Abel, exemplo de caráter que agrada a deus - Lição 2 - 2ºTrimestre 2017
APÊNDICE J - Produto · importante para a trajetória de aceitação das histórias em quadrinhos...
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APÊNDICE J - Produto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática
Sebastião Duarte Dias
Claudia de Vilhena Schayer Sabino
Wolney Lobato
O USO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO RECURSO DIDÁTICO NA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Belo Horizonte
2017
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3
2 OBJETIVO ............................................................................................................................ 4
3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 5
4 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E EDUCAÇÃO ........................................................... 6
5 DELINEAMENTO METODOLÓGICO ............................................................................ 9
5.1 Elaboração e produção da revista ................................................................................... 12
5.1.1 Definição do conteúdo .................................................................................................... 12
5.1.2 A criação do Roteiro ....................................................................................................... 12
5.1.3 Definição das características dos personagens ............................................................. 14
5.1.4 Ilustração ........................................................................................................................ 15
5.1.5 Impressão ........................................................................................................................ 16
6 AVALIAÇÃO DO PRODUTO .......................................................................................... 17
6.1 Análise de dados ............................................................................................................... 17
6.2 Opinião dos avaliadores ................................................................................................... 18
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 26
APÊNDICE A - As aventuras de capitão Petro e Granulito .............................................. 31
ANEXO A - Ata de Reunião .................................................................................................. 47
ANEXO B - Recibo 1 .............................................................................................................. 49
ANEXO C - Recibo 2 .............................................................................................................. 51
ANEXO D - Declaração de prestação de serviço e recibo................................................... 53
3
O USO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO RECURSO DIDÁTICO NA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1 INTRODUÇÃO
As HQs estão presentes no mundo todo desde o século XIX e o precursor dessa arte de
comunicação foi o americano Richard Outcault, pioneiro ao utilizar o recurso das falas em
seus desenhos por meio do esboço de balões e sinais gráficos (RAUBER; MEDINA, 2013).
Ao lado de jornais e revistas, as HQs representam um dos mais difundidos meios de
comunicação de massa, alcançando, através de suas características universalmente
conhecidas, uma influência considerável na formação de seu público (TESTONI; ABIB,
2003).
Deve-se notar ainda que foi por meio dos jornais que as HQs surgiram como
entretenimento barato, contudo ganharam grande destaque mundialmente com produção de
super-heróis. Deste modo, tornaram um meio de comunicação de massa cada vez mais
popular entre os leitores jovens (TANINO, 2011).
No Brasil, consideramos como data de surgimento dos quadrinhos o dia 30 de janeiro
de 1879 – data da primeira publicação do personagem Nhô Quim, de Ângelo Agostini, na
revista Vida Fluminense. Nessa data comemora-se o dia do quadrinho brasileiro
(CALAZANS, 2004 apud SANTO; SANTOS, 2012).
Já no início do século 20, revistas para crianças, como Tico-Tico do desenhista Renato
de Castro, inspirada na revista infantil francesa “La Semaine de Suzett” e Sesinho – relançada
em 2001 –, traziam quadrinhos de grande sucesso (RAUBER; MEDINA, 2013).
Segundo Luyten (1987), a década de 1960 representou o marco na produção de HQs,
com o surgimento de “O Pererê”, do cartunista Ziraldo, que trazia como personagem principal
o Saci, além de elementos da tradição brasileira com temas que abrangiam o cotidiano e
também o folclore nacional. Porém, o êxito das HQs brasileiras veio por meio de Maurício de
Souza, o autor obteve fama internacional e foi o único brasileiro a receber o prêmio Yellow
Kid, considerado o Oscar das HQ, em 1971 (IANNONE; IANNONE, 1994 apud ROSA
2015).
As HQs é uma forma de expressão visual além da matéria, isto é, oriunda do
imaginário e do sonho, descendentes do desenho narrativo. (MAFFESOLI, 1995). Eisner
(1999) por sua vez, define as HQs como técnica sequencial, isto é, o arranjo de fotos ou
imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia. (EISNER, 1999).
4
Nesse sentido, as HQs representam uma forma de arte, em linguagem visual, que
influenciam os sentimentos humanos e transmitem mensagens por meio de símbolos e
imagens (DALACOSTA et al., 2009), definidas como ‘[...] forma de expressão artística que
tenta representar um movimento através do registro de imagens estáticas’ (GUIMARÃES,
1999, p. 1).
Além dos balões, podem ser destacados: o uso de sinais gráficos como as
onomatopeias (para a tradução dos sons) e as pequenas estrelas sobre a cabeça de um
personagem (indicando dor ou tontura); o uso de linhas para separar um quadro de outro e
estabelecer um sentido de evolução no tempo entre as cenas representadas; o uso de tiras para
mostrar uma "voz do narrador" dentro da história; entre outros (PLENARINHO, 2016).
E, complementando esse contexto, Pessoa (2006) considera as HQs como mídias que
combinam várias expressões artísticas com a comunicação, gerando um meio pelo qual o
leitor pode tornar-se parte da história, assim, criando sequências, sons e vozes por meio dos
diálogos nos balões. (PESSOA, 2006 apud CAVALCANTE, 2015).
2 OBJETIVO
Criar, aplicar e avaliar uma proposta comunicativa para o ensino por meio de uma
revista de HQs1 que retrata os impactos causados pela extração de rochas ornamentais e,
mediante esse recurso, propor novas metodologias de ensino-aprendizado prevalecendo o
intuito de difundir o conhecimento.
