Apostila Empreendedorismo
-
Upload
matheus-tiago -
Category
Documents
-
view
13 -
download
0
description
Transcript of Apostila Empreendedorismo
Empreendedorismo
Colégio São NorbertoCurso Técnico de Informática
INTRODUÇÃO
O conceito de empreendedorismo é muito subjetivo, todos parecem conhecer,
mas não conseguem definir realmente o que seja. Essa subjetividade pode ser
devido as diferentes concepções ainda não consolidadas sobre o assunto ou
por se tratar de uma novidade, principalmente no Brasil, onde o tema se
popularizou a partir da década de 90. A ascensão do empreendedorismo vem
paralelamente ao processo de privatização das grandes estatais e abertura do
mercado interno para concorrência externa. Daí a grande importância de
desenvolver empreendedores que ajudem o país no seu crescimento e gere
possibilidade de trabalho, renda e maiores investimentos.
Por isso, nesse artigo propôs-se apresentar o que é o empreendedorismo, seu
histórico, características de um empreendedor, bem como apontar as
similaridades e diferenças entre o empreendedor e o administrador, a fim de
destacar a importância de assumir ambos os papéis.
EMPREENDEDORISMO: HISTÓRICO E DEFINIÇÃO
De acordo com o dicionário eletrônico Wikipédia, empreendedorismo é o
movimento de mudança causado pelo empreendedor, cuja origem da palavra
vem do verbo francês “entrepreneur” que significa aquele que assume riscos e
começa algo de novo. Apesar do empreendedorismo estar cada vez mais em
evidência nos artigos, revista, internet, livros e aparentar ser um termo “novo”
para os profissionais, é um conceito antigo que assumiu diversas vertentes ao
longo do tempo. Só no início do século XX, a palavra empreendedorismo foi
utilizada pelo economista Joseph Schumpeter em 1950 como sendo, de forma
resumida, uma pessoa com criatividade e capaz de fazer sucesso com
inovações. Mais tarde, em 1967 com K. Knight e em 1970 com Peter Drucker
foi introduzido o conceito de risco, uma pessoa empreendedora precisa arriscar
em algum negócio. E em 1985 com Pinchot foi introduzido o conceito de intra-
empreendedor, uma pessoa empreendedora, mas dentro de uma organização.
Buscando ainda as raízes do empreendedorismo, Dornelas (2001) faz um
resgate histórico e identifica que a primeira definição de empreendedorismo é
creditada a Marco Polo, sendo o empreendedor aquele que assume os riscos
de forma ativa, físicos e emocionais, e o capitalista assume os riscos de forma
passiva. Na Idade Média, o empreendedor deixa de assumir riscos e passa a
gerenciar grandes projetos de produção principalmente com financiamento
governamental. E no século XVII, surge a relação entre assumir riscos e o
empreendedorismo. Bem como a criação do próprio termo empreendedorismo
que diferencia o fornecedor do capital, capitalista, daquele que assume riscos,
empreendedor. Mas somente no século XVIII, que capitalista e empreendedor
foram complemente diferenciados, certamente em função do início da
industrialização.
Com as mudanças históricas, o empreendedor ganhou novos conceitos, na
verdade, são definições sob outros ângulos de visão sobre o mesmo tema,
conforme Britto e Wever (2003, p. 17), “uma das primeiras definições da
palavra empreendedor, foi elaborada no início do século XIX pelo economista
francês J. B. Say, como aquele que “transfere recursos econômicos de um
setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada
e de maior rendimento””. No século XX, tem-se a definição do economista
moderno, de Joseph Schumpeter, já citada acima sucintamente, “o
empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela
introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de
organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”
(SCHUMPETER, 1949, apud DORNELAS, 2001, p. 37).
Contudo, parece que uma definição de empreendedor que atende na
atualidade é de Dornelas (2001, p. 37), que está baseada nas diversas
definições vistas até então,“o empreendedor é aquele que detecta uma
oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos
calculados”. Caracteriza a ação empreendedora em todas as suas etapas, ou
seja, criar algo novo mediante a identificação de uma oportunidade, dedicação
e persistência na atividade que se propõe a fazer para alcançar os objetivos
pretendidos e ousadia para assumir os riscos que deverão ser calculados.
FORMAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR
Existe a concepção do empreendedor nato, aquele que nasce com as
características necessárias para empreender com sucesso. No entanto, como
se trata de um ser social, influenciado pelo meio que em que vive, a formação
empreendedora pode acontecer por influência familiar, estudo, formação e
prática.
Para Dolabella (1999, p. 12), para se aprender a empreender, faz-se
necessário um comportamento pró-ativo do indivíduo, o qual deve desejar
“aprender a pensar e agir por conta própria, com criatividade, liderança e visão
de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse
ato também em prazer e emoção”.
No campo científico e acadêmico, a formação empreendedora pode ser
caracterizada por situações que contribuem diretamente para que esta ação
aconteça. Entre elas, podem-se citar duas características que incidem
diretamente, a primeira é a natureza da ação, caracterizada por buscar fazer
algo inovador ou diferente do que já é feito. Neste ponto, o empreendedorismo
está ligado diretamente às modificações de processos (ou de produtos). E a
segunda é a falta ou inexistência de controle sobre as formas de execução e
recursos necessários para se desenvolver a ação desejada, liberdade de ação.
Estes dois fatores são considerados importantes na ação empreendedora, uma
execução de algo sem controle e sem métodos com uma nova concepção. Isso
não significa que todas as ações de mudanças são empreendedoras. Será se,
ambos os quesitos estiverem presentes. Da mesma forma, nem todas as ações
desenvolvidas, com risco, sem controle dos processos são ações
empreendedoras, pois nem sempre são ações inovadoras.
Filon (1999), estabelece um modelo com quatro fatores fundamentais para que
uma ação seja empreendedora (visão, energia, liderança e relações), visando à
formação do profissional empreendedor. Destaca-se como principal
característica as relações, a qual, segundo o autor, se obtém os conhecimentos
fundamentais e necessários dentro de uma estrutura de mercado: as
informações necessárias para a tomada de decisões e o conhecimento da
realidade do mercado.
Atualmente, as organizações possuem uma grande necessidade de buscar e
desenvolver profissionais com perfil empreendedor, devido ao fato de estes,
serem os responsáveis pelas modificações, criações e visões inovadoras para
se obter um destaque maior e uma diferenciação positiva frente à concorrência.
