Apostila Basica Brigadista - Incendio

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APOSTILA BÁSICA DO BRIGADISTA Carlos Moreira SOARES Cel QOPM e Joilson Santos DE PAULA Cel QOBM 1 Mato Grosso do Sul  Campo Grande Rua Porto Rico 526 - São Jorge da Lagoa 79 095 010  – Tel. (67) 33863988 - 99815763 [email protected] WWW.cmsconsultoria.com.br  

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    Mato Grosso do Sul Campo Grande

    Rua Porto Rico 526 - So Jorge da Lagoa 79 095 010 Tel. (67) 33863988 - 99815763

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    COMBATE A INCNDIO

    1 - INTRODUO

    1.1 - CASUSTICA DOS INCNDIOS Uma estatstica realizada em 1981 demonstrou que entre vrias causas de mortes nos incndios, a fumaa estava em

    primeiro lugar.

    Causas Mortis nos Incndios

    (NFPA, 1981)

    0

    20

    40

    60

    80

    Outras Corao Acidentes Chamas Fumaa

    (fig.01)

    100

    90

    80

    70

    60

    50

    40

    30

    20

    10

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

    P

    O

    R

    C

    E

    N

    T

    A

    G

    E

    M

    TEMPO EM MINUTOS

    PROBABILIDADE DE SOBREVIDA

    COM RESTRIES DE OXIGNIO (O22))

    75%

    50%

    25%

    (fig.02)

    Aps trs minutos sem oxignio a probabilidade de sobrevida de uma vtima de um incndio cai consideravelmente, e

    aps 12 minutos quase impossvel traz-la vida, conforme mostra a figura 02.

    UM DOS COMPONENTES DA FUMAA REPONSVEL POR 80% DAS

    MORTES O MONXIDO DE CARBONO

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    2 - COMBUSTO:

    2.1. QUMICA DO FOGO

    O fogo ao fugir ao controle do homem recebe o nome de incndio que na realidade um processo de combusto reao do combustvel com o calor e o oxignio do ar atmosfrico (em uma reao qumica), dando lugar oxidao

    (combinao qumica com oxignio do ar atmosfrico) que se desenvolve com elevada velocidade com emisso de luz

    e calor.

    (fig.03)

    Uma melhor representao grfica deste processo nos dado pelo QUADRILTERO DO FOGO.

    Devemos ter em mente que os dois elementos: Combustvel e Comburente e o catalizador Calor devem manter-se

    na mesma proporo para que ocorra a reao em cadeia da combusto, uma vez que uma menor quantidade de um

    desses elementos ou at a inexistncia de um deles faz com que a combusto no ocorra.

    Esta descoberta foi feita por Lavoisier (Antoine Laurent Lavoisier - 1743-93) em 1783, quando o mesmo conseguiu

    provar a conexo qumica entre o oxignio e o fogo.

    ANATOMIA DA COMBUSTO

    REA DE LIBERAO

    DE GASES DO COMBUSTVEL COMBUSTVEL

    CALOR

    REA DE CRAQUEAMENTO DAS

    MOLCULAS DO COMBUSTVEL

    REA DE REAO EM

    CADEIA

    FUMAA:

    - PARTE SLIDA

    - PARTE GASOSA

    REALIMENTAO

    (fig.04)

    Entretanto uma representao mais tcnica pode ser dada pela figura 04 - Anatomia da Combusto que descreve de

    forma especial o processo.

    Ao ser o combustvel submetido a uma fonte de calor, quer seja proveniente de uma chama, atrito, eletricidade, reao

    qumica, so liberados vapores do combustvel, e estes se combinam com o oxignio do ar atmosfrico, aps seu

    craqueamento - quebra das molculas em menores partes, o processo dar lugar a uma srie de reaes qumicas que

    caracterizaro a Reao em Cadeia liberando quantidades cada vez maiores de calor, e esta por sua vez realimentar

    todo o processo de combusto, reao qumica esta que ser o quarto lado do quadriltero do fogo. E este se propagar

    a velocidades cada vez maiores.

    Oxignio

    O2

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    Observemos a figura abaixo: O incndio tem uma fase inicial chamada de Desenvolvimento Inicial, que dura em

    mdia 3 minutos, que o perodo em que as medidas de deteco do incndio e as de combate devem ser efetivadas.

    A partir da o incndio se desenvolve com altssima velocidade, havendo uma deflagrao rpida FLASHOVER, e esse processo de realimentao continua enquanto durarem os suprimentos de oxignio e de combustvel o que pode

    durar de minutos a alguns dias (como no caso dos grandes incndios)

    Os elementos da Combusto so:

    Calor - Chama - Fumaa

    Um outro aspecto a considerar quanto uma situao de incndio que as possibilidades de

    recuperao da vtima, sem oxignio, em um incndio caem proporcionalmente com o aumento do tempo, ou

    seja as medidas de resgate e escape tem que ser empreendidas em um tempo mximo de 3 minutos.

    (fig.05)

    2.1 - CLASSES DE INCNDIO

    As classes de incndio so de certa forma diretamente ligadas ao tipo de combustvel sendo elas:

    CLASSE "A" - Classe de combustvel que ao queimar deixa resduos, cinzas;

    exemplos: Madeira, Tecido, Algodo etc.,

    (fig.06)

    CLASSE "B" - Classe de Incndio que se caracteriza pela liberao de energia trmica em altas quantidades

    quando comparadas ao mesmo volume de um produto CLASSE "A", como exemplo desta classe temos a

    Gasolina, o Gs Liquefeito de Petrleo, o lcool, a Querosene, o leo Diesel etc.,

    FLASHOVER

    Desenvolvimento Inicial

    Tempo

    Temperatura

    1000C

    Temperatura Mxima

    Desenvolvimento Rpido

    Decaimento

    Perodo de Deteco/ Combate

    3 minutos 12 minutos

    A curva se mantm estvel enquanto houver combustvel e oxignio para manter a combusto

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    (fig.07)

    CLASSE "C" - Classe constituda por equipamentos eltricos energizados, entretanto ao remover-se a energia

    eltrica ele passa a ser da classe do elemento combustvel predominante, geralmente "A", nesta classe deve-se

    evitar o uso de gua para a sua extino sob risco de graves acidentes.

    (fig.08)

    CLASSE "D" - Composta pela classe dos metais combustveis os quais queimam a altssimas temperaturas

    produzindo uma chama de cor azul-esbranquiada, temos como exemplo desta classe os seguintes metais: Sdio,

    Alumnio, Tungstnio, Molibdnio, Magnsio etc., nesta classe deve-se evitar o uso de gua para a sua extino

    sob risco de graves acidentes.

    (fig.09)

    2.2 - PROPAGAO DO CALOR

    Conduo - O calor se propaga de molcula a molcula atravs de um mtodo direto, como exemplo deste fato

    poderemos ter a situao de uma barra de ferro ao ser aquecida em uma extremidade aps algum tempo encontrar-se-

    aquecida em outra extremidade por conduo, em um incndio o superaquecimento dos pontos superiores de um

    andar transmitir por intermdio do piso caloria suficiente para reiniciar um incndio em outro pavimento

    imediatamente ao lado ou acima do ambiente incendiado.

    (fig.10)

    Irradiao - Uma fonte de elevada energia termoluminosa ao longo do tempo emitindo pacotes de energia aquecer

    outros materiais sem que haja qualquer contato fsico entre ambos, um bom exemplo deste fato foram os incndios

    secundrios gerados em edifcios prximos ao incndio do edifcio Andraus em So Paulo em 1972, por determinadas

    vezes lmpadas do tipo Spot Light deixadas por longo tempo acesas em vitrine causam incndios por irradiao.

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    (fig.11)

    Conveco - Em virtude dos gases superaquecidos serem mais leves que o ar eles sobem propagando o incndio para

    pontos mais altos do ambiente, no caso de edifcios eles causam o "Efeito Chamin" que a propagao de incndios

    para os andares superiores via poos de elevadores, dutos de escadas e de ar condicionados.

    (fig.12)

    (fig.13)

    Para se ter uma idia melhor, o calor gerado pela combusto acumula-se nas partes superiores do recinto, e ao longo

    do tempo e de acordo com a densidade da fumaa a mesma vem descendo em direo ao piso de forma estratificada.

    importante notar que h duas correntes associadas ao processo de combusto uma delas a Corrente Endofocal - ou

    seja a corrente de ar que alimenta a combusto e a outra a Corrente Exofocal - ou seja a corrente que sai do foco do

    incndio ou seja a corrente de conveco.

    Em um ambiente podemos considerar um Plano Neutro (P.N.) que exatamente a metade da altura do compartimento.

    Acima deste ponto a tendncia da fumaa sair devido a uma diferena de presso entre o ambiente do incndio e o

    ambiente exterior criando uma presso negativa, logo uma suco. Abaixo deste ponto neutro h uma alimentao do

    foco em virtude do gradiente positivo gerado. A compreenso deste fenmeno imprescindvel para conhecer-se o

    mecanismo de propagao dos incndios.

    A FUMAA A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE NOS INCNDIOS, PORTANTO TODO O

    PROCESSO DE PLANIFICAO CONTRA

    INCNDIO DEVE LEVAR EM CONTA SEU

    TRAJETO

    COMPONENTES DA FUMAA

    H20 GUA O2 - OXIGNIO,

    N2 NITROGNIO CO - MONXIDO DE CARBONO

    C - CARBONO

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    PROPAGAO DE INCNDIOS EM EDIFCIOS

    Focos:

    1 - Inicial

    2 - Por Conduo

    3 - Por Conveco

    (Lngua de Fogo)

    4 - Por Queda

    5 - Por Conveco

    (fig.14)

    Em um edifcio, diversos so os meios de propagao de um incndio podendo inclusive se incluir um quarto

    elemento - queda de material em combusto, fato ocorrido no incndio do edifcio da Companhia Vale do Rio Doce

    em 11 de dezembro de 1981 o que fez com que o mesmo se propagasse de cima para baixo, ao contrrio da maioria

    dos incndios.

    Um aspecto a ser levado em conta e que intimamente ligado ao problema de escape das vtimas o efeito chamin

    quando a fumaa e a caloria sobem aos pontos mais altos do edifcio. Num exemplo deste caso tivemos no incndio

    do edifcio Andorinhas, no Rio de Janeiro em fevereiro de 1986, cerca de quinze pessoas mortas nos ltimos

    pavimentos, uma vez que a porta de acesso ao terrao encontrava-se trancada.

    PROPAGAO DA FUMAA EMEEDI EDIFCIOS

    A fumaa se propaga para

    todos andares superiorespelo

    "Efeito Chamin",decorrente

    das correntes deconveco

    (fig.15)

    3 EXTINO

    3.1 - MTODOS DE EXTINO So os seguintes os mtodos de extino do processo de combusto:

    ABAFAMENTO O abafamento ocorre pela supresso do comburente ou seja pela retirada do oxignio, tal processo pode

    ocorrer pelo emprego de agentes extintores tipo espuma, p qumico seco (P.Q.S.), dixido de carbono

    (CO2) ou gua sob a forma de neblina.

