APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO NO ESTÁDIO VT ASSOCIADO … · AO USO DE REGULADORES DE CRESCIMENTO E...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA
LUCAS ANDRADE BARBOSA
APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO NO ESTÁDIO VT ASSOCIADO
AO USO DE REGULADORES DE CRESCIMENTO E
MICRONUTRIENTES, NA CULTURA DO MILHO.
Uberlândia-MG
Setembro-2013
LUCAS ANDRADE BARBOSA
APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO NO ESTÁDIO VT ASSOCIADO
AO USO DE REGULADORES DE CRESCIMENTO E
MICRONUTRIENTES, NA CULTURA DO MILHO.
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao curso de Agronomia da
Universidade Federal de Uberlândia, para
obtenção do grau de Engenheiro
Agrônomo.
Orientador: Césio Humberto de Brito
Uberlândia-MG
Setembro-2013
LUCAS ANDRADE BARBOSA
APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO NO ESTÁDIO VT ASSOCIADO
AO USO DE REGULADORES DE CRESCIMENTO E
MICRONUTRIENTES, NA CULTURA DO MILHO.
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao curso de Agronomia da
Universidade Federal de Uberlândia, para
obtenção do grau de Engenheiro
Agrônomo.
Aprovado pela Banca Examinadora no dia 25 de novembro de 2013.
Eng. Agr. Luciano Ferreira da Fonseca Msc. Wender Santos Rezende
Membro da banca Membro da banca
_______________________________________
Prof. Dr. Césio Humberto de Brito
Orientador
RESUMO
O milho (Zea mays L.) está entre as culturas mais importantes e que apresentam grande
relevância na atual conjuntura mundial. Mesmo sendo uma cultura de grande
importância, o manejo nutricional principalmente do nitrogênio (N), ainda fica muito a
desejar, pois este nutriente de extrema importância é aplicado somente até o estádio V8
(oito folhas completamente desenvolvidas) da cultura. O trabalho teve como objetivo
testar a eficiência e praticabilidade agronômica da aplicação de nitrogênio,
micronutrientes (cobalto e molibdênio) e dos reguladores de crescimento (auxina, ácido
giberélico e citocinina) no estádio de pendoamento (VT) da cultura do milho, e desta
forma observar se as plantas apresentaram respostas expressivas em alguma das
características agronômicas testadas. Neste contexto, no ano agrícola 2012/2013, foram
realizados dois experimentos na fazenda Floresta do Lobo no munícipio de Uberlândia,
buscando aplicar o nitrogênio no estádio VT (pendoamento) da cultura do milho,
associando, a aplicação de reguladores de crescimento (AIA, citocinina e GA3) e
micronutrientes (Cobalto e Molibdênio). O experimento visou avaliar o comportamento
dos tratamentos em relação a diferentes características agronômicas, como a
produtividade bruta e líquida, grãos ardidos, força de quebramento, altura de
quebramento e diâmetro de colmo. Sendo realizados dois experimentos cujos
tratamentos foram os seguintes: Primeiro experimento: Padrão N (testemunha); Padrão
N + 25 kg ha-1
de N; Padrão N + Cobalto e Molibdênio; Padrão N + 25 kg ha-1
de N +
Cobalto e Molibdênio; Segundo experimento: Padrão N (testemunha); Padrão N + 25 kg
ha-1
de N; Padrão N + reguladores e Padrão N + 25 kg ha-1
de N + reguladores. A
pulverização foliar dos nutrientes cobalto e molibdênio no estágio do pendoamento
(VT) do milho influenciou diminuindo a altura de quebramento, resistência ao
tombamento e porcentagem de grãos ardidos, e ocorreu um aumento na produtividade
líquida. A aplicação de 25 kg ha-1
de N no estádio VT aumentou no primeiro
experimento a produtividade bruta, e no segundo, o aumento foi constatado no diâmetro
de colmo, força e altura de quebramento. Nas características agronômicas testadas no
experimento não foram observadas melhoras com a aplicação foliar dos reguladores de
crescimento. Pode-se concluir que a aplicação dos micronutrientes (cobalto e
molibdênio) auxilia na menor incidência de grãos ardidos e aumentam a produtividade
líquida, já a disponibilização de 25 kg há ha-1
de N no estádio VT aumenta a
produtividade bruta da cultura.