Os empreendedores são visionários, dotados de idéias realistas e inovadoras,
baseados no planejamento de uma organização, intervêm no planejado e
propõem mudanças. O empreendedor desenvolve um papel otimista dentro da
organização, capaz de enfrentar obstáculos internos e externos, sabendo olhar
além das dificuldades, com foco no melhor resultado.
Além das características acima comentadas, o empreendedor tem um perfil de
liderança para obter êxito em suas atividades, como é o grande responsável
em colocar em prática as inovações, métodos e procedimentos que propôs,
deverá estimular os envolvidos na realização das atividades, de forma a
alcançar as metas traçadas.
O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
Segundo Dornelas (2001), o empreendedorismo ganhou força no Brasil
somente a partir da década 1990, com a abertura da economia que propiciou a
criação de entidades como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas) e SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de
Software). Antes desse momento o termo empreendedor era praticamente
desconhecido e a criação de pequenas empresas era limitada, em função do
ambiente político e econômico nada propício do país. Porém, não significa que
não existiram empreendedores, deve-se salientar que muitos visionários
atuaram em um cenário obscuro, deram tudo de si, mesmo sem conhecerem
formalmente finanças, marketing, organização e outros conteúdos da área
empresarial, a exemplo, o célebre industrial Francisco Matarazzo, e tantos
outros que contribuíram para o desenvolvimento da economia do país.
O SEBRAE é amplamente difundido entre os pequenos empresários
brasileiros, com finalidade de informar e dar suporte necessário para a abertura
de uma empresa, bem como acompanhar através de consultorias seu
andamento, solucionando pequenos problemas do negócio. Este órgão está de
certa forma, implantando a cultura empreendedora nas universidades
brasileiras, ao promover em parceria com outros países, o Desafio SEBRAE,
uma competição entre acadêmicos de várias nacionalidades, que têm como
tarefa, administrar uma empresa virtual.
A SOFTEX foi criada para ampliar o mercado das empresas de software
através da exportação e incentivar a produção nacional, para isso foram
desenvolvidos projetos para a capacitação em gestão e tecnologia dos
empresários de informática. Além de alavancar o desenvolvimento de
tecnologias nacionais, essa entidade conseguiu através de seus programas,
popularizar no país termos como plano de negócios (business plan) que até
então eram ignorados pelos empresários.
Apesar do pouco tempo, o Brasil apresenta ações que visam desenvolver um
dos maiores programas de ensino de empreendedorismo e potencializa o país
perante o mundo nesse milênio. Dornelas (2001, p. 25 e 26) cita alguns
exemplos:
1. Os programas SOFTEX e GENESIS (Geração de Novas Empresas de
Software, Informação e Serviço), que apóiam atividades de
empreendedorismo em software, estimulando o ensino da disciplina em
universidades e a geração de novas empresas de software (start-ups).
2. Ações voltadas à capacitação do empreendedor, como os programas
EMPRETEC e Jovem Empreendedor do SEBRAE. E ainda o programa
Brasil Empreendedor, do Governo Federal, dirigido à capacitação de mais
de 1 milhão de empreendedores em todo país e destinando recursos
financeiros a esses empreendedores, totalizando um investimento de oito
bilhões de reais.
3. Diversos cursos e programas sendo criados nas universidades brasileiras
para o ensino do empreendedorismo. É o caso de Santa Catarina, com
programa Engenheiro Empreendedor, que capacita alunos de graduação
em engenharia de todo o país. Destaca-se também o programa REUNE, da
CNI (Confederação Nacional das Indústrias), de difusão do
empreendedorismo nas escolas de ensino superior do país, presente em
mais de duzentas instituições brasileiras.
A recente explosão do movimento de criação de empresas de Internet no
país, motivando o surgimento de entidades com o Instituto e-cobra, de
apoio aos empreendedores das ponto.com (empresas baseadas em
Internet), com cursos, palestras e até prêmios aos melhores planos de
negócios de empresas Start-ups de Internet, desenvolvidos por jovens
empreendedores.
Finalmente, mas não menos importante, o enorme crescimento do
movimento de incubadoras de empresas no Brasil. Dados da ANPROTEC
(Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de
Tecnologias Avançadas) mostram que em 2000, havia mais de 135
incubadoras de empresas no país, sem considerar as incubadoras de
empresas de Internet, totalizando mais de 1.100 empresas incubadoras,
que geram mais de 5.200 empregos diretos.
Essas iniciativas são de suma importância para os empreendedores brasileiros
que apesar dos percalços são fundamentais para a economia do país. No
entanto, é necessário que ações governamentais resgatem o avanço
proveniente da iniciativa privada e de entidades não-governamentais, valorizem
a capacidade empreendedora dos brasileiros e solucionem os problemas
apontados no relatório Global Monitor (GEM) - Monitor Global do
Empreendedorismo, organizado pela Babson College, EUA, e London School
of Business, Inglaterra, e realizado em 29 países, apontou os seguintes
resultados para o Brasil em 2001 (BRITTO; WEVER, 2003, p.20 e 21):
. O Brasil possui um nível relativamente alto de atividade empreendedora:
a cada 100 adultos, 14,2 são empreendedores, colocando-o em quinto lugar do
mundo. No entanto, 41% deles estão envolvidos por necessidade e não por
oportunidade;
. As mulheres brasileiras são bastante empreendedoras: a produção é de
38%, a maior entre os 29 países participantes do levantamento;
. A intervenção governamental possui duas facetas: tem diminuído, mas
ainda se manifesta como um fardo burocrático;
. A disponibilidade de capital no Brasil se ampliou. Mas muitos
empreendedores brasileiros ainda percebem o capital como algo difícil e
custoso de se obter. Para piorar, os programas de financiamento existentes
não são bem divulgados;
. A falta de tradição e o difícil acesso aos investimentos continuam a ser
principais impedimentos à atividade empreendedora, o brasileiro não tem o
hábito de fazer planos para o longo prazo, devido à conjuntura econômica do
país. Nos países desenvolvidos, é perfeitamente comum o financiamento de
imóveis, com planos que levam de dez a trinta anos para serem liquidados.
