo em que se usam
vocabulário e sintaxe bem próximos da linguagem cotidiana, a que
está “na boca do povo”, aquela usada nas conversas do dia a dia. E o
jornalista que escreve para TV deve levar isso em consideração, visto
que não é um romancista, um ficcionista, mas um contador de
história. Todos os dias, ele deve reportar, contar os acontecimentos
do cotidiano de uma maneira que todos entendam. Faça um teste. Se
ao ler o que acabou de escrever não sentir naturalidade na fala, ela
não está boa. Use sempre a forma com que você contaria uma
história vista durante o dia para sua mãe. E se pergunte sempre:
está inteligível a todos? Do mais alto executivo de multinacional ao
mais simplório dos trabalhadores? Se sim, você acaba de acertar na
fórmula! Em televisão, escreva simples: menos é mais. Para que
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escrever “morosidade”, se na prática falamos “lentidão”? Ou
“Enfermidade”, se usamos “doença”? “Trajar” no lugar de “vestir”;
“Fraturou no lugar de quebrou; “Automóvel” no lugar de “Carro”;
“Matrimônio” no lugar de “Casamento”?
É justamente a exigência da simplicidade, de demandar textos
que sejam inteligíveis por todos que faz com que a TV receba
diversas críticas de estudiosos dos mass media, que acusam o veículo
de promover um discurso idiotizante, de “nivelar por baixo”. “Ela é
impelida a uma homogeneização dos diversos conteúdos culturais,
isto é, a redução dos mesmos a modelos facilmente aceitáveis pelo
público” (SODRÉ, 1994, p.78). O sociólogo francês Pierre Bourdieu
vai além e acredita que o poder da televisão e de seus produtoschega a ser ameaçador à sociedade
Penso que a televisão (...) expõe a um grande perigo asdiferentes esferas da produção cultural, arte, literatura,ciência, filosofia, direito. Creio mesmo que, ao contráriodo que pensam e dizem, sem dúvidas e com toda a boa-fé os jornalistas mais conscientes de suasresponsabilidades, ela expõe a um perigo não menor avida política e a democracia (BOURDIEU, 1997, p. 9-10)
Críticas à parte, a obrigação com a simplicidade, em textos
curtos e enxutos tem uma explicação: quanto mais as palavras e o
texto como um todo forem familiares ao telespectador, maior será o
grau de comunicação da mensagem televisiva. Mas um texto simples
não deve implicar em uma produção pobre ou vulgar (por isso as
gírias são terminantemente proibidas ), mas com palavras
simples e fortes, elegantes e bonitas, apropriadas ao significado e a
circunstância da história que se pretende contar. Ou seja, palavras
rebuscadas e eruditas não têm lugar no telej ornalism o :
Adiada sine die a homenagem merecida ao
homem de negócios Antônio Ermírio de Moraes,
por causa do alerta geral em Nova York
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É muito melhor assim:
A homenagem ao empresário Antônio Ermírio de Moraes
foi adiada por causa do alerta geral em Nova York. Anova data não está marcada.
Deixemos a expressão em latim para o juridiquês. E mais: não
se pode conferir juízo de valor aos fatos. Se a homenagem é ou não
merecida, não cabe a nós enquanto jornalistas julgarmos. Por isso,
lembremos de outra regra sagrada ao escrever para TV: evitar ao
máximo os adjetivos. Na ânsia de se fazer literatura e não
jornalismo, os textos mal-escritos em televisão podem confundir o
telespectador em vez de informá-lo, esclarecê-lo. Portanto, o melhor
é usar a ordem direta: sujeito + verbo + predicado.Compare
abaixo:
Durante as férias, o aeroporto de Fortaleza será o mais movimentado.
Será o mais movimentado, durante as férias, o aeroporto de Fortale za.
O aeroporto de Fortaleza será o mais movimentado durante as férias.
Sem dúvida, a melhor frase para televisão é a última,
justamente porque aposta na fórmula da ordem direta, que é muito
mais eficiente para passar informação de uma vez só (lembremos,
não há segunda chance para falar com o telespectador). Outra dica
na hora de escrever: abolir as frases intercaladas, aquelas que
explicam demais e demoram a chegar ao ponto principal da notícia.
Quando há muita informação, use o ponto final e explique na fraseseguinte. Veja o caso abaixo:
O ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, disse que a situação
está sob controle mesmo que haja momentos de tensão
por causa de série de atentados que os rebeldes iraquianos
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estão promovendo e que, em breve, a população civil
receberá o salvo-conduto.
