Apostila - Administracao de Financas I - Aluno

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Administração de Finanças I Faculdades Senac - RS Professor Gustavo da Cunha Raupp 1 ADMINISTRAÇÃO DE FINANÇAS I

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ADMINISTRAÇÃO DE FINANÇAS I

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ÍNDICE

I – Administração de Finanças............................................ 03 II – Fluxo de Caixa ............................................................. 09 III – Exercícios Fluxo de Caixa.......................................... 15 IV– Administração do Capital de Giro............................... 22 V– Exercícios Capital de Giro............................................. 41 VIII – Fluxo de Caixa Descontado...................................... 45 IX – Exercícios Fluxo de Caixa Descontado....................... 51 X – Taxa de Câmbio ........................................................... 53 XI – Intermediação Financeira e Mercado Financeiro........ 58 XII – Análise de Balanços................................................... 74 XIII – Exercícios de Análise de Balanços........................... 91

BIBLIOGRAFIA

PADOVEZE, Clovis Luis Introdução à Administração Financeira. São Paulo: Thomson Pioneira, 2005. HOJI, M. Administração Financeira: uma abordagem prática.2ed. São Paulo: Atlas, 2006. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de Administração Financeira. 2ed. São Paulo: Atlas, 2002. Complementar: BRIGHAM, E. F; GAPENSKI, L. C.; EHRHARDT, M.C. Administração Financeira: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2005. GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 10 ed. São Paulo: Harbra, 2004. HERRMANN JR, F. Analise De Balanços Para A Administração Financeira. 3ed. São Paulo: Atlas, 2003. NIKBAKHT, E; GROPPELLI, A.A. Administração Financeira – Série Essencial. 3ª Ed.São Paulo: Saraiva, 2010. MEGLIORINI, E.; VALLIM, M.A., Administração Financeira – Uma abordagem Brasileira. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. DIVERSOS ARTIGOS NA INTERNET

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I - ADMINISTRAÇÃO DE FINANÇAS

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A Administração Financeira e o Papel do Administrador Financeiro

1. Conceitos – Finanças

É a arte e a ciência de se administrar fundos, isto é, aplicar princípios econômicos,

contábeis e conceitos do valor do dinheiro no tempo às tomadas de decisões em negócios. A palavra “arte” implica que existem algumas oportunidades para ser criativo na administração de dinheiro. E a palavra “ciência” implica que existem alguns fatos comprovados subjacentes às decisões financeiras.

De uma forma mais ampla, dizemos que ela trata do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Em última análise, Finanças é a arte e a ciência de administrar fundos.

2. Principais Áreas em Finanças

Existe uma tendência cada vez maior de executivos oriundos da área financeira ocupando os cargos mais altos nas organizações.Nesse contexto, algumas áreas vêm se destacando e atraindo a atenção de estudantes e profissionais por serem excelentes oportunidades de carreira. São elas: Finanças Corporativas (ou Empresariais), Investimentos, Instituições Financeiras, Finanças Internacionais e, por último, Consultoria em Finanças Pessoais.

Finanças Empresariais requer do profissional financeiro conhecimento para decisões vitais no âmbito empresarial, que podem envolver a estrutura de ativos, a estrutura financeira ou planejamento e controle da gestão e obtenção de resultado de empresas e órgãos governamentais.

A área de Investimentos lida com ativos financeiros, tais como ações, debêntures, títulos públicos e privados, derivativos e outras obrigações. E sua atividade o profissional financeiro calcula preços desses ativos, determina os riscos envolvidos e o retorno possível, analisa o contexto para definição da melhor composição de carteiras para cada tipo de investidor. Esse profissional pode atuar como Operador de Bolsa de Valores, Administrador de Carteiras de Fundos ou ainda como Analista de títulos.

As Instituições Financeiras são aquelas que lidam primeiramente com assuntos financeiros, como Bancos, Associações de Poupança e Empréstimo e Seguradoras. Essas instituições necessitam profissionais para uma grande variedade de tarefas relacionadas a finanças. Pode atuar na área de empréstimos, captação de recursos, seguros, previdência privada e capitalização entre outras.

Finanças Internacionaispodem ser definidas como uma especialização que requer conhecimento em todas as áreas citadas, sua atuação envolve aspectos internacionais como taxa de câmbio e risco político, empréstimos internacionais, administração de carteira e análise de títulos de empresas sediadas em vários países.

Consultoria em Finanças Pessoais é uma atividade com certa tradição nos Estados Unidos. No Brasil vem se desenvolvendo de forma crescente. O Consultor de Finanças Pessoais (CFP), conhecido também como Planejador de Finanças Pessoais, tem um foco de atuação muito forte no planejamento financeiro. Sua atividade básica consiste em gerir as finanças pessoais para facilitar o alcance de objetivos econômico-financeiros pretendidos pelos clientes.

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Pode auxiliar na administração do orçamento doméstico, na análise e na busca de alternativas para endividamentos elevados, orientações sobre aplicaçãadequados para cada perfil de investidor. Orienta ainda, na escolha de seguros e planos de aposentadoria.

3. O Administrador Financeiro

Em empresas de pequeno porte, a estrutura organizacional, muitas vezes, não comum setor ou um departamento financeiro, e o próprio proprietário desempenha a administrador financeiro. À medida que a empresa cresce, passa a ser necesorganizacional e, com isso, emerge a figura desse administrador, que denominações, como diretor financeiro, viceexemplo de seu posicionamento na estrutura organizacional de no organograma abaixo:

Conforme ilustrado, o controladoria. A controladoria lida com contabilidade de custos e financeira, pagamentos de impostos e sistemas de informações gerenciais. A tesouraria é responsável pela administração do caixa e dos créditos da empresa, pelo planejamento financeiro e pelas despesas de capital.

4. Áreas da Administração de Finanças Empresariais

4.1. ORÇAMENTO DE CAPITAL ou ANÁLISE DE INVESTIMENT OS

Diz respeito aos investimentos a longoprazoda empresa, maisplanejamento e gerência destes investimentos a longoprazo.Nesta função, o administrador financeiro procura identificar oportunidades deinvestimentos que possuem valor superior a seu

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Pode auxiliar na administração do orçamento doméstico, na análise e na busca de alternativas para endividamentos elevados, orientações sobre aplicação de recursos nas modalidades mais adequados para cada perfil de investidor. Orienta ainda, na escolha de seguros e planos de

O Administrador Financeiro

Em empresas de pequeno porte, a estrutura organizacional, muitas vezes, não comum setor ou um departamento financeiro, e o próprio proprietário desempenha a administrador financeiro. À medida que a empresa cresce, passa a ser necesorganizacional e, com isso, emerge a figura desse administrador, que denominações, como diretor financeiro, vice-presidente de finanças, gerente financeiro etc. Um exemplo de seu posicionamento na estrutura organizacional de uma empresa está representado

Conforme ilustrado, o diretor financeiro coordena as atividades de tesouraria e controladoria. A controladoria lida com contabilidade de custos e financeira, pagamentos de impostos e sistemas de informações gerenciais. A tesouraria é responsável pela administração

s créditos da empresa, pelo planejamento financeiro e pelas despesas de capital.

Áreas da Administração de Finanças Empresariais

4.1. ORÇAMENTO DE CAPITAL ou ANÁLISE DE INVESTIMENT OS

Diz respeito aos investimentos a longoprazoda empresa, maisplanejamento e gerência destes investimentos a longoprazo.Nesta função, o administrador financeiro procura identificar oportunidades deinvestimentos que possuem valor superior a seu

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Pode auxiliar na administração do orçamento doméstico, na análise e na busca de alternativas o de recursos nas modalidades mais

adequados para cada perfil de investidor. Orienta ainda, na escolha de seguros e planos de

Em empresas de pequeno porte, a estrutura organizacional, muitas vezes, não comporta um setor ou um departamento financeiro, e o próprio proprietário desempenha a atividade de administrador financeiro. À medida que a empresa cresce, passa a ser necessária uma estrutura organizacional e, com isso, emerge a figura desse administrador, que pode ter diferentes

gerente financeiro etc. Um uma empresa está representado

diretor financeiro coordena as atividades de tesouraria e controladoria. A controladoria lida com contabilidade de custos e financeira, pagamentos de impostos e sistemas de informações gerenciais. A tesouraria é responsável pela administração

s créditos da empresa, pelo planejamento financeiro e pelas despesas de capital.

4.1. ORÇAMENTO DE CAPITAL ou ANÁLISE DE INVESTIMENT OS

Diz respeito aos investimentos a longoprazoda empresa, maisespecificamente, ao planejamento e gerência destes investimentos a longoprazo.Nesta função, o administrador financeiro procura identificar oportunidades deinvestimentos que possuem valor superior a seu

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custo de aquisição. Emtermos gerais, isso significa que o valor dos fluxos de caixa gerados peloativo excede o custo de tal ativo.Independentemente do investimento em consideração, o administradorfinanceiro precisa preocupar-secom o montante de fluxo de caixa que esperareceber, quando irá recebê-loe qual a probabilidade de recebê-lo.A avaliaçãoda magnitude, da distribuição no tempo e do risco dos fluxos de caixa futurosé a essência do orçamento de capital.

4.2. ESTRUTURA DE CAPITAL

Refere-seà combinação específica entre capital de terceiros a longoprazoecapital próprio que a empresa utiliza para financiar suas operações. Oadministrador financeiro possui duas preocupações nessa área. Primeiro, qualo montante que a empresa deve tomar emprestado? Segundo, qual a fontemais barata de fundos para a empresa?

Adicionalmente à combinação de recursos, o administrador financeiro devedecidir exatamentesobre como e onde levantará os recursos. Cabe a ele entãoa tarefa de escolher as fontes e os tipos de empréstimos.

4.3. ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Refere-seà administração dos ativos de curtoprazoda empresa, tais comoestoques, e aos passivosde curtoprazo,tais como pagamentos devidos afornecedores. É uma atividade cotidiana que assegura que os recursossejam suficientes para continuar a operação.As questões seguintes devem ser respondidas sobre o capital de giro:

1. Quais devem ser os volumes disponíveis de caixa e estoque? 2. Devemos vender a crédito para os nossos clientes? 3. Como obteremos os recursos financeiros a curto-prazoquevenham ser necessários?

As três áreas que acabamos de descrever – orçamento de capital, estrutura decapital eadministração de capital de giro – são categorias amplas. Cada uma incluiuma variedade de tópicos.

5. Forma Jurídica de Organização das Empresas

Quanto ao aspecto jurídico, as empresas podem ser classificadas de duas maneiras: individuais ou societárias.

As empresas individuais são aquela que possuem umúnico dono. Geralmente, essa forma jurídica se aplica às pequenas empresas, cujos donos respondem sozinhos pela empresa e de forma ilimitada. A razão social de uma empresa individual é constituída pelo nome do proprietário, por extenso ou abreviado, e pode ser complementado com o ramo de atividade ao qual ela pertence.

Já as empresas societárias são constituídas por duas ou mais pessoas. No Brasil, os tipos mais comuns dessas empresas são:

•Sociedades por cotas de responsabilidade limitada. Nesse tipo de sociedade, o capital, estabelecido em contrato social, é representado por cotas. Cada sócio é diretamente responsável pela integralização das suas e, indiretamente, pela integralização das cotas dos outros sócios. Cada umdeles é denominado 'cotista', e o nome ou a razão social dessas sociedades é seguido da palavra 'limitada', por extenso ou abreviada na forma “LTDA”.

•Sociedade anônima.Nesse tipo de sociedade, o capital, estabelecido em contrato social, é dividido em parcelas, denominadas 'ações'. Os sócios ou os 'acionistas' têm a responsabilidade limitada ao valor de suas ações subscritas ou adquiridas. O nome ou a razão social dessas sociedades é seguido pela expressão 'sociedade anônima' ou da forma

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abreviada 'S.A.'. A sociedade anônima pode ser classificada de duas maneiras: ABERTA, cujas ações e/ou debêntures são negociadas na bolsa de valores - e as empresas captam recursos junto ao público, via subscrição de novas ações ou lançamento de debêntures; FECHADA, cujas ações não são negociadas na bolsa de valores e a captação de recursos provém dos próprios acionistas.

6. O Papel do Administrador Financeiro

As funções financeiras podem ser de curto e longo prazo. As de curto prazo envolvem a administração de caixa, do crédito, das contas a receber e a pagar, estoques e financiamentos de curto prazo.

A administração financeira de curto prazo também é chamada de administração do capital circulante. O administrador financeiro no curto prazo também se preocupa com o planejamento financeiro e tributário.

No longo prazo o administrador financeiro envolve-se com as decisões financeiras estratégicas, tais como orçamento de capital, estrutura de capital, custo de capital, relacionamento com investidores etc.

As decisões financeiras no longo prazo envolvem a obtenção de recursos para projetos e investimentos e a definição dos critérios a serem adotados para a escolha entre investimentos alternativos.

Os objetivos e as funções do Administrador Financeiro:

O objetivo da empresa é maximizar o valor de mercado do capital dos proprietários existentes. Atendendo a um desejo específico dos acionistas: a remuneração de seu capital, sob a forma de distribuição de dividendos.

O administrador financeiro procura conciliar a manutenção da liquidez e do capital de giro da empresa, para que a empresa possa honrar com as obrigações assumidas perante terceiros na data do vencimento, bem como a maximização dos lucros sobre os investimentos realizados pelos acionistas.

Resumindo as funções do administrador financeiro:

- manter a empresa em permanente situação de liquidez;

- maximizar o retorno sobre o investimento realizado;

- administrar o capital de giro da empresa;

- avaliar os investimentos realizados em itens do ativo permanente;

- estimar o provável custo dos recursos de terceiros a serem captados;

- analisar as aplicações financeiras mais interessantes para a empresa;

- informar sobre as condições econômico-financeiras atuais e futuras da empresa;

- interpretar as demonstrações financeiras;

- manter-se atualizado em relação ao mercado e às linhas de crédito oferecidas palas instituições financeiras.

7. Responsabilidade Social da Empresa

Aumentar a riqueza dos acionistas não quer dizer que a administração deva relegar para segundo plano as responsabilidades sociais, apesar de que o conflito entre “maior riqueza” e “responsabilidade social” seja normalmente uma constante.

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Esta responsabilidade social poder ser resumidas em: proteção ao consumidor, segurança no trabalho, apoio à educação, participação ativa na comunidade, processos sustentáveis, inclusão social, dentre tantos outras.

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II - FLUXO DE CAIXA

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A administração da liquidez e da solvência é uma das atividades mais importantes do administrador financeiro. Para desempenhar esta função, o profissional de finanças utiliza um dos principais instrumentos de análise e controle financeiro: o FLUXO DE CAIXA.

“O caixa é importante porque representa poder de compra que pode ser transferido facilmente, em uma economia de troca, a qualquer indivíduo ou organização para satisfação de suas

necessidades específicas por bens e serviços desejados e disponíveis na economia. Informações sobre fluxo de caixa são relevantes, à medida que permitem a investidores e credores projetar a capacidade que a empresa terá de distribuir dividendos, pagar juros e amortizar dívidas. Além desses pontos, a informação sobre o fluxo de caixa destaca-se, também, por auxiliar na determinação da liquidez e solvência empresarial (HENDRIKSEN E BREDA, 1999, p.177).”

Para Hendriksen e Breda (1999, p.177) “liquidez é a capacidade relativa de conversão de ativos em caixa e solvência é a capacidade de pagamento das obrigações de uma empresa no momento de seus vencimentos. O conceito de solvência é mais amplo que o de liquidez”. A capacidade de solvência da empresa é importante, pois indica a possibilidade de continuidade.

Inicialmente destaca-se que a compreensão do termo caixa deve abranger não somente a conta contábil caixa, e sim todos os recursos disponíveis da empresa dos quais se possa fazer uso como se dinheiro fosse. Correspondem ao caixa, desta forma, as disponibilidades imediatas da empresa, ou seja, caixa, propriamente dito, depósitos bancários à vista, numerários em transito e aplicações de liquidez imediata.

Denomina-se fluxo de caixa o conjunto de entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo, podendo ser calculado mediante a construção de um mapa de fluxos de tesouraria. É um instrumento de controle que tem por objetivo auxiliar o empresário a tomar decisões sobre a situação financeira da empresa.

Pelo fato de proporcionar uma medida da capacidade da empresa em liberar meios monetários, o cash-flow torna-se um excelente indicador da capacidade de autofinanciamento da empresa, isto é, da sua capacidade para efetuar novos investimentos sem necessidade de recorrer a fontes de financiamento externas.

1. Fluxo de Caixa1.1. Conceitos e Convenções Básicas

� A representação do fluxo de caixa é feita por meio de tabelas e quadros, ou esquematicamente, conforme abaixo:

0 1 2 3 nTempo

- + - +

FLUXO DE

CAIXA

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• A escala horizontal representa o tempo, divididos em períodos descontínuos. O ponto zero representa a data inicial, o ponto 1 indica o final do 1º período e assim por diante;

• Os intervalos de tempo de todos os períodos são iguais. • Saídas de caixa correspondem aos pagamentos, tem sinais negativos e são representadas

por setas apontadas para baixo. • Entradas de caixa correspondem aos recebimentos, tem sinais positivos e são

representados por setas apontadas para cima.

Então para que servem os relatórios de fluxo de caixa?

• Planejar e controlar as entradas e saídas de caixa num período de tempo determinado.

• Auxiliar o empresário a tomar decisões antecipadas sobre a falta ou sobra de dinheiro na empresa.

• Verificar se a empresa está trabalhando com aperto ou folga financeira no período avaliado.

• Verificar se os recursos financeiros são suficientes para tocar o negócio em determinado período ou se há necessidade de obtenção de capital de giro.

• Planejar melhores políticas de prazos de pagamentos e recebimentos.

• Avaliar a capacidade de pagamentos antes de assumir compromissos.

• Conhecer previamente (planejamento estratégico) os grandes números do negócio e sua real importância no período considerado.

• Avaliar se o recebimento das vendas é suficiente para cobrir os gastos assumidos e previstos no período considerado.

• Avaliar o melhor momento para efetuar as reposições de estoque em função dos prazos de pagamento e da disponibilidade de caixa.

• Avaliar o momento mais favorável para realizar promoções de vendas visando melhorar o caixa do negócio.

Fatores que afetam o Fluxo de Caixa:

O fluxo de caixa de uma empresa é impactado por uma série de fatores, tanto internos como externos. O Administrador financeiro deve estar preparado através das indicações observadas no fluxo de caixa para tomar as medidas corretivas em tempo hábil, de forma a minimizar o impacto nas empresas. Fatores Internos: • Expansão descontrolada das vendas, implicando em um volume maior de compras e

custos operacionais; • Aumento concedido no prazo de vendas como forma de aumentar o grau de

competitividade da empresa e aumentar a sua participação no mercado; • Capitalização inadequada com a conseqüente utilização de capital de terceiros de forma

excessiva, aumentando o seu nível de endividamento; • Compra em volume incompatível com as projeções de vendas; • Diferenças acentuadas entre giro de contas a pagar e a receber em decorrência dos

prazos médios de recebimento e pagamento;

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• Ciclo de produção extremamente longo e incompatível com o prazo médio concedido pelos fornecedores;

• Giro do estoque muito lento, significando o carregamento de produtos obsoletos ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa neste item;

• Baixa ocupação do ativo fixo; • Distribuição de lucros incompatíveis com a capacidade de geração de caixa; • Custos financeiros elevados em decorrência de um nível de endividamento incompatível

com a estrutura de capital da empresa; • Política salarial totalmente incompatível com o nível de receitas e demais despesas

operacionais. Fatores Externos: • Redução das vendas causadas por uma retração do mercado; • Aumento da concorrência em decorrência da entrada de novos concorrentes no

mercado; • Alteração nas alíquotas de impostos, sejam tributos sobre a venda interna como sobre a

importação de produtos concorrentes; • Aumento geral do nível de inadimplência causada por fatores como, por exemplo, o

aumento da taxa de juros. Desequilíbrio Financeiro:

A análise do fluxo de caixa permite determinar com precisão, uma empresa que se apresente em uma situação de desequilíbrio financeiro.

Sintomas: • Insuficiência crônica de caixa; • Captação sistemática de recursos através de empréstimos.

Causas Básicas: • Excesso de investimento em estoque; • Prazo médio de recebimento maior do que o prazo médio de pagamentos; • Excesso de investimento em ativos fixos (imobilização); • Alto giro de estoque e ciclo de produção elevado. • Inflação; • Recessão;

Conseqüências: • Maior grau de vulnerabilidade ante as flutuações nas condições do mercado em que a

empresa atua; • Atrasos nos pagamentos, aumentando as perspectivas de concordata e falência.

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Medidas de Saneamento: • Aumento do capital próprio através de aporte de novos recursos dos proprietários atuais

ou através de novos sócios, ou emissão de papeis (SAs); • Redução ou adequação do nível das atividades aos volumes de recursos disponíveis para

o financiamento das operações; • Controle rígido de custos e despesas operacionais; • Desmobilização de ativos ociosos; • Redução do ritmo das atividades operacionais; • Adequação do nível de operações ao nível de recursos disponíveis.

MODELO FLUXO DE CAIXA – PREVISTO E REALIZADO

No relatório anterior foi adotado como modelo o período semanal, apenas como demonstração, sendo usual e recomendado o período diário.

Saldo Inicial: é o valor constante no caixa no início do período considerado para a elaboração do Fluxo. É composto pelo dinheiro na “gaveta” mais os saldos bancários disponíveis para saque.

Entradas de Caixa: correspondem às vendas realizadas à vista, bem como a outros recebimentos, tais como duplicatas, cheques pré-datados, faturas de cartão de crédito etc., disponíveis como “dinheiro” na respectiva data.

Saídas de Caixa: correspondem a pagamentos de fornecedores, pró labore (retiradas dos sócios), aluguéis, impostos, folha de pagamento, água, luz, telefone e outros, entre eles alguns descritos em nosso modelo.

Saldo Operacional:representam o valor obtido de entradas menos as saídas de caixa na respectiva data. Possibilita avaliar como se comportam seus recebimentos e gastos periodicamente, sem a influência dos saldos de caixa anteriores.

Saldo Final de Caixa: representa o valor obtido da soma do Saldo Inicialcom o Saldo Operacional. Permite constatar a real sobra ou falta de dinheiro em seu negócio no período considerado e passa a ser o Saldo Inicial do próximo período.