Existe uma necessidade urgente de estimar as práticas de investimentos;
. O tamanho do país e suas diversidades regionais exigem programas
descentralizados. As diferenças regionais de cultura e infra-estrutura também
exigem uma abordagem localizada do capital de investimento e dos programas
de treinamento;
. Infra-estrutura precária e pouca disponibilidade de mão-de-obra
qualificada têm impedido a proliferação de programas de incubação de novos
negócios fora os centros urbanos;
. O ambiente político e econômico tem aumentado o nível de risco e
incerteza sobre a estabilidade e o crescimento. Sobreviver em uma
economia completamente instável é extremamente complicado,
devemos ressaltar ainda, que no Brasil não existem políticas industriais
concretas, as políticas aqui existentes giram em torno de subsídios e
tarifas, políticas protecionistas são nocivas à economia, pois agindo
desta forma, o país pode ser vítima de políticas intervencionistas por
parte de outros países, o que dificulta as exportações. Contudo, a
consolidação do capital de risco e o papel do Angel (“anjo”- investidor
pessoa física) também estão se tornando realidade, motivando o
estabelecimento de cenários otimistas para os próximos anos;
. Existe uma necessidade de aprimoramento no sistema educacional
como um todo o que estimulará a cultura empreendedora entre os
jovens adultos;
. Não há proteção legal dos direitos de propriedade intelectual, altos
custos para registros de patentes no país e fora dele e parcos
mecanismos de transferência tecnológica. As universidades ainda estão
isoladas da comunidade de empreendedores.
Portanto, percebe-se que o início da difusão do empreendedorismo no Brasil,
nasce por conveniência do governo e sobrevivência de muitos trabalhadores
que saíram das grandes estatais após o processo de privatização. A partir
disso, o governo se propõe a fornecer subsídios, acima citados, para que os
trabalhadores tivessem a possibilidade de contribuir para o desenvolvimento e
a geração de emprego no Brasil.
ADMINISTRADOR
De acordo com Maximiano (2006) “administração é uma palavra antiga,
associada a outras que se relacionam com o processo de tomar decisões sobre
recursos e objetivos”, ainda diz que administração é um “conjunto de princípios,
normas e funções que têm por fim ordenar os fatores de produção e controlar
sua produtividade e eficiência, para se obter determinado resultado”.
Diferentemente do Empreendedor, o Administrador tem um teor mais técnico,
procurando ao desenvolver seu trabalho, um grau de eficiência na organização
que está atuando. Alguns do pré-requisitos básicos para ser um bom
Administrador são:
• Gerir com responsabilidade e profissionalismo;
• Saber lidar com pessoas: comunicar eficientemente, negociar, conduzir
mudanças, obter cooperação e solucionar conflitos;
• Ter espírito de liderança.
Fayol foi o primeiro a definir as funções administrativas, que se resumem em:
planejar, organizar, controlar, coordenar e comandar. Com o passar do tempo
este conceito veio se aperfeiçoando, agregando a ele novas funções que foram
desenvolvidas a partir da necessidade do mercado. Hoje em dia as principais
são: comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar); analisar: conhecer os
problemas; fixar objetivos (planejar); tomar as decisões; negociar e organizar e
alocar recursos (recursos financeiros e tecnológicos e as pessoas).
Maximiano diz que:
Em resumo, todos administram, nas mais variadas escalas de utilização de
recursos para atingir objetivos. Portando, as competências administrativas (ou
competências gerenciais) são importantes para qualquer pessoa que tome
decisões sobre a utilização de recursos para realizar objetivos, ou seja, que
esteja em ambientes onde essas decisões são tomadas. (Maximiano; 2006;
p.37).
Se analisarmos bem, todos nós somos ou seremos administradores (bons ou
ruins) em algum momento da vida, seja usando o dinheiro do salário para
pagar dívidas ou poupando-o, por exemplo. Mas, não podemos confundir essa
forma de administrar, com a de um profissional de administração, que por sua
vez, está preparado para enfrentar diversas situações, e com isso, analisando
e resolvendo-as estrategicamente.
O profissional formado em administração é um dos mais versáteis existentes
no mercado, podendo trabalhar nas áreas de: Recursos Humanos, Marketing,
Finanças e Produção. Porém, o mercado abrange diversas áreas do
conhecimento.
ADMINISTRADOR x EMPREENDEDOR
Segundo Dornelas (2005) quando se compara o papel e função do
administrador com o do empreendedor vemos muita semelhança entre ambos,
isto é, o empreendedor é um administrador mais com alguns pontos
convergentes em relação a média dos gerentes ou executivos, pois os
empreendedores são mais visionários do que a maioria dos gerentes comuns.
O administrador se enquadra no mundo corporativo. Ele está mais relacionado
aos processos gerenciais, à solução de conflitos e de circunstâncias
desfavoráveis para a empresa. Enquanto que, o empreendedor nem sempre se
faz presente nas corporações. Ele é uma pessoa que tem coragem para ousar.
Talvez abrir um novo empreendimento, fazer algo ou criar uma idéia nunca
vista antes. Para ficar mais claro, um exemplo de administrador é o Roberto
Justus. E um exemplo de empreendedor é um garçom que resolve abrir seu
próprio negócio. Para Batista:
Todo empreendedor precisa ser um bom administrador para poder tomar as
decisões adequadas. Por outro lado, nem todo administrador possui as
habilidades e os anseios dos empreendedores, por mais eficaz que seja o
administrador em realizar o seu trabalho. O empreendedor vai além das tarefas
normalmente relacionadas aos administradores, tem uma visão mais
abrangente e não se contenta em apenas fazer o que deve ser feito.
Eles se diferenciam também na maneira com que trabalham: o administrador
trabalha em base de diretrizes, cultura, paradigmas e outros fatores na
empresa que trabalha e o empreendedor trabalha mais com a criatividade,
aprendizado e outros fatores no ambiente de mercado.
Segundo Dornelas (2001), “as diferenças entre os domínios empreendedor e
administrativo podem ser comparadas em cinco dimensões distintas de
negócio: orientação estratégia, análise das oportunidades, comprometimento
dos recursos, controle dos recursos e estrutura gerencial”. Conforme detalhado
no quadro abaixo:
Conforme se percebe a partir do quadro, um empreendedor está sempre com
foco no futuro e o administrador, principalmente no presente, seria impossível
escolher um destes perfis como melhor que o outro, afinal o ideal é que todo
administrador seja empreendedor e vice-versa, porém isso nem sempre se faz
necessário, depende da posição que o sujeito ocupa numa empresa, do ideal
de vida, do planejamento para seu patrimônio entre outras motivações. E
ainda, de acordo com o quadro, o empreendedor privilegia as pessoas como
fonte de obtenção de resultado, ao contrário o administrador privilegia regras e
procedimentos. A palavra estratégia define bem o empreendedor e para definir
administrador seria planejamento e controle.
