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História e Geografia do Estado do Acre

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História e Geografia do Estado do Acre

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O Acre é uma das 27 unidades federativas do Brasil.

Está situado no sudoeste

da região Norte e tem como limites os estados do Amazonas a norte, Rondônia a leste,

a Bolívia a sudeste e o Peru ao sul e oeste. Ocupa uma área de 152.581,4 km², sendo pouco

menor que a Tunísia. Sua superfície equivale a menos de 2% do total do país. É um

dos estados menos povoados do Brasil e foi o último a ser efetivamente povoado. Nele está o

ponto extremo oeste do Brasil. Sua capital é a cidade de Rio Branco. Outras localidades

importantes são: Cruzeiro do Sul, Feijó, Sena Madureira, Senador Guiomard e Tarauacá.

Só em 1877 começaram a chegar no Acre — que na época era território boliviano — os

primeiros colonizadores quase todos nordestino sem busca da borracha encontrada

na Floresta Amazônica. No final do século XIX, já havia na região 50 mil brasileiros. Os

seringueiros entraram em luta com as tropas para ocupar a região e, em 1903, sob a liderança

do gaúcho Plácido de Castro, proclamaram o Estado Independente do Acre. O governo

brasileiro ocupou então militarmente a região e, em seguida, entrou em conversações

diplomáticas com a Bolívia. Como resultado, o Acre foi comprado pelo Brasil à Bolívia.

Criado como Território Federal em 1904, o Acre foi elevado à categoria

de Estado em 1962. A produção de borracha, que promoveu sua ocupação e seu

desenvolvimento, entrou em decadência a partir de 1913. Mas, ainda hoje, o Acre é um dos

maiores estados brasileiros na produção e exportação de borracha (hévea-latex coagulado).

Um planalto com altitude média de 200m domina grande parte do

Acre. Juruá, Tarauacá, Muru, Embirá e Xapuri são seus rios mais importantes.[21]

A economia

do Estado se baseia na extração da borracha e da castanha, na pecuária e na agricultura. Com

duas horas a menos em relação ao fuso horário de Brasília (DF), nela se localiza o último

povoamento do Brasil a ver o sol nascer, na serra da Moa, na fronteira com o Peru. A

intensa atividade extrativista, que atingiu o auge no século XX, atrai brasileiros de várias

regiões para o estado. Da mistura de tradições sulistas, paulistas, nordestinas

e indígenas surgiu uma culinária diversificada, que junta a carne-de-sol com o pirarucu, peixe

típico da região, pratos regados com tucupi, molho feito de mandioca. O transporte fluvial,

concentrado nos rios Juruá e Moa, a oeste do estado, e Tarauacá e Envira, a noroeste, é um

dos principais meio de circulação, juntamente com a BR-364, que liga Rio Branco a Cruzeiro do

Sul e que foi recentemente asfaltada e dotada de pontes onde antes existiam travessias por

balsas.

Etimologia

Mapa da Bacia Amazônica com o Rio Acre em destaque.

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O nome, que passou do rio ao território, em 1904, e ao estado, em 1962, origina-se,

talvez, do tupi a'kir ü "rio verde" ou da forma a'kir, de ker, "dormir, sossegar", mas é quase certo

que seja uma deformação de Aquiri, modo pelo qual os exploradores

da região grafaram Umákürü, Uakiry, vocábulo do dialeto Ipurinã. Há também a hipótese de

Aquiri derivar de Yasi'ri, Ysi'ri, "água corrente, veloz".

Na viagem que fez ao rio Purus, em 1878, o colonizador João Gabriel de Carvalho

Melo escreveu de lá ao comerciante paraense visconde de Santo Elias, pedindo-lhe

mercadorias destinadas à "boca do rio Aquiri". Como em Belém, o dono e os empregados

do estabelecimento comercialnão conseguissem entender a letra de João Gabriel ou porque

este, apressadamente, tivesse grafado Acri ou Aqri, em vez de Aquiri, as mercadorias e faturas

chegaram ao colonizador como destinadas ao rio Acre.

O Acre possui alguns apelidos: Extremo do Brasil, Estado das Seringueiras, Estado do

Látex e Extremo Oeste.

Os habitantes naturais do Acre são denominados acrianos. No singular o gentílico é acriano.

Até a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, a grafia correta

era acreano no singular e no plural acreanos. Em 2009, com o novo acordo ortográfico, a

mudança do gentílico gerou polêmica entre a Academia Acreana de Letras e a Academia

Brasileira de Letras, alegando que a mudança significaria a negação das

raízes históricas e culturais do estado, mudando a última letra do topônimo de "E" para

"I". Embora ainda gere discussões sobre o assunto, é notório que a imensa maioria da

população do estado não gostou e não adotou o "novo" gentílico, continuando a se

autodenominarem acreanos.

História

Mapa do final do século XIX, em que o Acre aparece como parte da Bolívia.

Na região do atual estado do Acre foram encontrados inúmeros Geoglifos (estruturas

feitas no solo), com idade variável em até 2100 anos. Pela complexidade remontam

à civilizações pré-colombianas de elevado grau de conhecimento em várias áreas e

domínio de avançadas técnicas de movimentação de terra e água. As últimas escavações

fizeram uma descoberta importante em Xapuri: um buraco de esteio em boas condições foi

localizado em um geoglifo de formato redondo, reforçando a tese de que os índios daquela

época poderiam ter usado fortificações paliçadas para habitação e segurança.

Até o início do século XX o Acre pertencia à Bolívia. Porém, desde o princípio

do século XIX, grande parte de sua população era de brasileiros que

exploravam seringais e que, na prática, acabaram criando um território independente.

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Em 1899, os bolivianos tentaram assegurar o controle da área, mas os brasileiros se

revoltaram e houve confrontos fronteiriços, gerando o episódio que ficou conhecido como

a Revolução Acreana.

Em 17 de novembro de 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, o Brasil

recebeu a posse definitiva da região. O Acre foi então integrado ao Brasil como território,

dividido em três departamentos. O território passou para o domínio brasileiro em troca do

pagamento de dois milhões de libras esterlinas, de terras de Mato Grosso e do acordo de

construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.

Palácio Rio Branco, sede do governo, e obelisco em homenagem aos heróis da Revolução Acreana.

Tendo sido unificado em 1920, em 15 de junho de 1962 foi elevado à categoria de

estado, sendo o primeiro a ser governado por uma brasileira, a professora Iolanda Fleming.

