Apostila de Educação Física 1ª Série E.M.

6
COLÉGIO MERCEDÁRIO SÃO JOSÉ DISCIPLINA: EDUCAÇÃO FÍSICA 1ª Série do Ensino Médio (4º Bimestre) PROFESSOR: SÉRGIO GAMA

description

Força: Mulher x Homem

Transcript of Apostila de Educação Física 1ª Série E.M.

COLGIO MERCEDRIO SO JOS

DISCIPLINA: EDUCAO FSICA

1 Srie do Ensino Mdio(4 Bimestre)

PROFESSOR: SRGIO GAMA

Fora: Mulher x Homem

IntroduoA diversidade entre os seres humanos sempre foi alvo de estudos / discusses e os temas variam desde humor negro at questes biolgicas e scio-culturais. Uma das maiores controvrsias acontece quando comparamos homem e mulher, tanto que o conceito de gnero surgiu em funo (entre outros motivos de ordem poltica) da subordinao e da desigualdade existente nas relaes entre os sexos. Durante muito tempo as mulheres foram consideradas seres inferiores fsica e intelectualmente, sendo submetidas a uma condio de subservincia. Para elas eram reservados os papis de esposas e mes, no possuam o direito de estudar ou trabalhar, no podiam votar ou debater temas como violncia e sexualidade.O incentivo a prtica desportiva para as mulheres teve incio na dcada de 30. Isso gerou duas correntes. Uma de incentivo, que via o esporte como meio de socializao e prtica de atividade fsica; e outra totalmente contra, que temia quebrar paradigmas sociais e sexuais institudos para cada sexo. Isto fez com que a participao significativa de meninas e mulheres nas competies ocorresse somente 40 anos depois (dcada de 70). Atualmente as atividades atlticas esto muito mais acessveis e tem demonstrado resultados surpreendentes, levando os pesquisadores a se questionarem sobre as diferenas na capacidade fsica entre mulheres e homens. Os temas mais abordados tm sido com relao composio corporal e desempenho atltico. Neste texto tentaremos esclarecer algumas dvidas sobre a diferena entre mulheres e homens quando comparamos a qualidade fsica fora.O nmero de mulheres que utilizam o treinamento de fora como parte do seu planejamento desportivo, condicionamento fsico e esttica tem aumentado consideravelmente. Uma prova a crescente utilizao das academias (salas de musculao), centros de treinamentos (atletas) e uma maior popularizao das provas de fisiculturismo, levantamento de peso e os concursos de fitness.Quando ouvimos falar em fora, as mulheres so sempre consideradas o sexo frgil. Nos primeiros estudos, os resultados afirmavam que os homens eram, para membros inferiors, 30% mais fortes que as mulheres e no caso dos membros superiores estes valores chegavam a 60% (Wilmore e Costill 2001). Ser isto sempre verdade?Alguns fatores que podem influenciar no desenvolvimento da fora muscular so: recrutamento e sincronizao de unidades motoras (McDonagh e Davies 1994), comprimento inicial do msculo ativado, ngulo e velocidade da ao articular, armazenamento de energia e mudana no comprimento do msculo (Wilmore e Costill 2001). No podemos esquecer que o treinamento (musculao) tambm influencia na quantidade de fora.Principais Alteraes promovidas pelo treinamento de fora em mulheres:Ganho de fora (prximo ao dos homens);Perda de massa corporal total (ficam aparentemente mais magras);Perda de massa gorda;Perda de gordura relativa;Ganhos de massa magra isenta de gordura;Tecido sseo e conjuntivo sofrem alteraes (aumento da densidade ssea);Diminui o risco de leses (esporte);Aumenta o metabolismo de repouso (contribuindo para o emagrecimento);

CuriosidadesSegundoWells1978, as mulheres so to ou at mais beneficiadas com o treinamento de fora quanto o homem.Treinamentos de fora para mudanas na composio corporal so da mesma magnitude em homens e mulheres (Fleck & Kraemer 1999)Em um treinamento de fora idntico as mulheres ganham fora muscular na mesma velocidade ou maior do que os homens (Cureton et al 1988).Em geral ambos os gneros tem o mesmo % de fibras tipo I e II (Drinkwater, 1984).Os homens em repouso tm 10x as concentraes de testosterona das mulheres (Wright, 1980). Isto pode explicar os maiores ganhos de hipertrofia muscular nos homens.