Um dos fatores mais importantes para o sucesso na gestão de uma empresa é o adequado PLANEJAMENTO. Portanto, a gestão financeira deve ser cuidadosamente planejada, executada, acompanhada e avaliada.

Isso só é possível se estabelecermos metas (objetivos, previsões) que nos orientem a fim de evitar “surpresas inesperadas”.

Se passarmos a projetar recebimentos e pagamentos com base em nossos conhecimentos anteriores e expectativas futuras quanto ao que esperamos do mercado, poderemos nos preparar para enfrentar dificuldades antes que elas ocorram.

Assim, trabalhar com valores previstos e compará-los com o realizado (acontecido na data), além de mostrar futuras faltas ou sobras de caixa, permite tomar decisões antecipadas sobre aumento de compras, liquidações, racionalizações de custos, hora certa para fazer investimentos e até mesmo sobre a possibilidade de retirar mais pró-labore sem “sangrar” a empresa.

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III - EXERCÍCIOS FLUXO DE CAIXA

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EXERCÍCIOS DE FLUXO DE CAIXA

EXERCÍCIO 1:

A sapataria do Sapatu´s abriu recentemente sua primeira sapataria (em junho) em uma das ruas mais exclusivas de Porto Alegre. Apesar de os negócios estarem indo muito bem, os sócios têm estado preocupados com possíveis falta de recursos no caixa. Para resolver este problema, resolveram montar o seu fluxo de caixa:

1) Na única loja da empresa, todas as vendas são feitas a vista;

2) No entanto a Sapatu´s resolveu conceder um prazo de trinta dias para uma loja em Salvador que se interessou em distribuir seus sapatos. Hoje é responsável por 20% da receita;

3) O prazo para pagamento aos fornecedores de matéria-prima é de 30 dias para pagamento;

4) O valor do aluguel da loja é de R$ 2.100,00 mensais;

5) Os 2 sócios da empresas fazem retiradas mensais de R$ 2.000,00 cada um;

6) Está previsto o pagamento de uma parcela de luvas da loja, para o próximo mês de R$ 8.000,00;

7) As vendas do mês em curso foram de R$ 90.000,00. As vendas projetadas para o próximo trimestre são de R$ 90.000,00, R$ 110.000,00 e R$ 110.000,00;

8) As compras neste mês são de R$ 45.000,00, sendo projetadas para o trimestre seguinte, R$ 45.000,00, R$ 55.000,00 e R$ 55.000,00, nesta ordem;

9) As despesas comerciais equivalem a 5% da receitado mês;

10) Os impostos representam 20% das vendas, e são pagos no mesmo mês de sua competência;

11) As despesas administrativas e de pessoal são de R$ 7.000,00 mensais (fixas);

12) O saldo de caixa no início do período é de R$ 500,00;

Com base nas informações acima elabore o fluxo de caixa da empresa Sapatu´s.

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PROJEÇÕES VENDAS - FLUXO DE CAIXA 1

Conta jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 Vendas Recebidas

Total

Conta jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10

Saldo Anterior Vendas Recebidas

Total Créditos Fornecedores

Aluguel Prólabore Luvas Custos Fixos Total de Débitos

a - Receita Bruta para Impostos b - Impostos

c - Receita Líquida d - Desp Comerciais

e - Total dos Débitos f - Saldo Caixa

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EXERCÍCIO 2:

A empresa Perfume de Mulher é uma empresa líder no mercado de perfumes e fragrâncias, sendo considerada uma empresa modelo em termos de planejamento financeiro. Neste momento, os executivos da empresa estão revisando o fluxo de caixa da empresa para os próximos 9 meses de forma a detectar quaisquer problemas para os quais eles possam, de imediato, pró-agir. No processo de revisão foram projetadas as despesas e as receitas para o período, conforme segue:

MesesVendas de

Mercadorias

Despesas com

PessoalAluguéis

Compra de MP

Venda de Veículos Usados

Despesas Adminis-trativas

Despesas com

Impostos

Compra de

MatErial de

Consumo

Compra de Equipa-

mentoIGPM

Outubro 10.000,00 2.000,00 500,00 3.000,00 - 700,00 1.700,00 1.000,00 - 0,96%Novembro 12.000,00 2.500,00 500,00 5.000,00 - 750,00 2.040,00 1.100,00 - 1,23%Dezembro 15.000,00 3.000,00 500,00 4.000,00 3.000,00 800,00 2.550,00 1.200,00 - -0,41%

Janeiro 8.000,00 3.000,00 875,00 3.600,00 3.000,00 900,00 1.360,00 1.000,00 5.000,00 0,48%Fevereiro 7.000,00 2.500,00 875,00 2.000,00 3.000,00 1.000,00 1.190,00 1.200,00 5.000,00 1,98%

Março 10.000,00 3.000,00 875,00 3.000,00 3.000,00 1.000,00 1.700,00 1.100,00 - 2,63%Abril 15.000,00 3.500,00 875,00 4.000,00 3.000,00 1.200,00 2.550,00 1.050,00 - 1,98%Maio 20.000,00 4.000,00 875,00 5.000,00 - 1.100,00 3.400,00 1.250,00 - 0,56%

Junho 25.000,00 4.000,00 875,00 5.000,00 - 1.300,00 4.250,00 1.300,00 - -0,12%MP – Matéria Prima

INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

1) A política de vendas da empresa, para os próximos meses foi definida da seguinte forma: 20% a vista, sendo o saldo devedor pago da seguinte forma (fora o mês):

� 50% com prazo de recebimento de 30 dias;

� 20% com prazo de recebimento de 60 dias;

� 30% com prazo de recebimento de 90 dias;

2) Os salários e os respectivos encargos sociais são pagos no primeiro dia do mês subseqüente;

3) As despesas com vendas correspondem a 10% das vendas ocorridas no mês, sendo pagas no mês seguinte;

4) As compras de matéria-prima são pagas da seguinte forma: 10% no mês da aquisição e o saldo restante em 4 parcelas iguais e mensais, fora o mês da compra;

5) Todas as demais contas serão pagas e recebidas no respectivo mês de competência;

6) O saldo inicial do caixa é de R$ 1.000,00;

7) Em assembléia geral extraordinária, ficou homologado o aumento de capital no valor de R$ 6.000,00, a ser integralizado no mês de março;

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8) A empresa possui um imóvel alugado, estando previsto um fluxo de recebimentos a partir do mês de janeiro, no valor de R$ 400,00. O reajuste contratual foi previsto em 50% a partir de abril;

9) Está previsto, para o mês de fevereiro, a assinatura de um contrato de leasing de um prédio para a instalação de futura sede da empresa. A prestação mensal será de R$ 1.500,00, corrigida pela variação do IGPM do mesmo mês, sendo a 1ª parcela paga em 30 dias;

Com base nas informações acima elabore o fluxo de caixa.

Pergunta-se: A integralização de capital efetuada pelos sócios resolveu eventual deficiência de caixa da empresa?

PROJEÇÕES DAS VENDAS - FLUXO DE CAIXA 2

Conta outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril maio junho

Vendas Recebidas

Total Das Vendas

PROJEÇÕES DE COMPRAS - FLUXO DE CAIXA 2

Conta outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril maio junho

Fornecedores

Total Dass Compras

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FLUXO DE CAIXA 2

Conta outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril maio junho

Saldo Anterior

Vendas Recebidas

Integralização

Cred Aluguel

Vendas Veículos

Total de Crédito

Fornecedores

Salários

Despesas com Vendas

Alugueis

Desp Administ

Desp Impostos

Compra MC

Compra equipamento

Leasing

Total de Débitos

Saldo de Caixa

EXERCÍCIO 3:

Dois empresários planejam abrir a empresa SCS Ltda e estão preparando em maio o orçamento de caixa para os meses de junho a outubro. Farão um aporte no caixa de R$ 100.000,00. Em setembro novo sócio fará aporte de capital de R$ 50.000,00.

1) São projetadas vendas: R$ 340.000,00 junho

R$ 360.000,00 julho R$ 380.000,00 agosto R$ 400.000,00 setembro R$ 300.000,00 outubro

2) As vendas são recebidas 30% à vista e o restante em duas parcelas iguais; 3) As compras são projetadas da seguinte forma:

R$ 200.000,00 junho R$ 220.000,00 julho R$ 250.000,00 agosto R$ 240.000,00 setembro R$ 300.000,00 outubro

4) O pagamento aos fornecedores são efetuados em 0, 30 e 60 dias, em parcelas iguais; 5) Os salários são pagos no mês seguinte, no valor de R$ 50.000,00 por mês; 6) A empresa paga o aluguel no mês de competência, projetado em R$ 15.000,00. Em

setembro haverá reajuste passando para R$ 25.000,00 7) Os impostos sobre vendas representam 20%, pagos no mês seguinte;

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8) Em janeiro do mesmo ano, a empresa havia buscado em uma instituição financeira recurso de capital de giro, com pagamento da primeira parcela em 30 dias, sendo 7 parcelas iguais e consecutivas no valor de R$ 25.000,00;

9) Por política da empresa, deve o gestor financeiro manter o saldo ideal de caixa de R$ 30.000,00. Eventual sobra deve aplicar em títulos de alta liquidez e havendo necessidade de caixa deve comunicar ao gerente do banco, para aprovar as linhas de crédito necessárias. O gerente do banco pediu à empresa que orçasse eventual necessidade de recursos, pois o mercado estava recessivo e possivelmente necessitaria de maior prazo para aprovar as linhas de crédito.

10) Monte o orçamento de caixa, apontando os meses e o valor que será feitas aplicações e comunicar o gerente do banco da eventual necessidade de crédito, desconsiderando os juros remuneratórios, em ambos os casos.

PROJEÇÕES DAS VENDAS - FLUXO DE CAIXA 3 Conta Junho Julho Agosto Setembro Outubro

Vendas Recebidas

Total Das Vendas

200.000,00 220.000,00 250.000,00 240.000,00 300000

PROJEÇÕES DE COMPRAS - FLUXO DE CAIXA 3 Conta Junho Julho Agosto Setembro Outubro

Fornecedores

Total Das Compras

FLUXO DE CAIXA 3 Conta Junho Julho Agosto Setembro Outubro

Saldo Anterior Vendas Recebidas

Aporte de Capital

Total de Crédito Fornecedores Salários Despesas com Vendas Alugueis Empréstimos Desp Impostos

Total de Débitos Saldo de Caixa

Saldo Mínimo de Caixa

Valor à Investir Valor à Financiar

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IV - ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

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ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

As empresas, para realizarem suas atividades, precisam de recursos financeiros. Dessa forma, é essencial que toda empresa, independentemente do seu ramo de negócio, procure controlar os seus ciclos operacional e financeiro, para que possam honrar seus compromissos, diminuir sua dependência financeira e aumentar o seu lucro.

A gestão do capital de giro é extremamente dinâmica exigindo a atenção diária dos executivos financeiros, pois qualquer falha nesta área de atuação poderá comprometer a capacidade de solvência da empresa e prejudicar a sua rentabilidade.

Dolabella (1995, p. 102), oferece a seguinte definição de capital de giro: “são os recursos financeiros aplicados pela empresa na execução do ciclo operacional de seus produtos, recursos estes que serão recuperados financeiramente ao final deste ciclo”.

Os ciclos dividem-se em Ciclo Econômico, Ciclo Financeiro e o Ciclo Operacional que compõe todo o sistema.

CICLO ECONÔMICO

É o período em que a mercadoria permanece nas dependências da empresa, ou seja, inicia-se com a compra da mercadoria e encerra-se com a venda da mesma. Este ciclo é o giro de estoques, ele nos diz quanto tempo à empresa está demorando para girar o seu estoque. Quanto maior for o estoque, mais lento será o giro do mesmo, ocasionando, inclusive, numa possível insuficiência crônica de caixa, forçando-a a captação sistemática de recursos de terceiros comprometendo a saúde financeira da empresa.

CICLO FINANCEIRO

Tem início com o desembolso de numerários para a aquisição da mercadoria que será revendida pela empresa e encerra-se com o recebimento relativo à venda da mesma. Este é o ciclo de caixa. O reflexo do Ciclo Econômico se dará neste ciclo. Se o giro do estoque é lento, primeiro a empresa pagará para após receber, ocasionando em desembolso desnecessário. Cabe salientar que além de compromissos com fornecedores a empresa também deve honrar outros compromissos mensais, que são os Custos Fixos ou Despesas Operacionais. São gastos necessários para que a empresa possa operar.

CICLO OPERACIONAL

Representa os dois ciclos juntos, iniciando-se quando da compra da mercadoria e encerrando-se quando da venda ou do recebimento dos recursos da venda. Segundo Hoji, o Ciclo Operacional inicia-se junto com o Ciclo Econômico ou Ciclo Financeiro, o que ocorrer primeiro, e encerra-se junto com o encerramento do Ciclo Econômico ou Financeiro, o que ocorrer por último.

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Para se chegar ao ciclo financeiro e operacional é necessário o cálculo dos prazos médios, representados em dias. Uma boa administração do capital de giro passa pela correta interpretação dos prazos médios e na forma de reduzi-los ou aumentá-los de acordo com as necessidades de gestão dos recursos.

A análise dos recursos investidos no giro das operações de uma empresa envolve o cálculo dos prazos médios de renovação de estoques, de cobrança de duplicatas a receber e de pagamento das compras de mercadorias para revenda. “A análise dos prazos médios só é útil quando os três prazos são analisados conjuntamente”. (MATARAZZO,2003, p.318)

A conjugação dos três índices de prazos médios leva a análise dos ciclos operacional e de caixa, elementos fundamentais para a determinação de estratégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras, geralmente vitais para a determinação do fracasso ou sucesso de uma empresa. (MATARAZZO,2003, p.311)

PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DOS ESTOQUES (PME)

O Prazo Médio de Renovação de Estoque - PMRE representa, na empresa comercial, o tempo médio de estocagem de mercadorias; na empresa industrial, o tempo de produção e estocagem. (MATARAZZO, 2003, p.318).

Esse indicador mostra a velocidade com que o estoque se transforma em produção vendida, ou seja, é um indicador da produtividade operacional e da eficiência dos valores empatados em estocagem de materiais e produtos. (PADOVEZE, 1997, p.149). A fórmula

Ciclo OperacionalCompra da Mercadoria ou MP

0 dias 30 dias 45 dias 60 dias

Ciclo Econômico Ciclo Financeiro

Ciclo Operacional

Prazo Médio de Recebimento

Prazo Médio de Pagamento

Prazo Médio de Estoque

Venda Pgto Fornecedor Rbto Duplicata

CF = PME + PMR - PMP

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utilizada para cálculo do Prazo Médio de Renovação de Estoque, conforme Matarazzo (2003, p.317), é a seguinte:

PME = ���������������

PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS (PMR)

É o tempo médio que a empresa demora para receber suas vendas a prazo. (AUGUSTINI, 1999, p.42). O Prazo Médio de Recebimento de Vendas – PMR expressa o tempo decorrido entre a venda e o recebimento. (MATARAZZO, 2003, p. 318).

Tem por objetivo dar um parâmetro de quanto tempo em média a empresa demora para receber suas vendas, Depende da política de crédito que a empresa consegue ou pode atribuir a seus clientes. (PADOVEZE, 1997, p.147). Conforme Matarazzo (2003, p.312), a fórmula final do Prazo Médio de Recebimento de Vendas fica:

PMR = ��� � �� ���� ..

����

PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS (PMP)

É o tempo médio que a empresa demora para pagar as suas compras de insumos a prazo. (AUGUSTINI,1999, p.42). Se o prazo médio de pagamento de compras – PMP for superior ao prazo médio de renovação de estoques – PMR, então os fornecedores financiarão uma parte das vendas da empresa. (MATARAZZO, 2003, p.319). A finalidade desse indicador é mostrar o prazo médio que a empresa consegue para pagar seus fornecedores de materiais e serviços. Neste caso, a empresa é dependente da política de crédito que os fornecedores conseguem adotar. (PADOVEZE, 1997, p.148). A fórmula utilizada para calcular o Prazo Médio de Pagamento de Compras, conforme Matarazzo (2003, p.317), é a seguinte:

PMP = ��� � ������� ��� ..

����

Apesar de ser calculado de modo similar ao cálculo do índice do período médio de cobrança, neste caso, é necessário estimar o montante de compras anuais a prazo, o que não é informado nas demonstrações contábeis. Para isso, consideram-se as compras a prazo como uma porcentagem do custo dos produtos vendidos (compras anuais a prazo = custos de produtos vendidos x percentual estimado de compras a prazo) Alternativamente, esse valor pode ser obtido pela equação: compras anuais = custos de produtos vendidos – estoque inicial + estoque final.

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O CICLO FINANCEIRO (CF)

Para Ramos (2008), o ciclo financeiro ou conversão de caixa, começa com o pagamento do produto/matéria prima, que será revendida ou transformada em produto acabado, e termina com o recebimento do pagamento desse produto.

Gitman (2004) demonstra que a conversão de caixa está dentro do ciclo operacional, que começa com a entrada da matéria prima no estoque e que envolve basicamente duas categorias de ativos, o estoque e o contas e receber. Porém para a fabricação e venda do produto são necessários vários gastos como a compra de matéria prima e a mão de obra, que resulta em passivos que são as contas a pagar. As administrações desses ativos e passivos resultaram em uma empresa forte e competitiva, ou em uma empresa fraca e endividada.

Para Liz (2008), um bom gestor financeiro deverá analisar os resultados e planejar ações para sua melhoria. Também deverá negociar junto aos fornecedores os melhores prazos de pagamentos e os menores juros cobrados, como também estabelecer uma boa política de crédito para seus clientes. A empresa precisa organizar todos os registros e documentos de forma a preservar um histórico de suas finanças pra consultas posteriores. Como também deverá controlar o movimento de caixa, classificar as despesas fixas e variáveis e estabelecer regras para a retirada de pró-labore dos sócios, nesse caso um dos principais motivos de fracassos administrativos. O cálculo do ciclo financeiro:

CF = PME + PMR – PMP

Se o resultado do ciclo financeiro for positivo, significa que a empresa primeiro paga os fornecedores e depois recebe de seus clientes.Implica em necessidade de recursos para capital de giro. Se o resultado do ciclo financeiro for negativo, significa que primeiro recebe de clientes e depois paga seus fornecedores, não necessitando de capital de giro.

ADMINISTRAÇÃO DE DUPLICATAS A RECEBER

As duplicatas a receber surgem das vendas de serviços, mercadorias e produtos rea-lizadas a crédito. Nessa transação, a empresa vendedora financia o cliente pelo prazo estipulado para que ele efetue a quitação. Ao oferecer crédito aos clientes, a empresa aumenta suas vendas, otimiza o uso dos recursos produtivos e aumenta seu lucro. Ao mesmo tempo em que a DRE apresenta lucros maiores a decisão de vender a crédito originará custos adicionais relacionado ao incremento da estrutura da área de crédito e cobrança, ao custo de oportunidade do investimento marginal em duplicatas a receber e a perdas com inadimplências de clientes maus pagadores.

Política de crédito

Vender a crédito sujeita a empresa a riscos que não existem nas vendas à vista, asso-ciados à possibilidade de não-recebimento. Desse modo a disposição de uma empresa trabalhar com esse tipo de venda não significa que todos os potenciais clientes serão beneficiados. É necessário que a empresa vendedora tenha uma política de crédito eficiente que, além de fixar prazo para a quitação das dívidas, estabeleça critérios para a seleção de clientes, a fim de tentar distinguir os mais confiáveis, que receberão crédito, daqueles menos confiáveis, o qual o crédito será negado.

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Modelos de seleção de clientes e concessão de crédito

Como parte da política de crédito e para minimizar seus riscos, empresas vendedoras empregam como parâmetro alguns modelos de análise que permitem averiguar a com-patibilidade do crédito com a capacidade do potencial do cliente em honrar seus compromissos em dia. Entre esses modelos, destacam-se o cinco Cs do crédito.

Os cinco Cs do crédito

O cinco Cs do crédito é um modelo com alto grau de subjetividade, uma vez que depende do julgamento do analista de crédito da empresa sobre o cliente. Por meio desse modelo, o analista avalia o perfil do potencial cliente e, em seguida pondera, subjetivamente, e conclui sobre a concessão ou não do crédito. O cinco Cs são: caráter, condições, capacidade, capital e colateral.

1) Caráter:Busca-se avaliar a idoneidade do cliente e, com isso, sua intenção em honrar seus compromissos. Nessa avaliação, procura-se conhecer o 'caráter' do cliente por meio da avaliação de seus hábitos de pagamento, dos históricos de liquidação de obrigações junto a outros ofertantes de crédito, das informações obtidas em bancos, cartório de títulos e protesto, SPC - Serviço de Proteção ao Crédito, Serasa etc.

2) Condições:Relaciona-se a fatores externos à empresa que, de alguma forma, possam prejudicar seu fluxo de caixa e conseqüentemente sua capacidade de honrar os pagamentos. São fatores relacionados ao ramo de atividade do cliente, como sazonal idade e hábitos de consumo de seus clientes; fatores ecológicos, como a reação de grupos de pressão; fatores econômicos, como a maneira pela qual a taxa de juros ou o índice de inflação interfere na procura pelo produto; e fatores relacionados à concorrência, que podem afetar o volume de venda do cliente.

3) Capacidade:Diz respeito à habilidade do cliente em relação a seus conhecimentos em proporcionar renda para seu negócio, o que cria capacidade de honrar os pagamentos. Análises das demonstrações contábeis, especialmente dos índices de liquidez e endivi-damento, permitem identificar o potencial do cliente em satisfazer suas obrigações.

4) Capital:Refere-se à situação financeira do cliente e sua capacidade de pagamentos. Por meio de demonstrações contábeis, avaliam-se sua evolução patrimonial, a maneira como são efetuados os investimentos em ativos etc.

5) Colateral:Diz respeito às garantias oferecidas pelo cliente para se candidatar à obtenção de crédito. Incluem ativos, avais, fianças etc.

Prazo de crédito

O prazo de crédito corresponde ao período que a empresa concede aos clientes para quitarem seus compromissos. Em geral, esse prazo é definido com base em uma combinação de diferentes fatores, como a prática adotada pela concorrência e o desempenho da economia. Esse prazo interfere diretamente no volume de vendas: quanto mais tempo é oferecido, maior é o volume de vendas e vice-versa. Essas situações afetam o lucro da empresa.