Durante a segunda guerra mundial, os seringais da Malásia foram tomados pelos

japoneses, e o Acre dessa forma representou um grande marco na história Ocidental e

Mundial, mudando o curso da guerra a favor dos Aliados e graças aos Soldados da

Borracha oriundos principalmente do sertão do Ceará.

E foi sem dúvida graças ao Acre e sua contribuição decisiva na vitória dos Aliados, que

o Brasil conseguiu recursos norte-americanos para construir a Companhia Siderúrgica

Nacional, e assim alavancar a industrialização até então estagnada do Centro-sul, que não

possuía ainda indústrias pesadas de base (Ver: Acordos de Washington).

Em 4 de abril de 2008, o Acre venceu uma questão judicial com o Estado

do Amazonas em relação ao litígio em torno da Linha Cunha Gomes, que culminou no

anexo de parte dos municípios de Envira, Guajará, Boca do

Acre, Pauini, Eirunepé e Ipixuna. A redefinição territorial consolidou a inclusão de 1,2

milhão de hectares do complexo florestal Liberdade, Gregório e Mogno ao território do

Acre, o que corresponde a 11.583,87 km².

Povoamento inicial

As secas nordestinas e o apelo econômico da borracha — produto que no fim

do século XIX começava sua trajetória de preços altos nos mercados internacionais —

inscrevem-se entre as causas predominantes na movimentação de massas humanas em

busca do Eldorado acreano. As penetrações portuguesas do período colonial já haviam

atingido seus pontos máximos no Brasil durante o século XVIII. Conseqüência inevitável foi

a dilatação do horizonte geográfico na direção oeste, atingindo terras de posse espanhola,

fato que se tornou matéria dos tratados de Madri (1750) e de Santo

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Ildefonso (1777). Ambos os tratados, partindo das explorações feitas por Manuel Félix de

Leme nas bacias do Guaporé e do Madeira, estabeleceram como linha divisória das

possessões respectivas, na área em questão, os leitos do Mamoré e do Guaporé até seu

limite máximo ocidental, na margem esquerda do Javari.

O povoamento da zona, estimulado pela criação da nova capitania real de Mato

Grosso (1751), deu-se na direção da fronteira, surgindo alguns centros importantes: Vila

Bela (1752), às margens do Guaporé, Vila Maria (1778), no rio Paraguai,

e Casalvasco (1783). Até meados do século XIX não se pensou em povoamento

sistemático da área. Nessa época, o grande manancial virgem de borracha que aí se

encontra atraíra o interesse mundial, provocando sua colonização de modo inteiramente

espontâneo.

A política econômica do império, orientada para a atividade agrário-exportadora com

base no café, não comportava o aproveitamento e a incorporação dos territórios do

extremo ocidental. Desse descaso resultou que no Atlas do Império do Brasil (1868),

de Cândido Mendes de Almeida, modelar em seu tempo, não figurassem o rio Acre e seus

principais tributários, completamente desconhecidos dos geógrafos.

Apesar de tal política, alguns sertanistas brasileiros exploravam aquela região agreste

e despovoada, desconhecendo se pertenciam ao Brasil, ao Peru ou à Bolívia. Assim, ainda

em meados do século XIX, no impulso que a procura da borracha ocasionou, solicitada

que era no mercado internacional, várias expedições esquadrinharam a área, buscando

facilitar a instalação dos colonos. Nessa época, João Rodrigues Cametá iniciou a

conquista do rio Purus; Manuel Urbano da Encarnação, índio mura grande conhecedor da

região, atingiu o rio Acre, subindo-o até as proximidades do Xapuri; e João da Cunha

Correia alcançou a bacia do alto Tarauacá. Todo esse desbravamento se deu, na maior

parte, em terras bolivianas.

As atividades exploradoras, a importância industrial das reservas de borracha e a

penetração de colonos brasileiros na região suscitaram o interesse da Bolívia, que solicitou

melhor fixação de limites. Após várias negociações fracassadas, em 1867 assinou-se

o Tratado de Ayacucho, que reconhecia o uti possidetis colonial. A divisória foi

estabelecida pelo paralelo da confluência dos rios Beni-Mamoré, em direção ao leste, até

a nascente do Javari, embora ainda não fossem conhecidas as cabeceiras desse rio.

Ocupação nordestina

À proporção que subia no mercado o preço da borracha, crescia a demanda e

aumentava a corrida para a Amazônia. Os seringais multiplicavam-se, assim,

pelos vales do Acre, do Purus e, mais a oeste, do Tarauacá: em um ano (1873-1874),

na bacia do Purus, a população subiu de cerca de mil para quatro mil habitantes. Por outro

lado, o governo imperial, já sensível às ofertas decorrentes da procura da borracha,

considerou brasileiro todo o vale do Purus.

Também na segunda metade do século XIX registraram-se perturbações no equilíbrio

demográfico e geo-econômico do império, com o surto cafeeiro no Sul canalizando os

recursos financeiros e de mão-de-obra, em detrimento do Nordeste. O empobrecimento

crescente dessa região impulsionou ondas migratórias em direção aos estados do Rio de

Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O movimento de populações tornou-se particularmente

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ativo durante a seca prolongada no interior nordestino, de 1877 a 1880, expulsando

centenas de nordestinos, que rumaram para os seringais em busca de trabalho.

O avanço da migração nordestina processou-se até as margens do Juruá e acelerou a

ocupação das terras que mais tarde a Bolívia reclamaria. Os grandes leitos fluviais e a

rede de seus tributários eram então intensamente trafegados por flotilhas de embarcações

do mais variado porte, transportando colonos, mercadorias e material de abastecimento

para os núcleos mais afastados. Os governos do Amazonas e do Pará logo instituíram as

chamadas casas aviadoras, que financiavam vários tipos de operações, garantiam créditos

e promoviam o incentivo comercial nos seringais.

Planta nativa, a seringueira escondia-se no emaranhado de outras árvores, igualmente

nativas, obrigando o homem que saía no encalço da borracha a construir um verdadeiro

labirinto, com trilhas em ziguezague na selva. Do seringal surgiu a figura humana

do seringueiro, associado à planta para explorá-la. Seringueiro-patrão, beneficiário do

crédito da casa aviadora, e seringueiro-extrator, aviado, por sua vez, do patrão. Um

morando no barracão, sempre localizado à beira do rio, com aparências de domínio

patriarcal, outro, na barraca, de construção tosca, no meio da selva. (De 1920 em diante

usa-se o neologismo seringalista para designar o patrão.)

