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Elisabete Maria Pereira Barbosa APOIO SOCIAL, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE MENTAL EM DOENTES COM PERTURBAÇÕES DO HUMOR Dissertação de Mestrado em Psiquiatria Social e Cultural, para obtenção do grau de Mestre, sob a orientação do Professor Manuel João Rodrigues Quartilho e coorientação do Professor Marco Daniel Pereira, apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Julho, 2018

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Elisabete Maria Pereira Barbosa

APOIO SOCIAL, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE MENTAL EM DOENTES COM PERTURBAÇÕES DO HUMOR

Dissertação de Mestrado em Psiquiatria Social e Cultural, para obtenção do grau de Mestre, sob a

orientação do Professor Manuel João Rodrigues Quartilho e coorientação do Professor Marco Daniel

Pereira, apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Julho, 2018

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UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Faculdade de Medicina

Mestrado em Psiquiatria Social e Cultural

APOIO SOCIAL, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE MENTAL EM DOENTES

COM PERTURBAÇÕES DO HUMOR

Elisabete Maria Pereira Barbosa

Julho, 2018

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Elisabete Maria Pereira Barbosa

APOIO SOCIAL, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE MENTAL EM DOENTES

COM PERTURBAÇÕES DO HUMOR

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da

Universidade de Coimbra, para obtenção do grau de

Mestre em Psiquiatria Social e Cultural, sob a orientação

do Professor Doutor Manuel João Rodrigues Quartilho e

do Professor Doutor Marco Daniel Pereira.

Coimbra, Portugal

2018

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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Resumo

A evidência empírica sugere que o apoio social produz benefícios na saúde mental reduzindo

as comorbilidades psiquiátricas. A presente investigação teve como objetivo caracterizar o tipo

de rede social dos doentes com perturbações do humor, correlacionar a qualidade de vida e

saúde mental (sintomas de ansiedade e depressão) destes participantes, assim como, associar

a composição da rede social com o apoio social percebido pelos doentes assim como com os

indicadores de saúde mental e qualidade de vida. A amostra foi constituida por 59 doentes

(62.7% do sexo feminino), com uma idade média de 53.6 anos, 29 frequentavam a consulta

externa e 30 em regime de internamento do serviço de psiquiatria do Centro Hospitalar e

Universitário de Coimbra (CHUC, EPE). Foi realizado um estudo quantitativo, e aplicado um

protocolo de avaliação composto por uma ficha de dados sociodemográficos e clíncios e pelos

seguintes três questionários: (1) o questionário de qualidade de vida WHOQOL-Bref, (2) a

Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e (3) o questionário de apoio social MOS Social

Support Survey (MOS-SSS). Os resultados obtidos nesta investigação confirmam a premissa de

que o apoio social está significativamente associado à qualidade de vida e saúde mental dos

doentes com perturbações do humor, na medida em que quanto mais elevada a percepção de

apoio social, mais elevada a percepção de qualidade de vida e menor a sintomatologia ansiosa

e depressiva. Por outro lado, pudemos verificar uma associação significativa entre níveis mais

elevados de sintomatologia psicológica e pior perceção de qualidade de vida. O presente

estudo poderá tornar-se uma mais-valia no desenvolvimento de projectos de saúde mental

que enfatizem a manutenção/obtenção de laços sociais promotores de saúde mental em

doentes com perturbações do humor.

Palavras-chave: apoio social, qualidade de vida, saúde mental, perturbações do humor.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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Abstract

The empirical evidence suggests that social support produces benefits in individuals’ mental

health by reducing psychiatric comorbidities. The aim of this research was to characterize the

type of social network of patients with mood disorders, to correlate the quality of life and

mental health (symptoms of anxiety and depression) of these participants, as well as to

examine the association between the composition of the patients’ social network with the

support perceived by patients, as well as with the indicators of mental health and quality of

life. The sample consisting of 59 patients (62.7% female), with a mean age of 53.6 years, 29

oupatients and 30 inpatients of the psychiatry department of Centro Hospitalar e Universitário

de Coimbra (CHUC, EPE). A quantitative study was performed, and a protocol covering a

sociodemographic and clinical form and the three followingquestionnaires was applied: the

quality of life questionnaire WHOQOL-Bref, (2) the Hospital Anxiety and Depression Scale, and

(3)and the social cupport questionnaire MOS Social Support Survey (MOS-SSS). The results of

this research confirm the premise that social support is significantly associated with the quality

of life and mental health of patients with mood disorders, specifically showing that the higher

the perception of social support, the higher the perception of quality of life, and the lower the

anxiety and depressive symptoms. In addition, a significant association between higher levels

of psychological symptoms and worse perception of quality of life was also found. The present

study may become an asset in the development of mental health projects that emphasize

maintaining/securing social bonds that may promote mental health among patients with mood

disorders.

Keywords: social support, quality of life, mental health, mood disorders.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer a quem partilhou comigo este trabalho, e tornou possível a

conclusão deste grande desafio.

A todos os participantes deste estudo por se disponibilizarem e aceitarem participar

neste estudo.

Aos profissionais do HUC que, sempre atenciosos, se mostraram disponíveis me ajudar.

Ao Doutor Manuel Quartilho por estar sempre receptivo a responder a dúvidas e

solucionar problemas no decorrer deste projecto.

Ao Doutor Marco Pereira pelo excelente apoio na orientação persistente realizada com

todo o empenho, sabedoria e motivação, sem o qual este trabalho não teria sido

possível.

Ao meu marido por partilhar comigo todos os momentos, bons e menos bons, pelas

palavras de incentivo e motivação.

Á minha filha Letícia por ser a minha fonte de força e inspiração.

Muito Obrigada a todos!

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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- Criar laços?

Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão

um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos

E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também

necessidade de mim.Não passo a teus olhos de uma raposa

igual a cem mil outras raposas.Mas, se tu me cativas, nós

teremos necessidade um do outro.Serás para mim único

no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

Antoine de Saint-Exupéry

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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Índice

Lista de Tabelas 6

Lista de Siglas 7

Introdução 8

1. Apoio Social 11

1.1. Definições e dimensões do apoio social 11

1.2. Apoio social percebido, saúde mental e qualidade de vida 13

1.3. Avaliação e efeitos do apoio social na qualidade de vida de doentes com

perturbações do humor 16

2. Qualidade de Vida 19

2.1. Qualidade de vida: Análise e conceito 19

2.2. Qualidade de vida das pessoas com doença mental 23

2.3. Qualidade de vida das pessoas com perturbações do humor 25

2.3.1. Perturbações do humor 25

2.3.2. Impacto das perturbações do humor na qualidade de vida 27

3. Metodologia 30

3.1. Objetivos 30

3.2. Participantes 30

3.3. Procedimentos 32

3.4. Instrumentos 33

3.4.1. Ficha de dados sociodemográficos 33

3.4.2. WHOQOL-Bref 33

3.4.3. Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) 38

3.4.4. MOS Social Support Survey (MOS-SSS) 34

3.5. Análise de dados 36

4. Resultados 37

5. Discussão 43

6. Conclusões, Contribuições e Forças do Estudo 47

7. Referências 50

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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Lista de Tabelas

Quadro 1. Características sociodemográficas da amostra (N = 59) 31

Quadro 1. Alfa de Cronbach e número de itens de cada domínio de qualidade de

vida 34

Quadro 3. Alfa de Cronbach e número de itens de cada dimensão da HADS 35

Quadro 4. Alfa de Cronbach e número de itens de cada dimensão do Apoio social 36

Quadro 5. Resultados descritivos nas dimensões de apoio social 37

Quadro 6. Resultados descritivos dos domínios de qualidade de vida 37

Quadro 7. Resultados descritivos nas facetas específicas de qualidade de vida 38

Quadro 8. Resultados descritivos na sintomatologia ansiosa e depressiva 39

Quadro 9. Resultados descritivos tendo em conta os pontos de corte da HADS para a

sintomatologia ansiosa e depressiva 40

Quadro 10. Correlação entre a qualidade de vida os sintomas de ansiedade e

depressão 40

Quadro 11. Correlação entre o número de pessoas na rede social e as dimensões de

apoio Social 41

Quadro 12. Correlação entre as dimensões de apoio social e os domínios e faceta

geral de qualidade de vida 42

Quadro 13. Correlação entre as dimensões de apoio social e os sintomas de

ansiedade e depressão 42

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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Lista de Siglas

APA - American Psychologycal Association

CHUC - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

DGS - Direção Geral de Saúde

HADS - Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

MOS-SSS - Mos Social Suport Survey

OMS - Organização Mundial de Saúde

PAG - Perturbação de Ansiedade Generalizada

POC - Perturbação Obsessiva-compulsiva

PSPT - Perturbação Stress pós-traumático

QdV - Qualidade de Vida

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

WHO - World Health Organization

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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Introdução

A atual conjuntura mundial revela uma incidência elevada de perturbações mentais,

que são responsáveis por elevados níveis de incapacidade e sofrimento humano,

apesar de estarmos perante uma área que continua a ser negligenciada pelo poder

político. Este desinvestimento de recursos subentende “custos diretos e indiretos

associados às perturbações psiquiátricas, decorrentes das despesas assistenciais e da

diminuição da produtividade (e.g., desemprego, absentismo, baixas por doença, apoio

a familiar doente), e têm um enorme impacto económico nos orçamentos públicos,

podendo atingir cerca de 20% de todos os custos da saúde. Este facto ilustra a

relevância que as políticas de saúde mental não podem deixar de assumir no contexto

das políticas gerais de saúde dos países, em termos nacionais” (Direção Geral da Saúde

[DGS], 2013, p. 7).

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2017), 1 em cada 10 pessoas

no mundo, 10% da população global, sofre de alguma perturbação de saúde mental,

sendo esta uma tendência que deverá aumentar nos próximos anos. Neste contexto,

as perturbações do humor assumiram relevância incontestável na última metade do

século XX. Segundo o relatório da OMS Global burden of disease (2010), a depressão

era a 4ª maior causa de morbilidade do mundo. Dado o impacto significativo na

sociedade (e.g., incapacidade e disfunção) é essencial uma compreensão dos fatores

sociais e culturais subjacentes a estas perturbações.

Portugal é um país com uma considerável prevalência de perturbações psiquiátricas

em geral e das perturbações de humor em particular. Estas patologias tendem a ser

mais frequentes em países com maiores desigualdades económico-sociais (DGS, 2013).

Com efeito, a crise que o país atravessou nos últimos anos teve um impacto grande

naquelas desigualdades, alargando o fosso social e contribuindo, potencialmente, para

o aumento da prevalência das perturbações do humor (Sousa, 2015).

Deste modo, avaliar a qualidade de vida (QdV) das pessoas com doença mental (ou o

impacto que a doença mental tem nas diferentes dimensões de QdV) afigurou-se-nos

de grande importância científica e social, pois poderá contribuir para melhorar as

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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práticas atuais promovendo o bem-estar das pessoas com doença mental, particular-

mente no nosso contexto geográfico e social. Tal como mencionado por Fleck (2010),

nas décadas mais recentes tem havido uma preocupação crescente não só com a

frequência e a severidade das doenças, mas também com a avaliação de medidas de

impacto da doença e comprometimento das atividades diárias (Bergner et al., 1981),

medidas de perceção da saúde (Hunt et al., 1985) e medida de disfunção/estado

funcional (Ware et al., 1992). Neste âmbito, também as noções de felicidade, de

satisfação pessoal e de bem-estar subjetivo têm sido encontradas quando se analisa o

conceito de QdV. De acordo com Quartilho (2010), elas estão intimamente ligadas e

coexistem nas diferentes interpretações de QdV.