Agora, faça um comparativo:
O ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, informou que a população
iraquiana receberá o salvo-conduto, em breve. Ele disse, ainda que
a situação está sob controle, mas é tensa por causa dos atentados.
Outra preocupação quando se escreve para TV é o tempo verbal
empregado. Na linguagem coloquial, deve-se usar presente do
indicativo quando a situação é de futuro próximo e do futuro
composto, no lugar do futu ro do indicativo . Exemplo:
Os professores entram em greve amanhã (em vez de “Os professores vão
entrar em greve amanhã”)
Os professores vão entrar em greve na semana que vem (em vez de “Os
professores entrarão em greve na semana que vem”)
Em um texto jornalístico voltado para televisão, também há que
se evitar as palavras de duplo sentido, imprecisões e
redundâncias . Isto em nome da precisão e da concisão da
informação jornalística, características também presentes no texto
televisivo. Por que usar uma expressão desnecessária, que prejudica
o sentido?
Em vez de: “O filme ganhou vários prêmios nos muitos festivais dos países
europeus”... USE “O filme ganhou quatro prêmios em três festivais na
Europa”. (SEJA PRECISO E DÊ INFORMAÇÃO COMPLETA)
Em vez de “Médicos especialistas reunidos em um congresso em Lyon apresentam
novos tratamentos para portadores do vírus da AIDS”...
USE “Os médicos mostram os novos tratamentos para portadores do HIV
em um congresso em Lyon, na França”. (É DESNECESSÁRIO DIZER QUE OS
MÉDICOS SÃO ESPECIALISTAS. E ALÉM DISSO, NEM TODO MUNDO SABE QUE
LYON É NA FRANÇA)
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Em vez de: “O prefeito municipal de Cascavel, está sendo processado por dano ao
erário público”
USE: “O prefeito de Cascavel, no oeste do P araná, é processado por dano ao
erário” (PREFEITO SÓ PODE SER MUNICIPAL, ERÁRIO JÁ É SINÔNIMO DE COFRE
PÚBLICO. E NEM TODO MUNDO SABE ONDE FICA CASCAVEL...)
Abaixo, um quadro de expressões que são muito usadas na
linguagem falada, mas que são redundantes desnecessárias e
ocupam tempo no texto de TV:
EM VEZ DE USE
DE COMUM ACORDO DE ACORDO
RECENTE INOVAÇÃO INOVAÇÃOVELHA TRADIÇÃO TRADIÇÃO
PLANOS FUTUROS PLANOS
FATO REAL, VERÍDICO FATO
TODOS SEM EXCEÇÃO TODOS
ELO DE LIGAÇÃO ELO
CONVIVER JUNTO CONVIVER
EMPRÉSTIMO TEMPORÁRIO EMPRÉSTIMO
PREVISÕES PARA O FUTURO PREVISÕES
PLANEJAMENTO ANTECIPADO PLANEJAMENTOCONSENSO GERAL CONSENSO
FORTEMENTE ARMADO ARMADO
O DIA AMANHECE AMANHECEU
DUAS METADES METADE
SURPRESA INESPERADA SURPRESA
GANHAR INTEIRAMENTE GRÁTIS GANHAR
EXULTAR DE ALEGRIA EXULTAR
TRAVAR UMA DISCUSSAO DISCUTIR
COM O OBJETIVO DE PARA
PEQUENOS DETALHES DETALHES
NOVO LANÇAMENTO LANÇAMENTO
HÁ DEZ ANOS ATRÁS DEZ ANOS ATRÁS OU HÁ DEZ ANOS
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Embora largamente utilizados nos textos impressos, os
pronom es oblíquos são dispensáveis no texto televisivo.
Se a colocação pronominal for inevitável, use apenas a
próclise.
Exemplo:
O governador aproximou-se dos eleitores, mas ninguém quis identificar-se
(ERRADO)
O governador se aproximou dos eleitores, mas ninguém quis se identificar (CERTO)
E ainda: Embora seja correto afirmar “ os atletas brasileiros
dar-nos-ão muitas medalhas em Pequim”, este tipo de frase
NUNCA é utilizado em TV, porque se trata trata de um tipo de
colocação pronominal muito formal, a mesóclise, utilizada na alta
cultura. Se for escrever a mesma frase, prefira: “Os atletas vão dar
muitas medalhas ao Brasil nos jogos de Pequim”.
