Apostila Educativa

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Exposição Itinerante

CABEÇA DINOSSAURO: O NOVO TITÃ BRASILEIRO

Dinossauros saurópodes sempre atraíram a atenção e estimularam nossa imaginação, com suas dimensões extraordinárias. Há 70 milhões de anos atrás, eles dominavam do alto as planícies e os pântanos da maioria dos continentes. Mas a história evolutiva desses titãs se estende por um longo período de mais de 130 milhões de anos, indo do Jurássico ao final do Cretáceo Superior, quando a maioria dos dinossauros se extinguiu. Deste fascinante grupo, restaram sobre nosso planeta apenas as aves, uma linhagem de dinossauros alados que se originou de pequenos terópodes carnívoros do grupo dos Velociraptores e Dromeossauros. O fóssil de dinossauro descoberto pelos pesquisadores do Museu de Zoologia da USP nas rochas da Bacia Sanfranciscana, denominado Tapuiasaurus macedoi, viveu há 120 milhões de anos, na idade geológica denominada Aptiano. Pertence ao grupo dos titanossauros, considerada a linhagem mais evoluída de saurópodes. O Tapuiasaurus macedoi representa uma descoberta importante por dois motivos: ele estende a origem do grupo dos titanossauros evoluídos para um período bem mais antigo, preenchendo um vazio temporal de mais de 30 milhões de anos na história evolutiva dos titanossauros. Possui o esqueleto craniano mais bem preservado e completo no mundo para o grupo, sendo o primeiro descoberto no Brasil. O estudo das características anatômicas deste animal ajudou os cientistas a entender melhor a aparência e os hábitos de vida dos titanossauros. Esta rara descoberta de um fóssil de titanossauro com um crânio completo representa um evento extraordinário que o Museu de Zoologia tem orgulho de compartilhar com todos os seus visitantes.

Hussam Zaher Alberto B. Carvalho

Maria Isabel Landim Curadores

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO À PALEONTOLOGIA.....................................02

TERRA: TECTÔNICA DE PLACAS E TIPOS DE ROCHAS...........08

DINOSSAUROS E OUTROS RÉPTEIS.....................................12

CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS.....................................19

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E HISTÓRIA DOS OBJETOS.........25

EXPOSIÇÕES: CONCEITOS, ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO......32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................38

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INTRODUÇÃO À PALEONTOLOGIA

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O que é Paleontologia? A Paleontologia é uma área do conhecimento dedicada ao estudo de restos de animais e vegetais “pré-históricos” ou evidências de suas atividades ao longo do tempo geológico, produzindo informações que possibilitam suporte à elaboração de teorias em diversas áreas da História Natural. O termo “paleontologia” foi empregado pela primeira vez por Richard Owen em 1834, composto pelas palavras gregas palaios (antigo), ontos (ser) e logos (estudo). A Paleontologia integra conhecimentos da Biologia, da Geologia e de outras disciplinas para entender a biodiversidade do passado e os processos formação dos fósseis. São obtidos dados que podem ser aplicados em diversas áreas do conhecimento, como a Climatologia e a Geografia. Fósseis: definição, importância do estudo e tipos de fossilização Estima-se que o aparecimento de vida na Terra tenha ocorrido há aproximadamente 3,8 bilhões de anos e, desde então, restos de organismos vivos e suas atividades foram preservados em rochas. Estes restos ou evidências são denominados fósseis (do latim fossilis = extraído da terra) e constituem o objeto principal do estudo na Paleontologia. 1. O que é um fóssil? Fóssil é todo resto de animais, vegetais ou vestígios de atividades biológicas que podem estar preservados em rochas, âmbar ou até mesmo congelados. Para ser considerado um fóssil, um organismo ou parte dele deve ter, no mínimo, 10 mil anos. Esta idade mínima é baseada no final do último evento glacial ocorrido durante o Pleistoceno. Os fósseis podem ser parte de um esqueleto, carapaça ou concha, pegadas, fezes, ovos, impressão de folhas, impressão de penas etc. 2. Qual a importância do estudo dos fósseis? Os fósseis são importante evidência do processo evolutivo. São úteis para o reconhecimento de camadas de rochas contemporâneas e sua sucessão temporal. Permitem o reconhecimento da distribuição dos antigos mares e continentes (Paleogeografia) e são ferramentas essenciais para a reconstrução dos ambientes antigos (Paleoecologia). São importantes também na indústria do petróleo e do carvão. Além disso, contribuem para o entendimento das relações de parentesco entre as espécies que viveram no passado e as que vivem nos dias de hoje.

INTRODUÇÃO À PALEONTOLOGIA 03

Para saber mais: Petróleo O petróleo é constituído a partir do carbono derivado de micro-organismos fósseis, especialmente os marinhos, que são comumente chamados de plâncton. Esses organismos são muito comuns nos oceanos, e quando morrem, a maioria é depositada no fundo do oceano e posteriormente recoberta com sedimentos. Com o passar dos anos, e com o acúmulo de camadas cada vez mais espessas de sedimentos, a temperatura e a pressão aumentam, e as moléculas dos microorganismos enterrados começam a se desfazer, originando compostos líquidos e gasosos aprisionados em “bolsões” subterrâneos.

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Para saber mais: Icnofóssil Excrementos ou fezes fossilizadas (coprólitos) também são evidências de organismos que viveram no passado. Podemos ver um icnofóssil na exposição. Aproveite para tocá-lo!

Geralmente, as evidências que os seres vivos deixam após sua morte são seus esqueletos, conchas, carapaças e/ou qualquer parte dura que componha seu corpo. Mas existem ainda outros tipos de fósseis. Para um detetive saber que uma pessoa morreu ou esteve em uma sala ou quarto, nem sempre ele precisa encontrar o corpo da pessoa no local. Se ele encontrar vestígios como sangue, fios de cabelo, saliva ou pegadas, ele consegue deduzir com boa margem de acerto, o que aconteceu naquela sala. Na Paleontologia isso também ocorre. Basta encontrar algum vestígio de atividade para entendermos de que organismo se trata. A esse tipo de vestígio se dá o nome de icnofóssil. O icnofóssil é a indicação da atividade de um animal ou vegetal preservado na rocha ou em outros fósseis. Alguns tipos de icnofósseis conhecidos são: pegadas; fezes (coprólitos); urinas (urólitos); ovos; ninhos; pedras que foram engolidas pelo animal (gastrólitos); rastros ou pistas; regurgitos; além de orifícios e tocas. 3. Preservando o passado A formação de um fóssil exige condições especiais. Em geral, após sua morte, o organismo precisa ser imediatamente soterrado. Com o passar do tempo, as partes mais resistentes de seu corpo são substituídas por minerais disponíveis no sedimento que o envolve. Com a compactação desse sedimento forma-se uma rocha que envolve o organismo, mantendo-o protegido e preservado até sua descoberta. Quando um organismo morre e fica exposto no ambiente, ele geralmente é decomposto por bactérias e/ou por carniceiros ou o mesmo é destruído por fenômenos naturais como a erosão e intemperismo (chuvas, incêndios etc). Em outras circunstâncias, o corpo do organismo morto é protegido desses fatores que podem destruí-lo, preservando algumas de suas partes mais resistentes. Quando isso ocorre, temos a situação ideal para a formação de um fóssil. Os fósseis podem ser preservados de diferentes formas, dependendo dos fatores que atuam após a morte de um organismo. A fossilização, portanto, resulta de uma série de processos físicos, químicos e biológicos. Existem vários processos pelos quais um fóssil pode ser formado. Os principais são:

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tipo características

Mineralização No processo de mineralização, uma camada de sedimento cobre o corpo do organismo após sua morte, impedindo que este seja destruído e protegendo-o da decomposição rápida. Quanto mais rápido e preciso for o evento que causar o recobrimento do corpo do organismo, maior a possibilidade de preservação deste. Na mineralização, as partes do organismo são substituídas por minerais presentes no sedimento que o soterrou e o mais comum é que toda a parte mole (estruturas menos rígidas do corpo como a pele e os órgãos) seja decomposta, o que faz com que somente as partes mais resistentes se preservem. Raramente, estruturas como pelos e penas são preservadas. Este tipo de fossilização ocorre em rochas sedimentares e é onde se encontram os dinossauros mais famosos.

Fonte: Arquivo MZUSP

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Através dos estudos realizados pela Paleontologia, conseguimos compreender melhor os processos evolutivos de diferentes organismos no decorrer do tempo e restaurar os ambientes distintos de uma época, solucionando questões paleoambientais, paleogeográficas, paleoecológicas e suas correlações. Essas informações reunidas possibilitam também um melhor entendimento das relações entre os grupos de seres vivos e suas interações com o ambiente. 4. O Paleontólogo: definição, formação e campo de trabalho O paleontólogo é o profissional que estuda a evolução e a diversidade da vida no passado da Terra. Para isso, ele tenta compreender os fósseis, que são os restos e vestígios que os diferentes tipos de seres vivos deixaram há milhares, milhões ou até mesmo bilhões de anos atrás e são encontrados atualmente em nosso planeta. Fazer escavações em lugares áridos e quentes faz parte da rotina de qualquer paleontólogo, mas a maior parte do trabalho fica por conta do estudo detalhado dos fósseis nos laboratórios de Universidades e Museus de Ciência. Muitas pessoas confundem dois tipos de profissionais que são “parecidos porém diferentes”: o paleontólogo e o arqueólogo. Enquanto o paleontólogo busca entender a diversidade e o desenvolvimento da vida no passado da Terra, o arqueólogo foca seus estudos mais na diversidade e desenvolvimento das diferentes culturas e civilizações humanas ao longo da história de nossa espécie (Homo sapiens). Por exemplo, quem estuda os dinossauros e seus fósseis são os paleontólogos, enquanto quem estuda as múmias e as pirâmides do Egito são os arqueólogos. No Brasil, não existe curso de nível superior em Paleontologia. Normalmente, os paleontólogos que trabalham em nosso país são formados em Biologia ou Geologia e depois fazem pós-graduação (Mestrado e Doutorado) com temas voltados para a área da Paleontologia em alguma das diversas universidades espalhadas pelo nosso país que realizam este tipo de pesquisa científica. 5. Expedição de coleta Expedições de coleta de fósseis são uma das etapas importantes na pesquisa em Paleontologia. A aplicação de técnicas e procedimentos específicos é fundamental para o resgate seguro do fóssil até a sua chegada ao museu. A coleta de fósseis é um processo delicado e minucioso, que só deve ser realizado por profissionais preparados para que não ocorra nenhum tipo de perda de informação científica. Um mínimo erro durante uma coleta pode acarretar em enormes prejuízos para o conhecimento científico de um dado grupo biológico, por isso, as coletas são procedimentos que costumam demandar muito tempo e esforço, tudo isso para que possamos entender como era a biodiversidade no passado da Terra.