MasculinizaoAtualmente h uma preocupao das mulheres quanto a ficarem masculinizadas, mas no h motivos para se preocupar, uma das razes so os nveis baixos de hormnios masculinos (10x menos testosterona). No entanto essas diferenas hormonais no significam que seja impossvel para a mulher ganhar massa muscular. Existem fatores de crescimento como a isoforma autcrina/parcrina do IGF-1 (tipo insulina), liberados em decorrncia do treinamento de fora (musculao) que atuam diretamente na regio estimulada, sendo considerado por diversas pesquisas cientficas como um fator essencial do processo de hipertrofia muscular. O importante direcionar o treino para que os objetivos sejam atingidos.ConclusesOs nveis de fora das mulheres, quando comparados de forma relativa, podem ser iguais ou maiores que os dos homens principalmente nos membros inferiores, porm inmeras so as variveis (intrnsecas e extrnsecas) que influenciam na mensurao desses valores.O ndice elevado de ganho de massa muscular gentico, e caso a hipertrofia ocorra de maneira acentuada (que difcil) possvel de ser controlado com o treinamento. O que no pode acontecer um treinamento com sobrecargas inferiores a recomendada (exemplo- executar 8 repeties com carga para 15), pois assim dificilmente os benefcios do treinamento sero otimizados.

ndices e conceitos relacionados a fisiologia do exerccio

Consumo Mximo de Oxignio (VO2mx.): a taxa mxima que o organismo de um indivduo tem de captar e utilizar o oxignio do ar que est inspirando para gerar trabalho.VO2 max diferente de VO2VO2 refere-se ao consumo de oxignio pelo organismo numa determinada intensidade de exerccio.O VO2max um bom ndice para que possamos classificar o nvel de aptido cardiorrespiratrio, ou seja, para que possamos comparar com dados estatsticos. Todas as tabelas de classificao de aptido fsica foram desenvolvidas a partir de pesquisas realizadas sobre o consumo mximo de oxignio - VO2 Mximo.Essa capacidade (VO2mx.) limitada por alguns fatores, como por exemplo:Fatores genticosMassa muscularAptido fsicaCondicionamento FsicoPode ser melhorada com o treinamento, porm dificilmente mais que 30%. Esses 30%, caso o indivduo, antes de iniciar o programa de treinamento, seja uma pessoa destreinada. Caso j seja treinado o percentual de melhora ser bem menor.Quanto maior for o nvel de condicionamento fsico mais difcil ser aumentar essa capacidade, em alguns casos nem aumentada.Por exemplo:Enquanto um sedentrio pode melhorar seu VO2 mximo em at 30%, um atleta muito bem treinado consegue melhorar seu VO2 max em muito pouco, no mximo em 5%.

Vejamos esse caso:Se geneticamente uma pessoa destreinada de 70,0 kg de peso, tem um VO2 Max de 2,5 l/min poder melhorar seu VO2 em 30% chegando a um VO2 de 3,25 l/min, o que d um valor relativo de 46,4 ml/kg/min. No entanto para que ela possa estar figurando entre os melhores maratonistas do mundo necessitaria ter um VO2 de 5,0 l/min, ou seja, 70,0 ml/kg/min (mdia dos melhores maratonistas). Do ponto de vista do VO2 mximo, ela jamais estar entre os melhores do mundo. Isso no quer dizer que no possa completar uma maratona, mas sim que esse indivduo dificilmente seria um campeo dessa prova.Mesmo o consumo mximo de oxignio no sendo aumentado possvel melhorar a performance de um indivduo.O VO2 mximo o melhor ndice fisiolgico para classificao e triagem, no entanto o Limiar Anaerbio se mostra mais adequado para aplicao das cargas de treinamento.