Palavras-chave: Zea mays; doses de N; cobalto e molibdênio.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5
2 MATERIAL E METODOS ..................................................................................................... 9
3 RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................................. 12
3.1) Experimento 1 (Cobalto e Molibdênio) ............................................................................ 12
3.2 Experimento 2 (Reguladores de crescimento) .................................................................. 16
4 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 19
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 20
5
1 INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) apresenta uma área plantada no mundo de
aproximadamente 160 milhões de hectares a cada ano, em que são produzidas em torno
de 800 milhões de toneladas anuais do cereal (GLAT, 2010). Tendo valores tão
expressivos em relação à área cultivada e a sua produção, a cultura se tornou uma das
mais importantes no mundo, pois o cereal é considerado uma importante fonte de
nutrientes na alimentação humana e animal (DOBEREINER et al., 1995;
FORNASIERI, 2007).
O Brasil é o terceiro maior produtor de milho e apresenta uma produtividade
média de 5,05 t ha-1
(MAPA & CONAB, 2013), estando muito aquém das médias
obtidas dos Estados Unidos no ano de 2013, que foi de 9,69 t ha-1
(USDA, 2013), sendo
que a média mundial é de 4,86 t ha-1
(CEPEA, 2013).
Mundialmente, a produtividade de milho apresenta uma média pouco expressiva
quando comparada aos Estados Unidos, isso se deve ao fato, de que, além de vários
fatores envolvidos, grande parte das áreas cultivadas se encontra em condições de baixa
fertilidade natural dos solos e em regiões onde há ocorrência de secas (MONNEVEUX
et al., 2005). Associado a este fato, ocorre a baixa capitalização de grande parte dos
agricultores, que não tem recursos para investir em fertilizantes para fazer uma
adubação adequada e construir a fertilidade dos solos, e como consequência apresentar
produtividades satisfatórias.
A aplicação do adubo nitrogenado na cultura ocorre nas fases iniciais de
desenvolvimento, geralmente até o estádio V8 (oito folhas completamente
desenvolvidas), quando normalmente é possível fazer a última entrada com o
implemento agrícola, sem que ocorra prejuízos na lavoura.
Esse manejo vem se tornando duvidoso, pois em todo o seu ciclo de vida a
planta de milho necessita ter um suprimento adequado de nitrogênio, para que se
consiga ter um bom desenvolvimento. Segundo Uhart e Andrade (1995) e Escosteguy et
al. (1997), o nitrogênio (N) é um elemento que determina o desenvolvimento das
plantas de milho, com o aumento significativo na área foliar e na produção de matéria
seca, tendo como resultado maior produtividade de grãos.
A aplicação inicial de nitrogênio é um problema, pois ele é um macronutriente
que apresenta uma dinâmica complexa no solo (BASTOS et al., 2008; CANTARELLA
& MARCELINO, 2008). Desse modo a planta, muitas vezes, não consegue absorver o
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nutriente em níveis adequados, podendo não expressar todo o seu potencial genético nas
suas fases mais avançadas de desenvolvimento (DOVALE et al., 2012). Rao (1992)
alerta que a recuperação do nitrogênio (N) dos fertilizantes nitrogenados pelas plantas é
baixa, podendo ocorrer em muitos casos menos que 50%.
As perdas do N dos fertilizantes nitrogenados estão associadas, dentre outros
fatores, as perdas gasosas do elemento, principalmente por volatilização e
desnitrificação. Cabezas (1997) mostra que quando o fertilizante nitrogenado como a
ureia não é enterrada ou incorporada ao perfil do solo, seja pela água da chuva ou de
irrigação, pode se ter uma perda de 31 a 78% de todo o N que foi aplicado ao solo. Por
desnitrificação as perdas de fertilizantes nitrogenados tem sido estimadas em menos de
10% na cultura do milho (HILTON et al., 1994). A partir destes dados, pode-se notar
que as perdas são grandes quando a aplicação ocorre de forma equivocada, podendo
deixar no solo uma pequena porção do elemento, correndo o risco do mesmo não ser
disponibilizado para a planta nas fases avançadas de seu desenvolvimento.
Dentre todos os macronutrientes, o nitrogênio é uma dos mais demandados e é
que mais tem influência na morfogênese da cultura do milho (SANGOI et al., 2011).