INTRODUÇÃO À PALEONTOLOGIA 05

tipo características

Moldagem A moldagem ocorre quando o ser vivo não se preserva, mas deixa uma marca ou molde de seu corpo na rocha. Quando a moldagem representa a parte interna do corpo do animal, como o interior das conchas, chama-se molde-Interno. Quando a moldagem reflete o lado de fora do animal, ou quando deixa uma impressão, como a de uma moeda na massinha de modelar, chama-se molde-externo.

Conservação

A conservação é o tipo de fossilização que melhor preserva a estrutura de um organismo. Nela o organismo se mantêm envolto em alguma substância fossilizante e/ou de alto nível de preservação que impede sua deterioração, como os mamutes no gelo e os insetos no âmbar - tipo de seiva expelida por algumas espécies de árvores. Outras substâncias comumente encontradas como conservantes de fósseis são o piche (asfalto) e a sílica.

Incarbonização

Processo que consiste na retenção do elemento carbono presente na estrutura do organismo e eliminação dos demais componentes orgânicos. Muito comum nos vegetais e em animais com esqueleto a base de quitina, como é o caso de alguns trilobitas.

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Para saber mais: Expedição de coleta Veja algumas ferramentas que os Paleontólogos usam na sua busca pelos fósseis!

Mas como os paleontólogos sabem onde vão encontrar fósseis? Seguindo algumas pistas, os profissionais podem realizar alguns estudos de campo, como por exemplo procurar em lugares onde já foram encontrados fósseis no passado e estudar o mapa geológico da região. Muitas vezes, os próprios moradores locais se deparam com um fóssil pela primeira vez e entram em contato com alguma Universidade para realizar a coleta adequada, como foi o caso da descoberta do dinossauro no município de Coração de Jesus! Uma vez localizado um ou mais fósseis, se inicia o trabalho de coleta. Primeiramente, é realizada uma varredura ao redor do local para possível identificação geológica e definição da área de trabalho. Quando os fósseis são identificados, inicia-se um processo de delimitação dos mesmos, através de pequenas ferramentas que os paleontólogos utilizam para separar o que é fóssil do que é rocha. A partir da delimitação de um fóssil, é possível cavar ao redor dele, com o objetivo de extrair um bloco de rocha com fóssil que será preparado adequadamente em laboratório especializado. Este bloco de rocha é envolvido com ataduras e gesso, para que o transporte até a Universidade seja feito com segurança para que nenhum pedaço seja quebrado. Dentro do laboratório, o bloco é aberto e são utilizadas ferramentas mais específicas para separar de vez o fóssil da rocha. A partir daí, os paleontólogos começam o trabalho de pesquisa, comparando o fóssil escavado com outros parecidos, afim de entender questões como: que ser vivo ele era? Como ele vivia e se alimentava? Há quanto tempo atrás ele viveu? Na maior parte das vezes, demoram-se anos desde que um fóssil é descoberto até a publicação dos resultados da pesquisa científica com o material.

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Equipe do Laboratório de Paleontologia do MZUSP em atividade de campo.

Fonte: Jornal Estadão

Fonte: Arquivo MZUSP

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Legislação sobre fósseis De acordo com o Decreto-Lei Federal nº 4.146 de 1942, todos os fósseis encontrados em nosso país são de propriedade da União, ou seja, os fósseis do Brasil pertencem ao Brasil. A própria Constituição Brasileira, de 1988, Título III, Capítulo II, Art. 20º, Item X, garante que “as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos” são de propriedade da União. O que ocorre, do ponto de vista legal, é que instituições de ensino e pesquisa públicas brasileiras, provenientes de qualquer estado, possuem salvaguarda do material fóssil coletado, isto é, estas instituições têm o direito e o dever de proteger o patrimônio paleontológico de maneira adequada, garantindo que o mesmo seja preservado para futuras pesquisas científicas. Não importa de qual Unidade Federativa (Estado) provém o material fóssil coletado nem para qual Unidade Federativa o mesmo material será salvaguardado; as leis que regulamentam a Paleontologia em nosso país exigem apenas que o patrimônio fossilífero seja preservado adequadamente dentro de alguma instituição de ensino e pesquisa pública nacional, afim de garantir as condições adequadas para conservação de forma que o mesmo fique em território brasileiro. Obviamente, quanto melhor é a estrutura de uma instituição para salvaguardar um fóssil, maior é a garantia de que todas as informações científicas presentes naquele fóssil sejam preservadas para as gerações futuras. Instituições de ensino superior e pesquisa privadas podem fazer a salvaguarda de material fóssil desde que possuam a devida autorização dos órgãos responsáveis.

Mas… quanto vale um fóssil? É difícil estabelecer um valor comercial para um fóssil. Isso se deve ao fato de que nós estabelecemos valores monetários para coisas que podem ser comercializadas: aparelhos eletroeletrônicos, imóveis, automóveis, etc. Mas como estabelecer um valor comercial para um fóssil que é único no mundo inteiro? Não existe nenhuma maneira adequada para isso, pois o verdadeiro valor dos fósseis são as informações científicas contidas nele. Por isso, temos no Brasil o Decreto nº. 72.312, de 31/05/1973, que proíbe a "importação, exportação e transferência de propriedades ilícitas dos bens culturais”, incluindo em seu Artigo 1, Item ‘a’: “coleções e exemplares raros de zoologia, botânica, mineralogia e anatomia, e objeto de interesse paleontológico”. Ou seja, o comércio de fósseis, no Brasil, é ilegal. Esse é um decreto muito importante para garantir que a informação científica dos fósseis não seja perdida, ficando encostada em alguma sala de algum colecionador particular ou curioso. Portanto, podemos dizer que os fósseis são extremamente valiosos, mas do ponto de vista científico; do ponto de vista comercial, eles não têm valor algum no Brasil.

INTRODUÇÃO À PALEONTOLOGIA 07

ALGUNS TERMOS QUE LEGISLAM SOBRE O PATRIMÔNIO FOSSILÍFEROS BRASILEIRO - Decreto Lei nº. 72.312, de 31/05/1973: protege os bens culturais, incluindo os de interesse paleontológico. Proíbe a importação, exportação e transferência de propriedades ilícitas dos bens culturais. - Constituição Federal de 1988, Capítulo 2, Artigo 20, Item X: são bens da União "as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos" (inclui ainda os Artigos 23 e 24). - CÓDIGO PENAL artigo 163*: é crime “destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”. - CÓDIGO PENAL artigo 180*: é crime de receptação “Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”. *Os dois artigos acima (163 e 180) podem ser relacionados a transporte ilegal, receptação e venda de fósseis ou qualquer patrimônio da união! - LEI 7.345, de 24/07/1985: esta lei regulamenta a responsabilidade por danos a locais com fósseis. - Portaria 55, de 14/03/1990 e DECRETO 98.830, de 30/01/1990 (Ministério da Ciência e Tecnologia): regulamenta a coleta de materiais de qualquer tipo por estrangeiros no país (pessoas físicas ou jurídicas). - LEI 8.176. de 08/02/1991 Art. 2°: constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo.

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TERRA TECTÔNICA DE PLACAS E TIPOS DE ROCHAS

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A crosta da Terra está dividida em grandes pedaços denominados placas tectônicas. A Terra possui atualmente sete grandes placas tectônicas e elas estão constantemente se movendo e interagindo umas com as outras. Nessa interação ocorrem a formação de ilhas, fossas abissais, cadeias de montanhas bem como a geração de tsunamis e terremotos. As partes emersas dessas placas são o que conhecemos hoje como continentes. E esses continentes são constituídos por rochas que formam o substrato para a vida no ambiente terrestre. Uma rocha é formada pela mistura de um ou mais minerais. Se observarmos esses três modos de formação, podemos perceber que, todas as rochas, um dia já foram rochas ígneas e que depois apenas foram sofrendo alterações físicas e/ou químicas com o passar do tempo.

TERRA: TECTÔNICA DE PLACAS E TIPOS DE ROCHAS 09

EXISTEM TRÊS TIPOS DE ROCHAS DE ACORDO COM O MODO QUE SÃO FORMADAS

Rochas Ígneas: São aquelas que se solidificam de rochas derretidas do fundo da Terra. Exemplos: O granito que se forma da solidificação do magma subterrâneo. O basalto que é formado quando o magma sai de vulcões, com o nome de lava e essa se esfria até solidificar.