1HQs (a partir deste ponto, usaremos a abreviação HQs para nos referirmos ao termo História em Quadrinhos).
5
3 JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos, observa-se se uma expansão da EA2 no ensino formal, ocorrendo
sua universalização nas escolas. É importante notar que a data de 1996 é um marco
importante para a trajetória de aceitação das histórias em quadrinhos como ferramenta
pedagógica no Brasil. Nesse ano ocorreu a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) que, de certa forma, propunha um pacto entre este produto cultural
midiático e a educação formal. Nesse sentido, ela “[…] já apontava para a necessidade de
inserção de outras linguagens e manifestações artísticas nos ensinos fundamental e básico”.
(VERGUEIRO; RAMOS, 2009, p. 10).
A LDB sancionada em 1997 relaciona a EA como tema transversal, os PCNs3, e deixa
claro que a mesma deve ser trabalhada de forma interdisciplinar e em consonância com o
contexto social. Porém, mesmo que a inserção desta temática seja atualmente uma realidade
nos sistemas de ensino, sabe-se das dificuldades e desafios que a EA ainda tem que enfrentar
no dia-a-dia escolar (BRASIL, 2000).
Diante desse cenário com elevado grau de dificuldade e compreensão dos conteúdos
escolares, os PCNs preconizaram o uso de materiais didáticos e recursos tecnológicos como
estratégias de ensino para auxiliar na construção e reconstrução do conhecimento de forma
significativa. Além disso, indicam a necessidade de se trabalhar competências relacionadas à
interpretação do discurso das mídias em sala de aula, adotando inclusive HQs no Programa
Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) (BRASIL, 2000).
O princípio citado no artigo 8º, incisos IV e V da Lei 9.795/99, incentivam a busca de
alternativas curriculares e metodológicas na capacitação da área ambiental e as iniciativas e
experiências locais e regionais, “incluindo a produção de material educativo” (BRASIL,
1999).
De acordo com Lisbôa, Junqueira e Del Pino (2007) é importante compreender os
exemplos que denotam a possibilidade de trabalho com as HQs, sobretudo, aqueles que tratam
de alcance e educação da população em geral.
1-‘Se apropriadas pelo mundo escolar, podem ser transformadas em material
didático-pedagógico a ser incluído nas atividades de sala de aula, criando
oportunidades dos alunos estabelecerem relações com os conteúdos das diferentes
áreas ou disciplinas escolares, pois é um tipo de leitura que agrada principalmente ao
2 EA (a partir deste ponto, usaremos a abreviação EA para nos referirmos ao termo Educação Ambiental). 3Disponível em: Parâmetros Curriculares Nacionais – Introdução aos parâmetros curriculares nacionais.
(BRASIL, 2000).
6
público infanto-juvenil. Segundo Giesta (2002), a importância das histórias em
quadrinhos como veículo de comunicação é um dos motivos que atesta um grande
valor à investigação sobre seus conteúdos impressos, principalmente quando
explorado com sensibilidade e competência pelos professores nos diferentes níveis
de escolarização, e até fora dos muros escolares;
2-HQs se constituem em um material dinâmico, que podem tratar a cada nova edição
de temas diferentes, que requerem debate e que precisam chegar ao conhecimento de
todos. São diferentes dos livros didáticos, que trazem geralmente o mesmo conteúdo
estático por vários anos, sendo restritos os espaços dedicados a novas temáticas;
3-Como mencionado anteriormente, as HQs possuem um poder de alcance muito
amplo, visto que têm uma comunicação direta e de fácil compreensão, tendo grande
potencial expressivo e uma linguagem visual;
4-São mais especificamente voltadas ao público infanto-juvenil, sendo essa a etapa
do desenvolvimento social e cognitivo, em que a pessoa assimila a maior parte dos
conceitos que levará para o resto da vida;
5-Diferentemente de folders e cartilhas voltados à tentativa de sensibilização da
população para as problemáticas ambientais, as HQs podem tratar desses assuntos
em momentos não específicos, diferentemente daqueles, que são geralmente
distribuídos (e muitas vezes nem lidos) em momentos e eventos episódicos’.
(LISBÔA, JUNQUEIRA; DEL PINO, 2007)
Portanto, ao retratar uma época em que o tema Meio Ambiente se torna um desafio
para a escola, esta obra se traduz em alternativa para auxiliar os professores na tarefa de
propor novas metodologias de ensino-aprendizagem, transformação e estruturação do
conhecimento.
4 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E EDUCAÇÃO
A identificação das HQs com a educação científica ocorre desde 1950, com o
lançamento das revistas Ciência em quadrinhos e Enciclopédia de Quadrinhos. Em 1990, uma
publicação da editora Abril, intitulada Proteus - A aventura da ciência em quadrinhos,
responde ao momento histórico da disciplina Ciências que, nessa época, buscava no aluno o
desenvolvimento do futuro cientista e a valorização do pensamento científico e da Ciência.
Essa publicação era caracterizada por aventuras de ficção científica em quadrinhos e também
perguntas e respostas sobre os temas envolvidos (TAVARES JÚNIOR, 2015).
Diante do propósito educacional das HQs, vale destacar alguns exemplos dessa
crescente tendência de trabalho, dentre eles, a Reciclagem em quadrinhos’, publicada em
1995 pela editora Casa da Qualidade, apresentando a maneira correta de se praticar o 3R
(Redução, Reutilização e Reciclagem), a série Ecologia em Quadrinhos’, publicada em 1992
pela editora Brasiliense, e os gibis do personagem Chico Bento, desenvolvido por Maurício
de Souza e publicado pela editora Globo. Conforme Danton (1997), essa reorientação dos
quadrinistas também implicou numa visão mais crítica sobre a Ciência, especialmente em
relação à questão da ética no fazer científico (TAVARES JÚNIOR, 2015).