Em relação ao apoio social, são vários os estudos que sublinham a sua importância na

e para a saúde mental. Segundo Ramos (2002) “o suporte social pode exercer um

papel essencial promovendo e mantendo a saúde física e mental” (p. 60). Matsukura,

Marturano e Oishi (2002), a este propósito, salientaram a necessidade de desenvolver

estudos no âmbito do apoio social, entendendo que esse constructo contribui de

forma relevante para uma compreensão de processos saúde-doença, QdV e propostas

de intervenções junto à população.

Fontes (2007) refere que com as alterações previstas em termos de assistência em

saúde mental e psiquiatria, se reconhece a importância do apoio social, das relações

sociais e redes sociais no que diz respeito à reconstrução de um dia a dia muitas vezes

perturbado pelo sofrimento e como uma variável que interfere positivamente no

tratamento, a partir de outros recursos oferecidos por outros atores sociais. De facto,

como refere Freyre (2006), para se trabalhar em profissões da área da saúde é

necessário ter um olhar mais abrangente, que alcance as relações em variados

contextos (com a família, no trabalho, com os amigos), um olhar que alcance

aspirações e esperanças, e um olhar que valorize os aspetos que não são observáveis

nas análises e nos raios X, dado que estes "não acusam opressões, não acusam

marginalização, não acusam desajustamento social, não acusam abandono" (p. 30).

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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No âmbito da inserção social de doentes com doença mental, segundo Tucci, Kerr-

Corrêa e Dalben (2001), “os problemas encontrados na reinserção social de pacientes

psiquiátricos são, geralmente, atribuídos às condições inadequadas de seu processo de

integração na comunidade, como: falta de acompanhamento médico frequente e

contínuo; falta de programas comunitários; falta de atividade ocupacional; ausência de

apoio social de pessoas próximas; falta de centros extra-hospitalares para atendê-los

em momentos de crise ou assisti-los em domicílio” (p. 80). Numa revisão da literatura

efetuada por Baptista, Baptista e Torres (2006), os autores encontraram estudos que

demonstravam que o apoio social é um fator de redução de diversas perturbações

psiquiátricas/psicológicas, tais como depressão, ansiedade e esquizofrenia, podendo

estar associado ao desenvolvimento e tratamento desses problemas. Assim, podemos

afirmar que mais investigação sobre o papel do apoio social poderá ser um contributo

importante para a prevenção das doenças e promoção de saúde.

Justificamos esta investigação pelo facto de existirem lacunas científicas no que

respeita à abordagem destes dois constructos no contexto das doenças afectivas. É,

neste sentido, expectável que este trabalho se possa tornar uma mais-valia para que

futuramente se possam conceber e desenvolver projetos de saúde mental pública

focados na prevenção de doença e promoção de saúde, devidamente ajustados às

necessidades deste tipo de população.

O presente estudo encontra-se estruturado em duas partes: uma primeira parte de

contextualização teórica e uma segunda focada na investigação empírica. Em primeiro

lugar, apresenta-se uma contextualização aos conceitos centrais no presente estudo –

apoio social e qualidade de vida – enquadrando-os no contexto da saúde mental e, em

particular, das perturbações do humor. Posteriormente, faremos uma descrição geral e

breve das perturbações do humor. Na segunda parte será apresentada a metodologia,

onde se descreve e caracteriza a amostra do estudo, os procedimentos e instrumentos

utilizados, bem como os procedimentos de análise de dados. Em seguida apresentam-

se os resultados do presente estudo e no ponto seguinte a discussão dos mesmos. Por

fim, são traçadas as considerações finais.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

11

1. Apoio Social

1.1. Definições e dimensões do apoio social

Uma motivação humana fundamental é a necessidade de construir laços fortes e

duradouros ao longo da vida. Numa extensa investigação, Baumeister e Leary (1995)

encontraram evidências de um desejo básico para formar vínculos sociais, ainda que

sob condições de aparente adversidade. Estes autores indicaram ainda que os

indivíduos resistem a perder os vínculos e a quebrar laços, ainda que não exista uma

razão material ou pragmática para os manter e mesmo quando mantê-los é difícil. A

evidência parece mostrar também que a necessidade de pertença molda as emoções e

as cognições: concretamente, qualquer mudança nos padrões de pertença causa

emoções de tal modo fortes e marcantes que suporta a hipótese da necessidade de

pertença. Segundo os mesmos autores, défices ao nível do processamento cognitivo

sobre as suas relações pessoais (atuais ou possíveis) têm diversas consequências em

termos da saúde das pessoas, o que é consistente com a ideia de que a pertença se

trata de uma necessidade e não apenas de uma vontade. De forma específica, os

problemas de saúde, quer física quer psicológica, são mais comuns entre as pessoas

que possuem escassos vínculos sociais. Neste sentido, torna se relevante, no âmbito

deste estudo, perceber a relevância que o apoio social tem na saúde mental e QdV dos

doentes com perturbações do humor.

Neste contexto, torna-se importante, em primeiro lugar, abordar o conceito de apoio

social. Existem várias abordagens ao conceito de apoio social na literatura, o que torna

este constructo difícil de definir, dado que “abarca vários tipos e categorias, provém de

diversas fontes, possui diferentes dimensões e componentes” (Carvalho, Pinto-

Gouveia, Pimentel, Maia, & Mota Pereira, 2011, p. 333). Em seguida, apresentam-se

algumas definições de apoio social que têm sido apontadas na literatura.

Uma das primeiras definições partiu da visão de Cobb (1976), que definiu apoio social

como sendo a informação que leva o indivíduo a acreditar que é amado e que as

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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pessoas se preocupam com ele, a informação que faz com que o individuo acredite

que é apreciado e que tem valor e a informação que faz com que o indivíduo acredite

que faz parte de uma rede de comunicação e de obrigações mútuas. House (1981, cit.

in Macedo, 2013) sugeriu uma tipologia de funções do apoio social, traduzindo-as em

apoio emocional (a amizade, o amor); apoio instrumental (serviços); apoio informativo

(sobre o que o rodeia) e apoio de apreciação (informações sobre a autoavaliação). Na

mesma linha de pensamento, para Helgeson (2003), o apoio social divide-se em: apoio

emocional (e.g., presença de pessoas disponíveis para conversar, escutar, preocupar-

se, simpatizar, promover confiança ao indivíduo, este apoio pode advir da família,

amigos ou profissionais de saúde); apoio instrumental (e.g., ajuda nas tarefas

domésticas, empréstimo de dinheiro, aquisição de equipamentos); e apoio informativo

(e.g., dar informações, conselhos e orientações).

Uma outra conceptualização é feita por meio da divisão do apoio social em formal e

informal. Como apoio social informal encontram-se os indivíduos mais próximos (e.g.,

familiares, amigos, vizinhos) e, como apoio social formal encontram-se as organizações

(e.g., hospitais, associações, serviços de saúde) e os profissionais de diferentes áreas

(e.g., médicos, assistentes sociais, psicólogos) (Miller & Jeff-Darlington, 2002). Neste

contexto, destacamos o apoio familiar como o primeiro e principal apoio do individuo

“qualificado como uma instância mediadora entre o indivíduo e a sociedade, o suporte

familiar teria como algumas de suas funções reunir e distribuir recursos para a

satisfação das necessidades básicas além de funcionar como um amortecedor de

impactos sociais na vida de seus integrantes” (Rigotto, 2006, p. 9). Antunes e Fontaine

(2005) referem-se ainda ao apoio emocional prático dado pela família e/ou amigo na

forma de afeto, companhia, assistência e informação, ou seja, tudo que faz o indivíduo

“sentir-se amado, estimado, cuidado, valorizado e seguro” (p. 1). Com efeito, quando

nos referimos ao apoio social reportamo-nos a uma “vasta gama de comportamentos,

funções e ações ou atividades, pelo que se foram constituindo distintas perspetivas de

análise do conceito e um quadro conceptual complexo” (Guadalupe, 2003, p. 75).

De acordo com Vaz-Serra (1999, cit. in Rodrigues, 2008), o apoio social apresenta seis

tipos de funções, que referimos de seguida: (1) apoio afetivo - produz um sentimento

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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de estima, respeito e consideração independentemente das falhas pessoais de cada

um; (2) apoio emocional - permite que a pessoa se sinta segura e apoiada nas várias

etapas da vida; (3) apoio percetivo - ajuda o individuo a pensar realisticamente e de

forma clara sobre situações problemáticas, tornando a solução eficaz; (4) apoio

informativo - que constitui o conjunto de informações e conselhos que permitem a

pessoa encontrar o caminho mais adequado para a resolução de problemas diários; (5)

apoio instrumental – transmissão de ferramentas através da prestação concreta de

bens e de serviços; e (6) apoio de convívio social - permite que a pessoa tenha passe

momentos de lazer, de aprendizagem em grupo, estimulam o sentimento de pertença

a uma comunidade.

De acordo com Guadalupe (2003), outra característica associada ao apoio social é a

regulação e controlo social que se manifesta pela pressão exercida pelos diferentes

membros, entre si, no sentido de lembrar e reafirmar responsabilidades, normas e

papéis. Esta permite a neutralização de desvios de comportamentos que se afastam do

que é ditado pelo coletivo. Neste sentido, por um lado, é uma função que favorece a

socialização dos indivíduos mas que, por outro lado, facilita a exclusão grupal aquando

do desvio. Esta função assume cargas positivas ou negativas, sendo totalmente

dependente do contexto em que se insere. Numa perspetiva macrossocial, esta função

é entendida com carácter adaptativo e normalizador (Guadalupe, 2003).

Importa ainda ressalvar, sendo esta uma área de estudo complexa, que a existência de

uma rede social não é sinónimo da existência efetiva de apoio. Como referiu Coimbra

(1990, cit in Guadalupe, 2009), “as redes sociais podem assumir outros caracteres no

sentido em que permitem proteger ou não os seus membros, podem nomeadamente

mostrar-se como redes destrutivas ou inócuas” (p. 82).

1.2. Apoio social percebido, saúde mental e qualidade de vida

Os sentimentos de solidão e abandono encontram-se intrinsecamente associados a um

menor sentimento de bem-estar psicológico e de satisfação com a vida, traduzindo-se

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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muitas vezes em perturbações de humor. Nesta âmbito, o apoio social assume-se

como uma medida importante que permite que o indivíduo tenha a perceção do

quanto ele pode depender dos outros para apoio de diferentes naturezas (e.g.,

emocional, instrumental) e do quanto este é necessário e importante para o seu bem-

estar e bem-estar psicológico dos seus pares, num sistema de trocas mútuas. Isto é

particularmente importante nos contextos de doença. Por exemplo, um indivíduo com

uma doença crónica necessita de partilhar o seu sofrimento com a sua família ou com

outras pessoas próximas significativas, como os amigos ou colegas de trabalho, com o

intuito de obter ajuda no seu processo de adaptação ao estado de doente crónico

(Silva et al., 2002). Neste sentido, podemos afirmar que poder contar com alguém

disponível a ajudar nos cuidados, escutar, conversar, aconselhar, informar e solucionar

as situações é essencial.