Rochas Metamórficas: São rochas que sofreram algum tipo de transformação por processos físicos ou químicos depois de terem sido submetidas a grandes pressões e temperaturas. Exemplos: O mármore é formado quando o calcário é exposto a altas pressões e temperaturas geralmente próximo de onde ocorreram atividades vulcânicas.

Rochas Sedimentares: São rochas que foram formadas em camadas ou estratos, podendo ser compostas de pedaços de rochas, areia, conchas, lodo, lama etc. Elas são gradualmente depositadas no leito de um mar, lago ou estuário, e são comprimidas de tal forma que, com o passar do tempo, endurecem igual rocha. Exemplo: O arenito é formado quando um material granular, igual areia, é acumulado e compactado.

Para saber mais: Deriva continental Os continentes nem sempre estiveram na mesma posição em que estão atualmente. Ao longo dos 4,6 bilhões de anos de idade do planeta Terra, eles se separaram, colidiram e mudaram de forma e posição inúmeras vezes. No início da Era Mesozóica, as placas, que formavam o supercontinente Pangeia, estavam se separando, definindo a posição atual dos continentes. E essas placas continuam se movendo... Observe na exposicão como os continentes se movimentaram ao longo da historia geológica da Terra. Eles se encaixam como um quebra-cabeças!

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Tempo Geológico O Tempo Geológico refere-se ao tempo desde a formação do planeta Terra, há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, até os dias atuais. É classificado de acordo com a distribuição dos oceanos e continentes que modificaram sua posição no decorrer do tempo, separando-se ou aproximando-se de modo gradual. Outra forma de catalogar a linha do tempo é através do registro de organismos vivos presentes em cada época, sua extinção e marcação como fósseis guias. O Tempo Geológico foi dividido em unidades denominadas “eras”. As eras foram subdivididas em “períodos”, os períodos em “épocas”, e assim sucessivamente. Métodos de Datação Atualmente, utilizamos dois métodos para datar os acontecimentos que sucederam no decorrer de tempo desde a formação da Terra:

DATAÇÃO RELATIVA: Como o próprio nome sugere, é feito através da correlação entre a idade pré-estabelecida de um fóssil ou rocha e sua disposição em estratos, comparando ambos através de uma idade estimada.

DATAÇÃO ABSOLUTA: É baseada na radioatividade presente em elementos químicos que compõe as rochas e sua emissão/decaimento natural, possibilitando uma estimativa de acordo com a quantia que é disseminada em taxas constantes ao longo do tempo.

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Exemplos de elementos químicos radioativos utilizados para as datações absolutas. Fonte: TerraCiência.

Exemplo de como os fósseis contribuem para a datação de camadas de rocha sedimentar.

Fonte: TerraCiência.

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TERRA: TECTÔNICA DE PLACAS E TIPOS DE ROCHAS 11

Escala do tempo geológico (b.a. = bilhões de anos atrás; m.a. = milhões de anos atrás; ˜ = idade relativa; = inferido com base na geologia lunar). Fontes: International Comission on Stratigraphy; Solid Earth.

Maestrichtiano

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DINOSSAUROS E OUTROS RÉPTEIS

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No final da Era Paleozóica, um grupo de animais vertebrados terrestres denominados amniotas, que entre outras características apresenta um embrião envolvido por três diferentes membranas que proporcionam alimentação, respiração e proteção (ovo de casca dura), diversificou-se dando origem a dois ramos principais: os sinapsídios, que mais tarde dariam origem aos mamíferos, e os sauropsídios. Os sauropsídios, durante o final da Era Paleozóica e inicio da Mesozóica, sofreram diversas modificações em sua estrutura anatômica e fisiológica, dando origem aos vertebrados conhecidos comumente como répteis. A Era Mesozóica durou aproximadamente 186 milhões de anos, começando há 252 milhões de anos e terminando há cerca de 66 milhões de anos atrás. Essa Era é especialmente conhecida pela grande irradiação de grupos de répteis, alguns desses conhecidos até hoje (tartarugas, lagartos, crocodilos, aves) e também pelo aparecimento, domínio e desaparecimento de algumas formas de animais muito peculiares: os DINOSSAUROS. Os dinossauros surgiram durante o Período Triássico, há cerca de 250 milhões de anos atrás, dominaram o ambiente terrestre por cerca de 160 milhões de anos e conviveram com outros grupos de répteis que estão extintos atualmente, como os pterossauros (os primeiros vertebrados a alçar vôo), os ictiossauros e os plesiossauros. O termo Dinosauria (grego, deinos= terríveis; sauria= lagarto), foi utilizado pela primeira vez em 1842, por Richard Owen. Dinossauros compreendem um grupo de formas fósseis (Tiranossauro, Apatossauro, Tapuiassauro) e também de formas viventes: as aves atuais! argentino; além do Staurikosaurus, Saturnalia e Pampadromaeus coletados no Rio Grande do Sul. Grande parte do grupo foi extinta no final do período Cretáceo, há cerca de 66 milhões de anos. As aves são os representantes vivos deste grupo e apresentam ampla distribuição e grande diversidade.

DINOSSAUROS E OUTROS RÉPTEIS 13

Os dinossauros diferem de outros "répteis" devido a várias características, a maior parte das quais estão relacionadas com a aquisição de um modo bípede de locomoção (apesar de vários dinossauros serem secundariamente quadrúpedes) e a uma postura de seus membros locomotores mais ereta, que os permitia ficar com o ventre bem acima do chão. Outras características compartilhadas estão presentes nos membros anteriores e posteriores, no crânio e na cintura pélvica. No final do Triássico, há cerca de 200 milhões de anos, a maior parte dos continentes conhecidos atualmente estava unida em uma única massa de terra emersa, a Pangéia. Rochas portando os mais antigos dinossauros procedem da porção sudoeste deste supercontinente, sendo os mais bem conhecidos da Argentina (Patagônia) e do Brasil, datados de cerca de 228 milhões de anos. Dentre eles, o Herrerasaurus, o Eoraptor e o Pisanosaurus, do noroeste

Sir Richard Owen (retrato). Fonte: Science Library

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Para saber mais: Como classificar um dinossauro? Os dinossauros são divididos em dois grandes grupos: SAURISCHIA e ORNITHISCHIA. Nos ornitísquios, o púbis (osso que compõe a pelve, juntamente com o ílio e o ísquio) é voltado para trás. Nos saurísquios, o púbis é direcionado ventralmente e para a frente.

O clado Dinosauria atualmente está dividido em dois grandes grupos: Saurischia, que abrange Theropoda e Sauropoda, e Ornithischia. Esta divisão é baseada na diferença na forma da pélvis (bacia) desses animais. Os dinossauros Saurischia apresentam pélvis propúbica enquanto que Ornithischia apresentam pélvis opistopúbica. Os dinossauros terópodos se adaptaram ao papel de predadores bípedes, posteriormente dando origem às aves. Os sauropodomorfos e os ornistíquios foram um grupo de dinossauros que desapareceram definitivamente há cerca de 66 milhões de anos atrás. Todas essas formas de dinossauros se espalharam pelos continentes e hoje seus vestígios podem ser encontrados nas Américas, África, Europa, Ásia, Austrália e até mesmo na Antártica. Ornithischia

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Diferenças morfológicas na estrutura pélvis de Ornithischia (acima, à esquerda) e Saurischia (à direita); abaixo, a estrutura pélvica

saurísquia de Tapuiasaurus macedoi. Imagem: Bruno Albert Navarro

Os dinossauros Ornithischia são considerados grupo irmão de Saurischia. Todas as espécies conhecidas eram herbívoras, ou seja comiam plantas, tinham maxilas e bicos córneos, e alguns possuíam dentes adaptados para mastigação/trituração. Alguns desses animais eram bípedes, sendo que os de maior tamanho eram quadrúpedes. Apresentavam também os mais variados tamanhos, indo de espécies com menos de 1 metro de comprimento, até outras com quase 20 metros. Os ornitísquios são basicamente divididos em cinco grandes grupos: os dinossauros encouraçados, quadrúpedes - Stegosauria e Ankylosauria; os Ornithopoda, formas bípedes (entre elas os dinossauros bico-de-pato) e os Pachycephalosauria (dinossauros bípedes com crânios extremamente espessos) e Ceratopsia (dinossauros quadrúpedes com cornos).

Kentrosaurus aethiopicus, um Stegosauria. Imagem: Jorge Blanco

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No Brasil o único registro de um possível Ornitischia foi descoberto no Rio Grande do Sul, do período Triássico. Foi batizado de Sacisaurus. Ele era bípede com aproximadamente 1,5 metros de comprimento e 0,70 centímetros de altura. Porém, estudos posteriores revelaram que provavelmente se trata de um animal pertencente a um grupo próximo ao dos dinossauros, não sendo portanto um dinossauro propriamente dito. Saurischia Este grupo está dividido em Theropoda e Sauropoda. Os terópodes (Theropoda) são um grupo de dinossauros carnívoros, com postura bípede e pés semelhantes ao das aves com três dedos funcionais, crânio de tamanho variável e narinas localizadas anteriormente. Suas mandíbulas são bastante desenvolvidas. Esses animais podiam variar de 1m a 14m ou mais de comprimento. Seu pescoço apresentava um padrão ligeiramente em forma de "S" (semelhante às aves atuais). Os terópodes estão subdividido nos grupos Ceratosauria e Tetanurae. Este último grupo, Tetanure, compreende os grupos extintos e as aves fósseis e atuais. As linhagens de Theropoda podem ser divididas em três tipos gerais: predadores de grande porte (Ceratosauria e Carnosauria), predadores velozes que atacavam pequenas presas (Ornithomimidae) e predadores velozes que atacam presas maiores que os mesmos (Deinonychosauria). Apareceram no Período Triássico, há aproximadamente 230 milhões de anos. As principais descobertas foram feitas principalmente da Formação de Ischigualasto (Argentina), onde foram encontrados os mais antigos dinossauros conhecidos como o Eoraptor e Herrerasaurus, além de dinossauros ornitísquios e saurísquios. Existem ainda registros na Europa (Espanha, Dinamarca, Portugal), África (Egito, Líbia, África do Sul), vários registros na América do Norte e na América do Sul (na região oeste e sul da Argentina, Chile e Brasil). No Brasil se conhecem espécies incompletas, representadas por dentes e ossos isolados, encontradas nas Formações Santa Maria (Rio Grande do Sul); Formação Santana (Nordeste) e na Bacia Bauru (Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo).

