Apontamentos de Esgrima - Parte 2

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  • 33.. AASS QQUUAALLIIDDAADDEESS EE HHAABBIILLIIDDAADDEESS BBSSIICCAASS DDAA EESSGGRRIIMMAA Existem aptides e qualidades que desempenham um papel extremamente importante na

    esgrima. O predomnio de uma ou outra destas qualidades conduz a caractersticas de jogo, mas s o concurso de todas elas forma o esgrimista completo, o verdadeiro campeo. Todas podem ser aperfeioadas, desenvolvidas e afinadas pela prtica da esgrima (Andrada, 1946).

    Considerando as tcnicas utilizadas na esgrima, e com a inteno de simplificar a compreenso das mesmas para quem no est familiarizado com a terminologia

    utilizada nesta modalidade, vamos formar grupos de tcnicas de acordo com o seu objectivo principal e, dentro de cada grupo, definiremos sucintamente em que consiste cada tcnica. Assim, consideramos os seguintes grupos (Rogers, 2003): A) Movimentos e Posies fundamentais na esgrima; B) Os Ataques na esgrima; C) As Paradas; D) As respostas e Contra-respostas; E) As Aces Preparatrias; F) As Preparaes de Ataque; G) Os Contra-Ataques. H) Remise e Reprise

    A) Movimentos e Posies Fundamentais na Esgrima A1) Maneira de Empunhar as Armas H vrias formas de empunhar as armas. No punho francs, pode haver variao desde os atiradores que as seguram com o polegar

    completamente encostado guarda, at aos que o fazem pelo balanceiro. Em ambos os casos

    podemos ter como referncia uma distncia ao guarda-mo de cerca de dois centmetros e que a arma deve ser segura pelo polegar e indicador, que devem segurar no punho tipo mola e que

    dirigem a ponta, enquanto os outros dedos

    Figura 1 Maneira de empunhar as armas (Smith,

    2003)

  • ajudam, sem nunca abandonar o punho. A2) Comando da Arma (doigt)

    Ter doigt dirigir a ponta com os dedos e no com o brao ou o ombro, mas sem que todos os dedos deixem de estar em contacto com o punho, embora o polegar e indicador desempenhem sempre o mais importante papel na direco da ponta. Para isso indispensvel que a arma seja empunhada com vigor, mas sem contraco e que as paradas sejam sempre terminadas pela contraco dos dedos. Esta contraco deve ser imediatamente seguida da descontraco conveniente, para permitir a resposta imediata.

    A3) A posio de Guarda a atitude em que o esgrimista pode tirar o melhor partido de todas as suas possibilidades fsicas e intelectuais, tanto para

    realizar o ataque como a defesa. portanto a posio fundamental da esgrima e da sua correco depende a perfeita execuo de todos os movimentos. Nesta posio o atirador est colocado de perfil, o brao armado semi-flectido sem contraco, dirigido para a frente, o outro brao

    elevado para a retaguarda da cabea e formando um semicrculo pela flexo e relaxamento das articulaes do cotovelo e do pulso. As pernas afastadas,

    intervaladas de cerca de um p e meio a dois ps, ficando o p da frente no prolongamento da linha directriz e o outro perpendicular a esta. Ambos os ps bem assentes no terreno, os joelhos flectidos e conservando, como as restantes articulaes e msculos do corpo, a mxima flexibilidade. No sabre, o brao no armado dever manter-se flectido e a mo fechada e apoiada no quadril, mas conservando-se no plano vertical do corpo.

    Figura 2 Posio de guarda (Smith, 2003) A4) A Saudao

  • No incio e no fim da lio ou do combate o aluno executa a saudao ou

    cumprimento ao seu mestre ou adversrio: da posio de firme, mscara debaixo do brao no armado, levanta o brao armado na oblqua, leva o guarda-mo da arma altura do queixo, lmina vertical, e volta posio inicial. No final, antes de tirar a sua mscara procede da mesma forma, aps o que retira a mscara, coloca-a debaixo do brao armado e vai cumprimentar o adversrio atravs de um aperto de mo, com a mo que no tem a luva calada.

    A5) Linhas e posies da mo Um atirador na posio de guarda, visto de frente, pode considerar-se inscrito numa oval cujos eixos se cruzam na mo armada. O plano horizontal, passando pelo eixo menos da oval, divide-a em dois espaos: o superior

    linha alta; e o inferior linha baixa. Figura 3 - As Linhas da Esgrima

    O plano vertical que passa pelo eixo maior divide-a igualmente em duas metades, das quais a de fora se chama linha de fora e a outra linha de dentro. As linhas so portanto as pores do espao consideradas em relao mo do atirador e nas quais este pode manejar a arma. A mo pode tomar diversas posies e aponta da lmina pode ficar acima, abaixo ou altura da mo, constituindo assim oito guardas distintas, que vo servir de base s paradas e que

    so: Prima, Segunda, Tera, Quarta, Quinta, Sexta, Stima e Oitava. Explicaremos de seguida cada uma delas:

    Prima Nesta posio o brao armado dobra pelo cotovelo, deixando o antebrao horizontal e sensivelmente em ngulo recto com o brao, a mo em frente do ombro esquerdo, com as unhas para a direita e o polegar para baixo, ficando a ponta da arma mais baixa

    do que a mo. Protege a linha baixa de dentro. Segunda O brao armado desloca-se para a frente do corpo, o

    antebrao horizontal, mo altura da cintura, com as unhas para baixo (pronao), ficando a ponta mais baixa do que a mo. Protege a linha baixa de fora.

