Apostila Centro Espiritualista Kindu

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Apostila do Centro Esprita Kindu Estrela do Oriente Temas: 1 Espiritismo 2 Mediunidade 3 Doutrinao 4 Cirurgias Espirituais

-2Introduo ................................................................................................................................................... Pg. 05 Primeira Parte Da Doutrina dos Espritos ou Do Espiritismo Dias 07/01/2008 e 14/01/2008 Captulo 1 - Do Espiritismo ou Doutrina dos Espritos ..............................................................Pg. 09 1.1 Da Codificao.......................................................................................... Pg. 11 1.2 Dos Aspectos do Espiritismo.................................................................. Pg. 12 1.3 Espiritismo X Espiritualismo....................................................................Pg. 14 1.4 Da Doutrina Esprita e alguns conceitos Antigos ..................................Pg. 15 1.5 Do Kardecismo e da Mesa Branca ...................................................Pg. 16 Captulo 2 Do Consolador Prometido ....................................................................................Pg. 17 Captulo 3 - Do Esquecimento do Passado: questo fsica e questo moral...........................Pg. 22 Captulo 4 Dos Resultados do Espiritismo ...............................................................................Pg. 24

Segunda Parte Da Mediunidade e Dos Mdiuns Dias 07/01/2008 e 14/01/2008 Captulo 1 Da Mediunidade ........................................................................................................Pg. 26 1.1 Da Mediunidade Direta e Da Mediunidade Indireta.................................Pg. 29 1.2 Da Mediunidade e Suas Comunicaes .................................................Pg. 33 1.3 A F sem Obras na Doutrina dos Espritos ............................................Pg. 34 1.4 Do Mdium Esprita ..................................................................................Pg. 36 1.5 Da Causa das Possveis Diferenas entre Pessoas e mesmo tipo de Aptido Medinica ........................................................................................................................Pg. 39 1.6 Das Provas / Expiaes e Misso na Mediunidade ...............................Pg. 41 1.7 Do no cumprimento da responsabilidade com relao Mediunidade

...........................................................................................................................................Pg. 45 1.8 Da Linguagem dos Espritos ...................................................................Pg. 49 1.9 De Outras Dvidas e Conseqncias .....................................................Pg. 52 Captulo 2 - Allan Kardec e sua dificuldade na Codificao .....................................................Pg.. 53 Captulo 3 Chico Xavier e seu Apostolado Medinico ............................................................Pg. 55 Captulo 4 Da Concluso ............................................................................................................Pg. 58

-3Terceira Parte Obsesso e Doutrinao Dia 21/01/2008 Captulo 1 Da Dvida Preliminar.................................................................................................Pg. 60 Captulo 2 Do Doutrinador, Do Mdium e da Suposta Vtima................................................. Pg. 61 2.1 Da Postura do Doutrinador e Da Sua Funo ........................................ Pg 61 2.2 - Do Papel do Mdium ................................................................................ Pg. 64 2.3 Da Postura da Suposta Vtima ................................................................ Pg. 65 Captulo 3 Dos Tipos de interferncia ...................................................................................... Pg. 67 3.1 Da Desobsesso e da Limpeza Energtica ........................... ............ Pg. 68 Captulo 4 Da Limpeza Energtica ou Do Equilbrio Energtico .................................... Pg. 69 4.1 Da Limpeza Energtica: suas causas e conseqncias ...................... Pg. 69 Captulo 5 Do que seria uma Obsesso ................................................................................... Pg. 71 5.1 Das Causas da Obsesso ....................................................................... Pg. 72 5.2 De quem poder sofrer uma Obsesso ................................................. Pg. 74 5.3 Das Conseqncias da Obsesso ......................................................... Pg. 74 Captulo 6 Do Momento Posterior Doutrinao ................................................................... Pg. 75 6.1 - Do Arrependimento Dos Espritos ......................................................... Pg. 75 6.2 Do No Esclarecimento da Vtima .......................................................... Pg. 77 Captulo 7 Do Conhecimento do Espiritismo .......................................................................... Pg. 79 Captulo 8 Da Concluso ........................................................................................................... Pg. 83

Quarta Parte Cirurgias Espirituais, Aplicaes e Tratamentos com a Sade no Centro Esprita Captulo 1 Dos Esclarecimentos Preliminares ........................................................................ Pg. 85 Captulo 2 Da Presena no Centro Esprita ............................................................................. Pg. 86 2.1 Do Exemplo pelas Observaes ............................................................ Pg. 88 2.2 Do Papel do Centro na Divulgao da Doutrina Esprita ..................... Pg. 89 2.3 Da Funo do Centro para Conscientizar ............................................. Pg. 90 Captulo 3 Dos Preparativos Iniciais e dos Trabalhos Especficos ....................................... Pg. 92 3.1 Do Atendimento ....................................................................................... Pg. 93

-43.2 Das Formas de Tratamento Fsico e Espiritual ..................................... Pg. 94 3.3 Do Centro como um Pronto-Socorro Espiritual .................................... Pg. 95 Captulo 4 Do Perisprito ........................................................................................................... Pg. 96 Captulo 5 Dos Desajustes Fsicos e Espirituais .................................................................... Pg. 99 5.1 Do Desajuste no Corpo, Perisprito e Esprito ...................................... Pg. 99 5.2 Do Desajuste Ocasionado Pela Obsesso .......................................... Pg. 101 Captulo 6 Dos Tipos de Cirurgias Espirituais ...................................................................... Pg. 102 6.1 Das Sensaes Fsicas e Espirituais na Cirurgia e Micro ................. Pg. 103 6.2 Das Relaes do Corpo, Perisprito e Esprito nas Cirurgias Espirituais ............................................................................................................................. Pg. 104 Captulo 7 Dos Tratamentos Complementares ..................................................................... Pg. 106 7.1 Da Aplicao .......................................................................................... Pg. 106 7.2 Da Transfuso ........................................................................................ Pg. 106 Captulo 8 Da Participao Direta de um dos Instrutores .................................................... Pg. 108 8.1 Da Postura das Pessoas Frente aos Instrutores ................................ Pg. 108 8.2 Do Processo Crmico ............................................................................ Pg. 109 8.3 Da Cirurgia e da Micro-Cirurgia juntamente como o Processo Crmico ............................................................................................................................. Pg. 111 8.4 Das Outras Dvidas com Relao s Cirurgias .................................... Pg. 114 8.5 Da Programao da Vida e do Princpio Vital........................................ Pg. 116 8.6 Da Cura Real ou Temporria ................................................................... Pg. 119 8.7 Do Trabalho em Conjunto: Instrutores e Mdiuns ................................ Pg. 120 Captulo 9 Das Palavras Finais e Concluses ....................................................................... Pg. 121

Anexo: Apostila Doutrinador Rubens C. Romanelli ........................................................................... Pg. 124

-5Introduo O Centro Esprita Kindu Estrela do Oriente foi fundado no ano de 1991 pela mdium Encarnacion Lau, tendo como Instrutor Espiritual o Dr. Kindu. Ao longo de todos esses anos foram atendidas milhares de pessoas que buscavam orientao para seus males fsicos e espirituais, sendo que tais trabalhos ocorriam (e ocorrem) sempre as segundas e quintas-feiras. Nas quartas-feiras sempre existiu o trabalho de desenvolvimento dos mdiuns para os atendimentos espirituais, os quais so fechados para o pblico. A mediunidade utilizada a Psicofonia (comunicao dos Espritos atravs do aparelho vocal do mdium), sendo que outras mediunidades desenvolvidas so, por hora, utilizadas apenas em momentos em que o Centro no est aberto ao pblico (ou, mais especificamente, em trabalhos internos). Durante todos esses anos, centenas de mdiuns entraram e saram da Casa (apelido carinhoso dado ao nosso espao), uns por motivos pessoais, outros por motivos profissionais. Na atualidade, apenas alguns dos primeiros mdiuns ainda participam das atividades. Ocorre que, por questes envolvendo a quantidade e o acmulo de trabalho sobre a fundadora e dirigente do Centro, at h pouco mais de 05(cinco) anos, no havia um estudo sistematizado da Doutrina dos Espritos. Isso fazia com que todos aprendessem na prtica, faltando o conhecimento dos mecanismos que envolvem a comunicao entre os 02(dois) planos da vida (fsico e espiritual), juntamente com os outros trabalhos que eram realizados (doutrinao, cirurgias, transmisso de energia, etc). Mas, como foi dito, a pouco menos de 05(cinco) anos, houve a inteno de algumas pessoas de tentar implantar o estudo da Doutrina dos Espritos, sempre orientados pelos Instrutores Espirituais de que aquilo seria necessrio para crescimento do Centro. Sem isso, eles no poderiam implantar alguns outros trabalhos prticos e seria dificultosa a ao dos mesmos sobre os mdiuns. Pois bem. Embora sempre fosse dada seqncia no Livro dos Espritos, ainda no havia (e ainda no h), a verdadeira sistematizao, a qual dever ocorrer nos prximos anos. No futuro, tanto a qualidade como o entendimento sero a base fundamental.

-6No sem luta, o estudo continua assentado agora sobre, simultaneamente, O Livro dos Espritos e o Livros dos Mdiuns. Tais livros so a base fundamental da Doutrina Esprita1. Embora houvesse a tentativa de dirimir o maior nmero de dvidas possvel (com base nos livros acima), muito se perdia por falta de tempo para que pudessem ser estudados temas variados, os quais, por vezes, so de grande utilidade para a prtica esprita e medinica, sendo necessrios outros meios (alm do prprio estudo aos domingos). O Centro conta com aproximadamente 40(quarenta) associados, sendo em sua completa maioria mdiuns, os quais precisam estar presentes em praticamente todos os trabalhos (atendimentos de segunda e quinta-feira, desenvolvimento s quartas-feiras e estudo aos domingos intercalados). Por esse acmulo durante todo o ano, no ms de janeiro acaba-se suspendendo as atividades de atendimento, restando apenas os estudos as quartas-feiras e transmisso de energia (passe) s segundas-feiras. Por causa disso, aps os passes nas segundas-feiras deste perodo de frias, todos os anos acabou-se adotando a discusso de temas relevantes e que geravam imensas dvidas. Havia, portanto, grande satisfao naqueles que participavam destes debates. Muitos pediam mais oportunidades como aquela. Portanto, no incio desse ano de 2008, foram programados os seguintes debates com as respectivas discusses: 1. 07 de Janeiro de 2008: Espiritismo e Mediunidade; 2. 14 de Janeiro de 2008: Espiritismo e Mediunidade; 3. 21 de Janeiro de 2008: Doutrinao e Desobsesso; 4. 28 de Janeiro de 2008: Cirurgias Espirituais e tratamentos de Sade.

