Apostila Brigada de Incendio Florestal

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Apostila de Formação de Brigada de Incendio Florestal

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Formao e Treinamento de Brigada de Incndio Florestal

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Formao e Treinamento de Brigada de Incndio Florestal

Mdulo 1

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1.0. Introduo Apesar de existirem diversos agentes de destruio da vegetao como as intempries climticas e o ataque de pragas e doenas, o principal causador dessa destruio tem sido a ao do homem no meio ambiente. Dentre essas aes, o fogo , provavelmente, a principal causa de destruio da vegetao e, dependendo da sua intensidade, a vegetao pode ser destruda totalmente ou ficar prejudicada em seu crescimento e em outras caractersticas silvipastoris. Os efeitos provocados pelos incndios florestais destacam-se por serem devastadores e por provocarem diversos danos aos componentes do ecossistema. A vegetao existente como florestas, campos e pastagens so um dos principais componentes de proteo do solo e de regulao do ciclo hidrolgico. O componente vegetal atua nesse processo como proteo contra o escorrimento superficial da gua, no controle erosivo, nos deslizamentos de terra e no avano de dunas. Estes fatos, aliados importncia da vegetao como fixadora de CO2, ao refgio e alimentao da fauna silvestre e beleza cnica, ressaltam a importncia de sua preservao. Com o objetivo de diminuir a ao do fogo por meio de seu controle e da difuso de tcnicas e de mtodos de preveno e combate a incndios florestais e da popularizao dos conhecimentos sobre seu controle, diminuindo as ocorrncias e reduzindo seus efeitos malficos, foi elaborado este curso "FORMAO E TREINAMENTO DE BRIGADA DE INCNDIO FLORESTAL". 2.0. Conceitos Bsicos importante iniciarmos o estudo do fogo atravs de alguns conceitos. Como estamos trabalhando com pessoas de diversas regies, e algumas esto estudando o fogo e seu controle pela primeira vez, vrios termos utilizados podem no ser de conhecimento de todos, e o que seria pior, alguns termos utilizados neste curso podem ter outros significados em regies diferentes. Por isso, a primeira discusso a ser feita quanto ao termo utilizado j no objetivo do curso, que o controle aos incndios florestais. O que significa ou o que voc entende por incndios florestais?O incndio florestal a ao do fogo sobre um material Diferente do que muitos pensam, o incndio florestal combustvel, seja ele encontrado em uma pastagem, no somente o fogo que atinge a uma floresta. O em uma floresta plantada ou em uma incndio florestal a ao do fogo sobre um material floresta natural ou nativa. combustvel, seja ele encontrado em uma pastagem, em uma floresta plantada ou em uma floresta natural ou nativa. Em resumo, a ao do fogo sobre qualquer tipo de vegetao, esteja ela viva ou morta.

2.1. Incndio Florestal e Queima Controlada Qual a diferena entre incndio florestal e queima controlada? Queima controlada o uso do fogo de forma planejada para se atingir a um determinado objetivo como, por exemplo, a limpeza de uma pastagem. A queima controlada , obrigatoriamente, acompanhada de um planejamento prvio. Neste planejamento, devem ser considerados os aspectos legais, as tcnicas deUniversidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [3]

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queima, as condies climticas, a previso do comportamento do fogo, os equipamentos e as ferramentas apropriadas e at os vizinhos rea a ser queimada. Como pode ser visto, a queima controlada, apesar de no ser difcil, no pode ser realizada de qualquer forma e sem conhecimento. J o incndio florestal, como j comentamos, a ocorrncia do fogo em qualquer forma vegetativa. O incndio florestal pode ser causado de diversas formas, desde as naturais, at aquelas causadas pela ao do homem. Essas aes podem ser de carter criminoso, acidental ou inesperado. Vamos discutir outros termos utilizados no curso como: - fogo; - material combustvel; - queimada; e - queima natural controlada. 2.2. Fogo O fogo uma reao qumica rpida que libera calor para o meio. Esta reao qumica transforma o material vegetal (ou material orgnico) em, principalmente, CO 2, que um gs, com produo de calor, luz e, geralmente, chamas. Para que possa existir o fogo e ocorrer esta transformao, necessria uma fonte de calor que, normalmente, o prprio fogo e o oxignio.Ao esquentar o combustvel lidera gases que so inflamveis, que pegam ao fogo em contato com o calor

Ao esquentar o combustvel, este se transforma, produzindo gases inflamveis. So estes gases que ao entrarem em contato com o calor e o oxignio, produzem as chamas. Veremos mais adiante que uma das formas de controlar o fogo abafando-o, retirando o oxignio e, desta forma, a reao pra de acontecer e o fogo se apaga. 2.3. Material Combustvel O material combustvel, ou simplesmente combustvel, todo o tipo de vegetao, viva ou morta, que se encontra no ambiente e est sujeita ao do fogo, ou seja, o elemento que serve de propagao do fogo. 2.4. Queimada o termo utilizado pela populao em geral, inclusive na imprensa e em outros meios de comunicao, para a queima controlada. No entanto, o termo queimada no garante o planejamento prvio e nem assegura as exigncias da queima controlada, como descrita anteriormente no curso. 2.5. Queima Natural Controlada A queima natural controlada incorpora novos conceitos sobre a relao do fogo com o ambiente natural. Na prtica, a queima natural controlada consiste em manejar o fogo de ocorrncia natural nas reas previamente estabelecidas. NestasO combustvel pode ser qualquer material que est sujeito a ao do fogo. Na natureza, normalmente, so folhas galhos e troncos

Para se realizar uma queima controlada necessrio realizar um planejamento prvio e solicitar autorizao aos rgos competentes.[4]

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reas, o fogo no controlado ou extinto, mas manejado para que queime a rea de forma controlada e com o menor impacto possvel. Diversas so as situaes em que pode ser importante no controlar o fogo, e sim manejlo para queimar uma rea natural de forma a manter o seu equilbrio. 3.0. Tringulo do Fogo O fogo, como foi visto, um fenmeno que ocorre quando se aplica calor a uma substncia combustvel em presena do ar. O fogo, assim denominado, chamado de combusto. Se estudarmos a combusto da madeira, e que pode ser generalizada para todo um incndio florestal, so necessrios trs fatores, que so: - calor; - ar; e - combustvel. Esses trs elementos caracterizam o tringulo do fogo. Em qualquer incndio florestal, precisa haver o combustvel para que haja a queima, o oxignio para manter as chamas e o calor para iniciar e continuar o processo de queima. O estudo do tringulo do fogo importante porque, quando retiramos qualquer um dos trs elementos do tringulo (calor, ar ou combustvel), inviabilizamos o processo de combusto e, conseqentemente, apagamos o fogo. Vamos entender melhor como ocorre a combusto. 3.1. Fases da Combusto A combusto difcil de ser compreendida porque uma reao complexa e que envolve uma srie de variveis que dependem uma das outras e que ocorrem em um processo de retroalimentao, ou seja, o produto do sistema que o calor e o fogo tambm a causa da nova combusto, dando continuidade queima. A reao de combusto pode ser dividida em trs fases diferentes: PRIMEIRA FASE - A primeira fase do fogo ou da combusto, tambm chamada de pr-aquecimento, o incio do processo. O material combustvel comea a se aquecer, mas a temperatura ainda baixa, por volta de 100C. Nesta temperatura, o material perde umidade, principalmente por evaporao, e seca. Nesta fase, ainda no existem chamas. O calor elimina o vapor d'gua e continua aquecendo o combustvel. Quando a temperatura chega prxima aos 200C, entramos na segunda fase da combusto. SEGUNDA FASE - Quando a temperatura chega aos 200C, componentes do material vegetal, como a celulose, comeam a se desintegrar. Nesta temperatura tambm comeam a desprender os gases volteis. So estes gases volteis que entram em combusNa primeira fase da combusto no existe fogo, o combustvel comea a esquentar e, normalmente, libera gua. Na queima natural controlada devem ser seguidas normas para que a queima seja realizada com segurana

Para que exista o fogo so necessrios trs elementos:calor, ar e o combustvel. Por isso este processo chamado de tringulo do fogo.

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to e no a celulose diretamente. Por isso, o fogo no ocorre diretamente no combustvel e sim prximo sua superfcie. A temperatura continua a subir e quando chega entre 300 e 400C, se tiver oxignio, ocorre a ignio com a presena de chamas. Esta a fase que mais chama a ateno durante um incndio.

Na segunda fase da combusto pode ser observado o fogo. Repare nesta foto que o fogo no ocorre diretamente no combustvel e sim prximo a ele.

TERCEIRA FASE - Aps a combusto em chamas, se inicia a terceira fase, que a combusto em brasas, onde o carvo consumido, restando apenas cinzas. O calor gerado intenso, mas praticamente no existem chamas, nem fumaa. Geralmente, quanto maior a quantidade de carbono, maior a quantidade de calor liberada. Esta fase facilmente visvel em churrasqueiras onde existem somente brasas, mas o calor intenso. Em um incndio florestal, as trs fases ocorrem simultaneamente, mas podem ser perfeitamente observadas. A primeira fase onde as folhas se enrolam e a madeira perde gua medida que so aquecidas pelo calor das chamas que se aproximam. Em seguida, comeam as chamas e, aps a sua passagem, permanece a terceira fase, onde ocorre o consumo do carvo. Observao das trs fases: Vamos fazer uma experincia simples para a observao das trs fases. Pegue uma caixa de fsforos. Risque o fsforo, mantenha-o na horizontal e observe o caminho da chama. Antes da madeira entrar em combusto, soltam-se gases na forma de fumaa, liberando umidade.

Na terceira fase no ocorre o fogo, somente a combusto em brasa.

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Em seguida ocorre a fase de chamas, onde se pode ver o fogo. Posteriormente o fogo se extingue, permanecendo a brasa e depois somente as cinzas, que o resultado final da combusto. As diferenas entre a combusto em chamas e a combusto em brasas so importantes para se entender os efeitos do fogo na natureza. A combusto em chamas a principal responsvel pela morte da parte area das plantas, enquanto que a combusto em brasas responsvel pela queima do hmus e das sementes sobre o solo (JOHNSON, 1992). 3.2. Mecanismos de Transferncia de Calor O calor fundamental para que se inicie o processo de combusto e, conseqentemente, os incndios. Para que ocorra o incndio e esse se alastre, necessrio que haja a transferncia de calor para o material combustvel, como os restos vegetais que esto sobre os solo. A transferncia de calor ocorre de trs formas: - conduo; - conveco; e - radiao. 3.2.1. Conduo A conduo a transferncia de calor por contato atravs das molculas de um corpo. Um bom exemplo de conduo quando colocamos a ponta de uma barra de ferro no fogo. Em pouco tempo toda a barra estar quente, pois o ferro um bom condutor de calor. por isso que utilizamos panela de ferro e de alumnio para cozer os alimentos.