DINOSSAUROS E OUTROS RÉPTEIS 15

Os Sauropoda foram o grupo de mega-herbívoros dominante por 140 milhões de anos durante a Era Mesozóica. São considerados atualmente como os maiores animais terrestres que já existiram, onde alguns de seus representantes chegavam a ter 40 metros de comprimento e mais de 50 toneladas. Esse grupo apareceu no Triássico Superior, e apresentando grande diversidade global no Jurássico, extinguindo-se no final do Cretáceo. Os saurópodes apresentam de modo geral, um crânio pequeno em relação ao seu tamanho e os membros locomotores em forma colunar. Comparando com os outros dinossauros Saurísquios, os saurópodes foram marcados pelo aumento do tamanho corporal, alongamento do pescoço e a transição de uma postura bípede para uma quadrúpede. São classificados em dois grandes grupos: os Macronaria (o grupo do Tapuiassauro) e os Diplodocoidea.

Tyrannosaurus rex, um Theropoda. Imagem: Jorge Blanco

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Os registros de saurópodes das bacias cretáceas do Brasil são geralmente atribuídos a uma família específica chamada Titanosauridae. A Família Titanosauridae inclui cerca de 1/3 de todas as espécies conhecidas de saurópodes. Os titanossaurídeos são típicos do hemisfério sul, com registros no Uruguai, Chile, Argentina e África, mas também conhecidos da América do Norte, Europa, Ásia e Índia. No Brasil essas ocorrências são mais abundantes nas rochas da Bacia Bauru, principalmente no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro (MG). Contudo, a descoberta de Tapuisaurus macedoi em rochas da Bacia Sanfranciscana no norte de Minas Gerais indica uma ampla distribuição geográfica desta família. O Dinossauro de Coração de Jesus O Tapuiasaurus macedoi viveu há cerca de 120 milhões de anos, no período chamado de Cretáceo Inferior, onde hoje é a bacia do rio São Francisco, norte do estado de Minas Gerais. A Bacia Sanfranciscana, como é chamada, é uma formação geológica cujos fósseis eram em sua maioria desconhecidos da ciência, com ocorrência de apenas alguns peixes fósseis, além de pequenos crustáceos e algumas algas de água doce. O clima da região no tempo em que o Tapuiassauro viveu era provavelmente muito ameno, subtropical. Se você fosse transportado para aquela época, provavelmente este cenário composto pelos animais pequenos não seria muito surpreendente. Deveria ser, na verdade, muito próximo do que se enxerga nos ambientes naturais de hoje. Porém, a grande surpresa seria ao se olhar para os animais maiores. Pequenos dinossauros carnívoros corriam em busca de alimento através da vegetação, dividindo espaço com pequenos crocodilos totalmente terrestres, hoje também extintos. Provavelmente esses animais carnívoros com man­díbulas longas e dentes afiados representassem algum perigo para os grandes dinossauros herbívoros, como o Tapuiassauro. Titanossauros no mundo Sabemos que o registro fóssil nem sempre nos fornece todas as informações a respeito da biologia e do modo de vida de um organismo. Essa falta de informação no registro fóssil limita a compreensão da evolução e diversificação dos grupos de seres vivos.

16 CABEÇA DINOSSAURO: O NOVO TITÃ BRASILEIRO

O ambiente possuía grandes áreas desérticas entrecortadas por manchas alagadas, formando pântanos e leques aluviais (quando um rio desemboca em um alagadiço, longe do mar), além de lagos e lagoas. A cobertura vegetal daquela época era composta principalmente por coníferas (plantas do mesmo tipo que os pinheiros) e samambaias, e já estavam presentes algumas plantas com flores. Estas plantas serviam de alimento a insetos, como baratas, moscas, abelhas e besouros. Estes pequenos animais eram presas de outros insetos, como libélulas, e também de aranhas, pequenas rãs e lagartos, que por sua vez alimentavam crocodilos de pequeno porte.

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O Tapuiasaurus macedoi, encontrado no município de Coração de Jesus (MG) é um exemplo da importância de se encontrar um fóssil cujas características nos permitem entender melhor sua anatomia e preencher algumas lacunas no conhecimento sobre seu grupo. O conhecimento da anatomia do crânio dos titanossauros está praticamente restrito à dois fósseis encontrados até hoje que possuem parte do seu crânio preservado: Nemegtosaurus (Ásia) e Rapetosaurus (Madagascar). A descoberta do Tapuiasaurus com um crânio completo preenche uma lacuna importante e fornece novas informações sobre a vida desses animais. O crânio do Tapuiassauro é o mais bem preservado de todos os titanossauros conhecidos até hoje. Seus dentes em forma de lápis indicam que devia se alimentar puxando ramos de folhas, como um jardineiro usa um rastelo, ou um ancinho. O formato alongado do crânio, com olhos bem lateralizados sugere que ele enfiava o focinho nos arbustos, deixando os olhos para fora, para poder observar o que acontecia ao redor, mais ou menos como fazem os cavalos hoje em dia. Extinção Espécies surgem e desaparecem a todo o tempo na história da vida na Terra. O desaparecimento de uma espécie geralmente ocorre devido a alterações nas condições ambientais. Geralmente algumas espécies não conseguem se adaptar a essas alterações e são eliminadas. Contudo, é importante lembrar que, ao desaparecer, um organismo ou grupo de organismos abre espaço para outros melhor adaptados a um determinado clima ou ambiente. Portanto, os eventos de extinção natural fazem parte do processo evolutivo. Quando a taxa do desaparecimento de espécies é muito elevada, falamos em Extinção em Massa. Sabemos hoje que há 66 milhões de anos ocorreu um evento de extinção em massa que atingiu inúmeras espécies de animais e vegetais no mundo todo. Diversas teorias tentam explicar esse fato, a mais famosa, é a de que um grande asteroide teria caído na Terra naquele tempo. Existem evidencias da queda de um grande asteroide que data do final do Cretáceo Superior, mas será que somente esse evento foi suficiente para causar a morte e o desaparecimento total de algumas espécies de organismos?

DINOSSAUROS E OUTROS RÉPTEIS 17

Crânio preservado do Tapuiasaurus macedoi. Fonte: Jornal Estadão

Rapetosaurus krausei Cretáceo Superior

80 milhões de anos atrás

Nemegtosaurus mongoliensis Cretáceo Superior

70 milhões de anos atrás

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O que se sabe é que esse evento catastrófico deve ter gerado inúmeras alterações ambientais, dentre elas chuva ácida, incêndios, tsunamis etc. Além disso, sabe-se que o impacto de um asteroide de grande tamanho é capaz de jogar na atmosfera grande quantidade de poeira que fica suspensa acima das nuvens durante muito tempo (podendo chegar a vários anos, e até décadas). Essa nuvem de poeira é capaz de bloquear a luz do Sol, fazendo com que a cobertura vegetal da terra seja comprometida quase completamente. É possível, portanto, imaginarmos que no final do Período Cretáceo, esses eventos e alterações ambientais tenha tido um papel importante na extinção de alguns organismos que viviam na Terra. Por exemplo, estudos e modelos baseados nos fósseis conhecidos estimam que grande parte dos dinossauros e cerca de 60% das espécies existentes no planeta foram extintas. Nos oceanos, 80% das espécies pereceram. Somente animais com menos de 50 kg, como os mamíferos do tamanho de camundongos encontraram as condições mínimas para sobrevivência. Embora eventos catastróficos, como a queda de um asteroide seja uma das explicações aceitas para o desaparecimento de alguns seres vivos da face da Terra, sabemos que os processos de extinção nem sempre seguiram o padrão daquela que acabou com alguns dinossauros. Os répteis marinhos, como os ictiossauros e mosassauros desapareceram alguns milhões de anos antes do fim do Período Cretáceo. Além disso, o número de espécies de dinossauros já vinha diminuindo havia vários milhões de anos quando sobreveio a grande catástrofe. Com a deriva dos continentes, acentuada no Cretáceo, mudaram as correntes marítimas e o regime dos ventos. Isso deu início a um esfriamento constante do clima da Terra, o que pode explicar por que a extinção de algumas espécies ocorreu antes da provável queda do asteroide. Além disso, na região central da Índia houve uma enorme atividade vulcânica, que durou vários milhões de anos, esse vulcanismo deve ter lançado um volume imenso de poeira e gás na atmosfera, bloqueando o calor do Sol e causando uma brusca queda de temperatura na Terra. Portanto, vários outros fatores devem ter contribuído para as mudanças ambientais e climáticas que já vinham ocorrendo antes do final do Cretáceo. Atualmente um dos grandes responsáveis por eventos de extinção de seres vivos é o homem. Esse fenômeno conhecido como sexta extinção em massa começou na época das grandes navegações europeias, há cerca de 500 anos atrás, e extinguiu um grande número de espécies animais pela caça e pesca indiscriminada, especialmente em ilhas, cujas populações eram restritas pelo espaço. Calcula-se que mais de 800 espécies de vertebrados tenham sido extintas desde essa época, em uma taxa mais de mil vezes mais rápida do que seria sem a presença dos humanos. Hoje o número de extinções continua crescendo, nem tanto devido à caça e pesca predatórias, mas principalmente devido à expansão das cidades, da agricultura e da pecuária, que implica na destruição de espaços naturais. É estimado que cerca de uma centena de espécies sejam extintas por ano, sendo a grande maioria insetos. Contudo, mais de 16.200 espécies de vertebrados estão atualmente ameaçadas de extinção, segundo a International Union for Conservation of Nature (IUCN).