7
Na busca em diversificar as atividades em sala de aula, as HQs se tornaram uma
ferramenta atrativa, lúdica, capaz de contribuir para o ensino e aprendizagem nas diversas
áreas do conhecimento. Segundo Calazans (2005) as HQs estimulam a criatividade, a
imaginação dos alunos, o que contribui para a apropriação do conhecimento científico.
Partindo desse pressuposto, alguns estudos demonstram que o uso dos quadrinhos na
escola pode melhorar a capacidade dos alunos de desconstruir textos em diversos níveis,
permitindo a análise dos personagens, da intenção do autor, da história e de seu contexto,
além de permitir as correlações entre design gráfico, imagens e palavras (WILLIAMS, 2008).
Atualmente, as HQs respondem a outros anseios, e os desenhistas buscam provocar a
sociedade para uma reflexão crítica, sobretudo quando trata de temáticas como a saúde, a
sexualidade, o controle de natalidade, o preconceito com a terceira idade, a higiene, o
consumo de drogas, a domesticação dos animais e a questão ecológica, sendo esta última o
carro chefe das mais recentes publicações em quadrinhos, chegando a tornar-se objeto de
investigação acadêmica (GIESTA, 2002 apud TAVARES JÚNIOR, 2015).
Todavia, se hoje essa visão é consagrada entre professores e pesquisadores, nem
sempre foi assim. Os quadrinhos usados atualmente em sala de aula eram vistos como
concorrentes dos livros de alfabetização, entendidos, portanto, como uma distração prejudicial
ao aprendizado. “Os quadrinhos apareceram com mais frequência dentro da escola a partir da
metade do século passado. Primeiro, porque quase não existiam. Segundo, porque havia esse
preconceito contra eles”, diz Maria Angela Barbato Carneiro, professora titular do
Departamento de Fundamentos da Educação e coordenadora do Núcleo de Cultura e
Pesquisas do Brincar da Faculdade de Educação da PUC-SP em entrevista à Revista Educação
(CORSINI, 2014).
Portanto, de certa maneira, todos os investimentos estabelecidos ao longo do século
XX, podem ter contribuído para o deslocamento das HQs de uma condição marginal para uma
maior valorização como recurso didático no início desse século, tanto para o ensino de
Ciências como de outras disciplinas. Nos dias atuais, iniciativas bem-sucedidas como o
Gibiozine, uma revista de histórias em quadrinhos para divulgação de conceitos científicos,
desenvolvida desde 2007 por graduandos do curso de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), bem como o estabelecimento de eventos acadêmicos, como
as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, podem consolidar esse
reconhecimento da potencialidade didática das HQs (TAVARES JÚNIOR, 2015).
.
9
5 DELINEAMENTO METODOLÓGICO
Este relato descreve a elaboração da proposta de criação, avaliação e aplicação de uma
revista de HQs voltada para as práticas de difusão da Educação Ambiental associada aos
efeitos diversos causados pela extração de rochas ornamentais.
Eis que para o desenvolvimento do referido produto educacional foi envolvida a
participação do público alvo: alunos e professores do Ensino Médio de duas escolas situadas
no município de Santo Antônio de Pádua, RJ.
Ao considerar a efetividade de intervenções pedagógicas na Educação Ambiental,
cogitou a influência de conteúdos ligados ao contexto escolar e o respeito à cultura local.
Destarte, de acordo com a categorização pedagógica, esta obra utiliza uma estratégia
instigadora que possui como principal característica a proposição explícita, a qual segundo
Testoni e Abib, (2003), estimula o aluno a pensar a respeito do assunto tratado no decorrer do
enredo de uma situação/questão, isto é, busca através de uma abordagem construtivista, que o
leitor compreenda as relações entre esta forma particular de arte e o processo de
ensino/aprendizagem.
Para tanto, a construção das histórias em quadrinhos se baseou no recorte territorial e,
aliás, pela forte ligação com o aspecto cognitivo do indivíduo que se envolve com a sua
narrativa. Com base nessas considerações, para alcançar tal objetivo foram utilizados os
seguintes recursos:
a) o desenvolvimento da arte gráfica foi baseado, em parte, nas imagens fotografadas ‘in
loco’ pelos alunos monitores do CEJMB durante as visitas à serraria e pedreiras do
município de Santo Antônio de Pádua, RJ;
b) o quadro que ilustra o ‘cabouqueiro4’, retratado na página (9) nove da revista, o qual
transporta as bananas de dinamite em uma motocicleta, Figura 1, foi esboçado
conforme o relato abaixo de uma estudante da turma 3001, CEJMB.
“Meu tio veio a óbito após sofrer um acidente quando transportava explosivos em uma
motocicleta a caminho do trabalho para a extração de rochas ornamentais.” (Aluna A.B.A.)
4 Expressão popular criada pelos mineradores de Santo Antônio de Pádua, RJ, para designar os profissionais que
trabalham com a extração de rochas ornamentais na região.
10
Figura 1: O cabouqueiro que transporta explosivos em uma motocicleta a caminho do
trabalho para a extração de rochas.
Fonte: Dias (2017).
Dado esse contexto, embora de forma figurada, a ilustração acima retrata uma
dimensão das atitudes inconsequentes que persistem no espaço laboral.