Os estudos que se têm debruçado sobre a relação entre apoio social e saúde podem

ser englobados em quatro grandes categorias (Singer & Lord, 1984): (1) o apoio social

protege contra as perturbações induzidas pelo stresse – esta abordagem agrupa uma

versão forte e uma versão fraca. A primeira afirma que variável apoio social impede

que o stresse afete negativamente o indivíduo, enquanto a fraca afirma que o stresse

afeta toda a gente, mas que na existência de apoio social esse efeito negativo é

reduzido. Nesta abordagem, o apoio social é visto como mediador ou moderador do

stresse; (2) a não existência de apoio social é fonte de stresse – esta abordagem

considera que a falta de apoio social é, ela própria, geradora de stresse; (3) a perda de

apoio social é um acontecimento stressor – nesta perspetiva, considera-se que

quando se tem apoio social e se o perde o stresse surge; e, por fim, (4) o apoio social é

benéfico - é uma perspetiva de certo modo contrária às anteriores, no sentido em que

considera que o apoio social torna as pessoas mais fortes e em melhor condição para

enfrentar as adversidades da vida, ou seja, que o apoio social é um recurso, quer

perante, quer na ausência, de fontes de stresse.

Os estudos realizados por Spiegel (1995, 1997) acerca da associação entre apoio social

e bem-estar físico demonstraram que “a probabilidade de morte entre indivíduos com

menos ligações sociais é o dobro da probabilidade de morte entre os indivíduos com

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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laços mais fortes, mesmo quando se tem em conta hábitos como o tabagismo,

consumo de álcool, atividades físicas, obesidade e uso de programas de prevenção”

(cit. in Rodrigues & Milton, 2009, p. 94).

Os estudos realizados ao longo dos anos referem que as pessoas socialmente isoladas

apresentam uma saúde mais debilitada e uma taxa de mortalidade muito superior às

pessoas com muitos contactos sociais, revelando assim o isolamento social como um

fator de risco tão relevante quanto o tabagismo, a obesidade, a inatividade física e os

elevados níveis de colesterol (Hockenbury & Hockenbury, 2003). Em 1979, Berkman e

Syme no estudo prospetivo de Alameda County mediram o apoio social de 4700

homens e mulheres, entre os 30 e 69 anos de idade, seguidos ao longo de nove anos,

concluindo que um maior grau de apoio social predizia um decréscimo na taxa de

mortalidade. Por outro lado, este estudo mostrou que os sujeitos que tinham um

índice baixo de redes sociais dependentes de laços íntimos apresentavam, nos nove

anos seguintes, um risco de mortalidade duas vezes superior ao dos indivíduos que

tinham um índice alto de redes sociais.

Com efeito, da análise da literatura verifica-se que diversos estudos comprovaram que

apoio social e saúde estão linearmente associados. Barrios (1999, cit. in Pietrukowicz,

2001), a este propósito, salienta dois tipos de efeitos do apoio social na saúde e no

bem-estar do indivíduo. Os primeiros designam-se por efeitos diretos, e nestes o apoio

social tem um efeito evidente sobre o bem-estar, independentemente do nível de

stresse (por outras palavras, quanto maior o grau do apoio social, menor será o mal-

estar psicológico e, em oposição, quanto menor for o nível de apoio social, maior será

a incidência de perturbação, independentemente dos acontecimentos de vida

indutores de stresse). Os segundos efeitos designam-se de efeitos indiretos, e nestes o

apoio social funciona como uma variável moderadora de outras variáveis que influen-

ciam o bem-estar. Por outras palavras, este efeito considera que, quando as pessoas

estão expostas a acontecimentos de elevado stresse, poderão ser influenciadas

negativamente, principalmente quando o seu nível de apoio social é baixo.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

16

A investigação existente demonstrou também que quando o apoio social diminui, há

um comprometimento do sistema de defesa do corpo do paciente, que o faz muitas

vezes regredir no processo de cura, ou recuperação da doença tratada no momento.

Nesta perspetiva, o apoio social funciona como um mediador do stresse isto é, à

medida que o doente se sente aceite, acolhido, cuidado pelas pessoas que estão ao

seu redor e possui um grau de significação para ele, o nível de stresse face à doença é

controlado, e muitas vezes até reduzido, estando mediado por essa relação entre o

doente e sua rede social (Aragão et al., 2009).

Em síntese, o apoio social permite que as pessoas tenham mais saúde. Quando

estamos sozinhos, inevitavelmente, a tendência natural é preocuparmo-nos mais com

a doença. Por outro lado, quando criamos laços de afetividade, aumentamos a nossa

capacidade de enfrentar situações difíceis e dolorosas, aumentando assim a possibi-

lidade de uma vida melhor. Portanto, os riscos de adoecer por problemas associados a

fatores psicológicos tendem a ser reduzidos (Pietrukowicz, 2001). Podemos deste

modo concluir que quando a perceção de que o apoio social é satisfatória, este

desempenha um papel fundamental na dimensão psicológica do ser humano, o que

leva à recuperação da doença e à promoção da qualidade de vida.

1.3. Avaliação e efeitos do apoio social na qualidade de vida de doentes com

perturbações do humor

Existe um grande interesse por parte da comunidade científica em estudar a relação

entre o apoio oferecido pela família e o apoio social e, mais do que isso, de como as

perceções destas formas de apoio podem estar associadas a uma função amorte-

cedora e preventiva em casos de situações estressantes vivenciadas pelos indivíduos,

como é o caso da doença mental (Cardoso & Batista, 2014). Como ressaltam Barth,

Schneider e Känel (2010), evidências empíricas mostram que a baixa percepção de

apoio social pode constituir um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento

de patologias como depressão, perturbações de ansiedade, proporcionando assim

menor qualidade de vida e bem- estar psicológico.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

17

No que diz respeito à avaliação do apoio social, alguns autores são unanimes na ideia

de que, estamos perante um conceito com características multifacetadas, cuja

definição e operacionalização se torna complexa. De forma geral, a avaliação do apoio

social remete para a questão da perceção de apoio recebido e a sua avaliação dá-se

por meio da investigação do quanto as pessoas percebem o apoio vindo de outros

indivíduos de sua rede social, podendo em alguns casos, fazer distinção entre essas

pessoas, tais como, membros da família, da comunidade ou grupos específicos. Outras

avaliações entendem que o apoio social deve ser avaliado não só relativamente à

quantidade de pessoas que prestam apoio regularmente, mas também à qualidade de

tais interações, ou seja, não é apenas importante a perceção do apoio recebido pelos

sujeitos, mas também a satisfação com o mesmo (Agneessens, Waege, & Lievens,

2006). As pessoas com perturbações do humor, têm em geral uma rede social mais

reduzida e pouco recíproca, estando mais expostos ao isolamento social (Barron,1996).

Corroborando esta ideia, Rodrigues e Madeira (2009), numa revisão teórica sobre

apoio social e saúde mental, constataram que pessoas que têm baixa perceção de

apoio social, ou seja, que possuem uma rede social escassa, apresentam frequente-

mente sintomas de doença mental, nomeadamente sintomas depressivos.

Rueger, Malecki e Demaray (2010) realizaram uma revisão de estudos que apoiaram a

hipótese de que o apoio social pode contribuir para o desenvolvimento de relações

sociais adequadas e vinculação segura dos indivíduos e que uma perceção positiva do

apoio social e familiar associa-se a baixos índices de depressão e baixa autoestima. Em

contrapartida, estes autores salientaram que quanto menor a perceção de apoio social

e familiar, maior tendem a serem os índices de sintomatologia depressiva e sofrimento

psíquico.

Brown et al. (1973, cit. in Cobb, 1976), num estudo comparativo entre mulheres com

doenças afetivas, em que metade tinha um confidente (definido como uma pessoa,

usualmente do sexo masculino, com quem a mulher tinha uma relação intima e de

confiança) e em que a outra metade não tinha, concluiu que o grupo das mulheres que

não tinha confidente apresentava 10 vezes mais possibilidades de estarem deprimidas

do que o grupo que tinha confidente.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

18

Num estudo com doentes com perturbações afetivas realizado por Tucci et al. (2001),

verificou-se que os doentes que tiveram o pior resultado em termos de adaptação

social foram os doentes bipolares e os doentes com depressão dupla, com destaque

para a dimensão de isolamento social, significativamente mais elevada entre estes dois

grupos de indivíduos. Os doentes bipolares apresentaram a maior percentagem

(20.6%) sendo considerados os menos adaptados socialmente. Por outro lado, os

doentes com depressão dupla apresentaram-se com um grau de desadaptação grave

em 15.3%. Os unipolares apresentaram uma pequena diferença em relação aos

doentes distímicos, com vantagem para esses últimos.

Verifica-se que ter redes de apoio social disponíveis, reduz o isolamento social das

pessoas com doença mental, protege os sujeitos dos estados patológicos, prevenindo a

doença mental e aumentando a esperança de viver (Cobb, 1976).

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

19

2. Qualidade de Vida

2.1. Qualidade de vida: Análise e conceito

O termo qualidade de vida, por se tratar de uma construção que contempla aspetos da

subjetividade, fomentou ao longo das últimas décadas muitas discussões e originou

várias conceptualizações na literatura científica (e.g., Canavarro, 2010; Minayo, 2000;

Pereira, Teixeira, & Santos, 2012; Quartilho, 2010; Seidl & Zannon, 2004). Na literatura

científica tem-se observado uma proliferação de conceitos para a QdV, advindos da

multidisciplinariedade dos diversos campos de saber, o que dificultou a elaboração de

uma definição globalmente aceite (Canavarro, 2010; Cummins, 1997; Farquhar, 1995;

Quartilho, 2010). Perante estas informações, entendemos a QdV, tal como o apoio

social, como um constructo imbuído de um elevado nível de complexidade, sendo

necessária uma abordagem multifatorial e multidisciplinar.

Ao falar do conceito de QdV, referimo-nos a um termo cada vez mais expressado na

linguagem popular, sendo consensual que cada pessoa apresenta uma definição de

QdV, tendo em conta as suas experiencias e interpretação pessoal do que considera

ser o seu bem-estar. Na verdade, a “qualidade de vida é uma vaga e etérea entidade,

algo sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é”

(Campbell, 1976, cit in Seidl & Zannon, 2004, p. 581).

Nesta linha de pensamento, a QdV foi definida pelo grupo de QdV da OMS como “a

perceção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema

de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expetativas, padrões e

preocupações” (WHOQOL Group, 1994, p. 28). Este constructo é remetido, assim, para

o plano individual de cada pessoa, tendo em conta os seus valores e necessidades,

consubstanciados pelo ambiente cultural em que se insere. Esta definição de QdV é

uma definição que resulta de um consenso internacional, representando uma

perspetiva transcultural, bem como multidimensional, e comtempla a influência da

saúde física e psicológica, nível de independência, relações sociais, crenças pessoais e

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

20

suas relações com características do respetivo meio na avaliação subjetiva da QdV

individual (WHOQOL Group, 1993, 1994, 1995, 1998).

