Apost 2 Controle Qualidade 2013

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CONTROLE DE QUALIDADE Numa abordagem analítica química e produtiva industrial PROF. FRANCISCO SÁVIO GOMES PEREIRA PARTE 2 Fonte da imagem: <http://www.somaalimentos.com.br/cq.html>. Acesso em nov. 2013. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO - IFPE CURSO: TÉCNICO EM QUÍMICA RECIFE- 2013

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  • CONTROLE DE QUALIDADENuma abordagem analtica qumica e produtiva industrial

    PROF. FRANCISCO SVIO GOMES PEREIRA

    PARTE 2

    Fonte da imagem: . Acesso em nov. 2013.

    INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO - IFPE

    CURSO: TCNICO EM QUMICA

    RECIFE- 2013

  • SUMRIO

    Pgina

    6. CONTROLE NA PRODUO DE SABES E DETERGENTES......................................................................... 04INTRODUO

    MATRIAS-PRIMAS DOS SABES

    MATRIAS-PRIMAS DOS DETERGENTES

    FABRICAO DOS SABES

    FABRICAO DOS DETERGENTES

    PROPRIEDADES DOS SABES

    PROPRIEDADES DOS DETERGENTES

    CONTROLE DE QUALIDADE DOS SABES E DOS DETERGENTES

    ATIVIDADE PRTICA CONTROLE DE QUALIDADE EM SABES E DETERGENTES

    REFERNCIAS

    EXERCCIOS PROPOSTOS

    7. CONTROLE NA PRODUO DE COSMTICOS ............................................................................................... 17INTRODUO

    NORMAS SANITRIAS

    CLASSIFICAO DOS PRODUTOS COSMTICOS

    CARACTERSTICAS DOS PRODUTOS COSMTICOS

    MATRIAS-PRIMAS DOS COSMTCOS

    FABRICAO DE COSMTICOS

    ETAPAS GENRICAS DO PROCESSO PRODUTIVO

    ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMTICOS

    CONTROLE DE QUALIDADE DOS COSMTICOS

    ENSAIOS SUGERIDOS PARA CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS COSMETICOS

    ATIVIDADE PRTICA CONTROLE DE QUALIDADE EM COSMTICOS

    REFERNCIAS

    EXERCCIOS PROPOSTOS

    8. CONTROLE NA PRODUO DE ALIMENTOS: BISCOITOS E REFRIGERANTES........................................ 39FUNDAMENTOS DAS TECNOLOGIAS E PRINCPIOS DE SEGURANA ALIMENTAR

    INTRODUO

    DEFINIO DE ALIMENTO

    DOENAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS (DTAs)

    TIPOS DE INDSTRIAS DE ALIMENTOS

    DEFINIES DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    OBJETIVOS DA INDSTRIA ALIMENTCIA E DA TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    REAS ENVOLVIDAS COM A TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    IMPORTNCIA DA TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    FATORES CONTRIBUINTES PARA A TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    ENGENHARIA AGRONMICA X TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    APLICAES DA TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    MATRIA-PRIMA INDUSTRIAL

    PRINCIPAIS OPERAES BSICAS DA TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    OPERAES UNITRIAS NO PROCESSO DE ALIMENTOS

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  • FASES DE PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS

    ALTERAES DE ALIMENTOS

    PRINCPIOS DE SEGURANA ALIMENTAR

    CODEX ALIMENTARIUS

    ALIMENTOS SEGUROS

    OS MANIPULADORES DE ALIMENTOS

    BOAS PRTICAS DE FABRICAO (BPF)

    ANLISES DE PERIGOS E PONTOS CRTICOS DE CONTROLE (APPCC)

    EXIGNCIAS PARA ESTABELECIMENTOS QUE MANIPULAM ALIMENTOS

    LEGISLAO BRASILEIRA RELACIONADA COM ALIMENTOS

    REFERNCIAS

    8.1. CONTROLE NA PRODUO DE BISCOITOS ...................................................................................................... 65 INTRODUO

    DEFINIO E CLASSIFICAO

    MATRIAS-PRIMAS

    PROCESSO DE FABRICAO

    LEGISLAO APLICADA AOS BISCOITOS

    CONTROLE DE QUALIDADE EM BISCOITOS

    ATIVIDADE PRTICA CONTROLE DE QUALIDADE EM BISCOITOS

    REFERNCIAS

    EXERCCIOS PROPOSTOS

    8.2. CONTROLE NA PRODUO DE REFRIGERANTES .......................................................................................... 96INTRODUO

    DEFINIO E CONSIDERAES TCNICAS

    LEGISLAO, CLASSIFICAO E MATRIAS-PRIMAS

    PROCESSO PRODUTIVO

    ATIVIDADE PRTICA CONTROLE DE QUALIDADE EM REFRIGERANTES

    REFERNCIAS

    EXERCCIOS PROPOSTOS

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  • .........................................................................................................................................................

    .....6...CONTROLE NA PRODUO DE SABES E DETERGENTES........................................................................................................................................................................

    INTRODUOAs primeiras evidncias de um material parecido com sabo registradas na histria foram

    encontradas em cilindros de barro (datados de aproximadamente 2.800 a.C.), durante

    escavaes da antiga Babilnia. As inscries revelam que os habitantes ferviam gordura

    juntamente com cinzas, mas no mencionam para que o sabo era usado.

    De acordo com uma antiga lenda romana a palavra saponificao tem sua origem no Monte

    Sapo, onde realizavam sacrifcios de animais. A chuva levava uma mistura de sebo animal

    (gordura) derretido, com cinzas e barro para as margens do Rio Tibre. Essa mistura resultava

    numa borra (sabo). As mulheres descobriram que usando esta borra, suas roupas ficavam

    muito mais limpas. A essa mistura os romanos deram o nome de Sabo e reao de

    obteno do sabo de Reao de Saponificao.

    A fabricao do sabo uma das atividades industriais mais antigas de nossa civilizao.

    Historiadores afirmam que sua origem remonta a um perodo anterior ao sculo XXV a.C.

    Nesses mais de 4500 anos de existncia, a Indstria Saboeira evoluiu, sofreu modificaes na

    tcnica graas a muitas experincias prticas e a estudos tericos da natureza qumica das

    matrias primas, desenvolvidas por incansveis pesquisadores. Tecnicamente falando a

    Indstria Saboeira nasceu muito simples e tinha uma maior relao de dependncia das

    atividades agropastoris do que no presente momento. A histria conta que os primeiros sabes

    eram obtidos por um demorado processo, no qual, misturavam-se os dois ingredientes: cinza

    vegetal, rica em carbonato de potssio e gordura animal, e esperava-se que eles se reagissem.

    As gorduras eram obtidas principalmente de cabras e carneiros e as cinzas de determinadas

    espcies arbreas e algas marinhas. Na realidade, o sabo nunca foi descoberto, mas surgiu

    gradualmente a partir dessas combinaes brutas de materiais alcalinos e matrias graxas. O

    sbio romano Plnio, o velho, autor da obra Histria Natural, descreve a fabricao do sabo

    duro e do sabo mole no sculo I. O mdico grego Galeno (130-200 d.C.), que fez carreira,

    fama e fortuna em Roma, tambm descreve uma tcnica segundo a qual o sabo podia ser

    preparado com gorduras e cinzas, apontando sua utilidade como medicamento para a remoo

    de sujeira corporal e de tecidos mortos da pele.

    No sculo XIII, a Indstria do Sabo foi introduzida na Frana, advinda da Itlia e da Alemanha.

    No sculo XIV, passou a se fixar na Inglaterra. Na Amrica do Norte o sabo era fabricado

    artesanalmente at o sculo XIX. A partir da surgem s primeiras fbricas. No Brasil a

    Indstria do sabo data da segunda metade do sculo XIX.

    Dois grandes avanos marcaram a revoluo na produo de sabes. Em 1791, Nicolas

    Leblanc, (1742-1806), farmacutico francs, aps dezesseis anos de pesquisa, sintetizou o

    carbonato de sdio (barrilha), atravs do aquecimento de cloreto de sdio com cido sulfrico.

    O produto era tratado com coque e calcrio em forno produzindo a barrilha. Com essa

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  • descoberta no era mais preciso pegar o lcali necessrio saponificao de cinzas da

    madeira. Atualmente a barrilha obtida pelo processo Solvay, mais prtico e econmico.

    Michel Eugne Chevreul, (1786-1889), qumico francs, entre 1813 e 1823 esclareceu a

    composio qumica das gorduras naturais e mostrou que a formao do sabo era na

    realidade uma reao qumica. Nessa poca, Domier completou esta pesquisa recuperando a

    glicerina das misturas da saponificao.

    Assim, os fabricantes do sculo XIX puderam ter uma idia do processo qumico envolvido,

    bem como dispor da matria prima necessria, e ento, com estas descobertas a fabricao do

    sabo tornou-se uma indstria significativa.

    O sabo est inserido na cultura h muito tempo, estudos comprovam sua existncia em

    sociedades orientais e ocidentais h mais de dois mil anos. Sua ligao com o progresso da

    sociedade bem estreita, existindo at estudos que mediram o grau de desenvolvimento de

    sociedades pela quantidade de sabo que consumiam. Hoje em dia, o sabo j no possui a

    importncia comercial de tempos atrs, mas a indstria saboeira continua tendo um carter

    essencial dentro de uma sociedade.

    A indstria saboeira responde por aproximadamente 25% da demanda de produtos de limpeza

    domstica, s perdendo para os detergentes que so os responsveis pela outra fatia do

    mercado. bom salientar que a produo mundial anual de sabo constante, o que significa

    que o mercado para o produto no encolheu, mas se adaptou. Grande parte da produo de

    sabo proveniente de pequenas indstrias ou indstrias artesanais, dada facilidade e

    acessibilidade das tcnicas de produo.

    As caractersticas de rendimento e qualidade do sabo dependem das matrias-primas

    utilizadas e do adequado balanceamento de seus componentes.

    A primeira verso dos detergentes surgiu na Europa, durante a primeira Guerra Mundial (1914-

    1918). Os primeiros detergentes eram obtidos da sulfatao (reao com cido sulfrico) dos

    lcoois graxos (isto , com cadeias de nmero de tomos de carbono superior a oito), obtidos

    de gorduras animais (sebo) e vegetais (leo de coco), seguida de neutralizao por hidrxido

    de sdio. Obtendo-se assim os alquilsulfatos de sdio, dos quais, o mais usado o

    dodecilsulfato de sdio, tambm chamado de lauril sulfato de sdio.

    De incio, os detergentes eram usados em lavagens da indstria txtil. Como eles se

    mostraram bastante eficientes passaram a ser usados com excelente desempenho na limpeza

    domstica, na fabricao de xampus e de cremes dentais, principalmente na Amrica do Norte.