Segundo Taiz e Zeiger (2009) o N participa da constituição de vários compostos
orgânicos nas plantas, fazendo parte de muitos componentes da célula vegetal, dentre
estes os aminoácidos, ácidos nucleicos e enzimas. Andrade (2003) mostrou que este
elemento apresenta papel essencial no metabolismo dos vegetais, por participar
diretamente na biossíntese de proteínas e clorofila. A deficiência inibe o pleno
crescimento e desenvolvimento da cultura (SANGOI et al., 2007). No século passado
foi associado o aumento na produtividade do milho, com o aumento da adubação
nitrogenada (DUVICK, 1997) e segundo Araújo (2004) com a elevação das doses de
nitrogênio aplicados no solo, ocorre um aumento linear na produtividade de grãos de
milho.
A planta de milho, para produzir uma tonelada de grãos, de acordo com
Prochnow (2009), extrai 20 quilogramas de nitrogênio do solo. Este é o elemento que
mais limita a produtividade de grãos (AMADO et al., 2002; SILVA et al., 2005), pois
frequentemente é suprido em quantidades insatisfatórias (REICHARDT et al., 1979).
Mesmo tendo todo o aporte de nitrogênio necessário para o pleno
desenvolvimento da planta, de nada adianta se outros elementos estiverem em níveis
críticos, de acordo com Justus von Liebig (1824) “o crescimento da cultura é
determinado pelo elemento que estiver em menor disponibilidade”, por este motivo é
7
essencial que os micronutrientes essenciais como o molibdênio, estejam em níveis
adequados. Também é importante que a planta tenha disponível alguns elementos
benéficos para o seu desenvolvimento, pois estes podem estimular o crescimento e a
defesa vegetal, como é o caso do cobalto (Co) (FURLANI, 2004).
Para que a planta de milho consiga ter um bom aproveitamento do N (elemento
que é absorvido majoritariamente pelas raízes), para o seu desenvolvimento e
crescimento, o suprimento de molibdênio tem que estar dentro dos parâmetros
adequados à cultura. Pois este elemento é componente de duas enzimas de suma
importância para o metabolismo do nitrogênio, a nitrogenase e a nitrato-redutase.
Grande parte do molibdênio encontra-se na enzima nitrato-redutase (NR) e segundo
Purcino (1994), é a enzima mais importante na redução e assimilação de nitrato pelas
plantas. A NR tem função de catalisar a redução do íon NO3- a NO2
- (DECHEN et al,
2007). Cunha (2001) observou que com a aplicação via foliar de molibdênio aos 45 dias
após a emergência da cultura, ocorreu um aumento do teor de proteínas nos grãos.
O Cobalto, que não é considerado um nutriente essencial mas sim benéfico, é
constituinte da enzima cobalmina (JUNIOR et al., 2010) que faz parte de várias enzimas
em microrganismos fixadores de nitrogênio (TAIZ & ZEIGER, 2009). Juntamente com
o manganês o cobalto, faz parte da síntese do ácido chiquímico, que tem como produto
final a fenilalanina, tirosina e o triptofano (CASTRO, 2007). Entre essas substâncias, o
triptofano se destaca, pois este faz parte da sintetize de um elemento regulador
importante para as plantas, o ácido indolacético (AIA) (CASTRO, 2007).
De nada adianta ter todos os nutrientes disponíveis, sejam eles essenciais ou
benéfico, se não tiver um mecanismo para regular e coordenar todo o metabolismo,
crescimento e a morfogênese das plantas. A regulação ocorre através dos reguladores de
crescimento que são os homônimos vegetais (fitormônios), cada tecido, dependendo da
sua fase de desenvolvimento, para ser estimulado precisa ser suprido por doses variáveis
destes compostos. Entre os fitormônios mais importantes temos destaque para as
auxinas (ácido indolil-3-acético, AIA), citocininas e ácido giberélico (GA3) (RAVEN et
al,. 2007).
No grupo das auxinas o AIA é muito importantes para a indução das raízes
adventícias e para a inibição da abscisão foliar. Essa inibição pode ser favorecida
quando temos a presença da citocinina que retarda senescência foliar, fazendo com que
a planta de milho consiga manter suas folhas metabolicamente ativas por um maior
período de tempo no campo, mesmo depois da maturidade fisiológica da planta, não
8
ocorrendo, assim, a interrupção da produção de fotoassimilados mantendo a planta por
mais tempo no campo e com uma melhor sanidade (RAVEN, et al, 2007).
Com a indução das raízes adventícias, o ácido giberélico (GA3) promove a
divisão e o alongamento celular, fazendo com que as raízes penetrem em grandes
profundidades no perfil do solo, tendo como consequência o aumento não só do volume
radicular, mas também, ocorre um incremento na absorção de água e de nitrogênio
(RAVEN, et al, 2007).