Lembremos um pouco de Gramática:
Próclise: é a colocação dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo. Ênclise: É a colocação pronominal depois do verbo.
Mesóclise: É a colocação pronominal no meio do verbo.
Também evite os pronomes possessivos , pois podem
produzir uma situação de ambigüidade. Exemplo:
“Rita Lee se encontrou com Roberto Carlos para conversar sobre seu novo show” (o
show é dela ou dele?).
Fica melhor: “Rita Lee e Roberto Carlos se encontraram para falar sobre o novo show
de Rita”
Também fique longe dos chavões e dos lugares comuns,
além dos gerundismos que são vícios, sinônimo de pobreza de
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vocabulário, falta de imaginação, criatividade...e precisam ser
evitados a todo custo em televisão, especialmente em transmissões
ao vivo. Um exemplo são as coberturas de carnaval, quando os
repórteres repetem as mesmas expressões de todos os anos: “não
tem hora para terminar”, “mostrar o samba no pé”,”é animação pra
ninguém botar defeito”, “o samba toma conta da avenida”, “ dar uma
palinha”.
Outros chavões recorrentes que devemos abolir: “dar último
adeus”, “porto seguro” “princípio do fim”, “pivô da tragédia”,
“espetáculo da natureza”, “medidas drásticas”, “para se ter uma
idéia”, “policiamento ostensivo”, “vias de fato” “ponto alto”, “coisa de
cinema”, “últimos retoques”, entre outros.
8.0 - AS DÚVIDAS MAIS COMUNS NO TEXTO DE TV
Trazemos aqui o levantamento das dúvidas mais comuns que
surgem ao escrevermos textos em televisão:
UM DOS QUE- Apesar de ser admitida pelos estudiosos da
Gramática tanto no singular quanto no plural, em Televisão utilizamos
a expressão sempre levando o verbo para o plural. Ex: José é um dos
que participaram da reunião (ele é um entre tantos); O Brasil se
tornou um dos países que assinaram o acordo (dentre os países, o
Brasil é um)
A MAIOR PARTE DE, GRANDE PARTE DE, A MAIORIA DE – Está
correto usar tanto no plural quanto no singular, mas a preferência em
TV é usar no singular. Ex: a maioria dos alunos voltou às aulas;Grande parte dos recursos virá do BNDES.
MAIS DA METADE – O verbo é usado preferencialmente no
plural quando a expressão estiver seguida de um substantivo no
plural. Ex: Mais da metade dos candidatos preferiram não concorrer;
Mais da metade preferiu não concorrer.
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PERCENTUAIS –Quando não há complemento verbal, verbo
deve concordar com o número da porcentagem. Ex: Oito por cento
pretendem sair do país; Apenas um por centro mudou de região.
Quando for seguido por um complemento – tantos por cento de
alguma coisa, verbo deve concordar com o complemento,
independente do número percentual. Ex: Dez por cento do eleitorado
não votou nas eleições;
Um por cento dos moradores não deixaram suas casas; Quinze por
cento das mulheres não fizeram o exame preventivo.
Quando for acompanhado por um pronome ou por um artigo, o
verbo vai para o plural. Ex. Uns 40% da lavoura de laranja serão
exportados; Esses 30% de soja são suficientes.COLETIVOS- É mais sonoro usar no singular. Ex: A multidão
gritava pelas ruas do centro da cidade; A matilha matou as aves da
fazenda;
MANDADO X MANDATO - Mandado – é sinônimo de ordem
judicial. Mandato é sinônimo de procuração, de missão, de
incumbência, de poder político outorgado por meio de voto. Assim
sendo, as formas corretas são: Mandado de segurança, de busca e
apreensão; Mandato presidencial
AUTÓPSIA x NECRÓPSIA – É uma questão de usar
corretamente o prefixo. “Auto” quer dizer, em sim mesmo. “Necro”, o
que está morto. A palavra correta para designar o exame cadavérico
utilizado em casos de mortes não naturais portanto, é a necrópsia.
AGRAVANTE – Não é masculino, pois se refere a uma palavra
feminina, a palavra “causa” (que nem sempre aparece, porque é
comum a elipse deste substantivo).