    Com vinte anos de fabricao, os detergentes j eram mais comercializados do que os sabes.

    A sua solubilidade em gua dura tem sido o fator mais importante na aceitao dos detergentes

    sintticos.

    Na dcada de 30, do sculo XX, no mercado alemo e mais tarde nos Estados Unidos, foram

    desenvolvidos os alquilbenzenossulfonatos de sdio, dos quais o dodecil ou

    laurilbenzenossulfonato o mais comum. Ainda hoje o componente ativo das principais

    marcas de sabo em p e detergentes lquidos do comrcio. O dodecilbenzenossulfonato de

    sdio formado por matrias-primas provenientes da indstria petroqumica.

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  • MATRIAS-PRIMAS DOS SABESAs matrias-primas podem ser classificadas em trs tipos:

    Graxas: constitudas de gordura animal (banha, sebo, leos, etc.) ou de leo vegetal. As gorduras e leos industriais no so compostos pelo glicerdeo de um nico cido graxo, mas

    de uma mistura deles;

    Alcalinas: constitudas principalmente de hidrxido de sdio (soda custica) e hidrxido de potssio. Os sabes feitos com hidrxido de sdio so mais duros que os provenientes de

    potssio e, por isso mais indicados na lavagem de roupas e utenslios domsticos;

    Auxiliares: constitudas de cloreto de sdio (sal), silicato de sdio, carbonato de clcio, barrilha, amido, acar, glicerina, amido, corantes e essncias.

    O cloreto de sdio utilizado como carga e para aumentar a dureza da barra. O carbonato de

    sdio (barrilha) atua como agente alcalinizante, sequestrante e, tambm, para aumentar a

    dureza da barra. O carbonato de clcio utilizado como carga em sabes opacos. Os silicatos

    alcalinos so agentes alcalinizantes, sequestrantes, dispersantes e antioxidantes.

    Os antioxidantes mais usados so o hipossulfito de sdio e BHT (butil hidroxi tolueno). Os

    carboidratos tm a finalidade de aumentar a transparncia do sabo.

    Alm destes materiais tem-se tambm: branqueadores ticos (trata-se de compostos que

    transmite uma colorao azul quando submetida a uma radiao ultravioleta e possui efeito

    cumulativo nas roupas), tensoativos (Alquil sulfonato de sdio, lauril ter sulfato de sdio,...),

    sequestrantes (EDTA, EHDP,) e dispersantes (tripolifosfato de sdio).

    Em virtude da solubilidade e a consistncia dos sais de sdio dos diversos cidos graxos

    serem consideravelmente diferentes entre si, os fabricantes de sabo devem escolher a

    matria-prima de acordo com as propriedades que desejarem, no deixando de levar em

    considerao o preo de mercado e a qualidade que se deseja para o produto.

    MATRIAS-PRIMAS DOS DETERGENTESApresentam uma gama de matrias-primas, pois depender da sua finalidade principal.

    Podem-se classificar suas matrias-primas em dois grandes grupos: tensoativos e coadjuvantes.Tensoativos A classificao dos tensoativos baseada na atividade de sua estrutura qumica, priorizando a natureza inica. Nessa classificao incluem-se: aninicos, catinicos,

    no-inicos e anfotricos ou anfteros.

    Tensoativos aninicos possuem carga negativa na sua estrutura qumica. Alguns exemplos:

    Dodecil benzenosulfonato de sdio, Lauril sulfato de sdio, Lauril ter sulfato de sdio, Dodecil

    benzenosulfonato de monoetanolamina, Dodecil benzenosulfonato de trietanolamina,... Esses

    tensoativos so os que apresentam maiores quantidades de espuma.

    Tensoativos catinicos so os mais utilizados como antisspticos ou germicidas, sendo os

    mais difundidos os sais quaternrios de amnio. Alguns exemplos: cloreto de cetiltrimetil

    amnio, cloreto de alquildimetil benzil amnio, cloreto de dialquil dimetil amnio, cloreto de

    diestearil dimetil amnio (muito usado em amaciantes de roupas), cloreto de benzalcnio (muito

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  • utilizado como germicida e antissptico, quimicamente corresponde ao cloreto de alquil dimetil

    benzil amnio o radical alquil pode ser representado por cetil, palmitil, oleil, cerotil, estearil e

    outros).

    Tensoativos no-inicos e anfteros so mais sofisticados e utilizados para aplicaes mais

    nobres, pois apresentam propriedades peculiares como: grande poder emulsificante,

    desengordurante, baixa irritabilidade drmica e cutnea. Principais no-inicos: nonil fenol

    etoxilado, alcanolamidas de cidos graxos, oleato de sorbitan etoxilado... Principais anfteros:

    betanas de coco, cocoamidopropil betana,...

    Os tensoativos catinicos e aninicos no devem ser incorporados numa mesma formulao

    so incompatveis e formam precipitados.

    Coadjuvantes os mais importantes usados em detergentes so: sais inorgnicos (utilizados principalmente como cargas: cloreto de sdio, sulfato de sdio, tripolifosfato de sdio, fosfato

    de sdio, metassilicato de sdio, barrilha (carbonato de sdio)). Podem ter funo de limpeza e

    coadjuvantes de viscosidade; complexantes e sequestrantes (apresentam funes semelhantes, em linhas gerais so utilizados para remover ou inibir substncias interferentes:

    EDTA, cido ctrico e citrato de sdio so alguns exemplos); amnia (utilizada pelo seu alto poder de limpeza devido modificao de pH e ser voltil); corantes e essncias (servem para realar as propriedades organolpticas); solventes (potencialmente usados para remoo de gordura: etanol, propanol, butilglicol, etilenoglicol e outros so muito utilizados);

    antiespumantes, branqueadores ticos, estabilizantes, antidepositantes,...

    FABRICAO DOS SABES A produo dos sabes pode ser descrita de forma simplificada atravs das seguintes etapas:

    Mistura e Saponificao, Filtrao, Homogeneizao, Secagem, Refinao, Extruso, Corte,

    Condicionamento, Estampagem, Embalagem, Armazenamento e Expedio.

    Mistura e Saponificao Esta etapa depender do tipo de sabo que se deseja fabricar. O sabo obtido fazendo-se reagir cidos graxos de leos ou gorduras com solues alcalinas

    ou lixvias, numa reao chamada saponificao. Alguns desses cidos graxos usados so o

    olico, o esterico e o palmtico, encontrados sob a forma de steres de glicerila (oleatos,

    estearatos e palmitatos) nas substncias gordurosas.

    A saponificao feita a frio ou a quente. Nela a soda ou potassa atacam os referidos steres,

    deslocando a glicerina e formando, com os radicais cidos assim liberados, sais sdicos ou

    potssicos. Esses sais so os sabes, que, passando por um processo de purificao e adio

    de outros ingredientes, transformam-se nos produtos comerciais. Os sabes produzidos com

    soda so chamados de duros, e os produzidos com potassa, moles. A saponificao pode

    ocorrer em duas etapas: hidrlise e neutralizao (no caso de matrias-primas naturais: leos e

    gorduras) ou simplesmente neutralizao (no caso de cidos graxos isolados ou purificados). A

    seguir ilustrada a saponificao de um glicerdeo (leo ou gordura natural).

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  • Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 8

    FILTRAO/HOMOGENEIZAO

    Matrias-primas graxas

    SECAGEM

    REFINAO/EXTRUSO

    CORTE/ CONDICIONAMENTO/

    ESTAMPAGEM

    Sabo seco

    Aquecimento(alguns casos)

    Sabo filtrado e homogeneizado

    Sabo comercial

    Calor

    Pasta de sabo

    MISTURA/SAPONIFICAO

    Sabo extrudado

    EMBALAGEM/ARMAZENAMENTO/

    EXPEDIO

    PROCESSO DE FABRICAO DO SABO

    Borra

    Soluo alcalina

  • Filtrao Para eliminar grnulos gerados na mistura e que se no forem retidos tornar o sabo com qualidade indesejvel. Utilizam-se filtros com refrigerao.

    Homogeneizao A massa lquida filtrada (sabo) forada a passar atravs de rolos amassadores refrigerados para uniformizar o produto final.

    Secagem Remove de 70 a 90% da gua do sabo. Pode ser feita em tneis de secagem ou atomizadores a vcuo.

    Refinao e Extruso So operaes complementares da homogeneizao aplicada, no caso, a massa do sabo praticamente finalizada. Realizada atravs de compressores ou rosca

    sem-fim e cone de extruso com forma definida da barra de sabo que se deseja obter.

    Corte, Condicionamento, Estampagem e Embalagem Operaes de acabamento do sabo. O corte produz a adequao do tamanho e forma de apresentao do produto

    comercial. O condicionamento pode ser com a secagem complementar ou tempo de

    estocagem (espera) para que o sabo adquira melhores caractersticas. A estampagem

    consiste em inserir detalhes no sabo, tipo a logomarca do fabricante e a embalagem,

    atualmente so feitos atravs da compactao de tabletes com filmes encolhveis e colocao

    em caixas com a quantidade estabelecida.

    Armazenamento e Expedio O produto comercial (sabo), aprovados no controle de qualidade, mantido em local adequado, estocado em paletes ou estantes para ser distribudo

    para o mercado.

    FABRICAO DOS DETERGENTESProcesso muito mais simples do que para os sabes e envolve operaes bsicas,

    diferenciando-se pouco da forma fsica lquida ou em p. As etapas podem ser listadas como:

    neutralizao, mistura, aditivao, homogeneizao, secagem, embalagem e expedio.

    Neutralizao Quando a empresa no apresenta a etapa de sulfonao parte-se do cido sulfnico e procede-se o ajuste de pH com um ou mais alcalinizantes para obter o sal derivado

    neutro. Os alcalinizantes mais usados so o hidrxido de sdio, a trietanolamina, a barrilha e os

    silicatos alcalinos. A operao realizada adicionando-se gua ao reator, o alcalinizante ou

    soluo de alcalinizante e o cido sulfnico at atingir o pH neutro. O processo muito

    exotrmico que requer o resfriamento do reator.

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  • Homogeneizao Etapa necessria para completar a neutralizao das matrias-primas opostas (cido e base entre si). Tambm fundamental para aumentar a estabilidade da mistura

    e completar o resfriamento para facilitar as etapas seguintes. Pode ocorrer tambm aps a

    aditivao no caso de detergentes lquidos para uniformizar e garantir o mesmo padro em

    toda a extenso do produto atravs de misturadores. No caso de detergente em p aps a

    secagem e aditivao e a homogeneizao feita atravs de misturadores de ps.