    ISOLAMENTO O isolamento ocorre pela retirada do combustvel ou do seu afastamento da fonte de calor.

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    RESFRIAMENTO O resfriamento ocorre pela reduo da temperatura do processo da combusto at nveis que se torna

    impossvel mant-la. Agentes extintores tais como a gua, o dixido de carbono e a espuma atuam

    principalmente desta forma.

    QUEBRA DA REAO QUMICA Consiste na inibio da reao qumica de oxidao cortando a cadeia da combusto.

    3.2 AGENTES EXTINTORES Os agentes extintores podem ser de vrias composies, entretanto na abordagem deste manual sero

    considerados somente os seguintes tipos principais:

    - GUA

    - ESPUMA

    - DIXIDO DE CARBONO (CO2)

    - P QUMICO SECO

    - P ABC

    gua A gua a substncia mais difundida na natureza, e o agente extintor mais utilizado. A gua pode se

    apresentar sob os trs estados fsicos da matria: slido, lquido ou gasoso; seja qual for seu estado fsico

    sua constituio qumica invarivel, sendo sua frmula H2O. Em um combate a incndio o volume de

    vapor resultante de sua vaporizao de 1 para 1700, e este prprio vapor por possuir uma temperatura

    consideravelmente inferior ( cerca de 150C ) a temperatura do incndio cerca de 950 C, pode ser

    utilizado como elemento de resfriamento e abafamento em incndio em ambientes fechados.

    A gua quimicamente pura no conduz energia eltrica, entretanto a presena de diversos sais em sua

    composio principalmente os metlicos do tipo Ferro, tornam-na altamente condutora de energia

    oferecendo potencial risco para aqueles que combatem um incndio. Este risco inversamente

    proporcional distncia, ou seja, quanto mais perto maior o risco e seo contnua do jato d'gua, uma

    vez que a gua sob forma de neblina tem uma condutibilidade eltrica menor.

    Para efeitos de extino de incndios pode a gua se apresentar:

    Slidos (compactos)

    Jatos

    No estado lquido Pulverizados

    Neblina

    GUA

    No estado gasoso Vapor

    A gua tem sua melhor indicao sob a forma de jato compacto para incndios classe "A" e sob a forma de

    jatos de neblina ou pulverizados para incndios classe "B" (fig. 20), e o vapor uma vez que difcil a sua

    produo em quantidade suficiente para extino s utilizado em indstrias e principalmente navios

    como agente extintor.

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    (fig. 19)

    (fig. 20)

    Espuma A rigor a espuma seria uma das formas de aplicao de gua, pois ela se constitui de um aglomerado de

    bolhas de ar ou gs (CO2) formadas de pelculas de gua. Para que se formem as pelculas, necessrio a

    mistura de um agente espumante. O objetivo da formao desta espuma tornar a gua mais leve

    gasificando-a, que desta maneira poder flutuar sobre os lquidos mais pesados que a gua.

    A espuma como agente extintor, apaga o fogo por abafamento, entretanto devido a presena de gua que a

    compe tem tambm uma ao secundria por resfriamento. A sua aplicabilidade para incndios do tipo

    classe "B", entretanto incndios em lcool, a acetona, etc. exigem um tipo especial de espuma, pois estes

    tipos de espuma so dissolvidas e age como gua provocando transbordamentos. importante lembrar que

    a espuma por ser um composto aquoso no deve ser aplicado em incndios da classe "C" sob risco de

    eletrocusso do usurio do extintor.

    H duas formas principais de produo de espuma:

    Qumica - hoje em desuso, consiste de duas substncias qumicas Bicarbonato de Sdio e Sulfato de

    Alumnio sob a forma de solues, que quando o extintor invertido de sua posio as duas

    misturam-se na presena de um outro elemento com a finalidade de estabilizador quando a partir da

    gerada a espuma proveniente desta reao.

    Mecnica - consiste na passagem de gua em alta velocidade por um dispositivo com o formato de

    asa de avio (Venturi) neste processo criada uma presso negativa e o agente espumgeno arrasta

    por um tubo (Pitot) e misturado gua, este composto ao ser lanado sobre uma tela produz a

    espuma mecnica.

    Dixido de Carbono

    Este um gs mais pesado que o ar, sem cor, sem cheiro e inerte eletricidade. Quando comprimido a

    cerca de 60 atmosferas se liquefaz e ento armazenado em cilindros; por sua vez quando aliviado desta

    compresso, o lquido se vaporiza e sua rpida expanso abaixa violentamente e temperatura que alcana -

    70C e parte do gs se solidifica em pequenas partculas, formando uma neve carbnica conhecida como

    "gelo seco".

    O CO2, no um gs venenoso, mas do mesmo modo que no suporta a combusto, tambm no suporta

    a vida humana, sendo sufocante. Devido a sua alta densidade ocupa as partes mais baixas do recinto

    prejudicando a viso. O Co2 um extintor que deve ser aplicado nos seguintes tipos de incndios:

    a) materiais inflamveis, lquidos e gasosos;

    b) equipamentos eltricos;

    c) motores ou mquinas que utilizam gasolina ou outros combustveis,

    d) diversos produtos qumicos perigosos;

    e) auxilia a extino de combustveis comuns, tais como papel, madeira, tecidos etc.

    Neste caso bastante efetivo quando usado em inundao de compartimentos fechados.

    O CO2 no deve ser usado na extino dos seguintes tipos de incndios:

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    a) Produtos qumicos que contenham seu prprio suprimento de oxignio (agentes oxidantes,

    celulose),

    b) Classe "D" : Sdio, Potssio, Magnsio, Titnio, Zircnio etc.

    c) Hidratos metlicos.

    P Qumico Seco (PQS) O tipo mais comum em uso consiste alm de uma grande variedade de tipos de ps existentes, de um p

    base de Bicarbonato de Sdio, finamente pulverizado. A sua ao sobre o incndio se baseia

    principalmente no abafamento que reforada pela produo de CO2 e vapor d'gua resultantes da queima

    do bicarbonato tendo uma ao secundria de resfriamento. Por outro lado atua de forma eficiente ao

    combinar-se com os radicais livres da combusto interrompendo o processo de reao em cadeia e a

    conseqente retroalimentao da combusto como visto anteriormente.

    Pode o P.Q.S. ser utilizado nas classes "A","B" e "C", sendo entretanto sua eficincia mais significativa

    obtida nas classes "B" e "C". de extrema importncia ter-se em conta que o P.Q.S. no deve ser aplicado

    sob equipamentos eltricos, eletrnicos de pequenos componentes como por exemplo computadores nem

    em motores mecnicos principalmente em carburadores ode sua penetrabilidade associada ao alto poder

    corrosivo do Bicarbonato de Sdio tornaro o equipamento definitivamente inoperante.

    P Qumico ABC.

    Aps diversas pesquisas, os fabricantes se dedicaram mais profundamente na elaborao de

    procedimentos base de fosfato de amnia para a fabricao de ps-extintores do tipo ABC,

    caracterizando-o como um tipo universal ou "multi-purpose", considerando sua aplicao no combate a

    incndios do tipo A - materiais slidos (madeira, papel, tecido, etc.), nos incndios tipo B - lquidos

    combustveis e tipo C, corrente eltrica.

    Os ps-extintores ABC compreendem uma gama de ps-classificados, de uma forma geral, em funo da

    porcentagem de fosfato de amnia presente: 40%, 70% e 90%, contendo aditivos visando a reduo de

    custos para os tipos 40% e 70%, de teor mais pobre com capacidade extintora equivalente ao p BC

    enquanto que os do tipo 90% apresentam capacidade extintora bem mais elevada.

    GRAU DE EFICINCIA DO USO DOS AGENTES EXTINTORES

    EXTINTOR CLASSE "A" CLASSE "B" CLASSE "C" CLASSE "D"

    GUA

    ALTO

    ALTO - SOB

    FORMA DE

    NEBLINA

    NUNCA

    UTILIZAR

    NUNCA

    UTILIZAR

    ESPUMA

    MDIO

    ALTO

    NUNCA

    UTILIZAR

    NUNCA

    UTILIZAR

    DIXIDO DE

    CARBONO

    BAIXO ALTO

    ALTO

    NUNCA

    UTILIZAR

    P QUMICO

    SECO BAIXO ALTO ALTO

    SOMENTE PS

    ESPECIAIS

    P ABC ALTO ALTO ALTO ALTO

    APARELHOS EXTINTORES PORTTEIS

    De uma forma geral os extintores portteis so dispositivos cilndricos capazes de resistir determinadas

    presses e contm agentes extintores especficos necessrios a extino. Subdividem-se em trs tipos

    principais:

    1) De inverso - em desuso atualmente, por intermdio de sua inverso os agentes qumicos, entram em

    ao produzindo espuma.

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    (fig.21)

    2) De pressurizao interna - contm misturados

    ao agente extintor um gs propelente que pode ser

    ar comprimido, nitrognio ou dixido de carbono,

    caracterizam-se pela existncia de um manmetro

    indicativo da presso interna.

    3) De pressurizao externa - contm uma ampola

    externa com gs propelente que pode ser ar

    comprimido, nitrognio ou dixido de carbono.

    Caracterizam-se pela presena de uma ampola

    externa para a liberao do gs.

    (fig.22) ( fig.23)

    AO UTILIZAR UM AGENTE EXTINTOR OBSERVE O SEGUINTE:

    * Pegue-o e transporte com cuidado evitando acidentes,

    Evite que durante o transporte a mangueira e o difusor fiquem na frente de suas pernas o que poder

    ocasionar-lhe quedas,

    * No se esquea de tirar o pino de segurana antes de utilizar o extintor,

    * Antes de dar a descarga do agente extintor verifique se todas as conexes esto bem rosqueadas

    o que com a liberao da presso poder ocasionar grave acidente,

    * Em extintores de inverso (Espuma Qumica), mantenha-o longe do prolongamento do rosto

    para evitar acidentes decorrentes de entupimentos,

    * Observe a direo do vento antes de aplicar o agente extintor,

    * No dirija o jato com alta presso para o foco do fogo principalmente se for lquido inflamvel o

    que poder ocasionar-lhe acidentes,

    MANMETRO AMPOLA

    EXTERNA

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    * Mesmo com extintor de dixido de carbono prudente manter-se distncia de fontes de alta

    voltagem, em virtude da formao de arcos voltaicos em funo da umidade relativa do ar poder

    causar eletrocusso.

    (fig.24)

    SISTEMA PREVENTIVO PREDIAL

    (fig.25)

    Os sistemas preventivos prediais consistem de uma canalizao de ferro galvanizado de 1 1/2" ligadas na parte inferior a um

    hidrante conhecido como "hidrante de fachada" que permite o acoplamento dos mangotes das Auto Bombas do Corpo de

    Bombeiros, na parte superior esto ligadas s caixas dgua do edifcio as quais devem possuir 1/3 de sua capacidade como Reserva Tcnica de Incndio (R.T.I.) para qualquer eventualidade, a presso dos ltimos andares assegurada por duas

    bombas eltricas de pequena potncia. Em cada andar so dispostas Caixas de Incndio com mangueiras de comprimento

    varivel de 15 a 30 metros e do esguicho, cuja finalidade dar consistncia e direo ao jato d'gua.