De modo geral, o administrador tem a formação para o planejamento e o
controle, e é centrado em como melhorar os processos, controles, informações,
análises e qualidade. Já o empreendedor, é focado no mercado, nas
oportunidades, na inovação e na criatividade, e está associado nos negócios
do presente e do futuro.
É interessante observar que o empreendedor de sucesso leva consigo ainda
um característica singular, que é o fato de conhecer como poucos a área de
atuação da empresa, o que leva tempo e requer experiência. Talvez este seja
um dos motivos que leva a falência empresas criadas por jovens
entusiasmados, mas sem o devido preparo. Por outro lado, em organizações
estabelecidas, aqueles que detém o conhecimento de seu funcionamento e do
como interagir com as demais pessoas na corporação têm mais chances de
implementar projetos inovadores. (Dorneles, 2003, p.65).
Venda bem sua ideia
A mulher de César precisava ser e parecer honesta. Uma ideia precisa ser e
parecer boa.
Como consultora em Criatividade e Inovação, meu trabalho é, além de
provocar ideias, garantir que elas não sejam desperdiçadas. E o primeiro passo
é comunicá-las bem.
A dificuldade começa porque as pessoas tendem a se entusiasmar tanto com
própria ideia, que acreditam que todos vão acatá-la de imediato. Mas
geralmente o que acontece é o oposto: tomar conhecimento de algo novo exige
uma nova forma de pensar, uma revisão de paradigmas. Isso causa
inquietação e, portanto, rejeição.
Existem, entretanto, táticas simples que ajudam a vender uma ideia. Vamos a
elas:
Planeje e ensaie a venda da ideia: Procure ter conversas informais sobre a
ideia. Leve em conta as características de seus interlocutores e as razões
pelas quais eles aprovariam ou reprovariam sua ideia. A pessoa que elogiou
sua ideia era neutra ou aprovou por interesse? As críticas foram construtivas
ou vieram de pessoas pessimistas? Anote todos os comentários e perguntas.
Você poderá usá-los para aprimorar sua ideia e sua apresentação.
Ganhe cúmplices: Comece contando sua ideia para as pessoas mais abertas.
Assim, sua ideia estará fortalecida ao ser apresentada às pessoas mais
conservadoras. Anote os feedbacks positivos, eles servirão de argumento.
Adapte-se ao estilo de seus interlocutores: Seu entusiasmo vai contaminá-los
ou assustá-los? Detalhes vão entediar ou dar segurança ao seu público? Mais
importante: o que eles ganham em contribuir com sua ideia? Tenha o perfil de
cada um de seus interlocutores em mente antes de apresentar a ideia.
Prepare-se para vender a ideia aos mais resistentes: Imagine todos os
aspectos negativos da sua ideia. Você assim estará preparado para dizer aos
seus interlocutores ”já pensei nisso, mas podemos …”. Esta frase demonstra
segurança e irá tirar seus interlocutores da posição de críticos.
Arme-se psicologicamente também. Não conte seu plano às pessoas muito
críticas logo no início. Elas poderão desanima-lo.
Apresente um projeto: Para apresentar sua ideia ao seu chefe, equipe ou
patrocinadores, embale-a de forma mais profissional possível. Aponte os
resultados que ela trará, calcule o custo-benefício, faça um plano de ações.
Priorize, entretanto, os focos de interesse e faça um índice: a intenção não é
desfilar um calhamaço enorme, mas sim dar segurança ao interlocutor de que
seu projeto foi devidamente estudado. No momento da apresentação formal,
valorize os benefícios e detalhe apenas o que for perguntado. Uma forma
rápida e interessante de mostrar os benefícios de uma inovação é dar um
nome que explica de imediato seu propósito.
Evite detalhamento do plano de ações: Isto fará com que seu interlocutor veja a
implementação de sua ideia como uma “trabalheira”. O Plano de Ações terá o
seu momento, mas não deve servir de argumento para a rejeição à ideia. Por
outro lado, se seus interlocutores estiverem ávidos para discutir o Plano de
Ações, é bem provável que já tenham comprado a ideia;
Seja Flexível: Acredite nos outros. Talvez sua ideia possa mesmo ser
aprimorada.
Não desperdice suas ideias. Einstein dizia que fazer uma ideia acontecer
requer 1% de inspiração e 99% de transpiração. A venda da ideia ocupa uns
50%.
Como persistir nos sonhos diante das frustrações diárias?
Christian Barbosa
Outro dia recebi uma pergunta que com certeza é comum a todas as pessoas
pelo menos uma vez na vida. Às vezes podemos fracassar durante a
caminhada por problemas afetivos, de stress etc...Como podemos filtrar estas
frustrações e acreditarmos novamente no futuro? Pois temos o planejamento,
mas como os problemas diários, podemos ficar sobrecarregados. Como lidar
com essas questões para não prejudicarmos a nós e aos outros que estão ao
nosso redor?
Em primeiro lugar é preciso admitir e aceitar que a vida não é uma ciência
exata. Óbvio, mas muitas pessoas custam a aceitar essa verdade universal.
Isso não quer dizer que você deva deixar a vida conduzir você para algum
lugar e não criar metas ou nada disso. Muito pelo contrário. Pela imperfeição
da vida é que precisamos nos esforçar para criar nosso próprio futuro. E isso é
função das metas e da correta gestão do seu tempo.
Sem “sonhos-metas” não teríamos a esperança de dias melhores e isso seria
extremamente frustrante. Por isso precisamos tê-las rodeando nossa vida.
Agora, quando deixamos de realizar nossos sonhos por causa das urgências,
falta de planejamento e terceiros em nosso dia a dia a frustração pode ser
intensa até depressiva.
O que eu acredito e aplico é:
1 – Eu planejo minhas metas no máximo de detalhes possível. Claro que não
há condições de saber todos os passos ou todas as datas, mas sempre faço
um ponto de revisão mensal pelo menos para ficar nos trilhos.
2 – Semanalmente eu coloco alguma atividade das minhas metas na agenda.
Isso me dá a certeza que aos poucos a coisa vai andando. Quando a semana
está tranquila, vai melhor, quando está enrolada se necessário adio para a
próxima semana, sem culpa alguma.