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    HOMOGENEIZAO/

    cido sulfnico ou similares

    ADITIVAOADITIVAO/FILTRAO/SECAGEM

    ADITIVAO/HOMOGENEIZAO

    Detergente em p

    Resfriamento

    Detergente comercial

    Sal orgnico detergente

    NEUTRALIZAO

    Detergente lquido

    EMBALAGEM/ARMAZENAMENTO/

    EXPEDIO

    PROCESSO DE FABRICAO DO DETERGENTE COMERCIAL

    Aditivos

    Soluo alcalina

    gua tratada

    HOMOGENEIZAO

    Aditivos Calor

    Resfriamento

  • Aditivao Serve para incrementar qualidades ao produto final. Acrescentando diversos produtos enriquecedores e diferenciadores como sequestrantes, reguladores de espuma,

    cargas inertes, estabilizadores e outros que se desejem, respeitando-se a compatibilidade

    qumica da mistura.

    Secagem Operao exclusiva para o detergente em p. feita a partir da mistura lquida especfica (massa fluda ou slury) aps receber filtrao para eliminar possveis grumos que

    no foram homogeneizados.

    Embalagem, Armazenamento e Expedio Operaes de finalizao do produto que se destina ao mercado. A embalagem muito verstil, desde garrafas, filmes formadores de

    sacolas e caixas de papelo, todas dependendo da necessidade e projeto industrial. O produto

    comercial (detergente lquido ou p), aprovados no controle de qualidade, so mantidos

    estocados adequadamente para serem distribudos para o mercado.

    PROPRIEDADES DOS SABES

    Solubilidade - os sabes so sais sdicos ou potssicos. Suas propriedades variam consideravelmente, sendo os potssicos mais solveis em gua e lcool que os sdicos.

    Apresentam, igualmente, diferenas quanto solubilidade. Os sabes formados com cidos

    graxos saturados so menos solveis que os feitos com cidos graxos insaturados.

    Independente dessas consideraes de ordem geral, a solubilidade dos sabes depende em

    grande parte da natureza do corpo graxo

    Influi, tambm, consideravelmente, na solubilidade, a temperatura, pois os sabes de cidos

    graxos slidos, a frio no do solues lmpidas, mas s temperatura de ebulio.

    Quando os sabes so compostos de glicerdeos do cido esterico, exigem para seu

    desdobramento a presena de muita gua e este desdobramento faz-se, to somente, com a

    metade da gua que contm. O mesmo ocorre com os sabes de cido linolico e outros.

    Poder detergente - a saponificao parcial de um corpo graxo produz entre este corpo e sua parte saponificada uma mistura ntima que com a gua forma uma emulso, a qual tem a

    propriedade de no deixar mancha nos tecidos. Este fenmeno seria devido ao fato de o lcali

    liberado por hidrlise exercer ao saponificante sobre os componentes graxos da mancha, em

    cuja expulso coopera, tambm, a espuma do sabo. a propriedade de eliminao do poder

    de aderncia, com princpio mecnico, para limpeza, que se chama poder detergente. O sabo

    atua como um corpo viscoso que se interpe entre as matrias a eliminar e o tecido e, pela

    emulso produzida com as mesmas matrias, as elimina. Essa explicao tanto vale para

    sabes base de sais de cidos graxos como base de glicerdeos.

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  • De qualquer maneira, parece demonstrado que, em razo da heterogeneidade dos

    componentes das solues saponceas, o processo de deterso no um fenmeno simples e

    nico, mas mltiplo e complexo, a cujas maneiras se acomodam a soluo saponcea, em

    razo da mencionada heterogeneidade de seus componentes.

    Influncia dos silicatos no poder detergente dos sabes

    a) O sabo a que se adicionou silicato menos solvel que o sabo puro, o que,

    provavelmente, diminui o poder detergente deste sabo.

    b) Entretanto, debilita menos as fibras txteis, o que representa vantagem para a conservao

    de tecidos. Contudo, o silicato impede o perfeito contato da soluo saponcea com as

    matrias a eliminar.

    c) O sabo silicatado exige uma enxaguao mais abundante e completa do tecido lavado, a

    fim de eliminar os elementos minerais dos corpos vtreos solveis que, com o tempo, se

    aglomeram e amarelecem o tecido.

    d) A menor solubilidade do sabo silicatado d-lhe maior durao.

    Poder espumante - existe estreita relao entre o poder espumante e o poder detergente. A maior solubilidade do sabo condio de primeira ordem. A essa propriedade se ope, como vimos, a presena de sais dissolvidos no produto, especialmente se so de cal ou de magnsio. Da mesma forma, no se pode obter igual produo de espumas com guas salinas e isentas de sais.

    Por essa razo, obtm-se um aumento de poder espumante adicionando-se ao sabo, que tem

    essa propriedade em pequeno grau, um pouco mais de cido ricinolico ou de azeite, que

    torna, tambm, o sabo mais viscoso.

    Quando se trata de sabes moles (potssicos), contendo, por conseguinte, uma quantidade

    elevada de gua dura (isenta de sais) produz efeito inverso ao citado, pois que, evitando-se

    uma solubilidade excessiva, que equivaleria a uma espcie de dissoluo, em que a emulso

    necessria seria menos manifesta, aumentaria o poder espumante. O mesmo ocorre com os

    sabes em p.

    Atuao do sabo - Ao contrrio do que se pensa o sabo por si s no limpa coisa alguma. Essa aparente contradio pode ser entendida quando se sabe que o sabo um agente

    umectante que diminui a tenso superficial do solvente (gua), permitindo maior contato dos

    corpos com o lquido, que realmente limpa. Portanto, o sabo atua tornando a gua mais

    molhada do que j ! O sabo pode se misturar com leo, gordura e gua ao mesmo tempo.

    Isso ajuda a limpar a sujeira.

    A Qumica do sabo - A extremidade carboxlica (-COO-) de um nion sabo (polar) solvel em gua, sendo chamada hidroflica. A cadeia longa, hidrocarbnica (apolar), do on solvel

    em leos e chamada hidrofbica. Esta estrutura permite que os sabes dispersem pequenos

    glbulos de leo em gua.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 12

  • Quando uma gota de leo atingida pelo sabo, a cadeia hidrocarbnica do sabo penetra nos

    glbulos oleosos, e as extremidades polares ficam na gua, o que solubiliza a gota de gordura.

    Emulsificao de leo em gua por sabes.

    Sabo em gua dura - Os sabes, mistura dos sais de sdio dos cidos graxos em C12 e superiores, so ineficientes em gua dura (gua contendo sais de metais mais pesados,

    especialmente ferro e clcio). Os sabes so precipitados da gua dura na forma de sais

    insolveis de clcio ou ferro (note, por exemplo, o anel amarelado das banheiras).

    Biodegradabilidade do sabo - O sabo um produto biodegradvel, o que significa dizer que uma substncia que pode ser degradada pela natureza. Essa possibilidade de

    degradao das molculas formadoras do sabo muitas vezes confundida com o fato do

    produto ser poluente ou no. Ser biodegradvel no indica que um produto no causa danos

    ao ecossistema, mas sim, que o mesmo decomposto por microorganismos (geralmente

    bactrias aerbicas), aos quais serve de alimento, com facilidade e num curto espao de

    tempo.

    Dependendo do meio, a degradabilidade das molculas de sabo ocorre em curto espao de

    tempo ( 24 horas). A no existncia de ramificaes nas estruturas das cadeias carbonadas

    facilitam amplamente a degradao realizada pelos microorganismos.

    O sabo pode tornar-se um poluidor, basta observar que aps a utilizao o eliminamos na

    gua, junto com a sujeira. Essa mistura vai para o esgoto e, como muito comum, este, acaba

    desaguando diretamente nos rios, lagos ou oceanos, sem prvio tratamento. nesse meio que

    a mistura sabo-sujidades pode tornar-se poluidora. Este fato gera a eutrofizao das guas,

    isto , torna-as frteis ao aumento de culturas bacterianas. Vrios microorganismos,

    patolgicos ou no, alimentam-se da mistura de sabo e matria orgnica. Se ocorrer

    abundncia destes compostos, eles se proliferaro com maior facilidade. Como grande parte

    desses organismos necessita de oxignio para sobreviver, acabam reduzindo a quantidade do

    mesmo que est dissolvida em gua, e que, conseqentemente, leva os microorganismos

    aerbicos morte. A partir deste momento, a degradao realizada, com maior intensidade,

    por bactrias anaerbicas que, ao invs de produzirem CO2 (dixido de carbono) e H2O (gua)

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 13

  • como produtos finais, formaro CH4 (metano), H2S (cido sulfdrico) e NH3 (amnia), que so

    mais txicos e prejudiciais ao meio ambiente.

    Outra forma pela qual o sabo contribui para o aumento da poluio ocorre quando h

    formao exagerada de espumas nas superfcies dos rios e lagos.

    A camada de espuma encobre a superfcie, impedindo a penetrao dos raios solares e a

    interao da atmosfera com a gua. Esta obstruo mais evidente em rios cuja vazo

    pequena e as guas, agitadas. Nesses casos, leva plantas aquticas e peixes morte. Este

    fato, alm de prejudicial natureza, torna mais difcil e dispendioso o tratamento da gua para

    consumo humano. Por sorte o sabo suficientemente biodegradvel para que este fato no

    ocorra somente por sua utilizao. Atualmente os maiores causadores deste tipo de poluio

    so os detergentes no-biodegradveis. Neste caso, o sabo um mero auxiliar. A legislao

    brasileira atual probe tanto a produo como a comercializao de detergentes no-

    biodegradveis, evitando, assim, este tipo de poluio.

    PROPRIEDADES DOS DETERGENTESAtuao do detergente - Embora a maior parte dos detergentes seja destinada limpeza com gua, existem alguns produzidos para limpeza com outros solventes, como no caso dos leos

    para motores, onde a gua no pode ser usada. Nesse caso, o sdio e o potssio so

    substitudos por metais, como o chumbo ou o clcio.

    Os detergentes possuem as mais diversas aplicaes, que vo desde a limpeza domstica at

    industrial. Sua tecnologia, pouco desenvolvida at 1934, evolui bastante a partir dessa poca,

    tornando sua produo altamente industrializada.

    Os detergentes so compostos de molculas que contm grandes grupos hidrocarbnicos, os

    grupos hidrofbicos (que no tem afinidade pela gua), e um ou mais grupos polares, os

    grupos hidroflicos (que tm afinidade pela gua). As partes no-polares de tais molculas

    dissolvem-se em gorduras e leos e as pores polares so solveis em gua. A capacidade

    de limpeza dos detergentes depende da sua capacidade de formar emulses com materiais

    solveis nas gorduras. Na emulso, as molculas de detergente envolvem a "sujeira" de modo

    a coloc-la em um envelope solvel em gua, a micela. Partculas slidas de sujeira dispersam

    na emulso. As cadeias hidrocarbnicas no-polares dissolvem-se em leo e os grupos inicos

    polares em gua. As gotculas carregadas negativamente repelem-se mutuamente.