Política ideal de crédito

A carteira de clientes de uma empresa depende da adoção de uma política de crédito mais rígida ou mais liberal. Por um lado, políticas mais liberais atraem um número maior de

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clientes, mas incluem aqueles de maior risco: os que podem deixar de pagar. Além disso, é necessário maiores investimentos em duplicatas a receber. Por outro lado, políticas mais rígidas tendem a provocar efeito contrário, isto é, reduzem o número de clientes devido à seleção mais criteriosa. Essa situação minimiza os problemas decorrentes de maus pagadores e exige investimentos menores em duplicatas a receber.

A análise dessas variáveis em conjunto determina a política de crédito ideal. À medida que a empresa torna a política de crédito mais liberal, aumentam os custos decorrentes da concessão de crédito em relação ao investimento em duplicatas a receber e as perdas com maus pagadores. Já a política mais rígida, ao negar crédito a potenciais clientes, além de provocar efeito contrário, tem um custo de oportunidade correspondente à margem de contribuição das vendas não realizadas.

ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES

Os estoques correspondem às quantidades de matérias-primas, produtos ou mercadorias que são mantidos em situação de disponibilidade, com certa freqüência de renovação, para serem empregados de acordo com as necessidades de produção ou de acordo com os pedidos dos clientes.

Uma vez que estoques representam uma parcela importante da composição do capital de giro da maioria das empresas industriais e comerciais, a administração deles deve otimizar o investimento nesse ativo, mantendo-o em níveis adequados ao atendimento da produção e dos pedidos dos clientes e minimizando, desse modo, a necessidade de capital investido, ao mesmo tempo em que reduz os custos operacionais relacionados aos estoques.

A gestão dos estoques não fica a cargo do administrador financeiro, mas cabe a ele, geralmente, estabelecer um montante de recursos adequado para o investimento nesse ativo.

Tipos de estoque

A terminologia empregada nos estoque varia conforme o tipo de empresa.

Em empresas comerciais, há o estoque de mercadorias, que corresponde às mercadorias adquiridas prontas de seus fornecedores e que ainda não foram vendidas em determinada data.

Em empresas industriais, há, basicamente, três tipos de estoques:

1) Estoque de matérias-primas.Os materiais que ainda não foram aplicados no processo de transformação em produtos em determinada data.

2) Estoque de produtos em elaboração.Os produtos parcialmente acabados, que se encontram, portanto, ainda em fase de fabricação em determinada data.

3) Estoque de produtos acabados.Os produtos que já estão prontos, mas que ainda não foram vendidos em determinada data.

Necessidade de estoques

Os estoques existem para que o curso das atividades das empresas seja normal. Por exemplo, em empresas industriais, a produção é realizada conforme programação feita antecipadamente. Em diferentes pontos da produção, são introduzidas matérias-primas até que o produto fique pronto e, para que isso ocorra, as matérias-primas são adquiridas com antecipação de diferentes fornecedores. Nesse processo de aquisição, o departamento de compras seleciona fornecedores, negociam preços, prazos e outras condições favoráveis à empresa, e isso determina diferentes momentos e quantidades de entrega, levando à formação do estoque.

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Ainda em empresas industriais, dado o comportamento de compras de seus clientes, há a necessidade de manter estoques de produtos acabado, o que, em certas situações, pode se revelar interessante para a empresa. Por exemplo, a certo volume de produção, os custos de fabricação dos produtos serão menores em decorrência da economia de escala que pode ser obtida. Entende-se que há economia de escala quando o aumento do volume de produção for maior que o custo desse aumento de produção. Considere, por exemplo, que a produção aumente em 20% e o custo total de produção cresça em 10%. Nessa situação, o custo médio por unidade decresce, o que faz aumentar o lucro da empresa.

Em empresas comerciais, a existência de estoques representa um bom argumento de vendas, além de evitar a perda de vendas por falta de itens em estoque.

Custos associados a estoques

A manutenção de estoques implica a ocorrência de certos custos, ao mesmo tempo em que propicia certo benefício. Os custos associados aos estoques podem ser classificados em dois grupos: (1) os custos de reposição; e (2) os custos de manutenção.

Entre os custos de reposição, encontram-se:

• Custos de preparação e emissão do pedido

• Custos de acompanhamento do pedido

• Custos de recebimento e inspeção dos pedidos

• Custos de processamento das contas a pagar

Já entre os custos de manutenção, estão:

• Custos de armazenagem

• Custos de movimentação do estoque

• Custos de seguros do estoque

• Custos relativos à perda por obsolescência, deterioração, furtos, quebras, validade limitada etc.

• Custos de oportunidade do capital investido no estoque.

Além desses custos, há outra categoria: a dos custos relacionados à venda perdidas por não haver estoque disponível. Para que isso não ocorra, é interessante que a empresa mantenha estoque de segurança.

Técnicas para administrar estoques

Em uma situação hipotética e ideal, uma empresa não deveria manter estoques. Isso somente seria possível se a demandas de matérias-prima, produtos e mercadorias fossem conhecidas com exatidão e se tais itens pudessem ser fornecidos instantaneamente.

Contudo, isso não acontece na prática.

Assim, as empresas procuram reduzir sensivelmente os estoques de matéria-prima, mer-cadoria e produtos, a fim de liberar recursos que serão destinados a aplicações alternativas mais rentáveis. Para mantê-los em níveis economicamente satisfatórios, as empresas podem empregar diferentes técnicas, entre elas a classificação ABC:

Classificação ABC

O princípio da classificação ABC é atribuído a Vilfredo Paretto, que, em um estudo de renda e riqueza, na Itália, no final do século XIX, observou que havia uma grande concentração de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da população, na proporção de 80% e 20%,

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respectivamente. Tal princípio tem sido empregado largamente na administração das empresas.

Especificamente em relação à administração de estoque, pode-se elaborar uma clas-sificação ABC separando os itens estocados em classes.

• Classe A.Inclui os itens de maior valor que devem ser gerenciados com atenção especial. Em geral, 20% desses itens representam 80% do valor do estoque.

• Classe B.Inclui os itens de valor intermediário. Em geral, 30% desses itens representam 10% do valor do estoque.

• Classe C. Inclui os itens de valor mais baixo e que, muitas vezes, justificam menor atenção no gerenciamento. Em geral, 50% desses itens representam 10% do valor do estoque.

É importante salientar que esses percentuais são apenas orientadores e podem variar de empresa para empresa. Porém, isso não altera o fato de que uma pequena percentagem dos itens representa uma grande percentagem dos valores financeiros do estoque.

ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A PAGAR

Contas a pagar podem ser vistas como empréstimos sem juros dos fornecedores. Na ausência de contas a pagar, a empresa precisa tomar emprestado ou usar seu próprio capital de giro para pagar as faturas de seus fornecedores. Portanto, o benefício das contas a pagar está na economia de despesas de juros que precisariam ser pagas se não houvesse o crédito dado pelo fornecedor. Entretanto, a aceitação do crédito e a utilização das contas a pagar nem sempre são interessantes para a empresa compradora. Os fornecedores geralmente oferecem generosos descontos em dinheiro se as faturas forem pagas na entrega ou poucos dias após o seu recebimento. Nesse caso, a opção crucial é aproveitar o desconto à vista e pagar imediatamente, ou comprar a prazo e usar as contas a pagar. Se o desconto à vista for utilizado, a vantagem é o desconto por si só e as desvantagens são o custo de tomar emprestado para pagar à vista e a perda de um empréstimo sem juro. A oferta do desconto à vista deve ser aceita se o benefício exceder o custo.

CAPITAL DE GIRO

Alguns conceitos de capital de giro:

Para Martins e Assaf :

“o conceito de capital de giro (ou capital circulante) identifica os recursos que giram (ou circulam) várias vezes em determinado período. Ou seja, corresponde a uma parcela de capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente de curto prazo, a qual assume diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de venda.”

Para Marin:

“capital de giro são os ativos que normalmente devem circular e ser transformados em dinheiro (pelo menos em parte) durante o ciclo operacional da empresa.”

Martins e Assaf identificam portanto, capital de giro como capital circulante, conceituando dessa forma:

“em sentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa, para financiar seu ciclo operacional, o qual engloba, conforme comentado, as necessidades circulantes identificadas desde a aquisição de matérias-primas até a venda e o recebimento dos produtos elaborados.”

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Capital de giro, portanto, é o ativo circulante que sustenta as operações do dia-a-dia da empresa e representa à parcela do investimento que circula de uma forma a outra, durante a condução normal dos negócios. Assim,

CAPITAL DE GIRO = ATIVO CIRCULANTE

Uma administração ineficiente do capital de giro poderá afetar de forma dramática o fluxo de caixa da empresa. O volume de capital de giro utilizado por uma empresa depende de seu volume de vendas, de sua política de crédito comercial e do nível de estoques que ela precisa manter. Duas considerações muito importantes na administração do capital de giro são os ciclos econômicos e a sazonalidade específica de determinados negócios.

O capital de giro necessita de recursos para seu financiamento, como acontece com o capital permanente. Assim, quanto maior for o capital de giro, maior será a necessidade de financiamento, seja com recursos próprios, seja com recursos de terceiros. Análise de Liquidez

A liquidez de uma empresa é medida pela capacidade que ela possui para satisfazer suas

obrigações de curto prazo, nas datas dos vencimentos. A liquidez refere-se à solvência da situação financeira global da empresa – a facilidade com a qual ela pode pagar suas contas.

Existem três motivos importantes para se ter caixa (liquidez), de acordo com John Keynes citado por (ROSS, et al.,2000):

a) Motivo Especulação

A necessidade de manter caixa para tirar proveito de oportunidades de investimento, como por exemplo, desconto em compras, taxas de juros atraentes, flutuações favoráveis de câmbio.

b) Motivo Transação:

Precisa-se manter caixa para pagamento de despesas e movimentação financeira da empresa. Como as entradas de caixa não são perfeitamente sincronizadas, existe um espaçamento ou descasamento entre receitas e despesas que é preciso ser coberto pelo caixa.

c) Motivo Precaução:

O saldo de caixa por precaução é uma reserva de liquidez suficiente para arcar com eventuais desembolsos não-previstos, trazendo assim, certa margem de segurança das operações da empresa.

Os principais indicadores para análise de liquidez são:

1) capital de giro líquido (CGL); 2) participação das disponibilidades (PD); 3) participação de contas a receber (PCR); 4) participação dos estoques (PE); 5) índice de financiamento (IF).

A interpretação desses índices pode ser feita comparando-os com os de outras empresas do mesmo ramo, e/ou analisando sua evolução ao longo do tempo na própria empresa.

1) CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO (CGL);

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Também chamado de capital circulante líquido, corresponde à diferença aritmética entre o ativo circulante e o passivo circulante e representa a medida da liquidez da empresa, refletindo sua capacidade de gerenciar as relações com fornecedores e clientes. Logo:

CGL = ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE

2.1. Capital de Giro Líquido

PC-AC CCL =

ATIVO PASSIVO

CCL

Ativo não

corrente

Ativo corrente

Passivo corrente

Passivo não

corrente

ATIVO PASSIVO

CCLAtivo não

corrente

Ativo corrente

Passivo corrente

Passivo não

corrente

ATIVO PASSIVO

Ativo não

corrente

Ativo corrente

Passivo corrente

Passivo não

corrente

CCL Positivo CCL Negativo CCL Nulo

15 O passivo circulante representa os financiamentos (fontes de recursos) a curto prazo da

empresa, pois inclui todas as dívidas que terão seu vencimento (e deverão ser pagas) em um ano ou menos.

O objetivo da administração financeira a curto prazo é gerir cada um dos itens do ativo circulante (caixa, bancos, aplicações financeiras, contas a receber, estoques etc) e do passivo circulante (fornecedores, contas a pagar, empréstimos etc.), a fim de alcançar um equilíbrio entre lucratividade e risco que contribua positivamente para aumentar o valor da empresa. Um investimento alto demais em ativos circulantes reduz a lucratividade, enquanto um investimento baixo demais aumenta o risco de a empresa não poder honrar suas obrigações nos prazos pactuados. Ambas as situações conduzem à redução do valor da empresa.

Quando o valor do ativo circulante supera o do passivo circulante, significa que a empresa possui CGL positivo. Nessa situação mais comum, o CGL representa a parcela dos ativos circulantes da empresa financiada com recursos a longo prazo (soma do exigível a longo prazo com patrimônio líquido), os quais excedem as necessidades de financiamento dos ativos permanentes.

Quando o valor do ativo circulante é menor que o do passivo circulante, significa que a empresa possui CGL negativo. Nessa situação menos usual, o CGL é a parcela dos ativos permanentes da empresa que está sendo financiada com passivos circulantes, ou seja, com capitais de curto prazo, o que denota um quadro de risco.

De forma geral, a maioria das empresas não consegue conciliar com precisão as entradas (principalmente) e as saídas de caixa. Por isso, os ativos circulantes precisam exceder os

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passivos circulantes, ou seja, uma parcela dos ativos circulantes é freqüentemente financiada com fundos de longo prazo.

Geralmente, entende-se que quanto maior for o CGL de uma empresa, menor será o seu risco, porque sua liquidez reduz a probabilidade de que ela se torne tecnicamente insolvente. Tal premissa, entretanto, pode ser equivocada, pois um CGL muito alto significa que expressivos fundos de longo prazo estão financiando parte dos ativos circulantes. Como os custos desses recursos a longo prazo são sempre mais elevados que os de curto prazo, a empresa poderá vir a enfrentar problemas financeiros.

2) PARTICIPAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES (PD);

Indica a representatividade das disponibilidades financeiras (caixa, bancos, aplicações

financeiras de curto prazo) na estrutura do capital de giro. Nas empresas que recebem os valores correspondentes às suas vendas antes do pagamento das compras, como normalmente acontece no setor varejista, esse índice tende a ser elevado. PD = DISPONIBILIDADES ÷ ATIVO CIRCULANTE

3) PARTICIPAÇÃO DE CONTAS A RECEBER (PCR);

Mostra a participação da carteira de duplicatas a receber da empresa sobre o total do capital de giro. Quando é muito alto, pode significar que a empresa está adotando uma política agressiva de concessão de crédito comercial ou, por outro lado, que ela enfrenta problemas de altos índices de inadimplência por parte dos clientes.

PCR = CONTAS A RECEBER ÷ ATIVO CIRCULANTE

4) PARTICIPAÇÃO DOS ESTOQUES (PE);

Representa o peso dos estoques em relação ao capital de giro. Um índice elevado pode significar excessivo investimento em estoques, o que nem sempre é sinônimo de boa administração desse importantíssimo item do capital de giro, ou vendas em queda. PE = ESTOQUES ÷ ATIVO CIRCULANTE

5) ÍNDICE DE FINANCIAMENTO (IF)

Esse parâmetro informa qual é o percentual do capital de giro que está suportado por empréstimos bancários e financiamentos. Um índice baixo pode indicar que a empresa está utilizando, principalmente, financiamento dos fornecedores em lugar de linhas de crédito bancário. Também pode refletir uso normal de financiamento de fornecedores ao lado de uma boa situação de caixa que lhe permite dispensar os financiamentos bancários.

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IF = (EMPRÉSTIMOS + FINANCIAMENTOS + ENCARGOS FINANCEIROS ) ÷ A. CIRCULANTE

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

Há que recorrer-se aos motivos pelos quais as empresas necessitam de capital de giro.

Cherry aponta três origens, que justificam as exigências de capital de giro: “Mutações no Nível de Operações, Mutações de Política e Mutações na Tecnologia.”, sobre as quais alinharemos suas justificativas:

a) Mutações no Nível de Operações

Justificam-se quando a empresa é propulsionada a um maior volume de vendas, e conseqüentemente precisará de mais estoques, e suas disponibilidades estarão na dependência da reação das próprias vendas.

Essas mutações poderão ocorrer: por vendas sazonais, esperadas pela normalidade nas operações da empresa, ou até por excepcionalidade; por mudanças cíclicas decorrentes talvez do próprio mercado; em decorrência do próprio crescimento da empresa, ao qual toda organização está sujeita.

Podemos acrescentar uma quarta ocorrência, que seria a dependência governamental, que através de sua política econômica poderia levar as empresas à maior produção, conforme ocorreu em tantas oportunidades no Brasil.

b) Mudanças de Política

Trata-se de alterações internas ocorridas na própria empresa, que poderá a título de exemplo, ampliar o prazo de pagamento nas suas vendas a prazo, ou diferenciar sua forma de produção diminuindo o prazo médio de rotação de seus estoques, em dado momento.

c) Mutações na Tecnologia

Essa variável coloca as empresas modernas constantemente em sujeição.

O processo da humanidade principalmente na área de processamento de dados, tem justificado a presença de equipamentos alterando o processo produtivo.

Poderão ocorrer, pelas mudanças de implantação, necessidades de capital de giro de forma ampla: não só no ativo circulante como no ativo permanente.

.’.

O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um dos maiores desafios do administrador financeiro. Elevado volume de capital de giro irá desviar recursos financeiros que poderiam ser aplicados nos ativos permanentes da empresa. Todavia, capital de giro muito reduzido restringirá a capacidade de operação e de vendas da empresa. A necessidade de capital de giro pode ser estimada de dois modos:

• com base no ciclo financeiro ou • com utilização dos demonstrativos contábeis (balanço patrimonial)

CÁLCULO COM BASE NO CICLO FINANCEIRO

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Esse método é aplicável a uma empresa em fase de implantação, por ainda não dispor de demonstrações contábeis. A necessidade de capital de giro corresponde ao caixa operacional, ou seja, ao montante mínimo de recursos financeiros necessários para garantir a operacionalidade da empresa. Trata-se de uma forma simples de se efetuarem os cálculos, pois o método pressupõe que as despesas projetadas anuais são uniformemente distribuídas ao longo do ano.

Para determinar a medição da necessidade de capital de giro, iremos analisar o método do Prof. Matarazzo que estabeleceu um sistema através dos prazos médios. O método é baseado na fórmula: NCG = CF X Vd + A Onde: NCG = Necessidade de Capital de Giro, no momento da análise CF = Ciclo Financeiro, em dias, obtido pela soma do prazo médio de

recebimento das vendas e do prazo médio de renovação dos estoques, diminuído do prazo médio de pagamento das compras

Vd = Vendas Diárias, no momento da análise. A = Ajustes, obtido pela dedução de outros ativos circulantes dos

outros passivos circulantes

Partiremos da publicação da empresa Ocrim S.A Produtos Alimentícios, nos exercícios sociais de 2005 e 2004, para estudá-las sob a ótica da fórmula apresentada.

A obtenção do ciclo financeiro dar-se-ia da seguinte forma, nos dois exercícios sociais, supondo-se os seguintes dados faltantes:

2005 2004

Consumo de matérias-primas 70.858 95.945 Compra de matérias-primas 70.949 96.660 Estoques 12.706 12.615 Duplicatas a Receber 11.631 13.379

Fornecedores 1.885 1.056 Vendas Total 172.481 200.910

Prazo Médio de Renovação dos Estoques

Fórmula = 360 d x Estoques_____

Custo das Vendas

Em 2004 360 x 12.615 = 47 dias

95.945

Em 2005 360 x 12.706 = 64 dias

70.858

Prazo Médio de Recebimento das Vendas

10

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Fórmula = 360 d x Duplicatas a Receber

Vendas

Em 2004 360 x 13.379 = 23 dias

200.910

Em 2005 360 x 11.631 = 27 dias

150.657

Prazo Médio de Pagamento das Compras

Fórmula = 360 d x Fornecedores

Compras

Em 2004 360 x 1.056 = 4 dias

96.660

Em 2005 360 x 1.885 = 9 dias

70.949

Ciclo Financeiro ( sem a equivalência dos prazos médios)

Em 2004 ( 47d + 23d - 4d) = 66d

Em 2005 ( 64d + 27d - 9d) = 82d

As vendas diárias seriam obtidas da seguinte forma, nos dois exercícios sociais:

Em 2004: Venda Total = 200.910 = $ 558

360 d 360 d

Em 2005 : Venda Total = 172.481 = $ 479

360 d 360 d

Os ajustes são obtidos pela diferença dos outros ativos circulantes de outros passivos circulantes, que não os envolvidos nos grupos clientes, estoques, fornecedores já devidamente considerados no ciclo financeiro.

Assim, temos:

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(Disponível + Outras Contas) - (Salários, Contribuições e Tributos + Outras Contas)

Em 2004: (34.834 - 4.864) = 29.970

Em 2005 : (36.048 - 6.834) = 29.214

Portanto, a necessidade capital de giro dessa empresa, estaria assim calculada:

Em 2004 : 66d x $558 + 29.970 = 66.798

Em 2005 : 82d x $ 418 + 29.214 = 65.162

CÁLCULO COM BASE NO BALANÇO PATRIMONIAL

O capital de giro líquido (CGL) é definido como a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Porém, nem todo o valor do CGL assim calculado representa efetiva necessidade de investimento. O ativo circulante contém contas transitórias (caixa, bancos, aplicações financeiras de curto prazo) e no passivo circulante também são transitórios os empréstimos e financiamentos de curto prazo, bem como os seus respectivos encargos financeiros. Essas contas transitórias (ativo e passivo flutuantes) não estão relacionadas à necessidade de investimento em capital de giro.

Para se calcular a necessidade de capital de giro de uma empresa com base em seu balanço patrimonial é necessário que se reclassifiquem algumas contas tanto do ativo como do passivo – com a finalidade específica de se proceder a esses cálculos. Passa-se a considerar o balanço patrimonial da seguinte maneira:

Ativo Permanente (AP) – formado pelos itens de longo prazo do ativo. Seu valor é igual à soma dos seguintes itens: realizável a longo prazo, investimento, imobilizado e diferido.

Ativo Operacional (AO) – representa os recursos utilizados nas operações da empresa que dependem das características de seu ciclo operacional. É composto por: duplicatas a receber, estoques e outros valores a receber que possuem natureza permanente.

Ativo Flutuante (AF) – corresponde aos itens de curtíssimo prazo do ativo circulante que possuem natureza transitória como caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo.

Passivo Permanente (PP) – é formado pelas contas de longo prazo do passivo e representa a fonte permanente de recursos financeiros da empresa. É igual à soma do exigível a longo prazo com o patrimônio líquido.

Passivo Operacional (PO) – representa as contas do passivo vinculadas ao ciclo operacional da empresa, tais como fornecedores, salários, encargos, impostos, taxas e outras contas a pagar.

