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________________________ ________________Mdulo bovino/bubalino

GADO DE CORTE

Caractersticas da criao de gado de corte Para a formao de uma renda mnima que possibilite a manuteno da propriedade, expanso da atividade de uma receita para o pecuarista, necessrio que o rebanho possua um grande nmero de animais. O sistema extensivo, predominante na pecuria de corte, apresenta deficincias na alimentao, sanidade e melhoramento animal, obrigando o pecuarista a ocupar grandes reas como forma de compensar a pequena produtividade alcanada. Sendo o ciclo de produo longo, os primeiros resultados financeiros so demorados e, ao contrrio da renda mensal que se obtm na pecuria leiteira, na bovinocultura de corte esta ser conseguida somente quando ocorrer venda de animais, o que comumente ocorre uma vez ao ano. A mo-de-obra no precisa ser especializada, visto que no pas h um predomnio da explorao extensiva, onde as tarefas a serem executadas so muito simples. As instalaes exigidas para um manejo adequado so simples e rsticas. No exige uma assistncia administrativa e tcnica muito intensiva para se atingir bons resultados. ndices de Desempenho da pecuria de Corte NDICES Natalidade (%) Desmama (%) Mortalidade at desmama (%) Mortalidade mdia do rebanho (%) Idade a 1 Cria (meses) Idade ao abate (machos) (Meses) Peso Mdio da carcaa (kg) BRASIL 50-55 45-50 9-10 5-6 48 54 195

Bovinos de corte: Raas e aptidesRAAS Gir Z e b n a s Nelore Guzer Indubrasil ORIGEM Indiana Indiana Indiana Nacional APTIDES CXL Carne Carne Carne PELAGEM PARTICULARIDADES Vermelha e branca 2 raa mais numerosa bere bem desenvolvido Branca ou cinza 1 raa mais numerosa clara bere pequeno Azulega (branca) 3 raa mais numerosa Branca, cinza ou Meio termo entre Gir e Guzer amarela Animais mais precoces e pesados idade adulta Branca Animais de grande porte Bons produtores de carne Corpo verm. Com Animais rsticos, forte, precoces cara branca As vacas no do leite suficiente aos bezerros criadas no RS Vermelha Rstico, forte e manso Menor precocidade Branca Uma das melhores raas para carne Branca Precoce Em cruzamentos com zebunos d mestio rstico de crescimento acelerado Cinza clara Grande rusticidade Indicada para cruzamento com zebunas Verm/verm e Grande rusticidade bca/rosilha e bca Tendncia para acumular gordura Escura Carcaa de alto rendimento Gordura marmorizada Vermelha Grande porte, rstica amarelada Baixa quantidade de gordura Vermelha Amarela Capacidade de reproduzir eficientemente em climas tropicais Boa produtividade/ rusticidade

Tabapu Hereford

Nacional Britnia

Carne Carne

Devon Charolesa Chianina

Britnia Continental Continental

CXLX Trabalho Carne Carne

T a u r i n a s

Marchigiana

Continental

Carne

Shorthorn Aberdeen Angus Limousine Santa Gertrudis Canchim

Britnia Britnia Continental Americana Nacional

Carne Carne Carne Carne Carne

Z X T

FASES DA CRIAOA bovinocultura de corte apresenta as fases de cria, recria e terminao, sendo que os pecuaristas podem dedicar-se a uma, duas ou todas as etapas. 1- FASE DA CRIA Requer maior especializao e investimento. iniciada pela seleo de matrizes e reprodutores que devem resumir condies bsicas para produzir: boas condies de sade, conformao adequada e boa converso de peso. Requer maiores cuidados por trabalhar com bezerros nos primeiros meses. A falta de ateno a esta fase prejudica a produo de uma cria melhorada, que por sua vez ir influenciar negativamente as fases seguintes e comprometer a produtividade do rebanho nacional. Na maioria das vezes esta fase realizada de maneira extensiva, em condies deficientes de alimentao, sanidade e manejo. A fase abrange o perodo do nascimento a desmama.

2- FASE DE RECRIA Inicia-se aps a desmama Tem durao de 1 a 2 anos, e na maioria das vezes mais tempo. Os cuidados com alimentao, sanidade e o desenvolvimento em que se encontram os bezerros ao serem desmamados iro influenciar na maior ou menor permanncia dos animais na recria.

3- FASE DE TERMINAO A terminao ou engorda acontece a regime de pasto, onde os animais permanecem por 8 a 12 meses, sendo em seguida abatidos. O abate deveria ocorrer com idade mdia de 3 anos, mas este valor pode chegar a 5 anos.