    Detergentes em gua dura - Os sais de clcio e ferro de hidrogeno-sulfatos de alquila so solveis em gua, e os sais de sdio destes materiais, por exemplo, CH3(CH2)10CH2OSO3-Na+

    (Lauril-sulfato de sdio) conhecidos como detergentes, so eficientes mesmo em gua dura.

    Estes detergentes contm cadeias alqudicas lineares como as gorduras naturais.

    DE DOS DETERGENTESBiodegradabilidade dos detergentes - Os primeiros detergentes produzidos apresentavam problemas com relao degradao pelo meio ambiente, tornando-se altamente poluidores,

    pois permaneciam nas guas de rios, lagos, etc. por um perodo muito grande. Neste caso,

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 14

  • devido permanente agitao das guas, causavam a formao de muita espuma, cobrindo a

    superfcie de rios, estaes de tratamento e redes de esgoto. Atualmente s so permitidos

    comercializao de detergentes biodegradveis e como caracterstica principal associada a

    cadeia hidrocarbonada linear.

    CONTROLE DE QUALIDADE DOS SABES E DOS DETERGENTES

    CONTROLE DE QUALIDADE DOS SABES

    Pode ser realizada nas matrias-primas ou no produto final.

    Na matria-prima pode-se destacar: ponto de fuso e solidificao (leos e gorduras),

    densidade, teor de gua, impurezas e cinzas, percentagem de cidos graxos, cidos graxos

    livres, ndice de refrao, ndice de iodo, ndice de saponificao, ndice de acidez, massa

    molecular mdia, ndice de esterificao.

    No sabo pronto pode ser realizado: amostragem, teor de gua (umidade), lcali livre, brax,

    amido, cloreto de sdio ou potssio, silicato de sdio, talco...

    CONTROLE DE QUALIDADE DOS DETERGENTES

    Para os detergentes pode-se destacar: substncia ativa, viscosidade (para produtos lquidos),

    cor (padro), odor (padro), ensaios de remoo de sujidade, pH (no produto puro ou em

    solues do produto).

    NOTA: Alguns roteiros prticos do controle de qualidade em sabes e detergentes so

    necessrios para realizao das anlises de qualidade destes insumos fazem parte

    de anexo e futuramente faro parte deste captulo.

    REFERNCIAS

    ALBERICI, R. M.; PONTES, F.F.F. de. Reciclagem de leo comestvel usado atravs da fabricao de sabo. Engenharia ambiental, Esprito Santo do Pinhal, v.1, n.1, pg. 73 a 760, jan./dez., 2004.

    LEITE, Lucimar Tunes. Produtos Qumicos: Sabo em p. SBRT. TECPAR: 2005.

    OSORIO, V. K. L.; OLIVEIRA, W. DE. Polifosfatos em detergentes em p comerciais. Qumica. Nova, Vol. 24, No. 5, 700-708, 2001.

    PEREIRA, Francisco S. G. Processos Qumicos. Apostila de Aulas. IFPE, 2010.

    Sabo. Disponvel em . Acesso em 15/05/08.

    SIVIERO, M. Sabo Preparo e Fabricao. Hemus, So Paulo: 1994.

    SHREVE, R. N.; BRINK JR, J. A. Indstrias de processos qumicos. Guanabara Dois S/A. Rio de Janeiro: 1980. 4 ed.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 15

  • EXERCCIOS PROPOSTOS

    1. Do ponto de vista analtico, construa uma tabela mostrando os diversos materiais normalmente amostrados na evoluo do controle de qualidade de: (a) sabo comercial (b) detergente lava louas. Nesta tabela procure colocar a finalidade da amostragem de cada material.

    2. Cite e explique, pelo menos 3 caractersticas do controle estatstico da qualidade, aplicadas ao processo produtivo de um: (a) detergente alcalino para pisos. (b) detergente em p enzimtico.

    3. Que procedimentos operacionais e analticos deveriam ser realizados para obter um concentrado tensoativo a 25%, derivado do cido dodecilbenzenosulfnico 90% utilizado para preparaes detergentes domissanitrias? Explique detalhado, inclusive com equaes qumicas ajustadas.

    4. Admita o processo produtivo de fabricao do sabo em barras tipo neutro, partindo do sebo bovino e leo de soja, dividido nas seguintes etapas: condicionamento da matria-prima, saponificao, preparao das barras e controle do produto final. Escolha, em cada etapa, um parmetro analtico essencial para o controle de qualidade total nesta produo. Explique sua finalidade na evoluo do processo produtivo, metodologia analtica usada para quantificao, possveis desvios nos valores especificados e formas de corrigir.

    5. Confronte, pelo menos 3, ensaios analticos usados no controle de qualidade de detergentes lava roupas lquido e lava roupas em p.

    6. Os diagramas 1 e 2 seguintes esquematizam um sistema de aplicao do Controle de Qualidade. Diante destes diagramas, ilustre uma situao cotidiana na anlise de qualidade na indstria de um amaciante de roupas. Explique suas escolhas.

    Diagrama 1 Diagrama 2

    7. Uma amostra (2,05g/2,02g/2,03g) de um sabo de coco comercial foi titulada com soluo de HCl 0,5 mol/L em meio aquoso sendo gastos (2,1mL/1,9mL e 2,0mL) at completa viragem do indicador fenolftalena. Calcule o teor de alcalinidade da amostra e explique sua condio para uso cotidiano.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 16

  • .........................................................................................................................................................

    .....7... CONTROLE NA PRODUO DE COSMTICOS E AFINS..............................................................................................................................................................................

    INTRODUOA diversidade empresarial marcante no setor cosmtico, no qual se verifica a presena de

    grandes empresas tanto nacionais como internacionais, diversificadas ou especializadas nas

    diversas categorias de produtos do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos. Esta

    diversidade tambm confirmada com a presena de um grande nmero de pequenas e

    mdias empresas com atuao focalizada em categorias especficas de produtos do setor.

    As pequenas e mdias empresas atuam, principalmente, em funo da simplicidade da base

    tcnica de alguns processos de manufatura, que se caracterizam pela manipulao de frmulas

    relativamente simples, o que torna comum encontrar exemplos de empresas de cosmticos

    que se desenvolveram a partir de um negcio de farmcia de manipulao.

    Geralmente, as linhas de produo em grande escala apresentam maior diversidade de

    categorias em sua manufatura, como, por exemplo, a produo de perfumes, xampus,

    maquiagem, esmaltes, tinturas, produtos destinados ao uso infantil, e outros. So raros os

    casos, pelo menos entre as maiores empresas, de especializao exclusiva na produo de

    apenas uma categoria, uma vez que existem heterogeneidade e diversidade marcantes de

    produtos no setor.

    O relacionamento estabelecido pelas indstrias de cosmticos com seus fornecedores de

    matrias-primas, de produtos semiacabados e de embalagens necessita assegurar

    sustentabilidade ao negcio (preo, qualidade, proteo ambiental e responsabilidade social).

    Assim como em outros setores industriais, esta cadeia de fornecimento apresenta uma

    interdependncia com os processos anteriores manufatura na prpria fbrica e o

    desempenho do produto final. Em funo disto, ao estabelecer as parcerias para fornecimento

    desses materiais, deve-se avaliar cuidadosamente a cadeia de fornecimento, como j fazem as

    indstrias qumica e farmacutica, entre outras.

    O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial de consumo de cosmticos, posicionado atrs

    de pases altamente desenvolvidos como Estados Unidos, Japo e Frana. Para continuar

    crescendo, as indstrias do setor de cosmticos, produtos de higiene pessoal e perfumes

    precisam se conscientizar da importncia de se investir em pesquisa e desenvolvimento,

    aplicar tecnologias de ponta para a inovao e diferenciao de novos produtos, incorporar

    princpios ativos extrados da biodiversidade brasileira e, principalmente, atender s normas

    sanitrias, no s para assegurar a qualidade do produto, como tambm para preservar a

    sade do consumidor e garantir a proteo do meio ambiente.

    Regulamentao Sanitria - Segundo a legislao sanitria brasileira, os produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos so definidos e regulados quanto forma e finalidade de uso

    pela Lei 6360 de 23 de setembro de 1976 e suas atualizaes, que dispe sobre a vigilncia

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 17

  • sanitria a que esto sujeitos estes produtos, regulamentada pelo Decreto Lei 79094 de 5 de

    janeiro de 1977 e outras normas especficas vigentes.

    A ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria foi criada com a finalidade de

    regulamentar, controlar e fiscalizar produtos, substncias e servios de interesse para a sade,

    o que inclui produtos cosmticos.

    A ANVISA publicou em 28 de agosto de 2000, a Resoluo n. 79, de forma a compatibilizar os

    regulamentos nacionais com os instrumentos harmonizados no mbito do Mercosul (GMC-

    110/94), adotando-se como definio de cosmticos, produtos de higiene e perfumes:

    Preparaes constitudas por substncias naturais ou sintticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lbios, rgos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com objetivo exclusivo ou principal de limp-los, perfum-los, alterar sua aparncia e/ou corrigir odores corporais e/ou proteg-los ou ainda mant-los em bom estado. RDC 211/2005.

    REGULAMENTAO ESPECFICA DOS PRODUTOS COSMTICOSResoluo N. 211/05 (Registro de produtos de grau 2 anterior RDC 79/00)Esta resoluo inclui:

    Procedimentos para Registro de Produtos

    Definio e classificao de Produto Cosmtico

    Definio de Produto Grau 1 e Grau 2

    Normas de rotulagem (geral e especfica):

    Adoo da nomenclatura INCI

    Requisitos Tcnicos para Produtos

    Documentos a serem encaminhados para a ANVISA e Documentos que ficam na empresa

    Resoluo 343/05 (Notificao de produtos de grau 1 anterior RDC 335/99)Esta resoluo inclui:

    Notificao totalmente On Line

    Toda documentao fica na empresa

    Prev as alteraes de notificao

    Prev a renovao de notificao

    Rastreabilidade do produto - Cdigo de barras

    Controle Sanitrio - monitoramento de produtos no mercado

    Auditorias dos Dossis

    Monitoramento de Produtos

    Maior responsabilidade s empresas

    Rotulagem Nmero Identificador (Cdigo de Barras).

    Resoluo Anvisa n. ____/05.

    Nmero de Autorizao de Funcionamento na Anvisa.

    Seguir as Normas de Rotulagem Obrigatria e Especfica, conforme legislao vigente.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 18

  • Resoluo 332/05 (Sistema de cosmetovigilncia)Obrigatoriedade de Implementao pelas empresas fabricantes / importadoras responsveis includas no

    Mercosul de um sistema de Cosmetovigilncia a partir de 31 de dezembro de 2005.