Nesse sentido, vale ressaltar uma máxima da segurança no trabalho: “todos são
responsáveis pela prevenção de acidentes”. Isto quer dizer que desde os poderes e órgãos
públicos, passando pelos empresários e dirigentes empresariais, gerentes, chefes e
supervisores, até o próprio empregado são responsáveis pela integridade do trabalhador. Cada
um com parcela de responsabilidade proporcional ao seu poder de decisão (BISSO, 1990).
Portanto, para evitar uma série de eventos negativos à empresa, é importante analisar
todos os eventos adversos que possam ocorrer durante a jornada de trabalho, sendo esta uma
importante ferramenta para o desenvolvimento e refinamento do sistema de gerenciamento de
riscos; além de ser uma adequada avaliação das condições de segurança e saúde,
proporcionada pelo conhecimento dos riscos associados às atividades laborais, contribuindo
de maneira significativa para as mudanças das condições de trabalho (OLIVEIRA et al.,
11
2012).
c) Os expedientes da ludicidade, que estão intimamente relacionados à questão do
desafio, isto é, ao inserir o papel dos super-heróis nas HQ, criou-se toda uma
expectativa de que o leitor se divirta, divida opiniões, aprenda fundamentos éticos e
morais e construa ideais de justiça, afinal é o que precisamos para tornar o mundo
mais justo e menos desigual.
Nesse sentido, esta obra apresenta a história de dois super-heróis que acreditam e
encontram no desenvolvimento sustentável a estratégia para superar o ‘desafio’ da mudança
de atitude nas pessoas e consequentemente salvar uma cidade do desgaste natural causado
pela mineração. Segundo Ramos (1990), o desafio serve para provocar interesses e pode
envolver problemas corriqueiros ou colocados claramente ao sujeito. (RAMOS, 1990 apud
TESTONI; ABIB, 203).
Nos quadrinhos, os heróis se destacam por alguma característica que os transformam,
quase sempre, em tipos. Esses tipos permanecem imunes ao tempo, nunca modificando essas
qualidades básicas - sua razão de ser. A trama básica se repete e a torna familiar a todos,
fazendo com que a história em quadrinhos seja tão sedutora até para os adultos
(BOMTEMPO, 2017).
d) A utilização de uma série de processos cognitivos que podem ser explorados em uma
situação de ensino por meio das HQ. Segundo Testoni e Abib (2003), a identificação e
relação dinâmica do estudante com o enredo proposto pela HQ pode ser uma das
estratégias fundamentais deste instrumento – utilizar o quadrinho como um
desencadeador de um conflito cognitivo.
Nesse aspecto, para fundamentar a ampliação do pensamento lógico, os autores
basearam-se no referencial construtivista, mais especificamente na Teoria de Equilibração
Piagetiana, a qual nos fornece uma estrutura teórica que busca explorar as etapas da
construção do conhecimento (TESTONI; ABIB, 2003).
Segundo esta teoria, em uma análise sintética, o indivíduo possui um sistema cognitivo
que funciona através de um processo de adaptação (aproximação do sujeito com o objeto de
conhecimento). Este processo adaptativo poderá ocorrer de duas formas complementares - a
assimilação, que seria a incorporação de um elemento exterior ao esquema conceitual do
sujeito, e a acomodação, na qual o estudante deve reorganizar todos os conceitos para que a
12
nova ideia possa ser assimilada (TESTONI; ABIB, 2003).
Portanto, a expectativa é que esta revista educativa proporcione êxito na prática
escolar e, sobretudo possa contribuir para a formação consciente pautada em uma educação
que transforma, instrui e prepara o sujeito para atuar em sua realidade por meio de ações
afirmativas.
5.1 Elaboração e produção da revista
5.1.1 Definição do conteúdo
Eis que para realizar o desenvolvimento da estrutura narrativa da revista de HQs foi
levada em consideração a consulta aos PCNs e às diretrizes curriculares direcionadas ao
público do Ensino Médio. Dessarte, depois de pensar na sequência da história, elencaram-se o
rol de conteúdos pertinentes à questão socioambiental onde se transcorre a pesquisa, e,
portanto, enfatizaram-se aqueles assuntos relacionados ao tratamento reflexivo e crítico do
problema: a extração de rochas ornamentais. Dado esse contexto, fez-se necessário organizar
a temática de estudo por meio da revisão de literatura específica, a partir da qual motivou a
compilação de trabalhos científicos publicados para tratar o entendimento do assunto
abordado.
5.1.2 A criação do Roteiro
Somos movidos pela necessidade de nos comunicarmos uns com os outros, todas as
tecnologias que o ser humano desenvolve, em algum momento, são direcionadas para a
comunicação. Contar histórias é uma ação inata no homem desde os primórdios da sua
existência (BUGAY, 2004). Presentes nestas narrativas estão os personagens, que por sua vez,
são os responsáveis por nos chamar a fazer parte da história ou somente querer conhecê-la.
Talvez o passo mais importante para a criação de um personagem seja o de saber qual
é a sua necessidade dramática. O que esse personagem quer na história? (MASSARANI,
2017)
Portanto, um personagem bem construído é fundamental para o funcionamento de uma
história e de sua narrativa.