De acordo com Houaiss e Vilar (2002), o termo QdV pode ser analisado segundo os

seus dois componentes: “qualidade” e “vida”. “Qualidade” significa propriedade que

determina a essência ou natureza de um ser ou coisa. Quando nos referimos a este

termo lembramo-nos, não apenas do termo “característica”, mas também dos valores,

como felicidade, sucesso, dinheiro, saúde e bem-estar. Por sua vez, “Vida” é descrita

como a característica que representa os organismos cuja existência evolui do

nascimento até à morte.

A construção do conceito de qualidade de vida fundamentada nos modelos em que é

atualmente considerada partiu de diversas propostas, com aplicações práticas

distintas, o que valoriza a discussão para uma melhor compreensão do conceito. A este

propósito, o modelo Global da Qualidade de Vida de Felce e Perry (1995) reflete

diversas assunções sobre QdV: é “composta por uma homogeneidade de fatores,

independentemente das populações ou grupos de referência; é experienciada quando

as necessidades de uma pessoa são satisfeitas e quando ela tem oportunidade de

enriquecimento pessoal em áreas que valoriza; tem componentes subjetivos e

objetivos, mas é a perceção que o indivíduo tem do seu bem-estar que primeiro e

melhor a reflete; é baseada em necessidades e opções individuais; é um constructo

multidimensional, influenciado por fatores pessoais e ambientais, tais como as

relações íntimas, a vida familiar, os amigos, o trabalho, a vizinhança, a localidade de

residência, a habitação, a educação, a saúde, o nível de vida e o estado de uma nação”

(Canavarro, 2010, p. 11).

Na literatura existente, os conceitos de felicidade, satisfação com a vida, bem-estar e

qualidade de vida tendem a ser utilizados indiferenciadamente, variando nas

dimensões que abrangem consoante autores. Para Westaway, Olorunju e Rai (2007) as

dimensões ponderadas acerca da satisfação pela vida ou bem-estar subjetivo são

padrão de vida, saúde, realização pessoal, relações interpessoais, segurança,

segurança futura e integração na sociedade. O bem-estar subjetivo, por sua vez,

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

21

segundo Quartilho (2010), é um conceito específico, afetivo e cognitivo, definido pela

presença de níveis relativamente elevados de afeto positivo, níveis relativamente

baixos de afeto negativo e uma avaliação globalmente positiva da vida, ou satisfação

com a vida. No entanto, como refere Canavarro (2010), “os conceitos de felicidade,

satisfação com a vida e bem-estar subjetivo, apesar de mutuamente relacionados e

ligados à noção de qualidade de vida, traduzem-se também em constructos não raras

vezes contestados, quer pela sua ambiguidade, quer pela sua utilidade restrita e

aplicabilidade limitada” (p. 6).

Por outro lado, salientamos o Modelo Integrativo da Qualidade de Vida, proposto por

Grazin e Haggard (2000), que valoriza as experiências pessoais dos indivíduos, o meio

físico e social em que habitam, e que cruza estas variáveis com as características e

comportamentos intrínsecos de cada sujeito. Este modelo engloba o eixo pessoal (e.g.,

fatores demográficos, atitudes, valores), o ambiental (incluindo aspetos físicos e

sociais) e o da experiência subjetiva de vida (e.g., saúde mental).

Segundo Day e Jankey (1996, cit. in Pereira et al., 2012), os estudos de QdV podem ser

classificados em quatro abordagens gerais: (1) socioeconómica: considera os

elementos económicos e sociais como indicadores de uma “vida boa” ou de uma “vida

com qualidade, tais como escolaridade, habitação, poder económico ou sucesso; (2)

psicológica: esta abordagem preconiza as reações subjetivas dos indivíduos, tendo em

conta a sua vivência pessoal e avalia fatores como felicidade e satisfação; a limitação

desta abordagem é desconsiderar o contexto ambiental, reforçando apenas os aspetos

subjetivos da QdV; (3) médica: aposta na concretização de melhores condições de vida

para as pessoas doentes. Avalia, no geral, o impacto do estado de saúde na QdV dos

doentes, tendo como base a cura das doenças; e (4) geral ou holística: esta abordagem

integra os fatores multidimensionais que integram a QdV, tendo em consideração as

diferenças pessoais de cada pessoa. Aqui, conceitos como valores pessoais, interesses

e inteligência são valorizados. Esta abordagem relaciona a QdV com a saúde.

Na área da saúde, o interesse pelo conceito QdV é relativamente recente e decorre,

em parte, dos novos paradigmas que têm influenciado as políticas e as práticas do

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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setor da saúde nas últimas décadas (Seidl & Zannon, 2004). Na opinião de Fleck (2008),

e no que respeita ao contexto de saúde, o interesse sobre a QdV advém fundamental-

mente dos avanços da investigação na medicina moderna que se traduziu em novos e

mais eficazes tratamentos que permitiram um controlo dos sintomas ou uma

desaceleração do curso natural da doença, promovendo a QdV como uma medida

relevante de resultados em saúde. Neste contexto, e depois da conceptualização de

QdV pela OMS, e de acordo com Vaz Serra (2010) “o doente deixou de ser considerado

um simples “armazém de doença” (p. 31). No processo de cura deixou de ser suficiente

aspirar apenas à remoção dos sintomas. Começou a ser necessário ter igualmente em

conta o bem-estar físico, mental e social do indivíduo”. Neste sentido, compreende-se

a relevância de avaliar a QdV em contextos de saúde e doença.

A fim de se obter uma possível uniformização da abordagem ao conceito de QdV, na

década de 90, a OMS propôs a formação de um grupo para discutir este conceito e

desenvolver um instrumento transcultural para o avaliar (Skevington, Sartorius, Amir,

& WHOQOL Group, 2004). O primeiro instrumento desenvolvido por este grupo foi o

WHOQOL-100 (WHOQOL Group, 1994, 1995). Este instrumento foi composto por 100

perguntas destinadas a uma avaliação genérica da QdV, e encontra se estruturado em

seis grandes domínios: Físico; Psicológico; Nível de Independência; Relações Sociais;

Ambiente; e Espiritualidade. Cada campo engloba facetas específicas acerca da

avaliação da QdV e da saúde global de cada pessoa (Canavarro, Pereira, Moreira, &

Paredes, 2010). Posteriormente, foi desenvolvida uma versão mais breve do WHOQOL-

100, denominada de WHOQOL-Bref (e composto por 26 itens), que foi utilizado no

presente estudo e será descrito na parte metodológica deste trabalho.

Temos em Portugal, exemplos promotores do conhecimento científico na área da QdV,

através do Centro Português de Avaliação da Qualidade de Vida da OMS. Publicações

recentes evidenciam esse trabalho, envolvendo estudos na área da QdV em pessoas da

população geral (Gameiro et al., 2010), mas também em populações com diagnósticos

psiquiátricos, tais como depressão major (Gameiro, Carona, Silva, & Canavarro, 2010),

perturbação bipolar (Figueira, Gameiro, & Leitão, 2010) e esquizofrenia (Vaz-Serra,

Pereira, & Leitão, 2010); presença de sintomatologia depressiva (Gameiro et al., 2008);

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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pessoas infetadas com o vírus da imunodeficiência humana (VIH; Pereira & Canavarro,

2010); doença oncológica do aparelho locomotor (Paredes, Simões, & Canavarro,

2010); cancro da mama (Silva, Moreira, Canavarro, & Pinto, 2010); paralisia cerebral

(Carona, Canavarro, Pereira, & Gameiro, 2010) e em contextos de reprodução

medicamente assistida (Moura-Ramos, Gameiro, & Canavarro, 2010).

2.2. Qualidade de vida das pessoas com doença mental

Foi a partir dos anos 80 do século XX que o conceito de QdV começou a adquirir um

domínio crescente na área da saúde, aumentando a sua pertinência em todas as ações

médicas (Lowy & Bernhard, 2004). Este facto deveu-se à constante procura e

superação de novos desafios por parte da ciência médica de modo a melhorar as

expectativas de vida dos doentes.

Associado a este facto está também a recente promoção da descentralização dos

serviços de saúde mental, de modo a permitir a prestação de cuidados mais próximos

das famílias e da própria comunidade. Com efeito, as medidas do Programa Nacional

para a Saúde Mental da Direção Geral de Saúde (DGS, 2017, p. 14) têm como objetivo

“promover a descentralização dos serviços de saúde mental, de modo a permitir a

prestação de cuidados mais próximos das pessoas e a facilitar uma maior participação

das comunidades, dos utentes e das suas famílias. Nesta linha, e como mencionado

por Hespanha, Portugal, Nogueira, Pereira e Hespanha (2012) confluem que “alguns

fatores são fundamentais: a desdiferenciação dos cuidos de saúde mental, no sentido

de passarem a incluir dimensões não exclusivamente clínicas, a sua descentralização e

integração nos cuidados gerais de saúde, o reconhecimento da natureza complexa da

doença mental (entre o biológico e o social), a manutenção (sempre que possível) das

pessoas com perturbação mental no seu meio ou a sua reinserção social quando

institucionalizadas e o envolvimento da família e outros cuidadores informais no

processo terapêutico” (p. 234).

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

24

O projeto Global Burden of Disease indica que existem “níveis significativos e

crescentes de transtornos mentais entre a população adulta global. Entre as mulheres,

a depressão major é a principal causa dos anos vividos com dependência, enquanto a

ansiedade ocupa o sexto lugar nesta lista. Por outro lado, entre os homens, a

depressão major ocupa o segundo lugar, os distúrbios do uso de drogas no 7º lugar, os

distúrbios do uso de álcool são 8º e os níveis de ansiedade 11º. Estima-se que um em

quatro ou cinco jovens (entre 12 e 24 anos) sofra de transtorno mental em qualquer

ano, não obstante variações substanciais na prevalência entre regiões” (WHO, 2014,

p.23).

As perturbações mentais atingem pessoas em todas as culturas do mundo, variando a

sua identificação de acordo com a forma como cada paciente a interpreta e a expõe ao

clínico. As principais consequências desta doença fazem-se sentir em diferentes

domínios da vida da pessoa, afetando claramente a sua qualidade de vida (Quartilho,

2001).

No European Study of Epidemiology of Mental Disorders (2002), que pretendia avaliar

o impacto das doenças mentais na QdV concluiu que, para além das doenças mentais

terem um impacto mais negativo na QdV do que as condições clínica físicas, também

entre as doenças mentais algumas tinham mais impacto que outras. Tendo em conta o

género, idade e comorbilidade física, as cinco doenças mentais identificadas como

tendo um impacto mais negativo na QdV foram a distimia, o episódio depressivo

major, a perturbação de pânico, a fobia social e a perturbação stresse pós-traumático

(Alonso et al., 2004).