Para que se inicie uma queimada ou um incndio florestal necessria uma fonte de calor

No entanto, os materiais vegetais so mal condutores de calor e a conduo, portanto, tem pouca importncia em incndios florestais. Um exemplo simples da conduo pode ser feito riscando-se um fsforo e mantendo-o aceso na vertical. Observe que a chama avana lentamente sobre o combustvel (palito). 3.2.2. Conveco A conveco a transferncia de calor atravs do movimento ascendente de massas de ar aquecidas. Este processo ocorre porque o ar aquecido torna-se mais leve e tende a subir. A conveco muito importante na dinmica de incndios florestais porque, alm de renovar o oxignio na rea de combusto, aumentando ainda mais a temperatura, carrega partculas incandescentes que podem dar incio a um novo foco de incndio. Esse processo o responsvel pelo barulho que se ouve em grandes incndios que se movimentam rapidamente. Para observar a conveco, acenda uma vela em um ambiente sem ventos. Observe que a fumaa sobe na vertical e com velociUniversidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [7]

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dade. Agora coloque uma folha de papel acima da chama, sem toc-la. Com o calor da conveco, a folha de papel entrar em combusto. 3.2.3. Radiao A radiao a transferncia de calor que ocorre em linha reta e em todas as direes velocidade da luz. Este o nico processo que no depende de um meio para o transporte da energia, e o tipo de transferncia responsvel pelo aquecimento da terra pelo sol. 4.0. Comportamento dos Incndios Florestais O comportamento do fogo um processo bastante complexo e muito varivel de acordo com as condies locais no momento do incndio. Estas condies podem ser alteradas rapidamente, mudando tambm as caractersticas do incndio e a forma de combate. Para que ocorra um incndio florestal, preciso a combusto que, como foi explicado, necessita de uma fonte de calor, do oxignio e do material combustvel. No entanto, as caractersticas e as dimenses do incndio florestal ou da queima controlada dependem de fatores climticos e de fatores topogrficos. Esses fatores contribuiro positiva ou negativamente na intensidade da queima e na velocidade da sua propagao. Esses fatores interferem tambm no grau de dificuldade do combate ao incndio e nas condies de acesso ao local. Acrescentando esses fatores ao tringulo do fogo, que rene as condies bsicas para a combusto, podemos compreender melhor o comportamento do fogo aps a combusto no incndio florestal. Ao incluir a topografia e o clima que influenciam no comportamento do fogo formamos o losango do fogo, que mais completo e complexo que o tringulo do fogo. 4.1. Tipos de Combustveis Os combustveis para os incndios florestais so todos o tipos de vegetao, viva ou morta, que se encontram no ambiente e que esto sujeita ao do fogo. Como o combustvel o material que pega fogo, ou entra em combusto, muito importante conhec-lo para poder prevenir ou controlar os incndios. O tamanho do combustvel, considerando a sua espessura ou o seu dimetro, uma das caractersticas mais importantes. Quanto mais finos forem os elementos individuais do material combustvel, mais rpida a troca de umidade com o ar atmosfrico e, assim, a disperso do fogo acontece com maior ou menor velocidade se o material perder ou absorver maior quantidade de gua. Podemos separ-lo em trs classes de acordo com sua facilidade em pegar fogo ou sua inflamabilidade: Combustvel de combusto rpida - o combustvel constitudo de material leve e corresponde a todo oUniversidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [8]

A topografia acidentara um dos fatores que mais influenciam o comportamento do fogo.

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O combustvel o material que pega fogo. Conhecer suas caractersticas, como o seu dimetro e sua espessura, importante para um efetivo controle do fogo

material fino como folhas, pequenos galhos, pasto seco, acculas mortas e arbustos. Como so materiais finos, perdem a umidade e absorvem calor com facilidade. Por isso, so combustveis de acendimento rpido e combusto acelerada, queimando-se por completo. Em incndios florestais, este tipo de combustvel apresenta alta velocidade de propagao. Combustvel de combusto lenta - o combustvel constitudo de materiais espessos como tocos, troncos e rvores. So de difcil acendimento porque perdem umidade mais lentamente, gastando longo tempo na fase de pr-aquecimento. Sua combusto demorada e nem sempre completa. Combustvel verde - Corresponde a todo o material vivo e, por isso, apresenta maior teor de gua. Para que esse material pegue fogo necessrio que exista muito combustvel para sustentar o fogo por um perodo de tempo longo, at que o material verde perca toda a umidade. Este processo ocorre, principalmente, nos combustveis de menor dimenso. Quando isso ocorre, mesmo o material vivo pega fogo. 4.2. Outras Caractersticas Pela importncia da compreenso de como o combustvel afetado durante um incndio, tanto para a preveno quanto para o controle do fogo. Vamos discutir outras caractersticas como forma de melhor compreender o comportamento dos incndios florestais como a sua continuidade, sua compactao, a quantidade e, por fim, o seu teor de umidade.Os combustveis de combusto lenta como os troncos e tocos perdem umidade e absorvem calor muito lentamente e por isso so de difcil combusto, ocorrendo somente em incndios de maior intensidade Por perderem umidade e absorvem calor mais rapidamente, os combustveis constitudos de materiais finos como folhas e pequenos galhos apresentam combusto mais acelerada e de maior velocidade de propagaao

O material vegetal vivo apresenta alto teor de gua, e por isso necessrio que permanea em condio de alta temperatura por longo perodo para que possa perder esta gua e entrar em combusto.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [9]

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4.2.1. Continuidade A continuidade corresponde distribuio do combustvel em uma rea. Quando a distribuio de forma contnua e homognea, permite o avano do fogo com maior facilidade e rapidez. A continuidade deve ser considerada tanto no plano horizontal, quanto no vertical. No plano horizontal, consideramos como o combustvel est disposto sobre o solo. Quando o combustvel est disposto ao longo do solo de forma homognea, o fogo se dispersar mais rpido. Quando o material est disperso ou separado por barreiras como cursos d'gua, terra exposta ou aceiros, o fogo ser irregular e se dispersar com maior dificuldade, diminuindo a velocidade de disperso e podendo at se extinguir.Outras caractersticas dos combustveis afetam o fogo alm do seu dimetro e sua espessura como a disposio ao longo do terreno, a quantidade e o teor de umidade.

No plano vertical, quando o material vegetal est muito compactado e com alta densidade, o fogo se propagar rapidamente permitindo que as chamas subam da superfcie do solo at a copa das rvores. Por outro lado, quando o combustvel est muito espaado ou distanciado verticalmente, o calor no suficiente para acender o material para cima. 4.2.2. Compactao A compactao est relacionada com a densidade de material combustvel ou com os espaos vazios existentes entre as partculas individuais.

Quando temos pouco espao vazio entre as partculas, ou maior compactao, permanece menos ar circulante entre elas, dificultando a secagem. Por outro lado, quando permanece muitos espaos vazios, o ar circula com mais facilidade, renovando o oxignio, facilitando a secagem e a combusto. 4.2.3. Quantidade

Quando o combustvel est compacto no ocorre entrada de ar e a perda de umidade lenta. Quando permanecem muitos espaos vazios o ar circula com mais facilidade, secando o combustvel e renovando o oxignio, facilitando a combusto.

A quantidade o peso de matria seca existente por unidade de rea. A quantificao de material importante nos trabalhos e na caracterizao dos incndios florestais, bem como na associao dessas caractersticas aos efeitos do fogo. Em condies naturais, o material combustvel existente nem sempre totalmente eliminado durante o incndio. O material realmente consumido denominado de material comUniversidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [10]

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bustvel disponvel. Essa quantificao antes da queima muito difcil, pois diversas variveis influenciam na combusto, como a compactao, a umidade, o tamanho das partculas e a quantidade de material vivo ou morto, entre outros fatores. 4.2.4. Umidade A presena ou no de gua no interior das partculas do material combustvel o fator decisivo no processo da combusto. Se o material combustvel est muito mido, ele somente entrar em combusto aps a evaporao da gua. Esta s ir evaporar se houver fonte de calor suficiente e de maneira persistente. Com isso, parte do calor que deveria estar contribuindo para o pr-aquecimento e para desencadear a combusto, acaba sendo desviada para a evaporao da umidade. A umidade nos vegetais vivos varia de acordo com o estgio de desenvolvimento da planta. Um vegetal vivo, no incio de seu ciclo de crescimento, como, por exemplo, uma brotao nova, chega a ter 300% de umidade, enquanto uma folha comeando a amarelar possui em torno de 50%. No material morto, a umidade pode atingir teores de umidade bem mais baixos, chegando prximo de zero nas partculas mais finas e a mais de 200%, aps longos perodos de chuva. 4.3. Como as Condies Climticas Interferem no Incndio Florestal? Diversas variveis da condio climtica interferem nos incndios florestais. Entretanto, a temperatura, a umidade relativa do ar, o vento e a precipitao so as que mais afetam os incndios florestais. A combinao entre elas que vai determinar os efeitos do clima sobre o fogo. Um exemplo o perodo de chuvas, com altos ndices pluviomtricos, que reduz quase que por completo os riscos de fogo. No entanto, nas estaes secas, com um longo perodo sem chuvas, os riscos de incndio aumentam muito. O clima um dos fatores mais importantes para a ocorrncia dos incndios florestais, tanto no aspecto preventivo, quanto na fase de combate ao fogo. No aspecto preventivo, o clima impe mudanas gradativas nas caractersticas do material combustvel. J na fase de combate, a fora dos ventos influencia diretamente na velocidade de propagao e na direo do fogo. Vamos estudar cada um dos elementos do clima: a temperatura, a umidade relativa do ar, os ventos e a precipitao separadamente, mas no devemos esquecer que eles atuam em conjunto. Destes, os ventos e a umidade relativa do ar so considerados os dois mais importantes parmetros meteorolgicos que afetam a propagao dos incndios florestais.Quanto maior o teor de umidade do combustvel maior a dificuldade dela entrar em combusto porque ele somente entrar em combusto aps a evaporao da gua.

A quantidade de combustvel existente antes de um fogo de difcil quantificao.

Em pocas de pouca chuva e sol quente em que a umidade relativa baixa a probabilidade depropagao de incndio florestais alta.