    Em edifcios com mais de 10 pavimentos ( 30 m), limite mximo mdio das Auto Escadas Mecnicas dos Corpos de Bombeiros, so edifcios quer sejam comerciais ou multifamiliares dotados de redes de Sprinklers (chuveiros automticos),

    posicionados nos tetos dos ambientes, os quais contm no interior de um bulbo de vidro que serve como tampo, uma

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    substncia de nome Quartzoid a qual a determinada temperatura (o tipo mais comum o de 68 C) rompe-se dando passagem

    a gua formando um crculo de 4 (quatro) metros de dimetro.

    (fig.26)

    Tais exigncias esto contidas no Decreto Lei n 247 de 21/07/75 que instituiu no Estado do Rio de Janeiro o COSCIP

    (Cdigo de Segurana Contra Incndio e Pnico), o qual possui vrios artigos relacionados com a normalizao de

    segurana, tendo sido um dos pioneiros em nosso pas.

    Outros dispositivos de significativa importncia preveno de incndios consiste nos detetores que se dividem em trs tipos

    bsicos:

    1) De Calor 2) De Fumaa 3) De Chama

    Sendo os tipos 1) e 2) de uso mais corrente, o seu princpio de funcionamento baseia-se na transmisso de corrente eltrica

    gerada por intermdio da passagem de partculas ( no de fumaa), aumento rpido do gradiente de calor ( no de calor) ou de

    radiao luminosa ( no de chama), em um espectro ainda invisvel aos sentidos humanos, a uma central de alarme.

    Geralmente seu posicionamento idntico ao dos Sprinklers.

    (fig.27)

    "O incndio ocorre quando ningum acredita que ele possa ocorrer"

    4 - CONDUTA

    4.1 NORMAS PREVENTIVAS Procure ter sempre a mo o telefone do Corpo de Bombeiros: 193 Observe sempre os meios de combate incndio e os recursos de escape do seu local de trabalho; No acumule material em desuso e lixo principalmente junto fiao eltrica; Respeite os avisos de "PROIBIDO FUMAR"; No fume na cama, pode dormir e morrer queimado; Jamais deixe as crianas sozinhas em casa; No faa ligaes eltricas improvisadas, nem substitua fusveis por moedas ou outros meios no adequados;

    OS SISTEMAS PREVENTIVOS NECESSITAM DE MANUTENO E TESTE CONSTANTE

    PARA EVITAR SUA FALHA NO MOMENTO DO INCNDIO

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    Ao trmino do expediente desligue todos os equipamentos eltricos existentes em sua sala; Ao sair para viajar desligue o gs e a energia eltrica de sua casa; Mantenha estoques mnimos de lquidos inflamveis, e guardados em recipientes adequados, bem vedados e em local de

    fcil alcance para extino;

    No use divisrias de papelo, papel ou outros materiais de fcil combusto; Nunca se aproxime do fogo com roupas de origem sinttica; Esteja sempre atento a panelas, frigideiras ou chaleiras no fogo, bem como ferro de passar roupa quando em suas

    atividades domsticas;

    Tome especial cuidado ao acender velas, de forma que no caiam e iniciem um incndio; Evite sobrecarregar tomadas eltricas, principalmente com uso de dispositivos conhecidos como "Benjamins"; Cuidado ao jogar fora cigarros acesos em lixeiras ou pela janela; No solte bales.

    4.2 CONDUTAS DE EMERGNCIA Evite abrir qualquer porta que esteja saindo fumaa pelas frestas e/ou a maaneta encontre-se superaquecida;

    (fig.28)

    Ao ser surpreendido pela fumaa procure uma sada mantendo-se abaixado sob a fumaa com um leno sobre as vias respiratrias;

    (fig.29)

    Se localizar algum em meio fumaa arraste para um local ventilado e procure reanim-lo por meio de ventilao ou insuflao boca-a-boca

    Em um incndio em edifcio evite subir, procure sempre descer;

    Em um incndio em um edifcio nunca pegue os elevadores, desa pela escada - sempre pelo lado direito;

    Caso no consiga sair do local tente ir para a janela chamar a ateno para o resgate;

    Lembre-se que nos cantos extremos inferiores das salas h ainda quantidades residuais de ar no caso de um incndio;

    Se tiver que atravessar pequena extenso de fogo, molhe totalmente suas vestes ou proteja-se com um cobertor molhado;

    Se tiver um saco plstico transparente de tamanho de 50 cm a 1 metro, obtenha ar fresco no contaminado pela fumaa e tente escapar agachado, pois ter uma reserva de ar satisfatria durante alguns minutos;

    Se presenciar algum com as roupas em chamas, derrube-a e role-a, se possvel abafando-a com um cobertor;

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    (fig.30)

    procure evitar a propagao do incndio, evitando abrir janelas desnecessariamente;

    No trnsito d passagem ao socorro do Corpo de Bombeiros;

    Informe aos bombeiros a existncia de outras vtimas e a sua localizao, especialmente se forem portadoras de deficincias fsicas.

    PRIMEIROS SOCORROS

    1 - ABORDAGEM DA VTIMA

    - Sinais Vitais II - Abordagem Inicial

    III - Exame Primrio

    IV - Exame Secundrio

    S

    1 - Definio:

    So sinais emitidos pelo corpo de que suas funes esto normais. Qualquer alterao indica anormalidade.

    TEMPERATURA

    PULSO

    RESPIRAO

    PRESSO ARTERIAL

    TEMPERATURA

    o nvel de calor a que chega um determinado corpo, ou seja, a diferena entre o calor perdido e o calor

    produzido pelo organismo.

    A temperatura corporal deve ser medida atravs de termmetro clnico, sendo utilizado como locais mais

    freqentes de verificao as axilas e a boca.

    AXILAR - 36 a 37 C

    ORAL - 36,2 a 37 C

    Obs.: Na emergncia a principal caracterstica a ser observada a queda de temperatura.

    PULSO

    a ondulao exercida pela expanso das artrias seguindo uma contrao do corao.

    O pulso pode ser percebido sempre que uma artria comprimida contra um osso.

    Existem vrios locais onde podemos perceber o pulso mas, os mais utilizados em situaes de emergncia

    so: CAROTDEO, RADIAL, FEMURAL E BRAQUIAL.

    O pulso tambm pode ser verificado pela ausculta cardaca, com um estetoscpio e chama-se pulso apical.

    Ao medir o pulso deve-se observar a freqncia o ritmo e o volume.

    PROCURE SEMPRE PARTICIPAR DE TREINAMENTOS DE

    PREVENO, COMBATE EA INCNDIO E ESCAPE ISTO UM DIA

    PODER LHE SALVAR A VIDA OU DE ALGUM !!!

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    Podemos perceber atravs do pulso algumas alteraes em casos de:

    * Ferimentos; * Doena sbita; * Emoes fortes; * Atividades fsicas.

    FREQUNCIA:

    HOMEM - 60 a 70 bpm

    MULHER - 65 a 80 bpm

    CRIANAS - 120 a 125 bpm

    LACTENTES-125 a 130 bpm (batimentos por minuto)

    Adulto:

    TAQUICARDIA-BPM > 100

    BRADICARDIA-BPM < 50

    RESPIRAO

    a sucesso rtmica de movimentos de expanso e de retrao pulmonar com

    finalidade de efetuar trocas gasosas entre a corrente sangunea e o ar atravs dos

    pulmes.

    Ao avaliar a respirao devemos sempre considerar seu carter (superficial

    ou profunda, suave ou ruidosa), ritmo (regular ou irregular) e frequncia (MRM -

    movimentos respiratrios por minuto).

    Sendo a respirao parcialmente controlada pelo homem, faz-se necessrio

    que sua frequncia seja contada de maneira discreta, para que a pessoa no perceba,

    evitando erro. Ex.: ao verificar frequncia respiratria transparea estar verificando

    pulso.

    Em alguns casos podemos observar variaes dos padres normais da

    respirao como:

    * Trauma; * Doenas sbitas; * Emoes; * Atividades fsicas.

    FREQUNCIAS:

    HOMEM - 15 a 20 mrm

    MULHER - 18 a 20 mrm

    CRIANA - 20 a 25 mrm

    LACTENTE - 30 a 40 mrm (movimento respiratrio por minuto)

    PRESSO ARTERIAL

    a presso exercida pelo sangue contra as paredes da artria quando este impulsionado

    pela contrao do msculo cardaco (sstole).

    SSTOLE = CONTRAO

    DISTOLE = RELAXAMENTO

    PRESSO ARTERIAL NORMAL

    SISTLICA (mxima) - 140 a 90 mm hg

    DIASTLICA (mnima) - 90 a 60 mm hg

    A presso sangunea da vtima deve ser verificada com freqncia a fim de detectar

    qualquer variao no seu estado geral.

    A presso arterial influenciada pela fora do batimento cardaco e pelo volume circulante

    podendo tambm ser alterada em situaes de:

    * Trauma; * Susto; * Algumas doenas.

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    2 - ABORDAGEM INICIAL

    Antes de qualquer procedimento quanto ao atendimento vtima, devemos obedecer uma

    seqncia padronizada para determinar a extenso das leses que causam riscos de vida e corrigir de imediato

    os problemas eventualmente encontrados, com vistas a executar as aes de suporte bsico de vida.

    A vtima deve ser examinada sumariamente e as prioridades no tratamento devem ser estabelecidas

    imediatamente, com base nas leses sofridas e na estabilidade de seus sinais vitais. O atendimento inicial do

    paciente deve consistir numa avaliao rpida e na recuperao das funes vitais, seguida pr uma segunda

    avaliao mais detalhada e, finalmente, plos cuidados definitivos.

    DESOBSTRUO DE VIAS AREAS

    I - Introduo

    II - Tcnicas de desobstruo

    2.1 Elevao do queixo 2.2 Elevao da mandbula

    2.3 Manobra de HEIMLICH III - Situaes Especiais

    I - INTRODUO

    O ar circula pr nossos pulmes graas aos movimentos de inspirao e expirao.

    Durante a inspirao, o ar forado a entrar nos pulmes devido dilatao da caixa torcica pela

    elevao das costelas, decorrente da contrao dos msculos intercostais e abaixamento do diafragma,

    fazendo com que o ar seja aspirado para os pulmes. Aps a inspirao, as costelas e o diafragma voltam

    posio inicial, fazendo com que, passivamente, o ar saia dos pulmes. O mecanismo de inspirao e

    expirao controlado pelo sistema nervoso.

    O sistema respiratrio constitudo pr:

    * FARINGE: o caminho percorrido pelo ar que entra pelo nariz ou pela boca, ou pelo alimento que entra pela boca.

