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5º EREG/NE – Encontro Regional de Expressão Gráfica Educação Gráfica - perspectiva histórica e evolução
Salvador – Bahia – Agosto/2006
APLICAÇÃO E RESULTADOS INICIAIS DE UMA NOVA DITÁTICA DE ENSINO PARA A DISCIPLINA
DE DESENHO TÉCNICO NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA FEC - UNICAMP
Ana Lúcia Nogueira de Camargo Harris1 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Brasil
Departamento da Arquitetura e Construção
RESUMO
Este artigo descreve a reestruturação de uma disciplina de Desenho Técnico
voltada para alunos ingressantes no curso de Engenharia Civil no primeiro
semestre de 2006. O objetivo desta reestruturação é tentar maximizar e
aprofundar o conteúdo teórico e prático dado anteriormente a fim de preparar mais
adequadamente os alunos para a disciplina seguinte. Os procedimentos utilizados
foram: reestruturação do formato do material didático; reestruturação do conteúdo
a ser abordado, mudanças na didática em sala de aula; mudanças na ordem dos
assuntos abordados; rebalanceamento dos critérios de avaliação e de seus pesos
e utilização de ambientes virtuais on line como apoio didático. Os primeiros
resultados têm sido animadores, os alunos apresentam-se mais empolgados e têm
demonstrado uma boa qualidade nos trabalhos até então realizados.
Palavras-chave: Desenho, Engenharia Civil, ensino, aprendizagem, EAD.
1 e-mail: [email protected]
1 Introdução
A importância de uma compreensão espacial adequada por parte de profissionais das áreas de
Arquitetura e Engenharia Civil é unânime, porém, a dificuldade no desenvolvimento desta
habilidade por uma boa parte dos alunos também é evidente, principalmente nas últimas
décadas, quando o desenho foi deixado em segundo plano no ensino fundamental e médio no
país.
Em 1998 SANTOS e CORREIA (1998) já apontavam que as dificuldades na percepção
espacial de alunos de cursos de Arquitetura e de Engenharia traziam prejuízos ao
desenvolvimento destes profissionais e defendiam a utilização de computação gráfica como
ferramentas potenciais para a aprendizagem da geometria gráfica. De lá para cá as tecnologias
gráficas vêm evoluindo e tornando-se cada vez mais acessíveis aos educadores.
Hoje em dia é cada vez mais fácil preparar o conteúdo didático de um curso de modo a
auxiliar na aprendizagem, aumentando a sua velocidade e o interesse dos alunos. Conteúdos
que antes exigiam um determinado esforço dos alunos na captura, abstração e compreensão
de conceitos, e por isso, além de dificultar a aprendizagem exigiam um tempo maior de
assimilação, podem, atualmente, ser traduzidos com o uso de animações ou visualizações
manipuláveis 3D, por exemplo, facilitando a compreensão e acelerando o processo de
aprendizagem.
Outra grande vantagem é a possibilidade de disponibilização, gratuita e constante destes
conteúdos em veículos virtuais de transmissão de informação como a internet, o que permite
que o aluno reveja os conteúdos ministrados em sala de aula, quantas vezes, onde e quando
quiser, bastando para isso ter acesso a um terminal ligado à rede.
Se por um lado, a computação gráfica tem favorecido o ensino/ aprendizagem de
profissionais das áreas de Arquitetura e Engenharia Civil, quando bem aplicada, por outro tem
revolucionado o desenvolvimento de projetos arquitetônicos. O uso adequado de aplicativos
cada vez mais amigáveis e potentes tem permitido a exploração de novas formas
arquitetônicas e sua efetiva realização.
1.1 O ensino de desenho técnico na Engenharia Civil
No caso da Engenharia Civil, os cursos devem preparar os alunos para que estes tenham uma
ampla capacidade de visualização tridimensional e dominem adequadamente a linguagem do
desenho técnico que será sua principal ferramenta para a transmissão de informações gráficas.