Como seriam assuntos de extrema relevncia, ficou decidido que os debates seriam todos gravados para que pudessem ser transformados em apostila, da seguinte forma: 1 Passo: gravao dos udios dos 04(quatro) encontros, sendo por volta deA Codificao de Allan Kardec formada pelas seguintes obras: O Livro dos Espritos, O Livro dos Mdiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Cu e o Inferno, A Gnese e Obras Pstumas.1

-701h:30min (uma hora e trinta minutos) cada um deles, somando quase 06h (seis horas) no total; 2 Passo: transformao de todos os udios em texto, respeitando todas as falas e quem as pronunciou. As falas ocuparam, aproximadamente, 70(setenta) pginas, sendo 6.036min (seis mil e trinta e seis minutos) ou 100h (cem horas) para proceder com toda a transcrio; 3 Passo: dividir os temas, dvidas e concluses na respectiva apostila. Para elaborao foram gastos: 1) Espiritismo e Mediunidade: 6.642min (seis mil, seiscentos e quarenta e dois minutos), ou seja, aproximadamente 110h (cento e dez horas). 2) Doutrinao: 1.271min (um mil, duzentos e setenta e um minutos), sendo pouco mais de 21h(vinte e uma horas). 3) Cirurgias Espirituais: 2.626min (dois mil, seiscentos e vinte e seis minutos), ou seja, mais de 43h (quarenta e trs horas). Como curiosidade tambm, para montar o ndice, ou melhor, para montar quais seriam as seqncias de assuntos e suas divises: 1.108min (um mil cento e oito minutos), ou seja, pouco mais de 18h(dezoito horas). Somando todo o tempo, levou-se 292h (duzentas e noventa e duas horas) para a transcrio e elaborao de todo o trabalho, pelo perodo aproximado de 05(cinco) meses. Como Debatedores (conforme finalizao de cada uma das partes da apostila), foram considerados todos aqueles que se dispuseram a se manifestar por mais de 02(duas) vezes. Os Participantes so todos aqueles que estavam presentes, mas no se manifestaram. Por fim, vale esclarecer que os assuntos seguiram certa seqncia durante os debates, mas s ganharam estruturao aqui apresentada aps toda a coordenao das idias e pensamentos. Por causa disso tambm, a grande maioria das notas de rodap e outros adendos, como tambm vrios itens dentro dos captulos foram colocados na verso final, sem, contudo, terem feito parte dos debates em si, por absoluta falta de tempo. Mas fcil notar que entre todos os assuntos e acrscimos existe coerncia. Espera-se que seja de boa utilidade todo o trabalho

desenvolvido, pois ele tende divulgao de todos os interessados em conhecer e se aprofundar um pouco mais na Doutrina Esprita.

-8Vale ressaltar, no entanto, que aqui so apresentadas algumas linhas gerais de dvidas e questionamentos dirios, no devendo a presente apostila substituir o estudo da Doutrina dos Espritos em todas as obras da Codificao. Como ser sempre dito durante os captulos, esse foi o primeiro passo, no sendo, portanto, uma palavra final ou completamente correta. Foi, e , uma busca para as grandes verdades da Vida. Antes dos agradecimentos gerais, agradeo em particular aos Revisores, os quais contriburam sobremaneira nas correes, dvidas e melhoramentos. A ajuda de vocs foi essencial! Alm disso, devem-se agradecimentos: AcidZero: pela atualizao do logotipo do Centro, melhorando (e muito), mas preservando caractersticas originais; Mdiuns e/ou Associados: por fazerem parte do Centro e, de uma forma ou de outra, terem ajudado durante todos esses anos; Espritos Obsessores: pela observao deles que foi possvel analisar a pratica de como devemos proceder; Anjos da Guarda: pela disposio em nos ajudar, independente das atitudes que temos diariamente; Bons Espritos: por todo o amparo necessrio; Espritos Instrutores: por fazerem parte da vida dos mdiuns de forma positiva, incentivando-os a seguirem sempre adiante, em meio a tantas tormentas; Allan Kardec e Chico Xavier: por serem espritos da mais alta hierarquia e nos ajudarem: um na teoria e o outro na prtica. Kardec era a nossa curiosidade e Chico, a nossa necessidade! Escolheria visitar Allan Kardec, mas moraria com Chico Xavier!2 Mestre Jesus: por ter se deslocado at esse planeta para nos ensinar a verdadeira f, confiana e exemplo de conduta para a vida social; DEUS: inteligncia suprema, causa primeira de todas as coisas. Por permitir com que todos ns tivssemos novas chances. Pela Sabedoria, Misericrdia e Justia para com todos os seus filhos.

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Obra Hospital dos Mdiuns, Pelo Espirito Domingas, atravs da Psicografia de Carlos A. Baccelli.

-9Primeira Parte Da Doutrina dos Espritos ou Do Espiritismo

Captulo 1 Da Doutrina dos Espritos ou Do Espiritismo Primeiramente, devemos indagar o que o Espiritismo ou, com exatamente o mesmo sentido, a Doutrina dos Espritos. Veremos que alguns conceitos gerais precisam ser revistos e/ou ampliados, motivo pelo qual analisaremos alguns posicionamentos. Diz-se que o Espiritismo sempre existiu na humanidade, desde pocas antigas. Levou esse nome a partir de Allan Kardec3. Segundo isto, nada mais seria do que a manifestao dos Espritos (que esto invisveis) no plano fsico. Mas isso, em si, pode ser considerada a manifestao ou comunicao e no a Doutrina Esprita em si. Logo vem a dvida: mas ela trata exatamente do qu? De certa forma, trata do Esprito, que compreendido como individualidade inteligente da Criao, sendo imortal. Sua finalidade a comprovao de que existe uma vida aps a morte do corpo fsico, pois os Espritos vm e nos comprovam que no morremos, apenas mudamos de vibrao quando deixamos o corpo fsico (continuaremos vivendo). O objetivo ir e vir vrias vezes para se aperfeioar e um dia chegar perfeio4. Muitos ainda podem dizer que o Espiritismo a reencarnao5 ou, ainda, que ela tem como fundamento os ensinamentos de Cristo em sua essncia (bondade, caridade, irmandade) etc. Por isso, a Doutrina Esprita seria uma tentativa de volta aos primeiros princpios do Cristianismo (o qual um tratado da vida social para as relaes da vida e no simplesmente uma religio). Sobre a reencarnao6, podemos afirmar que esse um dos assuntos que o Espiritismo estuda (conforme veremos adiante), mas uma idia no se confunde com a outra. Na segunda parte, poderamos confundir os conceitosHippolyte Lon Denizard Rivail, (Lyon, Frana, 3 de outubro de 1804 Paris, 31 de maro de 1869) foi um professor, pedagogo e escritor francs.4 5 6 3

Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal a lei. Allan Kardec. Processo natural de aperfeioamento dos espritos atravs das vidas sucessivas no corpo fsico. Ver Livro dos Espritos, Parte Segunda, Captulo IV Da Reencarnao.

- 10 cristos com a Doutrina Esprita em si, o que fugiria da realidade, pois a moral apenas uma conseqncia. Claro que tais ensinos cristos fazem parte da moral esprita, isso inegvel, mas no estamos, por hora, tratando disso. Acertadamente podemos tambm dizer que ela religio, filosofia e cincia. Mas esses aspectos sero estudados adiante. Poderamos tentar definir, ainda, como sendo a doutrina codificada por Allan Kardec com o objetivo de esclarecer a humanidade que a morte no existe. DEUS no nos teria criado para viver apenas uma vida, pois vemos que ela no acaba nunca (reencarnao). De modo simples e direto, poderamos tambm dizer que sua finalidade divulgar e esclarecer para, em seguida, ser aplicado (praticar). A funo de um Centro Esprita seria de ajudar a desenvolver o intelecto (pelo estudo constante) e a moral (pelos ensinos cristos), sendo a mediunidade uma conseqncia. Enfim, seu objetivo a divulgao sobre questes da vida, fsica e espiritual (corprea e extra-corprea). A mensagem foi passada pelos espritos atravs da mediunidade, pois eles vm falar da responsabilidade da vida, das relaes da vida, do porqu da vida. Tambm das relaes da vida espiritual e seus respectivo resultado, ou seja, nada mais do que atos e conseqncias, causa e efeito, tudo com base nas intenes. De forma mais tcnica: o conjunto de princpios e leis, revelados pelos Espritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificao Esprita7; tambm uma cincia que trata da natureza, origem e destino dos Espritos, bem como de suas relaes com o mundo corporal8; e, por fim, o Espiritismo realiza o que o Mestre Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que est na Terra; atrai para os verdadeiros princpios da lei de DEUS e consola pela f e pela esperana9. O que revela10: conceitos novos e mais aprofundados a respeito de DEUS, do Universo, dos Homens, dos Espritos e das Leis que regem a vida; Revela, ainda, o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo daO Livro dos Espritos, O Livro dos Mdiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Cu e o Inferno e A Gnese.8 7

Allan Kardec (O que o Espiritismo Prembulo); Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Captulo VI 4. Federao Espirita Brasileira.

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- 11 nossa existncia e qual a razo da dor e do sofrimento. Sua abrangncia11: trazendo conceitos novos sobre o homem e tudo o que o cerca, o Espiritismo toca em todas as reas do conhecimento, das atividades e dos comportamentos humanos, abrindo uma nova era para a regenerao da Humanidade; Pode e deve ser estudado, analisado e praticado em todos os aspectos fundamentais da vida, tais como: cientfico, filosfico, religioso, tico, moral, educacional, social. DEUS: inteligncia suprema, causa primeira de todas as coisas. Jesus: o guia e modelo. Allan Kardec: a base fundamental.

1.1 Da Codificao Sem a necessidade de aprofundamento no presente momento, a Doutrina dos Espritos utiliza como fundamento a Codificao de Allan Kardec, composta pelas seguintes obras:

1. O Livro dos Espritos => Filosofia Espiritualista. Princpios da Doutrina Esprita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espritos e suas relaes com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade - segundo os ensinos dados por Espritos superiores com o concurso de diversos mdiuns.

2. O Livro dos Mdiuns => ou Guia dos Mdiuns e dos Evocadores. Ensino especial dos Espritos sobre a teoria de todos os gneros de manifestaes, os meios de comunicao com o mundo invisvel, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeos que se podem encontrar na prtica do Espiritismo constituindo o seguimento d O Livro dos Espritos.