    * TRAQUIA: Parte anterior na base da faringe, que leva ar aos pulmes. Na parte posterior da base da faringe temos o esfago que leva alimentos e lquidos ao estmago.

    * EPIGLOTE: Vlvula que guarda a abertura da traquia. * LARINGE: a caixa da voz, a primeira parte da traquia. * BRNQUIOS: A traquia divide-se em dois tubos menores, os brnquios esquerdo e direito, os quais entram nos pulmes.

    * PULMES : o rgo responsvel pela troca gasosa.

    Respirao Adequada:

    1. Trax e abdmen sobem e descem; 2. O ar pode ser ouvido ao sair da boca; 3. O ar pode ser sentido saindo do nariz e da boca.

    Respirao Inadequada:

    1. Nenhum ar pode ser ouvido ou sentido, no nariz ou na boca; 2. A respirao apresenta barulho; 3. A respirao est lenta; 4. A vtima apresenta colorao cinza-azulada da pele, em volta dos lbios, ouvidos, unhas e, s vezes, corpo

    inteiro.

    Numa vtima inconsciente, a lngua pode retrair e obstruir a via respiratria.

    II - TCNICAS DE DESOBSTRUO

    2.1 Manobras de elevao do queixo (inclinao da cabea):

    * Colocar uma mo na regio frontal da vtima e aplicar, com presso firme, a palma da mo

    inclinando a cabea para trs;

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    * Colocar os dedos da outra mo sob a parte ssea da mandbula perto do queixo, levantando e

    trazendo-a para frente.

    2.2 Manobras de elevao da mandbula:

    * Apertar os ngulos da mandbula para frente e ajudando a inclinar a cabea para trs.

    OBSTRUO POR CORPO ESTRANHO

    A obstruo pr corpo estranho uma situao de urgncia que pode, em poucos minutos, levar a

    vtima a bito.

    2.3 Manobras de Desobstruo

    Compresses abdominais; Retirada do corpo estranho com os dedos.

    1. COMPRESSES ABDOMINAIS:

    A. Vtima em p:

    * Ficar atrs da vtima, posicionar uma de suas pernas entre as da vtima, servindo de base caso ela desmaie e colocar seu brao em volta da cintura da mesma;

    * Fechar uma mo e colocar o lado do polegar contra o abdmen da vtima, levemente acima do umbigo e abaixo do apndice xifide;

    * Com a outra envolver a mo fechada e pressionar o abdmen da vtima; * Fazer 4 compresses rpidas e para cima. * Reiniciar as compresses at obter a desobstruo.

    B. Vtima deitada (inconsciente):

    * A vtima deve ser colocada em decbito dorsal (de costas); * Deve-se ajoelhar por cima das coxas da vtima, ou lateralmente a ela, colocar o calcanhar de uma mo contra o abdmen levemente acima do umbigo;

    * Colocar a segunda mo diretamente sobre a primeira, e pressionar 4 vezes o abdmen para cima.

    3. RETIRADA COM OS DEDOS

    * Manter a face da vtima para cima, abrir a boca, apertar tanto a lngua quanto a mandbula entre o polegar e os outros dedos, e levantar a mandbula;

    * Colocar o dedo indicador da outra mo dentro da boca at base da lngua. Usar ao de enganchar, para desalojar o corpo estranho e pux-lo para dentro da boca, para que este possa ser removido.

    3 - SITUAES ESPECIAIS

    VTIMA EM P

    * Identificar a obstruo; * Administrar 4 compresses abdominais; * Repetir at conseguir a desobstruo, ou at a pessoa tornar-se inconsciente.

    VTIMA INCONSCIENTE

    * Colocar a vtima em decbito dorsal (de costas); * Abrir a boca, procurando o corpo estranho; * Abrir as vias areas e ventilar 2 vezes, se no conseguir retirar o corpo estranho

    ABERTURA DAS VIAS AREAS PARA VENTILAO

    * Colocar uma das mos na regio frontal da vtima pressionando-a para trs;

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    * Colocar os dedos indicador e mdio da outra mo sob o mento (queixo); * Hiperestender a cabea e tracion-la para frente (Em caso de vtima no traumtica); * Pesquisar a respirao atravs da audio (som da ventilao), tato (contato com o ar na face) e viso (movimentos torcicos). Ao ser constatada a falta de respirao, iniciar a ventilao boca a boca;

    * Colocar seus lbios sobre os da vtima; * Ocluir as narinas da vtima com os dedos polegar e indicador da mo que estiver sobre a regio frontal, para evitar escape de ar;

    * Expirar volume de ar necessrio para expandir o trax da vtima;

    Aps a ventilao e em casos de insucesso na remoo do corpo estranho, prosseguir da

    seguinte maneira:

    * Fazer 4 compresses abdominais; * Abrir a boca da vtima, procurando o corpo estranho; * Ventilar a vtima por 2 vezes, se o corpo estranho no tiver sido retirado;

    REPETIR:

    - Fazer 4 compresses abdominais;

    - Verificar a boca;

    - Ventilar por 2 vezes;

    - Verificar a boca; - Fazer 4 compresses abdominais;

    - Ventilar por 2 vezes;

    - Continuar at obter sucesso ou entregar a vtima a um servio de emergncia.

    DESOBSTRUO DA VIA AREA EM CRIANA

    Em crianas pequenas usa-se uma manobra especial para retirada de corpo estranho:

    * Deitar a criana de bruos sobre o brao, apoiado na palma da mo, de cabea para baixo e, com os dedos abrir a boca da mesma;

    * Bater nas costas com a palma da mo.

    Com isso 3 foras estaro agindo para a desobstruo da via area:

    * A gravidade; * A vibrao provocada pelas batidas; * A compresso torcica e abdominal, tentando eliminar o ar dos pulmes pela traquia, eliminando o corpo estranho.

    Numa criana maior, pode-se usar a mesma manobra deitando a criana sobre uma das pernas do socorrista.

    3 - EXAME PRIMRIO

    Ao deparar-se com uma pessoa em situao de ameaa de vida, garanta, primeiramente as

    condies de segurana para voc, a vtima e as demais pessoas no local do acidente. Em seguida,

    aproxime-se da vtima, diga-lhe quem voc e que pretende ajud-la, imobilize sua cabea, verifique as vias

    areas, palpe o pulso carotdeo e pergunte a vtima o que aconteceu. Assim voc estar procedendo ao exame

    primrio do acidentado, que:

    1. Tem pr finalidade identificar e manejar situaes de ameaa de vida;

    2. Faz-se sempre seguindo uma sequncia fixa:

    A - Vias areas com estabilizao da coluna cervical;

    B - Respirao;

    C Circulao e grandes hemorragias; D - Estado neurolgico;

    E - Exposio (incio do exame secundrio)

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    3. S se passa para o passo seguinte aps execuo do anterior.

    A - VIAS AREAS COM ESTABILIZAO DA COLUNA CERVICAL

    Devemos avaliar as vias areas para nos certificarmos da sua permeabilidade. Para estabelecer a

    permeabilidade das vias areas superiores, podemos simplesmente remover corpos estranhos ou fazer a

    elevao da mandbula. A possibilidade de uma fratura da coluna cervical deve ser considerada. Movimentos

    bruscos e excessivos da coluna cervical podem converter uma fratura sem leso neurolgica em deslocamento

    da fratura com comprometimento neurolgico. Assim sendo, a cabea e o pescoo da vtima nunca devem ser

    hiperestendidos ou fletidos para manter ou estabelecer uma via area permevel. Para se reconhecer a

    obstruo das vias areas devemos fazer uma pergunta vtima: Como voc est?. A falta de resposta implica em alterao do nvel de conscincia. Uma resposta positiva indica que as vias areas esto

    permeveis, a ventilao intacta e a perfuso cerebral adequada. Se houver rouquido ou afonia na resposta,

    isto significa que deve haver comprometimento das vias areas superiores.

    Uma vez efetuada a imobilizao manual da cabea, no devemos mais liber-la at que esteja

    imobilizada com colar cervical ou outro meio que evite seu movimento.

    B - RESPIRAO

    Aps garantir a liberao das vias areas, aproxime seu ouvido das vias areas da vtima procurando

    ver os movimentos de expanso torcica, ouvir e sentir a respirao.

    A melhor forma de avaliar a funo respiratria ver se o paciente respira calmamente sem esforo

    excessivo. Quando h dvida, o trax do paciente deve ser exposto para verificar se existem movimentos

    respiratrios adequados.

    Caso a respirao esteja ausente, deve-se iniciar a respirao artificial, realizando duas insuflaes na

    boca da vtima atravs do mtodo boca-a-boca, da mscara de ventilao (amb) ou da mscara de bolso.

    Aps proceder as insuflaes e a vtima continuar com respirao ausente prepare para iniciar a ressuscitao

    crdio-pulmonar, a qual ser tratada no prximo captulo. Se presente a respirao, analise a sua

    qualidade: lenta e superficial ou rpida e profunda, ritmo regular ou irregular, tranquila ou ruidosa.

    C CIRCULAO E GRANDES HEMORRAGIAS

    Depois de completado o passo anterior, verifique o pulso carotdeo. A ausncia indica no haver

    circulao e haver parada cardaca, inicie ento a massagem cardaca externa.

    Na avaliao inicial, que deve ser feita rapidamente, o tempo no permite a medida da presso

    atravs de aparelhos, ento, deve-se comprimir com os dedos mdio e indicador , a artria cartida,

    buscando sentir o pulso. Sangramentos importantes devero ser identificados e controlados durante este passo.

    Se o pulso est fraco, a vtima pode estar em estado de choque.

    D - ESTADO NEUROLGICO

    Esta avaliao neurolgica estabelece o nvel de conscincia da vtima e visa identificar se a vtima:

    est alerta, reage voz, reage a dor ou se est arreativa (no reage).

    Se as condies neurolgicas variam durante a avaliao, ou o transporte, alguma alterao

    neurolgica intracraniana estar ocorrendo (MANTENHA A VTIMA SOB OBSERVAO

    CONSTANTE).

    E - EXPOSIO

    a retirada da roupa da vtima para expor leses sugeridas ou reveladas pr suas queixas. Neste momento

    execute os procedimentos de conteno de hemorragias, imobilizao de fraturas ou outros procedimentos

    que se faam necessrios.

    ATENO:

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    1. Durante o atendimento e transporte da vtima repita o A/B/C constantemente.

    2. Mantenha o tempo todo a imobilizao da coluna cervical.

    4 - EXAME SECUNDRIO

    Exame realizado depois de completado os passos do A/B/C/D/E. Examine todo o corpo pr meio de

    palpao e inspeo, buscando:

    a. Inspeo: cor da pele, simetria, alinhamento, deformidade, sangramento;

    b. Palpao: deformidade, rigidez e flacidez.

    Deve ser realizado obedecendo-se a seguinte seqncia: Cabea, pescoo, cintura escapular, trax,

    abdmen, plvis, membros inferiores, membros superiores e dorso.