Em particular nesta área, com o advento da computação gráfica, muita coisa mudou, os
antigos materiais de desenho foram substituídos por programas CAD e os antigos
“desenhistas”, transformados em “cadistas”. Junto à necessidade de aprender a linguagem do
desenho técnico somou-se a necessidade de dominar programas CAD vigentes no mercado
atual, com isso, os cursos de engenharia passaram a inserir a aprendizagem de CAD em sua
grade curricular. (COSTA e HARRIS, 2005).
Porém, a inserção de CAD na grade curricular acrescida da diminuição da importância
dada a disciplinas de desenho gerou novos problemas. Se por um lado os alunos têm
ferramentas cada vez mais potentes em suas mãos, por outro, apresentam uma menor
capacidade de compreensão espacial e conhecimento de geometria, o que permeia o risco de
serem reduzidos a “cadistas” frente a programas CAD ao invés de “projetistas”, limitando-se a
projetar apenas até onde o programa CAD permitir.
1.2 O ensino de desenho técnico na FEC
No caso da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, onde as
disciplinas são semestrais, existem atualmente duas disciplinas, no curso de Engenharia Civil,
que abordam CAD (EC204 e EC 304), estas dão seqüência à disciplina de desenho técnico
fundamental EC 104, que é oferecida no 1o semestre do curso.
Cada uma das três disciplinas tem um total de 45h/aula, que é ministrado no formato de 3h/
aula por semana durante 15 semanas. A seqüência lógica das disciplinas foi planejada de
modo a preparar o aluno, com a linguagem do desenho técnico fundamental e desenvolvimento
de visualização espacial para que só depois ele tenha acesso aos programas CAD, a fim de
permitir-lhe o domínio do programa e não o oposto.
Porém, o aluno médio ingressante na faculdade tem apresentado um déficit cada vez
maior, tanto na capacidade de visualização abstrata espacial quanto no conhecimento de
desenho básico fundamental. Isto, somado ao número restrito de horas da disciplina, têm
gerado a necessidade de uma compensação na disciplina seguinte, a EC204, que deveria
abordar apenas a introdução a um programa CAD.
A EC204 introduz o aluno ao CAD 2 e 3D, com exercícios baseados em ante-projetos
arquitetônicos. A disciplina seguinte, a EC304, aprofunda o uso de CAD, explorando o
ferramental para o desenvolvimento de projetos executivos. Porém, o aluno sai da EC104 com
pouco domínio da leitura de projetos arquitetônicos para seguir adequadamente a EC204.
Este artigo relata uma pesquisa, em andamento, que visa mudar este quadro
reestruturando toda a disciplina EC104 com o objetivo de, na mesma quantidade de h/aula
disponíveis, preparar adequadamente os alunos para as disciplinas EC204 e EC304 seguintes.
2 O ensino do Desenho Técnico na disciplina EC104 até 2005
A disciplina EC104 - Desenho Técnico Fundamental da Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas é uma disciplina obrigatória
com carga horária total de 45h, estruturada em 3h/semana, sendo 1h destinada à Teoria e 2h à
Prática. Ela é prevista para ser ministrada em sala de aula presencial e vale 3 créditos. A
ementa vigente da disciplina é: “Introdução dos conceitos básicos do Desenho Projetivo”
(CATÁLOGO, 2006).
Esta disciplina destina-se aos alunos ingressantes no curso de Engenharia Civil, num total
de aproximadamente 80 por ano, divididos em duas turmas, A e B, de aproximadamente 40. As
aulas são ministradas em duas salas similares. Estas salas são compostas de pranchetas
reclináveis para uso individual e com réguas paralelas. Até 2005 as aulas eram ministradas nas
duas salas simultaneamente, com um professor para cada turma. Em 2006 os horários na
grade curricular foram modificados, possibilitando a utilização de apenas um professor.