A partir das considerações acima descritas, este trabalho teve como objetivo
avaliar a influência da aplicação de nitrogênio a lanço no estádio VT (pendoamento) da
cultura do milho, em complemento à adubação convencional de nitrogênio, associada à
aplicação foliar de reguladores de crescimento (AIA, citocinina e giberelina) e
micronutrientes (molibdênio e cobalto), sobre diferentes características agronômicas.
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2 MATERIAL E METODOS
Os experimentos foram realizados na fazenda Floresta do Lobo, no ano agrícola
de 2012/2013. Essa propriedade está localizada nas margens da rodovia BR-050, Km
93, no município de Uberlândia (MG), na latitude 19° 4’ 39’’ sul e longitude de 48° 7’
49’’ oeste, altitude de 961 metros, tendo um latossolo vermelho, fase cerrado. Foi
utilizado o híbrido simples de milho Status e a implantação da lavoura foi no sistema de
semeadura direta.
Foi utilizado o delineamento de blocos ao acaso, com cinco repetições. As
parcelas foram constituídas por 6 linhas de 4,2 m de comprimento, espaçadas a 0,5m,
com carreadores de 0,8m. A parcela útil foi formada das quatro linhas centrais, as
bordaduras, as linhas externas e a primeira planta de cada cabeceira foram excluídas,
para diminuir a interferência externa, sendo assim, as avaliações eram iniciadas a partir
da segunda planta da parcela útil.
Antes da implantação da lavoura foram distribuídos 150 kg ha-1
de cloreto de
potássio a lanço, na semeadura foram aplicados 250 kg ha-1
de MAP (11-54-00) e em
cobertura 450 kg ha-1
do formulado 36-00-12. Esse manejo da adubação foi efetuado
para os dois ensaios e para todos os tratamentos, totalizando 190 kg ha-1
de N, sendo
denominado de padrão N.
Foram realizados dois ensaios em esquema fatorial 2x2. No experimento 1 foi
testada a aplicação do nitrogênio (N) e os micronutrientes cobalto e molibdênio (Tabela
1). O primeiro fator correspondeu à ausência ou presença aplicação no estádio VT
(pendoamento) de 25 kg ha-1
de nitrogênio nos tratamentos. O segundo fator
correspondeu a ausência ou presença da aplicação foliar no estádio VT dos
micronutrientes cobalto e molibdênio, na dose de 1 L ha-1
(3% molibdênio + 2%
cobalto).
Tabela 1 – Tratamentos: N e micronutrientes (aplicados em VT). UFU, Uberlândia,
2013.
Tratamentos Dose de Nutrientes
Padrão N (testemunha) 190 kg ha-1
de N
Padrão N + 25 kgha-1
de N (VT) 215 kg ha-1
de N
Padrão N + Cobalto e Molibdênio
190 kg ha-1
de N + 20 mL de
Co + 30 ml de Mo
10
Padrão N + 25 kgha-1
de N+ Cobalto e Molibdênio
215 kg ha-1
de N + 20 ml de
Co + 30 ml de Mo
No segundo experimento foi testada a aplicação de N e os reguladores de
crescimento AIA, citocinina e ácido giberélico (Tabela 2). O primeiro fator
correspondeu a aplicação em VT de 25 kg ha-1
de nitrogênio (ausente e presente). Já o
segundo fator correspondeu a aplicação foliar de biorreguladores, na dose de 1 L ha-1
do
produto comercial. Em 1 L do produto comercial, continha 0,05 g L-1
de ácido
giberélico, 0,09 g L-1
de cinetina e 0,05 g L-1
de ácido 4-indol-3-ilbutírico.
Tabela 2 – Tratamentos: N e biorreguladores (aplicados em VT) UFU, Uberlândia,
2013.
Tratamentos Dose de Nutrientes
Padrão N (testemunha)
190 kg ha-1
de N
Padrão N + 25 kgha-1
de N
215 kg ha-1
de N
Padrão N + Reguladores
190 kg ha-1
de N + 0,05 g L-1
de ácido giberélico + 0,09 g
L-1
de cinetina + 0,05 g L-1
de
ácido 4-indol-3-ilbutírico.
Padrão N + 25 kgha-1
de N + Reguladores
215 kg ha-1
de N + 0,05 g L-1
de ácido giberélico + 0,09 g
L-1
de cinetina + 0,05 g L-1
de
ácido 4-indol-3-ilbutírico.