3 – É preciso entender que existe uma linha muito tênue entre a persistência e
a teimosia. Eu acho que persistência é acreditar e manter seu ritmo com algum
tipo de resultado ao longo do tempo. Teimosia é insistir em uma coisa anos
sem nenhum resultado prático. Se for teimosia, simplesmente aceite e remova
a meta da sua vida.
4 – Existem algumas metas que são mais difíceis de serem alcançadas, às
vezes tem terceiros envolvidos ou números ousados. Isso não pode significar
que você estacione e não faça mais nada. Independente do andamento de uma
meta, eu não paro as outras. Algo vai acontecer quando me coloco em ação,
as coisas sempre fluem.
5 – Quando a meta não sai do lugar em geral o erro está em apenas dois
lugares: especificação errada – ou seja, você definiu uma meta que não quer
muito ou está além de qualquer possibilidade. O outro lugar de erro é o plano
de ação, executamos coisas pequenas (tarefas) com duração máxima de
poucas horas. Metas que não andam, tem tarefas ou passos grande demais
para execução, ai fica na contemplação.
6 – Sempre tem os “sem fé” que vivem dizendo: esquece isso, faz isso, seu
maluco, etc. O que eu faço é agradecer a sua opinião sincera e sigo meu
caminho (de preferência longe do pessimista). O que os outros pensam de mim
é problema dos outros, certo?
Hora de aquecer
por Cléia Schmitz
A Copa e as Olimpíadas são oportunidades de ouro para os pequenos
negócios, mas é preciso se preparar com muita inovação e criatividade para
continuar ganhando depois do apito final
O que um vendedor de peixe tem a ver com a Copa do Mundo de Futebol que
o Brasil vai sediar daqui a dois anos? Há pouco tempo, o mineiro Francisco
Batista de Melo, proprietário de uma banca de pescados na tradicional Feira
dos Produtores, em Belo Horizonte, achava que ele seria apenas um torcedor
brasileiro de olho no hexacampeonato. Hoje, ele já se vê como um
empreendedor diante de uma oportunidade que pode impulsionar seus
negócios – e não só durante os 30 dias em que acontecerão os jogos, mas
também antes e, principalmente, depois do evento.
Francisco aprendeu a vender seu peixe – mais do que no sentido literal. Ele é
um dos participantes do Programa Sebrae 2014, criado para estimular os micro
e pequenos empresários e os empreendedores individuais a aproveitar o
aumento da demanda por produtos e serviços que a Copa do Mundo vai gerar
nas 12 cidades-sede do evento. A proposta do programa do Sebrae está
conectada a um dos legados esperados pelo País em relação aos
megaeventos esportivos que o Brasil receberá nos próximos anos: negócios
mais competitivos, inovadores, criativos e, claro, mais rentáveis.
A oportunidade não deve ser subestimada. “Não podemos achar que todos os
nossos problemas serão resolvidos com a Copa do Mundo e as Olimpíadas,
mas pode ter certeza que teremos muitos avanços. E a qualidade dos serviços,
especialmente no segmento de turismo, é uma delas”, acredita Jeanine Pires,
presidente do Conselho de Turismo e Negócios da Fecomercio de São Paulo.
“Os eventos são grandes mobilizadores de circulação de investimentos
públicos e privados. Inserir as micro e pequenas empresas nestas
oportunidades é o nosso desafio”, afirma Paulo Alvim, gerente da Unidade de
Acesso a Mercados do Sebrae.
O Programa Sebrae 2014 tem mais de 2 mil empresas inscritas e a meta é
chegar a 6 mil. “Queremos que as MPEs participem, no mínimo, de 25% das
oportunidades de negócios decorrentes da Copa”, conta Alvim. Em dois anos,
Francisco e outros 62 colegas da Feira dos Produtores já fizeram uma série de
melhorias relacionadas à infraestrutura, organização e merchandising visual
das lojas. Segundo Ricardo Mageste Vieira, gerente-geral da Feira, as
mudanças aumentaram o faturamento em cerca de 30%. “As reformas
trouxeram outros perfis de cliente para a feira. Agora, queremos incluí-la no
guia turístico oficial de Belo Horizonte”, afirma o administrador.
Gestor do projeto pelo Sebrae, Aristides Rocha Araújo explica que a Feira dos
Produtores está localizada numa área estratégica para a Copa de 2014. A
região receberá um centro de eventos e até o Mundial deverá se firmar como o
terceiro polo hoteleiro da cidade. Além disso, o centro comercial está situado
num corredor para o aeroporto de Confins. Francisco espera receber muitos
turistas em sua peixaria durante a Copa, mas sabe que é preciso focar os
resultados no pré e pós-evento. “Aprendi em uma missão empresarial que
fizemos no Mercado de São Paulo que turista não é só aquele que vem de fora,
mas também os moradores que vêm dos bairros vizinhos.”
Leve à prorrogação
Esta é uma mensagem que o Sebrae ressalta aos empreendedores. “A Copa é
só um chamariz que pode potencializar os investimentos. A maior preocupação
deve ser com a sustentabilidade econômica dos negócios e a melhoria dos
serviços e produtos para os clientes”, explica Araújo. Em Pernambuco, os
artesãos que participam do Programa Sebrae 2014 também estão se
preparando para prorrogar os efeitos positivos do mundial de futebol. “O que
nós recomendamos é que eles aproveitem a consultoria do Sebrae para
resolver suas deficiências. Se focarem só na Copa, teremos muita gente
frustrada”, alerta Fátima Gomes, gestora do projeto de artesanato do
Sebrae/PE.
Um dos maiores desafios, segundo Fátima, é melhorar as vendas do
artesanato, já que a maioria dos artistas só se preocupa com a criação. Para
estimular boas práticas de comercialização, o programa promove rodadas de
negócios para aproximar os artesãos de hoteleiros, comerciantes, proprietários
de restaurantes, arquitetos e decoradores. A proposta é inserir o artesanato
pernambucano nos principais pontos de circulação de turistas, potencializando
as vendas. “Além disso, incentivamos o desenvolvimento de um artesanato
com referência cultural, mas que ao mesmo tempo trabalhe a inovação”,
destaca a consultora do Sebrae.
A artesã Tita Araújo é uma das participantes do Sebrae 2014 que tem investido
em uma proposta inovadora. “Tenho um estilo próprio de envelhecimento de
objetos com aplicação de flores que eu mesma desenvolvi há seis anos. E o
melhor de tudo é que a técnica pode ser aplicada em diferentes superfícies.