Completara-se, assim, antes de findar o século XIX, a ocupação brasileira do espaço

geográfico do Acre, onde mais de cinqüenta mil pessoas formavam, no recesso da mata

dos três vales hidrográficos, uma sociedade original, cujo objetivo único era

produzir borracha. Todo esse labor, porém, se operava no solo da Bolívia, país que, por

fatalidade da geografia, não pudera completar a integração social e econômica, e

mesmo política e geográfica, dos extensos vales do Acre, do alto Purus e do alto Juruá na

comunidade nacional.

Com efeito, o artigo 2º do Tratado de Ayacucho, concluído pelo Brasil e

pela Bolívia em 1867, mandara que a linha de fronteira fosse uma paralela tirada da foz

do rio Beni com o Mamoré (10º20'), até encontrar a nascente do Javari. Com um adendo:

se o Javari tivesse as nascentes ao norte dessa linha leste-oeste, a fronteira correria,

desde a mesma latitude, por uma reta a buscar a origem principal do Javari.

No ano de 1877, no entanto, época dos primeiros estabelecimentos de brasileiros no

Acre, ninguém sabia por onde passava o limite previsto naquele tratado. Ignorava-se, por

outra parte, a exata latitude da nascente do Javari. Eram problemas técnico-geográficos

difíceis de solver com presteza, devido à falta de recursos materiais. A direção dos rios

da borracha foi a trilha natural da conquista nordestina (sobretudo do cearense), da qual

também participaram grupos de paraenses e amazonenses.

Revolução Acreana

Em 1890, um oficial boliviano, José Manuel Pando, alertou seu governo para o fato de que

na bacia hidrográfica do Juruá havia mais de 300 seringais, com a ocupação

dos brasileiros implantando-se cada vez mais rapidamente em solo da Bolívia. A penetração

brasileira avançara em profundidade para oeste do meridiano de 64º até além do de 72º, numa

extensão de mais de mil quilômetros, muito embora já estivessem fixadas as fronteiras acima

da confluência do Beni-Mamoré, segundo o tratado de 1867.

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Nomeou-se, em 1895, nova comissão para o ajuste da divisória. O

representante brasileiro, Gregório Taumaturgo de Azevedo, demitiu-se após verificar que a

ratificação do tratado de 1867 iria prejudicar os seringueiros ali estabelecidos. Em 1899, os

bolivianos estabeleceram um posto administrativo em Puerto Alonso, cobrando impostos e

lançando taxas aduaneiras sobre as atividades dos brasileiros. No ano seguinte, o Brasil

aceitou a soberania da Bolívia na zona, quando reconheceu oficialmente os antigos limites

na confluência Beni-Mamoré.

Os seringueiros, alheios às tramitações diplomáticas, julgaram lesados seus interesses e

iniciaram movimentos de rebeldia. No mesmo ano em que a Bolívia implantou administração

em Puerto Alonso (1899), registraram-se duas sérias contestações.

Em abril, um advogado cearense, José Carvalho, liderou uma ação armada, que culminou

na expulsão das autoridades bolivianas. Logo depois a Bolívia iniciou negociações com um

truste anglo-americano, o Bolivian Syndicate, a fim de promover, com poderes excepcionais

(cobranças de impostos, força armada), a incorporação política e econômica do Acre a seu

território. O governador do Amazonas, José Cardoso Ramalho Júnior, informado do ajuste por

um funcionário do consulado boliviano em Belém, o espanhol Luis Gálvez Rodríguez de Arias,

enviou-o à frente de contingentes militares para ocupar Puerto Alonso.

Gálvez proclamou ali a República do Acre, tornando-se seu presidente com o apoio dos

seringalistas. O novo estado tinha o objetivo de afastar o domínio boliviano para depois pedir

anexação ao Brasil, a exemplo do que fizera o Texas, na América do Norte. Ante os protestos

da Bolívia, o presidente Campos Sales extinguiu a efêmera república (março de 1900, oito

meses após sua criação). Luis Gálvez teve que capitular e retirou-se para a Europa.

Reinstalaram-se, então, os bolivianos na região, onde sofreram, a seguir, ataque de uma

outra expedição que se constituíra em Manaus, com a ajuda do novo governador Silvério Néri,

que também se opunha, nos bastidores, ao domínio da Bolívia sobre o Acre, de onde

provinham, em forma de impostos, grandes quantias para o tesouro estadual. Composta de

moços intelectuais, da boêmia de Manaus, a "Expedição dos Poetas" desbaratou-se após

rápido combate em frente a Puerto Alonso (dezembro de 1900).

Ação de Plácido de Castro e intervenção diplomática

Por fim, comerciantes e proprietários no rio Acre resolveram entregar a chefia de nova

insurreição a um ex-aluno da Escola Militar de Porto Alegre, José Plácido de

Castro, gaúcho de São Gabriel, que, à frente de um corpo improvisado de seringueiros, iniciou

operações na vila de Xapuri, no alto Acre, e aí prendeu as autoridades bolivianas

(agosto de 1902). Depois de combates esparsos e bem-sucedidos, Plácido de Castro

assediou Puerto Alonso, logrando a capitulação final das forças bolivianas (fevereiro de 1903).

Influíra no espírito de Plácido de Castro o fato de haver a Bolívia arrendado o território

do Acre a um sindicato estrangeiro (chartered company), semelhante aos que operavam

na Ásia e na África O Bolivian Syndicate, constituído por capitais ingleses e americanos, iria

empossar-se na administração do Acre, dispondo de forças policiais e frota armada.

Representantes dessa companhia chegaram à vila de Antimari (rio Acre), abaixo de Puerto

Alonso, mas desistiram da missão porque os revolucionários dominavam todo o rio, faltando

pouco para o fim da resistência boliviana.

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Aclamado governador do Estado Independente do Acre, Plácido de Castro organizou

um governo em Puerto Alonso. Daí por diante a questão passou à esfera diplomática. O barão

do Rio Branco assumira o Ministério do Exterior e seu primeiro ato foi afastar o Bolivian

Syndicate. Os banqueiros responsáveis pelo negócio aceitaram em Nova York a proposta

do Brasil: dez mil libras esterlinas como preço da desistência do contrato (fevereiro de 1903).