Gado de corte manejado em regime de pasto A maior parte do rebanho de corte brasileiro criado extensivamente. Por conseqncia so abatidos em idades avanadas, apresentando, portanto baixo rendimento. As pastagens tropicais em geral apresentam baixo valor nutritivo, baixa produtividade e marcada estacionalidade de produo, sendo freqente tambm o problema do superpastejo. Dentre outros fatores, esta deficiente qualidade da maioria das pastagens responsvel pela baixa eficincia registrada na pecuria de corte. Para amenizar esta situao algumas medidas podero ser adotadas no melhoramento das pastagens: Construo de cochos e bebedouros permitindo uma distribuio do rebanho e utilizao mais uniforme da pastagem. Aplicao de fertilizantes e outras prticas visando o aumento da produo e produtividade da pastagem acima de seu potencial atual. Recuperao de pastagens j deterioradas atravs do controle de invasoras e o ressemeio de plantas nativas ou exticas de maior potencial produtivo.

Concluindo, o manejo e o melhoramento das pastagens so fatores de grande importncia na tentativa de reverter baixos ndices de produtividade registrados no rebanho de corte brasileiro. Produo intensiva de gado de corte Na pecuria brasileira, a fase de cria, recria e terminao ocorre com muita freqncia a pasto, determinando uma idade ao abate aos 4 anos e meio, com peso vivo em torno de 450 kg.

Durante a estao das guas existe abundncia de forragens verdes, permitindo um bom desempenho do rebanho. Na poca seca as forragens florescem, amadurecem e logo aps, comeam a secar, diminuindo gradativamente o seu valor nutritivo, decrescendo o teor em protena e aumentando as fibras e celulose, e ainda diminuindo a palatabilidade e a degestibilidade com conseqente reduo de desempenho animal. Esta diminuio no valor nutritivo das forragens e tambm sua menor disponibilidade durante a seca, produzem os seguintes efeitos nos bovinos: Paralisao do crescimento e perda de peso Diminuio da produo de leite Reduo na taxa de fertilidade Maior predisposio dos animais ao ataque de pragas e doenas Elevao da taxa de mortalidade Animais a serem utilizados O sucesso do confinamento, dentre outros fatores, depende da escolha criteriosa dos animais a serem utilizados. Sabe-se que existe uma grande variao entre bovinos destinados a produo de carne, que esta diversidade decorre de uma grande diferena existente no ambiente criatrio e de presena de tipos genticos muitos variados, conseqncia do cruzamento desordenado dos rebanhos e do aproveitamento de indivduos provenientes de rebanhos leiteiros. Esta diferena pode esta no peso maturidade, taxa de crescimento, quantidade e distribuio da gordura corporal e total de carne comercializvel produzida por unidade animal. Raas e cruzamentos Ultimamente vem ocorrendo substituio nos confinamentos no uso de animais de raas puras por bovinos mestios, tanto em empresas maiores quanto menores.

A explicao para esta mudana deve-se a trs fatos: Formao de novas raas a partir de cruzamentos inter-raciais Melhor compreenso do papel da heterose Preferncia do mercado mundial. Peso e Idade A distribuio e localizao da gordura, bem como a proporo de msculos, ossos e gordura no organismo animal, esto associados ao peso, idade e estrutura corporal. Algumas consideraes quanto idade: Animais novos, entre 1 e 2 anos, apresentam maior velocidade de crescimento e maior taxa de converso alimentar. O esqueleto est em formao e, portanto, os ossos esto desenvolvendo. O mesmo ocorre com a camada muscular que envolve os ossos. O ganho de peso em funo da formao de msculo. Animais velhos, tem menor velocidade de crescimento e menor taxa de converso alimentar. Nestes o esqueleto e a camada muscular j esto completos e formados, conseqentemente o ganho de peso decorrente da formao de tecidos adiposo. O custo de 1 kg de ganho de peso em animais com 1 a 2 anos menos que entre animais de 2 a 3 anos, e este por sua vez, menor que entre animais de 3 a 4 anos. Isto ocorre em parte devido formao de gordura, cujo dispndio de energia 2,5 vezes maior para igual quantidade de msculos formados. Castrao No Brasil a prtica de se castrar ou no varia muito de acordo com o sistema de criao ou recriao. Com a finalidade de se eliminar os efeitos negativos da seca e, portanto intensificar o desenvolvimento dos animais, pode-se fazer uso dos sistemas de confinamento, semi-confinamento e suplementao a pasto. Confinamento