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4.3.1. Temperatura do Ar A temperatura do ar influencia tanto direta, quanto indiretamente na iniciao e na propagao do fogo. Indiretamente, a temperatura age sobre outros fatores que atuam na propagao do fogo, como os ventos e a estabilidade atmosfrica, alm de manter os combustveis com umidade menor. Como vimos, para que ocorra a combusto que inicia o fogo, o combustvel tem que alcanar temperatura elevada, e a temperatura ambiente influencia diretamente na temperatura do combustvel. No entanto, a temperatura do combustvel difcil de ser determinada durante os incndios florestais. Por isso, fazemos algumas inferncias entre os combustveis e a temperatura do ar, que so:

Em pocas frias e com umidade relativa do ar elevada a combusto dificultada.

- Os combustveis finos se aquecem mais rapidamente pela incidncia direta do sol e pela temperatura do ar. - No hemisfrio sul, como no Brasil, em reas montanhosas, a face voltada para o norte e oeste apresentam temperaturas mais altas por receberem maior insolao do que a face sul e leste. - Os combustveis que se encontram sobre a superfcie, geralmente, apresentam temperaturas maiores do que os areos. 4.3.2. Umidade Relativa do Ar A umidade relativa influencia a ao do fogo de diversas formas. Primeiro porque ela a responsvel, junto com a temperatura, pelo teor de umidade do material combustvel, desde que no haja chuvas. Isto ocorre no material que se encontra sobre a superfcie do solo. O material seco absorve gua quando a atmosfera est mida e, ao contrrio, quando a atmosfera est seca o material perde gua. Na vegetao verde, este processo no ocorre desta forma, pois as plantas esto constantemente absorvendo gua do solo. Somente durante perodos extremamente secos, a baixa umidade pode afetar a umidade das plantas verdes. Quando se considera os elementos ambientais isoladamente, a baixa umidade um dos mais importantes fatores na propagao dos incndios florestais nas pocas secas, como ocorre no sul do Brasil e nas reas de cerrado. A umidade relativa influencia fortemente no grau de dificuldade de combate aos incndios e, quando est abaixo dos 30%, torna-se muito difcil o seu controle. Durante o dia, o ar est mais seco e tanto os combustveis, quanto a vegetao perdem umidade para o ar, que sobe. Durante a noite, este processo inverso, tanto que, pela manh, o combustvel e a vegetao esto cobertos de orvalho. O perodo crtico para se realizar o combate ao incndio vai das 10h daUniversidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [12]

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manh at s 18h da tarde. O incndio pode ser combatido em qualquer horrio, entretanto o melhor horrio para apagar o incndio vai das 18 s 6 horas. 4.3.3. Ventos O vento o parmetro meteorolgico mais varivel e menos previsvel durante um incndio florestal. Quanto mais rpido for o vento, maior ser a propagao do fogo, porque o vento renova o oxignio na rea de combusto e aumenta a rea de contato do combustvel com a alta temperatura da combusto. O prprio incndio pode afetar a direo e a velocidade do vento. O ar sobre as chamas torna-se aquecido e levanta-se formando uma rea de baixa presso que pode alterar a direo dos vento. Os ventos aumentam a velocidade de propagao do fogo, porque: - renovam o oxignio na rea de combusto; - conduzem o ar quente para as reas adjacentes; - desidratam os combustveis; e - disseminam partculas incandescentes que funcionam como novo ponto de ignio. Para sabermos a velocidade dos ventos, utilizado um aparelho chamado anemmetro. Existem alguns anemmetros que tambm medem a direo dos ventos, que uma importante informao durante o combate ao incndio. No entanto, normalmente, no se dispe desse aparelho no campo e, para estimar a velocidade do vento, pode-se usar a escala de Beaufort que fornece, empiricamente, uma estimativa dessa velocidade.

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4.3.4. Precipitao A precipitao atua tanto na combusto quanto na propagao dos incndios florestais. As estaes secas, com longos perodos de estiagem afetam o potencial de propagao dos incndios de diversas formas, mas, principalmente, por secar o material combustvel sobre o solo e por diminuir o teor de umidade da vegetao verde, aumentando a quantidade de material de alta combusto pela queda das folhas. A precipitao talvez o fator climtico mais importante, tanto que, no perodo chuvoso, o risco de incndio diminui para praticamente zero.

Quando ocorre precipitao o grau de perigo de incndio diminui por causa do aumento da umidade dos combustveis e do ar.

4.4. Topografia Observe o esquema abaixo. Responda mentalmente como a topografia pode afetar os incndios florestais? A topografia afeta os incndios florestais indiretamente ao exercer grande influncia sobre o clima e, em menor escala, sobre a vegetao e, conseqentemente, sobre o material combustvel. As principais variveis topogrficas que interagem, tanto com o clima, quanto com a vegetao, so a altitude, a exposio e a inclinao.

4.4.1. Altitude Locais de baixa altitude apresentam o ar menos rarefeito e com as temperaturas mais altas e, por isso, a estao de risco de incndio mais longa, ocorrendo mais incndios nestes locais do que em regies de alta altitude. Segundo FUNDAO O BOTICRIO DE PROTEO NATUREZA (2001), o topo das montanhas e o fundo dos vales apresentam diferentes condies de queima durante um mesmo perodo de 24 horas. Devido s correntes de vento e s condies de temperatura e umidade predominante nos dois locais, os fundos de vale apresentam maior potencial de propagao durante o dia, com situao inversa durante a noite.

Em regies de alta altitude a temperatura mais baixa e o ar mais rarefeito dificultando a ocorrncia de incndios florestais.

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4.4.2. Exposio A exposio se refere direo do terreno em relao aos pontos cardeais Norte, Sul, Leste e Oeste. Grande parte do Brasil est ao sul do Equador e, nestas condies, as encostas voltadas para o norte recebem os raios solares mais perpendicularmente, transmitindo mais calor e, conseqentemente, aquecendo mais esta face do que as outras. 4.4.3. Inclinao A inclinao exerce forte influncia no comportamento do fogo, favorecendo sua disperso e atuando de vrias formas. Em rea inclinada, quando o fogo se inicia na parte inferior do aclive, ocorre maior proximidade das chamas com o material combustvel, e alm disso, o ar quente, por ser mais leve, tende a subir, formando ventos no sentido do aclive. Assim, o fogo seca mais rapidamente o combustvel e aquece essa rea pela exposio de uma superfcie maior s ondas de calor. A corrente de ar originada pelo fogo encaminha-se para a parte inferior, renovando o suprimento de oxignio na zona de combusto. Em conseqncia da maior quantidade de calor e secando mais rapidamente, o material combustvel da parte superior vai entrar em combusto mais rapidamente e com maior intensidade. Com esse aumento na velocidade de propagao, mais calor gerado, acelerando ainda mais o processo, que tende a aumentar gradativamente de intensidade. 4.5. Local de Ocorrncia Quanto ao local de ocorrncia, os incndios florestais podem ser divididos em trs situaes: - incndios subterrneos; - incndios superficiais; e - incndios de copa. 4.5.1. Incndios Subterrneos O incndio florestal subterrneo est associado a regies onde ocorre material orgnico abaixo da superfcie do solo. Esta forma de incndio no um problema, a no ser em regies de vrzeas, de mangues e de turfa, que so depsitos naturais de matria orgnica e, em muitos casos, sofreram processo de drenagem. Por causa da deficincia de oxignio, a combusto na subsuperfcie do solo difcil e, por isso, normalmente, os incndios subterrneos so precedidos por incndios superficiais. Tambm por causa da deficincia de oxignio o fogo se propaga lentamente, sem chamas e com pouca fumaa. No entanto, a intensidade do calor e o poder de destruio destes incndios so bastante altos. O combate a esses incndios muito perigoso, pois o brigadista no identifica os locais de incndio facilmente, podendo cair em cavernas incandescentes, ferindo-se gravemente.

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4.5.2. Incndios Superficiais Este o tipo de incndio mais comum. Nele, o material combustvel corresponde a todo o material orgnico existente acima da superfcie do solo at cerca de dois metros de altura. Como este material fino, de pequena espessura, e normalmente est seco, o principal responsvel pela manuteno do processo de combusto e pela propagao do fogo. No perodo em que esses materiais esto bastante secos, eles se tornam muito inflamveis, causando incndios com propagao rpida com chamas e com muito calor. No entanto, normalmente, so mais fceis de serem combatidos. 4.5.3. Incndios de Copa Os incndios de copa so aqueles que ocorrem em combustveis acima de dois metros a partir da superfcie do solo, incluindo a copa das rvores. Normalmente, estes incndios se originam de incndios superficiais, salvo poucos casos como os originados por raios. Este tipo de incndio se propaga rapidamente, liberando grande quantidade de calor, tornando seu combate muito difcil e perigoso. 4.6. Formas do Incndio

O fogo superficial o tipo de incndio mais comum e, normalmente, mais fceis de serem combatidos.

O fogo de copa de alta intensidade e de difcil controle.

Todos esses fatores discutidos anteriormente influenciam as caractersticas e a forma do incndio. Em terrenos planos e sem ventos a forma dos incndios tendem a ser circular. Quando se inicia um vento, a frente do fogo tende a ficar com maior intensidade e com maior velocidade na direo do vento e a forma do incndio passa a ser elptica. Em reas de terrenos acidentados, com ventos irregulares e com combustveis dispostos de forma heterognea o fogo assume uma forma irregular. Normalmente esta a situao encontrada na maioria dos incndios florestais. 4.7. Partes do Incndio Por questes de segurana, fundamental o brigadista conhecer as partes de um incndio. A parte que avana na direo do vento, rapidamente e com maior intensidade, chama de frente ou cabea, mas tambm conhecida por linha de fogo. neste local que o fogo mais alto. A cauda ou base est situada em direo oposta. Ela avana lentamente. Os flancos ou os lados so as laterais do fogo e so identificados como direitos ou esquerdos em relao frente do fogo. Observe que com mudanas nas condies climticas como a direo dos ventos, a frente pode mudar de direo. Esta situao de alto risco porque o fogo pode cercar os brigadistas.