Galera e Teixeira (1997) num estudo com 102 doentes, concluíram que a doença

mental estava associada ao mau desempenho nas seguintes áreas: trabalho -

dificuldades de inclusão no mercado de trabalho, dificuldades em completar tarefas

exigidas; família - problemas de relacionamento com os elementos da família,

isolamento; saúde/doença - dificuldades em aderir ao tratamento, procurar apoio

médico; social - problemas em interagir em ambientes públicos; e moradia - falta de

condições financeiras.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

25

Esta incapacidade tem variadíssimas razões, alguns dos seus sintomas como a falta de

concentração e a baixa motivação para realizar as tarefas do dia-a-dia combinado com

a irritabilidade pode trazer efeitos desastrosos nas relações familiares e de trabalho

(Patel et al., 2010)

A importância de estudos em sujeitos com perturbação mental prende-se com a

necessidade de entender melhor as limitações e o sofrimento ligados às doenças

mentais, de modo a minimizar o sofrimento destas pessoas. Por outro lado, existe uma

carência de informação na população geral, que explica a necessidade de promoção da

literacia em saúde mental.

2.3. Qualidade de vida das pessoas com perturbações do humor

2.3.1. Perturbações do humor

Portugal é um país com uma considerável prevalência de perturbações psiquiátricas

em geral e das perturbações de humor em particular. Estas patologias tendem a ser

mais frequentes em países com maiores desigualdades económico-sociais (Programa

Nacional para a Saúde Mental, 2013). O humor é o estado basilar do indivíduo, o seu

estado de espírito. Produz influência na nossa perceção do mundo, o que se traduz nos

comportamentos e vivências relacionais dos indivíduos (Correia, 2013). Os doentes

que sofrem de perturbações do humor apresentam características frequentes de

alteração do humor e da afetividade, o que provoca uma enorme carga de sofrimento

e incapacidade (Saraiva et al., 2014).

A depressão refere-se a uma ampla gama de problemas de saúde mental caracterizada

por sintomas emocionais negativos (perda de interesse e prazer - anedonia) e sintomas

cognitivos, físicos e comportamentais associados (Sampaio et al., 2014). Os principais

sintomas de depressão são a tristeza, desânimo, angústia, falta de vontade, choro com

facilidade e anedonia, sendo esta última muito característica deste quadro psicológico.

Outros sintomas importantes são alterações no apetite, no peso e no sono, diminuição

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

26

da libido, agitação ou retardo psicomotor. O padrão de pensamentos do doente

deprimido está, com frequência, relacionado com sentimentos de inferioridade,

desvalorização, incompetência, culpa, assim como dificuldade na tomada de decisões e

dificuldades de concentração. Estes pensamentos podem estar ainda relacionados com

ideações suicidas (Andretta & Oliveira, 2011). O doente descreve-se a si mesmo como

triste, vazio, sem esperança, sendo difícil tentar alterar o seu estado de humor, pois o

doente sente-se deprimido em todas as situações da vida diária (Saraiva et al., 2014).

Nas perturbações do humor, salienta-se também a relevância da perturbação bipolar.

De acordo com a OMS, a perturbação bipolar é a sexta causa de incapacidade a nível

das doenças globais, e a terceira entre as doenças mentais, seguida da depressão

unipolar e da esquizofrenia. A carga desta doença mental é muitas vezes causada pelas

comorbilidades psiquiátricas e físicas e pela baixa adesão ao tratamento. De acordo

com Costa (2008), a incapacidade funcional provocada pela perturbação bipolar é

semelhante à de muitas doenças crónicas.

A prevalência da distimia é de sensivelmente 3 a 6% da população em geral sendo uma

das condições mais comuns observadas na prática clínica (Spanemberg & Juruena,

2004). Podemos definir distimia, como uma forma persistente ou crónica de depressão

ligeira; os seus sintomas são semelhantes aos do episódio depressivo, mas tendem a

ser menos intensos e durar mais tempo. Os doentes descrevem o seu humor e a si

mesmo como tristes. O carácter crónico desta perturbação faz com que os sintomas

façam parte da rotina do doente e associam-se em geral a uma baixa autocrítica – “eu

sempre fui assim” - causando uma dificuldade acrescida na identificação destes

indivíduos pelo clínico (APA, 2013).

Com frequência, as perturbações do humor apresentam comorbilidade com as

perturbações de ansiedade. As perturbações de ansiedade dizem respeito a um grupo

de distúrbios mentais caracterizados por sentimentos de ansiedade e medo, incluindo

perturbação de ansiedade generalizada (PAG), perturbação de pânico, perturbações

fóbicas, incluindo a fobia social, perturbação obsessiva-compulsiva (POC) e

perturbação de stresse pós-traumático (PSPT). Tal como na depressão, os sintomas

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

27

destes quadros psiquiátricos podem variar de ligeiros a graves. A duração dos sintomas

tipicamente experimentados por pessoas com perturbações de ansiedade torna-a mais

uma doença crónica do que episódica (Carvalho, 2017). A proporção da população

global com perturbações de ansiedade, em 2015, foi estimada em 3,6%. Tal como

acontece com a depressão, são mais comuns entre as mulheres (4,6% vs. 2,6% nos

homens, a nível global). As taxas de prevalência não variam substancialmente entre os

grupos etários, embora haja uma tendência observável para menor prevalência entre

as pessoas mais idosas. O número total estimado de pessoas que vivem com distúrbios

de ansiedade no mundo é de 264 milhões. Este total para 2015 representa um

aumento de 14,9% desde 2005, em resultado do crescimento da população e do

envelhecimento (Carvalho, 2017).

2.3.2. Impacto das perturbações do humor na qualidade de vida

Os indivíduos com perturbações do humor possuem marcadas incapacidades como

menor autonomia nas atividades de vida diárias, o que se pode traduzir em níveis mais

elevados de dependência de terceiros e maior incapacidade de integração laboral e

social, o que afeta no global, a sua qualidade de vida.

Fleck et al. (2012), num estudo que avaliou a saúde física e emocional de 2.201

doentes deprimidos mostrou uma associação entre uma maior intensidade de

sintomatologia depressiva e maior comprometimento psicológico, social e físico. As

conclusões do estudo revelaram ainda que os indivíduos com mais intensidade de

sintomas depressivos avaliaram a sua saúde como pior e estavam menos satisfeitos

com ela do que aqueles com menor intensidade de sintomas depressivos.

Rapaport, Clary, Fayyad e Endicott (2005) avaliaram o impacto das perturbações de

humor e ansiedade na QdV dos indivíduos, comparando-os com um grupo de controlo

sem perturbação psiquiátrica. Neste estudo, os autores concluíram que todos os

doentes com perturbação psiquiátrica apresentavam pior perceção de QdV que os do

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

28

grupo de controlo, sendo os doentes deprimidos os que apresentavam um comprome-

timento mais significativo da QdV.

Em outro estudo com uma amostra de 307 sujeitos da população geral, Gameiro et al.

(2008) mostraram que os sintomas depressivos estavam associados a uma baixa QdV.

Especificamente, sujeitos com depressão leve apresentaram valores expressivamente

mais baixos de QdV em todos os domínios, com exceção do domínio da espiritua-

lidade. A depressão major (com sintomatologia psicótica) e doença bipolar quando

comparadas com outras doenças do humor, incluindo a distimia, apresentam valores

mais baixos de QdV.

Num outro estudo elaborado pelo Centro Português de Avaliação da Qualidade de

Vida da OMS (Gameiro et al., 2010), com indivíduos com depressão major, e em

comparação com um grupo de indivíduos da população geral sem diagnóstico de

doença mental e um grupo de utentes dos cuidados de saúde primários, os resultados

mostraram que os sujeitos com depressão major apresentavam piores valores na

perceção de QdV, em todos os domínios e na faceta geral de QdV do WHOQOL-Bref,

comparativamente com os outros dois grupos.

Alonso et al. (2004) num estudo que abrangeu vários países da Europa, e que procurou

estudar perturbações mentais como a depressão major e a distimia comparando-as

com distúrbios físicos, concluiu que as perturbações mentais são importantes determi-

nantes da incapacidade do papel no trabalho e da QdV, muitas vezes superando o

impacto de distúrbios físicos crónicos comuns.

Macedo (2014) conduziu um estudo que tinha como objetivo identificar as relações

entre a QdV e a Depressão Major, Distimia, Doença Bipolar e Perturbações Depressivas

Sem Outra Especificação de 39 doentes a frequentar a consulta externa de um hospital

psiquiátrico, revelou diferenças na qualidade de vida, tendo em conta a especificidade

da perturbação do humor apresentada. A análise dos resultados revelou que os

doentes com distimia e doença bipolar apresentavam piores ídices de QdV que os

doentes com perturbações depressivas sem outra especificação.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

29

Corroborando esta tese, no que respeita a doença bipolar, uma revisão da literatura

verificou que a maioria dos estudos efetuados indicava que a QdV nessas pessoas

estava marcantemente diminuída (Michalak, Yatham, & Lam, 2007). A depressão

major (com sintomatologia psicótica) e doença bipolar quando comparadas com

outras doenças do humor, incluindo a distimia, apresentam valores mais baixos de

QDV. O bem-estar subjetivo foi afetado em primeiro lugar pelas doenças do humor,

seguido de eventos de vida negativos e falta de apoio social (Cramer, Torgersen, &

Kringlen, 2010).

Em suma, as consequências das perturbações do humor refletem-se a vários níveis,

especialmente na funcionalidade da pessoa, na vida familiar, no contexto social,

laboral e económico. O apoio social pode, neste sentido, desempenhar um papel

promotor do bem-estar geral do doente, favorecendo o desempenho de papéis sociais,

e diminuindo a sintomatologia psicopatológica.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

30

3. Metodologia

3.1. Objetivos

Segundo Fortin (2009), uma questão de investigação é uma interrogação explícita,

relativa a um domínio que se deve explorar com vista a obter novas informações. Este

estudo observacional comporta uma questão de investigação, que se apresenta como

o nosso objetivo geral: De que forma o apoio social se associa à qualidade de vida e

indicadores de saúde mental dos doentes com perturbações de humor?

Como objetivos específicos, foram definidos os seguintes: (1) caracterizar o tipo de

rede social que os doentes com perturbação do humor possuem, assim como as

dimensões de apoio social percebidas e a sua saúde mental (sintomatologia ansiosa e

depressiva) e qualidade de vida; (2) avaliar a associação entre a qualidade de vida e

saúde mental dos doentes com perturbações do humor; e (3) avaliar a associação

entre a composição da rede social e o apoio social percebido pelos doentes e a sua

qualidade de vida e saúde mental.

3.2. Participantes

A amostra do presente estudo foi constituída por 59 doentes, 29 que frequentavam a

consulta externa de psiquiatria e 30 doentes que se encontravam nas unidades de

internamento repartidas pelo bloco central (homens) e unidade de celas (mulheres) do

departamento de psiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC,

EPE). A composição da amostra obedeceu aos seguintes critérios de inclusão: idade

superior a 18 anos, ambos os sexos, pertencerem à zona de abrangência do Hospital,

com acompanhamento médico há mais de seis meses na consulta de Psiquiatria do

CHUC, EPE, e diagnóstico das seguintes patologias: Perturbações Depressivas e de

Ansiedade, Perturbações Bipolares, Perturbações do Humor Sem Outra Especificação.