    Esta resoluo inclui:

    Registro dos relatos de ocorrncias de eventos adversos/avaliao

    Registro das medidas adotadas

    Notificao ANVISA

    NORMAS SANITRIASIndependentemente do tamanho da empresa e do tipo de produto fabricado, as empresas

    devem seguir as normas sanitrias que abrangem desde o projeto para a instalao da fbrica

    at o lanamento de um novo produto no mercado. Esses cuidados so necessrios, no s

    para assegurar a qualidade do produto, como tambm para preservar a sade do consumidor e

    garantir a proteo do meio ambiente.

    Entretanto, um grande nmero de empresas no se enquadra nas normas regulatrias ou as

    desconhecem. Apesar de grandes avanos, a informalidade sanitria ainda predomina e este

    um dos problemas que o setor precisa superar.

    Boas prticas de fabricao para produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumes - Ainda na fase de desenvolvimento do projeto arquitetnico, o futuro empresrio deve estar

    atento s especificaes exigidas pela Portaria n. 348, de 18 de agosto de 1997/SVS/MS, que determina a todos os estabelecimentos produtores de Produtos de Higiene Pessoal,

    Cosmticos e Perfumes, o cumprimento das Diretrizes estabelecidas no Regulamento Tcnico - Manual de Boas Prticas de Fabricao para Produtos de Higiene Pessoal,

    Cosmticos e Perfumes.

    A Portaria 348/SVS/MS um guia para fabricao de Produtos de Higiene Pessoal,

    Cosmticos e Perfumes no sentido de organizar e seguir a produo dos mesmos de forma

    segura para que os fatores humanos, tcnicos e administrativos que influem sobre a qualidade

    dos produtos sejam efetivamente controlados.

    Principais pontos a serem observados na implantao da indstria de cosmticos:

    a) Lay out o projeto arquitetnico deve prever a correta disposio de todos os setores e

    laboratrios de forma a obedecer a um fluxo lgico de produo, evitando o contra-fluxo de

    insumos e produtos acabados e o risco de ocorrncia de contaminao cruzada.

    b) Equipamentos devem ser adequados ao volume e ao tipo de produto que se pretende

    fabricar, e estar em boas condies de operao. O equipamento de produo de gua deve

    garantir a sua pureza, para assegurar a conformidade do produto acabado com os requisitos

    especificados.

    c) Pessoal - o pessoal a ser contratado deve ter conhecimentos, experincia e competncia

    adequada ao seu posto e receber treinamentos contnuos.

    d) Matrias-primas devem ser adquiridas de fornecedores qualificados e serem

    acompanhadas dos respectivos Certificados de Anlises que atestem sua qualidade.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 19

  • e) Limpeza e sanitizao as instalaes devem ser projetadas de forma a manter os

    ambientes, equipamentos, mquinas e instrumentos, assim como matrias-primas,

    componentes, granis e produtos acabados, em boas condies de higiene.

    O projeto arquitetnico dever ser submetido anlise prvia pela autoridade sanitria local ou

    estadual e as obras de construo da indstria somente devero ser iniciadas aps a sua

    aprovao.

    Alvar SanitrioAps o trmino das obras, contratao de colaboradores e instalao dos equipamentos, o

    empresrio dever solicitar uma vistoria pela autoridade sanitria local ou estadual para

    verificao do atendimento s normas de Boas Prticas de Fabricao. A vistoria ser

    realizada por fiscais da Vigilncia Sanitria local e/ou estadual de acordo com o Anexo II -

    Regulamento Tcnico - Roteiro de Inspeo para Indstria de Produtos de Higiene Pessoal,

    Cosmticos e Perfumes, constante da Portaria 348/SVS/MS.

    Durante esta vistoria, o Responsvel Tcnico dever apresentar o Manual de Boas Prticas de

    Fabricao da empresa e os Procedimentos Operacionais Padro (POPs) para a fabricao e

    controle de qualidade dos seus produtos.

    Estando todos os itens atendidos, a Secretaria de Vigilncia Sanitria local emitir o Alvar

    Sanitrio da empresa.

    Autorizao de Funcionamento de Empresas AFEA Autorizao de Funcionamento de Empresas AFE um ato privativo do rgo competente

    do Ministrio da Sade (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ANVISA), incumbido da

    vigilncia sanitria dos produtos de que trata o Decreto n. 79.094/77, contendo permisso para

    que as empresas exeram as atividades sob regime de Vigilncia Sanitria, mediante

    comprovao de requisitos tcnicos e administrativos especficos.

    CLASSIFICAO DOS PRODUTOS COSMTICOSPor Classe de Produto:

    Produtos de Higiene Pessoal

    Perfumes

    Cosmticos

    Produtos Infantis (Dec 79094/77 Arts. 49 e 50)

    Pelo Risco Sanitrio:

    Produtos de Grau 1

    Produtos de Grau 2

    CARACTERSTICAS DOS PRODUTOS COSMTICOSFinalidade: Limpar, Perfumar, Alterar aparncia, Corrigir odores corporais e Proteger/manter bom estado.

    rea de aplicao/uso: Pele, Sistema capilar, Lbios, Mucosa da cavidade oral, Dentes, Unhas, rgos genitais externos.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 20

  • MATRIAS-PRIMAS DOS COSMTCOSA maioria dos produtos cosmticos utiliza aditivos que melhoram sua eficcia ou reduzem seu

    custo.

    Em uma formulao ou composio cosmtica podem-se encontrar substncias ou grupo de

    substncias que vo compor as seguintes categorias: veculos ou excipientes, ativos ou

    princpios ativos, conservantes, corretivos, emolientes, umectantes, espessantes, hidratantes,

    corantes, pigmentos, perfumes ou leos essenciais. Essas matrias-primas podem ser de

    origem inorgnica ou orgnica, natural ou sinttica. Dentre estas tem-se:.

    Tensoativos - Substncias que podem reduzir a tenso superficial dos lquidos; classificam-se como: umectantes, detergentes, emulsionantes e solvente.

    A primeira substncia a ser estudada foi o sabo, produzido atravs de uma reao de hidrolise de uma gordura/leo numa soluo bsica resultando em glicerol e no sabo,

    propriamente dito.

    Atravs do estudo da molcula do sabo, estudou-se a sntese de outras molculas que

    tivessem a mesma (ou semelhante) constituio molecular, da surgiram os tensoativos.

    So constitudos por:

    Grupo Lipoflico grupo qumico solvel em leo/gorduras; so cadeias de hidrocarbonetos

    mais ou menos longas, ou estruturas derivadas.

    Grupo Hidroflico grupo qumico solvel em gua; grupos funcionais de carter inico.

    A solubilidade em gua de um agente tensoativo diminui com o aumento da cadeia lipoflica.

    Balano Hidroflico-Lipoflico (valor HLB) - Os tensoativos tambm podem ser classificados conforme seu valor HLB, numa escala de 0 (totalmente lipoflico) a 20 (totalmente hidroflico): importante conhecer valor HLB, pois deste deriva sua aplicao:

    Valor de HLB Aplicao

    3 - 6 Emulsionantes gua/leo (A/O)7 - 9 Umectantes

    8 - 18 Emulsionantes leo/gua (O/A)11 - 15 Detergentes15 - 18 Solventes

    Dispersantes - Agem como os emulgadores das emulses, colocando-se nas interfaces; sua presena torna possvel disperses coloidais ou suspenses de slidos em lquidos, nos quais

    estes no so solveis. O dispersante age impedindo a reaglomerao dos slidos.

    Umectantes - Substncias que tem a propriedade de molhar rapidamente outras substncias; tem HLB 7 a 9 (so lipoflicos).

    Os substratos txteis crus no absorvem gua, devido a presena de gorduras e leos

    (naturais/adicionados artificialmente na fiao) que impedem a penetrao de gua.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 21

  • Quando da adio de umectantes a gua, devido a afinidades destes por gorduras, a tenso

    superficial da gua reduzida e o material txtil se molha.

    Detergentes - So tensoativos que tem a propriedade de umectao, remoo e disperso da sujeira e de emulgador de gorduras.

    A ao do detergente regulada pelo seu valor HLB (11 15):

    - HLB baixo: maior capacidade de umectao;

    - HLB alto: maior capacidade de emulsionar gorduras na gua, e menor capacidade de

    umectao.

    Carter inico dos tensoativos Os tensoativos podem ser classificados como:

    Tensoativo catinicos (substncia ction ativa): tem grupo qumico carregado (+).

    Os grupos mais comuns so os grupos amnicos (freqentemente encontrados nos

    amaciantes);

    Tensoativos aninicos (substncia anionativa) tem grupo qumico carregado (-).

    Seus radicais mais comuns so os grupos carboxlicos, sulfnicos e sulfatos (freqentemente

    encontrados nos detergentes, umectantes, dispersantes e emulsionantes).

    Tensoativos no inicos: no se ionizam, logo no possuem carga. Os radicais mais comuns

    so ter, hidroxi, ster.

    Tensoativos anfteros: podem assumir carter catinicos ou aninico dependendo do pH do

    meio.

    Quelantes/seqestrantes - Agentes quelantes ou seqestrantes aparecem praticamente em todas as frmulas de produtos de cosmticos.Estes compostos retiram ons que esto presentes na gua e que podem reduzir a ao do

    produto como os ons clcio e magnsio, componentes que tornam a gua dura e prejudicam a

    ao dos tensoativos aninicos (sabes e detergentes) ou interferem na formulao.

    Corantes - Os corantes utilizados em formulaes servem mais como um apelo de marketing e normalmente esto vinculados ao odor. Deve-se sempre verificar se o corante tem seu uso permitido por lei e se o mesmo no interfere nas aplicaes finais do produto.Essncias odorficasSo utilizadas para caracterizar o produto e tornar o seu uso mais agradvel, encobrindo o odor

    forte de matrias-primas da formulao.

    FABRICAO DE COSMTICOSDescrio do Processo Produtivo e Principais Aspectos Ambientais - Considerada a necessidade de se conhecer o processo produtivo para a proposio de melhorias ambientais para o setor, so

    abordadas, de maneira sucinta, as caractersticas e etapas de fabricao de produtos, bem como

    identificados os principais aspectos ambientais associados ao desenvolvimento das atividades produtivas.

    Segmentos do Setor - De acordo com a definio de cosmticos, as preparaes tm como finalidade: limpar, perfumar, mudar a aparncia, proteger, manter em boas condies ou corrigir odores corporais.

    Dada diversidade de utilizao e de produtos, o setor pode ser subdividido em trs segmentos bsicos:

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 22

  • Higiene Pessoal: engloba sabonetes, produtos para higiene oral, desodorantes axilares e corporais,

    talcos, produtos para higiene capilar e produtos para barbear. Tambm esto contidos nesse segmento

    absorventes, papis higinicos e fraldas descartveis.