Passivo Flutuante (PF) – corresponde aos itens de curtíssimo prazo do passivo circulante que não têm vinculação direta com as operações da empresa. São eles: empréstimos, financiamentos e outras obrigações financeiras de curto prazo.

A fórmula de cálculo da necessidade de capital de giro (NCG) é:

NCG = ATIVO OPERACIONAL – PASSIVO OPERACIONAL

O capital de giro líquido (CGL) calculado com base nessa reclassificação de contas será:

CGL = PASSIVO PERMANENTE – ATIVO PERMANENTE O resultado será o mesmo se for usada a fórmula:

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CGL = ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE

MEDIDAS PARA SOLUCIONAR OS PROBLEMAS DE CAPITAL DE GIRO

As dificuldades de capital de giro numa empresa são devidas, principalmente, à ocorrência dos seguintes fatores:

- Redução de vendas

- Crescimento da inadimplência

- Aumento das despesas financeiras

- Aumento de custos

- Alguma combinação dos quatro fatores anteriores

Na situação mais freqüente, os problemas de capital de giro surgem como conseqüência de uma redução de vendas. Neste caso, o administrador financeiro se defronta com as seguintes questões: como manter o capital de giro sob controle diante de um quadro de redução das vendas? O que pode ser feito para evitar uma crise maior de capital de giro?

Os tópicos seguintes apresentam algumas alternativas de solução para essas questões.

1. Formação de reserva financeira

Como acontece no trato de muitos outros problemas, a ação preventiva tem um papel importante para a solução dos problemas de capital de giro.

A principal ação consiste na formação de reserva financeira para enfrentar as mudanças inesperadas no quadro financeiro da empresa.

A determinação do volume dessa reserva financeira levará em conta o grau de proteção que se deseja para o capital de giro.

Também uma análise do tipo "o que aconteceria ao capital de giro se...." poderia ser bastante útil para se formular a estimativa do volume da reserva financeira.

À primeira vista, poderia soar antieconômico a formação de uma reserva financeira, já que esta decisão tiraria recursos financeiros que de outra forma deveriam ser aplicados no investimento em ativos fixos de modo a permitir a expansão da empresa.

Dada a alta volatilidade da economia brasileira, a formação de reserva financeira para o capital de giro deveria ser a prioridade econômica fundamental da empresa. Além disso, os recursos destinados e essa reserva seriam aplicados no mercado financeiro, onde as taxas de juros têm sido maiores do que a taxa de rentabilidade do capital fixo.

2. Encurtamento do ciclo econômico

Quando a empresa encurta seu ciclo econômico - este pode ser definido como o tempo necessário à transformação dos insumos adquiridos em produtos ou serviços - suas necessidades de capital de giro se reduzem drasticamente.

Numa indústria, a redução do ciclo econômico significa um menor tempo para produzir e vender. No comércio, esta redução significa um giro mais rápido dos estoques. Na atividade de serviços, a redução do ciclo econômico significa basicamente trabalhar com um cronograma mais curto para a execução dos serviços.

A redução do ciclo econômico não é uma função tipicamente financeira. Ela requer o apoio de funções como produção, operação e logística.

3. Controle da inadimplência

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A inadimplência dos clientes de uma empresa pode decorrer do quadro econômico geral do país ou de fatores no âmbito da própria empresa.

No primeiro caso, a contração geral da atividade econômica e a conseqüente diminuição da renda das pessoas, tende a aumentar a inadimplência. Nesta situação, a empresa tem pouco controle sobre o problema.

Quando a inadimplência é decorrente de práticas de crédito inadequadas, estabelecidas pela própria empresa, existe uma solução viável para o problema. Neste caso, é preciso dar mais atenção à qualidade das vendas (tanto as vendas a crédito como as vendas faturadas) do que ao volume dessas vendas. No caso das vendas a crédito, também será recomendável uma redução do prazo de pagamento concedido aos clientes.

4. Não se endividar a qualquer custo

Na tentativa de suprir a insuficiência de capital de giro, muitas empresas utilizam empréstimos de custo elevado. Como regra, qualquer dinheiro captado a um custo maior do que 1,17% ao mês (ou 15% ao ano) em termos reais, são incompatíveis com a rentabilidade normal da empresa que gira em torno de 15 % ao ano, também em termos reais. Assim, uma linha de crédito de curto prazo que custe mais de 1,17% ao mês em termos reais, é claramente antieconômica.

O financiamento de capital de giro a uma taxa real maior do que 1,17% ao mês, pode resolver o problema imediato de caixa da empresa, mas cria um novo problema - seu pagamento.

Obs: taxas ilustrativas, podendo variar de acordo com o montante econômico

O administrador tem consciência da inviabilidade do custo financeiro dos financiamentos de capital de giro. Ele tenta ganhar tempo, esperando que uma melhora posterior nas condições de mercado da empresa permitam pagar o capital de terceiros.

Todavia, quando a recuperação das vendas acontece, a empresa já acumulou um estoque de dívidas cujo pagamento será impraticável.

5. Alongar o perfil do endividamento

Quando a empresa consegue negociar um prazo maior para o pagamento de suas dívidas, ela adia as saídas de caixa correspondentes e, portanto, melhora seu capital de giro. Embora essa melhora seja provisória, ajudará bastante até que a empresa se ajuste financeiramente.

Também neste caso, é importante uma atenção especial para o custo do alongamento de prazo. Ele precisa ser suportado pela rentabilidade da empresa.

6. Reduzir custos

A implantação de um programa de redução de custos tem um efeito positivo sobre o capital de giro da empresa desde que não traga restrições às suas vendas ou à execução de suas operações.

Uma vez que a empresa com problema de capital de giro também estará com sua capacidade de investimento comprometida, a redução de custos em atividades como modernização, automação ou informatização não será possível.

Diante de uma crise de capital de giro, o programa de redução de custos tem natureza compulsória e seu grande desafio é identificar aqueles itens de gastos que possam ser cortados sem grandes prejuízos para as atividades da empresa. Dificilmente serão encontrados gastos supérfluos ou desperdícios, pois a crise de capital de giro naturalmente já os deve ter eliminado.

7. Substituição de passivos

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A política de substituição de passivos consiste em trocar uma dívida por outra de menor custo financeiro. Por exemplo, uma empresa de grande porte poderia adotar esta solução, através do lançamento de títulos no exterior ou mesmo fazendo um lançamento de ações. Entretanto, as empresas de pequeno e médio porte não têm essa opção. Um programa tradicional de substituição de passivos para essas empresas quase sempre significaria trocar seis por meia dúzia.

Numa situação extrema, as pequenas e médias empresas poderiam trocar passivo exigível por passivo não exigível (capital), através da admissão de novos sócios. Sem dúvida, esta seria uma solução a ser adotada em último caso.

SOLUÇÃO DEFINITIVA

É evidente que existe um forte entrelaçamento entre a administração do capital de giro da empresa e sua administração estratégica.

Por isso, a solução definitiva para o problema do capital de giro consiste na recuperação da lucratividade da empresa e a conseqüente recomposição de seu fluxo de caixa.

Esta solução exige a adoção de medidas estratégicas de grande alcance que vão desde o lançamento de novos produtos ou serviços e a eliminação de outros, adoção de novos canais de venda ou até mesmo a reconfiguração do negócio como um todo.

Desse modo, a solução dos problemas de capital de giro de uma empresa requer muito mais do que medidas financeiras.

Estratégias, operações e práticas gerenciais, entre outras, precisarão ser repensadas para que o capital de giro volte ao estado de normalidade.

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V - EXERCÍCIOS CAPITAL DE GIRO

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1) Supondo uma empresa com resultados em 3 exercícios (20X1 / 20X2 / 20X3)

Ativo 2001 2002 2003 Valores $ Valores $ Valores $ 01 Disponibilidade 178.917 53.705 19.639 02 Duplicatas a Receber 96.398 104.186 92.912 03 Estoques 55.848 67.087 73.659 04 Outros valores a receber 4.513 21.065 33.978 05 Ativo Circulante 335.676 246.043 220.188 06 Realizável a longo prazo 82.303 104.362 119.045 07 Ativo permanente 210.622 293.329 338.486 08 TOTAL DO ATIVO 628.601 643.734 677.719

Passivo 2001 2002 2003 Valores $ Valores $ Valores $ 09 Duplicatas descontadas 29.144 29.978 14.190 10 Instituições financeiras 102.003 54.934 52.783 11 Fornecedores 30.776 44.292 53.199 12 Impostos e taxas 14.161 25.933 33.078 13 Outros valores a pagar 87.608 100.811 138.603 14 Passivo Circulante 263.692 255.948 291.853 15 Exigível a Longo Prazo 77.166 95.317 84.892 16 Resultado exercício futuro 0 0 0 17 Patrimônio Líquido 287.743 292.469 300.974 18 TOTAL DO PASSIVO 628.601 643.734 677.719 Demonstrativo do Resultado do Exercício:

Rubrica 2001 2002 2003 Valores $ Valores $ Valores

$

21 Receita Líquida 649.191 735.804 744.088 22 CPV -504.580 -541.982 -520.360 23 Lucro Bruto 144.611 193.822 223.728 24 Despesas comerciais -75.810 -75.820 -83.880 25 Despesas Administrativas -35.607 -47.251 -45.114 26 Lucro operacional I 33.194 70.751 94.734 27 Receitas Financeiras 28.901 9.845 0 28 Despesas Financeiras 0 -2.133 -3.557 29 Lucro Operacional II 62.095 78.463 91.177 30 Resultado de equivalência patrimonial 2.352 17.460 27.381 31 Lucro Operacional III 64.447 95.923 118.558 32 Resultado não operacional -962 309 -282 33 Lucro Líquido antes do IR 63.485 96.232 118.276 34 Provisão IR e CS -2.450 -18.106 -16.127 35 Lucro Líquido 61.035 78.126 102.149

Calcule o Ciclo Financeiro, considerando os Demonstrativos Financeiros acima, do ano de

2001, 2002 e 2003, relacionando-os entre si. Considere Compras como sendo o valor de 80%

do Custo dos Produtos Vendidos.Analise o resultado.

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2) De acordo com o balanço de pagamento abaixo, calcule o NCG pela técnica do CF: Contas 31/12/2001 31/12/2002

ATIVOATIVO CIRCULANTE 83.300,00R$ 117.600,00R$ Caixa e Bancos 14.000,00R$ 14.400,00R$ Aplicações Financeiras 800,00R$ 1.200,00R$ Duplicatas a Receber 37.000,00R$ 42.000,00R$ Estoques 31.500,00R$ 60.000,00R$ Ativo RLP -R$ -R$ ATIVO PERMANENTE 125.700,00R$ 143.400,00R$ Investimentos 15.700,00R$ 15.700,00R$ Imobilizado 94.350,00R$ 112.700,00R$ Diferido 15.650,00R$ 15.000,00R$ Total do ATIVO 209.000,00R$ 261.000,00R$

Contas 31/12/01 31/12/02PASSIVOPASSIVO CIRCULANTE 61.000,00R$ 78.000,00R$ Empréstimos Bancários 8.000,00R$ 15.000,00R$ Duplicatas Descontadas 5.000,00R$ 3.000,00R$ Duplicatas a Pagar 21.200,00R$ 25.000,00R$ Outras Obrigações 26.800,00R$ 35.000,00R$ Passivo Exig Longo Prazo 35.700,00R$ 45.000,00R$ Financiamentos 35.700,00R$ 45.000,00R$ PATRIMÔNIO LÍQUIDO 112.300,00R$ 138.000,00R$ Capital 69.000,00R$ 69.350,00R$ Reservas de Lucros 43.300,00R$ 68.650,00R$ Total do PASSIVO 209.000,00R$ 261.000,00R$

31/12/01330.000,00R$

(210.000,00)R$ (210.000,00)R$ 120.000,00R$ (57.000,00)R$ (33.000,00)R$ (24.000,00)R$ 63.000,00R$ (6.555,00)R$

-R$ 56.445,00R$

(19.756,00)R$ 36.689,00R$

-R$ 36.689,00R$ (=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 25.350,00R$

(-) PREVISÕES PARA A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E IR (13.650,00)R$ (=) LUCRO APÓS CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E IR 25.350,00R$ (-) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES -R$

(-) Despesas Financeiras Líquidas (9.000,00)R$ (+/-) Resultados não Operacionais -R$ (=) LUCRO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E DO IR 39.00 0,00R$

Despesas Administrativas (35.000,00)R$ Despesas de Vendas (32.000,00)R$ (=) LUCRO OPERACIONAL OU LAJIR 48.000,00R$

(-) DESPESAS OPERACIONAIS (67.000,00)R$

Dados do DRE 31/12/02RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 365.000,00R$ (-) CUSTO OPERACIONAL (250.000,00)R$ Custo dos Produtos Vendidos - CPV (250.000,00)R$ (=) LUCRO BRUTO 115.000,00R$

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4) Calcular a necessidade de capital de giro, e o capital de giro líquido com base no balanço patrimonial da empresa hipotética abaixo (Valores em Milhares de Reais) .

ATIVO

PASSIVO

Caixa 100 Fornecedores 1.000 Bancos 900 Salários a Pagar 2.000 Aplic. Financeiras 2.000 Encargos a Pagar 1.000 Contas a Receber 3.000 Impostos e Taxas 1.000 Estoques 3.900 Empréstimos 2.000 Outros Valores a Rec. 100 Exigível a Longo Prazo 4.000 Realizável a Longo Prazo 2.000 Capital 7.500 Investimentos 2.000 Reservas 1.000 Imobilizado 5.500 Lucros Acumulados 500 Diferido 500 TOTAL DO ATIVO 20.000 TOTAL DO PASSIVO 20.000

Reclassificando-se o balanço, tem-se:

ATIVO PASSIVO

Caixa 100 Fornecedores 1.000

Bancos 900 Salários à Pagar 2.000

Aplic. Financeira 2.000 Encargos à Pagar 1.000

Ativo Flutuante 3.000 Impostos e Taxas 1.000

Contas a Receber 3.000 Passivo Operacional 5.000

Estoques 3.900 Empréstimos 2.000

Outros Valores a Rec 100 Passivo Flutuante 2.000

Ativo Operacional 7.000 Exigível a LP 4.000

Realizável a LP 2.000 Capital 7.500

Investimentos 2.000 Reservas 1.000

Imobilizado 5.500 Lucros Acumulados 500

Diferido 500 Passivo Permanente 13.000

Ativo Permanente 10.000

TOTAL DO ATIVO 20.000 TOTAL DO PASSIVO 20.000

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VIII - FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

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POR QUE O VALOR DO DINHEIRO MUDA COM O PASSAR DO TE MPO

O velho ditado que diz "mais vale um pássaro na mão do que dois voando" adquire uma grande importância quando aplicado às finanças. Em termos monetários, ele significa que o dinheiro em caixa hoje vale mais do que no futuro. Em outras palavras, o valor do dinheiro muda ao longo do tempo. Os investidores têm uma preferência natural por dinheiro agora em vez de depois, pois assim eles podem aumentar o seu valor. Essa naturalmente é a principal meta do administrador financeiro. Além dessa razão básica de o dinheiro valer mais agora do que no futuro, deve-se estar atento aos fatores que diminuemo valor do dinheiro ao longo do tempo. As três razões mais importantes pelo que o valor do dinheiro decresce progressivamente ao longo do tempo são as seguintes:

1. inflação;

2. risco;

3. preferência pela liquidez.

INFLAÇÃO

Inflação refere-se ao aumento geral de preços na economia. Quando os preço aumentam o valor do real diminui, e já que se espera que o preços subam no futuro, o valor do real nos anos futuros será menor do que o atual. Em outras palavras, o poder de compra do real hoje é maior do que será amanhã, por causa do aumento do preço que diminuirá o valor desse real. Por isso, é possível comprar maior quantidade de bens com um real daqui a um ano do que daqui a dois anos assim por diante.

EXEMPLO: Inflação

Se o nível geral de preços aumenta 5% anualmente, o poder de compra de um real hoje será 5% menor daqui a um ano. Em outra palavras, 1,00 hoje depreciaria o valor para 0,95 daqui a um ano. Se os consumidores compram 100 alfinetes com um real hoje, ele serão capazes de comprar apenas 95 alfinetes daqui a um ano. Portanto, quanto maior a taxa de inflação e quanto maior o período envolvido, menor será o valor de uma quantia de dinheiro no futuro.

RISCO

Risco, ou incerteza acerca do futuro, também causa um declínio no valor do dinheiro. Como o futuro é incerto, o risco aumenta com o passar do tempo. A maioria das pessoas deseja evitar o risco, assim, valorizam mais o dinheiro agora do que a promessa de dinheiro no futuro. Elas se dispõem a entregar seu dinheiro pela promessa de recebê-lo no futuro apenas se forem adequadamente recompensadas pelo risco a ser assumido.

Ninguém pode prever, com certeza o futuro da economia brasileira ou as tendências econômicas financeiras em outras partes do mundo. É impossível prever com precisão se o dinheiro investido hoje estará disponível amanhã. Não existe nenhuma garantia de que uma empresa sólida financeiramente permanecerá assim nos anos vindouros. Os investidores não têm garantias de que receberão dividendos e de que o preço das ações que adquiriram será valorizado, nem podem estar completamente certos de que os juros e o principal dos títulos de renda fixa serão pagos pelo emissor conforme foi combinado. Os analistas financeiros ou investidores sofisticados, a despeito do quão competentes sejam, não podem assegurar que os retornos que projetam para um dado investimento resultem ser o previstos originalmente.

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Assim como a incerteza aumenta à medida que se olha para um futuro mais distante, o risco também aumenta - e o valor do dinheiro prometido no futuro diminui proporcionalmente.

PREFERÊNCIA PELA LIQUIDEZ

Liquidez é importante tanto para um investidor quanto para uma empresa. Liquidez refere-se ao grau de facilidade com que os ativos podem ser convertidos em caixa. Caixa, obrigações do governo e outros títulos negociáveis (ativos da empresa dados como garantia aos credores para assegurar o pagamento de um empréstimo) aumentam a liquidez de uma empresa. De igual forma, o ativo imobilizados, tais como a fábrica e o equipamento, não são considerados muito líquidos. Os investidores têm preferência pela liquidez, isto é, preferem manter dinheiro em caixa para em emergência inesperadas e exigências financeiras a comprometer fundo em ativos de rendimento futuro. Se desistirem da liquidez atual, adquirindo ativo que prometem retornos futuros, estarão trocando um ativo de caixa seguro por um ativo futuro arriscado. A troca será feita apenas se as recompensas prometidas para os futuros ativos forem suficientemente altas para justificar o risco assumido.

Quando credores ou investidores desistem do caixa por retornos futuros muito arriscados, eles requerem ágios ou retornos elevados sobre o seu caixa investido para compensá-los pela falta de liquidez. Ao contrário, quando eles investem em ativos de baixo risco, os ágios que esperam pelo retorno são relativamente baixos.

EXEMPLO: Liquidez versus retornos futuros

Nos Estado Unidos, e uma pessoa deposita dinheiro num banco assegurado pelo FOIC (Órgão do governo dos Estados Unidos que garante os depositantes), ela se dispõe a aceitar 5% de juros, enquanto se adquirir uma obrigação de longo prazo de uma companhia desconhecida vai exigir, certamente, uma taxa de juros bem maior, digamos, 15%. Em ambos os casos, a opção pela perda de liquidez supõe um retorno que compense o risco.

Para emprestadores ou investidores, é logicamente essencial saber quanto seus investimentos em dinheiro irão crescer, pois assim poderão determinar se seus investimentos são vantajosos. Quem toma empréstimos também deseja saber quanto deverá pagar aos credores, em quanto tempo liquidar, e se os retornos do fundo captados serão maiores que os custos. Tudo isso se resume ao conceito de valor futuro, como é determinado pela taxa de juros compostos, e de valor presente dos retornos futuros, uma vez que eles foram ajustados para o risco.

Além do fato de que o dinheiro investido sabiamente hoje renderá um retorno no futuro (um fato que cria um desejo natural no investidor pela liquidez), o dinheiro perde valor com o tempo devido à inflação, ao risco e à preferência pela liquidez. O conceito de que $1,00 hoje vale mais que $1,00 amanhã é fundamental na teoria das finanças.

VALOR PRESENTE E TAXAS DE DESCONTO

Por que o valor presente é de interesse vital para o pessoal da área financeira?

Porque ele fornece uma base para comparar a lucratividade de vários projetos ou investimentos diferentes durante um período de vários anos. O valor presente, então, o valor do dinheiro dos retornos ou rendas futuros, descontada a taxa de capitalização. A taxa de desconto ou de capitalização é uma taxa de juros aplicada a uma série de futuros pagamentos ou recebimentos ajustados ao risco e à incerteza do fator tempo.

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AJUSTANDO AO RISCO

Para calcular o valor presente a taxa de desconto deve ser determinada considerando quanto risco está associado a cada projeto ou investimento. Os níveis de risco seguem uma regra simples:

RISCO ELEVADO SIGNIFICA ALTA TAXA DE DESCONTO,

E RISCO BAIXO SIGNIFICA TAXA DE DESCONTO BAIXA.

Por exemplo: se um investidor decidir que a taxa de desconto a ser aplicada a uma ação é 5%, outra ação com o dobro do risco terá uma taxa de desconto de 10%.

Determinado o nível de risco o próximo passo é ajustar o retorno ou rendas futuros à incerteza do prazo. De modo geral, os seguintes princípios são aplicados para avaliar as taxas de desconto.

Avaliação das taxas de descontos:

1. entre duas rendas futuras, aquela que tiver a data de resgate posterior deve ter a maior taxa de desconto;

2. quanto menor for o risco percebido, menor deverá ser a taxa de desconto;

3. se a taxas de juros gerais do mercado subirem, a taxa de desconto deverá subir também.

O risco pode declinar devido a perspectiva mais favorável dos negócios, à previsão da queda das taxas de inflação e de juros, ou por condições econômica mais estáveis. Quando o risco se reduz, o valor presente das rendas futura aumenta, como se nota na Tabela 1.

Tabela 1 – Relação Inversa entre Valor Presente e Risco

Renda Futura (daqui a três anos) (R$)

Taxa de desconto (%)

VP de R$ 1,00 em 3 anos

VP da renda futura (R$)

1.000,00 15 (risco alto) 0,658 658,00 1.000,00 10 (risco médio) 0,751 751,00 1.000,00 5 (risco baixo) 0,864 864,00

AJUSTANDO AO PRAZO

O valor presente de qualquer retorno futuro declina quanto mais distante for o futuro. Obviamente esse procedimento emprega um ajuste matemático para o valor do dinheiro no tempo. O princípio envolvido não é difícil de captar - o valor presente dos retornos futuros é meramente o reverso do valor futuro composto.