O confinamento consiste em manter os animais em reas apropriadas, durante certo perodo de tempo fornecendo-lhes toda a alimentao necessria, constituda de concentrados, volumosos e minerais. O simi-confinamento a pasto se caracteriza pelo fornecimento do concentrado e parte do volumoso na prpria pastagem, ou animais durante um certo perodo do dia so levados a um curral, onde recebem alimentao. A suplementao a pasto consiste no fornecimento apenas de rao concentrada no prprio pasto, ficando a forragem existente na pastagem responsvel pela complementao das exigncias alimentares. Antes de se iniciar um programa de produo intensiva necessrio um bom planejamento de produo e abastecimento de alimentao, instalaes, equipamentos, mo de obra, disponibilidade de animais e, principalmente, conhecimento do mercado consumidor. Preparo dos animais Consiste em: Vacinao (Principalmente Aftosa 20 dias antes). Vermifugao Bernicida de carrapaticida Produo e reproduo nas raas zebunas 1. Desenvolvimento ponderal A velocidade de crescimento est estreitamente relacionada com a precocidade e com o rendimento no abate. O CONTROLE FINALIDADE: DE DESENVOLVIMENTO PONDERAL TEM POR

Identificar indivduos que apresentam maior velocidade de ganho de peso nos diferentes rebanhos. Registrar a condio de criao e regime alimentar a que so submetidos os animais, orientando os criadores a esse respeito.

Conhecer o comportamento mdio das raas zebunas quanto ao desenvolvimento ponderal. Peso mdio as diversas idades das raas Nelore, Guzer, Gir e Indubrasil. Raa Nelore Guzer Gir Indubrasil Ao nascimento 28,7 28,2 23,6 31,1 205 d-Desmama 149,7 141,4 122,6 153,4 65 dias 203,6 193,4 174,5 223,8 550 dias 265,3 251,7 223,4 280,9

Adaptao de Rosa et al. (1984) A taxa de desfrute de um rebanho determinado pela relao apresentada a seguir, excludo-se do total do rebanho os bezerros em fase de aleitamento: Taxa de desfrute(%): n de animais excedentes x 100. Total do rebanho A taxa de abate a relao entre o nmero de cabeas abatidas e o n total de existentes, excluindo-se do total do rebanho os bezerros em de aleitamento: Taxa de abate(%)=n de animais abatidos x 100 Total do rebanho Normalmente, a taxa de desfrute maior do que a taxa de abate, j que a primeira inclui animais destinados a outros fins (reproduo, recria ou engorda). Essas duas taxas se igualam quando todos os animais extrados do rebanho so destinados ao abate. Tendo o conhecimento desses conceitos calcule a taxa de desfrute e a taxa de abate do rebanho.

2- Eficincia reprodutiva nas fmeas zebunas Para avaliar a eficincia reprodutiva so utilizados parmetros como: IP e IPC. a) IP: afetado Por fatores fisiolgicos, nutricionais, patolgicos e de manejo em geral. A durao ideal do IP 365 dias, ou seja, 1 bezerro/vaca/ano. Este intervalo nas fmeas zebunas pode apresentar-se demasiadamente longo (de 13-19 meses). A desmama precoce e a alimentao adequada influencia positivamente na reduo do IP. b) IPC: as raas zebunas apresentam IPC em torno de 44,5 meses, o que demasiado tarde. A EMBRAPA objetiva uma idade mdia a 1 fecundao aos 25-29 meses, com animais apresentando um peso de 320 kg e IPC em torno de 36 meses. Uma importante conseqncia da idade tardia ao 1 parto a reduo do nmero de crias e, conseqentemente uma menor vida produtiva da vaca. Como medir a eficincia reprodutiva de um rebanho? Podemos medir pelo nmero de bezerros desmamados por ano, em relao ao nmero de fmeas em idade de reproduo. No entanto, devem ser considerados, tambm o peso desses bezerros na poca da desmama e a rea utilizada para a sua produo, de modo que a produtividade possa ser avaliada em valores de kg de bezerro desmamado/hectare/ano. 3- Eficincia reprodutiva nos machos Comumente as causas de baixa fertilidade de um rebanho so atribudas somente s fmeas, esquecendo-se que caractersticas como taxa de concepo de IP so influenciadas pelo touro. Para determinar o desempenho dos machos, torna-se necessrio conhecer a libido, freqncia de acasalamento, quantidade e qualidade do smen, dentre outros aspectos. Com este procedimento, associado ao acompanhamento das fmeas ser possvel obter melhores resultados para a fertilidade do plantel.