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5.0. Ciclo do Fogo Durante o perodo de 24 horas, o fogo pode se comportar diferentemente dependendo da hora do dia. Assim: 1. Durante o dia, o sol aquece o combustvel e baixa o seu teor de umidade. Desta forma, o material combustvel comea a apresentar condies para o processo de queima. 2. No meio da manh as chamas comeam a pegar fora em mancha de combustvel de partculas menores que j esto secas. Os restos vegetais maiores comeam a secar e os arbustos podem comear a pegar fogo. 3. Por volta das 14 horas, por causa da conveco do ar, o vento aumenta sua velocidade. O fogo aumenta sua velocidade e intensidade de propagao, ficando bastante intenso. Este processo influenciado ainda pela baixa umidade relativa do ar, que tende a ressecar ainda mais os combustveis, facilitando a combusto. 4. Depois do entardecer, o ar se esfria. Durante a noite, o combustvel absorve umidade do ar, que diminui a intensidade do fogo. Ao amanhecer, a maioria do incndio est com menor intensidade.

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Mdulo 2

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1.0. Planos de Proteo A proteo dos recursos naturais exige um planejamento criterioso de maneira a antecipar a ocorrncia de incndios florestais, principalmente prximos s unidades de conservao. Todo planejamento de proteo contra incndios florestais tem como objetivo primrio a reduo do nmero de ocorrncias. Mas, como no possvel acabar, por completo, com as causas de incndios, o sistema deve estar sempre preparado e organizado para o primeiro ataque no menor tempo possvel, antes que o fogo se alastre. No processo de combate, o planejamento fundamental para que o fogo seja controlado, alm do menor tempo possvel, com segurana, o menor custo e menor rea queimada, minimizando os efeitos sobre os componentes do ecossistema atingido. Os sistemas de proteo, em geral, tm o mesmo objetivo, diferenciando-se apenas nos recursos e nos procedimentos utilizados nos planos de proteo. O plano de proteo pode ser geral, considerando todas as etapas de preveno e de aes de combate, ou especfico, ou seja, direcionado exclusivamente para cada uma de suas etapas como a preveno, a deteco, a supresso, o manejo do combustvel, a queima controlada ou para o combate do fogo. Os planos devem ser feitos de acordo com a situao local e dos recursos disponveis, mas, em qualquer situao, o plano, para ser eficaz, deve considerar os seguintes elementos bsicos: - causa; - poca de ocorrncia; - local de ocorrncia; - classe do material combustvel; e - zonas prioritrias.

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2.0. Preveno de Incndios A preveno de incndios florestais fundamental para que possamos minimizar os efeitos do fogo, reduzindo os impactos ambientais, econmicos e sociais envolvidos em um incndio. O objetivo da preveno resume-se na implementao de aes para reduzir as causas dos incndios e os riscos de propagao do fogo. Como as principais causas de incndios, normalmen-te, esto relacionadas com a atividade do homem, estas so em sua maior parte evitveis, e um programa de preveno de incndios tem que, necessariamente, incorporar trabalhos de conscienti-zao e de educao da populao. Para se reduzir os riscos de propagao dos incndios florestais, devem ser adotadas medidas prvias com o objetivo de diminuir a possibilidade ou a velocidade de propagao, podendo ser utilizado para isso a construo de aceiros, o manejo do material combustvel e a silvicultura preventiva. 2.1. Conhecimento das Causas dos Incndios O conhecimento das causas dos incndios importante para a implementao de programas eficazes de preveno. As principais causas relacionadas so: - naturais (raios); - incendirios; - queimas agrcolas ou florestais; - caadores, pescadores e turistas; - estradas; e - diversos. 2.2. Caracterizao da rea O primeiro passo em qualquer atividade de preveno realizar um levantamento da rea que se deseja proteger. O levantamento deve partir de dados existentes como plantas topogrficas, mapas, dados climatolgicos, ocorrncia de incndios florestais em anos anteriores, uso do solo na regio, existncia de estradas, caminhos e outras vias de acesso, incluindo aceiros e a existncia de cursos d'gua. Este levantamento deve ser constantemente atualizado. 2.2.1. Mapa Plani-Altimtrico Em regies planas, o mapa planimtrico, com todas as representaes necessrias, satisfaz as necessidades do combate a incndios. Porm, em regies acidentadas, o mapa plani-altimtrico fundamental para que os brigadistas saibam onde se encontram as encostas, os vales, os cumes, as regies mais acidentadas entre outras. No mapa planimtrico (em regies planas) ou no plani-altimtrico (em regies acidentadas) necessria a representao de diversos elementos existentes na regio. Esta representao varivel de acordo com as caractersticas locais.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [20]

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Alm dos componentes essenciais listados abaixo, importante a representao de referncias para os brigadistas como casas, barragens e construes antigas: - caminhos e vias de acesso; - instalaes industriais e residncias; - tipo de cobertura vegetal; - topografia; - cursos d'gua, barragens e reservatrios; - aceiros; - uso do solo dos confrontantes; e - locais de incndios anteriores. As informaes contidas nos mapas plani-altimtricos devero ser complementadas com dados florestais e climticos da regio, perodos crticos de incndios, existncia de recursos humanos, materiais disponveis para aes de preveno e combate e informaes de hbitos da populao confrontante. 2.3. Preveno das Fontes de Fogo O incndio ocorre devido a uma srie de fatores que podem ser evitados ou impedidos de acontecer. Num plano de preveno de incndios, esses fatores devem ser identificados para que se possa realizar um diagnstico e, em funo dele, realizar a ao pertinente em cada caso. Por exemplo: O incndio causado por fogueira resultado do turista, da prpria fogueira e do descuido. Incndio de fogueiras = turista + fogueira + descuido Se qualquer um dos trs elementos do incndio for eliminado, no haver fogo. Deste modo, existem quatro maneiras de se prevenir um incndio desse tipo: 1) banir os turistas de reas sujeitas ocorrncia de incndios (fechamento completo da rea), ou induzlos a no fazer fogueiras em determinadas reas; 2) limitar o uso de fogueiras em determinadas reas que no oferecem risco; 3) educar ou motivar os turistas a ser cuidadoso; e 4) tomar precaues necessrias, a fim de evitar o incndio. Com a adoo de medidas proibitivas como banir o turista ou proibir a visitao obtm-se resultados imediatos para uma determinada rea. No entanto, este tipo de medida deve ter carter temporrio, pois no conscientiza a populao e no pode ser estendida para grandes reas.

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A educao da populao uma medida a longo prazo, mas efetiva, no somente para o controle de incndios, mas tambm para a conservao ambiental de forma geral. Todo o programa de combate a incndios tem que considerar e envolver a educao da populao. 2.3.1. Educao e Comunicao da Populao Como o ser humano o maior causador de incndios florestais e, normalmente, a populao em geral pouco informada sobre a necessidade de controle de incndios, a educao deve ser a primeira iniciativa na preveno de incndios florestais. A conscientizao da populao para a importncia das florestas e dos prejuzos que os incndios florestais podem causar pode ser obtida atravs de contatos individuais ou em grupo, da elaborao e divulgao de material de apoio, da realizao de reunies, seminrios, palestras, e, ou, entrevistas, e deve ser encarada como a primeira iniciativa na preveno de incndios. O conhecimento prvio das caractersticas da populao confrontante permitir a definio da melhor estratgia de abordagem. Contudo, o contato pessoal com os confrontantes, em particular com aqueles situados em reas de risco, uma medida reconhecidamente eficaz. Dever ser realizada pelo menos uma visita antes do perodo crtico, procurando motivar os confrontantes para o problema, estabelecer laos de parceria, difundir normas legais existentes e distribuir material de apoio. A participao de representantes de orgos federais, estaduais ou municipais nesta abordagem deve ser viabilizada. O contato pessoal, apesar de ser um mtodo caro, apresenta bons resultados, pois permite um dilogo direto, o que muito importante para a populao rural, geralmente carente de informaes. Dependendo da regio, o contato em grupo poder ser realizado, criando sinergia e aumentando a participao nas atividades de preveno. Os trabalhos com os jovens e atividades em escolas so muito importantes na busca de uma nova conscientizao da populao frente conservao e aos incndios florestais. Com a populao em geral podem ser feitas reunies em cooperativas, sindicatos, aps as missas, os torneios leiteiros e nas festas folclricas regionais. 2.3.2. Vigilncia A prtica tem mostrado que a vigilncia uma ferramenta importante e necessria. A finalidade bsica da vigilncia detectar o foco de incndio no estgio inicial e acionar, imediatamente, o servio de combate para debelar o fogo. Outro objetivo importante da vigilncia a fiscalizao da rea, a fim de impedir a ao de pessoas estranhas. Existem dois tipos de vigilncia: - a fixa; e - a mvel.

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- Vigilncia Fixa A vigilncia fixa normalmente feita com a utilizao de um observatrio, que pode ser uma torre de incndio. Quando se trabalha com reas muito grandes ou demasiadamente acidentadas, necessrio um conjunto de torres que funcionam por meio de triangulao entre elas, de forma que de uma torre seja possvel ter visada para as outras torres. A torre deve oferecer comodidade e segurana para o operrio, ter praraios, sistema de rdio-comunicao e boa visibilidade. fundamental a vigilncia para se detectar o foco de incndio no incio.

Os principais critrios para a instalao das torres so o local de maior altitude dentro da rea, nmero de torres a instalar, zonas de ocorrncia e principalmente o acesso at o local. Nem sempre necessria a instalao de torres. Em regies acidentadas, podem ser feitos abrigos em pontos estratgicos, aproveitando os acidentes geogrficos. Para que a deteco possa ser eficaz, devero ser requeridas determinadas caractersticas pessoais ao observador, tais como: boa acuidade visual, experincia, mtodo, ateno e concentrao; assim como lhe devero tambm ser proporcionadas boas condies de observao e um completo equipamento de observao e de comunicao. - Vigilncia Mvel Normalmente, a vigilncia mvel tem um custo de instalao mais baixo, mas de manuteno alta. A vigilncia mvel consiste do patrulhamento terrestre feito a p, a cavalo, de moto ou com qualquer outro tipo de veculo. Esta vigilncia eficaz, uma vez que tende a ser feita em locais distantes, no cobertos pelo sistema de torres. A presena do patrulheiro na rea intimida e dificulta a ao de estranhos. A vigilncia mvel tambm pode ser feita com avies ou satlite. So meios mais onerosos, mas que podem ser eficientes quando se tratar do patrulhamento de grandes reas. Os sistemas de vigilncia devem ser dotados de Centros de Preveno de Incndios Florestais que so estruturas operacionais que funcionam 24 horas por dia durante a poca de maior ocorrncia de incndios. As funes que lhes so atribudas so as seguintes: - centralizar as informaes de vigia relacionadas existncia de incndio, sua localizao correta e a informao de ocorrncia aos meios de combate, como corpos de bombeiros e brigadas de incndio; - acompanhar a evoluo dos incndios, informando os responsveis pelo combate das infra-estruturas existentes (rede viria, rede de defesa contra incndios, locais de apoio, pontos de gua); e das suas caractersticas - recolher elementos para o relatrio posterior do incndio. 2.3.3. Regulamentao do Uso da Floresta A regulamentao do uso de florestas, seja ela particular, ou uma unidade de conservao, importante na preveno dos incndios causados pelas pessoas que as utilizam.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [23]