Uma ilustração aritmética fornecerá uma melhor compreensão desse princípio. Suponha que você deseje encontrar o valor presente de R$ 1.000,00 daqui a três anos, e espera que o nível de risco do projeto seja de 10% ao ano. Portanto, se

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Então:

VP = � ��(���)��

Onde: ou Utilizando HP12C

VF = valor futuro VF = FV CHS

VP = valor presente VP = PV = ?

R = taxa de desconto R = i

N = o número de anos N = n

Você pode observar que, se esses fatores forem colocados no denominador da última equação, o valor presente de R$ 1.000,00 daqui a três anos será

VP = � �.���(���,��)�� = R$ 751,31 ou HP12C => 1.000,00 CHS FV, 10 i, 3 n => PV = R$ 751,31

É evidente que, se você tivesse dois projetos com os mesmos custos e a mesma vida econômica, porém com fatores de risco diferentes, seria possível encontrar seus valores presentes e, então, determinar qual é o mais favorável.

A avaliação do orçamento de capital, que é projetada para determinar os méritos relativos do projeto ou do investimentos, emprega o conceito de valor presente como orientação. A idéia, como um todo, é descontar os retornos futuros pelo nível de risco acrescido da incerteza decorrente do prazo. O método do valor presente cumpre esse objetivo.

VALOR PRESENTE DE ANUIDADE

Quando os administradores financeiros deparam com uma série constante e fixa de futuros pagamentos ou recebimentos e desejam avaliar o valor presente dessas quantias, devem calcular o valor presente de cada ano futuro descontando cada pagamento ou recebimento pelo seu fator de valor presente apropriado e, depois, somar todos os valores presentes para encontrar o total.

Podemos concluir então, como vimos anteriormente, se o cálculo de um valor presente é:

VP = � ��(���)��

Então, o valor presente de uma anuidade é:

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VPa = �

(���)� + �

(���)� + �

(���)� + ... + �

(���)�

Sendo: ou utilizando HP12C

VPa = valor presente de uma anuidade VPa= PV = ?

P = valor da parcela (pagamento) P = PMT CHS

R = taxa de juros R = i

N = número de períodos N = n

Calculando o exemplo:

Um fluxo de pagamentos de três prestações de R$ 1.000,00, anuais e consecutivas, com uma taxa de juros de 5% a.a., calcular o valor presente da anuidade.

VPa = �.���,��

(���,��)� + �.���,��

(���,��)� + �.���,��

(���,��)�

VPa = �.���,��(�,��)� +

�.���,��(�,��)� +

�.���,��(�,��)�

VPa = �.���,���,�� +

�.���,���,�� + �.���,���,��

VPa = 952,38+ 909,09 +863,84

VPa = 2.725,31

Ou HP12C

f FIN, f REG, 1.000,00 CHS PMT, 5 i, 3 n => PV = 2.723,25

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IX – EXERCÍCIOS FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

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1) Uma obrigação do governo pode ser convertida em R$ 25.000,00 na data do resgate, daqui a dez anos. Qual é o valor dessa obrigação se a taxa de desconto no mercado desse título é 9% a.a? (ignore os pagamentos de juro sobre o título)

2) Considerando a ótica de quem recebe, qual a alternativa você prefere: R$ 4.500,00 em dinheiro ou R$ 1.200,00 ao ano por um período de quatro anos.Considere uma taxa de desconto de 10% ao ano.

3) Você está planejando arrendar uma BMV e tenta fazer uma escolha entre duas alternativas: arrendar o carro por $ 3.100,00 de entrada e $ 900,00 mensais durante 4 meses, ou por U$ 4.100,00 de entrada e U$ 750,00 mensais durante 4 meses. Suponha que a taxa de desconto seja de 2% ao mês e composta mensalmente.

a. Calcule o valor presente da primeira opção;

b. Calcule o valor presente da segunda opção;

c. Após os cálculos do valor presente, qual alternativa você escolheria? Porque?

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X - TAXA DE CÂMBIO

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POLÍTICA CAMBIAL

O mercado de câmbio (divisas) é formado pelos diversos agenteseconômicos que compram e vendem moeda estrangeira, conforme suasnecessidades. Empresas que vendem mercadorias ou ações no exterior estãoaumentando a oferta de moeda estrangeira, em particular o Dólar, pois suareceita ocorre em moeda estrangeira. Empresas que compram bens ou açõesdo exterior estão demandando moeda estrangeira (Dólar), pois seus gastosocorrem em dólares. Neste sentido, o preço da moeda estrangeira em relaçãoà moeda nacional é determinado neste mercado. Este preço é chamado detaxa de câmbio (R$/US$).

Cabe explicar que as relações econômicas, comerciais e financeirasdos agentes de determinado sistema econômico, com os agentes de outrosistema econômico (normalmente país), são registradas na Balança dePagamentos. Eventuais déficits no Balanço de Pagamentos são decorrentesdo fato de a entrada de divisas (dólares) ser inferior a saída de divisas. Estefato é resultado de dois desequilíbrios. O primeiro é que se exportam bens eserviços menos do que se conseguem importar, resultando em uma saída dedivisas maior do que a entrada. O segundo desequilíbrio é causado pelo ladofinanceiro, onde não se conseguem atrair recursos (dólares) em quantidadesuficiente para pagar as contas em dólar.

As empresas brasileiras queparticipam do comércio internacionaldependem substancialmente da taxade câmbio. Entender o funcionamentodesse mercado é fundamental.

Caso o câmbio esteja a R$ 2,50, significa que são necessários R$ 2,50reais para comprar um dólar. Se este subir para R$ 3,00 por dólar, ocorreu umadesvalorização da moeda local em relação à moeda estrangeira. O preço damoeda estrangeira elevou-se.

Se o preço sobe devido a umaumento da demanda por dólares, dizemosque ocorreu uma desvalorização do Real frente ao Dólar. Precisa-se de maisreais para comprar a mesma quantidade de dólares.

Se o preço desce devido a um aumento da oferta de dólares, dizemosque ocorreu uma valorização do Real frente ao Dólar. Menos reais serãonecessários para comprar a mesma quantidade de dólares.

As empresas brasileiras que participam do comércio internacionaldependem substancialmente da taxa de câmbio. Entender o funcionamento dessemercado é fundamental. Ele pode agir de três maneiras.

A) REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE

Neste caso não há intervenção do Banco Central no mercado. Opreço da moeda estrangeira, ou a taxa de câmbio, é determinadoexclusivamente pela interação entre oferta e demanda. O BACENnão compra e não vende dólares. Esse procedimento é adotado nosprincipais países desenvolvidos.

Após a desvalorização do Real frente ao Dólar em 1999, o Paísadotou um regime híbrido de câmbio, que mais se aproxima docambio flutuante.

B) REGIME DE CÂMBIO FIXO

Este regime representa um caso extremo de controle do mercado.O Banco Central deve estar constantemente regulando o mercado.Caso haja um excesso de procura/demanda por dólares, este devevender dólares ao mercado para que o câmbio não se desvalorize.

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Caso ocorra um excesso de oferta de dólares no mercado, o BancoCentral deve comprar o excesso para que o câmbio não se valorize.A Argentina adotou esse regime durante a década de 1990. Algunspaíses da América Latina, tais como, Equador e Uruguai, tambémadotam ou adotaram esse sistema. Eles buscavam uma alternativapara controlar o nível de preços internos, fortalecendo a moedanacional, pois esta estava fixada a uma taxa determinada de câmbio.

Controlar o mercado de câmbio exige do Banco Central um certonível de reservas internacionais (cambiais). Se esse regime sofreruma fuga significativa de capitais (dólares), o BACEN ira perdermuitas reservas e conseqüentemente pode desvalorizar a moeda local.

C) FORMAS HÍBRIDAS DE CÂMBIO

Formas híbridas de câmbio são maneiras de atuar sobre este; é umamistura entre o câmbio fixo e o câmbio livre ou flutuante.Existem inúmeras maneiras intermediárias entre o câmbio fixo e ocâmbio livre de se atuar sobre o câmbio. Este texto se concentra emduas delas, pelo fato destas terem sido utilizadas na economiabrasileira desde o período de 1994 até 2002. Regime de BandasCambiais e Dirty Float (flutuação suja).

ORegime de Bandas Cambiais, que foi utilizado na economia brasileirapara o período de 1994 a 1999, adota uma flutuação para a taxa de câmbiodentro de determinados limites, ou seja, estabelece um teto e um piso. Estaforma de câmbio é considerada híbrida, porque entre os parâmetros, superiore inferior, o câmbio flutua livremente, aproximando-se dessa forma do câmbiolivre. Todavia, quando a taxa de câmbio aproxima-se ou ultrapassa as bandas,as autoridades intervêm no mercado comprando ou vendendo divisas (dólares)até que a taxa retorne aos patamares estabelecidos. Sendo assim, podemosconsiderar essa taxa fixa dentro de determinados valores.

A amplitude de variação da taxa de câmbio depende dos interesses dasautoridades econômicas, com vista aos objetivos de política econômica,podendo ter uma flexibilidade maior (limites mais amplos), ou ter uma maiorrestrição fazendo com que o teto e o piso desta flutuação se aproximem, sendoque neste segundo caso o regime também é chamado de Mini Bandas Cambiais.

A flutuação suja, que passou a ser utilizada no Brasil pós 1999,distancia-se do Regime de Bandas Cambiais, porque a princípio o câmbio élivre e pode flutuar livremente. No entanto, quando as oscilações ocorridasno mercado cambial podem vir a comprometer determinados objetivos depolítica econômica, o governo atua sobre o mercado até que a situação venhaa estabilizar-se. A idéia é que, com a adoção do câmbio flutuante, o mercadopasse a ter uma completa liberdade. Desta maneira, as intervenções não sãodesejadas e só ocorrem em situações específicas.

(O texto Política Cambial é uma reprodução parcial do texto Políticas

Econômicas de Carlos Ilton Cleto e Lucas Dezordi)

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TAXAS DE CÂMBIO

1. O que é taxa de câmbio?

Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional. No Brasil, a moeda estrangeira mais negociada é o dólar dos Estados Unidos, fazendo com que a cotação comumente utilizada seja a dessa moeda. Dessa forma, quando dizemos, por exemplo, que a taxa de câmbio é 2,00, significa que um dólar dos Estados Unidos custa R$ 2,00. A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação à outra. As cotações apresentam taxas para a compra e para a venda da moeda, as quais são referenciadas do ponto de vista do agente autorizado a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central.

2. Como ter acesso às taxas de câmbio praticadas?

As taxas de câmbio praticadas no mercado de câmbio brasileiro são livremente negociadas entre os agentes e seus clientes e são amplamente divulgadas pela imprensa. O Banco Central do Brasil divulga, em sua página na internet, cotações diárias para as diferentes moedas.

3. Existe alguma taxa de câmbio fixada pelo Banco Central?

Não. As taxas de câmbio são livremente pactuadas entre as partes contratantes, ou seja, entre o comprador ou vendedor da moeda estrangeira e o agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio.

O Banco Central coleta e divulga as taxas médias praticadas no mercado interbancário, isto é, a taxa média do dia apurada com base nas operações realizadas naquele mercado, conhecida por "taxa PTAX", a qual serve como referência e não como taxa obrigatória.

4. Onde posso consultar as taxas divulgadas pelo Banco Central?

As taxas de câmbio divulgadas pelo Banco Central podem ser consultadas em Câmbio e capitais estrangeiros > Taxas de câmbio > Cotações e boletins. Também está disponível opção que permite verificar valores de conversão de moedas, em Câmbio e capitais estrangeiros > Taxas de câmbio > Conversão de moedas.

Caso seja de seu interesse consultar as séries históricas relativas às taxas de câmbio, pesquise em: Economia e finanças > Séries temporais > Setor Externo - Taxas de Câmbio.

5. Fiz compra em moeda estrangeira pelo cartão de crédito e o banco está me cobrando um valor diferente do publicado na página do Banco Central. Ele pode fazer isso?

Sim. Conforme esclarecido anteriormente, a taxa de câmbio divulgada pelo Banco Central serve como uma referência para um cálculo aproximado dos valores, e não como uma taxa obrigatória. O pagamento da fatura deve ser realizado pelo equivalente em reais, devendo ser utilizada, para efeito de conversão do valor devido em moeda estrangeira para moeda nacional, a taxa aplicável às operações de câmbio no dia.

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6. As taxas podem ser diferentes para moeda em espécie e cheque de viagem?

Sim. As taxas de câmbio são livremente pactuadas entre as partes, podendo ser diferentes de acordo com a natureza da operação e/ou a forma de entrega da moeda estrangeira (crédito, cheque, espécie, etc.).

7. O que significam as taxas de "câmbio comercial", "câmbio turismo" e "paralelo"?

Inicialmente destacamos que, desde 2005, quando a Resolução CMN 3.265 unificou o Mercado de Câmbio de Taxas Livres (conhecido como "câmbio comercial") e o Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes (conhecido como "câmbio turismo"), existe um único mercado de câmbio legal no País.

A terminologia "câmbio comercial" ou "dólar comercial" e "câmbio turismo" ou "dólar turismo", no entanto, continua a ser utilizada pelo mercado para indicar as diferentes taxas que pratica de acordo com a natureza da operação.

Assim, a terminologia "câmbio turismo" ou "dólar turismo" é utilizada vulgarmente para classificar as operações relativas a compra e venda de moeda para viagens ao exterior, enquanto a terminologia "câmbio comercial" ou "dólar comercial" é utilizada para as demais operações realizadas no mercado de câmbio, tais como: exportação, importação, transferências financeiras, etc. Essas expressões são utilizadas mesmo quando as operações são realizadas em outras moedas estrangeiras, como o euro, iene, etc.

As operações de câmbio têm diferentes características, de acordo com a natureza de cada uma, com custos administrativos e financeiros também diversos. Assim, a taxa de câmbio pode variar de acordo com a natureza da operação, da forma de entrega da moeda estrangeira e de outros componentes tais como valor da operação, cliente, prazo de liquidação, etc. As taxas de câmbio divulgadas normalmente são médias apuradas para simples referência.

Quanto ao mercado paralelo, trata-se de um mercado ilegal. O mercado paralelo, por estar à margem da legislação e regulamentação vigentes, sujeita seus participantes às sanções cabíveis.

8. Onde obter informações sobre a taxa SML?

Para informações sobre a taxa SML e sobre o Sistema de Pagamentos em Moedas Locais, consulte: Câmbio e capitais estrangeiros >SML - Sistema de Pagamentos em Moedas Locais.

Fonte: http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/taxCam.asp?idpai=portalbcb

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XI - INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO

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1. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA E O MERCADO FINANCEIRO

Em um sistema econômico, as unidades familiares, as empresas, o governo e o setor externo interagem por meio de fluxos reais (fatores de produção, produtos e serviços) e dos fluxos monetários (pagamento pelos produtos e serviços adquiridos, pagamento de impostos e remuneração dos fatores de produção).

Nesse sistema, o mercado financeiro desempenha um papel importante ao promover a intermediação de recursos entre agentes superavitários e os deficitários de uma sociedade. Agentes superavitários são aqueles cujos gastos são inferiores às respectivas rendas. Esses agentes recebem juros pelo capital aplicado, ou seja, são remunerados por adiar o consumo.

Já os agentes deficitários são aqueles cujos gastos superam as respectivas rendas. Na condição de deficitários, esses se dispõem a pagar juros pelo capital obtido sob a forma de empréstimo – em outras palavras, pagam o preço por usufruírem antecipadamente de suas receitas.

De um modo geral, as empresas apresentam períodos que se alteram entre deficitários e superavitários cabendo aos administradores financeiros conhecer as possibilidades de aplicação e obtenção de recursos oferecidos por cada segmento de mercado.

4

2. Intermediação Financeira

AgentesEconômicosSuperavitá-

rios

Poupadoresde Recursos

AgentesEconômicosDeficitários

Tomadores de Recursos

IntermediáriosFinanceiros

Mercado de Capitais - Sem Intermediação

Remuneração do Investimento

Custo do Capital

O mercado financeiro é o mercado onde os recursos excedentes da economia (poupança)

são direcionados para o financiamento de empresas e de novos projetos (investimentos). No mercado financeiro tradicional, o dinheiro depositado em bancos por poupadores é utilizado pelas instituições financeiras para financiar alguns setores da economia que precisam de recursos. Por essa intermediação, os bancos cobram do tomador do empréstimo (no caso as empresas) uma taxa - spread, a título de remuneração, para cobrir seus custos operacionais e o risco da operação. Quanto maior for o risco de o banco não receber de volta o dinheiro, maior será a spread.

O mercado de capitais faz parte do mercado financeiro. Nele, os recursos dos poupadores são destinados à promoção do desenvolvimento econômico de forma direta, isto é, de projetos e empresas. É no mercado de capitais que empresas que precisam de recursos

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conseguem financiamento, por meio da emissão de títulos, vendidos diretamente aos poupadores/investidores, sem intermediação bancária. Dessa forma, os investidores acabam emprestando o dinheiro de sua poupança às empresas, também sem a intermediação bancária.

O repasse dos recursos de poupadores/investidores às empresas pode ser feito de duas formas :

1. Dívida: Os investidores compram títulos (obrigações, ou no inglês, bonds) emitidos pelas empresas que precisam de dinheiro. Esses títulos dão aos investidores o direito de receber a quantia emprestada, mais juros previamente determinados. Os títulos são chamados de títulos de dívida e esse mercado é conhecido como mercado de renda fixa.

2. Ações: Também aqui os investidores compram títulos emitidos por empresas. Mas os títulos não garantem remuneração fixa aos investidores. A remuneração dos títulos são os dividendos - parte do lucro que uma empresa de capital aberto distribui entre seus acionistas. Os investidores tornam-se sócios da empresa. Esses títulos são chamados ações e o mercado é conhecido como mercado de renda variável.

Entre o mercado de capitais e o mercado financeiro tradicional existem duas diferenças básicas, que tornam o primeiro mais eficiente do que o segundo:

• No mercado de capitais a captação de recursos por empresas é mais barata, pois não há necessidade do pagamento da spread aos bancos.

• Para o investidor é vantajoso, pois ele pode desfazer-se do título a qualquer momento, o que não seria possível num empréstimo tradicional. Ou seja, se o investidor mudar de opinião quanto ao risco de investir em determinada empresa, pode vender os títulos no mercado. Essa liquidez (facilidade de compra e de venda) reduz o seu risco de perda. Assim, o mercado de capitais faz com que o repasse de recursos dos poupadores às empresas seja mais interessante para ambas as partes .

O mercado de capitais é fundamental para o crescimento de um país, pois sem ele muitos projetos não conseguiriam sair do papel por falta de capital e financiamento. Muitas empresas perderiam sua competitividade e dificilmente conseguiriam desenvolver-se. Poucas sobreviveriam num ambiente sem a injeção de capital de investidores.

O conhecimento dos segmentos do mercado é de fundamental importância para o administrador financeiro, pois lhe permite realizar uma gestão eficiente do fluxo de caixa, fazer proteção para diversos ativos financeiros e, além disso, fornece subsídios para captação de recursos de longo prazo para a empresa.

As empresas brasileiras, em geral, podem utilizar quatros segmentos do mercado financeiro: o monetário, o de crédito, o de capital, o de derivativos e o cambial.

1) Mercado monetário.É nesse segmento que são realizadas as operações de curto e de curtíssimo prazos. Os papéis mais negociados nesse mercado são aqueles emitidos pelo Banco Central do Brasil, que servem para a execução da política monetária do Governo Federal, e pelo Tesouro Nacional, cujo propósito é o financiamento do déficit público. Além desses papéis, também são negociados os CDIs (certificados de depósitos interfinanceiros), exclusivamente entre instituições financeiras, e os títulos de emissão privada, como o CDB (certificado de depósito bancário) e as debêntures.

Os papéis negociados no mercado monetário servem como parâmetro para a formação da taxa de juros básica da economia.

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2) Mercado de crédito. Esse segmento atende às necessidades de crédito de curto e de prazos dos agentes económicos, principalmente, as solicitações de financiamento pêlos consumidores e de capital de giro pe

3) Mercado de capitais. O mercado de capitais atende aos agentes econômicos quanto às necessidades de crédito de médio e de longo prazos, em especial aquelas relacionadas investimentos em ativos imobilizados. São operações realizadas, principalmente, debêntures.

4) Mercado de derivativos: É onde se realizam operações especulativas ou de proteção dos agentes econômicos contra oscilações futuras dos preços dos a

5) Mercado cambial. O mercado cambial realiza operações de compra e venda de moeestrangeiras conversíveis. Atuam nesse mercado, principalmente, os agentes volcomércio internacional, e as operações são feitas sob a intermediação de insautorizadas, bancárias e não-bancárias.

RESUMINDO:

O Sistema Financeiro Nacional possui dois subsistemas: o normativo e o de intermediação. O primeiro tem como finalidade normatizar o sistema financeiro, com suas leis e normas. O segundo realiza as operações financeiras.

Estrutura do Sistema Financeiro

SISTEMA FINANCEIRO

NORMATIVO

CMN

BACEN

CVM

SUSEP

SECR PREV COMPLEM

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Esse segmento atende às necessidades de crédito de curto e de prazos dos agentes económicos, principalmente, as solicitações de financiamento pêlos consumidores e de capital de giro pelas empresas.

O mercado de capitais atende aos agentes econômicos quanto às necessidades de crédito de médio e de longo prazos, em especial aquelas relacionadas investimentos em ativos imobilizados. São operações realizadas, principalmente,

É onde se realizam operações especulativas ou de proteção dos agentes econômicos contra oscilações futuras dos preços dos ativos.

O mercado cambial realiza operações de compra e venda de moeestrangeiras conversíveis. Atuam nesse mercado, principalmente, os agentes volcomércio internacional, e as operações são feitas sob a intermediação de ins

bancárias.

O Sistema Financeiro Nacional possui dois subsistemas: o normativo e o de intermediação. O primeiro tem como finalidade normatizar o sistema financeiro, com suas leis

segundo realiza as operações financeiras.