Inclusive, nesse momento estou decorando a parede de um restaurante”,
afirma Tita. Para ela, a Copa do Mundo será uma grande vitrine. “Além de
artesã, sou empreendedora e não fico parada esperando as coisas
acontecerem. Já participei de feiras internacionais na Itália e no Panamá e
trabalho para colocar minha arte em destaque.”
Hora de inovar
Segundo Pamella Gonçalves, cooordenadora de Serviços a Empreendedores
da Endeavor, os megaeventos esportivos são uma grande oportunidade do
País investir em inovação. Como haverá uma demanda garantida, o momento
é propício para o desenvolvimento e aplicação de tecnologias que levem à
aceleração dos processos sem perder a qualidade. “Eventos criam picos de
demanda que costumam ser um problema para os empreendedores porque
eles podem deteriorar a qualidade dos produtos e serviços. Nessa hora, surge
espaço para empresas inovadoras que oferecem tecnologias capazes de
garantir a eficiência e estender ao máximo essa demanda”, explica Pamella.
É o caso da mineira JN2, desenvolvedora de soluções para comércio
eletrônico. Os sócios Leonardo Neves e Fernando Juste viram na Copa de
2014 a oportunidade de oferecer ao mercado de pequenas hospedagens uma
ferramenta para a venda de diárias pela internet, inclusive com transações
internacionais. Hoje, grande parte destes negócios perde clientes por não ter
um sistema eficiente de reservas on-line, além de sites muito ruins. Batizado de
Guest 4U, o portal será lançado ainda em 2012 em 65 idiomas. Os usuários
poderão usar o serviço logo após se cadastrar no portal, um processo tão
simples quanto abrir uma conta no Facebook. A mensalidade deve ficar em
torno de R$ 69.
A meta dos sócios da JN2 é chegar a 2014 com pelo menos 1 mil clientes. “É
uma meta conservadora se levarmos em conta o volume de hotéis e pousadas
existente no País. Uma pesquisa do Ministério do Turismo indica que o número
de hospedagens vai dobrar até 2014, chegando a 40 mil. E nosso público-alvo
são as empresas com até 50 leitos, que representam 87% desses
empreendimentos”, afirma Neves. Para ele, um ponto importante do projeto é
que a ferramenta será útil antes, durante e depois da Copa. “Além disso, o
evento vai proporcionar alta taxa de ocupação, ou seja, o empreendedor terá
um resultado que vai justificar o investimento em nossa tecnologia.”
Para mapear e estimular o desenvolvimento de soluções inovadoras e criativas
aplicadas à Copa de 2014, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)
idealizou em 2008 o Programa 14BIS. Hoje, o projeto está ligado ao Ministério
dos Esportes. O nome é uma alusão ao aeroplano apresentado pelo inventor
brasileiro Alberto Santos Dumont em 1906, em Paris, o grande palco do mundo
na época. “Em 2014, o Brasil será o grande palco. Precisamos aproveitar essa
oportunidade para mostrar ao mundo a nossa capacidade de inovação. Não
vamos exibir apenas nosso futebol”, declara o engenheiro Carlos Eduardo
Somaggio, diretor-executivo do Instituto Sapientia, vinculado à Fundação Certi,
de Florianópolis.
A Certi foi contratada para desenvolver as ferramentas de suporte ao 14BIS:
um portal na web que funcionará como uma espécie de galeria de inovações e
um showroom móvel e interativo para promover encontros de ofertas e
demandas de inovação. “A proposta é que o 14BIS atue como um cupido entre
empresas com ideias inovadoras e empresas que demandam tais tecnologias”,
afirma Somaggio. O engenheiro explica que o portal foi desenvolvido de forma
que inventores de qualquer lugar do Brasil possam cadastrar suas ideias e
submetê-las a uma banca. “É uma forma de democratizar as oportunidades
geradas pela Copa do Mundo.”
Quem também está atenta à demanda dos megaeventos por tecnologias
inovadoras é a Montreal Informática. A empresa é detentora do maior cadastro
de dados para identificação biométrica da América Latina, com 17 milhões de
registros em oito estados brasileiros. O sistema automático de identificação por
impressões digitais (Afis) é capaz de identificar corretamente cerca de 150
milhões de impressões digitais em segundos. A tecnologia, uma parceria com a
alemã Dermalog Identification Systems GmbH, é uma ferramenta importante
para controle de fronteiras, mas pode ter outras aplicações como, por exemplo,
controle de acesso aos estádios.
“Não temos dúvida do potencial de aplicação de nossas tecnologias para
aumentar a segurança em eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas do Rio de Janeiro e o legado que seu uso deixaria para as
gerações futuras”, afirma Eduardo Coutinho, diretor-executivo da Montreal. Em
fevereiro deste ano, o empresário recebeu a visita da presidenta Dilma
Rousseff e da chanceler alemã Angela Merkel no estande de sua parceira
Dermalog na CeBIT, a maior feira mundial de tecnologia da informação,
realizada em Hannover, na Alemanha. “No Rio de Janeiro, onde já
identificamos 12 milhões de pessoas, nossa tecnologia é um sucesso”, destaca
Coutinho.
Já a Authentic Feet, grupo que tem mais de 170 lojas franqueadas de artigos
esportivos no Brasil, torce para que os megaeventos deixem como legado um
novo estilo de vida aos brasileiros. O empresário Adriano Obeid, sócio-diretor
do grupo, acredita que a combinação entre a maior oferta de arenas esportivas
e a euforia provocada pelos jogos é uma oportunidade única de impulsionar
este mercado no Brasil. “Apesar do crescimento nos últimos anos, o mercado
de artigos esportivos no Brasil ainda é irrisório. Para se ter uma ideia,
corresponde a um terço do americano”, explica Obeid. “As principais marcas de
esporte têm grandes planos para o Brasil. Espero que tudo isso inspire o
brasileiro.”
Inglês rápido
A intensa demanda pela qualificação profissional para a Copa tem recebido
atenção especial do Grupo Multi, multinacional do mercado de ensino de
idiomas, informática e profissionalizante. A holding é detentora das marcas
Wizard, Yázigi, Skill, Alps, Quatrum, Microlins, S.O.S, Bit Company, People e
Smartz. “Estamos conversando com o governo federal para fazer parcerias
visando à qualificação de profissionais nas cidades-sede da Copa”, adianta
Carlos Wizard Martins, presidente do Grupo Multi. A meta dos ministérios do
Turismo e da Educação é qualificar 240 mil pessoas até 2014 por meio do
Pronatec Copa (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).