    * CABEA: Palpe o crnio com os polegares fixos na regio frontal, examine olhos procurando pr objetos estranhos. Verifique se as pupilas esto normais, dilatadas, contradas, desiguais; normalmente, devem

    ser iguais em tamanho. Observe se no h sangramento ou sada de lquor pelo nariz ou ouvido. Procurar pr

    corpo estranho, dente, vmitos na boca e garganta.

    * PESCOO: Palpar a coluna cervical verificando o alinhamento. * CINTURA ESCAPULAR: Palpar as clavculas, uma de cada vez, buscando fraturas. * TRAX: Palpar a procura de ferimentos e reao a dor. * ABDMEN: Analisar sensibilidade e rigidez. * MEMBROS INFERIORES: Inspecionar e palpar da coxa at os ps. Observar alinhamento, deformidade e rigidez.

    * MEMBROS SUPERIORES: Inspecionar e palpar dos ombros s mos, observar alinhamento, deformidade e rigidez.

    * DORSO: Realizar manobras de rolamento para examinar as costas. Observar alinhamento da coluna vertebral. Palpe a coluna em busca de edema , hematoma e crepitao.

    Aps completar o exame secundrio, execute todos os curativos, imobilizaes e outros

    procedimentos, antes de remover a vtima.

    Durante todo o exame mantenha-se atento ao A/B/C.

    RESSUSCITAO CRDIO-PULMONAR

    I - Introduo

    II - Manobras com um socorrista

    I - INTRODUO

    Parada cardaca ou morte sbita a cessao repentina dos batimentos cardacos. A parada cardaca o exemplo mais expressivo de uma emergncia. Somente uma grande

    hemorragia externa deve merecer a primeira ateno, antes da parada cardaca.

    O sistema circulatrio consiste no corao e na srie de vasos que levam o sangue atravs do corpo.

    Junto do sistema respiratrio, h o sistema circulatrio que serve para fornecer ao corpo o oxignio

    necessrio vida.

    O corao um rgo muscular e tem aproximadamente o tamanho de uma mo fechada. Est

    localizado na cavidade torcica sob o esterno e entre os pulmes. Quando o mesmo cessa seus movimentos o

    sangue deixa de transportar o oxignio para os tecidos, dessa forma, o diagnstico e a recuperao cardaca

    devem ser feitas de imediato. Presso no osso esterno comprimir o corao e produzir uma circulao

    artificial.

    DIAGNSTICO:

    * Ausncia de pulso (carotdeo, radial, femural); * Pele fria, azulada ou plida; * Parada respiratria (frequente, mas no obrigatria); * Inconscincia; * Dilatao das pupilas ( frequente, mas no obrigatria);

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    SEQNCIA NO ATENDIMENTO:

    Colocar a vtima deitada de costas sobre uma superfcie rgida; Verificar se a vtima respira ou no; Ajoelhar-se ao lado da vtima, localizar o osso esterno e posicionar as mos com os dedos entrelaados, dois dedos acima do apndice xifide.

    Ao colocar o calcanhar de uma das mos sobre o esterno os dedos devem ficar levantados para no tocar as costelas.

    Inclinar-se sobre a vtima com os cotovelos retos, para que o peso de seu corpo contribua na compresso; Agindo com dois socorristas, comprimir para um adulto cerca de 4 5 centmetros, 30 compresses para 2 insuflaes a 100 vezes por minuto, em 5 ciclos; para uma criana comprimir tambm 30 compresses para

    2 insuflaes a 100 vezes por minuto, em 5 ciclos, com apenas um dos braos. Para um recm nascido 15

    compresses para 2 ventilaes, 10 ciclos (soprar apenas o ar da sua bochecha no nariz e boca da criana) o

    local da compresso no trax, trace uma linha imaginria um dedo abaixo da linha dos mamilos e posicione

    os dedos indicador e mdio para efetuar as compresses..

    II - RCP COM UM SOCORRISTA

    a) Avaliar a via respiratria

    - Abrir a via respiratria e checar a respirao (ver, ouvir e sentir);

    b) Avaliar a circulao

    - Checar pulso, se ausente:

    Agindo com um socorrista, comprimir para um adulto cerca de 4 5 centmetros, 30 compresses para 2 insuflaes a 100 vezes por minuto, em 5 ciclos; para uma criana comprimir tambm 30 compresses para 2

    insuflaes a 100 vezes por minuto, em 5 ciclos, com apenas um dos braos. Para um recm nascido 30

    compresses para 2 ventilaes, 5 ciclos (soprar apenas o ar da sua bochecha no nariz e boca da criana), o

    local da compresso no trax, trace uma linha imaginria um dedo abaixo da linha dos mamilos e posicione

    os dedos indicador e mdio para efetuar as compresses.

    FERIMENTOS

    I - Introduo

    II - Tipos de ferimentos

    2.1 Abertos 2.2 Fechados

    I - INTRODUO

    So leses onde ocorre perda da integridade de qualquer tecido do organismo vivo.

    Constituem sempre uma ameaa, pelo risco de sangramento e infeco.

    II - TIPOS DE FERIMENTOS

    2.1 ABERTOS

    ESCORIAES OU FERIDAS ABRASIVAS

    Causadas pela abraso da pele contra uma superfcie dura e spera tambm chamadas de

    queimaduras por abraso. Sangramento em geral pequeno e a escoriao freqentemente contm partculas de corpos

    estranhos, tais como cinza, graxa, terra, etc. Se grandes reas so escoriadas a dor pode ser intensa.

    FERIDAS INCISAS

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    13

    Causadas por objetos cortantes tais como arma branca, lminas, vidro ou metal afiado. Os

    vasos sangneos e os tecidos so lesados, deixando uma ferida de bordas lisas e com sangramento livre.

    Costumam produzir dor aguda. Perigos principais so: sangramento e a leso de nervos e tendes. Feridas por

    arma branca em abdmen, suspeitar de leso em rgos cavitrios e hemorragia interna.

    FERIDAS LACERANTES

    Leses com bordas irregulares, causadas por instrumentos grosseiros, tais como pedras,

    mquinas ou exploses. Sangram de forma varivel, de acordo com sua profundidade. Partes de pele ou de

    outros tecidos podem estar parcial ou completamente arrancadas. As laceraes podem conter corpos

    estranhos tais como graxa, pedaos de roupa, vidro, etc. Em acidentes causados por mquinas partes do corpo

    podem ser esmagadas.

    FERIDAS PUNCTRIAS

    Ocorre a perfurao da pele e de tecidos subjacentes, causados por unhas e dentes de

    animais, armas de fogo, pregos, agulhas e outros objetos pontiagudos, afiados ou no. Mesmo causando

    abertura pequena a leso pode ser profunda e sria, o objeto pode perfurar e partir-se, partes da vestimenta

    podem introduzir-se no ferimento. Como consequncia, infeco, dada a dificuldade de limpeza, em funo

    da abertura externa e leses de rgos internos, no caso de feridas produzidas por armas ou objetos de grandes

    dimenses.

    AMPUTAO

    Ocorre sempre que uma parte do corpo completamente arrancada ou cortada, o

    sangramento geralmente intenso e pode levar ao choque.

    2.2 FECHADOS

    Ocorre sempre que partes internas do organismo sofrem leses no percebidas primeira

    vista, sendo reconhecidas atravs de um minucioso exame posterior, da a grande importncia de o efetuarmos

    com seriedade e preciso. Hemorragias internas, devido rupturas em rgos cavitrios ou outras leses, levam

    ao choque e posteriormente morte se no tratadas adequadamente. Esmagamentos devem ter especial

    ateno no tratamento pois podemos agravar um sangramento, por exemplo: ao retirarmos uma laje cada em

    cima da perna de uma pessoa, poder causar uma hemorragia pela descompresso sbita causada pela retirada

    da laje, para evitar este quadro, devemos efetuar manobras de conteno de hemorragias antes de retir-lo.

    SANGRAMENTOS E HEMORRAGIAS

    I - Definio e classificao

    II - Tipos de hemorragias

    III - Manobras para conteno de hemorragias

    I - DEFINIO E CLASSIFICAO

    Extravasamento de sangue dos vasos sanguneos atravs de uma ruptura em suas paredes.

    Pode ser INTERNA ou EXTERNA.

    Hemorragia externa: quando o sangue escoa para fora do corpo.

    Hemorragia interna: quando o sangue escoa para dentro do corpo.

    A gravidade da hemorragia proporcional ao volume de sangue perdido;

    volume de sangue no corpo corresponde de 7 a 8% do peso corporal;

    O rompimento de vasos principais do pescoo, do brao ou da coxa pode provocar hemorragias to severas que a morte pode sobrevir dentro de um a trs minutos.

    II - TIPOS DE HEMORRAGIAS

    Arterial - colorao vermelho - claro , derramando em pulsaes a cada batimento cardaco.

    Venosa - colorao vermelho - escuro, apresenta - se com fluxo contnuo, sob baixa presso.

    Capilar - colorao intermediria e flui de diminutos vasos na ferida.

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    SINTOMAS

    - Pele plida, mida e viscosa;

    - Temperatura do corpo abaixo do normal (hipotermia);

    - Pulso rpido e fraco;

    - Pupilas dilatadas e com reao lenta luz;

    - Tontura ou desmaio, podem ser os nicos sintomas de hemorragia interna;

    - Queixa de sede ( desidratao );

    - Respirao rpida, profunda;

    - Fome de ar;

    - Apreenso e inquietao;

    - Perda de conscincia com parada respiratria;

    - Presso sangnea baixa;

    - Choque.

    III - MANOBRAS PARA CONTENO DE HEMORRAGIAS

    HEMORRAGIA EXTERNA:

    1. Presso direta no local do sangramento: Consiste em aplicar presso com a mo, utilizando-se de um pano limpo, no local do sangramento;

    2. Elevao da rea traumatizada: Elevar o membro afetado acima do nvel do corao, dificultando a circulao sangnea no local atravs da

    fora da gravidade;

    3. Aplicao de gelo: O gelo provocar vasoconstrico, diminuindo o fluxo sangneo e contribuindo para a conteno da

    hemorragia;

    4. Presso digital sobre ponto de pulso(vide pgina 20): Aplicar presso, atravs de garroteamento (com a mo), nos diversos pontos de pulso existentes no corpo e

    que sejam responsveis pela irrigao de certas reas. [Ex.: pulso femural (coxa e perna), pulso braquial

    (brao e antebrao), etc.];

    5. Torniquete: Aplicar toro, atravs de uma tira larga trespassada por um basto, logo acima do coto, at que cesse a

    hemorragia. Parando o sangramento faa um curativo compressivo no local, anote na testa da vtima o

    horrio da aplicao do torniquete e mantenha o mesmo at a chegada ao hospital.

    HEMORRAGIA INTERNA:

    Verifique a relao de sintomas da hemorragia externa, mas cuidado:

    Tontura ou desmaio pode ser os nicos sintomas de hemorragia interna.

    Cuidados:

    * Manter a vtima deitada; * Elevar as pernas mais ou menos 30 centmetros; * No dar lquidos para beber; * Transportar imediatamente para o servio de emergncia.