Limiar Anaerbio:Refere-se intensidade de exerccio onde o nvel de lactato sanguneo comea a se acumular numa velocidade mais alta do que vinha acontecendo em intensidades de exerccio mais leves. A partir desse ponto a velocidade de produo de lactato ultrapassa a velocidade de remoo causando um acmulo que vai se acentuando cada vez mais.Existem basicamente dois Limiares:limiar 1:representa o ponto onde a produo de lactato aumentada, mas ainda existe um equilbrio entre produo e remoo, as fontes aerbias de energia continuam sendo predominantes no fornecimento de energia para a atividade;limiar 2:representa o ponto onde a produo de lactato aumentada desproporcionalmente ao que vinha acontecendo nas intensidades inferiores de exerccio, e a fonte energtica aerbia no consegue mais manter "sozinha" (predominantemente) o fornecimento de energia, passando a necessitar de ajuda das fontes anaerbias, que acentuam o acmulo de lactato induzindo fadiga precocemente.A partir de agora quando nos referirmos ao Limiar Anaerbio estaremos nos referindo ao Limiar 2At antes do limiar anaerbio, produo e remoo de lactato esto equilibradas.Utilizaremos nessa apostila cido ltico e lactato como sendo sinnimos, desprezaremos suas diferenas.Em qualquer intensidade de exerccio existe produo de lactato, porm em intensidades abaixo do limiar esse lactato no se acumula, pois a velocidade de remoo igual a velocidade de produo. O lactato s vai se acumular quando a velocidade de remoo for inferior velocidade de produo.O Limiar Anaerbio pode ser expresso em:VO2:ml.kg-1.min-1;Carga:km/h, mph, watts, kp, etc.Frequncia Cardaca:bpm

Freqncia Cardaca de repouso: o nmero de batimento cardacos durante um minuto numa situao de repouso.

Peso:Refere-se massa corporal do avaliado

Freqncia cardaca mxima (FC Max.): a maior freqncia cardaca atingida no teste. A freqncia cardaca mxima atingida quando percebemos que mesmo aumentando a carga de trabalho no existe um aumento da freqncia cardaca.No pode ser alterada com o treinamento fsico. O nico fator identificado que altera a FC Mx. a idade. - A FC Mx. diminuda em 1 batimento a cada ano. Portanto um indivduo que possui sua FC Mx de 200 bpm com vinte anos de idade dever ter sua FC Mx. 20 batimento a menos quando estiver com 40 anos de idade, ou seja 180 bpm.

Carga mxima atingida: a carga de trabalho mais alta atingida no teste, geralmente considerada quando o indivduo chega exausto.

Freqncia cardaca do limiar: a freqncia cardaca correspondente intensidade de trabalho (carga de exerccio) onde se verificou o limiar anaerbio.

Diferenas: interessante que se faa um teste que esteja o mais prximo possvel do tipo de atividade que aquela pessoa realiza ou vai realizar, pois resultados entre testes em bicicleta e em esteira so diferentes. Essas diferenas acontecem devido a dois fatores bsicos: massa muscular envolvida na atividade e eficincia mecnica.

Massa muscular envolvida:Quanto maior a massa muscular envolvida no exerccio maior ser a sua FC Mxima e tambm seu VO2 Mximo. possvel que sua FC e seu VO2 do Limiar tambm sejam maiores. Isso vai depender da eficincia mecnica para determinada atividade.

Eficincia Mecnica:O teste deve ser realizado o mais prximo possvel do tipo de movimento envolvido na atividade, para que seja mantida a eficincia mecnica. Por exemplo muito pouco eficiente um nadador realizar um teste em esteira rolante com objetivo de buscar ndices para treinamento ou mesmo para saber se sua aptido fsica melhorou, pois a mecnica do nado muito diferente mecnica da corrida.Um dos principais problemas na avaliao da condio fsica o tipo de teste a ser aplicado, pois quanto mais prximos da realidade da performance daquela atleta mais difcil de se controlar as variveis envolvidas, assim como, quanto mais conseguimos controlar as variveis, mais distantes da performance estamos. Um bom processo de avaliao aquele que leva em considerao esses parmetros.Temos dois plos, de um lado a eficincia mecnica (performance) do outro o controle de variveisQuanto mais eu controlo as variveis mais influncia exero sobre o avaliado (posso ter uma alterao sobre o resultado), assim como quanto menos influncia eu exero sobre o avaliado (tambm posso ter uma alterao sobre o resultado, pois tenho menos dados para analisar).Portanto o processo de avaliao no se resume a um simples teste, seja ele o mais sofisticado possvel. O teste uma ferramenta pela qual medimos, avaliao a interpretao dessa medida.