No Quadro 1 estão apresentadas as características sociodemográficas e clínicas dos 59

doentes incluídos no estudo. Os doentes possuíam uma idade média de 53.6 anos e

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

31

eram maioritariamente do sexo feminino (62.7%). Relativamente ao estado civil,

verificamos que 50.8% eram casados (as) ou viviam em união de facto. Em termos de

habilitações literárias, a maior parte dos participantes tinha habilitações até ao 1º ciclo

do Ensino Básico (30.5%) ou 2º/3º ciclos do Ensino Básico (28.8%). No que diz respeito

à doença mental, a doença mais frequente era a Depressão (79.6%), e durava em

média há 104.6 meses. Tendo em conta o regime de tratamento, 50.8% dos doentes

estavam a ser acompanhados na consulta externa.

Quadro 1. Características sociodemográficas da amostra (N = 59)

N %

Sexo

Masculino 22 37.3

Feminino 37 62.7

Estado civil

Solteiro(a) 10 16.9

Casado(a)/União de facto 30 50.8

Separado(a)/Divorciado(a) 15 25.4

Viúvo(a) 4 6.8

Habilitações literárias

Até 1º ciclo do Ensino Básico 18 30.5

2º-3º ciclos do Ensino Básico 17 28.8

Ensino Secundário 12 20.3

Estudos Superiores 12 20.3

Doença mental (N = 54)

Depressão 43 79.6

Perturbação bipolar 4 7.4

Perturbação de ansiedade 7 13

Regime de tratamento

Consulta externa 30 50.8

Internamento 29 49.2

M DP

Idade (anos) 53.6 13.4

Duração da doença (meses; N = 44) 104.6 105.2

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

32

3.3. Procedimentos

A investigação teve início após autorização da Comissão de Ética da Faculdade de

Medicina da Universidade de Coimbra e da Comissão de Ética do Centro Hospitalar e

Universitário de Coimbra, processo número 22/2017, de forma a garantir a proteção

dos direitos, segurança e bem-estar dos doentes. A administração do protocolo de

avaliação decorreu no período entre Junho de 2017 e Fevereiro de 2018 na biblioteca

do CHUC, ou na enfermaria psiquiátrica do mesmo hospital. O método de amostragem

utilizado foi não probabilístico, por conveniência.

Os participantes foram sinalizados pelo médico que os acompanha na consulta externa

e pela chefe do serviço de enfermagem, no caso da recolha feita em contexto de

internamento. Todos os doentes, antes da participação no estudo, assinaram o termo

de Consentimento Informado e foram informados sobre os objetivos do estudo, com

ênfase particular nas considerações éticas relativas à participação voluntária e garantia

de confidencialidade e anonimato das respostas aos questionários. Foi entregue e lido

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foram recolhidas as assinaturas dos

participantes, prova que ratifica o seu consentimento de participação no estudo.

Dependendo do grau de instrução e capacidade dos doentes, os questionários da

bateria de avaliação, de acordo com o definido no protocolo da OMS para a aplicação

do instrumento de qualidade de vida, podem ser administrados de três formas: auto-

resposta; preenchimento pelo próprio na presença do entrevistador (que poderá

auxiliar na formulação das perguntas ou esclarecendo potenciais dúvidas); e sob a

forma de entrevista e preenchimento pelo investigador. A bateria de avaliação foi

preenchida sob a supervisão da investigadora, de forma a que os doentes pudessem

tirar dúvidas no preenchimento das questões, sendo que em alguns casos, quando as

capacidades de leitura eram limitadas, o protocolo foi administrado pela investigadora

seguindo as recomendações contempladas nos procedimentos de administração do

WHOQOL-Bref. Cada participante demorou em média 40 minutos para preencher todo

o protocolo de investigação sendo este tempo mais longo no caso dos doentes do

internamento.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

33

Todos os questionários foram revistos cuidadosamente na ocasião da entrega, de

modo a verificar itens omitidos ou não respondidos e foi solicitado ao participante

que, se possível, deveria entregar o protocolo da investigação totalmente preenchido.

3.4. Instrumentos

A seguir apresentar-se-á uma descrição sumária de cada um dos instrumentos

utilizados na recolha de dados do presente estudo.

3.4.1. Ficha de dados sociodemográficos e clínicos

Todos os participantes preencheram uma ficha de dados sociodemográficos e clínicos,

que avaliava dados como idade, sexo, estado civil, escolaridade e ocupação, local de

residência, bem como os aspetos relativos à doença através de questões como “está

atualmente doente”, “que doença é que tem”, “há quanto tempo” e regime de

tratamento (internamento vs. consulta externa).

3.4.2. WHOQOL- Bref

O WHOQOL-Bref foi desenvolvido a partir do WHOQOL-100, sendo, portanto, uma

versão abreviada deste questionário, composta por 26 itens provenientes do

documento original (WHOQOL Group, 1998b; Vaz Serra et al., 2006). Este instrumento

contém duas questões gerais relativas à qualidade de vida geral e perceção do estado

de saúde e as outras 24 perguntas são representantes das 24 facetas específicas que

compõem o instrumento original.

Esta versão encontra-se estruturada em quatro domínios que avaliam os seguintes

itens: (1) Domínio físico (dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso;

mobilidade; atividades da vida diária; dependência de medicação ou de tratamentos;

capacidade de trabalho); (2) Domínio psicológico (sentimentos positivos; pensar,

aprender, memória e concentração; autoestima; imagem corporal e aparência;

sentimentos negativos; espiritualidade/religião/ crenças pessoais); (3) Domínio

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

34

relações sociais: relações pessoais; apoio social; e atividade sexual); (4) Domínio

ambiente: segurança física e proteção; ambiente no lar; recursos financeiros; cuidados

de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade; oportunidades de adquirir novas

informações e habilidades; participação em, e oportunidades de recreação/lazer;

ambiente físico: poluição, ruído, trânsito, clima; transporte). Os itens são respondidos

numa escala de resposta de cinco pontos, variando entre 1 e 5. Os resultados dos

domínios são calculados numa escala de 0 a 100, onde pontuações mais altas

representam uma melhor perceção de qualidade de vida. Nos estudos de validação da

versão em Português Europeu, o WHOQOL-Bref apresentou valores aceitáveis de

consistência interna para cada um dos quatro domínios (Vaz Serra et al., 2006). No

presente estudo, os valores de consistência interna dos quatro domínios foram

bastante aceitáveis (cf. Quadro 2).

Quadro 2. Alfa de Cronbach e número de itens de cada domínio de qualidade de vida

Alpha de Cronbach Nº de itens

Físico 0.825 7

Psicológico 0.891 6

Relações sociais 0.760 3

Ambiente 0.790 8

3.4.3. Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS)

Para avaliar a sintomatologia depressiva e ansiosa foi utilizada a versão portuguesa da

Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS ; validada por Pais-Ribeiro et al. (2007), a

partir de uma amostra muito diversificada no que diz respeito às características das

doenças. A HADS é formada por 14 questões, sendo 7 questões relacionadas com a

ansiedade e 7 com a depressão. As respostas são dadas numa escala de 4 pontos (0 a 3

pontos), pelo que a pontuação máxima que se pode obter em cada uma das escalas é

de 21 pontos e a mínima é de 0 pontos. Um resultado entre 0 e 7 é considerado

normal, entre 8 e 10 ligeiro, entre 11 e 14 moderado e entre 15 e 21 severo. A versão

em português da HADS é um instrumento confiável e válido para avaliar a ansiedade e

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

35

a depressão em ambientes médicos (Pais-Ribeiro et al., 2007). Estes autores

mostraram que a escala possui propriedades métricas semelhantes aos estudos em

outras línguas, podendo ser usada como medida de rastreio de ansiedade e depressão

em populações com perturbações do humor. A versão portuguesa apresentou valores

de consistência interna adequados (α =.76 para a ansiedade e α =.81 para a

depressão). Na amostra do presente estudos, os valores de fiabilidade foram muito

adequados (cf. Quadro 3).

Quadro 3. Alfa de Cronbach e número de itens de cada dimensão da HADS

Alpha de Cronbach Nº de itens

Ansiedade 0.811 7

Depressão 0.841 7

3.4.4. MOS Social Support Survey (MOS-SSS)

O apoio social foi avaliado pelo questionário MOSS-SSS, desenvolvido por Sherbourne

e Stewart (1991). Em Portugal, a versão original deste questionário foi adaptado por

Fachado, Martinez, Villalva e Pereira (2007), tendo sido validado em diferentes

populações e demonstrado valores adequados de fiabilidade. O MOS-SSS é composto

por 20 itens que avaliam o apoio social estrutural (rede social) e o apoio funcional. A

primeira questão permite avaliar a dimensão da rede social do doente, pois solicita ao

respondente que coloque em quantidade o número de amigos íntimos e familiares

próximos. A avaliação do apoio funcional é avaliada por 19 itens e define as quatro

seguintes dimensões: apoio material - alusivo ao fornecimento de ajuda material;

apoio emocional - permite o alívio de preocupações, medos e inseguranças; apoio

afectivo - capacidade de demonstrar afeto positivo, empatia; e Interação social

positiva - avalia a possibilidade de se dispor de alguém com quem possa se divertir.

Estes 19 itens são respondidos numa escala de resposta de cinco pontos, que varia

entre 1 (nunca) e 5 (sempre). No cálculo dos resultados, os valores são transformados

numa escala de 0 a 100, sendo que a valores mais elevados corresponde uma melhor

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

36

perceção de apoio social recebido. Na amostra do presente estudo, os valores do alfa

de Cronbach foram todos superiores a .90 (cf. Quadro 4).

Quadro 4. Alfa de Cronbach e número de itens de cada dimensão do apoio social

Alpha de Cronbach Nº de itens

Interação social positiva 0.938 4

Apoio emocional 0.957 8

Apoio afetivo 0.932 3

Apoio material 0.901 4

3.5. Análise de dados

As análises foram realizadas com a utilização do programa Social Package for the Social

Sciences (IBM SPSS, versão 21). Em primeiro lugar, recorreu-se à estatística descritiva

(médias, desvios-padrão, frequências) para caracterização sociodemográfica e clínica

da amostra, assim como dos resultados dos diferentes questionários da bateria de

avaliação. Para análise da associação entre as variáveis em estudo, recorreu-se ao

coeficiente de correlação de Pearson. A significância estatística foi estabelecida para

valores de p < .05.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

37

4. Resultados

Caracterização do tipo de rede social dos doentes com perturbação do humor

Relativamente ao apoio social, em média, os doentes possuíam cerca de cinco pessoas

na sua rede social (M = 4.9, DP = 4.5). Nas dimensões do apoio social, excetuando a

dimensão Interação social positiva, os scores médios variaram entre 65 e 70, sendo o

Apoio afetivo aquele que apresentou os valores médios mais elevados. Tendo em

conta que os resultados totais em cada dimensão variam entre 0 e 100, os resultados

obtidos são indicativos de níveis adequados de perceção de apoio social, acima do

ponto médio da escala (50). Os resultados descritivos encontram-se no Quadro 5.