2.1 Conteúdo programático
O conteúdo programático, destinado a cumprir a ementa da disciplina EC104 até 2005 está
descrito na tabela 1 a seguir:
Tabela 1: Descrição do conteúdo da disciplina EC104 em 2003
CONTEÚDO TEÓRICO CONTEÚDO PRÁTICO AULAS
2003 Sala de Aula T. Complementar Exercícios em Sala Objetivos Específicos
1 Apresentação do programa; Dinâmica da disciplina.
Geometria plana fundamental.
Desenhos de observação.
Verificar domínio individual da linguagem do desenho.
2 Introdução à utilização dos instrumentos de desenho; fundamentos de concordância e arcos.
Lista de exercícios passo a passo para a geração de concordâncias.
Construções geométricas fundamentais.
Treinamento no uso dos instrumentos e revisão da geometria fundamental.
3 Normas Gerais do Desenho Técnico - NBR 10068, NBR 13142, NBR 8403 e NBR 8402. Legenda.
Construção de margens numa folha A2 e de Legenda adotada como tipo para a disciplina.
Sedimentação do padrão de margem A2 e legenda; Treinamento de letra técnica.
4 Emprego de Escalas no Desenho Técnico (NBR 8196)
Ampliações de desenhos geométricos com existência de concordâncias.
Uso prático de escalas e treinamento de concordâncias e uso de compasso.
5 Sistemas de Cotagem (NBR 10126).
Desenhos com mudança de escala; cotagem.
Sedimentação de cotagem treino de concordâncias.
6 Teoria Elementar do Desenho Projetivo (NBR 10067) – Vistas principais.
Lista de exercícios de visualização espacial.
Desenho das 6 vistas principais de figura esculpida em sabão.
Sedimentação na compreensão das vistas principais.
7 Interseções: Cortes e secções.
Desenho de cortes secções de peças.
Sedimentação sobre cortes e secções.
8 Projeções Ortogonais e Intersecções.
Desenho e cotagem de vistas e cortes de peças mais complexas.
9 Projeções Axonométricas: ênfase em isométrica.
Desenho de peças isométricas a partir de vistas ortográficas.
Sedimentação da construção em projeção isométrica e visualização espacial.
10 AVALIAÇÃ0 PARCIAL Todo o conteúdo dado Checar nível apreendido.
11 Perspectiva cônica com 2PF: processo de arquiteto.
Desenho de uma peça em perspectiva pelo processo do arquiteto.
Sedimentar a construção de cônicas pelo processo do arquiteto.
12 Perspectiva cônica com 2PF: cont. Idem anterior, com peça
mais complexa. Idem anterior.
13 Projeções: militar e cavaleira Desenho de uma peça em
projeção cavaleira e outra em projeção explodida.
Sedimentar conhecimento sobre projeções cavaleiras.
14 Exercícios de revisão. Exercícios selecionados. Relembrar teorias dadas.
15 AVALIAÇÃ0 FINAL Todo o conteúdo dado Checar nível apreendido.
2.2 Dinâmica geral das aulas
Os alunos utilizavam materiais clássicos de desenho para desenvolver seus exercícios nas –
prancheta articuladas em salas de aula. Existiam duas avaliações ao longo do semestre. Os
exercícios semanais eram corrigidos cuidadosamente pelos professores semanalmente e a
média de suas notas transformada em uma nota extra que poderia acrescentar até 1,0 ponto
na média parcial. Os melhores resultados eram expostos no início da aula seguinte. Os critérios
de avaliação consideravam a primeira avaliação com peso 1 e a segunda com peso 2. À média
das duas era acrescida a média das notas dos exercícios feitos em sala de aula dividida por 10.