18 CABEÇA DINOSSAURO: O NOVO TITÃ BRASILEIRO

Simulação do impacto de um asteroide contra a Terra há 66 milhões de anos atrás. Fonte: TerraCiência

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CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS

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É uma característica inerente ao ser humano classificar, temos a tendência de reunir em grupos aquilo que consideramos semelhante. Em geral classificamos as coisas porque isso as torna mais fáceis de serem compreendidas, assim também é feito com os organismos, utilizamos a classificação biológica para facilitar os estudos e como tentativa de compreender a diversidade. A primeira classificação conhecida foi feita pelo filósofo grego Aristóteles (384- 322 a.C.). Aristóteles trabalhou principalmente com animais e classificou diversas espécies. Ele dividia os animais em dois grandes grupos: os com sangue e os sem sangue. Teofrasto, um discípulo de Aristóteles, descreveu muitas plantas conhecidas na sua época, ao classificar as plantas, um dos critérios utilizados era o tamanho: dividia-as em árvores, arbustos, subarbustos e ervas. De Aristóteles até o começo do século XVIII não houve grandes avanços, tendo sido elaborados alguns sistemas de classificação, mas com pouco sucesso. Um importante passo na classificação dos seres vivos foi dado pelo naturalista e médico sueco Carolus Linnaeus. Carolus Linnaeus (1707–1778) desenvolveu um sistema de categorias hierárquicas que, com algumas modificações, é usado até hoje. Sua principal obra, a Systema Naturae, teve 12 edições (1.ª edição em 1735). Nesta obra, o natureza é dividida em três reinos: mineral, vegetal e animal. Para sistematizar a natureza, em cada um dos reinos Linnaeus usou um sistema hierárquico de cinco categorias: reino, classe, ordem, gênero e espécie. Apesar das suas múltiplas contribuições para a taxonomia, Linnaeus se destaca pela introdução do método binomial, esse método ainda em uso nos dias de hoje é utilizado para formular o nome científico das espécies e foi proposto por Linnaeus somente na 10º edição do Systema Naturae. Chama-se binominal porque o nome de cada espécie é formado por duas palavras: o nome do gênero e o epíteto específico. O nome da espécie deve ser sempre escrito sublinhado ou em itálico, o gênero sempre iniciado em letra maiúscula e o epíteto em minúscula. Por exemplo:

Tapuiasaurus macedoi: (Gênero) Tapuiasaurus + macedoi (epíteto especifico)

Contudo, em seu sistema de classificação Linnaeus não levou em conta as relações de parentesco evolutivo entre os seres vivos, pois acreditava que as espécies existentes tinham sido criadas uma a uma e que, desde o momento da criação até então, elas não teriam sofrido nenhuma alteração. Essa ideia da imutabilidade das espécies, denominado fixismo, era amplamente aceita entre os naturalistas contemporâneos de Linnaeus. Inicialmente Linnaeus elaborou um sistema de classificação onde havia 5 categorias, posteriormente foram ampliadas e podem ser representadas, da mais geral para a mais específica, da seguinte maneira: Além dessas categorias, muitas vezes são utilizadas categorias intermediárias, tais como sub-filo, infraclasse, superordem, superfamília, subgênero, subespécie.

20 CABEÇA DINOSSAURO: O NOVO TITÃ BRASILEIRO

REINO FILO CLASSE ORDEM GÊNERO ESPÉCIE

Page 23: Apostila Educativa

A classificação clássica era um tanto subjetiva, pois dependia basicamente da análise do cientista e não poderia ser repetida, já que não possuía uma metodologia básica a ser seguida, ficando a cargo da habilidade do cientista enquadrar aquele espécime nesta ou naquela categoria. Em 1959, um entomólogo alemão chamado Willi Hennig criou a Sistemática Filogenética, um novo método de analisar as relações de parentesco entre as espécies. Seu livro Fundamentos da Sistemática Filogenética, lançado inicialmente em alemão, foi traduzido para o inglês em 1966, e somente a partir daí então teve ampla aceitação e divulgação no meio científico. A ideia de Hennig era criar um método que fosse possível reconstruir hipóteses da história evolutiva entre as espécies e assim a estrutura das classificações deveria refletir de maneira precisa as suas relações filogenéticas, ou seja, de parentesco. Esse método delimita grupos naturais, a partir da análise de caracteres que podem ser iguais ou diferentes de outros grupos. Os grupos aceitos pelos filogeneticistas são aqueles que incluem todos os descendentes de um mesmo ancestral, e recebem o nome de grupo monofilético. Aqueles grupos com um mesmo ancestral, mas que nele não estão inclusos todos os seus descendentes, não são aceitos como grupos naturais, e recebem o nome de parafiléticos.

CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS 21

Na sistemática filogenética, dois grupos próximos devem compartilhar um ancestral comum somente a eles, e são denominados de grupo-irmão. Desses três grupos pelo menos dois compartilham um ancestral exclusivo entre eles e assim sucessivamente. Dessa forma, obteremos hipoteticamente uma sequência até chegarmos ao ancestral comum de todas as espécies existentes, ou seja, a sua filogenia ou história evolutiva. O nome dado a um terminal em uma árvore filogenética é táxon.

Mas como sabemos que tais grupos são mais próximos entre si, do que de outros? A resposta está nas características que esses grupos apresentam, os caracteres semelhantes que são compartilhados entre esses táxons podem ser um indício, mas não é qualquer caráter que pode ser usado para estabelecer relações de parentesco. Para estabelecer então os caracteres válidos, é essencial entender inicialmente o conceito de homologia. Caracteres homólogos são aqueles que possuem a mesma origem embrionária, mas não necessariamente possuem a mesma função. Essa relação de mesma origem fortalece a proposta evolutiva e evidencia a ancestralidade comum entre os organismos.

Exemplificando a relação de grupo-irmãos.

Representação de grupo monofilético, grupo que inclui ancestral e todos os seus descendentes (acima), e de um grupo parafilético que não inclui todos os descendentes de um ancestral (abaixo).

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A partir então da hipótese de homologia entre determinadas estruturas, passamos a estudar como que esse caráter evoluiu, ou seja, a série de transformações ocorridas ao longo do tempo. Esses caracteres podem se apresentar em estados ancestrais ou derivados, caracteres em estado ancestral são aqueles que estão presentes desde o ancestral comum daquele grupo, e denominado como plesiomorfia, já se os caracteres apresentam-se com séries de modificações, ou seja, possui estados diferentes do ancestral, estes são chamados de apomórficos. Se esse estado de caráter derivado está presente entre todos os descendentes de um mesmo ancestral, sendo portanto compartilhado, chamamos este caráter de sinapomorfia. Quando uma característica derivada aparece somente em um táxon e não é compartilhada com outros grupos, esse estado derivado exclusivo do caráter chama-se autapomorfia. No entanto, é através das sinapomorfias, ou seja dos estados de caráter derivado compartilhado entre os grupos, que estabelecemos os chamados grupos monofiléticos e assim reconstruímos o padrão filogenético, representado em um cladograma. Um cladograma é um dendograma, ou seja uma representação gráfica, que demonstra através de ligações a relação evolutiva de determinado grupo. Cada ramo representa um táxon e cada nó o seu ancestral hipotético que os une como um grupo monofilético. Cada um desses grupos e nós devem ser sustentados por sinapomorfias específicas daquele ramo. É importante sempre salientar que todo cladograma representa uma hipótese de relacionamento, de acordo com os dados utilizados pelo cientista que o propõe. Relações filogenéticas entre os vertebrados O grau de parentesco entre os organismos pode ser representado graficamente na forma de um diagrama. Este aqui apresenta os principais grupos de vertebrados, indica as relações entre esses grupos e a sua diversidade ao longo do tempo geológico.

22 CABEÇA DINOSSAURO: O NOVO TITÃ BRASILEIRO

Sapos, pássaros, coelhos e lagartos possuem membros anteriores com forma diferente, refletindo seus diferentes estilos de vida. No entanto, esses membros compartilham o mesmo conjunto de ossos homólogos - o úmero, o rádio e a ulna. Estes mesmos ossos pode ser visto até mesmo em um peixe de nadadeiras lobadas extinto, Eusthenopteron. Fonte: TerraCiência

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Como os fósseis ajudam a compreender outros seres vivos? Desde o começo do século 19 os naturalistas já observavam as formas de vida e se faziam perguntas do tipo: “Porque os seres vivos vivem onde vivem?” (exemplo: ursos polares apenas no Ártico, tamanduás apenas na América do Sul), “Porque os indivíduos da mesma espécie não são todos iguais?”, ou “Porque encontramos nas rochas sinais de animais que nunca vimos?” Todos esses questionamentos foram se acumulando com o passar dos anos, mas foi apenas com a pesquisa de Charles Darwin e Alfred Wallace que uma explicação plausível foi proposta de forma satis­fatória (Lamarck já havia tentado propor uma explicação nesse meio tempo, mas com sucesso apenas parcial). O conceito era de que todos os seres vivos possuíam um ancestral em comum, e que ao longo de milhões de anos foram passando por modificações graduais, sempre o mais bem adaptado sobrevivendo, seja ao ambiente, seja na competição para conseguir reproduzir, etc. Essa explicação deu uma razão satisfatória e aceitável para quase todos os questionamentos dos naturalistas da época, entre elas, o fato de encontrarmos em rochas impressões ou vestígios de seres vivos que não existiam mais. Já era sabido que seres vivos podiam se extinguir sem deixar descendentes, mas antes da ideia evolutiva, as pessoas achavam que a única coisa capaz de extin­guir um ser vivo eram catástrofes. A ideia de Darwin e Wallace deu destaque para a competição, e demonstrou que nem todas as espécies precisam ser extintas em um ambiente inóspito. As que tiverem mais capacidade de adaptação às condições do ambiente conseguem sobreviver. As evidências que temos hoje para a Evolução Biológica são tão fortes que mesmo sem a existência dos fósseis seria possível mostrá-la verdadeira. Os fósseis são um “bônus” nas teorias evolutivas, e um “bônus” muito bem vindo. Se imaginarmos o nosso conhecimento sobre a história da Terra como um livro, o que temos são muitos textos, e várias páginas em branco.

CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS 23

Cladograma das relações filogenéticas entre os amniotas.

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Os fósseis são inusitadas e incrivelmente didáticas figuras neste livro imaginário: as figuras que mostram como a diversidade da Terra já foi diferente do que é hoje em dia; que dão uma ideia de como a diversidade existente hoje se construiu; que ilustram alguns caminhos que a evolução tomou e que deram certo por um bom tempo, mas que em algum momento, fracassaram. Os dinossauros são um exemplo perfeito disso. Ninguém saberia da existência dos dinossauros se não fossem os fósseis. Ainda que as aves sejam dinossauros muito modificados, seria impossível chegar a essa conclusão sem que existissem os vários fósseis de dinossauros espalhados por museus do mundo inteiro, e outros tantos esperando para serem escavados. Além dos dinossauros há inúmeros outros grupos, seja de animais vertebrados ou invertebrados, bem como plantas, protozoários e bactérias, que deixaram a marca de seu grande sucesso temporário no registro fóssil e hoje não mais existem. Há pelo menos 15 grupos de répteis hoje totalmente extintos, e totalmente diferentes daquilo que conhecemos hoje. Há no mínimo 5 grupos de mamíferos totalmente extintos, e de peixes também. Há mais de um grupo de artrópodes totalmente extintos, e com registro fóssil extremamente numeroso, o mesmo valendo para moluscos, cnidários, plantas, etc. Todos esses fósseis ajudam a compreender as mudanças que um determinado grupo biológico passou durante o seu tempo de existência, ainda que neste “álbum” faltem muitas figurinhas, as que existem são uma importante ferramenta para a compreensão da diversidade atual, suas formas, suas estruturas, e até o seu comportamento. São casos raros, mas algumas vezes é possível sim ter indícios do comportamento de espécies fósseis. Ninhos com ovos, com um adulto sentado em cima (como já foi encontrado em fósseis de dinossauros da Mongólia) indicam cuidado com os filhotes. Trilhas de pegadas fossilizadas de dinossauros, com as pegadas maiores rodeando as pegadas menores, também indicam preocupação com os mais novos. Isso talvez ajude a explicar porque os grupos mais próximos aos dinossauros vivos hoje são praticamente os únicos répteis com cuidados parentais (crocodilos e aves), e talvez auxilie a entender a origem desse comportamento. Mas à medida que os fósseis ajudam a responder muitas questões que já existiam, eles também geram novos questionamentos. Por que alguns grupos de animais continuam vivendo, enquanto outros grupos se extinguiram por completo? Muitas vezes, esses grupos extintos são extremamente semelhantes a outros grupos que ainda existem. Por que só alguns foram extintos? O que determinou quem sobrevive e quem morre? Essa é a força que move a Ciência, o dinamismo que sempre estimula as pessoas a saberem mais.

24 CABEÇA DINOSSAURO: O NOVO TITÃ BRASILEIRO

Veja na exposição as diferentes formas de animais fósseis que viveram há milhões de anos atrás, como este crocodilo terrestre!

Fonte: Arquivo MZUSP.

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EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A HISTÓRIA DOS OBJETOS

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Existem diversas definições de cultura. Neste material será utilizado o conceito antropológico que define a cultura como todas as ações e processos individuais e coletivos pelos quais os povos expressam suas formas de ser, se organizar e de se integrar com o mundo que os identifica como grupo dentro de um contexto social. A cultura é identificada nos produtos materiais e nas formas como o povo os usa, nas tradições, nas crenças, na organização social, nas manifestações, nos processos históricos e nas atividades científicas e tecnológicas. Reconhecer a diversidade cultural é compreender que cada povo produz cultura de forma diferente, que todos os povos têm sua própria cultura e que suas culturas não são necessariamente iguais. Essa compreensão permite ampliar a visão sobre a cultura em sim e a impossibilidade de julgamento sobre culturas diferentes a partir de nossa. Partindo do pressuposto que a cultura identifica-se por seus produtos materiais e suas maneiras de utilizá-los, os bens culturais são aqueles pelos quais podemos relacionar a cultura de um grupo a um determinado momento histórico e local. Os bens culturais podem ser tangíveis, que são bens materiais (por exemplo: copo, cadeira, livro, casa, quadro, documento, fotografia, ônibus etc.) ou podem ser intangíveis, ou seja, o que não se materializa (por exemplo: rituais, modo de plantio, tipo de fabricação de bebida, modo de fazer uma comida, danças etc.), que são registrados somente através de imagem, fotografias ou gravação. Os bens culturais podem ser consagrados ou não, de acordo com a ideologia vigente e com os critérios usados para escolha e preservação. Contudo, mesmo que somente parte dos bens culturais tenha sido preservada, estes refletem um determinado momento histórico; e, a observação, análise e estudo atentos desse material permitem a reconstrução sociedades, comportamentos, atividades econômicas e política. O contato com os bens patrimoniais possibilita uma reflexão de um passado que o observador ser herdeiro, possibilitando a conscientização e conhecimento do presente e propiciando melhoria na sua qualidade de vida. Além disso, reconhecer o passado cultural é um grande passo na construção de uma identidade cultural. Um objeto guarda em si não somente cor, tamanho ou textura; também representa a forma de construção, relação de produção, contexto político em que foi produzido ou desenvolvimento da tecnologia da época. Por meio de seu estudo podemos ter a compreensão de várias questões sobre a sociedade e o momento histórico que foi produzido. Embora os objetos sejam fontes de uma série de informações e conhecimentos disponíveis à exploração, reflexão e aprendizado e concentrem muitas manifestações das relações humanas (que já existiram e que existem ainda hoje), é necessária a mediação para que estes conhecimentos cheguem ao observador. Educação Patrimonial Desde 1983 inúmeras experiências vêm sendo realizadas no Brasil para constituir uma metodologia de desenvolvimento de ações educativas para o uso qualificado e apropriação de bens culturais. Esta metodologia é denominada Educação Patrimonial.

26 CABEÇA DINOSSAURO: O NOVO TITÃ BRASILEIRO

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A ideia básica da Educação Patrimonial é a experiência direta com objetos ou fenômenos culturais, em um processo permanente de descoberta e reflexão. Nesta metodologia, os objetos são fonte primária de informações e, portanto, funcionam como um instrumento de ensino cuja exploração, observação e questionamento podem ser traduzidos em conceitos e conhecimentos. A Educação Patrimonial pode ser considerada um instrumento de “inclusão cultural”, pois possibilita o observador fazer a leitura do mundo a sua volta de maneira mais crítica. Este processo leva ao desenvolvimento da autoestima e à valorização da cultura. A vantagem desta metodologia é que ela pode ser aplicada a qualquer área ou evidência material, seja ele um objeto ou um conjunto de bens, um monumento, um animal, um fóssil ou uma paisagem. Outro fato importante é que ela é transdisciplinar, isto é, articula conhecimentos de diversas disciplinas. Metodologia da educação patrimonial A metodologia de educação patrimonial compõe-se basicamente de três etapas principais: Museus: Lugar de Objetos

Museu é uma palavra de origem latina proveniente do termo museum, deriva do grego mouseion. Este termo faz referência ao templo dedicado às nove musas, filhas de Zeus com Mnemosine, a deusa

da Memória.

etapas recursos e atividades objetivos

1. Observação Exercícios de percepção sensorial por meio de perguntas ou manipulação de objetos.

Identificação do objeto, função, significado, desenvolvimento da percepção visual e

simbólica.

2. Registro Desenhos, descrição verbal ou escrita, fotografia, mapas, maquetes, modelagem, etc.

Fixação do conhecimento, aprofundamento da análise crítica, desenvolvimento da

memória, pensamento lógico intuitivo e

operacional.

3. Análise Discussão, levantamento de hipóteses, análise do problema, questionamentos, levantamento em outras fontes.

Desenvolvimento da capacidade de análise e

julgamento críticos, interpretação das

evidências e significados.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A HISTÓRIA DOS OBJETOS 27

Page 30: Apostila Educativa

Apenas a partir do Renascimento que o termo “museu” passou a ser utilizado em relação a coleções de objetos de valor histórico e artístico. Neste período, as coleções contavam com rochas, plantas e animais e obras de arte. A partir da descoberta de novos continentes, a formação de coleções de objetos artísticos ou curiosidades naturais foi bastante estimulada, servindo de base para os gabinetes de curiosidades. Alguns dos museus mais importantes da atualidade surgiram a partir destes acervos. Os gabinetes de curiosidade foram modelos de status social e poder. Os primeiros museus surgiram de coleções de pessoas, Famílias ou instituições muito ricas. O acesso era restrito à estudiosos e nobres. Os museus começaram a abrir a partir do século XVII. É neste período também que os museus científicos substituem os Gabinetes de curiosidades. Atualmente, os museus passaram a valorizar a atuação em rede procurando mostrar sua importância para o desenvolvimento econômico, preservação da memória dos povos, das coleções e principalmente sua função comunicacional e educacional. Os museus como ferramenta didática Os museus vêm assumindo cada vez mais seu papel educativo e possuem uma maneira própria de desenvolver e atingir seus objetivos pedagógicos. Essa característica leva a diferenciá-lo de outros espaços educativos. Atualmente, diversos autores dividem o sistema educacional em três categorias: - Educação formal: sistema estruturado cronologicamente, programação definida, certificação,

treinamento técnico e profissional. Exemplo: escolas e universidades.