    ESTADO DE CHOQUE

    I - Choque

    II - Tipos de Choque

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    I - CHOQUE

    Choque uma situao de colapso do sistema circulatrio que leva a uma diminuio do dbito

    cardaco, queda na presso arterial, e inadequada perfuso de todos os rgos.

    Como se sabe o sangue leva at as clulas os nutrientes e o oxignio para manuteno da sua vida,

    atravs de pequenos vasos sanguneos. Quando, pr qualquer motivo, isto deixa de acontecer, as clulas

    comeam a entrar em colapso e, se esta condio no for revertida normalidade com urgncia, as clulas

    acabam morrendo, da a prioridade em identificar o estado de choque logo no exame primrio.

    Doenas neurolgicas, cardiolgicas, e infecciosas e perda de sangue podem levar a vtima ao estado

    de choque.

    O passo inicial no tratamento do estado de choque reconhecer sua presena.

    Sinais e sintomas do estado de choque:

    - Pulso arterial acelerado;

    - Frequncia respiratria aumentada;

    - Pele fria e mida;

    - Perfuso perifrica deficitria;

    - Palidez da pele;

    - Agitao ou depresso do nvel de conscincia;

    - Sede.

    II - TIPOS DE CHOQUE

    NEUROGNICO: Provocado por dor intensa; HIPOVOLMICO: Ocorre devido perda de sangue (ferimentos), plasma (queimadura) ou

    gua e sais minerais ( vmitos e diarreias);

    CARDIOGNICO: Devido a insuficincia cardaca; ANAFILTICO: Provocado por reao alrgica; SPTICO: Provocado por infees graves.

    TRATAMENTO:

    Aps, realizado o diagnstico do choque, devemos colocar a vtima deitada, sempre lembrando a

    possibilidade de outras leses associadas, principalmente trauma de coluna. Em seguida, devemos elevar as

    pernas cerca de 25 cm (se no houver fratura), afrouxar as roupas e cobri-la, procurando manter o corpo

    aquecido.

    LEMBRE - SE:

    O choque uma situao de extrema gravidade e deve receber atendimento de emergncia.

    FRATURAS, CONTUSES E ENTORSES

    I - Classificao das fraturas

    II - Fraturas Especficas

    III - Contuses e entorses

    I - CLASSIFICAO DAS FRATURAS

    Fratura a ruptura total ou parcial da estrutura ssea.

    Pode ser classificada em:

    - Fechada (simples);

    - Aberta (exposta).

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    FRATURA FECHADA: aquela em que no h o rompimento da pele, ou seja, no h conexo

    entre o osso fraturado e a superfcie externa do corpo.

    FRATURA ABERTA: aquela em que h a comunicao do osso fraturado com o meio externo ( a

    ruptura da pele muitas vezes causada pelo prprio fragmento sseo).

    Uma sria perda de sangue pode ser apresentada tanto nas fraturas expostas como nas fechadas.

    Com as exposies ao meio ambiente nas fraturas expostas, nas quais o osso fica em contato com

    bactrias, aumenta-se o risco de infeco.

    SINAIS E SINTOMAS:

    Dor; Impotncia funcional: a movimentao do segmento corporal fraturado fica dificultada ou impedida; Deformidade; Inchao e hematomas; Crepitao: um rudo produzido pela extremidade do osso fraturado. Espasmo da musculatura; Palidez ou cianose da extremidade.

    TRATAMENTO:

    - NO MOVIMENTE A VTIMA COM FRATURAS ANTES DE IMOBILIZ-LAS

    ADEQUADAMENTE.

    NAS FRATURAS FECHADAS:

    1. Alinhar o membro quando possvel;

    2. Imobilizar com talas ou material rgido ( a imobilizao deve atingir uma articulao acima e outra

    abaixo da leso);

    3. Usar macas ou pranchas para a remoo.

    NAS FRATURAS ABERTAS:

    1. No tente recolocar o osso no local lesionado;

    2. Aplique um curativo com gaze ou pano limpo no local do rompimento;

    3. Imobilizar com talas uma articulao acima e outra abaixo

    4. Usar macas e pranchas para a remoo.

    Nas fraturas com deformidade do joelho, cotovelo e tornozelo devemos proceder imobilizao

    sem tentar o alinhamento e transportar a vtima ao hospital imediatamente.

    Pontos importantes:

    1. Em todas as fraturas fechadas de ossos longos, execute manobras de trao e alinhamento antes de

    imobilizar;

    2. As talas devem ficar firmes mas no apertadas a ponto de interferir com a circulao;

    3. Independente do tempo e da distncia s ser percorrida at o hospital, todas as fraturas devem ser

    imobilizadas.

    O atendimento correto evita leses de nervos, vasos e msculos; evita que fraturas fechadas se tornem expostas; reduz a dor e o sangramento.

    II - FRATURAS ESPECFICAS

    FRATURA DE CRNIO

    a fratura que ocorre nos ossos que formam a cabea e que fazem suspeitar uma condio

    neurolgica de urgncia, pois podem fazer leso cerebral.

    Devemos , ao exame, observar se h contuses ou hematomas na calota craniana, que fazem

    suspeitar de trauma de cabea.

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    17

    Sinais e Sintomas:

    - Tontura;

    - Desmaio;

    - Perda da conscincia e convulses;

    - Sangramento pelo nariz, boca e ou ouvido;

    - Alterao no ritmo respiratrio, ou at parada respiratria

    Tratamento:

    - Manter a vtima deitada, quieta com a cabea levemente elevada;

    - Proteger o ferimento, cuidando para no comprimir o local;

    - Manter as vias areas liberadas;

    - No dar nada para a vtima pr via oral.

    - Transport-la de imediato a um hospital.

    FRATURA DE COLUNA

    Todas vtimas de traumas violentos, como j dissemos na avaliao inicial, devero ser considerados

    como portadores de fratura de coluna at se provar em contrrio, principalmente se a vtima estiver

    inconsciente.

    As fraturas de coluna mal atendidas podem produzir leses graves e irreversveis da medula com

    comprometimento neurolgico definitivo da regio atingida.

    Todo o cuidado dever ser tomado nestas vtimas para no se produzir leses adicionais:

    So sinais de suspeita de fratura de coluna:

    - Dor regional;

    - Incapacidade de movimentar-se( paralisia);

    - Sensao de formigamento dos membros;

    - Perda da sensibilidade ttil nos braos e nas pernas;

    - Dificuldade respiratria.

    Tome todas as precaues na manipulao da vtima para no converter uma contuso medular em

    leso medular. Em acidentes com veculos, imobilize a coluna cervical antes de remover a vtima (prancha

    curta, colar cervical, etc...). Na vtima consciente avise para no movimentar a cabea.

    O capacete dever ser removido com cuidado a menos que haja dificuldade na remoo, aumento da

    dor, ou paciente inconsciente. Em tais casos, imobilize na prancha com o capacete no lugar.

    Existe dificuldade respiratria? Lembre-se que as vias areas so a prioridade nmero um. Se

    medidas para a ressuscitao so necessrias, imobilize a cabea e o pescoo e remova a vtima para uma

    superfcie plana, com auxlio de pranchas. Verifique na boca se h obstruo (dentadura, lngua, etc...) e

    comece a respirao boca boca com cuidado de no movimentar o pescoo.

    Atente, pois, uma paralisia respiratria pode ocorrer em trauma de coluna cervical e a morte ocorre

    rapidamente se a assistncia respiratria for retardada. Se houver necessidade de mudar a posio da vtima

    para manter permeabilidade das vias areas ou por outra razo, melhor imobilizar o pescoo, a cabea e as

    costas.

    CUIDADOS:

    1. As vtimas com leso de coluna e pescoo, em acidentes de carro, devem ser imobilizadas dentro

    do carro, mantendo nariz e umbigo alinhados e depois, retiradas com prancha longa; devem ser transportadas

    em decbito dorsal (de costas), de lado, se devidamente imobilizada para facilitar sada de secrees;

    2. O socorrista deve ser extremamente cuidadoso;

    3. Cabea, pescoo e tronco devem ser alinhados com uma leve trao aplicada cabea para evitar

    qualquer movimento;

    4. Se a vtima estiver cada no solo ela deve ser rolada sobre uma prancha longa de madeira, ou uma

    tbua, mantendo a trao da cabea e o nariz alinhados com o umbigo durante a manobra;

    5. Imobilizar a cabea com um colar cervical, rolo de cobertor ou outro meio que evite movimentos

    do pescoo.

    FRATURA DE BACIA

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    Vtimas que apresentam dor na bacia, dificuldade de mobilizar-se e hematomas localizados so

    suspeitas de fratura. Deve ser considerada perigosa porque pode perfurar bexiga, intestinos ou outros rgos

    com fragmentos sseos.

    Sinais e sintomas:

    - Choque pela dor intensa ou sangramento interno;

    - Falta de movimento dos membros inferiores.

    Tratamento:

    - No rolar a vtima, ergu-la, de preferncia, com quatro pessoas;

    - Colocar protetor (cobertor) entre as coxas;

    - Imobilizar juntos joelhos e tornozelos;

    - Imobilizar o quadril com bandagens longas e largas.

    FRATURA DE COSTELA

    Os arcos costais fraturados podem produzir leso interna levando ao pneumotrax(ar dentro da

    cavidade torcica mas fora dos pulmes) comprometendo desta forma a dinmica respiratria. A vtima que

    apresenta respirao difcil e dores aos movimentos respiratrios suspeita de ter fratura de costela.

    Sinais e sintomas:

    - Dor intensa;

    - Toro do corpo;

    - Com a perfurao dos pulmes a vtima escarra sangue.

    Tratamento:

    - Aplicar trs faixas largas para cobrir toda a caixa torcica no local da fratura;

    - Pedir para que a vtima expire e atar um n a cada expirao.

    FRATURA DE CLAVCULA, ESCPULA E LESES DE ARTICULAO DO OMBRO

    Apoie o antebrao em uma tipia realizada com uma bandagem triangular e imobilize o brao contra

    o trax .

    FRATURA DE BRAO

    Deve-se colocar o membro afetado em uma tipia bem junto ao corpo. Uma pequena tala pode ser

    usada no lado lateral do brao, junto com a tipia. Se o brao estiver estendido e no conseguir fletir o

    cotovelo, pode se usar uma tala no brao todo.

    FRATURA DE ANTEBRAO

    A imobilizao pode ser feita pr talas de madeira, papelo, inflveis ou mesmo revistas, jornal

    dobrado, etc.

    FRATURA DE FMUR (COXA)

    uma fratura grave, frequentemente h considervel sangramento que leva ao estado de choque.

    Sinais e sintomas:

    - Dor intensa;

    - Deformidade;

    - O membro fica mais curto;

    - Crepitao;

    - Impotncia funcional.

    Tratamento:

    - Manter a vtima deitada e aquecida;

    - Aplicar uma leve trao, procurando com que a perna fraturada fique mais prxima da normal (no

    exercer trao se a fratura for exposta);

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    - A trao deve ser mantida durante a imobilizao para reduzir a dor;

    - Imobilizar com duas talas acolchoadas, uma medial e outra lateralmente e ambas fixadas com

    bandagens.