Subseqüentemente, Rio Branco ajustou com a Bolívia um modus vivendi que previa a

ocupação militar do território, até o paralelo de 10º20', por destacamentos doExército Brasileiro,

na zona que se designou como Acre Setentrional. Do paralelo 10º20, para o sul — o Acre

Meridional — subsistiu a governança de Plácido de Castro, sediada em Xapuri.

A 17 de novembro de 1903, Rio Branco e o plenipotenciário Assis Brasil assinaram com os

representantes da Bolívia o tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasiladquiriu o Acre por compra

(dois milhões de libras esterlinas, ou 36.268 contos e 870 mil-réis em moeda e câmbio da

época), e por troca de territórios (pequenas áreas no Amazonas e no Mato Grosso).

Em conseqüência, dissolveu-se o Estado Independente, passando o Acre Meridional e

o Acre Setentrional a constituírem o Território Brasileiro do Acre, organizado, segundo os

termos da lei n° 1.181, de 25 de fevereiro de 1904, e do decreto 5.188, de 7 de abril de 1904,

em três departamentos administrativos: o do Alto Acre, o do Alto Purus e o do Alto Juruá,

chefiados por prefeitos da livre escolha e nomeação do presidente da república.

Solucionada a parte da Bolívia, um outro caso tinha de ser resolvido com o Peru. O

governo de Lima, alegando validez de títulos coloniais, reivindicava todo o território do Acre e

mais uma extensa área do estado do Amazonas. Delegações administrativas e militares desse

país tentaram estabelecer-se no Alto Purus (1900, 1901 e 1903) e no Alto Juruá (1898 e 1902).

Os brasileiros, com seus próprios recursos, forçaram os peruanos a abandonar o Alto Purus

(setembro de 1903).

Rio Branco, para evitar novos conflitos, sugeriu um modus vivendi para a neutralização

de áreas no Alto Purus e no Alto Juruá e o estabelecimento de uma administração conjunta

(julho de1904). Isso não impediu um conflito armado entre peruanos e um destacamento do

exército brasileiro em serviço no recém-criado departamento do Alto Juruá. A luta findou com a

retirada das forças peruanas.

À luz dos títulos brasileiros e dos estudos das comissões mistas que pesquisaram as

zonas do Alto Purus e do Alto Juruá, Rio Branco propôs ao governo do Peru o acerto de limites

firmado a 8 de setembro de 1909. Com esse ato completou-se a integração político-jurídica do

território na comunidade brasileira.

Movimento Autonomista - De Território a Estado

A evolução do Acre aparece como fenômeno típico de penetração moderna na história

do Brasil, acompanhada de importantes contribuições na projeção econômica do país.

Exercendo papel de destaque na exportação nacional até 1913, quando se iniciou da borracha

nos mercados europeu e norte-americano, o Acre conheceu um período de grande

prosperidade: na passagem do século, em menos de um década contava com mais de 50.000

habitantes.

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Logo após a anexação do Acre ao Brasil, os acreanos esperavam pela sua elevação

a Estado o mais rápido possível, uma vez que, nessa época (Auge do Ciclo da Borracha), o

Acre representava 1/3 do PIB brasileiro. Porém isso não aconteceu.

Atendendo às disposições jurídicas do Tratado de Petrópolis, o presidente Rodrigues

Alves sancionou a lei que criava o Território do Acre (1904) - o primeiro do país - dividindo o

Território em três departamentos: o do Alto Acre, o do Alto Purus e o do Alto Juruá, este

último desmembrado para formar o do Alto Tarauacá em 1912. A administração departamental

exercia-se, até 1921, por prefeitos designados pelo Presidente da República.

Essa subjulgação causou intensas revoltas da população. Foi o caso da revolta

de Cruzeiro do Sul, em 1910, que depôs o Prefeito Departamental do Alto Juruá e proclamou

criado o Estado do Acre (a chamada Revolta do Alto Juruá). Cem dias depois, entretanto, as

tropas federais atacaram os revoltosos e restabeleceram a "ordem" e a tutela. Em 1913, um

movimento de revolta ocorreria no Purus, em Sena Madureira, por motivos muito semelhantes

ao do Alto Juruá. Em 1918, seria a vez da luta autonomista chegar ao vale do Acre, em Rio

Branco, que protestou intensamente contra a manutenção daquela situação de subjugação ao

governo federal. Porém ambas as revoltas foram igualmente sufocadas à força pelo governo

brasileiro.

A partir do fracasso das revoltas, a luta pela autonomia não recorreu mais às armas.

Depois disso, a reforma política de 1920 - que unificou as quatro prefeituras departamentais em

um único governo territorial - serviu para acalmar o vale do Acre, que foi beneficiado pela

reforma, já que para capital do Território foi escolhida Rio Branco.

Com a queda do Ciclo da Borracha (1920), o movimento autonomista foi perdendo

força, ressurgindo apenas uma década mais tarde, quando a Revolução de 1930 alterou

completamente os rumos da república brasileira. Nesse momento, os acreanos acreditaram

que poderiam, enfim, conquistar a tão sonhada autonomia. Mas foi em vão.

Com a constituição de 1934, o Acre só obteve o direito de eleger dois deputados

federais para representá-lo na Câmara Federal, sem alterar o regime de indicação dos

governadores do território. Seguiu-se mais um longo período em que as discussões

autonomistas não passavam de conversas em intermináveis reuniões e de fundações de

agremiações políticas e jornais que tinham como bandeira maior o autonomismo. Multiplicaram-

se os simulacros de partidos políticos: Legião Autonomista, Partido Construtor, Partido

Autonomista, Partido Republicano do Acre Federal, Comitê Pró-autonomia, etc. Assim como se

multiplicavam os títulos de jornais com apelo autonomista, como por exemplo: O Estado, O

Autonomista, O Estado do Acre, etc.

Impulso mesmo o movimento autonomista só voltaria a ter em meados da década de

50, quando o PSD, do ex-governador José Guiomard dos Santos, resolveu assumir essa

bandeira e elaborar um projeto de lei que transformava o Acre em Estado. Esse projeto causou

grande movimentação política em todo o Acre e chegou ao Congresso Nacional em 1957,

provocando uma intensa disputa política entre o PTB de Oscar Passos e o PSD de Guiomard

Santos, tendo o primeiro se posicionado contra a lei de transformação do Acre em Estado.

Depois de muitas disputas no Congresso Nacional, finalmente em 1962, durante a fase

parlamentarista do governo João Goulart, foi assinada a lei 4.070, de autoria do então

deputado Guiomard Santos. Por uma ironia política, o Presidente João Goulart era do PTB, o

partido que, a nível nacional, se colocava contra o tal projeto. Ainda assim, o projeto foi

aprovado e passou a vigorar a partir do dia 15 de junho de 1962.