Estrutura do Sistema Financeiro Brasileiro

SISTEMA FINANCEIRO

INTERMEDIAÇÃO

SECR PREV COMPLEM

AGENTES ESPECIAISINST BANCÁ RIA E

NÃO BANC Á

BB E CEF

BNDES

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Esse segmento atende às necessidades de crédito de curto e de médio prazos dos agentes económicos, principalmente, as solicitações de financiamento de bens duráveis

O mercado de capitais atende aos agentes econômicos quanto às necessidades de crédito de médio e de longo prazos, em especial aquelas relacionadas a investimentos em ativos imobilizados. São operações realizadas, principalmente, com ações e

É onde se realizam operações especulativas ou de proteção dos

O mercado cambial realiza operações de compra e venda de moedas estrangeiras conversíveis. Atuam nesse mercado, principalmente, os agentes voltados ao comércio internacional, e as operações são feitas sob a intermediação de instituições financeiras

O Sistema Financeiro Nacional possui dois subsistemas: o normativo e o de intermediação. O primeiro tem como finalidade normatizar o sistema financeiro, com suas leis

RIA E ÁRIA

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CMN – Conselho Monetário Nacional:

Responsável pela fixação das diretrizes das políticas monetária, de crédito e cambial do País. Pelo envolvimento destas políticas no cenário econômico nacional, o CMN acaba transformando-se num conselho de política econômica.

BACEN – Banco Central do Brasil:

Entidade criada para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo CMN. Responsável pela emissão de moeda, receber os depósitos compulsórios, regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papeis, fiscalizar as instituições financeiras, entre outros.

CVM – Comissão de Valores Mobiliários:

Órgão normativo do sistema financeiro, especificamente voltado para o desenvolvimento, a disciplina e a fiscalização do mercado de valores mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional. São valores mobiliários: ações, debêntures, bônus de subscrição, contratos futuros, de opções, de derivativos, dentre outros.

SUSEP – Superintendência de Seguros Privados:

Órgão responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros, previdência privada aberta e capitalização.

Secretaria de Previdência Complementar:

Órgão Executivo do Ministério da Previdência e Assistência Social, responsável pelo controle e fiscalização dos planos e benefícios e das atividades das entidades de previdência privada fechada. Considera-se entidade de previdência privada fechada, sendo complementares ao sistema oficial, sem fins lucrativos.

BB – Banco do Brasil:

Banco múltiplo tradicional, atuando como agente financeiro do Governo Federal. Principal executor da política oficial de crédito rural. Ainda administra a Câmara de Compensação de cheques e outros papéis, efetua os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União, principal executor de serviços bancários de interesse do Governo Federal.

CEF – Caixa Econômica Federal:

Responsável pela operacionalização das políticas do Governo Federal para a habitação popular e saneamento básico. Administra recursos do FGTS, fundos de apoio as desenvolvimento social, PIS. Administra ainda as lotéricas.

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico:

Instituição responsável pela política de investimento de longo prazo do Governo Federal. Tem como principal objetivos: impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País; fortalecer o setor empresarial nacional; atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos pólos de produção; promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de serviços.

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Instituições Bancárias e não Bancárias:

O que diferencia Instituições Bancárias e não Bancárias, são que as primeiras possuem depósito a vista, portanto, multiplicam a moeda. As segundas captam através da emissão de títulos para emprestar e, portanto, intermediam a moeda. São Instituições Bancárias os bancos comerciais, as caixas econômicas, os bancos cooperativos. As Instituições não Bancárias, entre outros, banco de desenvolvimentos, banco de investimentos, sociedades de crédito, financiamento e investimento – financeiras, sociedades de crédito imobiliários.

2. TAXA DE JUROS PRÉ E PÓS FIXADA

A diferença básica entre ambas se concentra na forma de compor a taxa: enquanto a taxa de juros prefixado opera com juros estáveis, fixos, que considera a inflação, o ganho do tomador ou investidor, e mais uma margem de garantia para qualquer eventualidade, o pós-fixado conta com taxas de juros menores, que equivalem apenas aos juros (ou lucro) cobrados por quem concedeu o crédito. Os outros dois componentes (risco da economia e inflação) ficam por conta do devedor, que, além do juro, arca com a correção por um indicador de inflação ou correlação, como TR ou variação cambial.

Nota-se que, dependendo da situação uma pode ser mais vantajosa que a outra. Veja o exemplo de um tomador de recursos. Considerando, por exemplo, que o tomador deva optar pela taxa de juros de um empréstimo tendo como opção taxa de juros pré-fixada de 4,5% AM, ou pós fixada de 2,5% acrescidas da variação da TR (diz-se: 2,5% + TR). Qual a premissa para optar por uma ou por outra?

Ao optar pela taxa de juros pré fixada, irá pagar 4,5% ao mês, independentemente da política monetária do governo, subindo ou descendo a taxa de juros básicas da economia, o tomador irá pagar 4,5%. Ora, subindo a taxa de juros básica, percebe-se que o tomador do recurso manteria a taxa de juros pactuadas (4,5%), não sendo onerado pela alta nas taxa de juros do mercado, e sendo assim, seria vantajosa a opção pela taxa prefixada. Se tivesse optado pela taxa de juros pós fixada, subindo a taxa de juro básica, por conseqüência subiria a TR, tendo o tomador um aumento no custo do capital emprestado.

Veja que a situação inversa pode ocorrer. Supondo que a taxa de juros básicas diminuiu, e sendo a opção pela taxa de juros pré fixada, o tomador pagaria um custo pelo empréstimo mais elevado do que o praticado no mercado no momento, pela contratação da taxa pré fixada. Já neste cenário, sendo a opção pela taxa pós fixada, baixando a taxa de juros básicas, baixaria a TR, e o custo pago pelo capital emprestado também diminuiria.

O mesmo raciocínio vale para o investidor no mercado financeiro (poupador). Portanto RESUMINDO:

1. ÓTICA TOMADOR DE RECURSOS

a. CENÁRIO: EXPECTATIVA DE AUMENTO DE TAXA DE JUROS BÁSICAS DA ECONOMIA

OPÇÃO: P r é F i x a d a

b. CENÁRIO: EXPECTATIVA DE QUEDA NA TAXA DE JUROS BÁSICAS DA ECONOMIA

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OPÇÃO: P ó s F i x a d a

2. ÓTICA POUPADOR DE RECURSOS

a. CENÁRIO: EXPECTATIVA DE AUMENTO DE TAXA DE JUROS BÁSICAS DA ECONOMIA

OPÇÃO:P ó s F i x a d a

b. CENÁRIO: EXPECTATIVA DE QUEDA NA TAXA DE JUROS BÁSICAS DA ECONOMIA

OPÇÃO: P r é F i x a d o

3. MERCADO BANCÁRIO

O segmento do mercado bancário possui em sua amplitude três produtos:

• Produtos de Serviço;

• Produtos de Captação;

• Produtos de Empréstimos.

Veremos os dois últimos:

3.1. PRODUTOS DE CAPTAÇÃO

Em economia, investimento significa a aplicação de capital em meios de produção, visando o aumento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, transporte, infraestrutura) ou seja, em bens de capital. O investimento produtivo se realiza quando a taxa de lucro sobre o capital supera ou é pelo menos igual à taxa de juros.

Já o mercado financeiro entende por investimento as operações de compra e venda de títulos financeiros como letras de câmbio, ações, etc. Passaremos a estudar este conceito.

Os títulos de renda variável (Ações) não garantem ao investidor rendimento definido, não pagam juros sobre o capital, mas, dependendo do desempenho da empresa, o rendimento pode ficar muito acima dos títulos de renda fixa. Além disso, tem-se ainda a vantagem de conseguir dividendos quando uma empresa tem lucro em determinado período.

Os títulos de renda fixa garantem ao investidor rendimentos predeterminados, como, por exemplo, a taxa de juros prefixada ou pós-fixada. Esses títulos são seguros para os investidores, uma vez que a possibilidade de perda de patrimônio é tendente a zero, isto é, dificilmente o valor na data de resgate será inferior ao valor investido. Os títulos são chamados de privados quando emitidos por instituições privadas e públicos quando emitidos pelo governo municipal, estadual ou federal.

As instituições financeira tem em suas prateleira uma enorme variedade de investimentos. Iremos abordar tão somente os produtos de investimentos considerados principais, sendo que são diversos os secundários.

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3.1.1. CADERNETA DE POUPANÇA

Os recursos das cadernetas de poupança devem ser aplicados de acordo com regras preestabelecidas pelo Banco Central e que, conforme as variáveis econômicas do momento podem ser alteradas. Atualmente 65% dos recursos das cadernetas tem a obrigatoriedade de serem alocado ao SFH (Sistema Financeiro de Habitação) sob forma de financiamento imobiliário.

A caderneta de poupança é remunerada pela TR da data de aniversário mais os tradicionais 0,5% a.m. Assim, a caderneta passou a ter uma correção diferenciada para os vários dias do mês, funcionando como um CDB pós-fixado.

Os valores de remuneração da caderneta são conhecidos quando do cálculo da TR é divulgado nos principais jornais do País.

Assim, a poupança é um ativo que rende de acordo com a quantidade de dias úteis no mês e a variação da TR do período.

Ela recebe depósito de pessoas físicas e jurídicas. A abertura pode ser feita em qualquer dia do mês, sendo que as contas abertas nos dias 29, 30 e 31 começam a contar rendimento a partir do dia primeiro do mês seguinte.

A remuneração é mensal para as pessoas físicas e jurídicas sem fins lucrativos. Para pessoas jurídicas com fins lucrativos (empresas), o rendimento é trimestral.

Atualmente, as aplicações em caderneta de poupança de pessoas físicas e jurídicas não tributadas com base no lucro real estão totalmente isentas de impostos.

As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real serão tributadas apenas na decla-ração de rendimentos. Além disso, as cadernetas oferecem seguro sobre valores depositados em caso de morte ou invalidez por acidente do titular.

3.1.2. CERTIFICADOS DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS – CDB

O Certificado de Depósito Bancário, o famoso CDB e o Recibo de Depósito Bancário, o RDB, são os mais antigos e utilizados títulos de captação de recursos pelos bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento e bancos múltiplos que tenham uma destas carteiras, sendo oficialmente conhecidos como depósitos a prazo.

Os recursos captados através desses instrumentos são repassados aos clientes na forma de empréstimos.

A partir de 02/08/99, os títulos pré ou com taxa flutuante (taxa de juros pré e pós fixados) deixaram de ter prazo mínimo, mas ficaram sujeitos a uma tabela regressiva de IOF em função do prazo de aplicação. A taxa flutuante deve ser regularmente calculada e de conhecimento público, tendo como base taxas de mercado prefixadas, podendo inclusive incluir a taxa DI over calculada pela Cetip.

A liberdade de prazo dos CDB permite que os bancos emitam CDB com taxa pré ou flutuante, remunerados pela taxa do DI de qualquer número de dias de acordo com o interesse da instituição emissora e do cliente, reduzindo, assim, os custos de operações acessórias.

O CDB é transferível (resgatado, a critério da instituição financeira, antes do vencimento) por endosso nominativo (endosso em preto), desde que respeitados os prazos mínimos. O endossante responde pela existência do crédito, mas não pelo seu pagamento.

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Além disso, não podem ser prorrogados, mas renovados de comum acordo, por nova contratação.

Os RDB podem ser rescindidos em caráter excepcional, desde que com o acordo da instituição depositária. Neste caso só pode ser devolvido o principal.

Mesmo no caso dos CDB existirá, na venda antes do prazo final, uma perda de rentabilidade, já que o comprador no caso a instituição financeira, exigirá um spread ou deságio para gerar liquidez.

Para calcular a rentabilidade líquida de um CDB, não levando em conta a CPMF e o IOF, será necessário calcular o imposto de renda (IR) incidente sobre o ganho de capital, conforme tabela abaixo:

Alíquota Prazo de Permanência

22,5% até 180 dias 20,0% entre 181 dias e 360

dias 17,5% entre 361 dias e 720

dias 15,0% acima de 720 dias

Fonte: Investshop Unibanco OBS: Tabela para todo investimento tributável

3.1.3. FUNDO DE INVESTIMENTOS

Fundos de Investimento são condomínios constituídos com o objetivo de promover a

aplicação coletiva dos recursos de seus participantes. São regidos por um regulamento e têm na Assembléia Geral seu principal fórum de decisões.

Os Fundos de Investimento constituem-se num mecanismo organizado com a finalidade de captar e investir recursos no mercado financeiro, transformando- se numa forma coletiva de investimento, com vantagens, sobretudo, para o pequeno investidor individual.

Tais Fundos de Investimentos, através da emissão de cotas, reúnem aplicações de vários indivíduos para investimento em carteiras de ativos disponíveis no mercado financeiro e de capitais.

Ao Administrador do Fundocompete a realização de uma série de atividades gerenciais e operacionais relacionadas com os cotistas e seus investimentos, dentre as quais a gestão da carteira de títulos e valores mobiliários.

As informações relevantes de um Fundo de Investimento constam de seuProspectoe de seu Regulamento, que devem, obrigatoriamente, ser entregues ao cotista por ocasião de seu ingresso no Fundo.

O Regulamento é o documento onde estão estabelecidas as regras básicas de funcionamento do Fundo. Dentre essas regras, merecem destaque aquelas que se referem aos ativos que serão adquiridos e as estratégias de investimento adotadas, uma vez que estão diretamente relacionadas com o risco do investimento.

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O Prospecto é o documento que apresenta as informações relevantes para o investidor relativas à política de investimento do Fundo e dos riscos envolvidos, bem como dos principais direitos e responsabilidades dos cotistas e administradores.

A taxa de administração é um encargo cobrado pelo Administrador do Fundo como remuneração pela prestação dos serviços de administração do Fundo e gestão da sua carteira.

Sendo o Fundo um condomínio, cada um de seus participantes detém um certo número de cotas, determinado pela proporção do valor aplicado em relação ao patrimônio do Fundo.

O valor total dos recursos do Fundo varia a cada dia, dependendo da atualização do valor de seus ativos no mercado e da entrada e/ou saída de cotistas.

Os Fundos de Investimento classificam-se, conforme a composição de suas carteiras, em: I – Fundo de Curto Prazo; II – Fundo Referenciado; III – Fundo de Renda Fixa; IV – Fundo de Ações; V – Fundo Cambial; VI – Fundo de Dívida Externa; e VII – Fundo Multimercado.

COMPOSIÇÃO DA CARTEIRA – SOMENTE PARA CONHECIMENTO A classificação dos Fundos de Investimento depende da composição de sua carteira de forma a permitir a fácil identificação dos objetivos definidos na política de investimento e facilitando a compreensão pelo investidor de suas características e riscos envolvidos. Assim são definidas a partir do principal fator de risco associado à sua carteira, que pode ser o índice de preço, a taxa de juros, o índice de ações ou o preço do ativo cuja variação produza, potencialmente, maiores efeitos sobre o valor de mercado da carteira do fundo. 1) Fundos Curto Prazo Devem aplicar seus recursos exclusivamente em títulos públicos federais ou privados pré-fixados ou indexados à taxa SELIC ou a outra taxa de juros, ou títulos indexados a índices de preços, com prazo máximo a decorrer de 375 (trezentos e setenta e cinco) dias, e prazo médio da carteira do Fundo inferior a 60 (sessenta) dias, sendo permitida a utilização de derivativos somente para proteção da carteira e a realização de operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais. 2) Fundos Referenciados Esses Fundos devem identificar em sua denominação o seu indicador de desempenho, em função da estrutura dos ativos financeiros integrantes das respectivas carteiras, desde que atendidas, cumulativamente, às seguintes condições: I – tenham 80% (oitenta por cento), no mínimo, de seu patrimônio líquido representado, isolada ou cumulativamente, por: a) títulos de emissão do Tesouro Nacional e/ou do Banco Central do Brasil; b) títulos e valores mobiliários de renda fixa cujo emissor esteja classificado na categoria baixo risco de crédito ou equivalente, com certificação por agência de classificação de risco localizada no País; II – estipulem que 95% (noventa e cinco por cento), no mínimo, da carteira seja composta por ativos financeiros de forma a acompanhar, direta ou indiretamente, a variação do indicador de desempenho (“benchmark”) escolhido; III – restrinjam a respectiva atuação nos mercados de derivativos a realização de operações com o objetivo de proteger posições detidas à vista, até o limite dessas. 3) Fundos Renda Fixa Devem possuir, no mínimo 80% (oitenta por cento) da carteira em ativos relacionados diretamente, ou sintetizados, via derivativos, aos principais fatores

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de risco da carteira, que são a variação da taxa de juros doméstica ou de índice de inflação, ou ambos. 4) Fundos Ações Devem possuir, no mínimo, 67% (sessenta e sete por cento) da carteira em ações admitidas à negociação no mercado à vista de bolsa de valores ou entidade do mercado de balcão organizado ou em outros ativos autorizados na legislação. 5) Fundos Cambiais Devem possuir, no mínimo 80% (oitenta por cento) da carteira em ativos relacionados diretamente, ou sintetizados, via derivativos, ao fator de risco do fundo que é a variação de preços de moeda estrangeira ou a variação do cupom cambial. 6) Fundos Dívida Externa Devem aplicar no mínimo 80% (oitenta por cento) de seu patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União, sendo permitida a aplicação de até 20% (vinte por cento) do patrimônio líquido em outros títulos de créditos transacionados no mercado internacional. 7) Fundos Multimercado Estes Fundos possuem políticas de investimento que envolvem vários fatores de risco, sem o compromisso de concentração em nenhum fator especial ou em fatores diferentes das demais classes de fundos. Os fundos classificados como “Referenciado”, “Renda Fixa”, “Cambial”, “Dívida Externa” e “Multimercado” poderão ser adicionalmente classificados como “Longo Prazo”, devendo tal expressão constar, também, de sua denominação, quando estiver previsto, em seu regulamento ou no prospecto, que têm o compromisso de obter o tratamento fiscal destinado a fundos de longo prazo previsto na regulamentação fiscal vigente.

3.1.4. TÍTULOS PÚBLICOS – TESOURO DIRETO

Os títulos públicos são ativos de renda fixa que se constituem em boa opção de investimento para a sociedade. Os títulos públicos possuem a finalidade primordial de captar recursos para o financiamento da dívida pública, bem como para financiar atividades do Governo Federal, como educação, saúde e infra-estrutura.

O Tesouro Direto tem como objetivo disponibilizar às pessoas físicas os mesmos títulos públicos ofertados às instituições financeiras nos leilões tradicionais do Tesouro Nacional. Desta forma, são ofertados os seguintes títulos:

LTN - Letras do Tesouro Nacional: títulos com rentabilidade definida (taxa fixa) no

momento da compra.

LFT - Letras Financeiras do Tesouro: títulos com rentabilidade diária vinculada à taxa

de juros básica da economia (taxa média das operações diárias com títulos públicos registrados no sistema SELIC, ou, simplesmente, taxa Selic).

NTN-B – Nota do Tesouro Nacional – série B: título com rentabilidade vinculada à

variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra.

NTN-B Principal – Nota do Tesouro Nacional – série B: título com rentabilidade

vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. Não há pagamento de cupom de juros semestral.

NTN-F – Notas do Tesouro Nacional – série F: títulos com rentabilidade prefixada,

acrescida de juros definidos no momento da compra.

O preço de compra dos títulos públicos é calculado com base nas taxas praticadas pelo mercado, apuradas para a data de liquidação da compra. O preço de venda pelo investidor ao

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Tesouro Direto é calculado pelo Tesouro Nacional com a aplicação de um spread sobre o preço de compra.

O limite mínimo de compra por investidor é a fração de 0,2 título (aproximadamente R$ 200,00) e o máximo de R$ 400.000,00 por mês. Não há limites quanto à manutenção de estoque de títulos públicos, ou seja, o investidor pode acumular o valor referente à aquisição do limite máximo de R$ 400.000 todos os meses.

Os títulos públicos são ofertados no Tesouro Direto em frações de 0,2 título, ou seja, o investidor pode comprar 0,2 título, 0,4 título, 0,6 título, 0,8 título, 1,0 título, 1,2 título e assim por diante. Não é possível comprar, por exemplo, 0,1 título ou 4,3 títulos.

Ao comprar os títulos públicos o investidor tem a opção de definir o valor da compra que deseja efetuar ou a quantidade de títulos que deseja adquirir.

Os títulos adquiridos no Tesouro Direto estarão disponíveis na conta de custódia do investidor dois dias úteis após o pagamento (D + 2). Entre a data de compra e a data em que os títulos tornam-se disponíveis, o investidor poderá consultar o estágio do processo de liquidação da compra nas consultas de protocolos no Tesouro Direto.

Os recursos financeiros referentes ao pagamento de resgate, recompra ou juros são repassados pelo Tesouro Nacional, pelo valor bruto, ao Agente de Custódia um dia útil após a ocorrência de um destes eventos. O Agente de Custódia deverá proceder as deduções de IR e creditar, posteriormente, o valor líquido na conta investimento do investidor.

As compras de títulos realizadas no Tesouro Direto estão sujeitas ao pagamento de taxas de serviços. São 3 as taxas cobradas no Tesouro Direto. No momento da compra do título, é cobrada uma taxa de negociação de 0,10% sobre o valor da operação. Há também uma taxa de custódia da BM&F-BOVESPA de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos.

A tributação é de acordo com a tabela apresentada no item 3.1.2.

3.2. PRODUTOS DE EMPRÉSTIMOS

3.2.1. HOT MONEY

São empréstimos de curtíssimos prazos que os bancos fazem às empresas. Estas recorrem a essa fonte de recursos para ajustar seus fluxos de caixa.

A taxa de juros do HOT MONEY apresenta-se “linearizada”, pois é apresentada na forma de taxa mensal ao dia útil ou taxa de OVER, ou seja, a taxa efetiva de um dia útil multiplicada por 30 dias (convenção de mercado)

Para financiamentos de valores elevados, geralmente a operação é contratada por um dia e renovada no dia seguinte, caso haja necessidade. Tal procedimento evita riscos para as partes em períodos de grandes oscilações nas taxas de juros.

É comum, de forma a simplificar os procedimentos operacionais, para os clientes tradicionais da mesa neste produto, criar-se um contrato fixo de hot, estabelecendo as regras deste empréstimo e permitindo a transferência de recursos ao cliente a partir de um simples telefonema ou fax, garantidos por uma NP já previamente assinada, evitando-se assim o fluxo corrido de papéis para cada operação.