- Educação não formal: qualquer atividade organizada fora do sistema escolar e que tenha intencionalidade educativa, com carga horária e programação mais flexíveis. Exemplo: museus, zoológicos, jardins botânicos etc.

- Educação informal: processo realizado ao longo da vida no contato com a família, amigos, a experiência cotidiana, trabalho, lazer e nas diversas mídias.

“Gabinete de curiosidades” por Johann Georg Hainz, 1666.

Fonte: Science Library

“Musas dançando com Apolo” por Baldassarre Peruzzi, 1520. Fonte: Cornwell University Library

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Mas... Como o Museu vai ajudar o aluno a aprender melhor? A aprendizagem que ocorre nos museus é diferente daquele da sala da aula. No museu o aluno pode escolher o caminho a seguir e estabelecer suas próprias relações, uma vez que não existe uma sequência de conteúdos obrigatória a ser aprendida. O aluno pode construir o conhecimento sobre o tema em exposição de acordo com seus interesses pessoais e a partir dos seus conhecimentos prévios. A natureza da experiência vivida em um museu é basicamente não verbal e pontual; ao contrário da escola, em que é continuada no tempo e baseada no texto escrito.

O PAPEL DO PROFESSOR ANTES, DURANTE E DEPOIS DE UMA VISITA A UM MUSEU

1. Escolha previamente o museu e o visite: a ida do professor previamente ao museu é fundamental

para que se tire o máximo proveito da visita.

2. Estabeleça os objetivos da vista: os alunos têm necessidade de se sentirem “amparados”. É importante relacionar a temática do museu com o currículo ou conteúdo que está sendo dado no

momento. Não se esqueça de organizar a visita (horário, agendamento e etc).

1. Prepare os alunos para a visita: converse com os alunos sobre o museu, localização, o que irão conhecer, histórico, como será a visita, comportamento no museu etc. Apresente também aos

alunos a programação das atividades propostas, com horários e que atividades serão realizadas.

2. Visita: participe ativamente durante a visita, de modo que os alunos possam ver que o professor também aprende nos museus. É importante que roteiros e trabalhos propostos para a visita não

dificultem a experiência de observação e construção de conhecimento dos alunos.

3. Pós-visita: é neste momento que se consolida o aprendizado e a experiência vivida no museu, portanto discuta a visita, retome conceitos e faça as pontes necessárias com o currículo e as

tarefas que eles deverão que realizar. A experiência de visitar uma exposição propicia ao público um olhar diferente para o mundo. É possível que os visitantes de exposições e museus reflitam sobre o cotidiano, pensem em suas atitudes, tentem coisas novas, comparem o que conheciam antes com o que viram e saiam de lá com a curiosidade e o espírito crítico estimulados. O visitante, que pode ser o aluno, o professor ou outro cidadão interessado terá uma experiência significativa depois de uma visita ao museu.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A HISTÓRIA DOS OBJETOS 29

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A história da educação nos museus até os dias de hoje O desenvolvimento da educação nos museus está dividida em três etapas. A primeira delas foi a inserção dos museus nas instituições de ensino formal, inicialmente nas universidades. Em 1683, a Universidade de Oxford na Inglaterra, inaugura o Ashmoleam Museum com grandes coleções de Geologia e História Natural, porém o acesso era restrito aos estudiosos. O principal objetivo dos museus inseridos no contexto da educação formal era a contribuição para a formação cultural do público através do estudo e observação dos objetos expostos. O acesso, mesmo que apenas de estudiosos, marca o início do acesso do público aos museus. A segunda etapa do desenvolvimento da educação nos museus é caracterizada pelo acesso de diferentes públicos: diversas classes sociais, faixas etárias, níveis de formação diferentes ou pessoas com dificuldades de algum tipo. No final do século XVIII, os museus começaram a ser considerados como um lugar de saber e de progresso do conhecimento, onde o público poderia desenvolver seu gosto pelas artes admirando diversas exposições. Os museus do século XIX pretendiam ser um espaço pedagógico de difusão da cultura, auxiliando na educação dos indivíduos e na modernização da sociedade. Nesta época são montados os primeiros museus brasileiros. Criados com grande influência europeia e norte americana, os museus brasileiros também coletavam, catalogavam e estudavam elementos do mundo natural e cultural do país. A disseminação cultural do século XIX baseava-se nos ideais democrático da Revolução Francesa que, por um lado, estimularam a abertura de novos museus pela Europa e, por outro, começaram a se preocupar com a função educativa dessas instituições. Essas preocupações transformaram-se em projetos governamentais que propunham as escolas que propiciassem aos estudantes visitas aos museus como “complementação” das aulas. Esta atividade era conhecida como a “lição das coisas”, em que o aluno observava “ao vivo” o que tinha estudado na teoria na sala de aula. Ainda no século XIX são criados os primeiros serviços educativos nos museus. Porém, esses serviços ainda não contavam com profissionais especializados. Em geral, as visitas eram guiadas pelos pesquisadores responsáveis pelas coleções, com discursos extremamente aprofundados em assuntos específicos e em linguagem não acessível. Paralelamente, os professores que visitavam os museus com seus alunos, não tinham ferramentas pedagógicas suficientes para utilizar os conhecimentos sobre as coleções apresentados nas visitas, em suas aulas. A terceira etapa, ocorrida ao longo do século XX e contemporânea, representa a implantação definitiva dos serviços educativos nos museus devido à diversificação e ao aumento do público nos museus. Os especialistas em Educação começaram e perceber que era necessário fazer com que o público entendesse e se apropriasse do que estavam vendo. Este movimento levou os museus a aplicar estratégias que facilitassem a comunicação de seus acervos com seu público. Vários museus inauguraram exposições específicas, respeitando a faixa etária e o interesse de cada tipo de público. Além disso, os museus passaram a se utilizar de diversos tipos de mídias (por exemplo: som, vídeos e totens interativos) e cenários (florestas, casas etc.), contextualizando o objeto em exposição e facilitando a compreensão do visitante.

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Contudo, apenas na segunda metade do século XX é que os museus foram reconhecidos como intrinsecamente educativos, com objetivos pedagógicos específicos. Atualmente, mostra-se cada vez mais importante que os profissionais da Educação nos Museus estejam envolvidos na preparação de exposições, participando ativamente da construção de um discurso acessível e significativo para o público que visita essas instituições e que almeja compreender, fazer parte e se reconhecer nestes espaços também educativos. Paleontologia na escola A Paleontologia é essencialmente uma ciência multidisciplinar que está associada ao cotidiano dos cidadãos em diversas atividades: no contexto escolar por meio das disciplinas como Ciências e Biologia; em contextos midiáticos por meio de filmes, publicações de divulgação e ficção científica; em atividades de colecionismo (embora ilegal no Brasil); além de contextos políticos, muitas vezes conflitantes como a exploração de combustíveis fósseis, como o petróleo, distribuição e organização de territórios e guarda de fósseis. No contexto estritamente escolar, as abordagens geológicas e paleontológicas fazem parte do conteúdo de Ciências trabalhado em todos os níveis da educação no Brasil – Ensino Infantil, Fundamental e Médio, embora os materiais didáticos existentes demandem, na maioria das vezes, revisão e complementações. Em Geologia, o que se observam são informações gerais sobre nosso planeta (por exemplo, constituição, forma, distribuição dos continentes, tipos de rochas e minerais) e, mais recentemente, problemas ambientais decorrentes da interação homem-litosfera (por exemplo, enchentes, assoreamento). A Paleontologia, por sua vez, é introduzida esporadicamente e permeia por outros assuntos, como a origem da vida, definição e tipos de fósseis. Trabalhar com a Paleontologia sob a perspectiva de Educação Patrimonial sugere que os alunos aprendam a partir do registro fóssil. Ao abordar a popularidade e controvérsia sobre os fósseis, os professores podem usar a Paleontologia com tema para ensinar conceitos importantes em ciência pois a Paleontologia permite a integração de várias disciplinas da ciência, além da biologia, como a matemática, a história e a geografia. Além das questões científicas diretamente relacionadas aos fósseis, o trabalho educativo em Paleontologia também fornece subsídios para que os fósseis façam parte da identidade local e sejam entendidos como um patrimônio natural a ser preservado. Por fim, aprender a partir do registro fóssil é também praticar o processo da ciência e esta é a chave para uma sociedade cientificamente alfabetizada. Ao final deste volume são apresentadas atividades práticas que podem ser realizadas em salas de aula ou em laboratórios de Ciências. As propostas são atividades motivadoras que abordam diversos aspectos da Paleontologia discutidos nesse material. Sugere-se que as atividades sejam realizadas antes da visita à exposição “Cabeça Dinossauro: o novo titã brasileiro”, para introduzir o tema aos alunos, e/ou depois da visita, como uma retomada dos conceitos apresentados pela exposição.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A HISTÓRIA DOS OBJETOS 31

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As exposições e a comunicação em museus O estatuto do ICOM (The International Council of Museums) adotado a partir da 21ª Conferência Geral de Viena de 2007 e admitido como referência internacional, define um museu como “uma instituição permanente e não lucrativa a serviço da sociedade e seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, pesquisa, comunica e exibe o tangível e intangível patrimônio da humanidade e sua ambiente para fins de ensino, estudo e diversão”.