A dinâmica das aulas era estruturada segundo o quadro 1:
Quadro 1: estrutura geral da dinâmica das aulas da EC104 até 2004
2.3 Ferramentas virtuais
Desde 2003, a UNICAMP conta com um ambiente virtual, o Ensino Aberto (EA), disponível
para cada disciplina, onde o professor encontra seus alunos já inseridos e os alunos têm
acesso de qualquer computador se tiverem convalidado uma senha, recebida no ato de sua
matrícula. Também existe uma rede do tipo intranet na FEC que permite a interligação entre
diversos computadores e disponibilização de material, porém com acesso restrito aos
computadores da FEC.
3 Desenvolvimento de ferramenta on line de apoio à disciplina EC104
Com base na preocupação descrita no item 1, foi desenvolvida e disponibilizada uma primeira
versão on line, <www.rau-tu.unicamp.br/~luharris >, de um conjunto de materiais didáticos para
dar apoio à disciplina EC104. Este site é descrito por HARRIS (2005) e incorpora diferentes
pesquisas que abordam: Conceitos básicos de Geometria (Geo1 e Geo2); Vistas Ortográficas
(VO), descrita por HARRIS (1998) e Desenho Técnico para projetos arquitetônicos (DTarq),
descrita por HARRIS et al 2005.
4 Desenvolvimento do Trabalho
Com base na experiência acumulada no ministro de 4 anos (2001-2004) desta mesma
disciplina e com a possibilidade das duas turmas poderem ser ministradas pelo mesmo
professor, acrescido o fato de uma parte do material de apoio on line já ter uma primeira versão
disponível, decidiu-se realizar a reestruturação desta disciplina neste primeiro semestre de
2006.
4.1 Reestruturação do conteúdo programático
A reestruturação da disciplina EC 104 apresenta-se nos seguintes moldes, como mostra a
tabela 2.
horas/ aula/ semana Seqüência didática aplicada
1h Teoria (sala de aula presencial): Exposição dos melhores trabalhos referentes à aula da semana anterior;
Uso de transparências e lousa para a explicação. 2h Exercícios práticos para assimilação (sala de aula presencial)
material disponível Reforço/ tirar dúvidas
Anotações de aula no xerox e bibliografia dada.
Disponibilidade do professor fora da sala de aula de 2h/por semana; Disponibilidade 2h/ semana de um monitor PAD .
Formas de avaliação
onde: AV1 = avaliação 1; AV2 = avaliação 2;
Mex = média das notas dos exercícios semanais.
(AV1 + AV2*2)/3 + (Mex/10) ≥ 5,0 → aprovado
(AV1 + AV2*2)/3 + (Mex10) < 5,0 → exame
Tabela 2: novo formato da EC104 implementado em 2006
CONTEÚDO TEÓRICO CONTEÚDO PRÁTICO AULAS
2006 SALA DE AULA T.COMPLEMENT. EXERC. EM SALA EX_MAIS OBJETIVOS
1 Apresentação do programa; dinâmica da disciplina.
Geometria plana.
Ex_sala01 - Desenhos de observação; Exercícios de abstração espacial.
Ex_mais 01 –Persp. cônica com 2 PFs pelo passo a passo.
Analisar as capacidades individuais de representação; introduzir desenho de cônicas.
2 Introdução à utilização dos instrumentos de desenho; revisão sobre fundamentos de concordância.
Concordâncias; exemplos de aplicação na arquitetura; lista exercícios de concordâncias passo a passo.
Ex_sala02 - Construções geométricas com concordâncias desenho em persp. cônica com 1 PF
Ex_mais02 -Desenho 3D do interior de um ambiente com 1PF.
Treinamento do uso dos instrumentos; revisão da geometria plana; introdução de técnica de projeção cônica com 1 PF e definição de profundidades.
3 Teoria Elementar do Desenho Projetivo (NBR 10067) – Vistas principais.
Listas de exercícios para desenvolver abstração espacial; Divisão de circunf. passo a passo.
Ex_sala03 - Desenho das 6 vistas a partir da observação de uma maquete de uma habitação popular real.