3. O Evangelho Segundo o Espiritismo => a explicao das mximas morais do Cristo em concordncia com o Espiritismo e suas aplicaes s diversas circunstncias da vida. F inabalvel s o a que pode encarar frente a frente a razo, em todas as pocas da Humanidade.

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Idem.

- 12 4. O Cu e o Inferno => ou A Justia Divina Segundo o Espiritismo. Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demnios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situao real da alma durante e depois da morte. "Por mim mesmo juro - disse o Senhor Deus - que no quero a morte do mpio, seno que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva". (EZEQUIEL, 33:11).

5. A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo => A Doutrina Esprita como resultado do ensino coletivo e concordante dos Espritos. A Cincia chamada a constituir a Gnese de acordo com as leis da Natureza. DEUS prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e no pela ab-rogao delas. Para DEUS, o passado e o futuro so o presente.

1.2 Dos Aspectos do Espiritismo Podemos dizer que so 03(trs) os aspectos da Doutrina dos Espritos: cincia, filosofia e religio. Vejamos12: 1. O que Doutrina? um conjunto de princpios bsicos, fundamentais, de um sistema religioso, poltico ou filosfico; 2. Cincia: conhecimento rigoroso e racional de qualquer assunto; corpo de conhecimentos, sobre um determinado tema, obtido mediante um mtodo prprio; domnio organizado do saber; 3. Filosofia: cincia geral dos princpios e das causas; investigao dos princpios essenciais que supem uma cincia particular; 4. Religio: culto prestado divindade; crena na existncia de uma ou mais foras sobrenaturais. A palavra Religio deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religao" com o divino. Essa definio engloba necessariamente qualquer forma de aspecto mstico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como caracterstica12

Lngua Portuguesa On-Line: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx . Acessado em 07/02/2008.

- 13 fundamental um contedo Metafsico, ou seja, alm do mundo fsico13. Devemos lembrar que a importncia da religio, seja qual for, acreditar em algo superior. O Espiritismo se mostra coerente porque tenta desvendar e explicar a relao das pessoas e suas dificuldades, deficincias, dificuldades fsicas e materiais, etc. Ele responde perguntas que por vezes nos deixa revoltados: Ah, porque DEUS quis! Como pode DEUS querer algo ruim? Todas essas questes encontram explicao em algo que pode ter sido causado antes da atual existncia. O Espiritismo objetivo, racional. A Prof. Dora Incontri, ps-doutorada pela Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo, defende o carter cristo da Doutrina Esprita, apontando na proposta estruturada por Allan Kardec um novo modelo de religio, alheio a dogmas, frmulas, hierarquias sacerdotais e baseado

eminentemente no aspecto tico-moral do sujeito. Considera ainda Rousseau e Pestalozzi como os dois grandes precursores da idia de uma "religiosidade natural", predominantemente moral, e defende que "evidenciou-se com a publicao de O Evangelho segundo o Espiritismo e de O Cu e o Inferno que, embora no o confessasse, ele [Kardec] estava fazendo uma nova leitura do Cristianismo". (Pedagogia Esprita: um projeto brasileiro e suas razes histrico-filosficas, So Paulo, Feusp, 2001, pg. 74)14. Sob o aspecto cientfico do Espiritismo, podemos dizer que enquanto as investigaes cientficas convencionais utilizam o mtodo cientfico dedutivo, no Espiritismo mais comum o uso do mtodo cientfico hipotticodedutivo. Enquanto no primeiro mtodo busca-se provar totalmente a hiptese, no segundo busca-se por evidncias empricas que vo de encontro hiptese. Outro mtodo utilizado no espiritismo o fenomenolgico, criado por Edmund Husserl15. Para maior entendimento sobre questes como essas, devemos nos reportar diretamente para a Introduo ao Estudo da Doutrina Esprita, contida no incio de O Livro dos Espritos. Por fim, o Espiritismo no impe os seus princpios,

simplesmente os expe. Isto , convida os interessados em conhec-lo, aReligio: Em Busca Da Transcendncia. http://www.xr.pro.br/Religiao.html . Acessado em 07/02/2008.14 15 13

Wikipdia, a enciclopdia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritismo . Acessado em 07/02/2008.

O fenominologista Edmund Husserl declara que a realidade mental e espiritual possui sua prpria realidade, independente de qualquer base fsica e que a cincia do esprito deve ser estabelecida sobre um fundamento to cientfico como aquele alcanado pelas cincias naturais.

- 14 submeterem os seus ensinos ao crivo da razo, antes de aceit-los. Por isso diz-se, com razo, ser a Doutrina dos Espritos uma f raciocinada, onde devemos estudla e analis-la, sem o que, perde-se o sentido original. Allan Kardec: F inabalvel s o a que pode encarar frente a frente a razo, em todas as pocas da Humanidade.

1.3 Espiritismo X Espiritualismo Normalmente as pessoas confundem os 02(dois) termos. Por causa disso, vamos tentar explicar sucintamente a diferena entre ambos. O que o Espiritualismo? Espiritualismo toda a doutrina que acredita na sobrevivncia do Esprito, seja de que maneira for: Muulmanos, Judeus, Catlicos, Evanglicos. No estamos tratando das diferenas de como cada uma acredita. Se a pessoa acredita, Espiritualista. Mas Kardec teve a inteno de ir alm. Ele pegou um termo exclusivo, para diferir das doutrinas que existiam, inclusive por causa das comunicaes / manifestaes. Vejamos o que o prprio Codificador nos diz na Introduo ao Estudo da Doutrina Esprita, contida no incio de O Livro dos Espritos: Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confuso inerente aos mltiplos sentidos dos prprios vocbulos. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo tm uma significao bem definida; dar-lhes outra, para aplic-las Doutrina dos Espritos, seria multiplicar as causas j to numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo o oposto do materialismo; quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa alm da matria espiritualista; mas no se segue da que creia na existncia dos Espritos ou em suas comunicaes com o mundo visvel. Em lugar das palavras espiritual e espiritualismo empregaremos, para designar esta ltima crena, as palavras esprita e espiritismo, nas quais a forma lembra a origem e o sentido radical e que por isso mesmo tm a vantagem de ser perfeitamente inteligveis, deixando para espiritualismo a sua significao prpria. Diremos, portanto, que a Doutrina Esprita ou o Espiritismo tem por princpio as relaes do mundo material com os Espritos ou seres do mundo invisvel. Os

- 15 adeptos do Espiritismo sero os espritas, ou, se o quiserem, os espiritistas. Como especialidade o Livro dos Espritos contm a Doutrina Esprita; como generalidade liga-se ao Espiritualismo, do qual representa uma das fases. Essa a razo porque traz sobre o ttulo as palavras: Filosofia Espiritualista. Portanto, uma vez mais restam claros os termos corretos: Doutrina dos Espritos ou Espiritismo.

1.4 Da Doutrina Esprita e alguns conceitos Antigos A fonte moral do Espiritismo o Cristianismo (e no o Catolicismo). Com isso, o principal personagem16 o Mestre Jesus. Jesus faz uso, assim como o Espiritismo tambm faz, de algumas idias um tanto quanto confusas e incongruentes, modificando e alterando para poder afirmar. Por exemplo, a idia da metempsicose17, que aceita em outras doutrinas espiritualistas antigas (egpcios, gregos, hindus). O Espiritismo utilizandose da base dessa idia que correta (porque o esprito pode retornar vida), a modifica para esclarecer que o Esprito pode no mximo estacionar, jamais regredir. Neste caso, retornar para o corpo de um animal seria regredir nas condies de manifestao da conscincia e livre arbtrio. Ns no iramos ter todas as condies cerebrais, racionais. S que o Espiritismo, ao invs de chamar de metempsicose ou ressurreio, cria um termo exato para ele: reencarnao. por isso que a idia e a palavra correta surgiu com a Doutrina dos Espritos, pois era necessrio dar maior esclarecimento sobre o tema. Ento o Espiritismo afirma: a reencarnao parte da idia da metempsicose ou da ressurreio, s que o esprito pode voltar quantas vezes forem necessrias, sempre num corpo fsico humano, para se aperfeioar at alcanar a condio de Esprito Perfeito. O16

Espiritismo

estuda

esses

conceitos

antigos,Portuguesa

do

qual

Pessoa notvel, ilustre, importante. Lngua http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx . Acessado em 11/02/2008.17

On-Line:

Idia segundo a qual a alma pode animar, sucessivamente, variados corpos, de homens, animais e vegetais. Wikipdia, a enciclopdia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Metempsicose. Acessado em 11/02/2008. Para a Doutrina dos Espritos, a alma pode no mximo estacionar, jamais regredir. Com isso a metempsicose no aceita da Doutrina dos Espritos.

- 16 poderamos utilizar vrios outros, mas para ilustrar essa questo no seria necessrio se alongar ainda mais. No entanto, as manifestaes espirituais sempre existiram, de forma desordenada, desequilibrada, sem maiores explicaes e embasamentos, sem qualquer estudo ou codificao. Passa a existir a manifestao organizada a partir da doutrina dos espritos em 1857, quando lanado o Livro dos Espritos.

1.5 Do Kardecismo e da Mesa Branca Vemos desde o incio que os termos corretos so: Doutrina dos Espritos ou Espiritismo. Mas por que ns chamamos de mesa branca? Tal termo incorreto, pois no existe doutrina religiosa que tenha esse nome. Do mesmo modo, no existe Kardecismo, embora alguns autores tentem aplicar esse termo para o Espiritismo. Vamos analisar as 02(duas) questes. A Doutrina no kardecista, pois Kardec foi o Codificador: sua responsabilidade foi de reunir, juntar, estruturar e organizar, no tendo sido ele o inventor. Chamamos de Doutrina dos Espritos porque eles mesmos a ditaram, faltando algum para reunir e tornar inteligvel. Da mesma forma no existe mesa branca, pois Espiritismo s existe um. Acabaram usando esse termo para diferenciar das Doutrinas Africanas (ex: Umbanda), que nada mais so do que Espiritualistas. Na verdade, em ambos os casos ocorreu para diferenciar de outras Doutrinas que tinham tambm cunho espiritual. Diz-se que as doutrinas africanas, devido s represlias que sofreram, em especial no perodo da ditadura militar, passaram a se auto-intitular espritas num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso. Escolheram o espiritismo devido proximidade existente entre certos conceitos dessas doutrinas18. Agora, com o conhecimento, o erro se torna mais grave (em se difundir de modo equivocado), principalmente para aqueles que participam ativamente dessas atividades.

18

Wikipdia, a enciclopdia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritismo . Acessado em 07/02/2008.

