Apostila gêneros jornalíticos

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Gêneros Jornalíticos Gêneros são classes de textos com propriedades comuns: estrutura e propósitos. Os gêneros jornalísticos seguem os mesmos moldes dos gêneros discursivos: intenção, suporte e marcas de estilo. Jornalismo científico: informativo. É aquele que torna acessível ao leitor conquistas da ciência e tecnologia, vertendo ao senso comum informações de valor científico. New Journalism: baseia-se em textos interpretativos que combinam notícia e pesquisa. Movimento iniciado nos anos 60 nos Estados Unidos que passou a exigir do jornalista uma dimensão mais estética em seu trabalho, transformando-o em um tipo de jornalista literário. No Brasil, o maior expoente no “novo jornalismo” foi a criação da revista Realidade, lançada em abril de 1966. Hard news: informativo. É o relato objetivo de fatos relevantes, densos e complexos como economia, política internacional e ciência. Freature: notícia que se caracteriza por ir além do factual e imediato (matéria fria ou não-competitiva). Opõe-se a "hard news". Um feature aprofunda o assunto e busca uma dimensão mais atemporal. Define-se pela forma, não pelo assunto tratado. Pode ser um perfil, uma história de interesse humano, uma entrevista. Segundo Marques de Melo situa-se no gênero diversional. Fait-divers (fatos diversos): é a matéria jornalística que não se situa em campo de conhecimento preestabelecido, como a política, a economia ou as artes. Tem uma peculiaridade: enquanto a informação depende, para ser avaliada ou compreendida, de uma situação (política, econômica ou artística), o fait-divers interessa por si mesmo. Não depende de nada exterior, nem de passado e é inconsequente. Tem a função de informar e divertir. Notícia: informativo. É o relato de todo fato social que possui destaque em função de sua atualidade, interesse e comunicabilidade. Os critérios de seleção da notícia pautam-se basicamente por interesse humano, utilidade, repercussão e raridade. Deve ser inédita, verdadeira, objetiva e de interesse público. A novidade é fundamental para que um acontecimento seja considerado notícia, mesmo que o assunto seja conhecido (fato novo). Escrita sob a fórmula do lide cuja ordem é estabelecida conforme a notícia e o enfoque. Sua narrativa tem as funções de anunciar, enunciar, pronunciar e denunciar. Utiliza-se da função referencial da linguagem. Forma impessoal. Nota: informativo. Mais frequente no rádio e na televisão, é o relato de acontecimentos que ainda estão se configurando. Pequena notícia destinada à informação rápida, breve e concisa.

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Apostila para concursos em jornalismo.

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Gêneros Jornalíticos Gêneros são classes de textos com propriedades comuns: estrutura e propósitos. Os gêneros jornalísticos seguem os mesmos moldes dos gêneros discursivos: intenção, suporte e marcas de estilo. Jornalismo científico: informativo. É aquele que torna acessível ao leitor conquistas da ciência e tecnologia, vertendo ao senso comum informações de valor científico. New Journalism: baseia-se em textos interpretativos que combinam notícia e pesquisa. Movimento iniciado nos anos 60 nos Estados Unidos que passou a exigir do jornalista uma dimensão mais estética em seu trabalho, transformando-o em um tipo de jornalista literário. No Brasil, o maior expoente no “novo jornalismo” foi a criação da revista Realidade, lançada em abril de 1966. Hard news: informativo. É o relato objetivo de fatos relevantes, densos e complexos como economia, política internacional e ciência. Freature: notícia que se caracteriza por ir além do factual e imediato (matéria fria ou não-competitiva). Opõe-se a "hard news". Um feature aprofunda o assunto e busca uma dimensão mais atemporal. Define-se pela forma, não pelo assunto tratado. Pode ser um perfil, uma história de interesse humano, uma entrevista. Segundo Marques de Melo situa-se no gênero diversional. Fait-divers (fatos diversos): é a matéria jornalística que não se situa em campo de conhecimento preestabelecido, como a política, a economia ou as artes. Tem uma peculiaridade: enquanto a informação depende, para ser avaliada ou compreendida, de uma situação (política, econômica ou artística), o fait-divers interessa por si mesmo. Não depende de nada exterior, nem de passado e é inconsequente. Tem a função de informar e divertir. Notícia: informativo. É o relato de todo fato social que possui destaque em função de sua atualidade, interesse e comunicabilidade. Os critérios de seleção da notícia pautam-se basicamente por interesse humano, utilidade, repercussão e raridade. Deve ser inédita, verdadeira, objetiva e de interesse público. A novidade é fundamental para que um acontecimento seja considerado notícia, mesmo que o assunto seja conhecido (fato novo). Escrita sob a fórmula do lide cuja ordem é estabelecida conforme a notícia e o enfoque. Sua narrativa tem as funções de anunciar, enunciar, pronunciar e denunciar. Utiliza-se da função referencial da linguagem. Forma impessoal. Nota: informativo. Mais frequente no rádio e na televisão, é o relato de acontecimentos que ainda estão se configurando. Pequena notícia destinada à informação rápida, breve e concisa.

