Apostila ENEM Filosofia 2 - Mito e Razão

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MITO E RAZÃO: O NASCIMENTO DA FILOSOFIA

A filosofia tem importância fundamental para

a compreensão da herança cultural do

Ocidente. Alguns filósofos como Martin

Heiddeger dedicaram um livro inteiro para

responder a questão: o que é a filosofia?

Sejamos mais modestos e vamos entender

a filosofia como uma “atitude de

questionamento diante da realidade”. Em

outra palavras, o filósofo é aquele que

elabora perguntas sobre os objetos que

estão ao seu redor. Com o objetivo de

encontrar a causa dos fenômenos que

ocorrem a sua volta, o homem se pergunta

sobre a razão da existência, sobre a ordem

dos astros, sobre a vida, sobre a morte...

Quando nos referimos ao filósofo, muitas

vezes pensamos naquela pessoa que está

tão envolvida em seus pensamentos que

perde a noção da realidade. É isso mesmo,

o filósofo é aquele que está “absorto” em

seus pensamentos. ( pensativo, preocupado,

concentrado em pensamentos, extasiado.)

De fato o que importa na filosofia é a

pergunta que o pensador se propõe a

responder. As respostas serão diferentes e

variadas de acordo com o desenvolvimento

do pensamento no ocidente. Ou seja, na

verdade, as perguntas, as indagações são o

ponto fundamental na reflexão filosófica,

muitas vezes, mais importante que a própria

resposta, visto que é bastante comum que

filósofos diferentes apresentem respostas

diferentes para as mesmas questões.

Sim, o filósofo pergunta e apresenta uma

resposta que satisfaça sua curiosidade. E a

marca fundamental do pensamento filosófico

está no uso da racionalidade para a

investigação dos problemas por ele

propostos.

Como assim? O instrumento que o filósofo

possui para a análise e solução dos

problemas que são levantados é a razão.

Como devemos entender a palavra “razão”

nesse contexto? Devemos entendê-la como

uma faculdade especificamente humana que

analisa situações segundo o princípio de

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“causa e efeito”, ou seja, para todo efeito, há

uma causa.

Os seres humanos sempre utilizaram a

racionalidade como forma de compreender a

realidade? Não. Então, quando podemos

afirmar que os fatos começam a serem

analisados de forma racional? É possível

dizer que essa tarefa foi realizada de

maneira inigualável pelos gregos entre os

séculos VIII e VI a. C.

Se nem sempre a razão foi o instrumento de

análise e de construção do real, então como

eram solucionadas as dúvidas dos seres

humanos antes do aparecimento da

racionalidade? Para responder essa questão

precisamos compreender o papel do mito

no desenvolvimento do pensamento

humano.

MITO

O Mito pode ser compreendido como um

relato que utiliza a fantasia e a imaginação

para explicar a origem ou o nascimento das

coisas, ou melhor, de todas as coisas.

Quando usamos a expressão “todas as

coisas” nos referimos desde o crescimento

de uma planta ou do momento em que

nasce uma criança até a explicação sobre

uma motivo de uma chuva torrencial.

Quando presenciamos esses fatos nos

perguntamos: como isso é possível? Os

gregos antigos também se perguntavam a

respeito das coisas de seu tempo. A solução

dada pelos pensadores da época foi recorrer

ao mito, uma forma de explicação repleta de

fantasia.

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Deus Thor

Veja um exemplo explicação mítica muito

difundida na Grécia do século VIII a.C.

Como é possível o homem dominar a

técnica do fogo? Quem foram os primeiros a

dominar essa técnica? Se procurarmos a

resposta nos mitos gregos, encontraremos a

explicação no mito de Prometeu.

Segundo a lenda, Prometeu juntamente com

seu irmão Epimeteu tinham a tarefa de criar

os homens e os animais. Epimeteu pegou

para ai a tarefa e deixou a supervisão a

cargo de Prometeu. Os animais criados por

Epimeteu receberam diversas qualidades:

coragem, rapidez, força, eles tinham

carapaça, asas, garras, etc. No entanto

quando chegou o momento de gerar o

homem, criou-o de barro, pois havia gastado

os recursos com os outros animais. Para

compensar a fragilidade do homem,

Prometeu roubou o fogo dos deuses e o deu

aos homens. O fogo trouxe ao homem uma

superioridade sobre os animais que ele até

então não tinha, mas isso causou a fúria dos

deuses, pois o fogo era de uso exclusivo

deles. Zeus, deus do céu e do trovão,

castigou Prometeu acorrentando-o ao cume

de uma montanha ordenando que uma

águia dilacerasse seu fígado todos os dias.

