Apêndice à terceira edição 5 notas a propósito da questão social

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Apêndice à terceira edição: Cinco notas a propósito da “questão social” A questão social como ponto saliente, incontornável e praticamente consensual no serviço social. Após a reabertura democrática de 1984 a dívida social foi acrescida e não resgatada: para este acréscimo não foi pequena a contribuição oferecida pela orientação macroeconômica que os dois governos FHC implementaram, com o respaldo dos organismos representativos do capital financeiro internacional e para gáudio de seus sócios nativos, além naturalmente, da alegre capitulação de boa parte da intelectualidade acadêmica. O desastre que esta orientação tem significado para a massa da população brasileira não pode ser abordado aqui – mas alguns dos seus indicadores estão recolhidos no volume organizado por I. lesbaupin, O Desmonte da nação. Balanço do governo FHC (petróolis, Vozes, 1999). O processo de formação do assistente social sofreu um rompimento com as correntes conservadoras do funcionalismo em decorrência do processo de renovação profissional de intervenção na questão social: O serviço social se particulariza nas relações sociais de produção da vida social como uma profissão interventiva no âmbito da “questão social”, expressa pelas contradições do desenvolvimento capitalismo monopolista. Netto. J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço social. P151. O interesse sobre a “questão social” tem aumentado e indo a pesquisadores europeus, contudo os fraceses, que exercem influência sobre pesquisadores e professores brasileiros. Sendo sua atualidade se coloca tanto aos assistentes sociais da prática como os da pesquisa.

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Apêndice à terceira edição: Cinco notas a propósito da “questão social”

A questão social como ponto saliente, incontornável e praticamente consensual no serviço social.

Após a reabertura democrática de 1984 a dívida social foi acrescida e não resgatada:

“para este acréscimo não foi pequena a contribuição oferecida pela orientação macroeconômica que os dois governos FHCimplementaram, com o respaldo dos organismos representativos do capital financeiro internacional e para gáudio de seus sócios nativos, além naturalmente, da alegre capitulação de boa parte da intelectualidade acadêmica. O desastre que esta orientação tem significado para a massa da população brasileira não pode ser abordado aqui – mas alguns dos seus indicadores estão recolhidos no volume organizado por I. lesbaupin, O Desmonte da nação. Balanço do governo FHC (petróolis, Vozes, 1999).

O processo de formação do assistente social sofreu um rompimento com as correntes conservadoras do funcionalismo em decorrência do processo de renovação profissional de intervenção na questão social:

O serviço social se particulariza nas relações sociais de produção da vida social como uma profissão interventiva no âmbito da “questão social”, expressa pelas contradições do desenvolvimento capitalismo monopolista. Netto. J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço social. P151.

O interesse sobre a “questão social” tem aumentado e indo a pesquisadores europeus, contudo os fraceses, que exercem influência sobre pesquisadores e professores brasileiros. Sendo sua atualidade se coloca tanto aos assistentes sociais da prática como os da pesquisa.

Sobre a “questão social”se debruçam entendimentos muito diferenciados, sentidos muito diferentes.

1.

A expressão “questão social” começou a ser usada na terceira décadas do século XIX, sendo divulgada por críticos da sociedade, filantropos das mais variadas posições políticas. “curiosamente a expressão surgiu “questão social” emerge praticamente ao mesmo tempo em que surge, no léxico político a palavra socialismo”Netto 2010.

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A expressão surge para da conta do fenômeno mais evidente da história da Europa Ocidental, decorrentes da dupla revolução ( francesa e inglesa) o pauperismo. Com efeito desse pauperismo absoluto experimentado massivamente pelos trabalhadores britânicos, constituiu o aspecto mais imediato do capitalismo instaurado, em seu estágio industrial-concorrencial. Gerando além disso uma enorme gama de estudos sobre este fenômeno, o pauperismo

Contudo o que não espaçou aos olhos dos mais atentos observadores era que: se tratava de um fenômeno novo. Tal pobreza se dava em uma nova dinâmica. Pela primeira vez na história registrada, a pobreza crescia na razão direta que aumentava a capacidade social de produzir riquezas. Se nas sociedades que precederam do de tal momento histórico a pobreza se dava em um momento de escasses, agora ela se mostrava conectada a um quadro geral tendente a reduzir com força a situação de escasses.

A designação desse pauperismo pela expressão “questão social , relaciona-se diretamente aos seus desdobramentos sócio-políticos. Se os pauperizados tivesse adotado o desejo de Auguste Comte de permanecessem resignados e não tivesse se colocado como uma ameaça a ordem burguesa, através de seus protestos, a violência ludista até a constituição das trade unios, não teriam sido denominado esse fenômeno por “questão social”