Partindo desse pressuposto, o roteiro da revista intitulada As aventuras de Capitão
Petro e Granulito se baseia no forte senso de justiça estabelecido pelo Super Herói, o qual é
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caracterizado por Vogler (2006) citado por Campos, Wolf e Vieira (2014) principalmente por
sua capacidade de se sacrificar pelo bem-estar comum. Geralmente ele é apresentado no início
da narrativa e será o protagonista. É aquele que irá conduzir a história, por esta razão é
necessário que exista uma identificação sua com o público. Assim, quanto mais humano,
próximo das qualidades das pessoas comuns, mais próximo dos espectadores ele estará. Este
protótipo é quem será chamado para a aventura, sairá de seu mundo comum, passará por
caminho em que sua conduta e atitude serão postas à prova, é aquele que busca a restauração
do mundo, e que retornará transformado. Em relação às questões psicológicas o herói é aquele
capaz de transcender os limites e ilusões do ego. Este arquétipo representa a busca pela
identificação do ‘eu’, de sua totalidade (VOGLER, 2006 apud CAMPOS; WOLF; VIEIRA
2014).
Não menos importante que o personagem, eis que para o desenvolvimento do diálogo,
fez-se necessário um cuidado especial com a exposição da linguagem e comunicação, que
nesta obra se aporta sob o olhar construtivista que potencializa a relação das HQs com o
processo de ensino/aprendizagem.
Nesse sentido, determinar o ritmo dos diálogos, escolher bem o vocabulário e dosar a
quantidade de frases torna-se de suma importância na confecção de um roteiro bem-sucedido.
Segundo Daniel Obeid, coordenador da pós-graduação em Roteiro de Ficção Audiovisual do
SENAC,
a construção das frases a serem ditas em cena merece tanta atenção quanto à
elaboração dos elementos visuais. É preciso algo mais: o diálogo tem de fazer mais
sentido, comunicar mais. Cada palavra conta. Afinal, a aproximação entre o
personagem e o ser humano se dá pela fala que ele emite. Expressamos nossos
pensamentos, emoções e angústias com as palavras, e isso também vale para a
ficção. Bons diálogos fazem uma diferença muito grande em uma história (OBEID
apud A IMPORTÂNCIA..., 2014).
Um diálogo é, portanto, uma interação entre personagens que estão agindo
verbalmente e cada papel é motivado por alcançar certo objetivo.
Além disso, é importante ressaltar, que nas HQs em particular, a contextualização que
se propõe no diálogo entre os personagens, seus pensamentos, gritos, sussurros, a própria
narrativa, ou da emoção que demonstra (surpresa, alegria, raiva, medo, cansaço, etc.) é
apresentada na forma de legendas ou inserida em espaços irregulares, e.g.; o formato dos
balões, quadrados e retângulos (FREITAS; PRAZERES, 2016).
Dessarte, para que as ilustrações pudessem representar eficazmente a evolução da
história por meio dos quadrinhos, foi necessária a roteirização de cada momento, nos quais se
14
detalharam as falas, as expressões dos personagens, bem como o panorama onde as cenas
acontecem. A partir dessa projeção, a história foi submetida à arte de ilustração e
digitalização.
5.1.3 Definição das características dos personagens
Foram propostas como características fundamentais para compor os estereótipos dos
personagens, a coragem e a atitude. Dessa forma, definiram-se os protagonistas da história:
dois jovens amigos avocados de “Capitão Petro e Granulito”, Figura 2.
Decididos a mitigar os impactos causados pela extração de rochas ornamentais na
cidade de “Petrolita”, Capitão Petro e Granulito, inclinam vertiginosamente numa empreitada
laboriosa para levar conhecimento e primorosas técnicas aos trabalhadores dessa prática de
mineração.
Nesse sentido, diante da perspectiva aristotélica, “Capitão Petro e Granulito” são seres
virtuosos. Mas como eles se tornaram tais? Lembrando que saber o que é virtude não basta, é
necessário praticá-la porque os seres humanos se tornam bons e virtuosos assim, pela prática e
repetição, assim como se adquire as artes e os ofícios: ‘homens se tornam construtores,
construindo casas e se tornam tocadores de lira tocando lira. Analogamente, nos tornamos
justos realizando atos justos, corajosos realizando atos corajosos (ARISTÓTELES, 2007 apud
WESCHENFELDER; KRONBAUER, 2010).
15
Figura 2 - Capitão Petro e Granulito vistoriam as atividades de extração de rochas
ornamentais em Petrolita.
Fonte: Dias, (2017).
Eles são sem dúvida, corajosos e inteligentes. Têm um forte senso de justiça, são
capazes de se manter controlados mesmo em meio a um desafio e ambos estão dispostos a se
prontificarem ao máximo para fazer do mundo um lugar melhor.
Posteriormente, no decorrer do desenvolvimento da história outros personagens
coadjuvantes foram criados.
5.1.4 Ilustração
A princípio, as ilustrações foram desenvolvidas manualmente, utilizando lápis 4,6B e
8B sobre papel sulfite canson A4 e para a arte final usou-se caneta nanquim, Figura 3,
posteriormente os desenhos foram digitalizadas por meio de scanner.
Tratando-se da coloração, foi utilizado o Software de design gráfico Coreldraw- X7.
Os primeiros rascunhos do trabalho gráfico foram baseados no delineamento de traços
simples, i.e.; linhas necessárias para a elevação dos planos e projeção de um corpo em
sintonia com uma sena.