    Entretanto, tais produtos no sero contemplados nesse texto em funo das caractersticas

    diferenciadas de seus processos produtivos.

    Perfumaria: composto pelas guas de colnia, perfumes, extratos e loes ps-barba.

    Cosmticos: constitudo por produtos para colorao, tratamento, fixao e modelagem capilar,

    maquiagem, protetores solares, cremes, loes para a pele e depilatrios.

    Principais Caractersticas - Apesar da diversidade, os produtos citados so obtidos por processos fabris caracterizados por:

    Baixo consumo de energia: grande parte dos processos realizada temperatura ambiente. Aqueles que necessitam de aquecimento so feitos por curto perodo de tempo, atingindo uma temperatura

    mxima de 80 C, em funo da caracterstica da maioria das matrias-primas, que se degradam quando

    expostas a temperaturas superiores. A quase totalidade dos produtos possui seus procedimentos de

    envase temperatura ambiente.

    Grande consumo de gua: considerada, em termos de quantidade, como uma das principais matrias-primas na fabricao de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos. Alm da incorporao em

    muitos produtos, a gua tambm utilizada em sistemas de resfriamento, na gerao de vapor, bem

    como em procedimentos de limpeza e sanitizao de mquinas, equipamentos, tubulaes de

    transferncia e mangueiras.

    Produo por batelada: a produo de forma descontnua (processo pelo qual as matrias-primas adicionadas so convertidas em produto final), em uma determinada quantidade, num prazo de tempo

    determinado, o que implica variveis a serem controladas de uma batelada para outra. utilizada,

    principalmente, em funo da diversidade de produtos e das quantidades necessrias para suprir a

    demanda de mercado.

    Aspectos Ambientais - Segundo o definido pela norma NBR ISO 14001 da ABNT, aspecto ambiental o elemento das atividades, produtos e/ou servios de uma organizao que pode interagir (alterar) com o

    meio ambiente de forma adversa ou benfica. Os aspectos ambientais so constitudos pelos agentes

    geradores das interaes, como, por exemplo, emisso atmosfrica, odor, resduos, consumo de

    matrias-primas, energia, gua, entre outros.

    Para fins de desenvolvimento deste texto, a identificao dos principais aspectos ambientais consistiu na

    determinao, para cada etapa do processo de produo, das diversas entradas e sadas de matria e/ou

    de energia.

    Etapas do Processo Produtivo - As atividades relacionadas ao recebimento, armazenagem, separao e pesagem de matrias-primas, alm de suas anlises fsico-qumicas e organolpticas (para fins de

    controle de qualidade, quando aplicvel), ao envase, embalagem, armazenamento e expedio de

    produto acabado so consideradas comuns na obteno de todos os produtos, e, portanto so

    apresentadas na forma de um fluxograma geral.

    Devido s diferenas verificadas nos processos industriais de cada tipo de produto, as etapas e atividades

    associadas produo propriamente dita devem ser individualmente descritas e representadas em

    fluxogramas especficos, de forma individual ou agrupada, em funo das respectivas similaridades fabris.

    Processo Produtivo - As etapas e respectivas atividades consideradas comuns maior parte dos processos produtivos envolvidos compem o diagrama representado na figura.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 23

  • ETAPAS GENRICAS DO PROCESSO PRODUTIVO

    Recebimento de matrias-primas: verificao do material recebido, por amostragem e anlises. Eventuais desconformidades identificadas podem levar devoluo dos compostos

    aos respectivos fornecedores.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 24

    ARMAZENAMENTO

    Matrias-primas

    PESAGEM E SEPARAO DE

    MATRIAS-PRIMAS

    PRODUO

    ENVASE/EMBALAGEM

    Materiais de embalagens

    Palletsetc

    Cosmtico comercial

    ANLISES

    FISICO-QUMICAS E

    MICROBIOLOGIAS

    RECEPO DE MATRIAS-PRIMAS

    Sabo extrudado

    ARMAZENAMENTO/EXPEDIO

    FLUXOGRAMA GERAL DO SETOR DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMTICOS

  • Armazenagem: estoque de matrias-primas, embalagens para os produtos acabados e demais insumos normalmente recebidos em recipientes retornveis. Pode haver segregao de

    produtos, por razes de compatibilidade, bem como necessidade de condies especiais de

    conservao, como, por exemplo, refrigerao.

    Pesagem e separao de matrias-primas para produo do lote: para cada produto a ser obtido, as matrias-primas so previamente separadas e pesadas de acordo com as

    quantidades necessrias, e encaminhadas produo. Os insumos recebidos a granel e

    estocados em tanques ou silos podem ser conduzidos ao setor produtivo por linhas de

    distribuio, dependendo do nvel tecnolgico da empresa.

    Produo: em funo da diversidade de produtos e das peculiaridades verificadas em seus processos produtivos, para essa etapa foram desenvolvidos fluxogramas especficos por tipo

    ou grupo de produtos que envolvam operaes similares.

    Anlises: uma vez finalizado, o lote produzido amostrado e submetido a anlises fsico-qumicas e microbiolgicas (quando aplicvel), e, aps atestada sua adequao, este

    encaminhado para envase/embalagem. Nos casos em que o produto acabado no est de

    acordo com os padres estabelecidos, o lote poder ser reprocessado a fim de atender s

    exigncias/padro de qualidade e reaproveitado na fabricao de outros produtos ou

    descartado.

    Envase/Embalagem: confirmada a adequao do produto, o mesmo acondicionado em recipientes apropriados e identificados. Esta etapa engloba o acondicionamento de produtos

    em frascos (plsticos ou de vidro), sacos, bisnagas ou o empacotamento, no caso de

    sabonetes, por exemplo. Uma vez embalado, o produto identificado por rtulo ou impresso.

    Armazenamento de produtos acabados: o produto, j acondicionado em embalagem para comercializao, encaminhado para a rea de armazenamento, onde permanece at que

    seja enviado ao cliente.

    Expedio: ponto de sada dos produtos acabados para o comrcio.

    ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMTICOSO estudo da estabilidade de produtos cosmticos fornece informaes que indicam o grau de

    estabilidade relativa de um produto nas variadas condies a que possa estar sujeito desde

    sua fabricao at o trmino de sua validade.

    Essa estabilidade relativa, pois varia com o tempo e em funo de fatores que aceleram ou

    retardam alteraes nos parmetros do produto. Modificaes dentro de limites determinados

    podem no configurar motivo para reprovar o produto.

    O estudo da estabilidade de produtos cosmticos contribui para:

    Orientar o desenvolvimento da formulao e do material de acondicionamento adequado;

    Fornecer subsdios para o aperfeioamento das formulaes;

    Estimar o prazo de validade e fornecer informaes para a sua confirmao;

    Auxiliar no monitoramento da estabilidade organolptica, fsico-qumica e microbiolgica,

    produzindo informaes sobre a confiabilidade e segurana dos produtos.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 25

  • Fatores que influenciam a estabilidadeCada componente, ativo ou no, pode afetar a estabilidade de um produto. Variveis

    relacionadas formulao, ao processo de fabricao, ao material de acondicionamento e s

    condies ambientais e de transporte podem influenciar na estabilidade do produto. Conforme

    a origem, as alteraes podem ser classificadas como extrnsecas, quando determinadas por

    fatores externos; ou intrnsecas, quando determinadas por fatores inerentes formulao.

    Fatores extrnsecos - Referem-se a fatores externos aos quais o produto est exposto, tais como:

    Tempo - O envelhecimento do produto pode levar a alteraes nas caractersticas

    organolpticas, fsico-qumicas, microbiolgicas e toxicolgicas.

    Temperatura - Temperaturas elevadas aceleram reaes fsico-qumicas e qumicas,

    ocasionando alteraes em: atividade de componentes, viscosidade, aspecto, cor e odor do

    produto.

    Baixas temperaturas aceleram possveis alteraes fsicas como turvao, precipitao,

    cristalizao.

    Problemas gerados, em funo de temperaturas elevadas, ou muito baixas, podem ser

    decorrentes tambm de no-conformidades no processo de fabricao, armazenamento ou

    transporte do produto.

    Luz e Oxignio - A luz ultravioleta, juntamente com o oxignio, origina a formao de radicais

    livres e desencadeia reaes de xido-reduo.

    Os produtos sensveis ao da luz devem ser acondicionados ao abrigo dela, em frascos

    opacos ou escuros e devem ser adicionadas substncias antioxidantes na formulao, a fim de

    retardar o processo oxidativo.

    Umidade - Este fator afeta principalmente as formas cosmticas slidas como talco, sabonete

    em barra, sombra, sais de banho, entre outras.

    Podem ocorrer alteraes no aspecto fsico do produto, tornando-o amolecido, pegajoso, ou

    modificando peso ou volume, como tambm contaminao microbiolgica.

    Material de Acondicionamento - Os materiais utilizados para o acondicionamento dos produtos

    cosmticos, como vidro, papel, metal e plstico podem influenciar na estabilidade.

    Devem ser efetuados testes de compatibilidade entre o material de acondicionamento e a

    formulao, a fim de determinar a melhor relao entre eles.

    Microrganismos - Os produtos cosmticos mais suscetveis contaminao so os que

    apresentam gua em sua formulao como emulses, gis, suspenses ou solues.

    A utilizao de sistemas conservantes adequados e validados (teste de desafio do sistema

    conservante - Challenge Test), assim como o cumprimento das Boas Prticas de Fabricao

    so necessrios para a conservao adequada das formulaes.

    Vibrao - Vibrao, durante o transporte, pode afetar a estabilidade das formulaes,

    acarretando separao de fases de emulses, compactao de suspenses, alterao da

    viscosidade dentre outros.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 26

  • Um fator agravante do efeito da vibrao a alterao da temperatura durante o transporte do

    produto.

    Fatores intrnsecos - So fatores relacionados prpria natureza das formulaes e, sobretudo interao de seus ingredientes entre si e ou com o material de acondicionamento.

    Resultam em incompatibilidades de natureza fsica ou qumica que podem, ou no, ser

    visualizadas pelo consumidor.

    Incompatibilidade Fsica - Ocorrem alteraes, no aspecto fsico da formulao, observadas

    por: precipitao, separao de fases, cristalizao, formao de gretas, entre outras.

    Incompatibilidade Qumica

    pH - Devem-se compatibilizar trs diferentes aspectos relacionados ao valor de pH:

    estabilidade dos ingredientes da formulao, eficcia e segurana do produto.

    Reaes de xido-Reduo - Ocorrem processos de oxidao ou reduo levando a

    alteraes da atividade das substncias ativas, das caractersticas organolpticas e fsicas das

    formulaes.