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O PTB, todavia, não foi de todo derrotado. Nas primeiras eleições livres e diretas

realizadas na história do Acre, o PTB foi o grande vencedor, fazendo o

primeiro governador constitucional do Acre, o Professor José Augusto de Araújo, além de todas

as prefeituras municipais acreanas.

Na década de 1960 iniciou-se o segundo ciclo de esforços para acelerar o progresso

da área amazônica, com a criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia

(SUDAM,1966). Procurou-se melhor entrosar os subsetores regionais dentro do próprio Estado,

concorrendo para isso os ramais da Transamazônica, que ligaram Rio Branco e Brasiléia, no

alto curso do Acre, e Cruzeiro do Sul, às margens do Juruá, cortando os vales do Purus e

do Tarauacá. Incrementou-se a política de planejamento, destinada a corrigir as distorções

demográficas, econômicas e políticas da integração nacional.

Século XXI

Em 2005 foi iniciada a construção da Rodovia Interoceânica, que dará ao Brasil, pelo

Acre, acesso a três portos peruanos no Oceano Pacífico (Ilo, Maratani e San Juán) para

facilitar as exportações para a Ásia. Prevista para 2009, a obra já foi adiada para o fim de 2010,

com custo de cerca de 2 bilhões de dólares.

Em 2007, a Assembleia Legislativa do Acre aprovou uma regularização fundiária para

legimitar a posse e a alienação de propriedades públicas rurais, que beneficia 600 famílias em

cerca de dezmunicípios. Em junho de 2008 entrou em vigor a lei que alterou os fusos horários

brasileiros e o Acre passou a ter uma hora a menos, e não duas, em relação ao fuso

de Brasília. Apesar do referendo, o Acre mantém o antigo fuso horário

Em setembro de 2008 o Brasil reforçou o efetivo do Exército na fronteira do Acre com

o departamento boliviano de Pando. Essa se tornara instável com o massacre de 30

camponeses bolivianos, feito por opositores ao referendo de aprovação de uma

nova Constituição, mas o conflitos se dissiparam com a realização do referendo na Bolívia,

em janeiro de 2009. Naseleições de outubro de 2008, o prefeito de Rio Branco, Raimundo

Argelim (PT), foi reeleito no primeiro turno, com 50,82% dos votos.

Em outubro de 2010, Tião Viana (PT) foi eleito governador, com 50,50% dos votos

válidos contra o seu adversário, o candidato Tião Bocalom (PSDB).

Em dezembro de 2011 o estado ganhou o seu primeiro shopping center, na cidade

de Rio Branco.

Geografia

O estado do Acre ocupa uma área de 152.581 km², localizado no

extremo oeste do Brasil, localiza-se a 70º00'00" de longitude oeste do Meridiano de

Greenwich e a 09º00'00" de latitude sul daLinha do Equador e com fuso horário -4 horas em

relação a hora mundial GMT. Dista 10º00'00" ao sul da Linha do Equador. No Brasil, o estado

faz parte da região Norte, fazendo divisa com os estados do Amazonas e Rondônia e fronteira

com dois países: Peru e Bolívia.

Praticamente todo o relevo do estado do Acre se integra no baixo platô arenítico,

ou terra firme, unidade morfológica que domina a maior parte da Amazônia brasileira.

Esses terrenos se inclinam, no Acre, de sudoeste para nordeste, com topografia, em geral,

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tabular. No extremo oeste se encontra a Serra da Contamana ou do Divisor, ao longo

da fronteira ocidental, com as maiores altitudes do estado (609 m). Cerca de 63%

da superfície estadual fica entre 200 e 300m de altitude; 16% entre 300 e 609; e 21% entre 200

e 135.

O clima é quente e muito úmido, do tipo Am de Köppen, e

as temperaturas médias mensais variam entre 24 °C e 27 °C, sendo a menor média da Região

Norte. As chuvas atingem o total anual de 2.100mm, com uma nítida estação seca nos meses

de junho, julho e agosto. A Floresta Amazônica recobre todo o território estadual. Muito rica

em seringueiras da espécie mais valiosa (Hevea brasiliensis) e Castanheiras (Bertholletia

excelsa), a floresta garante ao Acre o lugar de maior produtor nacional de borracha e castanha.

Os principais rios do Acre, navegáveis principalmente nas cheias

(Juruá, Tarauacá, Envira, Purus, Iaco e Acre), atravessam o estado com cursos

quase paralelos e que só vão confluir fora de seu território.

Demografia

O censo de 2010 contabilizou que o Acre possui 707.125 habitantes. O censo de dez

anos, registrou o número de 557.526 habitantes. Em 1991, foram contados 417.165 hab.

O índice de crescimento foi de 3,3% ao ano, acima, portanto, da média nacional que, no

mesmo período (1991-2006), foi de 1,33%. Estimativa para 2008, 680.073 hab.

Em 2000, 66,41% da população moravam nas cidades, e desses, 89,42% viviam

na capital. No interior, a população vive dispersa ao longo dos rios, ocupada na extração

de borracha, castanha emadeiras.

As densidades demográficas, em 2006, mostravam-se bastante homogêneas.

Na região mais povoada, a do baixo Acre, havia 17,2 hab./km² e, na menos povoada, a do

alto Purus, 1,1 hab./km².

Na formação da população acreana entraram, além dos índios, os nordestinos -

principalmente cearenses - que aí chegaram maciçamente durante o período áureo da

borracha (1880-1913) e os sulistas, que chegaram maciçamente durante a década de 70 em

diante.

Houve também imigrações de árabes (principalmente sírios-libaneses) e italianos

(sendo ambas as maiores na Região Norte), além de japoneses, alemães e eslavos (esses em

pequena escala).

Evolução demográfica

Page 12: Apostila Historia Geografia

Evolução demográfica do estado do

Acre.

Principais centros urbanos

Cidades mais populosas do Acre

(Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

Posição Cidade Mesorregião Pop. Posição Cidade Mesorregião Pop.