- 17 Captulo 2 Do Consolador Prometido Antes de analisarmos a questo do Consolador Prometido, necessrio relembrar quais seriam as 03(trs) grandes revelaes religiosas da histria. Mas primeiro, vamos ver o que significa a palavra revelao19: Definamos primeiro o sentido da palavra revelao. Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum, vu, significa literalmente sair de sob o vu - e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. Em sua acepo vulgar mais genrica, essa palavra se emprega a respeito de qualquer coisa ignota que divulgada, de qualquer idia nova que nos pe ao corrente do que no sabamos. O Codificador continua em seguida: A caracterstica essencial de qualquer revelao tem que ser a verdade. Revelar um segredo tornar conhecido um fato; se falso, j no um fato e, por conseqncia, no existe revelao. Toda revelao desmentida por fatos deixa de o ser, se for atribuda a Deus. No podendo Deus mentir, nem se enganar, ela no pode emanar dele: deve ser considerada produto de uma concepo humana. No mesmo captulo, item 7, tratada a questo da f religiosa: No sentido especial da f religiosa, a revelao se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem no pode descobrir por meio da inteligncia, nem com o auxlio dos sentidos e cujo conhecimento lhe do Deus ou seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspirao. Neste caso, a revelao sempre feita a homens predispostos, designados sob o nome de profetas ou messias, isto , enviados ou missionrios, incumbidos de transmiti-la aos homens. Considerada debaixo deste ponto de vista, a revelao implica a passividade absoluta e aceita sem verificao, sem exame, nem discusso. No restando dvidas do que seriam as revelaes religiosas, necessrio agora lembrarmos quais so as 02(duas) primeiras20:1.

Moiss, como profeta, revelou aos homens a existncia de um Deus nico, Soberano Senhor e Orientador de todas as coisas; promulgou a lei do Sinai e lanou as bases da verdadeira f. Como homem, foi o legislador do povo pelo qual essa primitiva f, purificando-se, havia de espalhar-se por sobre a Terra.

2.

O Cristo, tomando da antiga lei o que eterno e divino e rejeitando o que era

A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita.20

19

Idem.

- 18 transitrio, puramente disciplinar e de concepo humana, acrescentou a revelao da vida futura, de que Moiss no falara, assim como a das penas e recompensas que aguardam o homem, depois da morte. (Vede: Revue Spirite, 1861, pginas 90 e 280.)

De suma importncia relembrar tambm que a parte mais importante da revelao do Cristo, no sentido de fonte primria, de pedra angular de toda a sua doutrina o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade. Esta j no o Deus terrvel, ciumento, vingativo, de Moiss (...)21. Toda a doutrina do Cristo se funda no carter que ele atribui Divindade. Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso, ele fez do amor de Deus e da caridade para com o prximo a condio indeclinvel da salvao, dizendo: Amai a Deus sobre todas as coisas e o vosso prximo como a vs mesmos; nisto esto toda a lei e os profetas; no existe outra lei. Sobre esta crena, assentou o princpio da igualdade dos homens perante Deus e o da fraternidade universal. Mas, fora possvel amar o Deus de Moiss? No; s se podia tem-lo22. O Mestre Jesus, reestabelecendo os valores que deviam norterar a nossa viso de DEUS e nossa postura perante o semelhante, exorta: Muitas das coisas que vos digo ainda no as compreendeis e muitas outras teria a dizer, que no compreendereis; por isso que vos falo por parbolas; mais tarde, porm, enviar-vos-ei o Consolador, o Esprito de Verdade, que restabelecer todas as coisas e vo-las explicar todas. (S. Joo, caps. XIV, XVI; S. Mat., cap. XVII.) O Codificador comenta23: Se o Cristo no disse tudo quanto poderia dizer, que julgou conveniente deixar certas verdades na sombra, at que os homens chegassem ao estado de compreend-las. Como ele prprio o confessou, seu ensino era incompleto, pois anunciava a vinda daquele que o completaria; previra, pois, que suas palavras no seriam bem interpretadas, e que os homens se desviariam do seu ensino; em suma, que desfariam o que ele fez, uma vez que todas as coisas ho de ser restabelecidas: ora, s se restabeleceA Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 23.22 21

A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 25. A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 26.

23

- 19 aquilo que foi desfeito. Se o Cristo no pde desenvolver o seu ensino de maneira completa, que faltavam aos homens conhecimentos que eles s podiam adquirir com o tempo e sem os quais no o compreenderiam; h muitas coisas que teriam parecido absurdas no estado dos conhecimentos de ento. Completar o seu ensino deve entender-se no sentido de explicar e desenvolver, no no de ajuntar-lhe verdades novas, porque tudo nele se encontra em estado de grmen, faltando-lhe s a chave para se apreender o sentido das palavras24. Resta claro, at o presente momento, que o Mestre Jesus teria dificuldade (alm da que teve anteriormente), de discorrer sobre temas que poderiam complementar sua mensagem de paz. Para tanto, necessrio seria o amadurecimento de seus postulados e a conquista de novos conhecimentos pela humanidade. Por isso, a grande assertiva25: O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forosamente na maior parte das cincias; s podia, portanto, vir depois da elaborao delas; nasceu pela fora mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxlio apenas das leis da matria. Alm das conquistas cientficas, outros requisitos se faziam necessrios para uma maior compreenso, o qual pode ser encontrado na prpria Codificao, mais especificamente no Evangelho Segundo o Espiritismo26: Jesus promete outro consolador: o Esprito de Verdade, que o mundo ainda no conhece, por no estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviar para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo h dito. Se, portanto, o Esprito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, que o Cristo no dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido. O Codificador continua: O Espiritismo vem, na poca predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Esprito de Verdade. Ele chama os homens observncia da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus s disse por parbolas. Advertiu o Cristo: "Ouam os que tm ouvidos para ouvir." O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto24

A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 28. A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 18.26 25

O Evangelho Segundo o Espiritismo, Captulo VI O Cristo Consolador.

- 20 fala sem figuras, nem alegorias; levanta o vu intencionalmente lanado sobre certos mistrios. Vem, finalmente, trazer a consolao suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim til a todas as dores. Segundo podemos verificar, a Doutrina dos Espritos o Consolador Prometido pelo Mestre Jesus, ou seja, aquele que iria reestabalecer as coisas. Vejamos a passagem Bblica: Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviar outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Esprito de Verdade, que o mundo no pode receber, porque o no v e absolutamente o no conhece. Mas, quanto a vs, conhec-lo-eis, porque ficar convosco e estar em vs. - Porm, o Consolador, que o Santo Esprito, que meu Pai enviar em meu nome, vos ensinar todas as coisas e vos far recordar tudo o que vos tenho dito. (S. JOO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26.) Foroso que, mesmo tendo a inteno de que o presente resumo no se torne cansativo, possamos ainda mais analisar algumas colocaes da Codificao: O Espiritismo, partindo das prprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moiss, conseqncia direta da sua doutrina. A idia vaga da vida futura, acrescenta a revelao da existncia do mundo invisvel que nos rodeia e povoa o espao, e com isso precisa a crena, d-lhe um corpo, uma consistncia, uma realidade idia. Define os laos que unem a alma ao corpo e levanta o vu que ocultava aos homens os mistrios do nascimento e da morte. Pelo Espiritismo, o homem sabe donde vem, para onde vai, por que est na Terra, por que sofre temporariamente e v por toda parte a justia de Deus. Sabe que a alma progride incessantemente, atravs de uma srie de existncias sucessivas, at atingir o grau de perfeio que a aproxima de Deus. Sabe que todas as almas, tendo um mesmo ponto de origem, so criadas iguais, com idntica aptido para progredir, em virtude do seu livre-arbtrio; que todas so da mesma essncia e que no h entre elas diferena, seno quanto ao progresso realizado; que todas tm o mesmo destino e alcanaro a mesma meta, mais ou menos rapidamente, pelo trabalho e boavontade27.As

duas primeiras revelaes, sendo fruto do ensino pessoal,

ficaram forosamente localizadas, isto , apareceram num s ponto, em torno do qual a idia se propagou pouco a pouco; mas, foram precisos muitos sculos para que atingissem as extremidades do mundo, sem mesmo o invadirem inteiramente A terceira tem isto de particular: no estando personificada em um s indivduo, surgiuA Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 30.27

- 21 simultaneamente em milhares de pontos diferentes, que se tornaram centros ou focos de irradiao. Multiplicando-se esses centros, seus raios se renem pouco a pouco, como os crculos formados por uma multido de pedras lanadas na gua, de tal sorte que, em dado tempo, acabaro por cobrir toda a superfcie do globo. Essa uma das causas da rpida propagao da doutrina. Se ela tivesse surgido num s ponto, se fosse obra exclusiva de um homem, houvera formado seitas em torno dela; e talvez decorresse meio sculo sem que ela atingisse os limites do pas onde comeara, ao passo que, aps dez anos, j estende razes de um plo a outro28. A terceira revelao, vinda numa poca de emancipao e madureza intelectual, em que a inteligncia, j desenvolvida, no se resigna a representar papel passivo; em que o homem nada aceita s cegas, mas quer ver aonde o conduzem, quer saber o porqu e o como de cada coisa - tinha ela que ser ao mesmo tempo o produto de um ensino e o fruto do trabalho, da pesquisa e do livre exame. Os Espritos no ensinam seno justamente o que mister para gui-lo no caminho da verdade, mas abstm-se de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo, deixando-lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da razo, deixando mesmo, muitas vezes, que adquira experincia sua custa. Fornecem-lhe o princpio, os materiais; cabe-lhe a ele aproveit-los e p-los em obra (n. 15)29. O simples fato de poder o homem comunicar-se com os seres do mundo espiritual traz conseqncias incalculveis da mais alta gravidade; todo um mundo novo que se nos revela e que tem tanto mais importncia, quanto a ele ho de voltar todos os homens, sem exceo. O conhecimento de tal fato no pode deixar de acarretar, generalizando-se, profunda modificao nos costumes, carter, hbitos, assim como nas crenas que to grande influencia exerceu sobre as relaes sociais. uma revoluo completa a operar-se nas idias, revoluo tanto maior, tanto mais poderosa, quanto no se circunscreve a um povo, nem a uma casta, visto que atinge simultaneamente, pelo corao, todas as classes, todas as nacionalidades, todos os cultos. Razo h, pois, para que o Espiritismo seja considerado a terceira das grandes revelaes30. O que o ensino dos Espritos acrescenta moral do Cristo o28

A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 46.29

A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 50. A Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 20.