    III - CONTUSES E ENTORSES

    Contuso uma leso provocada por um impacto qualquer, produzindo leso no tecido subcutneo

    e/ou muscular. Geralmente resulta em equimose (mancha arroxeada) sob a pele. A dor moderada e no

    impede a movimentao da parte atingida.

    Entorse uma leso produzida por estiramento dos ligamentos articulares submetidos a uma

    deformao. Manifesta-se por dor de grande intensidade, edema e equimose localizada na regio articular.

    um acidente muito comum em prtica desportiva, principalmente em jogadores de futebol. Ocorre com mais

    freqncia nos joelhos, tornozelos e punhos.

    Tratamento:

    Imobilizar a rea afetada;

    Aplicar compressas geladas;

    Encaminhar para avaliao mdica.

    Obs.: NO MASSAGEAR.

    QUEIMADURAS

    I - Introduo

    II - Insolao e Intermao

    I - INTRODUO

    uma leso produzida no tecido de revestimento do organismo por agentes trmicos (calor, frio,

    eletricidade), produtos qumicos, irradiao ionizante etc.

    Como j vimos em anatomia bsica, o tegumento tem por finalidade proteo do corpo contra

    invaso de microorganismos, regulao da temperatura do organismo atravs da perda de gua para o exterior

    e conservao do lquido interno. Desta forma, uma leso produzida no tecido tegumentar ir alterar em maior

    ou menor grau estes mecanismos, dependendo da sua extenso (rea queimada) e da sua profundidade (grau

    da queimadura).

    Podemos dividir a queimadura em graus, de acordo com a profundidade:

    Primeiro grau - Atinge somente a epiderme. Caracteriza-se por dor local e vermelhido da rea

    atingida.

    Segundo grau - Atinge a epiderme e a derme. Caracteriza-se por dor local, vermelhido e formao

    de bolhas dgua. Terceiro grau - Atinge todo o tecido de revestimento, alcanando o tecido gorduroso, ou muscular,

    podendo chegar at o sseo. Caracteriza-se por pouca dor - devido destruio das terminaes nervosas da

    sensibilidade - pele escurecida ou esbranquiada ladeadas por vezes por rea de eritema.

    Quanto extenso, podemos nos orientar atravs da figura abaixo.

    No devemos nos esquecer da possibilidade da queimadura das vias areas superiores quando o

    acidente ocorre em locais fechados, como por exemplo nos incndios em prdios.

    Procedimento no atendimento ao queimado:

    1. Controlar a situao, apagando o fogo da vtima com gua, cobertor, toalha, impedindo que ela corra.

    2. DOR: * A exposio das terminaes nervosas ao contato com ar, agrava a dor produzida pelo

    aquecimento. Quanto mais superficial mais dolorosa;

    * resfriar o local com gua fria ou soro fisiolgico; * proteger as leses com bandagens estreis ou a mais limpa que dispor;

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    * pode-se aplicar vaselina estril para no aderir a bandagem; * no retirar vestes aderidas;

    * no colocar pomadas, clara de ovos, creme dental, leos e outros, no aliviaro a dor e podero agravar as leses.

    3. PREVENIR O CHOQUE (neurognico, hipovolmico): * aliviar a dor; * aliviar o estresse (transmitir segurana); * na ausncia de vmitos e estando consciente, oferecer lquidos em pequenas quantidades; * aquecer o grande queimado (envolv-lo com lenol mido e cobertor para manter calor

    corporal).

    4. Em queimaduras qumicas, retirar a roupa impregnada pela substncia, tomando o cuidado de se proteger para no se queimar, lavar abundantemente com gua a rea atingida;

    5. Retirar anis, braceletes, tornozeleiras e congneres; 6. Durante o transporte prestar particular ateno s vias respiratrias em pacientes que tenham

    queimaduras faciais ou queimaduras dos plos do nariz e sobrancelhas, por que a obstruo das vias areas

    superiores pode ocorrer com o passar do tempo.

    7. CONSIDERAR COMO GRAVE: * mais de 15% do corpo queimado; * mesmo que pequena, mas foi por eletricidade; * superficial, mas de grande extenso; * mesmo pequena, mas atingiu face, pescoo ou genitais; * outros traumas associados (incndio, exploso).

    II - INSOLAO E INTERMAO

    So acidentes provocados pela ao prolongada do calor sobre o organismo.

    Diferencia-se a insolao da intermao, pois a primeira corresponde ao excesso de raios solares

    agindo diretamente sobre o indivduo, enquanto a segunda traduz a ao do calor em ambientes pouco

    arejados, durante um trabalho muscular intenso.

    Estes tipos de acidentes esto condicionados por vrios fatores, tais como:

    1. Umidade: quanto maior a umidade relativa do ar, mais difcil ser a evaporao cutnea; consequentemente, o corpo acumula maior quantidade de calor;

    2. Ventilao: sem circulao constante do ar o resfriamento torna-se difcil, ocasionando o aparecimento desses acidentes em indivduos que trabalham em fundies, padarias ou prximos a

    caldeiras;

    3. Condies fsicas: o excesso de trabalho aumenta a produo de calor pelo organismo, enquanto a fadiga muscular acumula substncias txicas nos tecidos. A associao de ambas predispe ao

    acidente;

    4. Alimentao excessiva: aumenta tambm a produo de calor corporal; 5. Vesturio: as roupas escuras e a l favorecem o acmulo de calor.

    Os sintomas decorrentes dos acidentes pelo calor so muito variados. Podem aparecer de forma

    abrupta, levando a vtima a cair no solo desacordada. Pode haver palidez, elevao de temperatura corporal

    (podendo chegar a 42 C), insuficincia respiratria, cianose e coma profundo.

    Outras formas mais leves cursam com dores de cabea, nuseas, vmitos, dores abdominais, pele

    seca e quente, assim como tonturas.

    PRIMEIROS SOCORROS

    * Levar a vtima para um local bem arejado e fresco e coloc-la com o tronco ligeiramente elevado. * Devemos desapertar suas roupas para refresc-la mais e aplicar compressas midas e frias sobre a cabea.

    * Se houver possibilidade, o atendente poder ligar um ventilador dirigindo-o para o corpo da vtima. * Uma outra medida de resfriamento banho de gua fria. A temperatura corporal deve ser medida a cada quinze minutos, para evitar o resfriamento brusco do corpo.

    * Enquanto estiver consciente dar lquidos em pequenas quantidades. * Prevenir o Estado de Choque.

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    REMOO E TRANSPORTE DE VTIMAS

    I - Introduo

    II - Tcnicas

    2.1 Remoo no solo

    2.2 Remoo de veculos

    III - Transporte

    I - INTRODUO

    Cada acidente nico e exige uma estratgia diferente de transporte por parte do socorrista. A

    presena de riscos no local, n. de pessoas disponveis, diagnstico do paciente e local influenciam a tcnica a

    ser utilizada no resgate e remoo.

    O transporte utilizado com tcnica incorreta no s arriscado para a vtima mas tambm para o

    prprio socorrista que pode desenvolver uma leso muscular ou de coluna.

    Aps realizado o atendimento inicial da vtima, sua adequada remoo para uma viatura

    especializada e posteriormente para um centro mdico tambm especializado evita o agravamento das leses

    alm de oferecer um maior grau de conforto, vtima e aos socorristas.

    Antes de remover qualquer vtima devem ser observados os seguintes princpios bsicos:

    * Antes de remover, imobilizar coluna cervical, membros superiores e membros inferiores, aps manobras de trao e alinhamento.

    * Antes de imobilizar a coluna cervical, tracionar e alinhar com firmeza e suavidade, usando como pontos de apoio para suas mos o osso occipital e a mandbula (queixo) da vtima. Interromper a manobra se

    as tentativas de trao e alinhamento geram dor, ou encontram resistncia mecnica, ou produzem ou

    agravam paresias ou parestesias. Neste caso a imobilizao ser feita sem trao e sem alinhamento.

    * Antes de imobilizar os membros: a. Examinar pulsos perifricos, sensibilidade e motricidade;

    b. Tracionar e alinhar com firmeza e suavidade membros fraturados ou com suspeita de fratura;

    c. Reexaminar pulsos perifricos, sensibilidade e motricidade, e corrigir a trao e o alinhamento, se

    estes parmetros estiverem piorados em relao ao exame inicial.

    * Observar as tcnicas corretas de imobilizao da coluna cervical com a vtima sentada e deitada (decbitos ventral e dorsal);

    * Observar que em todas tcnicas de rolamento ou elevao da vtima, qualquer movimento somente pode ser realizado aps comando do socorrista comandante ou do mais experiente, que dir: " Ateno, aps

    contagem de trs ( tal rolamento ou elevao), um, dois, trs". Todos devem realizar a manobra

    simultaneamente.

    * Observar tcnicas de rolamento com imobilizao da coluna, para remover vtimas deitadas, escolhendo o lado menos lesado da vtima para apoi-la contra o solo:

    Rolamento 90 e 180 graus;

    * Observar as tcnicas de remoo e transporte sem prancha; * Observar as tcnicas de:

    a. Elevao cavaleiro;

    b. Remoo rpida de veculos (Chave de Rauteck);

    c. Tcnicas de trao pelo eixo, a serem utilizadas quando h risco imediato de incndio, exploso ou

    desabamento: trao pelas mos, pelos ps e pelo tronco.

    Para remover vtima deitada no solo deve-se fazer o "rolamento". como se o corpo da vtima fosse

    um tronco de rvore para ser rolado.

    O rolamento pode ser feito por duas ou trs pessoas ou socorristas, e, em todos os casos, a pessoa que

    assume o controle da cabea e do pescoo comanda o rolamento. Cabe a essa pessoa ou socorrista observar e

    corrigir a posio dos companheiros ou auxiliares, dar a ordem para a movimentao, que deve ser feita ao

    mesmo tempo.

    A imobilizao da cabea realizada manualmente ou com colar cervical.

    A coluna vertebral abriga em seu interior a medula espinhal, constituda por nervos que

    interconectam o encfalo com todo o organismo.

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    22

    Leses de coluna podem se acompanhar de leses da medula, constituindo o traumatismo

    raquimedular.

    Leses a nvel da coluna cervical deve ser suspeitada em todas as vtimas inconscientes e mesmo nas

    vtimas conscientes onde o mecanismo que provocou o acidente seja suficiente para produzir o trauma

    medular, como nos acidentes automobilsticos graves, quedas de alturas, acidentes de mergulho,

    desmoronamentos, exploses.

    Em todas as manobras citadas neste captulo esta deve ser a primeira preocupao.

    a. imobilizao manual da cabea e pescoo;

    b. imobilizao da cabea e pescoo com colar cervical.