Sena Madureira

Tarauacá

1 Rio Branco Vale do Acre 335 796 11 Epitaciolândia Vale do Acre 15 126

2 Cruzeiro do Sul Vale do Juruá 78 444 12 Porto Acre Vale do Acre 14 806

3 Sena Madureira Vale do Acre 37 993 13 Rodrigues Alves Vale do Juruá 14 334

4 Tarauacá Vale do Juruá 35 526 14 Marechal Thaumaturgo Vale do Juruá 14 200

5 Feijó Vale do Juruá 32 311 15 Acrelândia Vale do Acre 12 538

6 Brasiléia Vale do Acre 21 438 16 Porto Walter Vale do Juruá 9 172

7 Senador Guiomard Vale do Acre 20 153 17 Capixaba Vale do Acre 8 810

8 Plácido de Castro Vale do Acre 17 203 18 Bujari Vale do Acre 8 474

9 Xapuri Vale do Acre 16 016 19 Manoel Urbano Vale do Acre 7 989

10 Mâncio Lima Vale do Juruá 15 246 20 Jordão Vale do Juruá 6 531

Page 13: Apostila Historia Geografia

Rio Branco, capital e centro administrativo, econômico e cultural, e também o mais populoso

município, com 335 796 habitantes, quase metade da população estadual.

Cruzeiro do Sul é a segunda maior cidade acreana e um porto do rio Juruá, sendo também a

mais desenvolvida da mesorregião que recebe o mesmo nome.

Outros municípios mais populosos são (IBGE 2009): Sena Madureira, com 37 993

habitantes; Tarauacá, com 35 526 habitantes; Feijó com 32 311 habitantes e Brasileia, com 21

438 habitantes.

Desenvolvimento Humano

O IDH do Acre é de 0.751, posicionando-se na décima sétima posição no ranking

brasileiro, sendo que 16 estados estão em situação melhor, e 9 estados estão em situação pior

ou igual: As cidades com melhor desempenho são: Rio Branco, Senador

Guiomard, Epitaciolândia, Plácido de Castro e Acrelândia.

Posição no ranking brasileiro Município IDH

1767 Rio Branco 0,754

2980 Senador Guiomard 0,701

3244 Epitaciolândia 0,684

3266 Plácido de Castro 0,683

3291 Acrelândia 0,68

Etnias

Cor/Raça (IBGE 2006)[79]

Porcentagem

Pardos 66,5%

Brancos 26,0%

Page 14: Apostila Historia Geografia

Negros 6,8%

Amarelos ou indígenas 0,7%

Fonte: PNAD (dados obtidos por meio de pesquisa de autodeclaração).

Existem no Acre, 34 terras indígenas ocupadas por mais de 12.000 índios, que

representam 2% da população total do Estado. Esse contingente populacional pertence a 14

diferentes etnias, de línguas Pano, Aruak e Arawá:

(Yaminawa, Manchineri, Kaxinawá, Ashaninka, Shanenawa, Katukina, Arara,Nukini, Poyanawa,

Nawa, Jaminawa-Arara e Isolados). As etnias isoladas, sem contato com a sociedade, têm o

seu território tradicional ao longo da fronteira internacional Brasil-Peru.

Política

O estado do Acre é governado por três poderes, o executivo, representado

pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Acre, e o judiciário,

representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Acre e outros tribunais e juízes. Também é

permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos.

A atual constituição do estado do Acre foi promulgada em 1989, acrescida das

alterações resultantes de posteriores Emendas Constitucionais.

O Palácio Rio Branco, primeira sede dogoverno do Acre. Só em 1962 o antigo território do

Acre se tornou estado.

O Poder Executivo acreano está centralizado no governador do estado, que é eleito

em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população para mandatos de até quatro

anos de duração, e podem ser reeleitos para mais um mandato. Sua sede é o Palácio Rio

Branco, que desde 1930 é a sede do governo acreano.

O Poder Legislativo do Acre é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa do

Acre, localizado no centro de Rio Branco. Ela é constituída por 24 deputados, que são eleitos a

cada 4 anos. No Congresso Nacional, a representação acreana é de 3 senadores e 8

deputados federais.

Page 15: Apostila Historia Geografia

A maior corte do Poder Judiciário acreano é o Tribunal de Justiça do Estado do Acre,

localizado no centro de Rio Branco. Compõem o poder judiciário os desembargadores e

os juízes de direito.

O Acre está dividido em 22 municípios. O mais populoso deles é a capital, Rio Branco,

com 300 mil habitantes, sendo o município mais rico do estado.

Subdivisões

O estado do Acre é dividido em duas (2) mesorregiões, cinco (5) microrregiões e vinte

e dois (22) municípios, segundo o IBGE.

O estado do Acre dividido em suas mesorregiões, microrregiões e municípios.

Economia

Passarela Joaquim Macedo, símbolo da capital acreana, Rio Branco, centro

político e financeiro do estado.

O modelo de desenvolvimento econômico baseia-se, primordialmente, no extrativismo,

com destaque para extração de madeira por meio de manejo florestal, o que, teoricamente,

garante o uso econômico sustentável da floresta.

Page 16: Apostila Historia Geografia

O Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID - financia um projeto de US$ 106

milhões no Estado, visando dotá-lo de infraestrutura física e institucional que viabilize o

sucesso do projeto de desenvolvimento sustentável.

Controvérsias sobre o modelo de desenvolvimento escolhido passa por questões como

a ausência de consenso quanto à recuperação das áreas exploradas pelos planos de manejo e

pela exclusão, na prática, de efetivos benefícios às populações locais (apesar de previsão no

projeto).

A economia acreana repousa na exploração de recursos naturais. Os mais importantes

são a borracha e a castanha, produtos nos quais se basearam o povoamento da região. A

extração da borracha se faz ao longo dos rios, pois a seringueira é árvore de mata de igapó.

Os tipos produzidos são caucho, cernambi caucho, cernambi rama e cernambi seringa. A maior

parte da produção estadual cabe à bacia do rio Purus. Nessa região destaca-se o vale do rio

Acre, que, além de possuir o maior número de seringueiras, é também região rica

em castanheiras, fazendo do estado o maior produtor e exportador nacional de castanha.

A floresta acreana é também objeto de exploração madeireira, e a caça nela praticada parece

contribuir de forma substancial para a alimentação local.

A agricultura reduz-se a pequenas culturas de mandioca, feijão, cana-de-

açúcar e arroz. A indústria de transformação compreende pouco mais que algumas serrarias e

pequenas fábricas de rapadura e de farinha de mandioca.