30

- 22 conhecimento dos princpios que regem as relaes entre os mortos e os vivos, princpios que completam as noes vagas que se tinham da alma, de seu passado e de seu futuro, dando por sano doutrina crist as prprias leis da Natureza. Com o auxlio das novas luzes que o Espiritismo e os Espritos espargem, o homem se reconhece solidrio com todos os seres e compreende essa solidariedade; a caridade e a fraternidade se tornam uma necessidade social; ele faz por convico o que fazia unicamente por dever, e o faz melhor31. Portanto, vemos que, com enorme razo, a Doutrina dos Espritos se mostra o Consolador Prometido, a terceira revelao, capaz de elucidar o homem sobre sua vida passada e futura, com base em suas aes. Por causa disso tambm, imperioso reconhecer que a Reencarnao, tambm chamada de pluralidade das existncias, ou, ainda, de teoria das vidas sucessivas, acaba por se tornar o princpio bsico da Doutrina; sobre ela que, praticamente, se levanta todo o edifcio da Terceira Revelao (...)32. Mas no nos deteremos nisso, ao menos por enquanto.

Captulo 3 Do Esquecimento do Passado: questo fsica e questo moral Embora o esquecimento do passado tenha sido estudado e faa parte da Codificao Esprita33, vamos trazer uma viso simplista e prtica: por que eu no me lembro da vida Espiritual? Poderamos dizer que DEUS assim o quer, na sua sabedoria. Disso no h dvidas. Mas como se d a aplicao dessa mxima de forma simples e natural? Resposta: incapacidade fsica, ou seja, por causa da matria, pois nossas lembranas ficam armazenadas no nosso esprito. Como nosso atual crebro fsico criado durante a gestao, e como ele responsvel pelas nossas lembranas, a partir do mundo fsico temos lembranas do mundo fsico. Mas em contrapartida, alm das lembranas, o que faz aA Gnese Os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo, Captulo I Carter da Revelao Esprita, item 56.32 31

Hospital dos Mdiuns, Captulo 16, pgina 104. Psicografia de Carlos A. Baccelli, pelo esprito Domingas. O Livro dos Espritos, Parte Segunda, Captulo VII, VIII Esquecimento do Passado.

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- 23 diferena entre cada um de ns? Com certeza pode-se afirmar que a individualidade, conquistada atravs do aprendizado individual ao longo das vidas sucessivas (reencarnao). Isso nos tornaria diferentes uns dos outros, sem necessidade de ser dividir entre bom e mal. Simplesmente diferentes. Poderamos tentar argumentar que cultura interfere. Ponto de vista cultural, social, biolgico. Principalmente a questo do homem, de ele pensar, poder construir, poder transformar com base na razo, idias, organizaes, estrutura social, poltica, econmica, onde a maioria se enquadra dentro dela. Dentro da idia acima, se ns pegarmos 03(trs) crianas, uma chinesa, uma americana e uma brasileira, politicamente e culturalmente elas so criadas de formas diferentes, tendo vises diferentes. Se ns pegarmos uma do nordeste, uma do sul e uma do sudeste, elas vo ser diferentes. Mas o que faz 03(trs) pessoas, 03(trs) filhos da mesma famlia, com a mesma criao, educao e moral, serem diferentes? No poderia ser a constituio biolgica, mas somente a espiritual com base na moral anteriormente adquirida. Ns temos individualidade por causa da personalidade com base na nossa moral. A diferena est nas escolhas de cada individuo que vem de um passado e que faz a diferena agora. isso o que faz ns estarmos aqui. Independente das nossas diferenas, com um objetivo comum, a inteno de melhorar e crescer em termos espirituais. E o que nos une (pessoas) de uma maneira geral a inteno, o ideal. Neste caso, no a boa inteno, mas simplesmente a inteno. Se for boa ou no, depende das escolhas. Analisando cuidadosamente essas questes, v-se que os encarnados podem ter limitada a sua inteligncia espiritual por causa do corpo fsico. No entanto, se no foi aprendida a lio para fazer parte do seu esprito, da sua individualidade, sendo absorvida pela moral atravs da prtica, no se vai ter controle da vida fsica. Como desencarnados, a inteligncia espiritual (mais completa) pode limitar a manifestao da nossa moral (em locais de recuperao e aprendizado), impedindo que possamos colocar para fora os sentimentos menos dignos (diferente do Umbral e locais similares). Em contrapartida, enquanto encarnados, no temos a inteligncia espiritual para controlar quem somos, fazendo com que demonstremos nossas ms inclinaes.

- 24 Em resumo, enquanto estivermos no plano espiritual para o necessrio aprendizado rumo prxima encarnao, toda nossa inteligncia limita os nossos atos. Agora j como encarnados, sem todo o amparo e inteligncia espiritual para domar as nossas ms inclinaes no cotidiano, estamos propensos a mostrar nossa verdadeira moral (nada digna, diga-se de passagem). Em verdade, podem-se esconder as verdadeiras intenes dos encarnados, mas jamais dos desencarnados. Portanto, o esquecimento do passado faz com que possamos demonstrar, nos embates da vida fsica, se realmente aprendemos as lies para pratic-las ou se elas continuam apenas sendo meras palavras.

Captulo 4 Dos Resultados do Espiritismo Para muito bem finalizar tudo o que fora tratado anteriormente, vamos ler a instruo dos Espritos sobre o Espiritismo:Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro esprita, como o cristo verdadeiro, pois que um o mesmo que outro. O Espiritismo no institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligncia e a prtica da do Cristo, facultando f inabalvel e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.

Aquele que pode ser, com razo, qualificado de esprita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. O Esprito, que nele domina de modo mais completo a matria, d-lhe uma percepo mais clara do futuro; os princpios da Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: tocado no corao, pelo que inabalvel se lhe torna a f. Um qual msico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-se o verdadeiro esprita pela sua transformao moral e pelos esforos que emprega para domar suas inclinaes ms. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esfora por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Captulo XVII Sede Perfeitos, tema Os Bons Espritas, item 4.

- 25 - Debates ocorridos nos Dias 07/01/08 e 14/01/08. - Incio: 20h30min. Trmino: 22h00min.- Idealizao, Coordenao e Compilao: Carlos de Paula. - Reviso: Ana Cristina Lorandi, Renata de Paula e Rita de Cssia Barthasar de Paula. Debatedores: Ana Cristina Lorandi, Carlos de Paula, Luiz Nicanor de Castro Martins, Moacir Pandin, Renata de Paula, Rita de Cssia Barthasar de Paula, Rivelino Manoel. Participantes: Adelina Afonso de Oliveira, Alfredo Carlos de Arajo, Antnia Coelho M. Lorandi, Benedita Efignia Silva, Dinalva Reis Andrade, Fabiane Alves dos Santos, Joo Vaz De Paula, Josefa Maria de Jesus Guimares, Larcio Guimares, Laurncia Ramos Vieira, Maria Aparecida Passagnolo, Matilde de Matos Gomes, Nairda Vitorino Afonso, Rosngela Assuno Marques, Shirlei Aparecida Rosa, Thais Marivanda Galdino Ponce, Walter Dias Prieto.

Fim da Primeira Parte

- 26 Segunda Parte Da Mediunidade e Dos Mdiuns

Mediunidade gratuita 7. Os mdiuns atuais - pois que tambm os apstolos tinham mediunidade - igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem intrpretes dos Espritos, para instruo dos homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los f, no para lhes vender palavras que no lhes pertencem, a eles mdiuns, visto que no so fruto de suas concepes, nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; no quer que o mais pobre fique dela privado e possa dizer: no tenho f, porque no a pude pagar; no tive o consolo de receber os encorajamentos e os testemunhos de afeio dos que pranteio, porque sou pobre. Tal a razo por que a mediunidade no constitui privilgio e se encontra por toda parte. Faz-la paga seria, pois, desvi-la do seu providencial objetivo. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Captulo XXVI Da Gratuitamente o que Gratuitamente Recebestes.

Captulo 1 Da MediunidadeToda a prtica esprita gratuita, como orienta o princpio moral do Evangelho: Dai de graa o que de graa recebestes.

A primeira pergunta que vem a nossa mente: O que Mediunidade? Poderamos comear respondendo ser um intercmbio que ns (encarnados) possumos com o mundo Espiritual atravs de uma faculdade (mais ou menos desenvolvida no indivduo). Resumindo, seria o intercmbio entre mundo fsico e mundo espiritual. Realmente, a idia acima resume a questo. Mas o primordial que no importa que tipo de mediunidade exista (psicografia, psicofonia, etc.). O importante que existe uma manifestao e/ou comunicao do mundo Espiritual atravs de um encarnado. De que maneira se d isso? Essa a segunda questo. Obviamente atravs da predisposio fsica e espiritual34 (faculdade) para que osLivro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XX Influncia Moral dos Mdiuns. 1 -O desenvolvimento da mediunidade se processa na razo do desenvolvimento moral do mdium? Resposta: No. A faculdade propriamente dita orgnica, e portanto independente da moral. Mas j no acontece o mesmo com o seu uso, que pode ser bom ou mau, segundo as qualidades do mdium.34

- 27 mdiuns consigam interpretar de maneira adequada as informaes que os Espritos tentam passar. Isto a comunicao de uma forma de vida mais fludica (esprito) para uma forma de vida mais densa (encarnado). Ou seja: seres corpreos e incorpreos. Outra questo: todas as pessoas so mdiuns?35 Diz

textualmente Allan Kardec36: 159. Toda pessoa que sente a influncia dos Espritos, em qualquer grau de intensidade, mdium. Essa faculdade inerente ao homem. Por isso mesmo no constitui privilgio e so raras as pessoas que no a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos so mais ou menos mdiuns. Usualmente, porm, essa qualificao se aplica somente aos que possuem uma faculdade medinica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organizao mais ou menos sensitiva. Deve-se notar, ainda, que essa faculdade no se revela em todos da mesma maneira. Os mdiuns tm, geralmente, aptido especial para esta ou aquela ordem de fenmenos, o que os divide em tantas variedades quantas so as espcies de manifestaes. As principais so: mdiuns de efeitos fsicos, mdiuns sensitivos ou impressionveis, auditivos, falantes, videntes, sonmbulos, curadores, pneumatgrafos, escreventes ou psicgrafos. As classificaes medinicas so naturalmente variveis,

sofrendo a influncia dos costumes e condies de pocas e pases. Allan Kardec oferece uma classificao em linhas gerais37, sendo que alguns nomes se modificaram. Os mdiuns auditivos so geralmente chamados audientes; os falantes receberam a designao de mdiuns de incorporao e atualmente de psicofnicos; os sonmbulos so geralmente chamados anmicos; os pneumatgrafos so chamados de voz direta38. Ento todos ns somos mdiuns? De certo modo sim, seja porque podemos proporcionar uma manifestao ou uma comunicao. Mas por que podemos acreditar nisso? Ser que realmente todos ns temos condies de ter algum tipo de relao com o mundo espiritual? De certa forma sim, pois afinal de contas todos ns somos

35 36

Essa questo ser tratada com maiores detalhes nos seguintes tpicos.