  • Tera A mo em pronao como em segunda, mas a ponta

    sensivelmente altura dos olhos, ficando a mo dobrada pelo pulso. Protege a linha alta de fora.

    Quarta A mo fica esquerda, com o polegar para cima e a ponta da arma mais alta que a mo e altura dos olhos. Protege a linha alta de dentro.

    Quinta A mesma posio com as unhas para baixo. Sexta A mo direita com as unhas quase viradas para cima, para

    que o polegar fique obliquamente para a direita e para cima e a ponta

    da arma altura dos olhos. Protege a linha alta de fora. Stima A mo esquerda, como em quarta, mas de unhas para

    cima, ficando a ponta mais baixa do que a mo. Protege a linha baixa de dentro.

    Oitava A mo direita, como em sexta, mas de unhas para cima, ficando a ponta mais baixa do que a mo. Protege a linha baixa de

    fora.

    Estas posies referem-se especialmente ao florete e espada. Para o sabre s se consideram as primeiras cinco posies, das quais as trs primeiras so sensivelmente as indicadas, diferindo as duas restantes como se segue:

    Quarta (sabre) A mo esquerda e altura do quadril, com as unhas obliquamente para cima e para a esquerda, ficando o gume

    para a esquerda e a ponta da arma altura dos olhos. Protege a linha de dentro.

    Quinta (sabre) O antebrao dobra pelo cotovelo e forma com o brao um ngulo levemente obtuso, ficando a mo frente e na altura do temporal direito, o polegar para a esquerda e para baixo e as unhas para a frente, de modo que a lmina fique sensivelmente horizontal e

    com a ponta para a esquerda. No possvel explicar as origens destas denominaes, que devem corresponder a posies sucessivas que foram surgindo com o desenvolvimento

    da esgrima. Podemos dizer que normalmente os atiradores de espada e florete raramente utilizam a prima, que a quinta considerada um processo defeituoso

    da quarta e que a stima e oitava tm tambm pouca utilizao, a no ser em respostas ligadas.

  • Assim, as posies basilares para a espada e florete sero a sexta (ou a tera), a quarta, a segunda (ou oitava) e a stima, e as do sabre sero a tera, a quarta, a quinta e a segunda.

    Figura 4 - As vrias posies de guarda

    Linhas Posio Supinao Posio

    Pronao Alta externa SEXTA TERA Alta interna QUARTA QUINTA

    Baixa externa OITAVA SEGUNDA

    Baixa interna STIMA PRIMA Figura 5 - Correspondncia entre Posies e Linhas

    A6) O Avanar e o Recuar O avanar e o recuar so os processos normalmente utilizados pelo esgrimista para

    reduzir ou aumentar a distncia, e a sua execuo correcta tem tambm grande

    importncia para o xito no assalto.

    Figura 6 O avanar (Smith, 2003)

    O movimento de avanar iniciado com o alongar do brao armado, seguido quase simultaneamente do movimento do p da frente, a que imediatamente deve seguir-se igual deslocao do p de trs.

  • O recuar iniciado pelo alongar do brao armado, seguido quase

    simultaneamente do movimento da perna da retaguarda, seguido de igual deslocao da perna da frente. Em qualquer dos movimentos indispensvel que o corpo no balance e que as pernas se conservem bem flectidas, como na guarda.

    A7) O Afundo O afundo a extenso dada guarda para atingir o adversrio. dos movimentos mais importantes na esgrima. Consiste na extenso do brao armado, da perna de trs e da deslocao do p da frente ao longo da linha

    directriz, coordenando num s tempo estes trs movimentos. necessrio que o brao preceda o movimento das pernas e indispensvel a extenso completa da perna de trs, que a principal motora do afundo, pelo que o p de trs deve conservar-se bem assente no solo.

    Figura 7 O afundo (Smith, 2003) A8) A Volta Guarda A volta guarda o movimento que se executa para retomar a posio de

    guarda depois de executar um afundo. Deve ser efectuada pela flexo enrgica da perna esquerda, movimento que auxiliado pela impulso do p da frente e pelo brao desarmado, cuja importncia no equilbrio no pode ser ignorada. A9) O Salto retaguarda Aco quase simultnea das duas pernas, mas de forma que o p da frente como que impulsiona o da retaguarda. O salto deve ser feito para trs e no em

    elevao, conservando-se as pernas sempre flectidas e realizando-se a queda sobre as pontas dos ps, para que o movimento seja feito coma mxima flexibilidade.