O adubo utilizado para a aplicação de 25 kg ha-1
de nitrogênio no estádio VT da
cultura foi o sulfato de amônio, a aplicação foi realizada a lanço. Antes da adubação
com sulfato de amônio, ocorreu a aplicação dos micronutrientes e dos biorreguladores,
com o auxílio de um pulverizador costal motorizado.
As características avaliadas no experimento foram quebramento do colmo, altura
de quebramento de colmo, resistência ao tombamento, diâmetro de colmo, porcentagem
de grãos ardidos e produtividade.
Para fazer a determinação da força necessária ao quebramento do colmo e da
altura de quebramento utilizou-se um aparelho, o “inclinômetro” e a fita métrica. O
“inclinometro” é um aparelho criado e descrito pelo Dr. Luiz Savelli Gomes, que tem
por objetivo avaliar a resistência da planta ao quebramento do colmo sendo que, quanto
11
maior for a força e o ângulo, maior será a resistência da planta ao quebramento (Gomes
et al., 2010). Depois que ocorreu a ruptura do colmo, foi medido, com auxílio da fita
métrica a altura que o colmo rompeu do solo.
Na determinação da resistência das raízes utilizou-se o aparelho denominado
“arrancômetro”, que foi projetado e desenvolvido pelo pesquisador Dr. Luiz Savelli
Gomes (GOMES et al., 2010) e é composto por um sistema de roldanas, uma garra,
manivela e um dinamômetro. O aparelho tem como finalidade testar a resistência da raiz
perante ao solo exercendo uma força vertical capaz de arrancar a planta, sendo que,
quanto maior a força marcada no dinamômetro, maior é a resistência da planta a ser
arrancada do solo, tendo assim um sistema radicular mais desenvolvido. Para descobrir
qual a força necessária para arrancar a planta do solo, foi utilizado a equação F= Fd x 4,
a variável F é referente a força total que é expressa em quilograma-força (kgf) e o
símbolo Fd representa a força medida pelo dinamômetro (kgf) (REZENDE., 2014)
A avaliação do diâmetro de colmo foi realizada com paquímetro digital. A
determinação foi direta e a medição foi realizada no segundo internódio da planta acima
do nível do solo, no local que apresentava maior diâmetro.
A porcentagem de grãos ardidos foi determinada de forma visual. Esse método
consiste em considerar que a espiga de milho está livre da presença do patógeno
atribuindo nota 100%, a partir desse ponto, quando for sendo encontrados os sintomas
do patógeno o pesquisador tem que ir descontando da nota total a porcentagem de grãos
ardidos, ao final contabilizar qual será a nota atribuída e desta forma encontrar a
porcentagem de grãos ardidos presentes na espiga (MELO,. 2009).
A colheita foi realizada com uma colhedora John Deere 1450 adaptada para a
colheita de ensaios, que tinha acoplada um sistema para a determinação de peso e
umidade de grãos.
A produtividade bruta foi determinada a partir dos valores de pesos obtidos nas
parcelas, fazendo a transformação para kg ha-1
e corrigindo a umidade para 13%.
A produtividade líquida foi obtida descontando-se a porcentagem de grãos
ardidos superior a 6%, na relação de 1:1, sobre a produtividade bruta.
As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa estatístico
Sisvar®(FERREIRA, 2003). Os resultados obtidos no experimento foram submetidos à
análise de variância, pelo teste F a 0,05 de significância. E as médias obtidas foram
comparadas pelo teste de Tukey, a 0,05 de significância (REZENDE., 2014).
12
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
3.1) Experimento 1 (Cobalto e Molibdênio)
A interação entre a variável nitrogênio com os micronutrientes cobalto e
molibdênio, não demonstrou nenhuma diferença significativa nas características
quebramento do colmo (tabela 3) e diâmetro do colmo (tabela 4). Assim como a
aplicação separada de nitrogênio e micronutrientes (cobalto e molibdênio) no estádio
VT (pendoamento) não influenciaram as características em questão.
Tabela 3 – Força necessária de quebramento no colmo do milho (Kgf), em função da
aplicação de nitrogênio, cobalto e molibdênio no estádio do pendoamento (VT). UFU,
Uberlândia, 2013.
Nitrogênio Cobalto de Molibdênio
Ausente Presente Média
Padrão N 0,938 0,990 0,964 ns
Padrão N + 25 Kg ha-1
de N 0,898 0,754 0,826 ns
Média 0,918 ns* 0,872 ns *ns: não significativo pelo teste F a 0,05 de significância.