O castigo deveria durar 30.000 anos, mas

Hércules libertou Prometeu.

Você pode achar que o mito é uma forma de

explicação ingênua demais para dar conta

da curiosidade humana sobre a origem das

coisas. De certa forma, não está errada essa

percepção haja vista o avanço da tecnologia

nos dias atuais.

No entanto, tente lembrar de quando você

era criança e não conseguia explicar os

fatos de maneira racional. Como você os

explicava? Não era através da fantasia e da

imaginação?

É só lembrar que um dia acreditamos em

papai Noel, coelho da páscoa, a fada dos

dentes...

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Há uma informação muito importante que

precisa ser guardada na memória: o mito

representa a primeira forma de explicar a

realidade, ou seja, é a primeiro contato que

o ser humano tem com o mundo no sentido

de organizá-lo.

A força do mito está presente na sociedade

grega com as obras dos escritores Homero

e Hesíodo que viveram em torno do século

VIII a.C. Homero escreveu a Ilíada e a

Odisseia, poemas épicos que narram a

guerra de Tróia e a volta do herói Ulisses

para a ilha de Ítaca.

Hesíodo e a Musa.

Na aventura de retorno de Ulisses

percebemos a influência dos deuses tanto

impondo obstáculos para sua chegada a

Ítaca quanto o salvando dos perigos da

viagem. Qual a mensagem implícita nessas

narrativas? Ulisses não é senhor de seu

destino. Ele é mero espectador da vontade

dos deuses. As situações vividas pelo herói

grego mostram como os acontecimentos

tem sua causa no mundo sobrenatural, ou

seja, na esfera mítica.

A mesma leitura pode ser feita para a

origem da chuva e do sol, da bondade e da

maldade, do dia e da noite etc. Outros mitos

gregos tratam de justificar esses eventos por

meio do mito. A função do mito, deve ser

entendida não apenas como a explicação da

realidade, mas ele também tem a função de

tranquilizar e acomodar o homem em um

mundo assustador e instável, onde não há

segurança para todos os itens da vida.

Hesíodo, outro autor grego, escreveu uma

obra chamada Teogonia. Nela há o relato do

nascimento dos deuses segundo um nexo

de causalidade. Nessas obras citadas

podemos detectar a força do elemento

fantástico frente ao elemento racional

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demonstrando a importância dos mitos para

a sociedade grega. Tenha em mente essa

informação sobre Homero e Hesíodo pois

ela poderá ser útil na resolução de questões

do vestibular.

Assim, devemos pensar na seguinte

questão: qual a abrangência do mito na

sociedade? Em sociedades primitivas, por

exemplo, o mito tem significado fundamental

inclusive para a organização social da tribo.

O contato com a divindade sempre ocorre

segundo um intermediador (Pajé) que utiliza

rituais para que a colheita seja boa, que a

chuva ocorra em um período de estiagem,

que determinado componente do grupo seja

curado de uma doença... A realidade da

tribo está envolvida em um “ambiente

mágico”. Esse ambiente fantástico e

ritualístico é o ambiente mítico.

Na atualidade, alguns comportamentos

míticos ainda podem ser identificados e não

devemos entender que isso trate de uma

mentalidade antiga. Na verdade, alguns

aspectos e funções do mito ainda fazem

parte da mentalidade do ser humano e a

mídia é uma das formas de imposição de

estruturas míticas nas sociedades. Por

exemplo, para conquistar compradores, as

revendas de automóveis criam um clima em

torno de algumas marcas de carro, a Ferrari

é uma delas, assim como o mito criado em

torno do Iphone pode se considerado outro

exemplo.

Portanto, devemos entender que o mito não

deve esta preso a um certo momento da

humanidade, pois tanto no passado como na

atualidade o homem tem a necessidade de

responder a situações de sua existência no

mundo.

ANOTAÇÕES:

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