Ex_mais03 – Desenho de perspectiva cônica com 2PFs e profundidade definida.
Sedimentação da compreensão na construção das vistas ortográficas e introdução à representação de projetos arquitetônicos por maquetes.
4 (NBR 10068); (NBR 13142); (NBR 8403); (NBR 8402); (NBR 8196).
Divisão de circunferências passo a passo.
Ex_sala04 - Desenho da Legenda; ampliação de uma planta-baixa; Dobradura da folha A2 pela norma.
Ex_mais04 – Escolher uma planta-baixa e fazer desenho c/ esc. adeq.
Uso de escalas e introdução de seu uso no desenho de projetos arquitetônicos; treinamento de letra técnica e dobra.
5 Perspectiva cônica com 2PF: processo de arquiteto.
Construção geométrica de curvas.
Ex_sala05 – Des. volumétrico em persp. cônica pelo processo do arquiteto.
Ex_mais05 –Desenho em persp. cônica pelo mesmo processo.
Sedimentar a construção de perspectivas cônicas utilizando o processo do arquiteto.
6 Normas gerais do Desenho Técnico (NBR 10126) - Sistemas de Cotagem.
Notas de aula; Introdução à topografia e curvas de nível.
Ex_sala06 – Desenho de implantação; planta baixa e cobertura; cotagem dos desenhos.
Ex_mais06 – Geração de três vistas a partir de duas figuras dadas em isométrica.
Introdução sobre curvas de nível, contagem, representações em projetos arquitetônicos; treinamento de abstração espacial.
7 Interseções: Cortes e Secções.
Introdução ao desenvolvimento de superfícies. Planificação.
Ex_sala07 – Planta baixa e corte em dois pavimentos. Calculo p/escada.
Ex_mais07 – cortes e secções de uma peça.
Introduzir o desenho de cortes e seções e escadas em projeto arquitetônico.
8 Revisão. Tira dúvidas e jogos. Firmar conceitos.
9 AVALIAÇÃ0 PARCIAL.
Conteúdo dado até o momento.
Checar nível de aprendizagem obtido.
10 Projeções Axonométricas: ênfase em isométrica.
Reforçar conceitos sobre Projeções.
Ex_sala10 –Desenho de volumetrias em proj. isométrica.
Ex_mais10 – Construção em isométrica e em cônica.
Introduzir a construção de figuras em projeção isométrica e treinar visualização espacial.
11 Projeção Isométrica: continuação.
Representação de projetos de hidráulica.
Ex_sala11 – isométrica aplicada ao projeto de hidráulica.
Ex_mais11 – Desenho de instalação hidráulica livre.
Aplicação prática da isométrica no projeto arquitetônico.
12 Projeções: militar e cavaleira.
Poliedros e planificações.
Ex_sala12 – Projeção cavaleira de peças.
Ex_mais12 –
Projeção explodida.
Aplicações práticas destes dois tipos de projeções.
13 Telhados: representações; divisão de águas.
Detalhamento de telhados.
Ex_sala13 – Desenho das águas de telhados por três processos.
Ex_mais13 – Definição da terceira vista de um telhado.
Apresentar técnicas de representação das águas de telhados.
14 Revisão. Tira dúvidas. Firmar conceitos.
15
AVALIAÇÃ0 FINAL
Todo o conteúdo dado no curso.
Checar nível de aprendizagem obtido.
4.2 Reestruturação da dinâmica geral da disciplina
O uso das pranchetas dos alunos foi mantido. Colocou-se a possibilidade do uso de
instrumentos virtuais, com um link para o aplicativo Risko2, para eventuais estudos em casa.
Acrescentou-se e/ou substituiu-se transparências e textos impressos por aulas virtuais
disponíveis na rede. Os novos conteúdos didáticos foram desenvolvidos com a utilização de
programas gráficos como: AutoCAD (Autodesk), Front Page (M.Office), PhotoPaint (Corel),
Power Point (M.Office) e Flash (Macromedia). Os documentos finais foram gerados em folhas
impressas, páginas HTML, arquivos para visualização on line e impressão PDF e animações
virtuais em SWF.