Tabela 4 – Diâmetro do colmo (mm) da planta de milho, em função da aplicação de
nitrogênio, cobalto e molibdênio no estádio do pendoamento (VT). UFU, Uberlândia,
2013.
Nitrogênio Cobalto de Molibdênio
Ausente Presente Média
Padrão N 22,528 21,328 21,928 ns
Padrão N + 25 Kg ha-1
de N 21,668 21,322 21,495 ns
Média 22,098 ns* 21,325 ns *ns: não significativo pelo teste F a 0,05 de significância
Os dados mostram que a lavoura foi bem conduzida, tendo diâmetros de colmos
semelhantes entre si e consequentemente a força necessária para o quebramento foi
padrão para todos os tratamentos, pois quanto mais lignificado o colmo, mais força será
necessária para que ocorra a o quebramento.
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Pôde-se notar que com a presença de cobalto e molibdênio ocorreu uma
diminuição na altura de quebramento (tabela 5) e resistência ao tombamento (tabela 6)
da cultura do milho.
Tabela 5 – Altura de Quebramento (cm) do colmo do milho, em função da aplicação
foliar de cobalto e molibdênio no estádio do pendoamento (VT). UFU, Uberlândia,
2013 Cobalto e Molibdênio Altura de Quebramento
Ausência Co + Mo
Presença Co + Mo
79,85 a
70,63 b
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância
Tabela 6 – Resistência ao tombamento (Kgf) do milho, em função da aplicação foliar de
cobalto e molibdênio no estádio do pendoamento (VT). UFU, Uberlândia, 2013. Cobalto e Molibdênio Resistência das Raízes
Ausência Co + Mo
Presença Co + Mo
35,056 a
29,818 b
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância
A resistência da planta de milho ao acamamento está intimamente ligada à
espessura da parede do colmo (ZUBER et al. 1980). Aproximadamente 50 a 80% da
resistência é atribuída à estrutura e à composição da mesma, e também está relacionada
à força vertical e horizontal do seu sistema radicular (CLONINGER, 1970 e ZUBER,
1980). Desta forma, quando maior a espessura do colmo mais difícil será que ocorra o
quebramento da estrutura e o tombamento da planta.
O sistema radicular é muito importante no suporte da planta auxiliando assim na
diminuição do acamamento das plantas de milho. Desta forma faz-se necessário
fortalecer o sistema radicular principalmente em regiões com grande incidência de
chuvas e ventos fortes (MORAES, 2013).
Em seus estudos, Easson (1993) constatou que a ocorrência de chuvas, favorece
ao umedecimento do solo, gerando assim condições favoráveis para o acamamento de
raízes. Os ventos de até 16 km/h, depois de uma chuva, são suficientes para provocar o
acamamento.
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Na Tabela 7, observou-se que nos tratamentos onde foi realizada a aplicação de
Co e Mo, ocorreu uma redução de grãos ardidos. O que não ocorreu quando foi
realizado a aplicação de nitrogênio em VT na cultura, o elemento não influenciou na
redução da incidência da doença na lavoura.
Tabela 7 – Porcentagem de grãos ardidos na cultura do milho, em função da aplicação
foliar de cobalto e molibdênio no estádio do pendoamento (VT). UFU, Uberlândia,
2013. Cobalto e Molibdênio Porcentagem de grãos ardidos
Ausência Co + Mo
Presença Co + Mo
14,481 a
9,240 b
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância
O grão ardido é o principal responsável pela baixa qualidade dos grãos e
sementes de milho (PEREIRA, 1995). A contaminação de sementes sadias pode ocorrer
pelo simples contato com sementes que apresentam os patógenos em sua estrutura
(SILLIKER & ELLIOT, 1980). Os fungos responsáveis pela colonização dos grãos são
considerados como toxigênicos, têm a capacidade de ocasionar reduções nos conteúdos
de carboidratos, proteínas e açucares totais, além de causarem danos físicos, como o
descoloração (PINTO, 2007).