    Reaes de Hidrlise - Acontecem na presena da gua, sendo mais sensveis substncias

    com funes ster e amida. Quanto mais elevado o teor de gua da formulao, mais provvel

    a ocorrncia desse tipo de reao.

    Interao entre Ingredientes da Formulao - So reaes qumicas indesejveis que podem

    ocorrer entre ingredientes da formulao anulando ou alterando sua atividade.

    Interao entre Ingredientes da Formulao e o Material de Acondicionamento - So alteraes

    qumicas que podem acarretar modificao em nvel fsico ou qumico entre os componentes

    do material de acondicionamento e os ingredientes da formulao.

    Aspectos considerados na estabilidadeFsicos: devem ser conservadas as propriedades fsicas originais como aspecto, cor, odor,

    uniformidade, dentre outras;

    Qumicos: devem ser mantidos dentro dos limites especificados a integridade da estrutura

    qumica, o teor de ingredientes e outros parmetros;

    Microbiolgicos: devem ser conservadas as caractersticas microbiolgicas, conforme os

    requisitos especificados. O cumprimento das Boas Prticas de Fabricao e os sistemas

    conservantes utilizados na formulao podem garantir estas caractersticas.

    Alm desses aspectos necessrio considerar tambm a manuteno das caractersticas do

    produto quanto :

    Funcionalidade: os atributos do produto devem ser mantidos sem alteraes quanto ao efeito

    inicial proposto.

    Segurana: no devem ocorrer alteraes significativas que influenciem na segurana de uso

    do produto.

    Quando realizar os testes de estabilidadeDurante o desenvolvimento de novas formulaes e de lotes-piloto de laboratrio e de fbrica.

    Quando ocorrerem mudanas significativas no processo de fabricao.

    Para validar novos equipamentos ou processo produtivo.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 27

  • Quando houver mudanas significativas nas matrias-primas do produto.

    Quando ocorrer mudana significativa no material de acondicionamento que entra em contato

    com o produto.

    Princpios dos testes de estabilidadeOs testes devem ser conduzidos sob condies que permitam fornecer informaes sobre a

    estabilidade do produto em menos tempo possvel. Para isso, amostras devem ser

    armazenadas em condies que acelerem mudanas passveis de ocorrer durante o prazo de

    validade. Deve-se estar atento para essas condies no serem to extremas que, em vez de

    acelerarem o envelhecimento, provoquem alteraes que no ocorreriam no mercado.

    A seqncia sugerida de estudos (preliminares, acelerados e de prateleira) tem por objetivo

    avaliar a formulao em etapas, buscando indcios que levem a concluses sobre sua

    estabilidade.

    Acondicionamento das amostrasRecomenda-se que as amostras para avaliao da estabilidade sejam acondicionadas em

    frasco de vidro neutro, transparente, com tampa que garanta uma boa vedao evitando perda

    de gases ou vapor para o meio. A quantidade de produto deve ser suficiente para as avaliaes

    necessrias. Se houver incompatibilidade conhecida entre componentes da formulao e o

    vidro, o formulador deve selecionar outro material de acondicionamento. O emprego de outros

    materiais fica a critrio do formulador, dependendo de seus conhecimentos sobre a formulao

    e os materiais de acondicionamento.

    Deve-se evitar a incorporao de ar no produto, durante o envase no recipiente de teste.

    importante no completar o volume total da embalagem permitindo um espao vazio (head

    space) de aproximadamente um tero da capacidade do frasco para possveis trocas gasosas.

    Pode-se utilizar, em paralelo ao vidro neutro, o material de acondicionamento final;

    antecipando-se, assim, a avaliao da compatibilidade entre a formulao e a embalagem.

    Condies de armazenagemAs caractersticas da Zona Climtica onde os produtos sero produzidos e ou comercializados,

    bem como as condies de transporte s quais sero submetidos devero ser consideradas.

    Para os testes de estabilidade, as condies de armazenagem mais comuns das amostras so:

    temperatura (ambiente, elevada, baixa), exposio luz e ciclos de congelamento e

    descongelamento.

    Temperatura Ambiente - Amostras armazenadas temperatura ambiente monitorada.

    Temperaturas Elevadas - Os limites de temperatura mais freqentemente praticados, durante o

    desenvolvimento de produtos, so:

    Estufa: T= 37 2C

    Estufa: T= 40 2C

    Estufa: T= 45 2C

    Estufa: T= 50 2C

    Nessas condies, a ocorrncia de alteraes fsico-qumicas freqente e at mesmo

    esperada, portanto os resultados obtidos devem ser avaliados cuidadosamente.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 28

  • Temperaturas Baixas - Os limites de temperatura mais utilizados, durante o desenvolvimento

    de produtos, so:

    Geladeira: T= 5 2C

    Freezer: T= 5 2C ou T= 10 2C

    Exposio Radiao Luminosa - Pode alterar significativamente a cor e o odor do produto e

    levar degradao de ingredientes da formulao. Para a conduo do estudo, a fonte de

    iluminao pode ser a luz solar captada atravs de vitrines especiais para esse fim ou

    lmpadas que apresentem espectro de emisso semelhante ao do Sol, como as lmpadas de

    xennio. Tambm so utilizadas fontes de luz ultravioleta.

    Ciclos de Congelamento e Descongelamento - Nesta condio as amostras so armazenadas

    em temperaturas alternadas, em intervalos regulares de tempo. O nmero de ciclos varivel.

    Limites sugeridos:

    Ciclos de 24 horas temperatura ambiente, e 24 horas a 5 2C.

    Ciclos de 24 horas a 40 2C, e 24 horas a 4 2C.

    Ciclos de 24 horas a 45 2C, e 24 horas a 5 2C.

    Ciclos de 24 horas a 50 2C, e 24 horas a 5 2C.

    Parmetros de avaliao na estabilidadeOs parmetros a serem avaliados devem ser definidos pelo formulador e dependem das

    caractersticas do produto em estudo e dos ingredientes utilizados na formulao.

    De modo geral, avaliam-se:

    Parmetros Organolpticos: aspecto, cor, odor e sabor, quando aplicvel;

    Parmetros Fsico-Qumicos: valor de pH, viscosidade, densidade, e em alguns casos, o

    monitoramento de ingredientes da formulao;

    Parmetros Microbiolgicos: contagem microbiana e teste de desafio do sistema conservante

    (Challenge Test).

    Estudos de estabilidadeAntes de iniciar os Estudos de Estabilidade, recomenda-se submeter o produto ao teste de

    centrifugao. Sugere-se centrifugar uma amostra a 3.000 rpm durante 30 minutos. O produto

    deve permanecer estvel e qualquer sinal de instabilidade indica a necessidade de

    reformulao. Se aprovado nesse teste, o produto pode ser submetido aos testes de

    estabilidade.

    Estabilidade preliminar - Este teste tambm conhecido como Teste de Triagem, Estabilidade Acelerada ou de Curto Prazo, tem como objetivo auxiliar e orientar a escolha das

    formulaes.

    O estudo de estabilidade preliminar consiste na realizao do teste na fase inicial do

    desenvolvimento do produto, utilizando-se diferentes formulaes de laboratrio e com durao

    reduzida. Emprega condies extremas de temperatura com o objetivo de acelerar possveis

    reaes entre seus componentes e o surgimento de sinais que devem ser observados e

    analisados conforme as caractersticas especficas de cada tipo de produto. Devido s

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 29

  • condies em que conduzido, este estudo no tem a finalidade de estimar a vida til do

    produto, mas sim de auxiliar na triagem das formulaes.

    Estabilidade acelerada - Tambm conhecida como Estabilidade Normal ou Exploratria tem como objetivo fornecer dados para prever a estabilidade do produto, tempo de vida til e

    compatibilidade da formulao com o material de acondicionamento.

    Este teste empregado tambm na fase de desenvolvimento do produto utilizando-se lotes

    produzidos em escala laboratorial e piloto de fabricao, podendo estender-se s primeiras

    produes. Emprega geralmente condies menos extremas que o teste anterior. Serve como

    auxiliar para a determinao da estabilidade da formulao. um estudo preditivo que pode

    ser empregado para estimar o prazo de validade do produto. Pode ser realizado, ainda, quando

    houver mudanas significativas em ingredientes do produto e ou do processo de fabricao, em

    material de acondicionamento que entra em contato com o produto, ou para validar novos

    equipamentos ou fabricao por terceiros.

    Teste de prateleira - Tambm conhecido como Estabilidade de Longa Durao ou Shelf life, tem como objetivo validar os limites de estabilidade do produto e comprovar o prazo de

    validade estimado no teste de estabilidade acelerada.

    um estudo realizado no perodo de tempo equivalente ao prazo de validade estimado durante

    os estudos de estabilidade relacionados anteriormente. utilizado para avaliar o

    comportamento do produto em condies normais de armazenamento.

    A freqncia das anlises deve ser determinada conforme o produto, o nmero de lotes

    produzidos e o prazo de validade estimado. Recomendam-se avaliaes peridicas at o

    trmino do prazo de validade e, se a inteno ampli-lo, pode-se continuar o

    acompanhamento do produto.

    Teste de compatibilidade entre formulao e material de acondicionamento - A estabilidade do produto e sua compatibilidade com o material de acondicionamento so

    conceitos distintos, separados e complementares, que devem ser aplicados ao produto antes

    de ser comercializado.

    Neste teste, so avaliadas diversas alternativas de materiais de acondicionamento para

    determinar a mais adequada para o produto.

    As condies ambientais e a periodicidade das anlises podem ser as mesmas mencionadas

    nos Estudos de Estabilidade para a formulao e, nesta fase, so verificadas as possveis

    interaes entre o produto e o material de acondicionamento com o qual tem contato direto.

    Podem ser observados fenmenos de: absoro, migrao, corroso e outros que

    comprometam sua integridade.

    Considerando que este tipo de teste geralmente destrutivo, necessrio definir com

    segurana o nmero de amostras a serem testadas.

    Teste de transporte e distribuio - Os estudos de estabilidade tm a finalidade de predizer o comportamento do produto em todo o sistema logstico, incluindo manuseio e transporte.

    As condies a que os produtos so submetidos durante o transporte podem afetar a

    estabilidade das formulaes, ocorrendo em alguns casos separao de fases (emulses),

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 30

  • diminuio da viscosidade de gis ou compactao de suspenses, entre outras. Um fator

    agravante desse efeito a temperatura elevada durante o transporte do produto.

    O conjunto formado por produto e embalagem o primeiro aspecto percebido pelo consumidor.

    A embalagem agrega valor ao produto proporcionando proteo e comunicao, alm de

    manter as caractersticas do mesmo.

    A manuteno das caractersticas do produto em sua embalagem um aspecto valioso, uma

    vez que qualquer problema nesse sentido pode comprometer todo o valor agregado.