Os alunos têm acesso a parte deste material pelo Ensino Aberto; parte pelo site da EC104
e parte pelo Xerox da FEC, onde a essência da aula ministrada é replicada no formato
impresso, para que os alunos com maior dificuldade de acesso da rede não fiquem sem
informações. Os critérios de avaliação e a pontualidade na entrega semanal das correções
foram mantidos, bem como a realização das duas avaliações e seus pesos. Os exercícios
feitos em sala de aula que valiam anteriormente como nota opcional entraram na média das
notas e foram denominados de Ex_sala. A média de suas notas hoje tem o peso igual ao da
primeira das duas avaliações, a AV1. Foram acrescentados exercícios opcionais extra-sala de
aula, denominado de Ex_mais, para estimular o treinamento em casa e aprofundar em
determinados tópicos com base nas teorias disponíveis. Estes exercícios também são
corrigidos pelo professor e a média de suas notas dividida por 10 é acrescentada na média
parcial. O quadro 2 abaixo sintetiza esta reestruturação.
Quadro 2: estrutura geral da dinâmica das aulas da EC104 em 2006
2 Aplicativo com instrumentos de desenho virtuais, desenvolvido pela EP/USP <http://www.usp.br/siicusp/12osiicusp/ficha1868.htm>
horas/ aula/ semana Seqüência didática aplicada
1h Teoria (sala de aula presencial) – Exposição dos melhores trabalhos referentes à aula da semana anterior; Uso de ambientes virtuais, transparências, lousa e animações para a explicação.
2h Ex_sala - Exercícios práticos para assimilação (sala de aula presencial) livre Ex_mais – Exercícios complementares não obrigatórios (para casa)
material disponível Reforço/ tirar dúvidas
Anotações de aula no xerox e no Ensino Aberto; Material virtual explicativo no Ensino Aberto e em sites; Bibliografia dada.
Disponibilidade do professor fora da sala de aula constantemente por e-mail; Disponibilidade de material didático virtual permanente e desvinculado de tempo e espaço; Disponibilidade 2h/ semana de um monitor PAD .
Formas de avaliação
onde: AV1 = avaliação 1; AV2 = avaliação 2; MEx_sala = média das notas dos exercícios de sala de aula semanais; MEx_mais = média das notas dos exercícios semanais complementares.
(AV1 + AV2*2 + MEx_sala)/4 + (MEx_mais/10) ≥ 5,0 → aprovado
(AV1 + AV2*2 + MEx_sala)/4 + (MEx_mais/10) < 5,0 → exame
4.3 Reestruturação do conteúdo
Com relação ao conteúdo, foram realizadas basicamente as seguintes mudanças:
Acréscimo de teorias complementares sobre geometria plana e espacial, bem como pontos
específicos do desenho de projetos arquitetônicos, como telhados, instalação hidráulica e
noções de topografia; acréscimo de exercícios apoiados em peças clássicas do ensino de
desenho no material complementar com gabaritos e classificações por graus de dificuldade;
criação de novos exercícios apoiados em representações de volumetrias e projetos
arquitetônicos para o ensino na sala de aula presencial.
5 Avaliações iniciais
Embora as aulas ainda estejam em curso, foram ministradas até o momento 10 das 15 a
serem oferecidas. Com elas já foi possível iniciar uma análise comparativa entre a produção
dos alunos da disciplina EC 104 nos anos anteriores e neste primeiro semestre de 2006.
A geração de materiais didáticos mais profundos, interativos e atraentes tem empolgado os
alunos a trabalharem na disciplina com mais consideração e respeito ao professor (figura 1).
Figura 1: Exemplo de material didático das aulas.