Quadro 5. Resultados descritivos nas dimensões de apoio social

M DP

Interação social positiva 61.7 29.7

Apoio emocional 65.2 25.5

Apoio afetivo 68.5 29.4

Apoio material 65.8 29.4

Índice global 65.1 26.1

Caracterização da qualidade de vida dos doentes com perturbações do humor

No Quadro 6 encontram-se os resultados descritivos para os domínios da qualidade de

vida.

Quadro 6. Resultados descritivos dos domínios de qualidade de vida

M DP

Físico 53.5 19.7

Psicológico 52.1 23.0

Relações sociais 54.2 22.1

Ambiente 54.5 15.4

Faceta geral 46.3 21.3

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

38

Os resultados indicaram que os doentes apresentaram resultados médios superiores

ao ponto médio do questionário (50) nos quatro domínios do WHOQOL-Bref, com

exceção da faceta geral de qualidade de vida.

Relativamente às facetas específicas de qualidade de vida, os resultados encontram-se

no Quadro 7.

Quadro 7. Resultados descritivos nas facetas específicas de qualidade de vida

M DP

Qualidade de vida em geral 3.03 0.87

Estado de saúde 2.67 1.08

Dor e desconforto 3.26 1.27

Dependência de medicação e tratamentos 3.43 1.23

Sentimentos positivos 3.40 1.24

Espiritualidade 3.26 1.22

Pensamentos, aprendizagem, memória, concentração 2.97 1.09

Segurança física 3.19 1.03

Ambiente físico 3.17 0.95

Energia e fadiga 2.85 1.03

Aparência e Imagem corporal 3.29 1.07

Recursos económicos 2.60 0.79

Aquisição de informações 3.19 0.94

Recreio/lazer 2.67 1.01

Mobilidade 3.44 1.16

Sono e repouso 3.08 1.07

Atividades da vida diária 2.93 0.99

Capacidade de trabalho 3,00 1.08

Autoestima 3.03 1.14

Relações pessoais 3.31 1.07

Atividade sexual 2.69 1.16

Apoio social 3.51 0.98

Ambiente no lar 3.44 1.10

Acesso a serviços de saúde e sociais 3.54 0.91

Transportes 3.58 0.98

Sentimentos negativos 2.44 1.07

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

39

O resultado mais baixo pertence às facetas Sentimentos Negativos (M = 2.44, DP =

1.07), perctencente ao domínio Psicológico e Recursos Económicos (M = 2.60, DP =

0.79) pertencente ao domínio Ambiente. De destacar também a pontuação dos itens

Recreio/Lazer (M = 2.67, DP = 1.01), e perceção do estado de saúde (M = 2.67, DP =

1.08), com pontuações inferiores ao ponto médio da escala de resposta (3). Por outro

lado, nas pontuações mais elevadas, temos as facetas Transportes (M = 3.58, DP =

0.98) e Acesso a serviços de saúde e sociais (M = 3.54, DP = 0.91), ambas do domínio

Ambiente.

Caracterização da saúde mental dos doentes com perturbações do humor

Em relação à sintomatologia ansiosa e depressiva, os doentes apresentaram resultados

médios mais elevados na dimensão Ansiedade (M = 11.8) que na Depressão (M = 9.6)

(cf. Quadro 8).

Quadro 8. Resultados descritivos na sintomatologia ansiosa e depressiva

M DP

Ansiedade 11.8 4.3

Depressão 9.6 5.0

Tendo em consideração os pontos de corte da HADS para a sintomatologia ansiosa e

depressiva, e considerando a totalidade da amostra, os resultados mostraram que

34.5% dos doentes apresentaram sintomatologia moderada na Ansiedade. Apenas

17.2% dos doentes reportaram ausência de sintomatologia. No que diz respeito à

dimensão Depressão, 32.2% revelaram ausência de sintomatologia, enquanto 13.6%

apresentaram sintomatologia depressiva ligeira. Os resultados encontram-se descritos

no Quadro 9.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

40

Quadro 9. Resultados descritivos tendo em conta os pontos de corte da HADS para a

sintomatologia ansiosa e depressiva

N=59 %

Ansiedade

Ausência de sintomatologia 10 17.2

Sintomatologia ligeira 11 19.0

Sintomatologia moderada 20 34.5

Sintomatologia severa 17 29.3

Depressão

Ausência de sintomatologia 19 32.2

Sintomatologia ligeira 17 28.8

Sintomatologia moderada 14 23.7

Sintomatologia severa 8 13.6

Associação entre os domínios de qualidade de vida e saúde mental dos doentes com

perturbações do humor

Relativamente à associação entre os domínios e faceta geral de qualidade de vida e a

ansiedade e depressão (cf. Quadro 10), observa-se a existência de correlações

negativas fortes entre estes indicadores, sendo todas estatisticamente significativas (p

< .001). Estes resultados indicam que maior sintomatologia ansiosa e depressiva está

associada a menor perceção de qualidade de vida.

Quadro 10. Correlação entre a qualidade de vida os sintomas de ansiedade e depressão

HADS

Ansiedade Depressão

Físico -.687*** -.673***

Psicológico -.785*** -.816***

Relações sociais -.564*** -.594***

Ambiente -.529*** -.505***

Faceta geral -.558*** -.718***

*** p .001

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

41

Associação entre a composição da rede social e o apoio social percebido pelos

doentes e a sua qualidade de vida e saúde mental

No que respeita à associação entre o número de pessoas da rede social e o apoio social

percebido pelos doentes, os resultados mostraram a existência de correlações

positivas, sendo apenas com a Interação social positiva (p = .021), o Apoio emocional

(p < .018) e o Índice global de apoio social (p = .031) (cf. Quadro 11).

Quadro 11. Correlação entre o número de pessoas na rede social e as dimensões de apoio

social

Apoio social

Interação social positiva

Apoio emocional

Apoio afetivo

Apoio material

Índice global

Número de pessoas na rede social

.310* .319* .255 .174 .291*

* p < .05

No que diz respeito à associação entre o apoio social percebido pelos doentes e a sua

qualidade de vida, globalmente, os resultados indicaram a existência de correlações

positivas e significativas, indicando que quanto mais elevada a perceção de apoio

social, melhor a perceção de qualidade de vida (cf. Quadro 12).

Relativamente ao número de pessoas na rede social, verificaram-se apenas correlações

significativas com os domínios Psicológico (r = .353, p < .01) e Relações sociais (r = .322,

p < .05).

A Interação social positiva revelou estar significativamente associada a todos os

domínios e faceta geral de qualidade de vida. A dimensão Apoio emocional e o Índice

Global de Apoio Social apresentaram uma correlação com significância estatística com

todos os domínios da qualidade de vida, com exceção da faceta geral de qualidade de

vida. O Apoio afetivo e o Apoio material mostraram-se significativamente associados a

todos os indicadores de qualidade de vida, com exceção do domínio Físico e da faceta

geral. Em termos globais, as correlações mais fortes foram com o domínio Relações

sociais e domínio Ambiente.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

42

Quadro 12. Correlação entre as dimensões de apoio social e os domínios e faceta geral de

qualidade de vida

Qualidade de Vida

Físico Psicológico Relações

sociais Ambiente

Faceta

geral

Interação social positiva .329* .428** .649*** .508*** .282*

Apoio emocional .289* .462*** .623*** .470*** .250

Apoio afetivo .185 .351** .676*** .445** .202

Apoio material .212 .295* .529*** .337* .181

Índice global .280* .423** .656*** .472*** .248

* p < .05; ** p < .01; *** p .001

Em termos da associação entre o apoio social percebido e os sintomas psicológicos,

constata-se a existência de correlações negativas entre todas as dimensões de apoio

social e a sintomatologia ansiosa e depressiva. Apenas não se observaram correlações

com significância estatística entre o Apoio afetivo, o Apoio material e a Ansiedade. Em

relação ao número de pessoas na rede social, as correlações observadas foram

também significativas com os sintomas de ansiedade e depressão (cf. Quadro 13).

Quadro 13. Correlação entre as dimensões de apoio social e os sintomas de ansiedade e

depressão

HADS

Ansiedade Depressão

Número de pessoas na rede social -.291* -.272*

Interação social positiva -.298* -.355**

Apoio emocional -.378** -.386**

Apoio afetivo -.249 -.364**

Apoio material -.248 -.304*

Índice global -.329* -.379**

* p < .05; ** p < .01

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

43

Discussão

A presente investigação procurou analisar a associação entre o apoio social e a saúde

mental e qualidade de vida de pessoas diagnosticadas com perturbações de humor. Os

principais resultados apontam, ao nível da caracterização da rede social, que os

doentes da nossa amostra possuem poucos elementos na sua rede social, no entanto,

verificamos a existência de uma correlação positiva entre número de pessoas na rede

de apoio social e o nível de apoio social, em particular com as dimensões interação

social positiva e apoio emocional. Os participantes revelaram ainda, como esperado,

níveis elevados de sintomatologia depressiva e ansiosa, estando esta sintomatologia

associada a uma menor percepção de QdV. Por outro lado, foi possível verificar que

quanto mais elevada a percepção de apoio social dos doentes, mais baixa é a

sintomatologia depressiva e ansiosa e mais elevada é a percepção de QdV.

No que respeita às características sociodemográficas da amostra, existem alguns

aspetos a anotar. A amostra foi constituída por doentes com perturbação do humor,

dos quais 62.7% são mulheres. Esses dados estão em linha com a maioria dos estudos

existentes, que demonstram que as mulheres apresentam maior vulnerabilidade que

os homens no que respeita às perturbações ansiosas e do humor (Andrade et al.,

2006). No que diz respeito à patologia mais frequente, os resultados revelaram a

depressão como doença predominante, com uma percentagem de aproximadamente

80%, o que confirma a premissa de que a depressão é das doenças mentais com maior

prevalência nos países industrializados (Gusmão et al., 2005).

Tendo em consideração os resultados das escalas, de modo geral, e em concordância

com a revisão da literatura efetuada, foram obtidos alguns resultados esperados. Na

literatura podemos encontrar algumas investigações que referem que as pessoas com

perturbações mentais possuem uma rede social diminuída, composta por 8 a 12

elementos (Pattison, Defrancisco, Wood, Frazier & Crowder, 1975., Barron, 1996). Por

norma, a rede social destas pessoas, além de ser pequena, caracteriza-se também pela

assimetria e falta de reciprocidade (isto é, os doentes recebem mais apoio do que

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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proporcionam), o que pode provocar stresse, tensão e desgaste em variadas situações

(Guterres, 2002). No presente estudo, a média da rede social dos doentes estudados

foi de aproximadamente 5, valor inferior ao retratado na literatura revista. A qualidade

das relações familiares/amizade de doentes com perturbações do humor são tidas

como importantes no desenvolvimento da doença, tendo efeito positivo no seu

tratamento (Tucci, Kerr-Corrêa, & Dalben 2001).