    Nesse contexto, um programa de teste de transporte deve ser estabelecido para ser aplicado

    em dois momentos. No primeiro, para determinar a capacidade da embalagem resistir s

    condies de estresse normalmente encontradas no manuseio e no transporte. Essa etapa

    aplicada na fase de desenvolvimento de uma nova embalagem ou de um novo material de

    acondicionamento. No segundo momento, o teste aplicado para avaliar a estabilidade desse

    conjunto frente s diferentes condies reais de manuseio, transporte e estocagem.

    Avaliao das caractersticas do produtoOs parmetros a serem avaliados nos produtos submetidos a testes de estabilidade devem ser

    definidos pelo formulador e dependem das caractersticas do produto em estudo e dos

    componentes utilizados na formulao.

    Avaliao organolptica - As caractersticas organolpticas determinam os parmetros de aceitao do produto pelo consumidor. De um modo geral, avaliam-se: aspecto; cor; odor;

    sabor; sensao ao tato.

    Avaliao fsico-qumica - So importantes para pesquisar alteraes na estrutura da formulao que nem sempre so perceptveis visualmente. Estas anlises podem indicar

    problemas de estabilidade entre os ingredientes ou decorrentes do processo de fabricao. As

    anlises fsico-qumicas sugeridas so: valor de pH; materiais volteis; teor de gua;

    viscosidade; tamanho de partcula; centrifugao; densidade; granulometria; condutividade

    eltrica; umidade; teor de ativo, quando for o caso.

    Quando necessrio, diferentes tcnicas analticas podem ser utilizadas na determinao

    quantitativa dos componentes da formulao, entre elas: ensaios via mida (metodologias

    diversas); espectrofotometria no Ultravioleta-Visivel (UV-Vis) e Infravermelho (IV);

    cromatografia (camada delgada, gasosa e lquida de alta eficincia); eletroforese capilar, entre

    outras.

    Os testes citados so sugestes, cabendo ao formulador avaliar sua adequao ao produto

    levando em considerao s necessidades e caractersticas particulares de cada empresa.

    Outros testes no relacionados podero ser empregados de acordo com as condies

    especficas ou interesse do formulador.

    Avaliao microbiolgica - A avaliao microbiolgica permite verificar se a escolha do sistema conservante adequada, ou se a ocorrncia de interaes entre os componentes da

    formulao poder prejudicar-lhe a eficcia.

    Os testes normalmente utilizados so: teste de desafio do sistema conservante (Challenge

    Test); contagem microbiana.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 31

  • Consideraes sobre segurana e eficcia do produto e sua estabilidadeA realizao dos Estudos de Estabilidade serve como instrumento preditivo de possveis

    desvios na eficcia e na segurana definidas para o produto, durante seu desenvolvimento.

    Para monitorar a manuteno dessas caractersticas importante considerar os seguintes

    aspectos:

    caractersticas e propriedades dos ingredientes;

    mecanismo de degradao dos ingredientes;

    possveis incompatibilidades;

    riscos envolvidos em cada etapa do processo de fabricao;

    conhecimento dos fatores realmente crticos a cada formulao.

    Recomenda-se que os estudos de segurana e eficcia sejam precedidos por estudos de

    estabilidade.

    O acompanhamento do produto no mercado pode confirmar as informaes obtidas

    inicialmente ou identificar novas situaes que devero ser investigadas.

    Critrios para aprovao de produtos em estabilidadeA interpretao dos dados obtidos durante o Estudo da Estabilidade depende de critrios

    estabelecidos, segundo a experincia do formulador. As amostras so avaliadas em

    comparao amostra-padro e produtos considerados referncia, submetidos s mesmas

    condies do teste. Geralmente definem-se limites de aceitao para os parmetros avaliados,

    e a amostra-padro dever permanecer inalterada durante toda a vida til do produto.

    A correspondncia entre os dados e sua interpretao deve ser relativa por considerar que, na

    prtica, os objetivos e as caractersticas de cada produto ou categoria so bastante distintos.

    Em geral, consideram-se os seguintes critrios:

    aspecto: o produto deve manter-se ntegro durante todo o teste mantendo seu aspecto

    inicial em todas as condies, exceto em temperaturas elevadas, freezer ou ciclos em

    que pequenas alteraes so aceitveis.

    cor e odor: devem permanecer estveis por, no mnimo, 15 dias luz solar.

    Pequenas alteraes so aceitveis em temperaturas elevadas.

    viscosidade: os limites de aceitao devem ser definidos pelo formulador

    considerando-se a percepo visual e sensorial decorridas de alteraes. Deve-se

    levar em conta a possibilidade do consumidor tambm reconhec-las.

    compatibilidade com o material de acondicionamento: deve-se considerar a integridade

    da embalagem e da formulao, avaliando-se o peso, a vedao e a funcionalidade.

    Nos casos em que o monitoramento dos teores de ingredientes ativos necessrio, deve-se

    levar em considerao os parmetros de qualidade e performance do produto.

    Outros parmetros podem ser estabelecidos de acordo com o formulador e as especificaes

    do produto.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 32

  • Prazo de validade de produtos cosmticosNo Brasil, a obrigatoriedade da indicao do prazo de validade na embalagem dos produtos

    cosmticos, vista do consumidor, est estabelecida em legislao especfica, Resoluo

    79/00 e suas atualizaes e Lei 8.078/90 - Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor.

    O prazo de validade - caracterizado como o perodo de vida til, durante o qual o produto

    mantm suas caractersticas originais - antes de ser um requisito legal, , sobretudo, um

    requisito tcnico de qualidade, pois um produto instvel do ponto de vista fsico-qumico,

    microbiolgico ou toxicolgico, alm da perda de eficcia poder tambm causar algum dano e

    comprometer a confiabilidade frente ao consumidor.

    Devido natureza particular das formulaes dos produtos cosmticos, aceita-se como regra

    geral, a impossibilidade da eleio de um ingrediente isolado do restante da formulao. Assim,

    torna-se difcil a aplicao da relao entre constante cintica, temperatura e uma correlao

    direta dessas variveis com o prazo de validade estimado. Portanto, o prazo de validade pode

    ser estimado por meio dos Estudos de Estabilidade, e sua confirmao deve ser realizada por

    meio do Teste de Prateleira.

    Relatrio de concluso dos estudos de estabilidadeAo trmino dos Estudos de Estabilidade, sugere-se a elaborao de um relatrio com as

    seguintes informaes:

    Identificao do produto

    Material de acondicionamento utilizado no teste

    Condies do estudo (condies de armazenamento das amostras, perodo de tempo

    do teste e periodicidade das avaliaes)

    Resultados (podero ser registrados na forma de tabela relacionando as condies de

    armazenamento, tempo e periodicidade das anlises)

    Concluso (avaliar os resultados obtidos, relatar se o produto foi aprovado ou no,

    condies em que o teste foi conduzido, e estimar o prazo de validade)

    Assinatura do responsvel pelo estudo

    CONTROLE DE QUALIDADE DOS COSMTICOSO Controle de Qualidade o conjunto de atividades destinadas a verificar e assegurar que os ensaios

    necessrios e relevantes sejam executados e que o material no seja disponibilizado para uso e venda

    at que o mesmo cumpra com a qualidade preestabelecida.

    O Controle de Qualidade no deve se limitar s operaes laboratoriais, mas abranger todas as decises

    relacionadas qualidade do produto.

    de responsabilidade das empresas fabricantes e importadoras submeter os produtos cosmticos ao

    Controle de Qualidade. Para isso, devem disponibilizar recursos para garantir que todas as atividades a

    ele relacionadas sejam realizadas adequadamente e por pessoas devidamente treinadas. O pessoal que

    realiza as tarefas especficas deve ser qualificado com base na sua formao, experincia profissional,

    habilidades pessoais e treinamento.

    fundamental que esse processo seja permanentemente auditado, de maneira a corrigir possveis

    distores e garantir a sua melhoria contnua.

    Controle de Qualidade Svio Pereira - 2013 Pgina 33

  • So responsabilidades do Controle de Qualidade:

    a) Participar da elaborao, atualizao e reviso de especificaes e mtodos analticos para matrias-

    primas, materiais de embalagem, produtos em processo e produtos acabados, bem como dos

    procedimentos relacionados rea produtiva que garantam a qualidade dos produtos.

    b) Aprovar ou reprovar matria-prima, material de embalagem, semi-elaborado, a granel e produto

    acabado.

    c) Manter registros completos dos ensaios e resultados de cada lote de material analisado, de forma a

    emitir um laudo analtico sempre que necessrio.

    d) Executar todos os ensaios necessrios.

    e) Participar da investigao das reclamaes e devolues dos produtos acabados.

    f) Assegurar a correta identificao dos reagentes e materiais.

    g) Investigar os resultados fora de especificao, de acordo com os procedimentos internos definidos pela

    instituio e em conformidade com as normas de Boas Prticas de Fabricao.

    h) Verificar a manuteno das instalaes e dos equipamentos.

    i) Certificar-se da execuo da qualificao dos equipamentos do laboratrio, quando necessria.

    j) Garantir a rastreabilidade de todos os processos realizados.

    k) Promover treinamentos iniciais e contnuos do pessoal da rea de Controle da Qualidade.

    Especificaes de controle de qualidadeEspecificaes so documentos que descrevem atributos de matrias-primas, materiais de embalagem,

    produtos a granel, semiacabados e acabados.

    As especificaes de Controle de Qualidade so estabelecidas pela empresa atendendo

    regulamentao e s normas vigentes, tais como as Listas Restritiva, de Corantes, de Conservantes e de

    Filtros Solares, entre outras, de modo a assegurar a qualidade, a segurana e a eficcia do produto. Os

    compndios, as farmacopeias, os fornecedores de matrias-primas, as pesquisas e as tendncias

    mercadolgicas podem ser considerados como referncias.

    As especificaes devem estar devidamente autorizadas e datadas, e devem ser revisadas

    periodicamente, por profissional competente, em relao aos ensaios preestabelecidos para cada

    produto.

    De modo geral, um documento de especificao pode conter:

    a) Identificao do material ou produto.

    b) Frmula ou referncia mesma.

    c) Forma cosmtica e detalhes da embalagem.

    d) Referncias utilizadas na amostragem e nos ensaios de controle.

    e) Requisitos qualitativos e quantitativos, com os respectivos limites de aceitao.

    f) Referncias do mtodo de ensaio utilizado.

    g) Condies e precaues a serem tomadas no armazenamento, quando for o caso.

    h) Prazo de validade.

    i) Data de possveis reavaliaes de controle.

    j) Outras informaes relevantes para a empresa.

    AmostragemAmostragem o processo definido de coleta que seja representativa de um todo, de acordo com um

    plano definido pelo tipo e pela quantidade de um determinado material ou produto. A rigo