O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XIV Os Mdiuns, traduo de Jos Herculano Pires. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XVI Mdiuns Especiais. Nota do prprio tradutor, Jos Herculano Pires.

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- 28 Espritos (segundo o Espiritismo39, a alma o esprito encarnado). Ns somos Espritos em essncia, mas somos almas que tm contato com o mundo espiritual, no importando se em maior ou menor grau. Se existir algum tipo de sensibilidade, existe propenso para a mediunidade (alguns assumem o compromisso de desenvolver essa faculdade e outros no, como ainda veremos). Nesse trecho faz-se necessrio um apontamento. Se o Esprito no assumiu a responsabilidade de ser mdium, ele poder freqentar, estudar e desenvolver? Freqentar e estudar sim, desenvolver no. Isso porque, conforme j dito, a mediunidade tambm uma predisposio orgnica ostensiva para aqueles que assim assumiram o compromisso. Neste caso, impossvel seria criar esse canal se no houve preparao e organizao fsica anterior. Se no entendermos de modo razovel o raciocnio acima, no vamos entender como a mediunidade pode funcionar, juntamente com todas as suas conseqncias. At porque a mediunidade no o Espiritismo, sendo somente uma das suas conseqncias. Se estudarmos e aceitarmos os postulados da Doutrina Esprita, poderemos ser considerados Espritas. Ser mdium, doutrinador ou palestrante apenas uma conseqncia. Com isso, a seqncia natural de ser mdium: estudar muito e desenvolver durante um bom tempo. Somente aps, tentar colocar em prtica diante do pblico. Nesse quesito, podemos abrir outro parntese: Os Espritas sabem ser o esprito (alma) imortal; sabem que cada individualidade preparada espiritualmente para determinada responsabilidade; por que, mesmo assim, continua-se tanta preocupao com relao idade? Claro que deve-se ter uma idade mnima para ser mdium40. Isso para que todos possam ter plena convico e entendimento daquilo que esto fazendo. Mas, em outros aspectos, o encarnado pode possuir muitos conhecimentos por ter sido preparado para desempenhar certa funo. Neste caso, deveramos

39 40

Livro dos Espiritos, Parte Segunda, Captulo II Da Alma.

Diz o artigo 5 da Constituio Federal: Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias. Neste caso, deve-se considerar a legislao civil: os menores de 18(dezoito) anos e maiores de 16(dezesseis), so relativamente incapazes, no podendo ser responsveis por seus atos. Assim, por mais que no se tenha idade para ser Esprita, somos a favor da maioridade civil para ser mdium.

- 29 compartilhar melhor a experincia de vida, sabendo tambm absorver naquilo que um encarnado mais novo pode ajudar. Tudo isso atravs de um bom dilogo. Apenas como curiosidade: Agiria (Jesus) como mdium nas curas que operava? Poder-se- consider-lo poderoso mdium curador? No, porquanto o mdium um intermedirio, um instrumento de que se servem os Espritos desencarnados e o Cristo no precisava de assistncia, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas foras. Que Esprito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus prprios pensamentos e encarreg-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse s de Deus lhe poderia vir. Segundo definio dada por um Esprito, ele era mdium de Deus41.

1.1 - Da Mediunidade Direta e Da Mediunidade Indireta Embora no se tenha na Doutrina uma separao especfica da maneira como a que aqui ser tratada, a qual ditaria algumas regras, necessrio se analisar uma questo sempre tratada pelos Espritas: todas as pessoas, em maior ou menor grau, so mdiuns. Antes disso, porm, necessrio analisarmos algumas questes. Para a mediunidade ser completa na Doutrina Esprita, precisase de 03(trs) itens: um Esprito para se comunicar, um mdium para servir de intercmbio e, por fim, um resultado positivo. Sem a soma de todos esses elementos, tem-se qualquer outra doutrina espiritualista, mas no Espiritismo em si. Allan Kardec, o Codificador, analisa de forma completa a Mediunidade no Livro dos Mdiuns, no cabendo maiores informaes do que as que j sem encontram desenvolvidas na obra. No entanto, para se desenvolver um pouco o tema e fazer com o que o mesmo seja bem entendvel, de suma importncia tecer alguns comentrios. Vejamos a seguir. O Livro dos Mdiuns divido em 02(dois): Primeira Parte com as noes preliminares e Segunda Parte com os fenmenos espritas.41

A Gnese, Captulo XV Os Milagres do Evangelho.

- 30 No presente tpico vamos analisar apenas a Segunda Parte para as questes do antes, durante e depois da mediunidade. Isto necessrio para sabermos o que a responsabilidade do Esprito e o que a responsabilidade do mdium. Como j visto, a mediunidade necessita de uma predisposio orgnica, ou seja, precisa ser preparada antes da encarnao para que as manifestaes e/ou comunicaes possam ser mais patentes. Mas devemos pensar na seguinte questo: todos somos Espritos, encarnados ou desencarnados. Nisso, claramente possvel e vivel que, mesmo estando encarnados, podemos sofrer em determinada situao algum tipo de influncia (boa ou m), diretamente em nossos Espritos. Por causa disso, todos so mdiuns: sofrem algum tipo de influncia, seja direta ou indireta. Vejamos um trecho42: A idia que geralmente se faz dos Espritos torna primeira vista incompreensvel o fenmeno das manifestaes. O presente trecho se torna deveras importante por uma questo: as manifestaes dependem somente dos espritos (e no mximo de alguns encarnados para doarem a energia necessria), mas a comunicao depende tambm do mdium. Importante frisar que at o Captulo XIII o importante era o antes, ou seja, a manifestao espiritual independente da vontade dos mdiuns. J a partir do Captulo XIV, entra-se na questo dos mdiuns e sua participao direta para, somente aps, entrar na questo do resultado da mediunidade. Tanto verdade que at o Captulo XIII, sempre utilizada a palavra manifestao, basta darmos uma rpida lida nos mesmos. Mas os princpios gerais da mediunidade esto no Captulo XIV. Neste contexto, est se tratando da figura exclusiva do mdium. Por causa disso, muito importante deixar de lado um pouco o antes (espritos) e o depois que o resultado. O que ocorria at o Captulo XIII era uma interveno quase que exclusiva dos espritos, o que tornava aquilo uma manifestao e no uma comunicao. Analisemos: (...) O caso, porm, muda inteiramente de figura, quando essa inteligncia ganha um desenvolvimento tal, que permite regular e contnua troca de idias. J no h ento simples manifestaes inteligentes, mas verdadeiras comunicaes. Os meios de que hoje dispomos permitem que as42

O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Capitulo I Ao dos Espritos sobre a Matria, item 53.

- 31 obtenhamos to extensas, to explcitas e to rpidas, como as que mantemos com os homens43. No mesmo trecho ainda encontramos: Dissemos que todo efeito, que revela, na sua causalidade, um ato, ainda que insignificantssimo, de livre vontade, atesta, por essa circunstncia, a existncia de uma causa inteligente. Assim, um simples movimento de mesa, que responda ao nosso pensamento, ou manifeste carter intencional, pode ser considerado uma manifestao inteligente. Os trechos acima tratam com exata propriedade que algo espordico e de forma no constante, chamado de manifestao. J a troca contnua e regular de idias chamada de comunicao. Com mais cuidado:

1. Mediunidade por Manifestao: podemos classificar de mediunidade indireta, pois no precisa de um mdium para que possa ocorrer, bastando to somente, em alguns casos, ter um doador de energia prximo, o qual no possui a predisposio orgnica para a comunicao, mas somente uma ao puramente material. Exemplos: voz direta, pneumatografia,

pneumatofonia, bicorporeidade, transfigurao, mesas girantes, fenmeno de transporte, aparies, formao dos objetos tangveis, modificao das propriedades da matria, sematologia, tiptologia, etc.

2. Mediunidade por Influncia ou Comunicao: pode ser classificada de mediunidade direta, pois depende de uma predisposio orgnica do indivduo (programao espiritual antes da vida fsica), para que o encarnado possa reunir condies de permitir que os espritos no apenas se manifestem, mas que se comuniquem de forma clara, objetiva e contnua. Exemplos: mdiuns sensitivos, mdiuns audientes, mdiuns falantes

(psicofonia), mdiuns videntes, mdiuns sonamblicos, mdiuns curadores, mdiuns psicgrafos, etc.

A questo tratada fica cada vez mais clara quando invocamos mais alguns trechos do Livro dos Mdiuns para auxiliar: Dissemos atrs que as manifestaes fsicas tm por fim chamar-nos a ateno para alguma coisa e43

O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo X Da Natureza das Comunicaes, item 133. Vale lembrar que todo o trecho de suma importncia para aquilo que estamos tratando.

- 32 convencer-nos da presena de uma fora superior ao homem. Tambm dissemos que os Espritos elevados no se ocupam com esta ordem de manifestaes; que se servem dos Espritos inferiores para produzi-las, como nos utilizamos dos nossos serviais para os trabalhos pesados, e isso com o fim que vamos indicar. Alcanado esse fim, cessa a manifestao material, por desnecessria.44 A mediunidade indireta (ou por manifestao) tem o objetivo de chamar a ateno para algo especifico e convencer da presena de uma fora superior ao homem, no dependendo do mdium para que ocorra, pois esse tem papel secundrio. por isso tambm que de todas as manifestaes espritas, as mais simples e mais freqentes so os rudos e as pancadas45, ou seja, parte-se da manifestao mais simples (manifestaes fsicas espontneas)46, passando, dentre outras pela sematologia47 e tiptologia48, para chegar nas prprias comunicaes, onde comea a revelar alguns traos da personalidade e linguagem do esprito comunicante. No final das contas, com maior embasamento e aprendendo a separar os diversos meios de manifestao e comunicao dos espritos, se chegar concluso de que o trabalho entre esprito e mdium sempre em conjunto, embora o esprito seja o grande responsvel e o mentor intelectual de toda e qualquer manifestao e comunicao. Por isso mesmo que Chico Xavier dizia que o telefone toca de l para c, ou seja, dos espritos para os mdiuns, para que se evitem a obsesso49, contradies e mistificaes50, o charlatanismo e o embuste51. No se pode esquecer que a causa inteligente o prprio esprito, mas que depende do aprendizado intelectual e moral do mdium para que possa realizar um trabalho cada vez melhor, tanto pelo meio utilizado (mdium melhor preparado), como tambm pelos resultados que pode obter. por isso que para a questo Esprita da mediunidade, necessrio haver 03(trs) elementos:O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo V Das Manifestaes Fsicas Espontneas, Item 85.45 44

O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo V Das Manifestaes Fsicas Espontneas, Item 83. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo V Das Manifestaes Fsicas Espontneas.