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Esta regulamentao no est associada somente legislao em vigor, mas tambm educao da populao. Para ser colocada em prtica, necessria, inicialmente, uma campanha de esclarecimento no sentido de explicar as razes das restries ao uso das florestas. Associados a estas restries, deve ser feito, em conjunto com as populaes, um levantamento de sua necessidade de uso das florestas e um estudo da alternativas de uso associadas s restries impostas. A forma mais drstica de regulamentao fechar a floresta, ou setores mais susceptveis ao incndio, durante os perodos crticos. 2.3.4.Aplicao da Legislao Existem pessoas que, mesmo aps campanhas de conscientizao, so descuidadas ou agem de acordo com seus interesses pessoais, no obedecendo legislao. Para estas, a aplicao rigorosa da lei a medida mais eficiente na preveno de incndios. A aplicao da legislao, normalmente, no uma tarefa simples. Para ser aplicada, deve-se determinar a causa do incndio, identificar a pessoa responsvel pelo fogo e provar legalmente o seu envolvimento no incndio. 2.4.Preveno da Propagao do Fogo Mesmo com eficientes programas de preveno de incndios, estes ocorrero. Por isso, necessrio estabelecer programas de controle e propagao dos incndios, principalmente por meio do controle da quantidade, arranjo, continuidade e inflamabilidade, ou potencial de queima do material combustvel. importante salientar que, dependendo da intensidade do fogo, o aceiro isoladamente no consegue deter o incndio. No entanto, ele fundamental para o rpido acesso ao local do fogo, alm de contribuir para o emprego de tcnicas do contra-fogo, que sero discutidas mais frente.

Para se atingir este objetivo, podem ser utilizadas as seguintes tcnicas preventivas: - construo e manuteno de aceiros; - reduo ou manejo do material combustvel; - cortinas de segurana; e - construo de audes. 2.4.1. Construo e Manuteno de Aceiros Aceiros so faixas de terra, de largura varivel, sem cobertura vegetal viva ou morta, destinadas a quebrar a continuidade do material combustvel e deter a propagao do fogo. uma tcnica embasada na eliminao de um dos componentes do tringulo do fogo, o material combustvel.A regulamentao do uso de florestas importante na preveno dos incndios causados pelas pessoas que as utilizam.

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Os aceiros podem ser construdos nas seguintes condies: - ao longo das divisas; - ao longo das estradas de acesso rea protegida; - ao longo de reas cultivadas; - ao longo de reas industriais; - dentro de reas florestadas, para facilitar o acesso em caso de incndios e permitir a ao de combate; e - em caso de incndios florestais, para fazer contra-fogo. - Largura do aceiro A largura dos aceiros depende das condies locais, mas, normalmente, devem ser considerados o tipo de vegetao e a topografia. De forma geral, quanto mais inclinado for o terreno e maior a densidade da vegetao, mais largo deve ser o aceiro. Observe, no quadro abaixo, as larguras que geralmente so utilizadas em aceiros:

Entretanto, no devem ser considerados apenas os fatores de preveno de incndios. Outros fatores, como o custo de construo e manuteno e a vulnerabilidade do solo eroso, tambm devem ser considerados no planejamento do local e da largura dos aceiros. A sua construo deve obedecer topografia do terreno, seguindo o contorno das encostas e, sempre que possvel, aproveitar elementos naturais como cursos d'gua, reas rochosas e escarpas ou alteraes promovidas pelo homem como estradas, represas e plantios com espcies de menor inflamabilidade, tambm chamado de aceiro verde. - Construo do aceiro Os aceiros devem ser feitos com os recursos disponveis e podem ser construdos com trabalho manual, atravs de motosseras, de foices, de enxadas e ps, ou com o uso de mquinas, como o trator ou a motoniveladora. Quando se tem os equipamentos disponveis, a seqncia bsica para a construo de um aceiro deve seguir a utilizao de equipamentos mais pesados para os mais leves. Trator >> motosserra >> machado >> foice >> p/enxada >> rastelo O terreno deve ser trabalhado at que a superfcie se mantenha livre de material combustvel. No entanto, a situao local e a disponibilidade de equipamentos que determinaro, na prtica, os procedimentos a serem utilizados.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [25]

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O material vegetal cortado da rea do aceiro deve ser retirado da rea do aceiro e da sua borda, sendo incorporado mata da rea subjacente. Tm sido testados retardantes que, quando pulverizados sobre a vegetao, impedem que esta entre em combusto. Este mtodo apresenta as vantagens de no expor o solo eroso, no cortar a vegetao e gastar pouca mo-de-obra. No entanto, no so resistentes gua e, se ocorrer uma chuva, ainda no perodo chuvoso, o retardante pode ser "lavado" da vegetao e o seu efeito diminudo. - Limpeza A limpeza peridica dos aceiros de extrema importncia como medida de preveno. De modo geral, basta realizar a operao de limpeza no incio da poca crtica para que os aceiros atravessem todo o perodo de perigo de incndio em bom estado de conservao. Durante o inverno, as plantas esto em estado de dormncia, com pequeno ou nenhum crescimento vegetativo. A limpeza pode ser realizada mecanicamente com o auxlio de tratores, motoniveladoras e roadeiras ou manualmente, com foices e enxadas. Muitas empresas tm utilizado o herbicida na manuteno dos aceiros, com resultados satisfatrios. No entanto, sua utilizao deve ser evitada em unidades de conservao, prximo a nascentes e a cursos d'gua, como forma de evitar a contaminao da gua e da fauna.

Ao se planejar um aceiro de preveno deve-se considerar vrios critrios como por exemplo o seu custo de construo.

2.4.2. Reduo do Material Combustvel Um dos mtodos mais utilizados para se evitar as queimadas ou para que elas sejam de baixa intensidade a reduo da quantidade de material combustvel existente, principalmente sobre o solo. Esta tcnica pode manter o material combustvel em pequena quantidade apenas nos locais de maior perigo de propagao do fogo. Os seguintes mtodos podem ser usados para este fim: Mecnico: com o uso de mquinas como tratores, arados e grades para a incorporao da matria orgnica; Qumico: com o uso de herbicidas, para impedir o crescimento da vegetao. Em unidades de conservao, este mtodo deve ser evitado para no contaminar a gua e a fauna; Fogo controlado: com o uso do fogo para a eliminao ou reduo do material combustvel; e Pastoreio: com o uso de animais, especialmente caprinos, para manter a vegetao com porte baixo. 2.4.3. Cortina de Segurana Chamam-se cortina de segurana as tcnicas que alteram a inflamabilidade do material combustvel por meio de plantio de espcies menos inflamveis do que as que se deseja proteger. Este uma tcnica que causa pouco ou nenhum impacto sobre o ambiente, mas de difcil implantao e muitas vezes pouco eficiente.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [26]

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As florestas frondosas e hidrfilas sofrem pouco com os incndios florestais quando comparadas com florestas de pinus, pastagens e outras coberturas mais susceptveis ao incndio. comum diversas espcies que ocorrem nessas florestas serem pouco resistentes ao incndio por no resistirem ao calor. Suas folhas so tenras e seu crtex pouco resistente. Ento, por que no ocorre, ou ocorre com pouca freqncia, fogo nestas florestas?O uso de herbicidas deve ser evitado, principalmente prximo a reas de preveno.

A compreenso para este fato no reside em estudar somente as rvores, que so mais resistentes ao fogo ou que se inflamam com maior dificuldade, mas tambm o ambiente deve ser considerado. Normalmente, estas reas so formadas por florestas hidrfilas e se estas espcies ocorrem porque o lugar mais mido, ou suficientemente mido para o desenvolvimento dessas plantas. O crescimento dessas plantas no local mais mido tambm contribui para a manuteno da umidade tanto no solo quanto nas plantas e no material combustvel. Com o uso de algumas plantas podemos diminuir a velocidade e a intensidade do incndio, porm elas no conseguem se desenvolver em qualquer local. O problema que, normalmente, as espcies arbreas so introduzidas em reas originalmente degradadas, secas, pedregosas ou com algum impedimento ecolgico. Se forem implantadas nestes locais, estas espcies no se desenvolvero satisfatoriamente e no tero as caractersticas necessrias para que a cortina de segurana seja efetiva. 2.4.4. Construo de Barragens A construo de pequenas barragens ao longo dos cursos de gua serve como barreira para a propagao do fogo. Alm do mais, trazem outros benefcios muito importantes para o combate aos incndios por serem utilizadas como locais para captao de gua, refgio e aumento da umidade relativa. 2.5. Estimativa do Grau de "Perigo de Fogo" Ser que possvel saber antecipadamente a possibilidade de ocorrer fogo na regio? Se voc acha que sim, antes de prosseguir, tente listar quais condies voc acha que favorecem ou facilitam a ocorrncia do fogo em sua regio. Para determinar a estimativa do grau de perigo de fogo ou os ndices de perigos de fogo tentamos transformar os parmetros que facilitam a ocorrncia de fogo em nmeros. Assim, quanto maior o nmero encontrado, maior o grau de perigo de fogo. Normalmente, so utilizados dados meteorolgicos para a previso, porque eles refletem, com certa preciso, a vulnerabilidade da vegetao ao fogo. Quando podemos obter boas previses de incndio, possvel tomar decises com antecedncia, no sentido de colocar em estado de alerta da brigada de incndio.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [27]

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A tendncia do grau de perigo ocorrncia do fogo calculada diariamente e de forma acumulativa. Como cumulativa, se a situao permanece favorvel ao fogo, os riscos vo sendo crescentes porque a gravidade determinada ontem somada hoje, se as condies persistirem. Em resumo, o comportamento climtico convertido em nmeros que so relacionados com uma escala de cinco nveis de grau de perigo, de forma crescente. Se a condio climtica drstica por um perodo maior, o grau de perigo atinge o ltimo nvel e permanece a at que a situao se reverta. 2.5.1. Frmula de Monte Alegre (FMA) Existem diversas formas de se determinar o ndice de previso de incndios. Elas consideram as condies locais que mais influenciam. Vamos utilizar a Frmula de Monte Alegre (FMA), por ser um ndice adaptado s condies brasileiras. O valor do ndice calculado com base na umidade relativa do ar e na precipitao das ltimas 24 horas. Para tomada das variveis, so necessrios um psicrmetro, para medir a umidade relativa do ar, e um pluvimetro, para a determinao da precipitao. Na equao abaixo, mostrado como realizado o clculo da Frmula de Monte Alegre. FMA hoje= FMAontem * f + FMAhoje = ndice a ser calculado para hoje; FMAontem = ndice calculado no dia anterior; F = fator de correo do valor acumulado, determinado de acordo com a precipitao ocorrida nas ltimas 24 horas; URhoje = umidade relativa do dia atual. As variveis meteorolgicas (a umidade relativa do ar e a precipitao so medidas sempre s 13 horas). O valor "f" determinado de acordo com a precipitao do dia, conforme o quadro abaixo. Modificao no Clculo (Valor de f) Conforme a Precipitao Ocorrida no Dia 100 (URhoje)

Depois de calcular o grau de perigo de fogo, devemos informar a populao por meio de placas educativas.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [28]

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Determinao do Grau de Perigo na Frmula Aps calculado o Valor do ndice (FMA), entra-se no Quadro abaixo com este valor e verifica-se o Grau de Perigo. Grau de Perigo de Ocorrncia de Fogo do Dia de Acordo com o Valor Calculado de FMA

Para a divulgao do ndice para a populao, recomenda-se o emprego de painis, instalados em locais de maior movimentao de pessoas.