No início deste ano, o Grupo Multi lançou o guia “2014”, que traz 2.014 frases,
expressões e diálogos em inglês que um profissional precisa dominar para
atender turistas estrangeiros. O livro vem acompanhado de uma caneta que lê
microcódigos de barras e repete palavras e frases em inglês, auxiliando os
estudantes na assimilação da pronúncia. Outro lançamento do Grupo Multi com
foco nos megaeventos esportivos é o curso “To the Point”, da marca Yázigi.
Com duração de 50 horas, das quais metade on-line, ele foi desenvolvido para
atender profissionais como taxistas, motoristas, telefonistas, garçons,
camareiras, balconistas, staff de suporte em estádios, socorristas, policiais,
vendedores ambulantes e artesãos.
“Só a qualificação desses profissionais e toda a lista de pré-requisitos
estabelecidos pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) e pelo COI
(Comitê Olímpico Internacional) no caderno de encargos entregue ao Brasil já
representam um grande avanço para o País. São coisas que terão que
acontecer”, afirma Jeanine, da Fecomercio de São Paulo. Segundo a
especialista, esses eventos também trazem uma transferência de tecnologia e
experiências de suas edições anteriores que certamente vão deixar um legado
importante para o País. “Mas é preciso pensar mais no pós 2014 e 2016 e fixar
estratégias a longo prazo.”
Além da Copa de 2014, o Brasil vai sediar a Copa das Confederações (2013), a
Copa América (2015) e as Olimpíadas e Paraolimpíadas no Rio de Janeiro
(2016)
Números da Copa
R$ 183 bilhões é o valor que a Copa 2014 deve somar ao PIB brasileiro até o ano de 2019
R$ 135,7 bilhões é o que se espera que o evento injete na economia brasileira
R$ 33,1 bilhões é o investimento anunciado em infraestrutura para o Mundial
3,7 milhões de turistas são esperados para a Copa 2014, dos quais 600 mil estrangeiros
Casos de Sucesso
Volta às origens
por Cléia Schmitz
Readquirida pelos fundadores, a Forno de Minas retoma a receita original do pão de queijo e o caminho dos bons resultados
Minas Gerais, 17 de abril de 2009. O empresário mineiro Helder Mendonça
recebeu uma ligação que mudaria novamente o rumo dos negócios de sua
família. Do outro lado da linha, a General Mills informava que no dia seguinte
faria em Contagem o anúncio do fechamento da fábrica da Forno de Minas, a
mais famosa marca de pão de queijo do Brasil, criada pela família Mendonça
em 1990 e vendida para a multinacional norte-americana em 1999.
A notícia pegou de surpresa os cerca de 500 funcionários da empresa,
demitidos em meio a uma crise mundial que ameaçava respingar no Brasil.
Mas eles não foram os únicos a lamentar o fato. O fechamento da fábrica
entristeceu especialmente Maria Dalva Mendonça, mãe de Helder e dona da
receita do pão de queijo Forno de Minas. Mas foi por pouco tempo. A família
decidiu recomprar a marca, chamou os antigos funcionários de volta e, no final
de junho, retomou a produção.
Comenta-se no mercado que o negócio foi excelente para seus fundadores, ou
seja, que o valor pago pela General Mills em 1999 teria sido muito maior do
que a quantia desembolsada pela família Mendonça e o sócio Vicente Camiloti
em 2009. Helder não comenta sobre esses números, mas admite que a
proposta feita em 1999 foi tentadora. O negócio estava indo muito bem e a
família não pensava em vender a marca. Tanto que não pestanejou em tê-la de
volta.
“Nós tínhamos que fazer isso, não por obrigação, mas porque sabíamos que se
tinha alguém que poderia fazer a Forno de Minas recuperar o seu prestígio,
esse alguém éramos nós”, afirma Helder, presidente da empresa. Dona Dalva,
como é conhecida na empresa, voltou a comandar a produção de seu pão de
queijo. Às vésperas de completar 70 anos, nem pensa em parar. “Minha mãe
rejuvenesceu dez anos com a recompra da marca”, brinca Helder.
A primeira decisão de Dona Dalva foi retomar sua receita, totalmente
modificada nos dez anos em que a Forno de Minas ficou sob o comando da
General Mills. “A receita original leva 20% de queijo. Quando retomamos o
negócio, esse percentual era de 2%. O resto era aroma, ou seja, o que
tínhamos era um aroma-de-queijo”, conta Helder. “Nós sabemos que estamos
remando contra a maré num mercado onde o foco é preço e não qualidade,
mas entendemos que a nossa escolha é a melhor.”
Não foi só queijo que a Forno de Minas perdeu. As vendas caíram
praticamente pela metade entre 1999 e 2009. “Isso numa década em que o
mercado brasileiro cresceu muito”, destaca Helder. Para ele, o fato da marca
líder no segmento ter mudado a receita, comprometendo sua qualidade, fez
com que o mercado fosse nivelado por baixo numa briga frenética por preço. O
resultado é que a categoria pão de queijo caiu como um todo, ou seja, o
consumidor deixou de comprar o produto.
A produção da Forno de Minas, que era de 1,6 mil toneladas/mês em 1999,
caiu para 600 toneladas/mês em 2009. Hoje, está em 1 mil toneladas/mês.
“Temos muito chão pela frente, mas tiramos dez anos de férias, estamos com
muita energia acumulada”, brinca Helder. Os dirigentes da empresa são os
mesmos da época da venda. Dona Dalva é diretora industrial, a filha Hélida
Medonça comanda a diretoria de marketing e Vicente Camiloti, sócio da família
desde 1995, é diretor comercial.
Para aumentar o potencial de investimentos, em meados de 2010 a Forno de
Minas vendeu 29,3% de seu capital para a Mercatto Investimentos. O negócio
permitiu à empresa dar sequência a um ciclo de investimentos de R$ 40
milhões, iniciado em 2009 e com prazo para terminar neste ano. Os recursos
foram aplicados na ampliação das instalações industriais e na expansão do mix
de produtos congelados, tanto para o varejo quanto para o food service
(cafeterias, cantinas, hotéis, etc.).