    A10) A Balestra e a Balestra-a-fundo A Balestra um processo de deslocamento para a frente. Consiste em lanar a perna da frente e impulso do p de trs, com recepo simultnea e chamada e

    dois ps.

    A11) A Flecha

  • A flecha destina-se a atacar de longe, aproveitando um momento de

    perplexidade do adversrio, consiste em colocar o p da retaguarda frente do outro, caindo imediatamente afundo, sem que o atirador se levante nas pernas. Na realidade ela no mais do que um passo em que o p da retaguarda ultrapassa o da frente, provocando o desequilbrio do corpo, que auxilia a velocidade do ataque assim prolongado em corrida. Executa-se geralmente partindo de uma guarda longa.

    Figura 8 A flecha (Smith, 2003)

    B) Os Ataques B1) Ataques Simples Derivam de algumas aces simples, mas de importncia primordial, uma vez que delas resultam todas as aces ofensivas; So elas a estocada directa, o destaque e o corte.

    Estocada directa: a extenso do brao em direco da linha deixada aberta pelo adversrio. Destaque: um ataque simples indirecto; consiste numa mudana de linha pelo caminho mais curto, seguida de uma estocada. Corte: uma aco ofensiva simples indirecta; um destaque em que a mo passa por cima da lmina do adversrio, por meio de uma ligeira flexo do punho e do antebrao.

    B2) Ataques Compostos Consistem numa aco Ofensiva precedida de uma ou vrias fintas de ataque.

    B3) O Contra-tempo uma variante de aco ofensiva, que se segue a uma aco ao ferro, executada sobre uma contra-ofensiva.

    C) As Paradas C1) Parada Lateral So as que vo de uma linha para a imediatamente oposta, quer na linha alta,

    quer na linha baixa.

  • C2) Parada Semi-circular (ou de meio-contra) So as que se realizam da linha alta para a baixa ou inversamente e em que a ponta da arma descreve um semi-crculo.

    C3) Parada Circular (ou de contra) So as que conduzem o ferro posio de partida, depois da ponta ter descrito um crculo em torno da arma adversa.

    C4) Parada Diagonal A lmina vai procurar o ferro do adversrio na linha alta ou baixa oposta, a ponta descrevendo uma diagonal.

    C5) Parada Cedendo Parada utilizada unicamente sobre a ofensiva directa, por priso de ferro

    C6) Parada de Batimento ou de Tac Fazem-se com o movimento seco e rpido, que termina por um batimento no

    ferro adverso, com a finalidade de o afastar momentaneamente da linha em que se encontra.

    D) As Respostas e Contra-respostas D1) Simples, directa ou indirecta Quando se executam directamente na linha em que se parou ou ento por destaque ou corte.

    D2) Composta Quando se compes de mais de um movimento. D3) Por Priso de Ferro Quando conservam o contacto com o ferro adverso desde a parada at atingir o seu destino.

    E) As Aces Preparatrias E1) Com contacto com a lmina Tomada de ferro, que consiste em encostar o nosso ferro ao do adversrio, dominando-o. Mudana de Guarda, que consiste em fazer passar o ferro por baixo e para um e outro lado da lmina adversa, tocando-o ligeiramente de um lado, para regressar imediatamente posio inicial.

  • E2) Com a lmina, mas sem contacto com a lmina adversa Convite, quando h inteno de provocar uma aco adversa para tirar partido dela. Finta, consiste num movimento realizado com o ferro, destinado a iludir o adversrio ou obrig-lo a efectuar movimentos ofensivos ou defensivos de que se poder tirar partido. E3) Com o Corpo, que consiste em deslocamentos (para a frente, para trs, laterais), movimentos do p sobre o solo (chamadas, deslizamentos) ou movimentos de tronco.

    F) Preparaes de Ataque F1) Ataques ao Ferro, so aces que se destinam a actuar com maior ou menor energia sobre a arma adversa, quer para a atrair a uma linha, descobrindo outra, quer para a repelir violentamente, afastando-a da mesma linha de modo a

    colocar o adversrio em situao de no prejudicar o ataque. F2) Prises de Ferro, so aces que se destinam a afastar a lmina adversa, dominando-a desde o incio at ao final do movimento. Executam-se com o forte sobre o fraco da lmina do adversrio e quando este tem o brao estendido.

    G) Os Contra-Ataques G1) Deteno com o ferro, pode ser de oposio (fecha a linha na qual termina o ataque) ou de intercepo (intercepta o ferro do adversrio na sua passagem). G2) Deteno sem ferro, executado sobre um ataque adverso que se pressente, impedindo o desenvolvimento ulterior desse ataque. necessrio ganhar um tempo de esgrima sobre o ataque.

    G3) Por furta de ferro, consiste em subtrair a sua lmina aco do adversrio, sem flectir o brao.

    H) Remise e Reprise H1) Remise, a aco ofensiva executada sem encolher o brao, imediatamente depois de uma aco ofensiva na mesma linha. H2) Reprise, a aco ofensiva executada sem encolher o brao, imediatamente depois de uma aco ofensiva numa outra linha.