Essa doença causa grandes perdas comerciais para os produtores rurais, fazendo
com que, ocorra uma desvalorização comercial do produto que será entregue para o
mercado. Com a aplicação dos nutrientes, cobalto e molibdênio, ocorreu uma
diminuição significativa no teor de grãos ardidos nas espigas de milho, isso pode ter
acontecido pelo fato do molibdênio fazer parte das enzimas nitrogenase e nitrato-
redutase. Com o aumento do suprimento do elemento, aumentou também a quantidade
de enzimas e ocorreu uma maior assimilação de nitrogênio pela planta, aumentando
desta forma a síntese de clorofila e, consequentemente, a fotossíntese e a absorção de
nutrientes, deixando a planta mais saudável e resistente e ao ataque de patógenos
(PURCINO, 1994 & NOVAIS, et al,. 2007).
A planta estando com um suprimento maior de nutrientes e ocorrendo a
disponibilização do cobalto, que foi feita no momento da aplicação foliar, pode ter
ocorrido um aumentado na rota do ácido. Chíquimico, sintetizando compostos que são
importantes para a defesa da planta contra o ataque de patógenos (CASTRO, 2007).
15
Avaliando separadamente o padrão N com o padrão N + 25 kg ha-1
de N, pôde-
se observar que a influência do N, na produtividade bruta, foi maior em relação ao fator
que não apresentou nenhuma aplicação de N em cobertura (Tabela 8). Essa diferença
estatística na produtividade bruta pode ter ocorrido devido a planta de milho embora
tenha uma melhor assimilação do N entre o período de 40 e 60 dias após a emergência,
a cultura concentra a assimilação de N que necessita para o seu desenvolvimento após o
início do florescimento, sendo que a assimilação deste macronutriente está em torno de
50% (CANTARELLA, 1993).
Tabela 8 – Produtividade Bruta da cultura do milho, em função da aplicação de
nitrogênio no estádio do pendoamento (VT). UFU, Uberlândia, 2013. Nitrogênio Produtividade Bruta
Padrão N 13.303 b
Padrão N + 25 kg ha-1
de N 13.915 a
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância
Quando ocorreu o desconto de grãos ardidos sobre a produtividade bruta,
encontrado a produtividade líquida, observou-se que nos tratamentos onde teve a
aplicação de cobalto e molibdênio, as plantas tiveram uma maior produtividade (Tabela
9). A maior produtividade provavelmente ocorreu pelo maior suprimento para as plantas
dos dois micronutrientes e por causa do fato que o cobalto, que é muito importante para
a defesa da planta, pois faz parte da rota do ácido. chiquimico (CASTRO, 2007).
Tabela 9 – Produtividade Líquida da cultura do milho, em função da aplicação foliar de
cobalto e molibdênio no estádio do pendoamento (VT).
UFU, Uberlândia, 2013.
Cobalto de Molibdênio Produtividade Liquida
Ausência Co + Mo
Presença Co + Mo
12.342 b
13.158 a
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância
16
3.2 Experimento 2 (Reguladores de crescimento)
Adicionando 25 Kg ha-1
de N no estádio pendoamento (VT) da cultura do milho,
ocorreu um incremento no diâmetro do colmo (Tabela 10). Os reguladores de
crescimento não influenciaram significativamente no diâmetro do colmo das plantas de
milho.
Tabela 10 – Diâmetro de Colmo (mm) da cultura do milho, em função da aplicação de
nitrogênio no estádio de pendoamento (VT) . UFU, Uberlândia, 2013.
Nitrogênio Diâmetro de Colmo
Padrão N 21,930 b
Padrão N + 25 Kg ha-1
de N 22,464 a
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância
O diâmetro do colmo é muito importante do ponto de vista fisiológico para a
planta, pois de acordo com Fancelli e Dourado Netto (2000) o colmo é responsável por
armazenar os sólidos solúveis durante o crescimento vegetativo da planta, e
disponibiliza-los no momento do enchimento de grãos. Provavelmente ocorreu o
aumento no diâmetro do colmo pelo fato do nitrogênio participar de vários processos
importantes que estimulam o crescimento e o desenvolvimento da parte aérea e do
sistema radicular (MARSCHNER, 1995; MALAVOLTA, 2006), fazendo com que
quanto maior o suprimento do elemento, mais estímulos à planta recebera na fase do
crescimento vegetativo e consequentemente suas estruturas serão maiores e mais
resistentes.
Essa resistência pode ser observada nos resultados pertinentes da força de
quebramento e altura de quebramento (Tabela 11 e 12), com o fornecimento do N, a
força necessária para quebrar a planta aumentou, e consequentemente a altura também.
Os reguladores de crescimento não influenciaram significativa na força e altura de
quebramento das plantas de milho.