Relativamente à análise das dimensões de apoio social, o apoio afetivo foi a dimensão

que apresentou os valores mais elevados, o que nos leva a levantar a hipótese de que

os doentes inquiridos têm uma ou mais pessoas na sua vida que lhes transmitem

sensações de afetividade. De igual modo, pode-se assinalar, relativamente às outras

dimensões, que as pontuações são bastante adequadas, tendo em conta a amplitude

das respostas (0-100). Podemos, assim, concluir que os doentes inquiridos valorizam

aspetos como afeto positivo, empatia, apoio recíproco. Ainda sobre esta questão, a

literatura refere que sentir-se membro de um grupo, partilhar com outros as emoções

do sucesso e dividir com eles as dificuldades – não estar só, enfim – é uma grande

ajuda para enfrentar as dificuldades da vida (Lima, Marques, & Camilo, 2015), o que

assume grande relevância no caso de doentes com perturbações mentais.

Tendo em conta os resultados descritivos da qualidade de vida, verificamos que os

doentes apresentam pontuações mais elevadas nos domínios das relações sociais e do

ambiente, apesar de, globalmente, todos os valores estarem muito próximos do valor

médio do questionário (50). Estes dados parecem demonstrar, que para além de

satisfação com as suas amizades e com a sua família, a satisfação com o ambiente

habitacional, o acesso a informações de organização da vida diária, bem como o acesso

a cuidados de saúde e social (tal como mostram os resultados das facetas específicas)

são indicadores importantes para a pontuação mais elevada nestes domínios. Como

mostra a literatura, a percepção da QdV poderá ser influenciada pelo ambiente em

que o sujeito se encontra inserido, no que respeita às condições de realização e de

satisfação das necessidades definidas pela sociedade vigente (Almeida, Gutierrez, &

Marques, 2012). Relativamente ao domínio psicológico, dado a natureza da amostra

deste estudo, seria de esperar que esta obtivesse o pior resultado, principalmente

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

45

tendo em consideração os sintomas emocionais negativos que a doença provoca e o

facto de serem doentes com perturbação psicológica. Na faceta geral da QdV, os

doentes apresentaram resultados médios abaixo de 50 (M = 46.3), sugerindo uma

avaliação global da QdV muito pobre. Globalmente, estes resultados são concordantes

com os apresentados no estudos de Gameiro et al. (2010), com doentes com

depressão major, que reportou resultados abaixo do ponto médio em praticamente

todos os domínios de QdV, sendo que a faceta geral foi também a menos pontuada.

No que respeita aos resultados das facetas específicas da QdV, no nosso estudo, os

resultados mostraram ainda que os participantes revelam pontuação mais baixa na

faceta sentimentos negativos (o que é expectável, tendo em conta que este item

questiona acerca da presença de sintomas como ansiedade e depressão) e consideram

possuir baixos recursos económicos e baixas possibilidades de execução de atividades

de lazer. Contudo, cada vez mais estudos comprovam a tese de que atividades físicas,

sociais ou de lazer reduzem o risco de demência, assim como podem reduzir os

estados depressivos e ansiosos, proporcionando assim melhorias ao nível da saúde

emocional (Crowe, Andel, Pedersen, Johansson, & Gatz, 2003).

Na caracterização da saúde mental (sintomas de ansiedade e depressão), os resultados

revelaram índices elevados de sintomatologia psicológica. Tendo em conta os pontos

de corte da HADS para a sintomatologia ansiosa e depressiva, os resultados indicam

uma elevada prevalência de sintomas ansiosos moderados (34.5%) e severos (29.3%).

Em relação à sintomatologia depressiva, verificamos um padrão um pouco diferente,

uma vez que apenas 8% dos participantes demonstraram ter sintomatologia severa e

32.8% demonstraram ausência de sintomatologia.

No que diz respeito à associação entre QdV e sintomatologia depressiva e ansiosa,

confirmamos que maior sintomatologia depressiva está associada a menor perceção

de QdV dos doentes. De salientar especialmente o coeficientes de correlação com o

domínio psicológico (-.79) na ansiedade e (-.82) na depressão, que confirmam a

importância destes sintomas para a QdV dos doentes.

No que se prende com a associação entre o número de pessoas na rede de apoio social

e as dimensões de apoio social, no presente estudo, destaca-se a correlação positiva

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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do número de pessoas na rede social com as diferentes dimensões de apoio, mas

apenas significativas com a interação social positiva e com o apoio emocional. Uma

rede social pessoal estável, ativa e confiável protege o indivíduo na sua vida diária,

favorece a construção e manutenção da autoestima e acelera os processos de

recuperação da saúde (Brusamarello et al., 2011) sendo, por isso, fundamental para a

promoção da saúde nos aspetos físicos, psicológicos e emocionais. Continuando esta

ideia, quando nos referimos ao apoio social fornecido pelas redes, destacamos os

aspetos positivos das relações sociais, como o compartilhar informações, o auxílio em

momentos de crise e a presença em eventos sociais (Andrade & Vaitsman, 2002).

No que concerne à associação entre apoio social e QdV dos doentes com perturbações

do humor, através dos dados do presente estudo podemos concluir que quanto mais

elevados são os resultados nas dimensões de apoio social, mais elevados são os

resultados nos diferentes domínios da QdV. A satisfação com o apoio social é uma

condição fundamental para a existência de QdV, sendo este um fator protetor de

saúde e bem-estar (Pais Ribeiro, 1999). Verificamos ainda que o número de pessoas na

rede social se encontra positiva e significativamente associado aos domínios de QdV

Psicológico e Relações sociais. Tal como referem Lima, Marques e Camilo (2015),

permanecer ligado a um grupo tem efeitos positivos na autoestima da pessoa, uma vez

que o grupo se torna um espaço de emoções positivas, de partilha e aceitação com

benefícios a nível emocional. Consistente com estes dados, no que se refere à QdV, os

nossos resultados mostram que os doentes que reportam maior apoio afetivo e apoio

material também apresentaram significativamente melhores resultados na maioria dos

domínios do WHOQOL-Bref (Psicológico, Relações sociais e Ambiente).

No que se prende com a associação entre o apoio social e sintomatologia psicológica,

podemos verificar a existência de correlações negativas e significativas enttre todas as

dimensões de apoio social e os sintomas de ansiedade e depressão, com exceção das

correlações entre o apoio afetivo e apoio material e a ansiedade. Mais uma vez,

globalmente, estes resultados vão de encontro ao esperado, que indicam que quanto

mais elevado é o apoio social, mais baixa é a sintomatologia ansiosa e depressiva, tal

como tem sido referido na literatura (Cobb, 1976., Batista et. al., 2006). Quanto mais

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

47

consistente for o apoio social menor a sintomatologia depressiva, uma vez que o apoio

social (e a perceção de apoio social recebido) possui um papel relevante na percepção

de bem-estar subjetivo, contribuindo, por exemplo, para uma diminuição de estados

ansiosos e emoções negativas (Rueger, Malecki, & Demaray, 2010). A intervenção no

apoio social torna-se relevante quando verificamos a existência de doentes mentais

que “conseguem ultrapassar situações de crise sem recorrer ao internamento, através

do suporte proporcionado por um amigo, um familiar ou por um técnico de

acompanhamento, existindo também situações em que os indivíduos entram em crise

quando as suas ligações sociais se alteram ou desaparecem” (Ornelas, 1996, p. 265).

Salientamos, assim, a importância concedida às variáveis relacionadas com o apoio

social, e das repercussões destas ao nível da capacidade de locomoção, mobilidade,

tarefas domésticas e emoções, ou seja, o apoio social recebido parece ter efeitos

significativos em dimensões avaliadas como bastante importantes no funcionamento

da vida diária (McIntyre et al., 2002) e, consequentemente da qualidade de vida das

pessoas.

Conclusões, Contributo e Limitações

“Na verdade, o problema não é decifrar

os padrões das doenças mentais do futuro próximo;

a questão é prever que tipos de laços sociais, que valores,

que cultura e que tipo de homem se está hoje projetando”. (Manuel Desviat)

A criação de laços sociais afigura-se como um promotor essencial na manutenção da

saúde mental, pelo que a promoção do desenvolvimento de competências sociais (por

exemplo, reconstrução ou criação de redes de apoio social) (Lima, Marques,

Bernardes, & Pereira, 2016) é essencial nos doentes com perturbações psiquiátricas

em geral e perturbações do humor em particular.

A presente investigação procurou caracterizar o tipo de rede social dos doentes com

perturbações do humor, associar a composição da rede social com o apoio percebido

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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pelos doentes assim como correlacionar a QdV e saúde mental destes participantes. Os

resultados obtidos neste estudo confirmam a premissa de que o apoio social tem uma

influência positiva na QdV dos doentes com perturbações do humor, na medida em

que quanto mais elevada é a perceção de apoio social, mais elevada é a perceção de

QdV, e menor é a gravidade da sintomatologia ansiosa e depressiva. Por outro lado,

pudemos verificar uma associação significativa entre níveis mais elevados de sintomas

psicológicos e pior perceção de QdV.

Apesar dos progressos no campo da associação entre a saúde e apoio social, a

literatura mantem-se escassa no que respeita às perturbações do humor. Deste modo,

consideramos este trabalho com relevância científica na medida em que relaciona

perturbações como depressão, perturbação bipolar e perturbação de ansiedade com o

apoio social e a qualidade de vida.

O presente estudo não está isento de limitações, que importam anotar. Em primeiro

lugar, uma das limitações tem a ver com a dimensão da amostra, que é relativamente

pequena. Em estudos futuros seria importante que esta fosse aumentada. Por outro

lado, sendo uma amostra por conveniencia não nos permite fazer generalizações para

a população. Adicionalmente, por ser um estudo com desenho transversal, limita a

generalização dos resultados, assim como o estabelecimento de relações causais entre

as variáveis.

No que respeita a estudos futuros, seria interessante utilizar metodologias qualitativas,

de forma a estudarmos de forma mais aprofundada a composição da rede social dos

doentes com perturbações do humor, os tipos de relações, frequência de contactos,

satisfação com o apoio recebido, e a forma como estes diferentes indicadores de apoio

social contribuem para a saúde mental e qualidade de vida dos doentes.

O apoio social, como um determinante importante de saúde mental, deve constituir

objeto de intervenção dos profissionais de saúde, e deve estar presente na criação de

futuros projectos de saúde mental que enfatizem a manutenção/obtenção de laços

sociais em doentes com perturbações do humor. É neste ambito que o Serviço Social

trabalha na área da saúde mental, sempre em equipa multidisciplinar, na identificação

das redes de de apoio social dos doentes por um lado, e orientando os recursos da

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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comunidade no sentido de inclusão do doente. Tal como é referido por Guadalupe

(2001, p. 10) “activar, potenciar ou mesmo criar vínculos que apoiem espontânea e

autonomamente os doentes são as palavras e as acções-chave do Serviço Social na

área da Saúde Mental”. Esperamos, desta forma, que o presente estudo constitua um

contributo para o conhecimento e para a prossecução de investigações futuras na área

do apoio social.

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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ANEXOS

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ANEXO 1: PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA FMUC

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ANEXO 2: PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA DO CHUC

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Apoio social, qualidade de vida e saúde mental em doentes com perturbações do humor

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ANEXO 3: PARECER DA COMISSÃO NACIONAL DE PROTECÇÃO DE DADOS

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ANEXO 4: FORMULÁRIO DE INFORMAÇÃO E DE CONSENTIMENTO INFORMADO