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Sempre que se trabalha com criação é importante não se esquecer dos rascunhos, que
nada mais são do que um estudo preliminar para uma obra em geral. Eles são o pontapé inicial
para que as ideias sejam apresentadas no papel, dando vida à criação. É comum ver
desenhistas e pintores preparando seus desenhos com traços simples que, aos poucos, vão
dando forma ao modelo final. Esse processo, além de facilitar na elaboração de ideias, poderá
ser essencial para que o trabalho possa ser de fácil modificação e manuseio ou pela questão do
desprendimento e flexibilidade que o autor obtém para suas adaptações (CARRION, 2016).
Figura 3 - Mineradores utilizando os EPI. (Primeiros esboços)
Fonte: Resultados da pesquisa
5.1.5 Impressão
No que se refere à impressão da revista de HQs, foram feitas quarenta tiragens na
formatação A4 (21,0 x 29,7 cm), paginação colorida em papel Couché com brilho, 115g
(miolo), 170g (capa) e acabamento com grampo.
O projeto gráfico, bem como a diagramação, coloração e impressão envolveram
recursos próprios e o delineamento financeiro encontra-se nos ANEXOS D e E.
Vale ressaltar, que os exemplares foram doados às bibliotecas do Colégio de Pádua e
do CEJMB, a fim de atender e propor aos alunos novas situações de lazer, leitura e
aprendizagem.
17
6 AVALIAÇÃO DO PRODUTO
Para realizar a avaliação do produto deste trabalho científico, foi considerado o
conhecimento prévio e as opiniões de professores que integram o quadro de educadores do
Colégio de Pádua e do CEJMB. Logo, a fim de basear o material educativo nas necessidades
do seu público-alvo, participaram do processo de julgamento dezenove professores de
diversas áreas do conjunto orgânico e progressivo do Ensino Médio das escolas supracitadas.
A escolha dos professores deve-se ao fato de atuarem nas escolas onde está sendo
desenvolvida a pesquisa.
É importante ressaltar que para realizar uma avaliação mais profunda e criteriosa, cada
professor recebeu um exemplar da revista e o julgamento da mesma transcorreu por um
período de três dias.
Portanto, ao buscar um saber mais integrado e livre durante a avaliação da revista de
HQs, fez-se motivador a participação direta ou indireta dos docentes ao longo da pesquisa e,
sobretudo o caráter holístico que fundamenta a proposta do diálogo entre as disciplinas, o qual
segundo Silva e Fazenda (1995) e Marinho (2004) conduz a uma metamorfose que pode
alterar completamente o curso dos fatos em Educação; pode transformar o sombrio em
brilhante e alegre, o tímido em audaz e arrogante e a esperança em possibilidade.
Para possibilitar o alcance do objetivo proposto foi feita uma análise por meio da
aplicação de questionário, APÊNDICE I, o qual abrangeu dois ciclos de perguntas: a primeira
parte composta por quatro questões que identificaram o perfil socioeconômico dos
participantes e a segunda composta por dez questões que envolveram a verificação da
qualidade técnica da revista. Posteriormente foi feita a análise de dados.
6.1 Análise de dados
O resultado revelou que 79% dos entrevistados são do sexo feminino e 21% do
masculino. Outrossim, essas informações se assemelham aos dados do Censo da Educação
2012, o qual revela que do total de dois milhões de docentes da educação básica brasileira,
411 mil deles são homens, e 1,6 milhão, mulheres – ou seja, para cada quatro mulheres, há um
professor do sexo masculino (MINORIA..., 2014).
A faixa etária varia de menos de trinta anos a mais de sessenta e um anos de idade,
sendo que destes 84% possuem mais de trinta anos. Todos possuem nível superior e 79%
deles possuem especialização em suas áreas.
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A experiência profissional oscilou de três anos a mais de vinte anos de dedicação ao
trabalho docente, sendo que 63% deles possuem mais de dez anos em atividade.
No que se refere ao material didático, a revista de HQs foi bem aceita e obteve uma
conceituação como ‘ótima’. Para tanto, a Tabela 1 mostra o delineamento do ponto de vista
dos profissionais para as questões fechadas.
Tabela 1 - Questões relativas ao produto educacional
Questão
(%)
Ótimo
(%) Bom (%)
Regular
(%) Não
responderam
1- Apresenta facilidade de uso? 89.0 0.0 5.3 5.3
2- Qualidade dos textos, imagens e forma
de apresentação?
94.7 5.3 0.0 0.0
3- Adequação da linguagem? 84.2 15.8 0.0 0.0
4- Qualidade do material? 94.7 5.3 0.0 0.0
5- Contextualização e coerência com a área
de ensino?
84.2 15.8 0.0 0.0
6- Conceito geral? 100 0.0 0.0 0.0
Média 91.2 7.0 0.9 0.9 Fonte: Adaptado de Marques (2016) e associado aos dados da pesquisa.
6.2 Opinião dos avaliadores
Tratando-se das questões abertas, foram levantados quais os pontos positivos, os
negativos e qual sugestão o professor apontaria para que a revista pudesse ser aperfeiçoada.
Frente a essa atitude de cooperação, a maior parte dos profissionais não encontrou pontos
negativos, i.e.; apenas dois deles ressaltaram que em alguns momentos as imagens se
mostraram ‘agressivas’ e na página quinze (15), um quadro exibiu mineradores que não estão
adeptos ao uso de EPI, Figura 4.
19
Figura 4 - Gestão para a sustentabilidade na extração de rochas.
Fonte: Dias (2017).
No entanto, boa parte dos avaliadores citaram recursos importantes utilizados na
conjectura do produto, que para seus pontos de vista, certamente originarão resultados
positivos.