17
Tabela 11 – Força de Quebramento (Kgf) do colmo do milho, em função da aplicação
de nitrogênio no estádio do pendoamento (VT). UFU, Uberlândia, 2013.
Tratamento Força de Quebramento
Padrão N 0,845 b
Padrão N + 25 kg ha-1
de N 1,073 a
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância
Tabela 12 – Altura de Quebramento (cm) do colmo do milho, em função da aplicação
de nitrogênio no estádio do pendoamento (VT). UFU, Uberlândia, 2013.
Tratamento Altura de Quebramento
Padrão N
Padrão N + 25 Kg ha-1
de N
75,363 b
81,875 a
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de
significância
Nas tabelas 13 e 14, estão representados os resultados obtidos em campo da
resistência das raízes e grãos ardido da cultura do milho em função da aplicação de
nitrogênio e dos reguladores de crescimento no estádio do pendoamento (VT). Os
resultados mostram que nem mesmo a interação entre as duas variáveis (nitrogênio e
reguladores de crescimento) e a aplicação separada destes fatores, influenciaram em
uma melhora nas características em estudadas.
Tabela 13 – Resistência de Raízes (Kgf) de milho, em função da aplicação de nitrogênio
e reguladores de crescimento no estádio do pendoamento (VT). UFU, Uberlândia, 2013.
Nitrogênio Reguladores de Crescimento
Ausente Presente Média
Padrão N 40,016 45,696 42,856 ns
Padrão N + 25 Kg ha-1
de N 41,960 45,032 43,496 ns
Média 40,988 ns* 45,364 ns *ns: não significativo pelo teste F a 0,05 de significância.
18
Tabela 14 – Porcentagem de grãos ardidos da cultura do milho, em função da aplicação
de nitrogênio e reguladores de crescimento no estádio do pendoamento (VT). UFU,
Uberlândia, 2013.
Nitrogênio Reguladores de Crescimento
Ausente Presente Média
Padrão N 6,012 6,520 6,266 ns
Padrão N + 25 Kg ha-1
de N 8,312 7,520 7,916 ns
Média 7,162 ns* 7,020 ns *ns: não significativo pelo teste F a 0,05 de significância.
Nas tabelas 15 e 16 está sendo representado os resultados da produtividade bruta
e liquida da cultura do milho.
Nas duas tabelas não foi constatado diferença estatística entre as produtividades,
os resultados demonstram que nem mesmo a interação entre os fatores estudados
(reguladores de crescimento e nitrogênio) e a aplicação separada de cada fator teste, foi
capaz de ter um aumento significativo da produtividade da cultura do milho.
Tabela 15 - Produtividade Bruta da cultura do milho, em função da aplicação de
nitrogênio e reguladores de crescimento no estádio do pendoamento (VT). UFU,
Uberlândia, 2013.
Nitrogênio Reguladores de Crescimento
Ausente Presente Média
Padrão N 12.417,44 12.382,37 12.399,90 ns
Padrão N + 25 Kg ha-1
de N 12.770,42 12.748,45 12.759,43 ns
Média 12.593,93 ns* 12.565,41 ns *ns: não significativo pelo teste F a 0,05 de significância.
Tabela 16 - Produtividade Liquida da cultura do milho, em função da aplicação de
nitrogênio e reguladores de crescimento no estádio do pendoamento (VT). UFU,
Uberlândia, 2013.
Nitrogênio Reguladores de Crescimento
Ausente Presente Média
Padrão N 12.312,49 12.175,81 12.244,15 ns
19
Padrão N + 25 Kg ha-1
de N 12.425,04 12.498,45 12.461,75 ns
Média 12.368,76 ns* 12.337,13 ns *ns: não significativo pelo teste F a 0,05 de significância.
4 CONCLUSÕES
Com base nos resultados apresentados no trabalho, pode-se concluir que:
- No primeiro experimento, com a aplicação de cobalto e molibdênio no estádio
do pendoamento (VT) do milho, ocorreu uma diminuição na porcentagem de grãos
ardidos e aumento da produtividade liquida.
- No início do experimento no momento da semeadura e cobertura da cultura de
milho todas as parcelas testadas receberam o mesmo manejo de adubação, o que
diferenciou os tratamentos foi à aplicação complementar de nitrogênio no estádio de
pendoamento (VT). A aplicação foi realizada com 25 kg ha-1
de nitrogênio e influenciou
positivamente no aumento do diâmetro do colmo, força de quebramento, altura de
quebramento e produtividade bruta.
20
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