Com essa estratégia, a Forno de Minas deixou de ser uma fábrica de pão de
queijo para se transformar numa indústria de alimentos. O mix já é composto
por pão de batata, folhados, tortas, empanados e waffles, além de frozen
yogurt. Helder explica que o objetivo é oferecer um amplo mix de produtos para
o food service. “Queremos ser a solução completa em alimentos para nossos
clientes. A ideia é que eles comprem apenas a bebida com outro fornecedor”,
afirma Helder.
Nos primeiros anos após a recompra da marca, a Forno de Minas voltou seus
esforços principalmente para o varejo. A proposta agora é investir mais no
mercado de food service, que tradicionalmente representava 50% do negócio
da empresa. Hoje responde por cerca de 20%. “É um mercado que exige um
trabalho diferente porque não depende só de produtos, mas também de
serviço. Precisamos investir em treinamento do cliente para que ele saiba
preparar os alimentos.”
Os resultados da Forno de Minas desde 2009 mostram que a nova
administração vem acertando em suas estratégias. No ano passado, o
faturamento foi de R$ 110 milhões, quase o dobro de 2010 – R$ 60 milhões. A
projeção para 2012 é de R$ 160 milhões. De acordo com a Nielsen, consultoria
especializada em informações e análises sobre consumo, a empresa detém
40% do mercado de pão de queijo. “Acho que o brasileiro estava com
saudades de comer um bom pão de queijo”, diz Helder.
Brasileiríssimo
Recuperar o mercado nacional não é o único desafio da Forno de Minas. A
marca também está levando a receita de Dona Dalva para outros países. Por
enquanto, o pão de queijo Forno de Minas é vendido nos Estados Unidos,
Portugal e Canadá, mas a América Latina, Europa, Rússia, Coreia do Sul e
Japão estão no foco da empresa. Neste ano, a companhia quer exportar cerca
de 1 mil toneladas do produto, 10% de sua produção total. “Queremos que a
exportação responda por um quarto da produção em dois ou três anos”, afirma
Helder Mendonça, presidente da companhia.
O executivo aposta em dois fatores para conquistar o mercado internacional. O
primeiro é o crescente interesse dos consumidores de mercados como Estados
Unidos e países da Europa por produtos sem glúten e mais caseiros, “sem
estabilizantes, corantes, aromatizantes e aditivantes”, explica Mendonça.
“Existem receitas que mais parecem bulas de remédio. O nosso pão de queijo
é 100% natural: leva queijo, polvilho, manteiga, ovos, óleo e sal. Por isso,
temos conseguido agradar muitos consumidores nesses mercados
considerados mais maduros.”
A outra aposta da Forno de Minas é o próprio sabor do pão de queijo. Produto
típico do Brasil, como a cachaça e a caipirinha, segundo Mendonça ele cai
facilmente no gosto de consumidores com outras culturas. É o que a empresa
tem percebido ao participar de feiras internacionais e nos resultados
apresentados nos mercados onde já atua. “Eu sou muito otimista com o
potencial do pão de queijo como um produto brasileiro de exportação. Acredito
que ele pode ser para o Brasil o que a pizza é para a Itália”, afirma Mendonça.
“E, se depender da Forno de Minas, vai ser.”
Linha do Tempo
1990- A mineira Maria Dalva Mendonça e os filhos Helder e Hélida abrem uma
pequena cafeteria dentro do extinto Shopping Sul, em Belo Horizonte. Logo, o
pão de queijo de Dona Dalva cai no gosto dos clientes e vira o carro-chefe do
negócio.
1991 - A família Mendonça fecha o café, mas abre uma fábrica em Contagem
(MG) para produzir pão de queijo em larga escala com a marca Forno de
Minas. Um ano depois, Vicente Camiloti se junta à empresa para aumentar a
capacidade de investimentos.
1995 - A Forno de Minas inaugura uma nova fábrica em Contagem para
ampliar a produção e ganhar novos mercados pelo Brasil afora. A indústria, que
começou fabricando 90 quilos de pão de queijo por dia, chega ao final da
década com uma produção mensal de 1,6 mil toneladas e a liderança
incontestável no mercado. No mesmo ano, adquire um laticínio em Conceição
do Pará, interior de Minas, com o objetivo de fabricar o queijo e garantir a
qualidade da receita da Forno de Minas.
1999 - A família Mendonça não resiste a uma proposta tentadora da
Pillsbury/General Mills, dona de marcas como Häagen-Dazs, e vende a Forno
de Minas para a multinacional norte-americana. A General Mills entra na guerra
de preços e muda a receita do pão de queijo, que de 20% de queijo passa a
conter apenas 2%. Ao longo dos anos 2000, o produto perde mercado e a
produção cai vertiginosamente, chegando a 600 toneladas ao mês em 2009.
2009 - Em meio à forte crise financeira mundial, desencadeada em 2008, a
General Mills fecha a fábrica da Forno de Minas. Um mês depois, a família
Mendonça e o sócio Vicente Camiloti (que continuavam administrando o
laticínio adquirido em 1995) compram a Forno de Minas de volta e, em menos
de três meses, reiniciam a produção de pão de queijo com a receita original.
Aos 67 anos, Dona Dalva volta a comandar a produção.
2010 - A Forno de Minas faz uma parceria com o fundo de investimentos
Mercatto, que passa a deter 29,3% do capital da companhia. A proposta é
capitalizar a empresa para deixar de ser uma fábrica de pão de queijo e se
transformar em uma indústria de alimentos com um mix completo de
congelados – tanto para o varejo quanto para o mercado de food service
(cafeterias, cantinas, lanchonetes, hotéis).
2011 - A marca dá início aos lançamentos de novos produtos, como
empanados, tortas, folhados e frozen yogurt. O faturamento quase dobra,
passando de R$ 60 milhões, em 2010, para R$ 110 milhões em 2011.
2012 - A Forno de Minas chega à produção mensal de 1 mil toneladas, detendo
40% do mercado nacional de pão de queijo. Neste ano, a companhia fecha um
ciclo de investimentos que começou em 2009, totalizando R$ 40 milhões. Os
recursos foram utilizados no desenvolvimento dos novos produtos e na
ampliação das fábricas. A Leiteria de Minas aumentará sua capacidade de 150
mil litros/dia para 250 mil litros/dia. A capacidade de produção da Forno de
Minas passará de 2 mil toneladas/mês para 3,5 mil toneladas/mês. A projeção
é de um faturamento de R$ 160 milhões.