    II - TCNICAS

    2.1 Remoo no solo

    Rolamento 90 graus

    Esta manobra realizada em vtimas encontradas em decbito dorsal (barriga para cima) e permite

    posicion-la em decbito lateral para drenagem de secrees, sangramentos ou vmitos que possam obstruir a

    via area, alm disso a manobra inicial para posicionar a vtima sobre a prancha longa ou sobre uma tbua

    rgida improvisada.

    Para a realizao desta tcnica o primeiro socorrista deve posicionar uma das mos sob o pescoo da

    vtima, com o objetivo de auxiliar na fixao da cabea e evitar flexo, extenso e lateralizao da mesma. A

    outra mo deve ser posicionada um pouco abaixo do ombro. O segundo socorrista coloca uma das mos na

    altura do quadril e a outra um pouco abaixo dos joelhos da vtima.

    Para o rolamento com 3 socorristas, o terceiro coloca uma das mos na coxa e a outra na panturrilha (

    regio abaixo dos joelhos ) da vtima.

    Enquanto a vtima mantida em decbito lateral, a prancha encostada na vtima, pelo lado oposto

    ao adotado pelos socorristas. Aps posicionada a prancha, sob o comando do primeiro socorrista a equipe

    abaixa a vtima sobre a prancha, de forma lenta, coordenada.

    Aps ter sido posicionada sobre a prancha, a vtima pode ser cuidadosamente deslizada, se

    necessrio, para se corrigir sua posio. Isto sempre deve ser feito pela equipe em conjunto, com os

    socorristas posicionados ao longo do corpo da vtima como na manobra de rolamento, realizando movimentos

    coordenados de modo a garantir o alinhamento do eixo da coluna durante toda a manobra.

    Sempre devem ser usados tirantes para fixar a vtima prancha longa, para evitar seu deslizamento

    durante o transporte, conforme figura acima.

    Se a vtima precisa ser deslizada para cima ou para baixo, por uma distncia qualquer, deve-se

    colocar apoios e fixar os ps e a cabea com bandagens, conforme figura da pgina anterior.

    ROLAMENTO 180 GRAUS

    Esta manobra de rolamento realizada para vtimas encontradas em decbito ventral (barriga para

    baixo), e permite traz-la para o decbito dorsal, obedecendo aos mesmos princpios da tcnica de rolamento

    a 90 graus.

    O primeiro socorrista ajoelha-se de frente para a vtima, posiciona suas mos de modo a segurar a

    mandbula e a regio occipital. As mos devem ser cruzadas para facilitar o rolamento, com as mos assim

    posicionadas realiza as manobras para tracionar, alinhar e fixar a cabea da vtima. A posio das mos dos

    socorristas sobre o corpo da vtima a mesma indicada para o rolamento a 90 graus, exceto para o segundo

    socorrista, que posicionar suas mos no ombro e no cotovelo da vtima, ou no ombro e no quadril, porm

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    englobando o antebrao da vtima. Aps o comando para o rolamento 180, a vtima colocada em decbito

    lateral e depois em decbito dorsal sobre a prancha longa que foi previamente colocada ao lado da vtima.

    ELEVAO CAVALEIRO

    Indicada em vtimas encontradas em decbito dorsal em local estreito ou quando a vtima apresenta

    fraturas ou leses em membros opostos.

    Os socorristas posicionam-se cavaleiro sobre a vtima. O primeiro posiciona as mos espalmadas

    nas costas apoiando a cabea com os polegares. O segundo posiciona as mos na altura do quadril e o terceiro

    na altura da panturrilha. Aps estarem posicionados o primeiro socorrista comanda: Ao tempo trs elevao cavaleiro, um dois, trs, elevando-se a vtima cerca de 20 cm do solo, devidamente alinhada, enquanto um quarto socorrista ou pessoa posiciona a prancha longa entre as pernas dos socorristas e sob a vtima.

    ELEVAO COM APOIO LATERAL

    Indicada em vtimas encontradas em decbito dorsal. Pode ser realizada com 4, 5 ou mais

    socorristas.

    Os socorristas posicionam-se dois a dois, de cada lado da vtima, de frente para a mesma e de frente

    um para o outro, ajoelhados com o mesmo joelho no cho.

    O primeiro socorrista posiciona-se cabea da vtima, com uma das mos sob o pescoo e a outra

    em concha sob o dorso, a nvel do trax, apoiando tambm o antebrao.

    O segundo socorrista posiciona-se em frente do primeiro, com uma das mos em concha sob o

    ombro da vtima e a outra em concha na altura do quadril, apoiando tambm o antebrao.

    O terceiro socorrista posiciona se ao lado do primeiro com uma das mos na altura do quadril da

    vtima e a outra sob a panturrilha da perna mais prxima.

    O quarto socorrista posiciona-se em frente ao terceiro, com uma das mos em concha sob a coxa

    mais prxima e a outra sob a panturrilha mais prxima.

    Aps estarem posicionados o primeiro socorrista comanda elevao com apoio lateral ao tempo trs,

    devendo a vtima ser elevada cerca de 15 cm do solo, devidamente alinhada, enquanto um quinto socorrista

    posiciona a prancha sob a vtima, quando ento a vtima dever ser cuidadosamente posicionada sobre a

    prancha, devidamente alinhada, sucedendo-se a fixao com as faixas, para das seqncia remoo.

    CASOS ESPECIAIS

    Em determinados casos de extrema urgncia, pode ser necessrio remover a vtima, sem nenhum

    auxlio ou equipamento, principalmente quando a vtima estiver exposta a risco de incndio, exploso,

    desabamento e asfixia. Nestas situaes , a remoo deve ser realizada pela trao pelo eixo. Deve-se segurar

    a vtima pelas mos, pelo ps ou pelo tronco e arrast-la no solo para um local mais seguro. Para remoo

    rpida de veculos deve-se aplicar a Chave de Rauteck.

    a. Trao pelo eixo:

    Nesse caso a vtima deve ser arrastada para um local protegido segurando a vtima pelas mos, pelos

    ps ou pelo tronco.

    b. Chave de Rauteck

    Posicione um dos braos sob a axila da vtima segurando seu pulso e com o outro tambm sob a

    outra axila segure o queixo da mesma e tracione-a para fora do veculo preocupando-se com o alinhamento da

    coluna cervical, apoiando a cabea da vtima entre seu rosto e ombro. Arraste a vtima at um local seguro e

    coloque-a sobre uma superfcie rgida onde possa ser transportada.

    c. Rolamento rpido (1 Socorrista): Indicada para vtimas encontradas em decbito ventral, apresentando vmitos, secrees,

    sangramento, ou em parada cardiorrespiratria e o socorrista est sozinho. Mesmo sozinho deve-se preocupar

    com o alinhamento da cabea, pescoo e tronco.

    O socorrista deve posicionar uma das mos na regio occipital (parte posterior da cabea) e a outra

    na mandbula (queixo) da vtima e realizar a manobra de giro do corpo para o decbito dorsal.

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    TRANSPORTE SEM PRANCHA LONGA

    A. ELEVAO DA VTIMA.

    A finalidade erguer a vtima do solo e transport-la, quando o rolamento no possvel ou quando

    no se dispe de equipamento adequado.

    Os socorristas devem tomar posio lateralmente vtima. O primeiro posiciona-se uma das mo sob

    o pescoo e outra na altura do ombro; o segundo posiciona uma das mos no quadril e outra na coxa,

    enquanto o terceiro posiciona uma das mos na parte inferior da coxa e na panturrilha. Aps estarem

    posicionados o primeiro comanda a manobra devendo elevarem a vtima devidamente alinhada, conforme

    figura abaixo.

    2.2 REMOO DE VECULOS:

    A remoo de vtimas no interior de veculos depende de vrios fatores, tais como: condio da

    vtima, do risco local, do acesso vtima, da condio do veculo. Dessa forma a tcnica a ser utilizada vai

    depender desses fatores, o que de sobremaneira recair no bom senso e na experincia do socorrista ou da

    pessoa responsvel pelo resgate.

    Sempre que possvel deve-se imobilizar a coluna cervical, manualmente ou com colar cervical, antes

    de iniciar a retirada com a prancha longa.

    A colocao da vtima na prancha longa vai depender da sua posio no interior do veculo. O

    primeiro passo, para isso, ser a elevao da vtima enquanto que uma terceira pessoa ou socorrista

    encarregar da colocao da prancha sob a vtima.

    De uma maneira geral o primeiro socorrista que chegar ao veculo deve realizar o exame primrio e

    ficar responsvel pela imobilizao da cabea e do pescoo. Os demais socorristas devem posicionar-se de

    forma que as manobras de colocao da prancha e retirada, sejam efetuadas com a vtima sempre em bloco.

    Quer tenha equipamentos prprios ou no, ateno especial deve ser dada ao alinhamento da

    coluna vertebral e cabea da(s) vtima(s).

    Caso no local no se disponha de equipamentos prprios para resgate e remoo, deve se ter o

    cuidado especial com o alinhamento da coluna vertebral e cabea, e o transporte preferencialmente deve ser

    realizado sobre uma superfcie rgida, a cabea imobilizada manualmente ou com qualquer objeto

    improvisado que evite qualquer movimento.

    III - TRANSPORTE

    a. Vtimas no traumticas:

    1. Dor torcica:

    Decbito dorsal com a cabeceira elevada.

    2. Dispneia (aumento do nmero de movimentos respiratrios por minuto):

    Semi-sentados, pois, esta posio permite um melhor funcionamento da diafragma e reduz a

    congesto pulmonar em caso de edema agudo.

    3. Estado de choque:

    Decbito dorsal com as extremidades inferiores elevadas. A cabeceira baixa contra-indicada pois

    dificulta a respirao.

    4. Inconsciente:

    Decbito lateral esquerdo para prevenir a bronco aspirao.

    5. Dor abdominal:

    Decbito dorsal ou lateral com os joelhos dobrados.

    6. Gestantes:

    Decbito lateral esquerdo para descomprimir a veia cava, e melhorar a oxigenao do feto.

    Mulheres em trabalho de parto devem ser colocadas com os ps voltados para a cabine do motorista dentro da

    ambulncia, para permitir a assistncia ao parto.

    b. Vtimas traumticas

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    1. Leses de Extremidades Superiores:

    Podem ser transportadas em cadeira de rodas at a ambulncia.

    2. Leses de Extremidade Inferiores:

    Decbito dorsal com as extremidades elevadas sobre a prancha longa.

    3. Traumatismo Crnio-Enceflico - TCE:

    Decbito dorsal sobre a prancha longa com inclinao da cabeceira em 45 graus. Diminui a

    presso intracraniana.

    4. Poli traumatizados:

    Decbito dorsal sobre a prancha longa.

    BIBLIOGRAFIA

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    Socorros Urgentes. 3 edio. Curitiba, 1994.

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    Urgncia. Editora Mebsi, 1985.

    - MENEZES Eri Leci Monteiro. A Enfermagem no Tratamento dos Queimados. So Paulo. EPU, 1988.

    - SCHVARTSMAN Samuel. Pronto Socorro de Pediatria. So Paulo. Editora Sarvier, 1989.