Os painis de grau de perigo de fogo devem ser instalados em locais de maior movimentao de pessoas.

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2.5.3. Clculo Dirio dos Valores de FMA Dia 1:

FMAhoje = FMAontem FMAontem = 0f=1

*

f

100 URhoje

porque o primeiro clculo da srie (no existem clculos anteriores). Uma vez adotado um ndice para uma regio esse valor ser sempre aquele do dia anterior. porque no houve precipitao no perodo compreendido entre a tomada de dados meteorolgicos do dia anterior e a do dia atual (veja quadro de modificao).

FMA1 = 0Dia 2:

*

1

100 52

>100 UR2

FMA1 = 1,9

FMA2 = FMA1 FMA1 = 1,9f=1 idem primeiro dia

*

f

FMA2 =1,9Dia 3:

*

1

100 62

>100 UR3

FMA2 = 3,5

FMA3 = FMA2 FMA3 = 0

*

f

porque choveu 20 mm (quantidade > 12,9 mm veja quadro de modificao). Ou seja, chovendo quantidade acima de 12,9 mm, assume-se que no h risco de ocorrncia de incndio, e o valor de FMA , portanto, zero.

FMA3 = 0Dia 4:

FMA4 = FMA3 FMA3 = 0 FMA4 = 0

*100 50

f

100 UR4

*

1

>

FMA2 = 2,0

Dia 5:

FMA5 = FMA4 FMA4 = 2,0f=1 idem primeiro dia

*

f

100 UR5

FMA5 = 2,0

*

1

100 45

>

FMA5 = 4,2[30]

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Dia 6:

FMA6 = FMA5 FMA5 = 4,2f = 0,7

*

f

100 UR6

porque choveu 2,8 mm ( quantidade entre 2,5 e 4,9 mm veja quadro de modificao).

FMA6 = 4,2Dia 7:

0,7 100 * 45

>100 UR7

FMA6 = 5,2

FMA7 = FMA6 FMA6 = 5,2f=1 idem primeiro dia

*

f

FMA7 = 5,2

*

1

100 55

>

FMA7 = 7,0

Dia 8:

FMA8 = FMA7 FMA7 = 7,0f = 0,4

*

f

100 UR8

porque choveu 9,2 mm ( quantidade entre 5,5 e 9,9 mm veja quadro de modificao).

FMA8 = 7,0

* 0,4

100 76

>

FMA8 = 4,1

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Mdulo 3

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1.0. Introduo Como foi discutido no primeiro mdulo deste curso, o incndio representado classicamente pelo tringulo do fogo, ou seja pelo calor, pelo ar (ou o oxignio) e pelo combustvel. Quando temos estes trs elementos em quantidades suficientes ocorre o fogo. O combate ou a extino do fogo consiste basicamente em eliminar um desses elementos para que se interrompa a reao e o fogo seja apagado. No entanto, para que seja feito o trabalho de combate, no podemos considerar somente as condies de reao e, conseqentemente, o fogo. necessrio considerar tambm o que chamamos do losango do fogo, onde tem-se, alm das condies de fogo (oxignio, combustvel e calor), as condies de clima e a topografia.

Todas as tcnicas de controle na verdade partem da compreenso desses fatores para que o fogo seja controlado. Em conjunto com esses fatores, podemos acrescentar outra preocupao inerente s tcnicas de combate, que a segurana dos brigadistas. Veja, a seguir, as tcnicas empregadas para o controle do fogo. Iniciaremos com dois pontos fundamentais e que so os mais importantes no combate ao incndio: - segurana e treinamento de pessoal; e - ferramentas e equipamentos. 2.0. Treinamento de Pessoal O treinamento de pessoal fundamental para capacitar os combatentes nos trabalhos de controle a incndios. Alm do treinamento, esta fase fundamental para que haja interao entre os elementos do grupo. Sem um efetivo trabalho de equipe no existe um eficiente e seguro combate ao incndio. O treinamento deve ser feito periodicamente, visando harmonizar os trabalho dentro e entre as equipes, a utilizar as tcnicas de combate adequadas e a utilizar as ferramentas e os equipamentos corretamente. Durante os treinamentos fundamental os brigadistas se conhecerem e cada um saber o seu papel no combate ao incndio. A capacidade de um brigadista de realizar um bom trabalho conseqncia de um conjunto de qualidades, como sua capacitao fsica, sua inteligncia, seu entusiasmo, sua habilidade, sua experincia, a aclimatao e a nutrio. Os trabalhos fsicos realizados durante os treinamentos iro melhorar as caractersticas derivadas da capacidade fsica como aumento da resistncia ao calor, da capacidade de trabalho (condicionamento fsico) e da agilidade fsica. Mas, no treinamento devem ser feitos trabalhos que preparem o combatente a conhecer melhor o fogo e estar mais preparado psicologicamente para esta funo, alm de estar mais inteirado com o grupo. Por isso, importante, alm dos exerccios fsicos, realizar jogos que aliem o exerccio fsico interao como o futebol, a prova do barco e as corridas de 2,5 km.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [33]

Durante o combate ao incndio a segurana dos brigadistas sempre est em primeiro lugar.

Antes do perodo crtico de incndio os brigadistas devem fazer treinamentos.

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Na Reserva de Peti da Companhia Energtica de Minas Gerais - CEMIG, o treinamento iniciado trs meses antes da estao de fogo. Estes treinamentos so realizados duas vezes por semana, sendo que em um dia feito um treinamento de reconhecimento das trilhas, aliado ao condicionamento fsico, onde os brigadistas percorrem cerca de dez quilmetros de trilhas com equipamentos como bombas costais cheias, ferramentas e todos os equipamentos de proteo individual. No outro dia so realizadas atividades de condicionamento fsico e recreao, como o futebol.

Alm dos treinamentos fsicos e de reconhecimento deve ser feito um treino recreativo que trabalhe a resistncia e a interao entre os brigadistas, como o futebol.

3.0. Equipamentos e Ferramentas Existem diversos tipos e formas de equipamentos e de ferramentas a serem utilizadas no combate a incndios. Eles podem ser muito simples, como um machado, ou sofisticadas como avies teleguiados. Todos tm seu uso e so importantes no programa de combate ao incndio e devem ser utilizados em conjunto. Sempre em um combate ao incndio, a proteo do brigadista deve vir em primeiro lugar. Discutiremos a seguir os Equipamentos de Proteo Individual (EPI). Em seguida, os equipamentos e ferramentas mais utilizadas em brigadas de incndio e, por fim, os mais sofisticados e que somente algumas equipes podem contar com seu apoio. 3.1. Equipamentos de Proteo Individual Para garantir sua proteo e evitar acidentes o brigadista deve estar protegido contra as altas temperaturas e os gases, utilizando vestimenta e mscara apropriadas. As vestimentas e as mscaras devem sempre estar prontas e em bom estado, para que, ao chamado de incndio, o brigadista possa se vestir no menor tempo possvel. Elas devem proteger o brigadista, mas tambm apresentar conforto e comodidade, principalmente para os movimentos. Para as vestimentas necessrio: - roupa; - capacete; - botas; - culos protetores; - luvas; - toalha; - mscara purificadora; - cantil; - manta aluminizada; - cinturo; - lanterna;

Existem diversos tipos de equipamentos e ferramentas, desde os mais simples at os mais sofisticados.

Brigadistas com equipamentos de proteo individual.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [34]

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3.1.1. Roupa Deve ser feita, preferencialmente, de material antifogo, mas infelizmente, por causa de seu alto custo, normalmente no utilizada no Brasil. Na falta de roupas com material antifogo deve-se utilizar roupas de algodo, nunca de material sinttico; com manga larga, de costuras resistentes, que permitam uma boa movimentao no trabalho; de cor bem visvel distncia e, preferencialmente, com tiras reflectantes noturnas, diagonalmente nas costas e na frente. As peas ntimas tambm devem ser de algodo. No se deve utilizar nenhuma pea do vesturio de material sinttico.

Como o custo de roupas antifogo muito elevado devese utilizar vestimentas de algodo.

3.1.2. Capacete Devem ser certificados para incndios, possuir ajuste para a cabea do operador, ser resistente a altas temperaturas e a contato com objetos cortantes e no podem ser condutores de eletricidade.

Capacete utilizado para incdios florestais.

3.1.3. Botas So confeccionadas em couro, com cano alto, solado antiderrapante com estrias profundas, palmilha isolante e resistente ao calor. No devem ser utilizadas partes metlicas como pontas de ao, que podem conduzir calor para o interior da bota.

Botas para controle de incndio.

3.1.4. culos Protetores Devem ser resistentes ao calor, no inflamveis; devem cobrir a parte superior do rosto para reduzir os efeitos de gases irritantes e evitar contato com partculas incandescentes e choques com ramos.

culos recomendados para o uso durante o combate ao incndio.

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3.1.5. Luvas Devem ser de couro reforado e com punhos longos. Para trabalhos de preciso, podem ser utilizadas luvas de couro fino, que permitam maior flexibilidade de movimentos. 3.1.6. ToalhaPodem ser utilizadas diversos tipos de luvas. Estas so indicadas para os trabalhos em geral.