O oferecimento dos materiais didáticos no Ensino Aberto, permitindo uma disponibilização
independente do tempo e espaço tem funcionado como um estímulo para aproximadamente
2/3 dos alunos, que têm entrado freqüentemente no ambiente virtual fora dos horários de aula.
A mudança nos critérios de avaliação tem estimulado os alunos a fazerem os exercícios
Ex_mais e capricharem mais nos exercícios de sala de aula, os Ex_sala (figura 2).
Figura 2: Exemplo de aplicação dos alunos em sala de aula.
Observa-se claramente que a nota ainda é o fator que mais pesa nas escolhas dos alunos.
Portanto, a inserção de material sem atrelá-lo a possíveis avaliações e notas, como é o caso do
material teórico complementar, serve apenas aos alunos mais responsáveis e preocupados em
manter um nível de notas alto.
A aplicação de dinâmicas em sala de aula que proporcionam uma descontração dirigida a
determinados objetivos didáticos tem refletido num comportamento mais colaborativo entre os
alunos na fase de execução dos exercícios em sala de aula.
O acréscimo de exercícios dirigidos à representação de projetos de arquitetura tem
colaborado, não apenas com a aprendizagem da linguagem do projeto, mas também com a
compreensão do próprio projeto e de obras projetadas (figura 3).
No formato anterior, a falta um material disponível adequado para estudos extra-classe
levava os alunos mais freqüentemente a tirar dúvidas com os monitores, que estavam
habilitados apenas para responder sobre questões dos exercícios dados. No formato atual, os
alunos raramente procuram o monitor e se satisfazem com o material disponibilizado,
principalmente o do Ensino Aberto.
Figura 3: Exemplo de colaboração e curiosidade na busca de compreensão.
Após a primeira avaliação (maio de 2006) também se observou uma coerência nas notas
alcançadas pelos alunos com a freqüência de utilização do Ensino Aberto e com a execução
dos exercícios complementares.
6 Considerações Finais
Este artigo apresentou uma experiência didática na disciplina de desenho técnico voltada para
alunos ingressantes no curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia Civil da
Universidade Estadual de Campinas, em curso no primeiro semestre de 2006. Para esta
experiência, a disciplina foi totalmente reestruturada, desde seu material didático, formato e
apresentação das aulas até seu conteúdo e critérios de avaliação. Os primeiros resultados
apontam para uma melhora significativa na aprendizagem dos alunos com relação aos graus
de aprofundamento teórico e prático alcançados se comparados aos alunos das turmas
anteriores. Como pesquisas futuras pretende-se aperfeiçoar os materiais didáticos desta
primeira versão a fim de potencializar o uso das novas ferramentas de comunicação síncronas
e assíncronas on line, bem como recalibrar a complexidade de alguns dos exercícios dados em
sala de aula, e eventuais ordens de apresentação dos conteúdos oferecidos em 2006. As
principais finalidades destes estudos são: a busca de uma independência gradativa do aluno
com sua sala de aula presencial, possibilitando uma maior flexibilidade nos estudos; a geração
de materiais didáticos mais interativos e estimulantes, possibilitando um aprofundamento no
conteúdo sem perder a qualidade em sua absorção e finalmente a obtenção de um
conseqüente aumento na aprendizagem e na capacidade de raciocínio lógico espacial tão
necessários a esta profissão.
Agradecimentos
Agradecemos aos alunos que auxiliaram e aos que têm auxiliado no desenvolvimento do
material didático para esta disciplina bem como aos alunos que estão cursando a disciplina
este ano pelo entusiasmo, cooperação e compreensão demonstrados.
Referências
CATÁLOGO 2006 – Graduação - UNICAMP - < http://www.unicamp.br/prg/dac/catalogo2006/ >
Acesso em março de 2006.
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HARRIS, A. L.N. C. Material didático no ensino do desenho hoje In: INTERNATIONAL
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