Podemos concluir que os museus, por definição têm como missões: a preservação da memória através de suas coleções, a produção de conhecimento por meio da pesquisa e sua difusão para a

sociedade. As exposições constituem o principal meio de comunicação dos museus, oferecendo ao mesmo tempo conhecimento e entretenimento. Podem ser inovadoras, inspiradoras e conduzir o visitante à reflexão, proporcionando ótimos momentos de aprendizagem, mas também de satisfação. Mais do que o simples processo de colocar objetos em vitrines ou quadros em paredes, as exposições são um meio sofisticado de narrativa, que no caso dos museus, é sempre estruturada com foco em seus acervos e no conhecimento a eles associado. Tipologia das exposições Exposições podem ser classificadas segundo sua estrutura, período de abrangência, temática e objetivos específicos. Hoje reconhecemos três níveis básicos de exposições:

tipo temática abrangência objetivos

Longa Duração Caráter enciclopédico, explorando os grandes eixos

temáticos do museu.

Tempo indeterminado (anos a décadas).

É o eixo principal de narrativa do museu e o

foco principal da visitação.

Temporária Explora assuntos específicos dentro do universo temático do

museu.

Tempo determinado (semanas a meses).

Procura estimular reflexão e discussão sobre

atualidades de grande relevância e repercussão

social.

Itinerante Explora assuntos específicos dentro do universo temático do

museu.

Tempo determinado (semanas a meses).

Permite que o museu estenda seu alcance

de comunicação para além de sua sede, podendo atender um leque de

público muito mais amplo do que o convencional.

EXPOSIÇÕES: CONCEITOS, ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO 33

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Planejamento A realização de exposições em museus é uma empreitada complexa que tem início a partir da seleção de um tema de interesse da comunidade, que deve refletir a missão e a filosofia da instituição em relação à pesquisa, gerenciamento de acervo, educação e acesso público. Após a escolha do tema a ser abordado, convém a elaboração de um plano de ação que estabelecerá metas, cronogramas e recursos necessários para a realização da exposição. Exposições podem ser planejadas para atender um leque mais diversificado ou um segmento específico de público. A exposição deve ser planejada com uma atenção especial à variedade de oportunidades de aprendizado e deve prever todas as possibilidades de acesso físico, sensorial e intelectual, bem como o conforto a ser proporcionado aos visitantes de todas as idades e condições físicas. Deve contemplar ainda a avaliação das necessidades de conservação, exibição, manutenção e segurança do acervo, segundo as diretrizes técnicas específicas para cada tipo de objeto, como também deverão ser levadas em consideração as implicações sanitárias e de segurança dos visitantes durante sua permanência na exposição, incluindo uma completa avaliação de riscos. Estratégias de marketing e divulgação da exposição devem fazer parte de seu planejamento, assegurando que veículos e conteúdos estejam adequados ao público-alvo. É preciso monitorar regularmente as condições ambientais da exposição, o desgaste dos equipamentos, bem como o conforto e segurança do público. Componentes da exposição A exposição é uma forma de comunicação especifico com base em objetos, que por sua vez são acompanhados por recursos que permitem aos seus visitantes melhor identificar e compreender sua significância. Todos os envolvidos na organização de exposições têm uma enorme responsabilidade para com o público. Eles são intermediários entre os acervos dos museus e os visitantes que vêm para apreciá-los.

Exposição temporária Biodiversidade: Fique de Olho! Museu de Zoologia em parceria com Estação Ciência da USP.

Fonte: Arquivo MZUSP

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elementos características profissionais responsabilidades

Curadoria Define a estrutura narrativa de uma exposição e o acervo envolvido ( = recorte curatorial).

Especialista no tema da exposição (pesquisador,

artista, etc).

Delimitação dos objetivos e expectativas a serem alcançados, os conceito-chave que deverão ser abordados na narrativa, opinam sobre a escolha dos objetos que irão compor o acervo e supervisionam a seleção das informações que serão disponibilizadas ao público-alvo.

Museologia/Museografia Processamento técnico do acervo selecionado, assim como outros aspectos gerenciais de equipes e materiais.

Museólogo e técnico em museografia.

Levantamento de informações sobre cada peça, registro e documentação, avaliação do estado de conservação, negociação para empréstimo (quando necessário) e etc.

Expografia A tradução espacial da exposição, dentro de uma lógica que tem como finalidade valorizar o conjunto e proporcionar as melhores condições e conforto para sua apreciação pelos visitantes.

Equipe multidisciplinar. Ver próximos itens.

Identidade visual Reúne os elementos que vão construir a estética da exposição e devem estabelecer uma linha de coerência com a temática do projeto e a natureza do acervo, e refletir a identidade autoral da instituição.

Programador visual ou designer.

Criação de logomarca, definição da paleta de cores e variedade de texturas que serão utilizadas, assim como a tipografia e a iconografia.

Cenografia Abrange todo o mobiliário contextualizado em uma ambientação específica, que influenciará na transmissão dos conceitos e seu entendimento pelo público. Os mesmos objetos usados em montagens distintas podem contar histórias diferentes e fornecer novas perspectivas sobre seus significados.

Cenógrafo. Elaboração das soluções de apresentação, incluindo a definição da estética e dos materiais a serem utilizados, assim como sua distribuição espacial e o percurso a ser adotado pelos visitantes, como forma de conduzi-los para que sejam atingidas as expectativas da curadoria.

Cenotécnica Constitui a execução do projeto cenográfico.

Marceneiro, serralheiro, pintor, eletricista, técnico em

iluminação, técnico em audiovisual e artista plástico.

Construção física da cenografia a partir das diretrizes definidas pelo cenógrafo, incluindo instalação do mobiliário, da estrutura de iluminação, ajuste de recursos audiovisuais, confecção de módulos expositivos especiais, paisagismo, etc.

EXPOSIÇÕES: CONCEITOS, ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO 35

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elementos características profissionais responsabilidades

Comunicação visual Deve ser planejada de modo que os conteúdos possam ser apreciados pelos mais variados perfis de público, por pessoas de diferentes faixas etárias, contextos socioeconômicos e intelectuais.

Especialista, Programador visual ou designer e revisor.

Dimensionamento do conteúdo textual e dos recursos gráficos de apoio (fotografias, ilustrações e infográficos) nas peças de sinalização tais como cartazes, legendas, e painéis.

Montagem Em geral é uma operação que envolve profissionais capacitados e todo o restante da equipe que, através de um conjunto de esforços, faz nascer uma exposição.

Montador profissional. Avaliação da natureza das peças e necessidades para sua disposição na cenografia, montagem e ajustes.

Ação Educativa/Mediação Abrange um conjunto de ações e estratégias com o propósito de aproximar o público e o acervo da exposição, de modo a oferecer uma experiência educacional no seu sentido mais amplo.

Educador, monitor e técnico de apoio.

Responde pela recepção do público e mediação, assim como promove ações pedagógicas, programas de capacitação de professores e treinamento de monitores. Frequentemente acumula ainda a responsabilidade pelo agendamento de grupos e controle de visitação, registrando informações que serão posteriormente utilizadas para fins estatísticos.

Assessoria de Comunicação

O sucesso de uma exposição depende, entre outros fatores, de uma boa estratégia de divulgação.

Jornalista. Atende pela publicidade, divulgação e assessoria de imprensa.

Assessoria jurídica Garante a legalidade de todos os procedimentos envolvidos no processo de planejamento e execução de uma exposição.

Advogado. Avalia todos os aspectos de implicação jurídica, tais como contratações de prestadores de serviços, compra de materiais, termos de empréstimo de acervo, entre outros.

Vigilância O valor cultural, científico e social do acervo, combinado ao alto investimento na execução do projeto expositivo exigem ações de prevenção que garantam a segurança do acervo e também do público visitante.

Vigilante. Supervisionar e controlar o fluxo de visitantes para preservar a segurança tanto do acervo exposto quando das próprias pessoas que transitam pelo espaço.

Apoio Manutenção da estética da apresentação durante todo o período de abrangência da exposição, tal como originalmente planejado, fundamental para garantir a melhor experiência e apreciação do público durante a visitação.

Profissional de limpeza e manutenção.

Manter a higiene do espaço, o funcionamento dos equipamentos de apoio e a estética da exposição.

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Importância A exposição é uma estratégia de diálogo que tem como função principal a de traduzir afirmações, questionamentos, anseios, desejos e propostas de soluções para demandas coletivas e sociais. Não é o único propósito de um museu, mas uma ferramenta para que se estabeleçam interações entre a instituição e o seu público. Descobrimos muito nos últimos anos sobre a maneira como as pessoas aprendem com as exposições. Se forem planejadas com atenção e imaginação, podem inspirar, surpreender, suscitar ideias, promover descobertas e provocar mudanças. Para garantir os melhores resultados, é essencial a definição do público-alvo e o objetivo do museu a fim de se obter o conhecimento necessário para desenvolver uma abordagem apropriada e aprender a partir de experiências anteriores. A preparação e a execução de uma exposição pode ser um dos processos mais extenuantes e, ao mesmo tempo, empolgantes em que os profissionais de museus podem se envolver!

Equipes atuando na montagem de diversas exposições elaboradas pelo Museu de Zoologia.

Fonte: Arquivo MZUSP

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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