Como aumentar a eficincia reprodutiva do rebanho de crias, ou seja, como aumentar o nascimento de bezerros na criao extensiva? A nutrio adequada um dos fatores que mais contribui para o aumento da eficincia reprodutiva do rebanho de cria. Paralelamente, diversas tcnicas de manejo devem ser utilizadas para que esse objetivo seja alcanado. Dentre elas, pode-se destacar, em primeiro lugar, o estabelecimento de uma estao de monta de curta durao, afim de que o perodo de maior requerimento nutricional (lactao) coincida com o de maior oferta de alimentos. Dessa maneira, as demais atividades de manejo sero disciplinadas e podero ser aplicadas em idades corretas em pocas do ano mais adequadas, tais como: Esquema de vacinao vermifugao, castrao, descorna, desmama, descarte etc. O estabelecimento de uma estao de monta auxilia tambm na identificao de animais de baixo potencial produtivo, ou improdutivos, os quais, aps identificados, devem ser descartados. Estao de monta No sistema extensivo, utiliza-se o Sistema de monta primitivo: os touros so mantidos durante todo o ano com as vacas, no havendo controle do homem na reproduo e, portanto, a pario ocorre de acordo com as leis da natureza. Como conseqncia: os nascimentos se distribuem por vrios meses, dificultando o manejo das matrizes e crias. No entanto, a maior desvantagem est relacionada com a dificuldade nos controles zootcnicos e sanitrios do rebanho falta de uniformidade das crias. Para maior facilidade de manejo e formao de lotes uniformes de novilhos, conveniente a concentrao de paries em determinadas pocas do ano. Quando se estabelece uma estao de monta ocorrera melhoria da fertilidade e da produtividade do rebanho. Meta: elevados ndices de concepo (acima de 70%) nos primeiros 21 dias da estao monta e ndices superiores a 90% nos dois primeiros meses de monta. Para a obteno dessas metas, diversos fatores devem ser considerados: A poca de nascimento deve coincide com o perodo seco, quando baixa a incidncia de doenas e parasitas, como carrapatos, bernes, mosca e vermes.

Isto pode ser obtido se os touros forem mantidos junto s fmeas durante certo intervalo e, em seguida, separados, havendo, assim, um controle de reproduo. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez - Jan |_________________________| |___________________________| Cobrio Pario Monta Dezembro a Abril Paries ocorrero de Agosto a Janeiro tero inicial de lactao, que apresenta as maiores exigncias nutricionais, ir coincidir com o de maior oferta de alimentos de melhor qualidade (estao das chuvas). Estabelecendo-se os perodos de monta, nascimento e desmama, outra vantagem que aparece a possibilidade de diagnosticar todas as vacas gestantes e falhadas no mximo 35 dias aps o ltimo dia da estao de monta. Durao da Estao de Monta A durao da estao de monta, segundo FONSECA (1982), deveria teoricamente durar um tempo tal que permitisse o nascimento de uma cria por ano, de modo que se obtivesse 100% de nascimento no rebanho. Para se alcanar esta meta, a durao da estao de monta seria: Durao do ano= Durao da estao de monta - (Durao da gestao + Perodo Puerperal) Ex: 365-(290+40) = 35 dias Com uma estao de monta assim estabelecida no se observaria superposio entre a estao de monta do ano seguinte e a estao de nascimento e puerprio, pois quando se iniciasse a nova estao todas as vacas j teriam parido e encerrado o perodo puerperal. Vacas adultas: meta para a durao da estao de monta deve ser de 60 a 90 dias. Para novilhas: no deve ultrapassar a 45 dias maior tempo de recuperao.

Sazonalidade da produo das forrageiras concentrao natural dos nascimentos durante o perodo seco do ano, ideal para os bezerros. Com base nesses nascimentos, pode-se estabelecer a durao da estao de monta. Fertilidade de touros: expectativa de que cada touro cubra pelo menos 25 vacas. Exame androlgico completo: 60 dias antes do inicio da estao de monta. 1) exame fsico, onde so observadas todas as condies que possam interferir com a habilidade de monta, tais como, defeitos de aprumos, condio corporal, incidncia de doenas, problemas respiratrios e de dentio etc.; 2) exame de trato reprodutivo, para diagnstico de anormalidades dos rgos genitais internos (glndulas vesiculares, ampolas do duto deferente e prstata) e externos (pnis, prepcio, escroto, consistncia do testculo, epiddimo, permetro escrotal e cordo espermtico). 3) avaliao das caractersticas fsicas do smen (volume, aspecto, cor, pH, motilidade, vigor, turbilhonamento, concentrao e percentagem de vivos e mortos) e morfolgicas (defeitos maiores, menores e total de defeitos) do smen; 4) avaliao da libido, ou seja, desejo de procurar a fmea e completar a monta. 5) capacidade de monta ou relao touro/vaca: 25 a 30 vacas a cada touro. Classificao androlgica de touros zebu, permetro escrotal (cm) Classificao Parmetros Excelente Muito bom Bom Questionvel Permetro escrotal (idade em meses) 7 a 12 21,0 19,5