Destarte, a Tabela 2 apresenta estimadas considerações que os professores acreditam
auxiliá-los diante do aludido contexto em que a história da revista é retratada, ou seja,
evidenciam o potencial das HQs como “instrumento didático-pedagógico para a formação e
educação de jovens, despertando-lhes a criatividade, sensibilizando-os e provocando-lhes a
sociabilidade, o senso crítico e a imaginação, além de influenciar nos costumes e cultura”
(CATONIO; CRUZ 2008 apud ALMEIDA et al., 2012).
20
Tabela 2 - Levantamento dos pontos positivos do produto educacional.
Informações levantadas pelos professores (%) de indicações
Clareza da linguagem e objetividade ao lidar com o tema. 36,8
Estimula a capacidade do senso crítico. 31,6
Qualidade do material: papel, colorido e imagens. 21,1
Aborda um problema local por meio da ludicidade. 10,5
Fonte: Dados da pesquisa.
Frente aos apontamentos abordados pelos professores, fica evidente por meio das
informações prestadas durante o aludido julgamento, toda a atenção dada pelos profissionais
participantes desse processo avaliativo ao abordar uma série de argumentos apontados na
Tabela acima, que de fato tornam-se fundamentais para estimular a atenção dos estudantes.
Diante dessa premissa, Menegazzi (2014) afirma que as HQs despertam o interesse da maioria
dos jovens, devido à ascendência de imagens, por retratarem situações próximas ao cotidiano
do aluno, sobretudo ressalta que não há perda da profundidade e objetividade dos assuntos
tratados.
Nesse sentido, os recursos visuais, tal como os desenhos e seus esboços detalhados e
coloridos, foram lembrados como um aporte importante para retratar as experiências vividas
principalmente por alguns alunos e professores do CEJMB, que vivem próximos às áreas de
mineração de rochas ornamentais.
Para Santos (2006), a imagem carrega consigo as potencialidades cognitivas da
visualidade. Na produção artística revela a ideia e o pensamento. Segundo a autora, a imagem
é a representação simbólica da realidade, do mundo interior e exterior. Além de tudo, a
imagem tem papel de agregar significados, formas, comportamento real do dia-a-dia,
mostrando e exteriorizando o que é subjetivo, concretizando por meio do objeto a
criatividade.
Outrossim, a informação transmitida por meio da ‘ludicidade’ foi outro importante
recurso que chamou a atenção dos avaliadores, o que para Gross (2007), é uma ocorrência de
todos os tempos, é parte integrante da vida de todo ser humano. Ela é tudo quanto diverte e
entretém o ser humano e envolve uma ativa participação. Processa-se tanto em torno do grupo
como, das necessidades individuais. (GROSS, 2007, p. 44 apud ANJOS, 2014, p. 13).
Perfazendo uma série de recursos utilizados pela HQs, os avaliadores também
destacaram o desenvolvimento da capacidade crítica e a objetividade do tema como
21
importantes recursos auxiliadores do ensino, os quais viabilizam diferentes contextos e
produzem informações vinculadas aos temas sociais, éticos, de saúde e meio ambiente.
Portanto, torna-se um material rico para trabalhar os conteúdos transversais, pois tem
boa aceitação entre alunos e contribui para que os alunos se apropriem dos conteúdos de
maneira crítica e construtiva (BRASIL, 2000, p. 33; TANINO, 2011).
Em seguida, são transcritas algumas considerações que justificam todo o valor dado
pelos professores que com muito profissionalismo e dedicação contribuíram para o
desenvolvimento dessa valiosa ferramenta didática, a qual tem por objetivo efetivar a
construção e promoção do conhecimento do leitor acerca das consequências advindas da
extração de rochas ornamentais.
Criar e utilizar a história em quadrinhos é uma iniciativa superpositiva que agregará
muito sobre a construção do aprendizado acerca do tema proposto. Além de
envolver o lúdico no processo, é o popular "aprender brincando". Desse modo, a HQ
consolidará o entendimento dos discentes, uma vez que nela estão registradas as
descobertas que os alunos fizeram na pesquisa de campo, sob a sua orientação. ’
Profa. Eliane Silveira, CJMB.
Levando em conta o contexto, isto é, a escola localizada próxima ao Rio Pomba, que
tem suas águas ameaçadas pelo esgoto e pelas indústrias que nele lançam detritos, a
história desenvolvida pelos quadrinhos convida a reflexão sobre a necessidade de
preservação do Rio Pomba. ’ Prof. Marco Aurélio, Colégio de Pádua.
Gostei muito do material. Ele é muito criativo. Creio que seja sim de muita valia
trabalhar com os alunos usando esse material. Principalmente por se tratar de um
material que é bem a "cara" dos jovens. Foge bem daquele cenário apresentado nos
livros. ‘ Profa. Aline Gabri, Colégio de Pádua.
Toda forma de conscientização de proteção ao meio ambiente é válida,
principalmente quando se chama a atenção para a problemática de forma divertida,
sendo um diferencial para a assimilação e tentativa de resolução do mesmo. ‘ Profa.
Fernanda Lúcia, Colégio de Pádua.
Acredito que toda ação em prol de uma educação de qualidade é válida sempre.
Embora a história seja fictícia, ela busca uma reflexão sobre as mudanças e
desequilíbrios causados pelo homem no ambiente em que vive (no caso as
pedreiras). O processo ensino-aprendizagem terá sempre um resultado positivo
quando associado a diferentes métodos; por isso a história em quadrinhos fecha com
sucesso esse ciclo de aprendizagem que você promoveu aos estudantes da nossa
escola. Aliás, todas as ações promovidas desde o seu primeiro contato com alunos e
professores foram muito importante para a conscientização do nosso espaço em
comum, nosso meio ambiente. (Profa. Mônica Pimenta, CJMB).