Como os rios mantêm no estado cursos aproximadamente paralelos,

as comunicações entre os diversos vales se fazem pelas confluências, o que envolve longos

percursos. Com a conclusão das estradas que integram a ligação Rio Branco-Porto Velho-

Cuiabá-Limeira, o Acre passou a contar com transporte rodoviário para o Sudeste do Brasil.

Agricultura

Extração de látex da seringueira.

Um dos principais produtores de borracha (Hevea brasiliensis) no país, o Acre

apresentou em 2008 a produção de 845 t, representando pouco mais de um quarto do total

nacional. Na região de Abunã, um seringueiro chega a produzir 1,5 t de borracha por safra. Os

tipos produzidos são "caucho", "cernambi caucho", "cernambi rama" e "cernambi seringa".

Page 17: Apostila Historia Geografia

A coagulação ainda é feita pelo processo da defumação. A produtividade média é de dois

quilos de látex por hévea.

Imagens de Rio Branco, capital do Estado.

A coleta de Castanha-do-Brasil é também atividade importante, realizada, em geral,

pelo seringueiro, como ocupação subsidiária, na época das chuvas. Sua safra não é regular. A

produção acreana em 2009 foi de 20 t, representando 20% de toda a produção nacional, sendo

a maior do Brasil. A madeira tem também importância econômica na região, sendo

a produção de lenha em 2008 de 679.077 m³. O método deextração é rudimentar, sendo

usadas serras manuais e, assim mesmo, só nos centros mais adiantados. Alavoura é, em

geral, de subsistência, não tendo condições para se manter diante dos altos rendimentos

daatividade extrativa. Os principais produtos agrícolas do Acre, em 2008, apresentaram os

seguintes resultados: arroz (28.569 t), cana-de-açúcar (52.609 t), feijão (5.779

t), mandioca (730.434 t) emilho (61.088 t).

Pecuária, pesca e mineração

A pecuária começou a ser desenvolvida só a partir da década de 1970. O solo utilizado

nos plantios desgasta-se pelas derrubadas e queimadas e passa a construir área de magra

pastagem. Não há campos naturais e os que são abertos na mata, se ainda não esgotados

pela lavoura, são facilmente invadidos pela capoeira. Em 2008, contava o Acre com

155.861 suínos, 2.425.687 bovinos, 77.623 ovinos, 7.201 muares, 60.668 eqüinos e

15.433caprinos.

A pesca é praticada em pequena escala, sendo na maioria dos casos de subsistência.

Em 2005, foram produzidas 3.510 t de pescado, a antepenúltima produção do país.

A mineração é escassa e caracterizada pela garimpagem mais primitiva — feita através

de bateias —, sendo desconhecidos dados estatísticos de sua produção.

Indústria

A indústria do estado, em 2009, ocupava 13 mil pessoas em 1416 estabelecimentos e

unidades, que produziram bens no valor de R$ 773 milhões. A indústria ainda é de pouca

escala no estado, sendo em grande parte de produtos alimentícios, como queijos, manteiga,

refrigerantes e outros; e à transformação rudimentar de alguns produtos agrícolas, como

Page 18: Apostila Historia Geografia

a farinha de mandioca e o açúcar bangüê. O estado também possui indústrias na produção de

barcos, carrocerias de caminhões, laminados e pisos de madeira,móveis, vidros temperados,

preservativos (sendo a única do mundo a usar borracha natural proveniente de látex nativo),

dentre outros produtos. Nas colônias mais importantes do Alto Juruá e do Alto Purus, ou

mesmo em locais que possam atender em várias colônias, estão instalados "conjuntos

mecânicos", pertencentes quase todos ao governo. Nos conjuntos mecânicos encontram-se

máquinas para debulhar o milho, descorticar o arroz, ralar, prensar e cozer a mandioca, além

de moendas e tochas para o fábrico de açúcar de cana. A potência instalada das usinas

geradoras em 2004 é de 331 GWh, com um consumo mínimo de 405 GWh.[89]

Atualmente o

estado possui 2 Distritos Indústriais: 1 na capital Rio Branco e outro no município

de Acrelândia.

No estado está sendo criada a chamada ZPE (Zona de Processamento para

Exportação), um Distrito Industrial incentivado, onde as empresas localizadas operam com

redução/suspensão de impostos e contribuições federais e liberdade cambial (podem manter

no exterior 100% das divisas obtidas nas exportações), com a condição de destinarem pelo

menos 80% de sua produção de bens e serviços ao mercado externo, pretendendo levar os

produtos fabricados no Acre para os mercados da Bolívia, Peru e os países asiáticos, quando

concluída a Estrada do Pacífico. A ZPE do Acre será localizada na BR-317, entre a capital Rio

Branco e o município de Senador Guiomard.

Comércio

A quase totalidade do comércio do estado é feita por via fluvial e em pequena escala

por via aérea. O Acre exporta quase tudo o que produz e importa praticamente tudo que

consome. A pauta de exportação resume-se na madeira compensada e perfilada

(49%), madeira serrada ou em folha (27%),

frutas (21%)

e outros (3%), convergindo na

totalidade para os estados do Amazonas e Pará, de preferência para Belém, origem também

da maioria de suas compras. O comércio com o limita-se a compra de gado em pé e gêneros

alimentícios da Bolívia, frequentemente de caráter ilegal. Em março de 2010 o valor

da exportação por cabotagem foi de US$ 15.727.499 e a importação de US$ 15.059.156.

Composição econômica

Serviços

68,2%

Agropecuária

17,2%

Indústria

14,7%

Page 19: Apostila Historia Geografia

Produto Interno Bruto

Evolução do PIB do Estado do

Acre

Educação

O ensino fundamental contava em 2008 com

1.593 escolas, com o corpo docente de

7.476 professores e 164.043 alunos matriculados.

Contava o ensino médio com 111 escolas, 1.594

professores e 33.113 matrículas. O ensino

infantil calculava 275 pré-escolas, 1.052 professores

e 22.104 alunos. O ensino superior era ministrado

em 2007, em 9 estabelecimentos, com 17.840 alunos

matriculados.

Em 2008, a taxa de analfabetismo no estado é de 13%, uma das mais equilibradas

do Brasil. Da população, 36,2% dos acreanos são analfabetos funcionais.

As principais universidades do Acre são: Instituto Federal do Acre, Universidade

Federal do Acre(públicas), União Educacional do Norte e Instituição de Ensino Superior do

Acre (particulares).