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Por ser uma operação de curto prazo, o hot money tem a vantagem de permitir uma rápida mudança de posição no caso de uma mudança brusca para baixo nas taxas de juros.

3.2.2. CHEQUE ESPECIAL / CONTA GARANTIDA

Abre-se uma conta de crédito (conta garantida) com um valor-limite que normalmente é movimentada diretamente pelos cheques emitidos pelo cliente, desde que não haja saldo dispo-nível na conta corrente de movimentação. À medida que, nessa última, existam valores dispo-níveis, estes são transferidos de volta, para cobrir o saldo devedor da conta garantida.

Para o cliente, o produto garante uma liquidez imediata para suas emergências. Para o banco, é um instrumento mercadol6gico forte, mas que, se mal administrado, pode representar uma perda significativa, tendo em vista seu impacto sobre a administração de reservas bancá-rias, já que é necessário deixar recursos de suas reservas de livre movimentação em stand by para atender à eventual demanda e, portanto, sem aplicação.

Algumas contas garantidas têm caráter apenas de conta devedora, funcionam separadas da conta corrente e, normalmente, exigem do cliente o aviso com antecedência dos valores a serem sacados, razão pela qual trabalham com taxas de juros menores.

Os juros sobre esse produto são calculados diariamente sobre o saldo devedor e cobra-dos normalmente, no primeiro dia útil do mês seguinte ao de movimentação.

3.2.3. DESCONTO DE RECEBÍVEIS

Ao contrair uma dívida para pagamento futuro, o devedor normalmente oferece um título que comprova tal obrigação. De posse desse título, o credor poderá negociar o seu resgate antecipado, junto às Instituições Financeiras.

É uma operação de adiantamento de recursos para antecipar o fluxo de caixa e garantir o capital de giro. Com essa modalidade de crédito, o cliente recebe à vista o pagamento do serviço prestado ou do produto vendido e assegura o recebimento imediato de recursos que só teria disponíveis no futuro.

Títulos de Crédito normalmente negociados em operações de desconto junto a Instituições Financeiras:

1. Notas Promissórias; 2. Duplicatas; 3. Letras de Câmbio; 4. Cheques pré-datados; 5. Cartão de Crédito; 6. Cobrança; 7. Contratos.

As operações de desconto bancário, uma das formas mais tradicionais de financiamento do capital de giro das empresas. Conforme apresentado, a operação de desconto envolve basicamente a negociação de um título representativo de um crédito em algum momento anterior à data de seu vencimento. É interpretado, em outras palavras, como uma cessão de direitos existentes sobre um título em troca de alguma compensação financeira.

As operações de desconto praticadas pelos bancos comerciais costumam apresentar os seguintes encargos financeiros, os quais são geralmente cobrados sobre o valor nominal do título (valor de resgate) e pagos a vista (descontados no momento da liberação dos recursos).

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a. TAXA DE DESCONTO (Nominal) – Basicamente, representa a relação entre os juros e o valor nominal do título. Esta taxa costuma ser definida em bases mensais e empregada de forma linear nas operações de desconto.

b. IOF – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS – Identicamente à taxa de desconto, este percentual é calculado linearmente sobre o valor nominal do título e cobrado no ato da liberação dos recursos.

c. TAXA ADMINISTRATIVA – Cobrada muitas vezes pelas instituições financeiras visando cobrir certas despesas de abertura, concessão e controle do crédito. É calculada geralmente de uma única vez sobre o valor do título e descontada na liberação dos recursos.

Esses encargos financeiros de desconto bancário são referenciados, para o cálculo de seus valores monetários, pelo critério de juros simples.

3.2.4. EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS

Empréstimo é um contrato entre o cliente e a instituição financeira pelo qual ele recebe uma quantia que deverá ser devolvida ao banco em prazo determinado, acrescida dos juros acertados. Os recursos obtidos no empréstimo não têm destinação específica.

Financiamento é também um contrato entre o cliente e a instituição financeira, mas com destinação específica, como, por exemplo, a aquisição de veículo ou de bem imóvel.

No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com e sem financiamento.

Normalmente os empréstimos e financiamentos são contratados em prestações mensais, iguais e sucessivas. Além de juros, é cobrado IOF – Imposto de operações Financeiras.

3.2.5. LEASING

O leasing não se enquadra na modalidade de financiamento pois trata-se do aluguel de um bem com a opção de compra no decorrer do contrato ou então, a sua a devolução.

Além da correção monetária, o leasing sofre a incidência de 0,5% (podendo variar por regiões) de Imposto sobre Serviços (ISS) e 0,75% para o Programa de Integração Social (PIS).

Seus contratos apresentam o chamado Valor Residual Garantido (VRG), que corresponde a um percentual variável do valor da mercadoria que não é amortizado no prazo do contrato.

Numa operação típica de leasing, um resíduo em relação ao valor do bem aparece ao final do contrato. Cabe ao locatário a escolha de pagar o resíduo previsto no início do contrato, diluído nas prestações (ou contraprestações) ou então quitar saldo ao final.

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É necessário salientar que nas operações de leasing o produto ficará em nome da financeira (trata-se de aluguel) até o final do contrato, sendo que o cliente não poderá devolver o bem nem vendê-lo, sob pena de ser acionado judicialmente por quebra de contrato.

A legislação que rege os procedimentos das operações de leasing, não permite a antecipação das prestações ou a liquidação antecipada do contrato, algo que não ocorre nos financiamentos. Apesar desta situação existe uma saída: a empresa de leasing recebe o valor referente às prestações que serão pagas antecipadamente, quita as parcelas referentes ao saldo devedor e transforma o contrato de arrendamento mercantil em uma operação de financiamento tradicional, que como tal sofre a incidência de IOF.

O cliente do leasing ainda poderá trocar o bem, desde que a empresa dê prévia anuência. Nessa situação é necessário negociar a compra do novo produto e a venda do usado. O arrendatário tem de pagar no ato a diferença. A nova mercadoria é faturada em nome da empresa de arrendamento.

As empresas optantes pelo lucro real, as despesas do leasing (parcelas pagas sem o valor residual) são itens totalmente dedutíveis no lucro tributável para efeito de cálculo do imposto de renda, ocasionando, conseqüentemente, redução substancial no custo final da operação. Desta forma, parte do aluguel é recuperada indiretamente pela empresa sob a forma de economia do imposto de renda.

3.3. PRODUTOS DE CAPTAÇÃO E EMPRÉSTIMOS

3.3.1 AÇÕES

Ações são a menor parcela do capital de uma empresa. As ações são títulos que não garantem remuneração predeterminada aos investidores. Como parte do capital de uma empresa, têm sua remuneração determinada pela capacidade da empresa em gerar lucro.

Os detentores de ações são sócios da empresa e, como tal, correm o risco de sucesso ou fracasso das estratégias adotadas pela mesma. Se o investidor mudar de opinião quanto à capacidade da empresa em conseguir lucro no mercado, pode comprar ou vender os papéis. Essa negociação é feita nas bolsas de valores, um mercado livre e aberto. O funcionamento desse mercado é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cujo objetivo é garantir transparência nos negócios realizados em bolsa e das informações fornecidas pelas empresas.

TIPOS DE AÇÃO

ORDINÁRIAS (ON) - Conferem a seu detentor, chamado de acionista, o direito de voto nas assembléias de acionistas da empresa. Na assembléia são definidas as estratégias de negócios, são escolhidos os conselheiros e os diretores da empresa. Os dividendos – parte do lucro que a empresa distribui entre seus acionistas - podem não ser prioritários para esse tipo de ação.

PREFERENCIAIS (PN) - O acionista não participa das decisões estratégicas da empresa, mas por outro lado tem prioridade no recebimento de dividendos. Também em situações em que a empresa entra em processo de falência ou de dissolução, esse acionista tem prioridade no recebimento dos recursos oriundos da venda dos ativos da companhia. As ações preferenciais são as mais procuradas por investidores, apresentando maior liquidez (facilidade de compra e de venda no mercado). Por isso, é comum as ações preferenciais terem preço superior ao das ordinárias.

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FORMAÇÃO DE PREÇO

O preço das ações está diretamente relacionado à oferta e à procura. Quando as perspectivas de crescimento dos lucros de uma empresa aumentam, ampliando suas chances de valorização no mercado, a procura pelas ações da empresa também cresce e, conseqüentemente, seu preço.

As perspectivas envolvem fatores como a política econômica, estratégias da empresa, lançamentos, inovações tecnológicas e aumento da competitividade dentro de seu setor. Fusões, aquisições ou a possibilidade de fechamento de capital (recompra de todas as ações em circulação no mercado) também influenciam no preço das ações.

BOLSA DE VALORES

A bolsa de valores é um local, físico ou eletrônico, onde são negociados títulos e valores mobiliários emitidos por empresas. As ações são os títulos mais comprados e vendidos nas bolsas.

BOVESPA

A BOVESPA é a Bolsa de Valores de São Paulo, fundada em agosto de 1890.

Atualmente, a Bovespa é a instituição com maior destaque no mercado acionário brasileiro por abrigar o maior centro de negociação dentre as nove bolsas de valores do País. A Bovespa é uma instituição formada por associações civis sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Toda regulamentação é supervisionada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

3.3.2. DEBÊNTURES

Debênture é um título privado. Títulos privados são títulos emitidos por empresas para a captação de recursos sob a forma de dívida. Esses títulos garantem a seu detentor remuneração preestabelecida, que varia em função do prazo da operação e do risco de crédito de cada empresa. Os principais títulos privados são:

• Certificados de Depósito Bancário (CDB); • Letras de Câmbio (LC); • Letras Hipotecárias (LH); • Nota Promissória (NP); • Debêntures: títulos de médio e longo prazo emitidos por sociedades anônimas para

financiar projetos e capital de giro junto a investidores. As debêntures são negociáveis e garantem a seu detentor pagamento de juros periódicos. Apesar de serem classificadas como títulos de renda fixa, as debêntures podem ter características de renda variável, como prêmios, participação no lucro da empresa ou até mesmo conversibilidade em ações da companhia. As debêntures são regulamentadas pela Comissão de Valores Mobiliários. As características das debêntures são: Nome da Empresa, Número da Emissão, Data da Emissão, Vencimento, Garantias, Tipo (simples, conversível em ações ou permutável), Valor, Cronograma de Pagamento de Juros e Datas de Repactuação de Juros, Banco responsável pela emissão e o Agente Fiduciário. Possui imposto de renda sobre a rentabilidade sobre tanto para pessoas físicas como pessoas jurídicas.

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XII - ANÁLISE DE BALANÇOS

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DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – MATÉRIA DE CONTABILIDADE

Balanço Patrimonial Ativo

� Ativo Circulante

Contas que representam bens e direitos. Possuem liquidez imediata, ou que possam ser convertidas em dinheiro no curto prazo.

� Contas do Ativo

� Caixa: dinheiro disponível para uso imediato.

� Bancos: dinheiro depositado em c.c. para livre movimentação.

� Aplicações financeiras: aplicação dos excedentes momentâneos de caixa em investimentos de liquidez imediata.

� Duplicatas a receber: valores a receber de clientes resultantes de vendas a prazo.

� Estoques: valor monetário das matérias prima que serão consumidos na produção (indústria) e mercadorias (comércio)

� Despesas antecipadas: pagamento antecipado das despesas relativas ao exercício seguinte (seguro, assinatura de jornais, etc).

� Ativo Realizável a Longo Prazo

Direitos cujos vencimentos ocorrem após o término do próximo exercício fiscal. Com o passar do tempo essas contas são transferidas para o AC, tais como adiantamentos ou empréstimos a sociedade coligadas, a diretores, acionistas, etc.

� Ativo Permanente

Aplicação de recursos que tem caráter permanente na empresa, que não pretende vender.

� Contas do AP

� Contas do Ativo Permanente

� Investimentos: aplicações que não se destinam à manutenção da atividade da empresa, como participação permanente em sociedades coligadas ou controladas, investimento em obras de arte e imóveis não destinados a uso próprio.

� Imobilizado: bens corpóreos destinados a manutenção das atividades da empresa, ou exercidos com esta finalidade.

� Diferido: despesas pré-operacionais e os gastos de reestruturação que contribuirão, efetivamente, para o aumento do resultado de mais de um exercício social.

� Intangível: os direitos que tenham por objetivos bens incorpóreos destinados à manutenção da empresa ou exercidos com esta finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.

Balanço Patrimonial Passivo

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� Passivo Circulante

São as obrigações a pagar no curto prazo, ou seja, obrigações cujo vencimento ocorrerá até o termino do próximo exercício social.

� Contas do PC

� Duplicatas a pagar: compras efetuadas a prazo de fornecedores (cp)

� Impostos a pagar ou a recolher: obrigações fiscais, como taxas, contribuições, ICMS, IPI, ISS, IR, etc.

� Salários a pagar: salários de meses encerrados que são pagos nos meses seguintes.

� Encargos Sociais: obrigação junto a agentes arrecadadores, como INSS e o FGTS.

� Outras obrigações: demais obrigações, como dividendos a distribuir, energia elétrica, telefone, aluguéis, etc.

� Exigível a Longo Prazo

São as obrigações a pagar cujo vencimento ocorrerá após o encerramento do próximo exercício social. São contas destes grupos: debêntures a resgatar, financiamentos junto a instituições financeiras, etc.

� Resultado dos Exercícios Futuros

Compreendem as receitas relativas a exercícios futuros que já foram recebidas, deduzidas dos respectivos custos e despesas incorridas ou a incorrer.

� Patrimônio Líquido

Representa os recursos pertencentes aos proprietários da empresa.

� Contas do PL

� Capital Social: recursos integralizados pelos sócios ou acionistas da empresa somado os aportes posteriores em conjunto com os valores transferidos das contas de reservas.

� Reservas de Capital: acréscimos patrimoniais que não constituem receitas para a empresa, como ágio na emissão de ações, quando vendidas acima do valor patrimonial.

� Reservas de lucros: lucros líquidos retidos, com intuito de manter a integralidade do capital social, expansão da empresa, compensação de redução dos lucros futuros, lucros contábeis, porém, não se realizaram financeiramente.

� Ajustes de avaliação patrimonial: aumentos ou diminuições a valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência do valor de mercado, enquanto não computados no resultado do exercício.

� Prejuízos acumulados: prejuízos do último exercício. No futuro ao apresentar lucro, primeiro deverão ser compensados os prejuízos acumulados, e o saldo remanescente será destinado a reservas de lucros.

� Ações em tesouraria: ações adquiridas da própria empresa cujo valor deve ser deduzido do PL.

Balanço Patrimonial

Demonstrativo do Resultado do Exercício

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� É o relatório contábil que evidencia a formação do resultado líquido do exercício pelo confronto das receitas com os custos e as despesas apuradas em obediência ao regime de competência

Contem as seguintes contas:

� Receita operacional bruta

Compreende o valor das vendas de mercadorias, produtos ou serviços, nas condições a vista ou a prazo.

� Deduções e abatimentos

Compreende as reduções da receita operacional bruta relativas a impostos sobre vendas (IPI, ICMS e ISS) e as deduções e abatimentos (vendas canceladas, descontos concedidos, etc). Não inclui descontos financeiros concedidos a clientes para pagamento antecipado, o que é despesa financeira.

� Custo operacional

Corresponde aos gastos incorridos pela empresa na obtenção do item objeto da venda realizada.

� Custos de mercadorias vendidas

Em empresas comerciais, que tem por características revenderem as mercadorias no mesmo estado que as adquiriu dos fabricantes. Engloba os valores pagos a seus fornecedores, os fretes e seguros, quando de sua responsabilidade

� Custos de produtos vendidos

Em empresas industriais, que tem por característica transformar matéria-prima em produto. Os custos dos produtos correspondem aos gastos relativos à fabricação, composto pelo custo de matéria-prima, de mão-de-obra e por todos os demais custos do processo.

� Custos de serviços prestados

Em empresas prestadoras de serviço, tendo como custos, basicamente, compostos de mão-de-obra e de custos relacionados à estrutura de que a empresa dispõe para realizar os serviços.

� Despesas operacionais

Correspondem aos gastos decorrentes do funcionamento normal da empresa, exceto aquelas classificadas como custos operacionais.

� Despesas administrativas

Gastos com a administração da empresa, incluindo salários dos funcionários, honorários da diretoria administrativa, aluguéis de escritório, gastos com auditoria e consultoria contratadas, etc.

� Despesas de vendas

Gastos incorridos com a geração de receitas, incluindo aqueles relativos a promoções, vendas e distribuição de produtos, mercadorias e serviços, salários e comissões de vendedores, honorários da diretoria comercial, aluguéis de escritório de vendas e representações, etc.

� Despesas financeiras líquidas

Diferença entre as receitas e as despesas financeiras. As despesas financeiras englobam os juros pagos a instituições financeiras relativo a empréstimos, as comissões bancárias, os impostos sobre operações financeiras, os descontos concedidos a clientes quando da antecipação dos pagamentos, etc. As receitas financeiras compreendem os juros obtidos pelas

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aplicações de saldo de caixa, os descontos obtidos de fornecedores, os juros cobrados por atraso de pagamento de clientes, etc.

� Outras despesas operacionais

É a diferença entre as receitas operacionais e as despesas operacionais que não integram os itens anteriores. Incluem receitas de aluguéis, de transações eventuais (venda de sucatas), de participação de sociedades coligadas ou controladas, etc.

� Resultados não operacionais

Correspondem os ganhos e as perdas de capital, sendo resultantes de operações relacionadas à baixa por obsolescência ou à venda de bens ou direito do ativo permanente.

� Provisão para a contribuição social e IR

A contribuição social e o IR tem como base o lucro real, no caso de empresas que fizeram opção por esse modo de tributação.

� Participações e contribuições

Compreendem as parcelas do resultado distribuídas aos empregados, administradores, debenturistas e outros interessados que tenham direito de participação no lucro da empresa. Já as contribuições compreendem as parcelas do resultado destinadas a instituições, como fundos de assistência ou previdência dos funcionários.

� Lucro ou prejuízo líquido do exercício

O lucro líquido é a parcela do lucro remanescente do exercício social. Todo ele, ou parte dele, será transferido para a conta reservas de lucro, e em eventual prejuízo, para prejuízos acumulados, constante do PL no Balanço de Pagamento. A parcela não retida pela empresa é distribuída a seus acionistas ou proprietários.

Notas Explicativas

� As demonstrações contábeis serão complementadas por notas explicativas necessárias aos esclarecimentos da situação patrimonial e dos resultados do exercício. Devem indicar:

a) Os principais critérios de avaliação de elementos patrimoniais, especialmente os estoques, depreciação, amortização e exaustão, dentre outros.

b) Os investimentos em outras sociedades, quando relevantes.

c) O aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações.

d) Os ônus reais constituídos sobre os elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes

e) As taxas de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo

f) A quantidade, as espécies e as classes das ações do capital social

g) As opções de compra de ações outorgadas e exercidas n exercícios

h) Os ajustes dos exercícios anteriores

i) Os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.

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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTO

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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTO

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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTO

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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

CONTAS DO BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo

� Ativo Circulante

Contas que representam bens e direitos. Possuem liquidez imediata, ou que possam ser convertidas em dinheiro no curto prazo.

� Ativo Realizável a Longo Prazo

Direitos cujos vencimentos ocorrem após o término do próximo exercício fiscal. Com o passar do tempo essas contas são transferidas para o AC, tais como adiantamentos ou empréstimos a sociedade coligadas, a diretores, acionistas, etc.

� Ativo Permanente

Aplicação de recursos que tem caráter permanente na empresa, que não pretende vender.

Passivo

� Passivo Circulante

São as obrigações a pagar no curto prazo, ou seja, obrigações cujo vencimento ocorrerá até o termino do próximo exercício social.

� Exigível a Longo Prazo

São as obrigações a pagar cujo vencimento ocorrerá após o encerramento do próximo exercício social. São contas destes grupos: debêntures a resgatar, financiamentos junto a instituições financeiras, etc.

� Resultado dos Exercícios Futuros

Compreendem as receitas relativas a exercícios futuros que já foram recebidas, deduzidas dos respectivos custos e despesas incorridas ou a incorrer.

� Patrimônio Líquido

Representa os recursos pertencentes aos proprietários da empresa.

Balanço Patrimonial

Demonstrativo do Resultado do Exercício

É o relatório contábil que evidencia a formação do resultado líquido do exercício pelo confronto das receitas com os custos e as despesas apuradas em obediência ao regime de competência

Notas Explicativas

As demonstrações contábeis serão complementadas por notas explicativas necessárias aos esclarecimentos da situação patrimonial e dos resultados do exercício.

PRINCIPAIS PRINCÍPIOS

� Princípio do registro pelo valor original:

Estabelece que todos os registros de movimentações e transações são efetuados pelo seu valor de entrada, ou seja, o seu valor original.

� Princípio da competência:

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As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do exercício em que ocorrem, independentemente do seu recebimento ou de seu pagamento.

� Convenção da consistência:

Uma vez adotado determinado procedimento (entre todos os possíveis), ele não deverá ser alterado com freqüência, sob pena de prejudicar a comparação dos dados contábeis no tempo.

PRINCIPAIS USUÁRIOS

� Fornecedores

Interessam-se em conhecer a liquidez da empresa, ou seja, sua capacidade de quitar as obrigações em dia visando manter o fornecimento de bens e serviços.

� Clientes

Interessam-se em conhecer, por exemplo, a situação de liquidez no curto prazo do fornecedor. Inclui compradores de bens que demandem longo prazo de execução ou compradores que têm forte dependência de um mesmo fornecedor.

� Instituições Financeiras

Buscam conhecer as condições financeiras da empresa em relação à sua capacidade de gerar caixa para pagamento de juros e amortização do principal de dívidas.

� Concorrentes

Buscam conhecer a empresa em seus pontos fortes e fracos. As demonstrações contábeis de um concorrente contribuem para a auto-avaliação de uma empresa levando-a a aproveitar oportunidades e se precaver de ameaças.

� Acionistas atuais e potenciais

Buscam identificar a capacidade que as empresas nas quais pretendem aplicar seus recursos têm de remunerá-los adequadamente. São importantes para eles, por exemplo, os indicadores relacionados a dividendos, rentabilidade sobre o capital próprio e lucro por ação.

� Os próprios administradores

Buscam monitorar o desempenho da empresa reflexo de sua gestão.