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Reportagem: informativo. É o relato ampliado de um acontecimento que já repercutiu na sociedade. Por dever e método soma diferentes versões de um fato. Características: predominância da forma narrativa, humanização do relato, natureza impressionista do texto. (Sodré; Ferrari, 1896) Fotografia: tem o papel de complementar e suplementar a informação textual (valor informativo e nítido). Segundo Roland Barthes é uma mensagem constituída por uma fonte emissora, um canal de transmissão e um meio receptor. Texto-legenda ou foto-legenda: informativo. Descreve, explica ou comenta a fotografia, ou conjunto de fotografias, com mais detalhes que a legenda, de forma a esgotar o assunto de que trata, dispensando material informativo complementar. Não pode haver matéria referindo-se à mesma foto e tem valor de matéria independente. O texto-legenda em si é suficiente para noticiar um fato selecionado. Deve ser curto, objetivo e combinar as qualidades do bom texto e da boa legenda. Têm títulos em letras maiúsculas. Dependendo da foto, o título pode fugir ao padrão sujeito ativo/verbo no presente e, eventualmente, pode recorrer a trocadilho ou a outras formas de humor. Legenda: informativo. Refere-se a apenas um aspecto da matéria, ressaltado pela fotografia. Não deve repetir as palavras do título nem de outras legendas. Infográfico: situado entre o jornalismo e o design, esses trabalhos conjugam imagem e texto com a intenção de elucidar melhor uma sequencia de fatos ou notícia, representam uma economia narrativa. No entanto, é uma modalidade discursiva ou subgênero do jornalismo informativo, no qual a presença indissociável de imagem e texto em construção com a narrativa permite a compreensão de um fenômeno específico. Devem ser feitos com rigor e responsabilidade para garantir informação de qualidade e fidedigna. Entrevista: à princípio é informativo (Marques de Melo), mas também pode assumir valor opinativo e biográfico, a serem destacados no item tipos de entrevistas. Trata-se do relato que privilegia um ou mais protagonistas de um fato. Baseia-se no princípio da comunicação dialógica. Coluna: opinativo. Tem caráter informativo, mas emite juízos de valor. De estilo leve e pessoal, pode ser composta por nota, crônica, artigos e texto-legenda. Publicada regularmente, é assinada e está intimamente vinculada à personalidade de seu redator. (De autoria não restrita a jornalistas.) Possui título e cabeçalho constante, diagramada numa posição fixa e sempre na mesma página. Editorial: opinativo. É o parecer do jornal acerca de um fato. Dissertativo, evidenciando o ponto de vista do veículo. Apresenta sequência de ideias numa estrutura de parágrafos de mesma importância (retângulos iguais).

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Conforme a legislação, deve ser escrito pelo redator-chefe ou diretor do veículo, neste caso, chamados de editorialistas. Características: • impessoalidade ⇒ não é assinado e utiliza a 3a pessoa do singular ou a

1a do plural; • tropicalidade ⇒ trata de tema bem delimitado (questões específicas),

mesmo que ainda não tenha conotação pública; • condensalidade ⇒ apresenta poucas ideias ao dar maior ênfase às

afirmações do que às demonstrações; • plasticidade ⇒ é flexível, maleável e não dogmático. Comentário: opinativo. Situa-se entre o editorial e a crônica, funcionando como um editorial assinado (presença de opiniões pessoais, mas com certo distanciamento). Expositivo, surge junto com a própria notícia e raramente é conclusivo. Largamente usado no jornalismo esportivo. Assim como o editorial, estrutura-se segundo uma angulagem temporal que exige continuidade e imediatismo. Crônica: opinativo. Genuinamente brasileiro, é o relato cotidiano. Texto curto de caráter minimalista de fundo reflexivo, do particular para o geral. Predominância da sequência narrativa, com marcas subjetivas. É assinado e publicado em jornais e revistas. Suelto: opinativo. Espécie de minicrônica de origem espanhola. Pouco usado nos dias de hoje, o termo designa uma nota com comentários e juízos de valor. Pequena análise sobre fatos da atualidade. Caracteriza-se por parágrafos curtos e frases breves em tom de ironia. Artigo: opinativo. Argumentativo, o articulista desenvolve uma ideia e apresenta uma opinião sobre fato atual (momento histórico). É assinado, confere liberdade total ao autor e é restrito à imprensa. Ensaio: opinativo, mas pode ser literário. Argumentativo, baseia-se em fontes que legitimem e confirmem as ideias defendidas pelo autor. Apresenta pontos de vistas mais definitivos e solidificados, por uma compreensão mais abrangente dos fatos. É atemporal. Resenha: opinativo. No Brasil, o termo é usado como crítica, faz apreciação de obras com a finalidade de orientar o consumidor nas escolha dos produtos em circulação no mercado. É assinada e está presente em jornais, revistas, rádios e TV. Charge e caricatura: gênero opinativo que traz o espírito da crítica a uma situação ou personagem. "Tradução do ritmo de vida da sociedade, que flagram as expressões hilariantes do cotidiano”, Melo (1985). A caricatura toma a função de satirizar fatos do cotidiano. São assinadas.