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9.0 -QUEM FAZ O QUÊ EM UMA REDAÇÃO DE TELEJORNAL
*A APURAÇÃO: RÁDIO ESCUTA/ PRODUÇÃO
Rádio escuta é todo o jornalista que trabalha na apuração dos
assuntos de última hora. São repórteres dentro da redação quechecam as informações vindas de fontes oficiais, mídias (rádio,
televisão e Internet) e ou denúncias. É ele quem faz a ronda nas
delegacias de polícia, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil (e em SP e
RJ, é que mantém contato constante com a CET – Companhia de
Engenharia de Tráfego).
Já a Produção, também é formada por jornalistas que apuram fatos a
serem transformados em notícias, porém com mais tempo, para
entrar na edição do dia seguinte. Cuida do planejamento do que vai
ser notícia amanhã, pré-entrevistando as fontes, checando
informações, marcando de entrevistas, subsidiando com o máximo
possível de informação prévia o trabalho do repórter na rua. Deve
trabalhar em consonância com editores e chefias de reportagem.
Normalmente é “capitaneada” por um chefe de pauta.
Apurar com segurança significa redigir o texto com o máximo de
detalhes, principalmente quando a informação fugir da normalidade.
Desconfie e cheque com outra fonte. Não se prenda as fontes oficiais.
A boa história muitas vezes está num cidadão comum. E sobre a
internet: pela cobrança em publicar um grande número de
informações num curto espaço de tempo, os textos feitos para a
Internet têm erros de informação. Tenha sempre cuidado com este
noticiário.
OBSERVAÇÃO: Em algumas redações, as funções de produção e
escuta são acumuladas pelos produtores.
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*CHEFIA DE REPORTAGEM
O jornalista que assume este cargo é o coordenador da redação. É ele
quem orienta o repórter sobre a pauta que irá executar. O chefe de
reportagem tem a visão geral de como o jornal será fechado e quaissão os assuntos que devem chegar primeiro na redação para que os
editores se organizem.
* COORDENAÇÃO DE REDE
Jornalista que entra em contato com as filiadas no Brasil e com os
correspondentes no mundo. Ele faz um relatório sobre as matérias
produzidas para que os editores acompanhem as informações. Pedefitas de arquivo, acompanha a geração de matérias, fica atento ao
deadline.
*REPORTAGEM
É o coração da tarefa jornalística na TV. É quem entrevista, que vai a
campo, onde a notícia acontece. Com base no trabalho feitos pelos
produtores/apuradores, é quem var dar “forma” à notícia a ser
montada pela Edição.
*EDIÇÃO
A responsabilidade da edição é imensa. O editor faz a última
avaliação da matéria. Ele deve fazer uma revisão ortográfica no
texto, uma revisão nas sonoras escolhidas e nos sobe sons que o
repórter sugeriu. Além de corrigir possíveis erros e montar a matéria,
o editor deve melhorar o trabalho e acrescentar informações de
última hora. O editor é quem fecha a lauda a ser lida no TP pelo
apresentador e é quem libera a matéria para ir ao ar. A seguir,
alguns termos utilizados em edição:
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Sonoras: No hard news nunca deixe a sonora muito longa. Dê ritmo a
matéria editando uma frase de efeito com poucos segundos. Use o
recurso do Insert: se o entrevistado detalhar alguma cena e a equipe
tiver as imagens cubra parte da sonora com estas imagens.
Split: é a técnica de prolongar a imagem que vem do off por um ou
dois segundos em cima da sonora.
Efeitos de transição: use este recurso edição em matérias especiais.
No hard news prefira corte seco. Evite repetir a sonora de um mesmo
entrevistado na mesma matéria. Use sempre que possível o sobe
som. Ele revela o clima em que a matéria foi feita.
BG: som ambiente que deve estar presente em todos os formatos da
notícia.
Trilha sonora: Opte por músicas instrumentais. Quando são cantadas,
a voz compete com a informação.
Música: Sonorize as matérias, mas não abuse. Este recurso é um
efeito surpresa e valoriza a matéria.