Para reduzir os efeitos da temperatura, pode ser mantida uma toalha fina e molhada em partes desprotegidas como o pescoo. Esta toalha no pode ser utilizada como elemento filtrante enquanto estiver molhada.

3.1.7. Mscara Purificadora Esta mscara deve ser buo-nasal, com filtro trocvel, material suave e flexvel e, de preferncia, pequena. Normalmente no so utilizadas em brigadas de incndio no Brasil. 3.1.8. Cantil O cantil deve ter capacidade para um litro e recoberto com material trmico. Deve ser preenchido com lquido hidratante ou gua pura.

3.1.9. Cinturo Deve ser de tela reforada com engates metlicos e liso.O cantil para uso em combate a incndios florestais deve ser, preferencialmente, de alumnio.

3.1.10. Manta Aluminizada um equipamento que deveria fazer parte dos acessrios de proteo ao brigadista, mas que, normalmente, no o acompanha. Esta manta serve para a proteo da radiao, no caso do brigadista ficar cercado por chamas ou para cobrir homens feridos durante o transporte at o centro mdico. Deve sempre estar no cinturo para qualquer emergncia.

O cinto deve ter engates metlicos para pendurar os acessrios como o cantil e o faco.

3.1.11. Apito So utilizados em situao de emergncia e sinais de alarme. O apito deve ser utilizado por todos os brigadistas, mesmo durante os treinamentos, ele pode e fundamental para se localizar feridos em caso de acidentes. De forma a evitar acidentes, nunca utilize o apito dependurado no pescoo, fixe-o no bolso da blusa.

O apito sempre deve acompanhar os brigadistas e a qualquer situao de emergncia deve ser utilizado.[36]

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3.2. Ferramentas Necessrias para o Combate A eficincia de um plano de proteo contra incndios florestais est na habilidade de uso dos recursos disponveis, incluindo o emprego correto das ferramentas e equipamentos disposio do combatente. As ferramentas e os equipamentos devem ser de uso exclusivo para o combate ao fogo e mantidos em timo estado de conservao. As ferramentas devem ser utilizadas de acordo com a aplicao para a qual foram desenvolvidas e nunca podem ser deixadas no campo ou em caminhos por onde ocorre o trnsito de brigadistas ou de veculos. Devem sempre ser mantidas em local visvel para serem encontradas com facilidade e evitar acidentes. As ferramentas nunca devem ser jogadas e, ao serem transportadas, deve ser mantida uma distncia de, pelo menos, dois metros entre cada brigadista.

Ferramentas Necessrias para o Combate Aps os trabalhos, cada ferramenta deve ser meticulosamente limpa e avaliada. As que estiverem em bom estado devem ser guardadas no almoxarifado construdo para este fim. As ferramentas de corte so amoladas e lubrificadas aps o uso e depois enviadas para o almoxarifado. J as que apresentam defeitos, devem ser consertadas ou, se no houver conserto, eliminadas do trabalho em combate a incndios.As ferramentas e os equipamentos devem ser usadas somente de acordo com a aplicao para a qual foi desenvolvida.

3.2.1. Material Bsico Enxada e enxado: So utilizados para raspar, cavar e soltar a terra; capinar; cortar razes finas; raspar a superfcie de troncos e de toras em brasa. No ataque direto, so empregadas para jogar terra sobre o fogo e, no ataque indireto, para fazer e limpar os aceiros.

Foice: Existem as foices de fio reto e as de fio curvo, so usadas para cortar ramos, arbustos e o mato alto.

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Rastelos: Esta ferramenta, de um lado funciona como uma enxada e, do outro, como um ancinho. Muitos combatentes no gostam desta ferramenta por ela ser mais pesada e considerada pior para o trabalho.

Machados: Os machados so usados para cortar rvores, arbustos, razes, ramos e troncos sobre o solo; para raspar troncos e toras em brasa e para marcar rvores.

P: De preferncia, usar as ps cortantes, que apresentam fio na parte frontal. So utilizadas para raspar o solo, soltar, quebrar e lanar terra para sufocar o fogo, cortar razes e ramos finos, raspar superfcie de troncos e toras em brasa.

Ancinho: utilizado para o trabalho de limpeza final dos aceiros, retirando restos de galhos, folhas e outros combustveis soltos sobre o solo.

Lanterna: Evitar o uso de lanternas que no suportem altas temperaturas. Deve-se revisar o seu funcionamento e ver se as pilhas esto em bom estado, antes de sair para o combate.

Faco: So utilizados para abrir trilhas, cortar pequenos galhos e material herbceo na confeco de aceiros e para cortar qualquer material que prenda o combatente em uma situao de emergncia.

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Pinga-fogo: O pinga-fogo utilizado para atear fogo quando se utiliza o contra-fogo com mais segurana e comodidade. O pinga-fogo feito com depsito de, aproximadamente, cinco litros preenchido com 2/3 de leo diesel e 1/3 de gasolina. No deve ser utilizada mistura mais rica em gasolina porque torna-se perigoso. Por outro lado, quando se usa propores muito pobres, difcil mant-lo aceso. Tambm pode ser utilizado querosene puro. O conjunto formado por um tubo com sistema anti-retorno que goteja sobre o queimador e permanece aceso durante o uso. A intensidade de gotejamento incandescente feita atravs da vlvula de ar. Para acender o pinga-fogo, deve-se embeber o queimador com a mistura de leo e gasolina ou querosene e depois atear fogo no combustvel sobre o solo. Depois deve-se chegar o queimador sobre o fogo que este vai acender. Quando terminar de usar, deve-se apagar o pinga-fogo soprando fortemente sobre o queimador. Para guardar o pinga-fogo em ambientes fechados aps o uso, deve-se esperar esfriar bem, porque ele continua a soltar gases que so inflamveis. Mochilas e bombas costais de 18 a 20 litros: So depsitos de gua, flexveis ou rgidos com capacidade entre 18 a 20 litros, dotados de sistema de asperso de gua. Estes depsitos de gua so transportadas como mochilas. A gua lanada por meio de uma bomba manual e de um aspersor. So utilizadas tanto no ataque direto quanto no indireto. O alcance mximo, dependendo do bico e de sua regulagem, varia de trs a oito metros. Quando se usa o bico regulado para pulverizar, existe uma maior eficincia no uso da gua, porm o alcance menor. Esta regulagem deve ser usada quando se combate combustveis ligeiros em fogo sobre o solo. Quando se regula o bico para esguichar a gua, o alcance maior, podendo chegar a 8 metros. Esta regulagem usada em chamas maiores. Seja ela qual for, sempre atuar esguichando sobre a base do fogo, com exceo dos casos em que se usa a gua em combustveis sem chamas. Para maior conservao e segurana, o combatente deve estar atento para os seguintes pontos: - Nunca deixar a haste do pulverizador sobre o solo, para que este no se esvazie, evitando acidentes e a quebra do equipamento; - Manter engraxados os mbolos; - Evitar bater com a haste de pulverizao e com o mbolo de presso; - Usar gua o mais limpa possvel. Areia e terra estragam o pulverizador; - Quando possvel, substituir a mangueira de plstico, original do aparelho, por uma de borracha, que suporta o calor e no fica rgida com o uso de gua fria; e - Sempre revisar o estado de conservao e o funcionamento dos pulverizadores antes de guard-los.

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Caixa de primeiros socorros: O material de primeiros socorros planejado de acordo com o tamanho da equipe e com o trabalho a ser realizado. Todo o material a ser transportado deve ser acondicionado em maleta ou, de preferncia, em mochilas apropriadas, como a da fotografia. Como em incndios florestais os acidentes mais comuns so queimaduras de diversas intensidades, cortes, desidratao, entorses, e picadas de insetos e de animais peonhetos, os materiais a serem includos na caixa de primeiros socorros so os seguintes: - Maca; - Esparadrapo 10 cm x 4,5 m; - Ataduras de gaze de 10 e 15 cm; - Diversas ataduras de crepom; - Colete cervical; - Mscara facial; - Soro fisiolgico; - Manta aluminizada; - Tesoura; - Tala moldvel de 60 e 38 cm; - culos protetor; - Tala; e - Luvas descartveis.

Abafador e chicote: Os abafadores devem ser feitos de borracha resistente a altas temperaturas e so usados para sufocar o fogo. Brigadistas no treinados, normalmente, utilizam o abafador de maneira incorreta, no sendo efetivo o trabalho para controlar o incndio e gastam muita energia. Para ser eficiente, devem ser dados golpes secos e manter por um instante o abafador sobre a base do fogo para sufoc-lo. Os golpes devem ser na direo do fogo, para que as fagulhas caiam sobre o fogo ou sobre o terreno j carbonizado. O abafador no deve ser agitado prximo ao fogo porque aumenta a circulao de oxignio, aumentando o fogo. Os chicotes so mais leves, mas tambm menos eficientes. So usados batendo-se no fogo, espalhando-o. Como no uso de abafadores, deve-se bater na direo do fogo para no espalhar fagulhas na direo do combustvel.

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3.2.2. Material Auxiliar - Martelo; - Cartas topogrficas; - GPS; - Sistema de moto bomba para controle de incndio; - Roadeira; - Bssolas; - Rdio de comunicao; - Cunhas de madeira ou de ferro; - Limas; e - Motoserras. Classificao das Ferramentas Segundo sua Funo

3.4. Manuteno Preventiva de Ferramentas Depois de cada operao ou treinamento, todas as ferramentas precisam ser vistoriadas e passadas por uma srie de operaes para que sempre estejam prontas para o uso.

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Revisar o fio das ferramentas que tenham corte.

Checar o cabo das ferramentas que no devem apresentar rachaduras ou ns, que diminuem sua resistncia; e verificar os fios para que estejam afiadas.

Colocar protees nas partes cortantes utilizando-se pedaos de mangueira, capas de couro ou papel adesivo. O uso de adesivos prtico e funcional, bastando colocar uma fita adesiva na parte cortante da ferramenta. Isto deve ser feito com cuidado para no se cortar.

Manter as ferramentas afiadas. para afi-las, deve-se evitar o uso do esmeril eltrico porque o calor destempera o ao, que vai perder o fio mais rapidamente. Para afi-la utilize uma lima plana, fixada em uma bancada.