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Carta: tem caráter argumentativo e expressa juízos de valor. É o meio pelo qual o leitor pode expressar seus pontos de vista nos meios de comunicação. Geralmente publicada na seção livre, que é a parte ineditorial do jornal, isto é, onde, por solicitação de terceiros e no interesse exclusivo ou preponderante deles, são publicadas as cartas do leitor, anúncios e matérias pagas. (Segundo José Marques de Melo a carta faz parte do jornalismo opinativo.)

Tipos de Reportagem

As técnicas de redação de reportagem dividem-se em: dissertativa, narrativa, descritiva e narrativo-dissertativa (misto).

Reportagem conto: força, clareza, condensação, tensão e novidade são suas características. Começa por particularizar a ação, geralmente escolhe um único personagem, que atua durante toda a narrativa, para ilustrar o tema que pretende desenvolver e busca no conto o modelo condutor.

Reportagem crônica: geralmente é menor que o conto e se detém em situações fortuitas. Relato de natureza impressionista. Personagens são "acidentes" na narrativa. Não possui propriamente um enredo com início, meio e fim. Tem caráter circunstancial e ambiental. Chega perto da crítica social e da opinião velada.

Perfil: enfoque à pessoa. Quando o repórter se mantém distante na narrativa para que o focalizado se pronuncie. Neste caso tem-se a entrevista clássica de perguntas e respostas. O próprio personagem se apresenta, pois não há narrador. O perfil se classifica em indivíduo, tipo, caricatura, miniperfil e multiperfil.

Modelos de reportagem

Reportagem de fatos (fact story): relato objetivo dos acontecimentos. A narração é feita em forma de pirâmide invertida. Reportagem de ação (action story): relato mais movimentado, que começa sempre pelo fato mais atraente para ir descendo aos poucos na exposição dos detalhes. O importante é o desenrolar dos acontecimentos para envolver o leitor. Testemunho é importante para o relato. Reportagem documental (quote story): reportagem documental, próxima da pesquisa. Apresenta os elementos objetivamente acompanhando citações que complementam e esclarecem o assunto. Adquire caráter pedagógico e se pronuncia a respeito de um tema. Os modelos não são rígidos e pode haver combinações entre eles.

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Tipos de Entrevistas

A entrevista é um dos instrumentos de pesquisa do jornalista como forma de obtenção de reportagem. Seu conteúdo pode ser informativo, opinativo, ilustrativo ou biográfico. A autenticidade é o requisito básico da entrevista, ou seja, as declarações atribuídas ao interlocutor devem ser facilmente comprovadas. Outro requisito é o interesse público. Informativa: permite obter o relato de um fato através da conversação com alguém que é responsável por uma nova ideia, testemunhou um evento ou participa de uma determinada situação. Nem sempre o nome do entrevistado figura na notícia. O jornalista visa apenas conseguir elementos para a sua matéria. Em alguns casos, impõe-se até o sigilo do informante (off). Opinativa (ou Entrevista de Opinião): entrevista obtida de pessoas que têm autoridade para falar sobre assuntos nos quais se especializaram. Perfil: quando o entrevistado é uma personalidade. Nesse caso, o objetivo é mostrar como ela vive, seus hábitos, projetos de vida e não apenas revelar suas opiniões ou dar informações. Ping-Pong: perguntas e respostas em sequência. A vantagem deste tipo é a maior fidelidade ao que diz o entrevistado.Geralmente apresenta texto introdutório contendo a informação de mais impacto e um breve perfil do entrevistado. Enquetes (povo fala): aquelas em que um ou diversos repórteres entrevistam sobre o mesmo assunto muitas pessoas (da mesma categoria social ou não, dependendo do assunto abordado). Seu uso é comum para realizar levantamentos curtos e rápidos de opiniões, embora tal recurso não tenha a mesma validade de uma pesquisa de opinião no sentido técnico. Entrevista de pesquisa: aquela que se destina a colher informações que sirvam para a redação de matérias de caráter interpretativo. O jornalista investiga determinados assuntos e procura esclarecê-los para o seu público. Mas, para isso, deve ouvir os especialistas, a fim de que a opinião deles, citada ou não nominalmente, fundamente a matéria. Este material é um resumo para direcionamento de estudos feito a partir de informações retiradas do livro "Obras Jornalísticas - uma síntese" (Editora Vestcon) e de questões de provas aplicadas em concursos públicos para jornalistas das principais bancas organizadoras do país como Cespe, Cesgrario, Fundep, entre outras.