GC: Gerador de caracteres é usado para identificar quem aparece na
tela, para reforçam uma informação do off ou da imagem. Os nomes
devem sempre estar em caixa alta e a profissão dos entrevistados,
em outra linha, em caixa baixa. Todo crédito de entrevistados e do
repórter acompanham uma tarja azul animada. Os gcs de edição,
produção e imagens não têm tarja nenhuma. Todo o gc no vídeo é
alinhado à esquerda. As siglas devem estar em caixa alta, caso asigla não forme uma palavra. Exemplo: FMI. Quando a sigla significar
uma palavra alterna caixa alta e baixa Ex: Unicef
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Os cargos e funções devem estar sempre em caixa baixa, masquando informar o nome do órgão, da instituição ou da entidadecoloque as iniciais com maiúscula. Exemplo
RICARDO BERZOINIministro do Trabalho
VALDEMAR DA COSTAdesembargador
GC do repórter -Deve conter o nome do repórter em caixa alta. Obairro onde ele está e a cidade. Ambos devem ser estar em caixa altae baixa, separados por uma barra e sem espaço.
THIAGO PADOVANNIRudge Ramos/São Bernardo do Campo
GC da vídeorreportagem-
vídeorreportagemLAÍS CORREARD
GC em matéria sem passagem
reportagemSILVIA MELO
Créditos de p rodução e edição
No crédito da edição deve-se creditar primeiro o nome do editor detexto e, na linha de baixo, do editor de imagem.
edição: LEANDRO MARTINSGIBA ALMEIDA
produção:
MARCEL SALIM
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ARTES
Todas as artes devem tem o mesmo padrão. Devem ser claras econcisas. O mínimo possível de texto para destacarem a informação.
Escolha uma imagem de fundo que represente o assunto. O título
deve estar em caixa alta. Os textos devem ser sintéticos. No caso dográfico pode-se abolir a imagem de fundo para não confundir aleitura. E sempre indique a fonte das informações.
ANALFABETISMO
2005 - 18%
2004 - 13%
fonte: Ministério da Educação
10. 0 - O SCRIPT E AS LAUDAS EM TELEJORNALI SMO
Para um telejornal ir ao ar de maneira eficiente não basta
apenas uma boa reportagem de rua. Vários complementos relativos à
edição das matérias também são necessários para se obter umproduto de qualidade. Assim como no Radiojornalismo, o noticiário de
TV tem como característica principal a organização textual,
manifestada por meio da organização de unidades no fluxo temporal.
Antes de conhecer estas unidades, é interessante lembramos o
que são as laudas, formulários-padrão em que são escritos os textos
em jornalismo. O texto deve ser sempre em caixa alta, com
entrelinhamento 1,5. É necessário usar ponto e barras (/) para fim dafrase. No alto da lauda há um cabeçalho. Lá estão informações como
retranca, nome do editor, tempo da matéria e a data que o editor
fechou a edição.
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Em TV, a lauda do script do apresentador é dividida em duas
partes: apenas a da direita é utilizada para escrever o que o locutor
vai ler. À esquerda são colocadas informações sobre as imagens que
irão ao ar. Mas no teleprompter ou TP, o apresentador apenas
visualiza em estúdio a coluna da direita.
Todos os detalhes técnicos precisam estar absolutamente
corretos para que não aconteçam problemas no momento do
telejornal – como a entrada equivocada de um VT no lugar de outro,
a digitação errada de um GC. Os responsáveis pelo preenchimento
das laudas do script do apresentador são os editores de texto, que
devem ser revisadas pelo editor chefe. (OBS- As escaladas e as
passagens de bloco são normalmente escritas pelo editor-chefe dotelejornal, porque ele é quem tem a noção geral do que será colocado
no ar e, portanto, condição de decidir o que merece ser destacado)
Algumas técnicas para preenchimento de laudas :
Regra geral: usar CAIXA ALTA (LETRA MAIÚSCULA)
Não use letras serifadas (Times). A serifa dificulta a
leitura à distância. Prefira Arial
Tempo sempre expresso em segundos (10”; 40”; 80”)
JAMAIS separar sílabas. Se a palavra não cabe numa
linha, deixe espaço em branco e mude para a seguinte.
Usar uma lauda para cada notícia.
Para calcular o tempo de uma nota, a cada duas linhas,
conte 3”
Escreva números por extenso, nunca ordinais ou
romanos.
Escreva siglas por extenso
Espelho: É a previsão e a ordem na qual as notícias serãoapresentadas em cada edição, especificadas em seus formatos edurações. É um esquema que serve de orientação para o editor-chefede cada telejornal (que é quem o administra) e para a área técnica daemissora se nortearem enquanto o jornal está no ar.
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ROTEIRO : 1
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3
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