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Linguagem dos Sinais. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XI Da Sematologia e da Tiptologia. Linguagem das Pancadas. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XI Da Sematologia e da Tiptologia. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XXIII Da Obsesso. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XXVII Das Contradies e Mistificaes. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XXVIII Do Charlatanismo e do Embuste.

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- 33 1) Esprito para se manifestar ou para se comunicar; 2) Mdium preparado para ser um bom instrumento, atravs do desenvolvimento intelectual e moral, atraindo para si boas influncias; 3) Resultado positivo, pois o Espiritismo visa o bem da humanidade, tendendo sempre a ser um mecanismo de ajuda e de aprendizado, atravs das mensagens, ensinamentos e prtica da moral crist.

Com relao a isso, finalizaremos com mais um trecho: Os Espritos srios se ligam aos que desejam instruir-se e lhes secundam os esforos, deixando aos Espritos levianos a tarefa de divertirem os que em tais manifestaes s vem passageira distrao. Unicamente pela regularidade e freqncia daquelas comunicaes se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espritos que as do e a confiana que eles merecem52. Portanto, resta cada vez mais claro o porqu de todas as pessoas serem consideradas mdiuns, pois podem perceber ou ajudar em alguma manifestao, como tambm podem ser o meio de comunicao. Lembremos que estamos no plano fsico, mas somos Espritos em essncia, sempre podendo existir algum tipo de contato com o mundo espiritual.

1.2 Da Mediunidade e Suas Comunicaes Resumindo muito, a mediunidade o intercmbio entre a vida fsica e a espiritual. Mas por que falar apenas de comunicao medinica pode no estar correto? Porque ns estaremos falando, aparentemente, de psicografia53

52

O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo X Da Natureza das Comunicaes, Item 133.

Psicografia (do grego, escrita da mente ou da alma), segundo o vocabulrio esprita, a capacidade atribuda a certos mdiuns de escrever mensagens ditadas por Espritos. Segundo a Doutrina Esprita, a psicografia uma das mltiplas possibilidades de expresso medinica existentes. Allan Kardec classifica-a como um tipo de manifestao inteligente, por consistir na comunicao discursiva escrita de um esprito, por intermdio de um homem, com quantos se prestem a ler-lhe os textos. Wikipdia, a enciclopdia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicografia Acessado em 07/02/2008.

53

- 34 e psicofonia54, por exemplo, ou seja, a comunicao de um esprito para vrias pessoas. Mas a mediunidade se resume a isto? Claro que no, pois posso no estar vendo um esprito se manifestando, mas outra pessoa pode estar. Houve uma manifestao direta? Em um sentido claro, aparentemente no, mas a mediunidade da pessoa est fazendo com que ela possa perceber a manifestao. Como exemplo, podemos citar a psicometria55. No caso acima, no seria uma manifestao no sentido como popularmente ns entendemos, pois foi particular. Mas se ns entendssemos que a manifestao a manifestao espiritual, com o mundo fsico, sem ser necessariamente com relao a outras pessoas, estaria certo. Mas isso seria complicar um pouco. De repente, se uma pessoa estiver vendo algo e outras pessoas no, vamos dizer que ela no est em seu juzo perfeito. Dessa forma, seria uma manifestao direta para o mdium e para os demais seria uma manifestao indireta.

1.3 A F sem Obras na Doutrina dos Espritos O que mais importante para o Espiritismo e para a mediunidade? Pelo que estamos estudando, talvez questo mais importante para o Espiritismo seja a divulgao. Para que possamos divulgar, precisamos conhecer e entender. Para isso, necessrio o estudo constante. No mesmo sentido, para conhecer a mediunidade, no basta somente que algum possa sentar e esperar uma manifestao ou comunicao espiritual, pois estaramos dependendo exclusivamente dos Instrutores / Mentores. Para se oferecer campo propcio, deve-se estudar os mecanismos e se preparar, fsica e mentalmente, para que a comunicao ocorra da melhor maneira possvel.

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Psicofonia (do grego psyk, alma e phon, som, voz), de acordo com a Doutrina Esprita, o fenmeno medinico no qual um esprito se comunica atravs da voz de um mdium. Wikipdia, a enciclopdia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicofonia . Acessado em 07/02/2008.

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Psicometria (do grego psyk, alma e metron, medida, medio) um termo que foi cunhado pelo pesquisador americano Joseph Rhodes Buchanan, na virada do sculo XIX para o sculo XX, para desiginar a faculdade extra-sensorial de alguns indivduos em extrair o contedo de algum objeto ou evento impressos fora de nossa realidade fsica , ou seja, metafisicamente falando, seria captar seu passado pregresso atravs de uma volio psquica em que tudo que est sob o vu para a maioria dos seres se descortina perante o indivduo com essa capacidade verossmil de subtrair do ambiente ou coisa a sua realidade ou contedo antes incognoscvel. Wikipdia, a enciclopdia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicometria_%28Espiritismo%29 . Acessado em 07/02/2008.

- 35 Entra-se ento na questo apostlica56: a f sem obras morta. Estudando-se o Espiritismo, se ver que necessrio desenvolver o intelecto e a moral. Para se ter f (raciocinada), necessrio ter conhecimento. Para ter conhecimento necessrio estudar. Por tudo isso, se no houver estudo, vai-se conseguir ter obras dentro da Doutrina que foi escolhida? Parcialmente. Se no houver esforo para estudo do Espiritismo, a obra no estar completa, pois, inclusive, estaro faltando conhecimentos dos mecanismos da mediunidade. Para se demonstrar que a Doutrina dos Espritos uma f raciocinada, vejamos um exemplo simples: todos dizem que DEUS bom. O Espiritismo no impe isso, ele expe (explica). No dito que Ele simplesmente bom, explica-se porque Ele bom, atravs de uma srie de raciocnios lgicos. Com isso (com os raciocnios), todos podem concluir. Por causa disso, a f raciocinada no aquela imposta, mas aquela que a gente pensa para chegar concluso. Como tambm fora estudado, a mediunidade apenas uma das conseqncias de ser esprita. Todos podem ser doutrinadores, palestrantes, etc. Mas o que mais? Podemos fazer parte de grupos que se organizam para preparar sopa e distribuir, pizza para vender, etc. Necessrio se aceitar cada vez mais que o Espiritismo e os prprios Espritos precisam de voluntrios, no de pessoas que sejam obrigadas a qualquer tipo de trabalho.

"FORA DA CARIDADE NO H SALVAO". Caridade: benevolncia para com todos, indulgncia para 57 as imperfeies dos outros, perdo das ofensas .

Kardec ainda complementa58: O amor e a caridade so o complemento da lei de justia, porque amar ao prximo fazer-lhe todo o bem possvel, que desejaramos que nos fosse feito. Tal o sentido das palavras de Jesus: "Amai-vos uns aos outros, como irmos". A caridade, segundo Jesus, no se restringe esmola, mas

56 57 58

Evangelho de Tiago, Captulo 2, versculo 14 e seguintes. O Livro dos Espiritos, Parte Terceira, Captulo XI, III Caridade e amor ao Prximo, questo 886. Comentrios de Allan Kardec para a questo 886.

- 36 abrange todas as relaes com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferiores, iguais ou superiores. Ela nos manda ser indulgentes porque temos necessidade de indulgncia, e nos probe humilhar o infortnio, ao contrrio do que comumente se pratica. Se um rico nos procura, atendemo-lo com excesso de considerao e ateno, mas se um pobre, parece que no nos devemos incomodar com ele. Quanto mais, entretanto, sua posio lastimvel, mais devemos temer aumentar-lhe a desgraa pela humilhao. O homem

verdadeiramente bom procura elevar o inferior aos seus prprios olhos, diminuindo a distncia entre ambos.

1.4 Do Mdium Esprita

Prtica medinica esprita s aquela que exercida com base nos princpios da Doutrina Esprita e dentro da moral crist. Federao Esprita Brasileira.

Para ser esprita necessrio acreditar e aceitar os postulados da Doutrina dos Espritos, no importando que tipo de atividade se desenvolva (mdium, palestrante, doutrinador). Ento se for mdium pode-se dizer que esprita? Principalmente se estiver dentro de um Centro e se desenvolvida a mediunidade sem estud-la, ser mdium esprita? A resposta clara: no, dever ser apenas mdium e no mdium esprita. A mediunidade, sendo tambm uma forma de manifestar o conhecimento do Espiritismo, no sendo estudada, no sendo conhecida em seus mecanismos e como funcionam, no vai se conseguir trabalhar bem para seu aproveitamento e desenvolvimento. Nesta mesma condio, no se poderia ser um bom palestrante ou doutrinador. Mas por que isso? Porque no se teria o conhecimento. Mas o conhecimento pode fazer a diferena? Sim, pois facilitaria a sensibilidade, comunicao, etc. Alm claro, de se tornar uma pessoa melhor. Vale lembrar, no entanto, que no necessrio, nesse primeiro momento, de ser ou no uma boa pessoa, pois mediunidade independe da condio moral, embora Allan Kardec afirme: Se reconhece o verdadeiro esprita pela sua transformao espiritual e pelos

- 37 esforos que faz para dominar suas ms inclinaes. Um raciocnio lgico seria dizer que, se tiver conhecimento, pode tentar domar essas ms inclinaes, seguindo um caminho mais correto. Mas nesse caso essa idia seria a segunda parte: prtica atravs da moral. Aqui ns estamos falando ainda da inteligncia. Se eu desenvolver a inteligncia, isso pode facilitar o desenvolvimento da mediunidade? De que maneira? A disciplina, com certeza, ajudaria muito. Alm, claro, de os Espritos se utilizarem do conhecimento particular do mdium para facilitar a comunicao. Seria muito mais fcil para eles (Espritos), se os mdiuns possussem um conhecimento anterior para que a comunicao pudesse fluir com mais liberdade59. Assim, os mdiuns serviriam com mais facilidade como um filtro de informaes. Muitos equvocos seriam evitados se as pessoas tivessem ou pudessem ter, em termos de crena, em termos de desenvolvimento, um melhor aprendizado. Com o conhecimento antecipa-se uma srie de situaes, fazendo com que possam avanar cada vez mais na profundidade, nos contatos. Uma srie de circunstncias confundida at com aes de Espritos. Ento, atravs do conhecimento, todos podem ter condio de separar essas situaes que muitas vezes no passam de fantasia ou de causas fsicas e naturais. O conhecimento d o entendimento da prpria mediunidade, pois se a pessoa estuda, entende as sensaes. Isso porque o Espiritismo uma f raciocinada. Ento por mais que no seja uma boa pessoa, se souber como funciona o mecanismo e como dar abertura para a mediunidade funcionar, boa parte do caminho j estar percorrido. V-se tambm que o Esprito pode passar um conhecimento muito maior do que o mdium possui, mas entra-se na seguinte questo: quem deve fazer o trabalho da mediunidade? Logicamente so os mdiuns para que o Esprito se comunique. Ento se o mdium no quer crescer, no quer evoluir, o Esprito vai ter uma grande limitao na comunicao. Como esclarecimento, vale lembrar que, antigamente, as pessoas poderiam ser mais simples no sentido do estudo, e ainda sim recebiam grandes comunicaes. Antigamente era uma forma de chamar a ateno para essas circunstncias do alm tmulo, provando, inclusive, que os Espritos esto59

O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XVII Formao dos Mdiuns.