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ALGUNS CONCEITOS DO BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO TOTAL 100%

PASSIVO CIRCULANTE

30 %

PASSIVO REALIZÁVEL A L. P.

- 20%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

50%

ATIVO TOTAL 100%

CAPITAL DE TERCEIROS PC + PRLP

50 %

CAPITAL PRÓPRIO

50%

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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU ANÁLISE DE B ALANÇOS

A análise de balanços, também chamada das demonstrações contábeis, proporciona um exame a respeito da posição atual e da evolução da situação econômica e financeira da empresa, bem como a comparação dela com outras.

PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO CIRCULANTE

PASSIVO

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

ATIVO PERMANENTE

CONTAS DE CURTO PRAZO

CONTAS DE

LONGO PRAZO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

CONTAS DE CURTO PRAZO

CONTAS DE LONGO PRAZO

CONTAS DE LONGO

PRAZO

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A finalidade da análise de balanços é auxiliar os usuários a otimizarem suas decisões em relação à empresa. Para tanto, eles combinam um conjunto de indicadores obtido a partir das demonstrações contábeis de uma empresa e as comparam com seus períodos anteriores, com indicadores de outras empresas do mesmo setor, bem como com os indicadores do próprio setor. Isso lhes permite tirar conclusões a respeito da empresa e, assim, estar suficientemente informados para tomar decisões.

As técnicas mais simples utilizadas para análise de balanços são a análise vertical, e a horizontal. Outra medida tradicional de avaliação é a realizada por meio de índices econômico-financeiros.

Análise Vertical:

A análise vertical consiste em uma comparação da representatividade, em percentual, da conta com o grupo de contas a que pertence. Para o Balanço de Pagamento, o cálculo da participação relativa das contas do ativo é feito por meio da divisão do valor de cada conta pelo valor total do ativo, multiplicando por cem, aplicando-se o mesmo procedimento para as contas do passivo. Obrigatoriamente o total do ativo e o total do passivo terão um total de 100%. Normalmente não usamos casas depois da vírgula, arredondando os valores percentuais. Para o DRE o cálculo é feito por meio da divisão do valor de cada conta pelo valor da receita operacional líquida, que, nesse caso, tem o percentual igual a 100.

Análise Horizontal:

A análise horizontal evidencia a evolução das contas das demonstrações contábeis ao longo dos anos. Para isso, o número-índice-base é igual a 100 e é estabelecido para os valores de cada conta das demonstrações mais antigas. Nos números índices dos mais recentes são calculados de acordo com a seguinte equação:

Valor da conta na data mais recente Número Índice =

x 100 Valor da conta na data mais antiga

É preciso ter cuidado com o cálculo e com a análise por meio de números-índices em situações em que, por exemplo, a empresa tenha apresentado prejuízo e, nos anos seguintes, tenha apresentado lucros, ou seja, na demonstração antiga, uma conta estiver sem valor (neste caso, deve-se analisar a conta em números absolutos, ema vez que não é possível a divisão por zero).

Índices Econômicos Financeiros

A análise de índices ajuda a revelar a condição global de uma empresa. Auxiliam analistas e investidores a determinar se a empresa está sujeita ao risco d insolvência e se está indo bem em relação ao seu setor de atividade ou aos seus concorrentes. Os investidores

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consultam os índices para avaliar melhor o desempenho e o crescimento da empresa. Conseqüentemente, índices financeiros medíocres geralmente levam a custos mais elevados de financiamento, enquanto bons índices muitas vezes significam que os investidores estarão dispostos a colocar recursos à disposição da companhia com custos mais razoáveis. Os bancos usam os índices para determinar se concedem crédito e, em caso positivo, qual o seu valor.

Os credores preocupam-se quando uma empresa não gera lucros suficientes para fazer os pagamentos periódicos de juros sobre as dívidas existentes. Também ficam apreensivos em relação às empresas que têm os mais altos índices de endividamento, já que uma tendência ao dec1ínio nos negócios pode levar a empresa à insolvência. Os analistas de títulos constantemente monitoram os diferentes índices financeiros das companhias por meio de planilhas eletrônicas computadorizadas. Por meio dessa análise, podem detectar os pomos fortes e fracos de diferentes empresas.

Os dirigentes utilizam os índices financeiros para monitorar as operações, a segurando-se de que suas empresas estão usando os recursos disponíveis de forma eficaz, e para evitar a insolvência. A idéia édescobrir se a posição financeira e operacional da empresa está melhorando com o passar do tempo e se seus índices globais estão melhores ou piores que os índices dos concorrentes.

Quando esses índices ficam abaixo de certos padrões, é responsabilidade do dirigente retomar o controle antes que surjam problemas sérios.

A análise do índice permite-nos um melhor entendimento das relações entre o balanço patrimonial e o demonstrativo de resultado. Por exemplo, para calcular o retorno do investimento da empresa, precisamos do valor do ativo total do balanço patrimonial e do lucro líquido do demonstrativo de resultado. Além disso, alguns indicadores podem indicar o grau de eficácia com que os ativos estão sendo usados e se a estrutura de financiamento é das melhores. Sem dúvida, o uso dos índices financeiros é um instrumento importante no planejamento financeiro moderno.

Os índices econômico-financeiros são obtidos por meio da relação entre as contas ou grupos de contas das demonstrações contábeis e podem ser agrupadas de diferentes maneiras. As mais comuns são:

1) Índices de Liquidez;

Ograu de liquidez de um ativo depende da rapidez com que ele é transformado em caixa sem incorrer em perda substancial. A administração da liquidez consiste em equiparar os prazos das dívidas com os prazos dos ativos e outros fluxos de caixa a fim de evitar a insolvência técnica. A mensuração da liquidez é importante. A questão central, entretanto, é a da capacidade de a empresa gerar caixa suficiente para pagar seu: fornecedores e credores.

Em essência, os índices de liquidez testam o grau de solvência da empresa. Medem a capacidade de pagamento das dívidas de empresa. Assim, servem para evidenciar a capacidade da empresa em pagar suas obrigações de acordo com seus bens e direitos. Mede a existência ou não de solidez financeira para pagar os compromissos com terceiros. Mede em unidades monetárias a quantidade de recursos que a empresa possui para pagar suas dívidas.

2) Índices de atividades;

Os índices de atividade determinam a rapidez com que uma empresa pode gerar caixa se houver necessidade. Evidentemente, quanto mais rápido uma empresa puder converter os estoques e contas a receber em caixa, melhor para ela. Os seguintes índices e cálculos consideram o ano tendo 360 dias.

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Mede a velocidade dos elementos patrimoniais, o tempo que uma empresa demora, em média, para receber duplicatas de clientes, pagar fornecedores e renovar estoque, além de medir os giros destas contas.

3) Índices de Endividamento;

Uma Empresa pode tomar dinheiro emprestado a curto prazo, principalmente para financiar se capital de giro, ou a longo prazo, sobretudo para comprar instalações ou equipamentos. Quando a empresa se endivida a longo prazo, compromete-se a efetuar pagamentos periódicos de juros – e liquidar o principal na data do vencimento. Para fazer isso, deve gerar lucro suficiente para cobrir os pagamentos das dívidas. Uma forma para descobrir o grau de endividamento de uma empresa é analisar vários índices de endividamento.

4) Índices de Lucratividade.

Os investidores, acionistas e administradores financeiros prestam bastante atenção à rentabilidade das empresas. A análise da lucratividade começa pelo exame da maneira pela qual os ativos foram empregados. Os bons dirigentes usam com eficiência seus ativos. Por meio do aumento da produtividade, eles são capazes de reduzir ou controlar as despesas. As taxas de retorno alcançadas por qualquer empresa são importantes se seus dirigentes pretendem atrair capitais e contratar financiamentos bem sucedidos para o crescimento da empresa.

Se as taxas de retorno para uma dada empresa ficarem abaixo do nível aceitável, o seu índice P/L (índice de mercado) e o valor de sua ação despencarão – eis por que a mensuração do desempenho do lucro é crucial para qualquer empresa.

Vejamos os índices:

1) ÍNDICES DE LIQUIDEZ

ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE =� ������� !"#$%�&�$''����� !"#$%�&�

Evidencia quanto à empresa tem de bens e direitos de curto prazo para cada unidade monetária de obrigações de curto prazo. Nem sempre mede a verdadeira liquidez de uma empresa. Obviamente, uma empresa com grandes reservas de caixa e de títulos negociáveis é mais líquida que outra que possua grandes estoques e tenha títulos a receber com prazos muitos variáveis.

ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA = ������ �� !"#$%�&()'��*"&'�$''��� �� !"#$%�& �

Evidencia quanto à empresa tem de bens e direitos mais rapidamente conversíveis em dinheiro para cada unidade monetária de obrigações de curto prazo. Eliminando a categoria de circulantes menos líquidos, os estoques, e concentrando-se em ativos mais facilmente conversíveis em caixa, o índice de liquidez seca determina se uma empresa pode cumprir suas obrigações com credores, se as vendas caíres drasticamente.

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2) ÍNDICES DE ATIVIDADE

PERÍODO MÉDIO DE COBRANÇA =�+",#�!$�$' $ �&!&-& .������ ������

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Evidencia, em média, quanto tempo a empresa leva para receber o montante de vendas, em dias. Encontrando o PMC de uma empresa ficamos sabendo quantos dias ela deverá esperar antes que suas contas a receber se transformem em caixa. Assim como outros índices, o período médio de cobrança deve ser examinado em conjunto com outras informações. Se a política da empresa é conceder crédito aos clientes por 38 dias, então um período (PMC) de 45,8 dias, por exemplo, implica que a empresa tem problemas para cobrar no prazo e deve rever sua política de crédito. Ao contrário, se a política atual da empresa é conceder 55 dias de prazo aos seus clientes, então, os 45,8 dias de média indicam que a política de cobrança da empresa é eficiente.

PERÍODO MÉDIO DE PAGAMENTOS =�+",#�!$�$' $ �$0$ .���� �� ������

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Indica quanto tempo, em média, a empresa demora a pagar os fornecedores. Apesar de ser calculado de modo similar ao cálculo do índice do período médio de cobrança, neste caso, é necessário estimar o montante de compras anuais a prazo, o que não é informado nas demonstrações contábeis. Para isso, consideram-se as compras a prazo como uma porcentagem do custo dos produtos vendidos (compras anuais a prazo = custos de produtos vendidos x percentual estimado de compras a prazo) Alternativamente, esse valor pode ser obtido pela equação: compras anuais = custos de produtos vendidos – estoque inicial + estoque final. Índice é indicado em dias.

PERÍODO MÉDIO DE ESTOCAGEM =�)'��*"&'. �"���� !���/�

Indica o número de dias, em média, que os estoques levam para serem renovados. Informam quantos dias a empresa, em média, leva para converter seus estoques em caixa. O giro do estoque é importante para uma empresa porque os estoques são os ativos circulantes menos líquidos. Como a empresa tem fundos (CG) imobilizados nos estoques, é vantajoso para ela vender o mais rápido possível para liberar o caixa para outros usos. Geralmente um alto giro de estoque é considerado um uso eficaz desses ativos. Estes índices devem ser comparados com a média do setor antes de qualquer interpretação a ser feita, porque os índices podem variar bastante de setor para setor. Companhias que vendem bens perecíveis, geralmente têm um baixo índice de conversão (do estoque em caixa) enquanto que um fabricante de escavadeiras o seu período de conversão é bem maior.

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3) ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO

ENDIVIDAMENTO GERAL =��$''��� �� !"#$%�&�)1�0í�&# $ 2������ 3��$# �x 100

Indica a relação percentual entre o capital de terceiros de curto e longo prazos e o Ativo Total. Demonstra em outras palavras, quanto do Ativo Total é financiado por recursos de terceiros. Quanto maior este índice, maior a dependência de capital de terceiros.

IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO =� ����� �& 4$%&%�&�$� �4ô%�� 2í*"�5�� x 100

Indica quanto do Ativo Permanente é financiado pelo Patrimônio Líquido, evidenciando maior ou menor dependência de capital de terceiros. Maior ou menor imobilização do Patrimônio Líquido.

4) ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE

MARGEM BRUTA =� 2"! � 6 "���&!&��$ 7,& $!��%$# 2í*"�5$�x 100

Indica a relação entre o lucro bruto e a receita operacional líquida. As margens de lucro bruto mostram o grau de eficiência da administração de uma empresa para usar materiais e mão de obra no processo de produção. Quando os custos de materiais e de mão de obra sobrem rapidamente, é possível que a margem de lucro bruto se reduza, a menos que a empresa possa transferir esses custos aos clientes aumentando o preço.

MARGEM OPERACIONAL =� 2"! � 7,& $!��%$#�&!&��$ 7,& $!��%$# 2í*"�5$� x 100

Indica a relação entre o lucro operacional e receita operacional líquida. Mostra o grau de sucesso da administração da empresa nos negócios, gerando seu lucro operacional.

MARGEM LÍQUIDA =� 2"! � 2í*"�5��&!&��$ 7,& $!��%$# 2í*"�5$�x 100

Indica a relação entre o lucro operacional e receita operacional líquida. A margem de lucro líquida é aquela oriunda de todas as fases de um negócio. Em outras palavras, esse índice compara o lucro líquido com as vendas. Algumas empresas têm margens líquidas

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acima de 20%, e outras, margens líquidas baixas, em torno de 3% a 5%. O nível dessas margens varia de setor para setor. Em geral, as companhias mais bem administradas registram maiores margens relativas de lucro porque seus recursos são administrados com mais eficiência. Do ponto de vista do investidor, é vantajoso para uma empresa manter as margens de lucro acima da média do setor e, se possível, demonstrar uma tendência de melhora. Quanto mais uma empresa mantiver baixas as suas despesas – qualquer que seja seu nível de vendas -, maior será seu índice da margem de lucro líquido.

TAXA DE RETORNO SOBRE O PL (ROE) =� 2"! � 2í*"�5��2(2"! � �&��5� %� )1& !í!��� x 100

O índice de retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) mede a taxa de retorno dos acionistas. Os analistas de mercado de capiatais, tanto quanto os acionistas, se interessam muito por este índice. Em geral quanto maior o retorno, mais atraente é a ação. Esse índice é uma forma de avaliar a rentabilidade e a taxa de retorno da empresa, que podem também ser comparadas às outras ações.

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XIII - EXERCÍCIOS DE ANÁLISE DE BALANÇO

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1) Usando a informação financeira da tabela A, calcule os índices relacionados para 1992 e 1993, indicando o que cada um deles implica, inclusive entre si:

a) Análise Vertical; b) Índice de Liquidez Corrente e Seca;

Contas 31/12/1992 31/12/1993 AV1 AV2ATIVOATIVO CIRCULANTE 2.500,00R$ 2.500,00R$ Caixa e Bancos 200,00R$ 300,00R$ Titulos Negociáveis 300,00R$ 200,00R$ Duplicatas a Receber 800,00R$ 1.000,00R$ Estoques 1.200,00R$ 1.000,00R$ Ativo RLP -R$ -R$ ATIVO PERMANENTE 3.300,00R$ 3.700,00R$ Imobilizado 3.300,00R$ 3.700,00R$ Total do ATIVO 5.800,00R$ 6.200,00R$

Contas 31/12/92 31/12/93 AV1 AV2PASSIVOPASSIVO CIRCULANTE 1.500,00R$ 1.300,00R$ Duplicatas a Pagar 300,00R$ 200,00R$ Notas a Pagar 200,00R$ 300,00R$ Outras Obrigações 1.000,00R$ 800,00R$ Passivo Exig Longo Prazo 1.000,00R$ 1.200,00R$ Financiamentos 1.000,00R$ 1.200,00R$ PATRIMÔNIO LÍQUIDO 3.300,00R$ 3.700,00R$ Capital 3.300,00R$ 3.700,00R$ Total do PASSIVO 5.800,00R$ 6.200,00R$

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Liquidez

Liquidez CorrenteLiquidez Seca

Análise:

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2) Abaixo os dados da Cia São Bernardo S.A. BALANÇO PATRIMNONIAL

Contas 31/12/2001 31/12/2002 AH AH 2/1ATIVOATIVO CIRCULANTE 83.300,00R$ 117.600,00R$ Caixa e Bancos 14.000,00R$ 14.400,00R$ Aplicações Financeiras 800,00R$ 1.200,00R$ Duplicatas a Receber 37.000,00R$ 42.000,00R$ Estoques 31.500,00R$ 60.000,00R$ Ativo RLP -R$ -R$ ATIVO PERMANENTE 125.700,00R$ 143.400,00R$ Investimentos 15.700,00R$ 15.700,00R$ Imobilizado 94.350,00R$ 112.700,00R$ Diferido 15.650,00R$ 15.000,00R$ Total do ATIVO 209.000,00R$ 261.000,00R$

Contas 31/12/01 31/12/02 AH 1/0 AH 2/1PASSIVOPASSIVO CIRCULANTE 61.000,00R$ 78.000,00R$ Empréstimos Bancários 8.000,00R$ 15.000,00R$ Duplicatas Descontadas 5.000,00R$ 3.000,00R$ Duplicatas a Pagar 21.200,00R$ 25.000,00R$ Outras Obrigações 26.800,00R$ 35.000,00R$ Passivo Exig Longo Prazo 35.700,00R$ 45.000,00R$ Financiamentos 35.700,00R$ 45.000,00R$ PATRIMÔNIO LÍQUIDO 112.300,00R$ 138.000,00R$ Capital 69.000,00R$ 69.350,00R$ Reservas de Lucros 43.300,00R$ 68.650,00R$ Total do PASSIVO 209.000,00R$ 261.000,00R$ DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO

31/12/01 AV1 AV2 AH AH 2/1330.000,00R$

(210.000,00)R$ (210.000,00)R$ 120.000,00R$ (57.000,00)R$ (33.000,00)R$ (24.000,00)R$ 63.000,00R$ (6.555,00)R$

-R$ 56.445,00R$

(19.756,00)R$ 36.689,00R$

-R$ 36.689,00R$ (=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 25.350,00R$

(-) PREVISÕES PARA A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E IR (13.650,00)R$ (=) LUCRO APÓS CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E IR 25.350,00R$ (-) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES -R$

(-) Despesas Financeiras Líquidas (9.000,00)R$ (+/-) Resultados não Operacionais -R$ (=) LUCRO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E DO IR 39.00 0,00R$

Despesas Administrativas (35.000,00)R$ Despesas de Vendas (32.000,00)R$ (=) LUCRO OPERACIONAL OU LAJIR 48.000,00R$

(-) DESPESAS OPERACIONAIS (67.000,00)R$

Dados do DRE 31/12/02RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 365.000,00R$ (-) CUSTO OPERACIONAL (250.000,00)R$ Custo dos Produtos Vendidos - CPV (250.000,00)R$ (=) LUCRO BRUTO 115.000,00R$

a) Calcule a análise horizontal da empresa, fazendo a análise do DRE. Após analise os índices de atividade – PMC (PMR), PMP e PME (CF e CG).

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Atividade 2001 2002Período Médio de CobrançasPeríodo Médio de PagamentosPeríodo Médio de Es tocagem

3) Abaixo os dados da Cia São Bernardo S.A.

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Contas 31/12/2001 31/12/2002 AV1 AV2 AH 1/0 AH 2/1ATIVOATIVO CIRCULANTE 83.300,00R$ 117.600,00R$ Caixa e Bancos 14.000,00R$ 14.400,00R$ Aplicações Financeiras 800,00R$ 1.200,00R$ Duplicatas a Receber 37.000,00R$ 42.000,00R$ Estoques 31.500,00R$ 60.000,00R$ Ativo RLP -R$ -R$ ATIVO PERMANENTE 125.700,00R$ 143.400,00R$ Investimentos 15.700,00R$ 15.700,00R$ Imobilizado 94.350,00R$ 112.700,00R$ Diferido 15.650,00R$ 15.000,00R$ Total do ATIVO 209.000,00R$ 261.000,00R$

Contas 31/12/01 31/12/02 AV1 AV2 AH 1/0 AH 2/1PASSIVOPASSIVO CIRCULANTE 61.000,00R$ 78.000,00R$ Empréstimos Bancários 8.000,00R$ 15.000,00R$ Duplicatas Descontadas 5.000,00R$ 3.000,00R$ Duplicatas a Pagar 21.200,00R$ 25.000,00R$ Outras Obrigações 26.800,00R$ 35.000,00R$ Passivo Exig Longo Prazo 35.700,00R$ 45.000,00R$ Financiamentos 35.700,00R$ 45.000,00R$ PATRIMÔNIO LÍQUIDO 112.300,00R$ 138.000,00R$ Capital 69.000,00R$ 69.350,00R$ Reservas de Lucros 43.300,00R$ 68.650,00R$ Total do PASSIVO 209.000,00R$ 261.000,00R$

Balanço Patrimonial

31/12/01 AV1 AV2 AH 1/0 AH 2/1330.000,00R$

(210.000,00)R$ (210.000,00)R$ 120.000,00R$ (57.000,00)R$ (33.000,00)R$ (24.000,00)R$ 63.000,00R$ (6.555,00)R$

-R$ 56.445,00R$

(19.756,00)R$ 36.689,00R$

-R$ 36.689,00R$ (=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 25.350,00R$

(-) PREVISÕES PARA A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E IR (13.650,00)R$ (=) LUCRO APÓS CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E IR 25.350,00R$ (-) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES -R$

(-) Despesas Financeiras Líquidas (9.000,00)R$ (+/-) Resultados não Operacionais -R$ (=) LUCRO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E DO IR 39.000,00R$

Despesas Administrativas (35.000,00)R$ Despesas de Vendas (32.000,00)R$ (=) LUCRO OPERACIONAL OU LAJIR 48.000,00R$

(-) DESPESAS OPERACIONAIS (67.000,00)R$

Demonstrações do ResultadoDados do DRE 31/12/02

RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 365.000,00R$ (-) CUSTO OPERACIONAL (250.000,00)R$ Custo dos Produtos Vendidos - CPV (250.000,00)R$ (=) LUCRO BRUTO 115.000,00R$

b) No exercício anterior analisamos o DRE em sua AH e os índices de atividade. Neste momento, analise os índices de endividamento e de lucratividade. Para efeito de parâmetros, a taxa SELIC acumulada em 2001 foi de 19% e de 2002 foi de 23%.

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Análise 31/12/01 31/12/02LucratividadeMargem BrutaMargem OperacionalMargem LíquidaROI - Retorno sobre InvestimentoEndividamentoEndividamento GeralImobilização do PL