Saúde

Em 2005, havia no estado 337 estabelecimentos hospitalares, sendo 282 públicos e 55

particulares, com um total de 1.561 leitos. Dos 337 hospitais, 227 eram de finalidade geral e

221 eram especializados. Dos 7 municípios existentes em 1970, apenas Rio Branco possuía

abastecimento de água encanada, embora não possuía serviço de esgoto, o que impede o

controle de disenteria amebiana endêmica. Em 2005, o estado possuía 48% de acesso à água

44,3% de acesso à rede de esgoto. Em 2006, a mortalidade infantil era de 20,7 por 1.000

nascidos vivos, sendo a malária a principal causa de morte. Povoações distantes entre si por

Resultados no ENEM

Ano Português Redação

2006

Média

31,05 (25º)

36,90

47,97 (24º)

52,08

2007

Média

43,60 (25º)

51,52

54,78 (17º)

55,99

2008

Média

35,15 (25º)

41,69

57,62 (17º)

59,35

Page 20: Apostila Historia Geografia

dia de caminhada na floresta, e que por vezes, no período das chuvas, ficam completamente

isoladas, dificultam a irradiação da saúde pública.

Segurança pública

Brasão da Polícia Militar do Estado do Acre.

Brasão do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre.

Segundo o Exército Brasileiro, o Acre integra o Comando Militar da Amazônia, que tem

sede em Manaus, destacando os pelotões de fronteira.De acordo com a Força Aérea

Brasileira, o estado integra o VII Comando Aéreo Regional (VII COMAR), também sediado em

Manaus, se destacando o Destacamento de Controle de Espaço Aéreo de Rio Branco

(DTCEA-RB) e o Destacamento de Controle Aéreo de Cruzeiro do Sul (DTCEA-CZ), ambos

pertencentes ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo IV

(CINDACTA IV), o estado não possui uma Base Aérea. Não existem, no estado, unidades

da Marinha.

A Polícia Militar do Estado do Acre (PMAC) tem por função primordial o policiamento

ostensivo e a preservação da ordem pública no Estado do Acre. Para fins de organização é

uma Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, assim como suas co-irmãs e integra o

Sistema de Segurança Pública e Defesa Social brasileiro e está subordinada ao Governo do

Estado do Acre. Seus integrantes são denominados militares estaduais (artigo 42 da CRFB),

assim como os membros do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre.

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre (CBMAC) é uma Corporação cuja

principal missão consiste na execução de atividades de Defesa Civil, Prevenção e Combate

a Incêndios, Buscas, Salvamentos e Socorros Públicos no âmbito do estado do Acre. Ele é

Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, e integra o Sistema de Segurança Pública e

Page 21: Apostila Historia Geografia

Defesa Social do Brasil. Seus integrantes são denominados Militares dos Estados pela

Constituição Federal de 1988, assim como os membros da Polícia Militar do Estado do Acre.

A Polícia Civil do Estado do Acre, é uma das polícias do estado do Acre, Brasil, órgão

do sistema de segurança pública ao qual compete, nos termos do artigo 144, § 4º,

da Constituição Federal e ressalvada competência específica da União, as funções de polícia

judiciária e de apuração das infrações penais, exceto as de natureza militar.

A mais importante instituição penitenciária é a Colônia Penal e Agrícola Evaristo de

Morais, em Rio Branco.

Transportes

Acesso a Senador Guiomard pela rodovia estadual AC-040.

As principais rodovias do Acre são:

BR-364 - Juntamente com a BR-317 é a principal rodovia do Acre. A leste liga Rio

Branco ao estado de Rondônia e ao restante do país. A oeste corta todo o estado, ligando a

capital do estado a Cruzeiro do Sul, segunda principal cidade do estado, passando pelos

municípios de Bujari, Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó, Tarauacá e Rodrigues Alves.

BR-317 - Tem extensão de 330 km, liga a capital ao sul do estado, passando pelos

municípios de Senador Guiomard, Capixaba, Brasileia na fronteira com a República da Bolívia,

a partir de Brasileia a estrada continua por mais 110 km até chegar na cidade de Assis Brasil,

já na fronteira com o Peru. A rodovia tornar-se-á um importante eixo de exportação do Brasil,

pois quando a estrada no lado peruano estiver concluída (estima-se que em 2011), o Brasil

estará totalmente ligado a Cuzco e aos dois principais portos do país vizinho.

AC-040 - Possui extensão de 100 km, liga Rio Branco até a cidade de Plácido de

Castro também fazendo fronteira com a Bolívia.

AC-401 - Também chamada de estrada do agricultor, com extensão de 50 km, liga a

cidade de Plácido de Castro à cidade de Acrelândia, já próxima da BR-364.

AC-010 - Tem extensão de 55 km, Ligando Rio Branco até a cidade história de Porto

Acre, já na divisa com o Amazonas.

Cultura

A cultura do Acre é muito parecida com a dos outros Estados da região Norte. A

comida típica utiliza o pato e o pirarucu, que herdou dos índios, e o bobó de camarão, vatapá e

carne de sol com macaxeira, trazido do Nordeste brasileiro logo quando iniciou a extração

Page 22: Apostila Historia Geografia

do látex, já que muitos nordestinos migraram para o Acre tentando uma melhor qualidade de

vida.

Usina de arte João Donato, importante polo de produção e difusão cultural.

No artesanato os artigos confeccionados com materiais extraídos da floresta

amazônica. Do seringal surgiu a figura do seringueiro, que colaborou em momentos

importantes da história brasileira para o desenvolvimento do país, trabalhando duro na

extração do látex na floresta amazônica. Da floresta também surgiu Chico Mendes, que hoje é

considerado referência internacional na luta em defesa da Amazônia; Chico Mendes foi

assassinado em 22 de dezembro de 1988 e ganhou um prêmio único da ONU, o Prêmio Global

500 Anos, por defender e proteger a floresta amazônica.

Em Rio Branco encontra-se uma comunidade religiosa chamada Alto Santo (Centro de

Iluminação Cristã Universal) que pratica o Ritual do Santo Daime, típico do Acre, de origem

indígena, que usa o Daime, um chá natural feito com folhas e cipó, usado pelos índios como

forma de aproximação a Deus. Todos tomam o chá, inclusive as crianças e os idosos. Os

integrantes usam fardas e cantam o hinário.

O Acre já foi retratado como cenário histórico no cinema e na televisão, interpretado

por um numeroso elenco de atores consagrados na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico

Mendes (2007), da mesma autora das telenovelas América (2005) e Caminho das

Índias (2009), a acreana Glória Perez.