3.5. Principais Causas de Acidentes com Ferramentas O uso de ferramentas defeituosas expe o combatente a perigos que podem levar a ferimentos graves e a danos materiais. Por isso, devem existir condutas para que eles sejam evitados. O combatente deve revisar as ferramentas ao fim de cada jornada, seja o combate a um incndio ou mesmo treinamentos. O encarregado de cuidar das ferramentas, chamado de ferramenteiro, deve ser o responsvel por eliminar ou enviar para o conserto daquelas que estejam sem condies de uso. O uso de ferramentas inadequadas pode provocar numerosos acidentes e estragar as ferramentas. Por isso, todos os brigadistas devem conhecer o uso especfico de cada ferramenta, utilizando a mais adequada para a situao de combate existente. Mtodos de trabalho incorretos podem ocasionar situaes de risco em todas as etapas, como transporte, arrumao do veculo e durante o combate.

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A falta de manuteno no permite a realizao dos trabalhos eficientemente. A segurana e o rendimento do trabalho depender, em grande parte, das ferramentas e de seu estado de conservao. O transporte durante o translado nas trilhas e aceiros so muito perigosos. O combatente deve segurar as ferramentas de corte pelo cabo, junto cabea da ferramenta, com o fio voltado para fora do corpo e com o brao esticado e paralelo ao corpo. As ferramentas nunca devem ser transportadas sobre o ombro. Muitas leses so provocadas por ferramentas deixadas temporariamente em locais imprprios. As ferramentas, quando no esto em uso devem ser colocadas em local visvel, se possvel encostadas sobre um toco ou uma rvore, com a parte cortante para baixo. A carga e a descarga das ferramentas nos veculos devem ser feitas de forma organizada e as ferramentas devem ser passadas de um brigadista para o outro pelo cabo, segurando-se firmemente com as duas mos. Este somente deve solt-la, quando o outro brigadista tambm estiver segurando a ferramenta da mesma forma. 4.0. Etapas do Combate Quando discutimos sobre controle de incndios florestais, o trabalho mais importante a preveno. Se, a partir de um eficiente programa de preveno, a ocorrncia de incndios pudesse ser totalmente controlada, os custos tanto econmicos, quanto ecolgicos e sociais, seriam evitados. No entanto, no existem programas de preveno que sejam totalmente eficientes, e sempre ocorrer o incndio florestal. Nestes casos, deve ser feita uma ao de combate rpida, organizada e planejada. Todos os planos de combate devem seguir etapas para o controle do fogo, com segurana para os brigadistas. As principais etapas do combate ao incndio so: 1. deteco; 2. mobilizao do pessoal; 3. estudo da situao e reconhecimento prvio; e 4. definio e aplicao do mtodo de combate. Antes de discutirmos o combate propriamente dito, fundamental debater a organizao e a lderana. 4.1. Organizao e Lderana fundamental que a brigada de incndio tenha uma hierarquia para que os trabalhos de combate sejam organizados e eficientes. importante a estrutura de combate estar organizada para poder agir imediatamente em caso de alarme de incndio. Para que isso ocorra, a operao de combate deve ter apenas um responsvel pelo comando, e todos devem obedecer a ele. Este comando estabelecido por algum que conhea a rea e tambm os mtodos de combate, assumindo a responsabilidade pelas decises.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [43]

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Para que se possa combater o incndio com segurana e rapidez, cada um dos membros da brigada deve saber claramente as suas funes. Para que se tenha esta hierarquia bem definida, e que seja mantida quando so incorporadas outras brigadas para ajuda quando o fogo assume propores acima da capacidade da brigada local, a estrutura bsica deve ser mantida. A brigada dividida em trs classes: o chefe de brigada, o lder de grupo e o brigadista. 4.1.1. Chefe de Brigada a autoridade mxima em um incndio e tem as seguintes funes: - organizar e dirigir os recursos; - determinar as chefias para funes especficas; - estabelecer estratgias e tticas de combate; - programar necessidades de recursos; - instruir no plano de combate; - planificar e revisar as aes de combate; - garantir e zelar pela segurana e bem estar dos combatentes; e - manter informada a central de operaes. 4.1.2. Lder de Grupo - responsvel para que as ferramentas, os equipa-mentos, os alimentos e o pessoal estejam sempre prontos; - instruir os combatentes sobre onde e como esta-belecer a linha de fogo; - supervisionar a brigada e garantir o adequado uso de equipamentos e ferramentas; - garantir a segurana dos combatentes; - manter informado o chefe de brigada; e - supervisionar a correta desmobilizao das pessoas e dos equipamentos. 4.1.3. Combatentes Os combatentes devem: - construir a linha de fogo de acordo com as ordens do lder de grupo, trabalhando de forma segura e eficiente; - realizar as obrigaes; e - fazer bom uso e ter cuidado com os equipamentos e roupas.Os brigadistas devem ouvir com ateno as ordens do chefe de brigada.[44]

O chefe de brigada o responsvel pelo planejamento e ataque ao fogo.

O lder de grupo o brigadistas mais experiente do grupo.

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Seja qual for o tamanho da brigada, ou a ajuda que seja incorporada ao combate, a estrutura continua a mesma. O chefe do incndio sempre ser a autoridade mxima e orientar os chefes de brigada. Caso sejam incorporadas novas brigadas, elas sempre estaro sob o comando do chefe de brigada. O lder de grupo vai receber as ordens do chefe de brigada, organizar o ataque ao incndio e dar as ordens para os brigadistas. Para facilitar a organizao dos trabalhos, cada brigada deve ter, no mnimo, trs e, no mximo, 14 brigadistas, chefiados por um lder de grupo. 4.2. Deteco A deteco do fogo, tambm chamada vigilncia ou patrulhamento o tempo percorrido entre o incio do fogo e a comunicao para a brigada. Uma rpida deteco possibilita o controle do fogo antes que ele tenha se propagado ou que tenha alta intensidade. Quanto menor o tempo entre o incio do fogo e o incio do ataque mais fcil ser o seu controle. Com o incio do fogo, deve-se definir o plano de proteo. A preocupao principal deste plano no o fogo propriamente dito, e sim o tempo do primeiro ataque, que o tempo decorrido entre o incio do fogo at o incio do combate. Por isso, a capacidade de detectar o fogo e uma rede eficiente de comunicao para que a equipe possa agir rapidamente um dos objetivos dos servios de combate a incndios. A metodologia utilizada para a deteco do incndio pode ser fixa, mvel ou auxiliar. Na vigilncia fixa, normalmente, so utilizados abrigos ou torres de observao em pontos estratgicos. Existem sofisticadas torres com sistemas automticos de deteco, com sensores infra-vermelhos e cmaras de vdeos. A vigilncia mvel realizada atravs do patrulhamento terrestre, com veculos ou cavalos. Na vigilncia auxiliar fundamental a participao da sociedade civil, desde transeuntes at a aviao comercial, que a partir da conscientizao comunicam os fatos aos tcnicos responsveis pelo combate ao incndio. Um sistema de comunicao eficiente fundamental tanto para a fase de deteco, como tambm para a fase de combate ao incndio. Sempre deve existir comunicao entre as equipes de combate e o centro de socorro, quando este existir. 4.2.1. Torre de Observao Nas reas onde no possvel a instalao de abrigos, que so de menor custo, instalam-se torres de observao. Elas podem ser de madeira ou de metal, tendo no topo uma cabine com visibilidade para todos os lados, onde permanece o observador.Em locais altos com boa visada podem ser utilizadas torres de observao.

As torres devem ser instaladas nos locais de boa visibilidade para a maior rea possvel, normalmente, localizadas nos pontos mais altos da regio.

A altura da torre vai depender da topografia e da vegetao e quanto mais plana a regio, geralmente, maior deve ser a torre, que pode chegar a 40 metros de altura. As torres devem ser munidas de diversos aparelhos como rdio de comunicao, binculos, livro de ocorrncias e aparelhos para determinao da localizao do incndio.Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [45]

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A localizao do incndio deve ser feita com a utilizao do gonimetro. Com o gonimetro, que de baixo custo, determina-se o azimute ou ngulo horizontal. Para se localizar o incndio, necessrio realizar a triangulao a partir de outra torre de observao.

Aparelhos de rdio comunicao so indispensveis para os observadores.

4.3. Mobilizao Mobilizao so todas as aes necessrias para a sada do pessoal para o combate. Para uma rpida mobilizao necessrio que todos os equipamentos estejam arrumados em um cmodo de fcil acesso pela viatura que os transportar. Os equipamentos necessrios devero estar prontos para o uso, como ferramentas cortantes afiadas e pulverizadores cheios.A mobilizao deve ser feita de forma rpida para que a equipe chegue ao local do incndio antes que ele se alastre.

O treinamento das equipes de combate fundamental para se conseguir uma rpida mobilizao do pessoal. Neste treinamento, o responsvel deve definir claramente as atribuies e responsabilidades de todo o pessoal. Essas atribuies devem ser mantidas no processo de combate ao incndio.

O tempo de viagem, normalmente, o ponto crtico da mobilizao. Se o incndio muito distante e as vias de acesso so precrias, o tempo consumido no deslocamento da equipe poder permitir um grande aumento do permetro de fogo, dificultando o seu combate. 4.3.1. Transporte das Ferramentas para o Veculo Deve-se evitar o transporte de equipamentos e ferramentas no mesmo veculo de transporte de pessoal. Caso seja utilizado o mesmo veculo, as ferramentas no devem permanecer soltas sobre o piso do veculo. Deve-se manter as ferramentas em compartimentos fechados na carroceria ou em armrios construdos para esse fim, acoplados a ela.

Nno veculo, ferramentas frgeis no devem ser transportadas com ferramentas cortantes.

Para se realizar a operao de transporte das ferramentas e equipamentos do almoxarifado para os veculos, os homens devem ser bem treinados. Onde o ferramenteiro organiza a operao e os brigadistas realizam o trabalho. Um homem deve permanecer no veculo para arrumar as ferramentas e os outros realizam o transporte manual. As ferramentas devem ser transportadas firmemente com as duas mos e, ao serem transferidas para o homem que permanece no veculo, somente deve ser solta ao se ter certeza de que a ferramenta est firmemente segura. Primeiro, devem ser transportados para o veculo as ferramentas cortantes, como machados e foices. Em seguida, so transportadas as outras ferramentas. 4.4. Estudo da Situao e Reconhecimento Prvio As primeiras decises so muito importantes para o combate e no podem ser tomadas com precipitao. O reconhecimento prvio a primeira etapa e se inicia com a chegada ao local do fogo. O responsvel pela ao de combate, que o chefe de brigada, decide onde iniciar o ataque ao fogo, quais sero as aes de combate e os recursos a serem utilizados em funo do estudo detalhado da situao, considerando:Universidade On-line de Viosa / www.uov.com.br [46]

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