- 38 alm da nossa inteligncia. Com isso as pessoas poderiam ir atrs e procurar o esclarecimento do que era aquilo e como funcionava. As mesas girantes, pancadas, coisas que eram ostensivas, eram para chamar a ateno sobre o mundo espiritual. Mas a prpria Doutrina dos Espritos diz que todos precisam estudar e aprimorar para facilitar o intercmbio dos Espritos, utilizando uma linguagem que melhor traduza o pensamento desses Espritos comunicantes. A prpria mediunidade de xenoglossia60 relata sobre esse conhecimento acima da capacidade do mdium. Mas no qualquer mdium que faz isso e que vai fazer todos os dias. So ocasies especiais, alm, claro, da prpria predisposio medinica do indivduo. As pessoas, normalmente, querem diferenciar uma comunicao que passada de forma mais bonita daquela que passada de forma mais simples. Existe uma diferena real? Numa primeira anlise, se aquela forma (mais simples) de se expressar for do prprio Esprito comunicante, no se denota problema algum, pois todos preservam a individualidade. Por outro lado, pode ser que o mdium no oferea condies para que seja diferente, devendo, portanto, tentar se aprofundar no conhecimento da Doutrina dos Espritos. Mas o mais importante a mensagem e no a forma como ela dita61. Ento est se vendo que estudando melhor o Espiritismo, podese ter e/ou abrir melhores condies medinicas, pois deve-se entender melhor a condio particular e o que se deve fazer para que os Espritos possam se aproximar, ou seja, ter bons pensamentos, boas vibraes naquele momento. Por mais que se tenha tido um dia horrvel, deve-se chegar e pensar: agora devo fazer um bom trabalho. Claro que nesse dia a comunicaoAcontece entre espritas tanto na forma falada quanto na escrita, quando o mdium recebe uma mensagem de algum esprito e essa mensagem em algum idioma desconhecido. Quando este fato acontece sem o mdium ter conscincia do que faz (est em transe), porque, segundo a doutrina esprita, foi o esprito mensageiro quem lhe revelou. Segundo a Doutrina Esprita, a Xenoglossia tambm intitulada de Mediunidade Poliglota. Wikipdia, a enciclopdia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Xenoglossia . Acessado em 08/02/2008.61 60

O Livro dos Mdiuns, Livro Segundo, Captulo XIX Papel dos Mdiuns Nas Comunicaes: Disso resulta que, salvo algumas poucas excees, o mdium transmite o pensamento dos Espritos pelos meios mecnicos de que dispe, e a expresso desse pensamento pode e deve, o mais freqentemente, ressentir-se da imperfeio desses meios. Assim, o homem inculto, o campons, poder dizer as mais belas coisas exprimir os mais elevados pensamentos, os mais filosficos, falando como campons, pois, como se sabe, para os Espritos o pensamento est acima de tudo.

- 39 pode no ser to boa como se a pessoa tivesse mantido a boa vibrao durante todo o tempo. Mas com conhecimento intelectual pode dizer: eu vou fazer isso, esquecendo o dia que se teve, abrindo o campo medinico, tendo bons pensamentos e boa vibrao. Isso conseguido de forma intelectual. Assim, o Esprito pode se aproximar e, por mais que no incorpore diretamente, ainda assim vai conseguir trabalhar atravs da sensibilidade, passando as idias e o crebro do mdium, por aquilo que j tem de conhecimento, vai ter mais facilidade de interpretar a mensagem do Esprito. Isso a base de toda e qualquer manifestao medinica. Necessrio ser entendida essa espinha da mediunidade, suas conseqncias e mecanismo. Uma passagem iluminada: "Ser mdium no quer dizer que a alma esteja agraciada por privilgios ou conquistas feitas. Muitas vezes, possvel encontrar pessoas altamente favorecidas com o dom da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinqentes, com as quais se afinam de modo perfeito, servindo ao escndalo e perturbao, em vez de cooperarem na extenso do bem. Por isso que no basta a mediunidade para a concretizao dos servios que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo puro, a fim de controlar a energia medianmica, de maneira a mobiliz-la em favor da sublimao espiritual na f religiosa, tanto quanto disciplinamos a eletricidade, a benefcio do conforto na Civilizao." 62 V-se, portanto, que podem existir mdiuns catlicos, mdiuns evanglicos, etc., mas para ser mdium esprita, precisa-se de uma organizao estruturada.

1.5 Da Causa das Possveis Diferenas entre Pessoas e mesmo tipo de Aptido Medinica Foi dito que a mediunidade existe de pessoa para pessoa, em graus diferentes. E por que esse grau, esse degrau? Isso explicaria tambm o fato de os mdiuns terem diferenas? Vamos analisar. A mediunidade de psicofonia, por exemplo, possui suas regras gerais, sendo a comunicao atravs da voz do mdium a62

Prolas do Alm - Chico Xavier - FEB - Pag. 157.

- 40 principal (conforme nota de rodap 21). O que poderia fazer a diferena nada mais do que a aptido individual para aquela faculdade, conhecimento dos mecanismos e a prpria prtica medinica. Por ora, vamos esquecer a condio espiritual de cada um (evoluo), pois se for analisar essa questo estar se criando distino e a grande questo analisar as diferenas. Como pde ser visto a mediunidade no depende de condio moral. Vejamos Allan Kardec63: 1. O desenvolvimento da mediunidade se processa na razo do desenvolvimento moral do mdium? Resposta: No. A faculdade propriamente dita orgnica, e, portanto independente da moral. Mas j no acontece o mesmo com o seu uso, que pode ser bom ou mau, segundo as qualidades do mdium. Ento, por mais que 03(trs) indivduos, aparentemente, possuam a aptido para o mesmo tipo de mediunidade, outros fatores determinaro possveis diferenas entre elas (embora se deva lembrar que no se est falando de melhor ou pior, e sim de diferenas). J foi analisado demasiadamente que o conhecimento dos mecanismos pode fazer muita diferena entre os mdiuns. Alm disso, vemos que, tecnicamente, somente a prtica medinica desenvolver toda a potencialidade da faculdade. Vejamos o Livro dos Mdiuns64: Para que um Esprito possa comunicar-se necessrio haver entre ele e o mdium relaes fludicas que nem sempre se estabelecem de maneira instantnea. Somente na proporo em que a mediunidade se desenvolve o mdium vai adquirindo a aptido necessria para entrar em relao com o primeiro Esprito comunicante. (...) Pode ser, portanto, que o Esprito desejado no esteja em condies propcias, apesar de se encontrar presente. Como pode ser, ainda, que ele no tenha possibilidade nem permisso de atender ao apelo. (...) Convm, pois, no princpio, abster-se o mdium de chamar um determinado Esprito, porque muitas vezes acontece no ser com ele que as relaes fludicas se estabeleam com maior facilidade, por maior simpatia que lhe devote. Antes, pois, de pensar em obter comunicaes deste ou daquele Esprito, necessrio tratar do desenvolvimento da faculdade, fazendo para isso um apelo geral e se dirigindo sobretudo ao seu anjo guardio. Ento possvel ter uma capacidade medinica idntica? bvio63 64

Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XX Influncia Moral dos Mdiuns. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XVII Formao dos Mdiuns.

- 41 que a resposta negativa. Cada um possui uma potencialidade diante daquilo que adquiriu do conhecimento e da prtica medinica, alm de conquistas anteriores. Agora vamos mudar o enfoque e levar em considerao, rapidamente, a evoluo moral do esprito do mdium. Um exemplo: a mediunidade do Chico Xavier igual mediunidade de outro mdium? Pode-se ter o mesmo tipo de mediunidade (exemplo da psicografia), mas ela est intrinsecamente ligada individualidade. Segundo a Doutrina dos Espritos, a aptido medinica nada tem a ver com a condio evolutiva do esprito. Podemos citar grandes espritos (pessoas) que, embora tenham tido contado com a Espiritualidade Superior, no tiveram como responsabilidade a prtica medinica: Madre Teresa de Calcut, Francisco de Assis, Mahatma Ghandi, etc. Nesse caso, todos eles puderam ter passado pelo fenmeno do xtase65: penetrar nos mundos superiores. Mas isso no significa mediunidade. Nisso entra-se na questo da programao espiritual. Se a misso for ser um religioso, por exemplo, no ser necessrio ser mdium, pois a funo de todos acima foi exemplificar a f, determinao, caridade, etc. Claro que todos poderiam ter uma interveno espiritual muito grande, mas isso no quer dizer mediunidade direta. As pessoas pensam em mediunidade como psicofonia ou psicografia, mas existem outras dezenas de tipos66.

1.6 Das Provas / Expiaes e Misso na Mediunidade Abriremos esse tpico com uma grande Lio: "Os mdiuns, em sua generalidade, no so missionrios na acepo comum do termo; so almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretrito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, so espritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligncia, e que regressam ao orbe terrqueo para se sacrificarem65 66

O Livro dos Espiritos, Parte Segunda, Captulo VI xtase. O Livro dos Mdiuns, Parte Segunda, Captulo XVI Mdiuns Especiais.

- 42 em favor do grande nmero de almas que desviaram das sendas luminosas da f, da caridade e da virtude. So almas arrependidas, que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifcios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenvel insnia."67 Ento, vamos tratar de um assunto que de extrema importncia para pessoas n