A apresentação da revista, Figura 5, foi realizada por meio de uma leitura com os
alunos, a qual oportunizou momentos de reflexão, que, aliás, sucedeu de forma participativa e
interdisciplinar. Segundo Albuquerque (2010), o ato de ler articula o imaginário, se inter-
relaciona com diferentes aspectos ao mesmo tempo, sem enfatizar mais um ou outro.
Portanto, entre conversas e combinados, os próprios alunos interpretaram a fala de cada
personagem da trama fazendo o uso de estratégias como a entonação de voz e ritmo, tudo isso
de forma bem descontraída, a fim de prender a atenção dos colegas e, em equipe, vivenciar o
contexto da HQs.
22
Figura 5- Apresentação da revista de história em quadrinhos aos alunos do Colégio de
Pádua
Fonte: Resultados da pesquisa
Nesse sentido, foi dado o devido valor à atividade de leitura como forma de lazer
ativo, de crescimento pessoal, aliado à construção e à apropriação cultural, as quais inclusive
agregam aptidões básicas de maior significado na formação do sujeito que zela pelo uso da
linguagem escrita.
Ao contrário da escrita, que é uma atividade de exteriorizar o pensamento, a leitura é
uma atividade de assimilação de conhecimento, de interiorização, de reflexão. De acordo com
os PCN (2000) a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção
do significado do texto, a partir de seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre
o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema
de escrita […] (BRASIL, 2000).
Para contemplar todo o trabalho de desenvolvimento de leitura da revista foi proposta
a interpretação individual do texto lido, na qual os alunos fizeram suas considerações finais
por meio de relato escrito, dentre os quais se destacam alguns exemplos por meio das Figuras
6, 7 e 8 a seguir:
23
Figura 6 - Imagem digitalizada do relato da aluna AC (CEJMB) acerca da revista de HQs.
Fonte: Resultados da pesquisa
Figura 7 - Imagem digitalizada do relato da aluna MS (Colégio de Pádua) acerca da
revista de HQs.
Fonte: Resultados da pesquisa
Vergueiro (2010) e Tanino (2011) fazem importantes considerações ao retratar o
público do Ensino Médio e ressaltam que nesta fase de mudanças de personalidade o aluno
não aprova qualquer tipo de material, muitas vezes questionam o que é oferecido em sala de
aula. Nas produções próprias, os estudantes buscam reproduzir assuntos mais próximos do seu
cotidiano (p. 28 e 29). Portanto, o que se percebe nas falas das alunas AC (CEJMB) e MS
24
(Colégio de Pádua) é o valor estabelecido por meio da leitura de realidade, realçando a
importância atribuída ao considerar a identidade e a cultural local.
Figura 8 - Imagem digitalizada do relato da aluna CJV (Colégio de Pádua) acerca da
revista de HQs.
Fonte: Resultados da pesquisa
No relato da aluna CJV (Colégio de Pádua) é notada a repercussão do recurso das
imagens na arte sequencial das HQs. Para Neves (2012) o sucesso dos quadrinhos está no uso
de imagens em situações contextuais que facilitam o entendimento da leitura.
Portanto, vale destacar que é possível contar histórias somente com as imagens, sem
ajuda de palavras, mas é preciso ter uma lógica no encadeamento das imagens para alcançar
sua finalidade (EISNER, 1999, p.16).
25
7 CONCLUSÃO
A elaboração da revista de HQs teve como objetivo principal analisar as contribuições
desse recurso didático para a promoção da Educação Ambiental mais especificadamente para
a problematização e leitura das consequências da mineração.
As HQs trazem para a sala de aula inúmeras possibilidades metodológicas de ensino,
seja como meio de desenvolvimento da leitura, de estímulo da criatividade, a imaginação e a
própria compreensão de conceitos científicos.
Outrossim, a utilização das HQs como material didático complementar contribui para
a construção e reconstrução do conhecimento e consequentemente promove a mudança de
comportamento nos estudantes, tornando-os cidadãos críticos e participativos.
O gênero textual história em quadrinhos é um importante instrumento para promover o
exercício social, pois se utiliza de textos produzidos a partir do dia-a-dia do aluno. Dessarte, a
aprendizagem torna-se mais significativa sendo, portanto, assimilada e reorganizada
prontamente pela estrutura cognitiva do indivíduo.
Nesse sentido, a reflexão acerca das temáticas com ênfase nos impactos ambientais
ocasionados pela extração de rochas ornamentais, atuou diretamente no cotidiano dos
estudantes. Diante desse contexto, Pizarro (2009) afirma que a proposta metodológica
didático-pedagógica proporciona a aproximação dos saberes escolares aos interesses dos
alunos como instrumento facilitador na construção de competências na EA.
A promoção do conhecimento por meio de novas metodologias de ensino desperta o
interesse do aluno e faz com que o mesmo tenha uma vontade real de aprender, além de
fortalecer a sua conscientização de cidadãos para a EA.
Conclui-se, portanto, que as HQs agregam o desenvolvimento de conteúdos e
conceitos, integrando em particular elementos característicos da linguagem visual a contentos
diversos, ampliando-se, portanto, o diálogo entre as disciplinas e consequentemente
promovendo a integridade do saber por meio do trabalho interdisciplinar tão preconizado
pelos PCNs.
26
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