Aparição - Vergílio Ferreira

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APARIÇÃO é um romance de personagem que tem como finalidade não apenas contar histórias, mas apresentar as reflexões que o autor vai expondo a propósito dele próprio, de outras personagens ou do mundo em geral. Segundo palavras do autor, este romance foi “a necessidade de ele se redescobrir e descobrir os limites da sua condição humana. Há uma personagem que ocupa toda a obra e à volta da qual tudo gira. Há um eu narrador, distanciado dos acontecimentos da narrativa e um narrador-personagem auto e homo-diegético, à volta do qual se movem as outras personagens. O eu-narrador distante move-se num tempo posterior aos acontecimentos narrados. Alberto Soares é simultaneamente a personagem central e o narrador do que lhe aconteceu em dois planos distintos (na sua aldeia e na cidade de Évora). Há uma acção principal que abrange a maior parte dos factos narrados ligados a uma trágica revelação ou Aparição, no espaço citadino, e uma acção secundária, ligada ao espaço rural, que completa a acção principal (morte do pai). 2ºCAPÍTULO Acção Principal Acontecimentos Reflexões Chegada ao Liceu de Évora “A profissão não se escolhe,sai-nos” Encontro com o Reitor A descoberta de nós próprios Acção Secundária O seu pai ajuda-o na escolha da profissão “Mas eu, eu o que é que sou” Estrutura Inútil tentar dormir- Volta à realidade Banho Conversa com Sr.Machado “Que as coisas querem-se claras desde o início” “Lavei-me enfim(...) Saí com uma tranquilidade nova” Descrição da cidade de Évora “A cidade resplandecia a um sol familiar,

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Análise e interpretação numa perspectiva escolar da obra Aparição, de Vergílio Ferreira

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Page 1: Aparição - Vergílio Ferreira

APARIÇÃO é um romance de personagem que tem como finalidade não apenas contar

histórias, mas apresentar as reflexões que o autor vai expondo a propósito dele próprio,

de outras personagens ou do mundo em geral.

Segundo palavras do autor, este romance foi “a necessidade de ele se redescobrir e

descobrir os limites da sua condição humana.

Há uma personagem que ocupa toda a obra e à volta da qual tudo gira. Há um eu

narrador, distanciado dos acontecimentos da narrativa e um narrador-personagem auto e

homo-diegético, à volta do qual se movem as outras personagens. O eu-narrador distante

move-se num tempo posterior aos acontecimentos narrados.

Alberto Soares é simultaneamente a personagem central e o narrador do que lhe

aconteceu em dois planos distintos (na sua aldeia e na cidade de Évora).

Há uma acção principal que abrange a maior parte dos factos narrados ligados a uma

trágica revelação ou Aparição, no espaço citadino, e uma acção secundária, ligada ao

espaço rural, que completa a acção principal (morte do pai).

2ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Chegada ao Liceu de Évora “A profissão não se escolhe,sai-nos”

Encontro com o Reitor A descoberta de nós próprios

Acção Secundária

O seu pai ajuda-o na escolha da profissão “Mas eu, eu o que é que sou”

Estrutura

Inútil tentar dormir- Volta à realidade

Banho Conversa com Sr.Machado

“Que as coisas querem-se claras desde o início”

“Lavei-me enfim(...)

Saí com uma tranquilidade nova”

Descrição da cidade de Évora “A cidade resplandecia a um sol familiar,

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branca, enredada de ruas (...) Évora mortuária,

encruzilhada de raças,ossuário dos séculos...”

Pausa narrativa

“Escrevo à luz mortal deste silêncio lunar,

batido pelas vozes do vento, num casarão

vazio”

Continuação da descrição da cidade até

Liceu: “E finalmente descubro o edifício

do Liceu”

Tempo de escrita /Tempo da narrativa

“Conto tudo, como disse, à distância de alguns anos(...)

Mas os elos de ligação entre os factos que narro é como

se se diluissem num fumo de neblina...”

“Eis-me, pois, em face do Liceu...”

“Não escolhi a profissão: de algum modo saíra-me”

Espaço da memória: A ESCOLHA DA PROFISSÃO

Professor porquê? Papel fundamental do pai: “Penso que te darás melhor em Letras”

A vida de Professor era tranquila para quem nunca tivera saúde

Interesse demonstrado pelas leituras

versos

interesse filosófico pela vida: Quem sou eu?

O Liceu

Espaço

Claustro

Jardim tratado

taça de mármore

silêncio

Tempo

Setembro

Exames de 2ª época

O Reitor

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“homem alto e vagaroso”

É recordado como um amigo de “face cansada de quem esgotou a vida” que o ouvia

“do lado de lá do seu cansaço”

“Dois dias depois começavam os exames de 2ªépoca”

Início do trabalho- Mudança no tempo

“O tempo arrefecera bruscamente”

“O sol triste pousa ao de leve nas coisas”

“Um vento inesperado sopra de vez em quando”

Notícia de que o Dr. Moura telefonou e “quer saber onde é que o pode encontrar”

3ºCAPÍTULO

ACÇÃO PRINCIPAL

Acontecimentos Reflexões

Encontro com o Dr. Moura Aparição de Cristina: “Uma criança era

Jantar com a família Moura bastante para erguer o mundo nas mãos”

Regresso à pensão Machado O Mistério da Morte, Deus, Imortalidade.

ACÇÃO SECUNDÁRIA

O trabalho de vestir o pai morto Inverosimilhança da Morte

“Deus está morto porque sim”

“Deus é absurdo porque é”

“O Deus da Infância já não cabe no adulto

Alberto Soares”

ESTRUTURA

“Mas não foi fácil encontrarmo-nos”- continuação directa do capítulo anterior

Encontro com o Dr. Moura, no café Arcada, em dia de feira

“vozearia, fumarada e odor a corpos” tornavam difícil o encontro

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falam sobre a morte do pai de Alberto.

Memória da casa, “velha casa”

O Dr. Moura fala de Sofia

Pausa: O narrador fala da memória que tem de Sofia: “os teus olhos vivos(...)

tinham o mistério da vitória e do desastre, da violência e do sangue”

Aparece Alfredo Cerqueira, genro do Dr. Moura

Alberto Soares recebe um convite para jantar.

jantar com a família Moura

Descrição da casa

Família Moura:

MADAME- “abundante senhora, loura por antiguidade, ousada e astuciosa”,

mulher distante.

ANA- “cabelos longos e lisos, face magra de energia e de ânsia, olhar vivo”

CRISTINA- “Sete anos, saia azul de folhos, arzinho de menina grave”

SOFIA - a última a aparecer

“vestido branco colado como borracha, e um corpo intenso e maleável (...) era

assim como se uma descarga da terra a atravessasse toda”

ALFREDO- “docemente calvo, sorria para tudo”

O NARRADOR É ESCRITOR- NÃO É CRENTE

CHICO- (amigo da família Moura). “um tipo baixinho, sólido, quadrado, de uns

trinta anos com ar dominador de pugilista.

CRISTINA TOCA PARA TODOS MAGIA

“Eis que chega a tua hora, Cristina”

REFLEXÕES SOBRE CRISTINA “Ana estranhamente acarinhou-a de

um modo especial”

Antevisão de uma relação

muito especial

“Tu não és de parte alguma, de tempo

algum”

“Cristina viera fora do tempo”

“Eu vi abrir-se à nossa face o dom da

revelação”

“Súbita aparição foste surpresa em tudo

para todos”

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“Depois cantou-se”

“Ergui-me enfim para me despedir”

“Saí enfim para a noite”- Conversa com o Chico sobre a cultura na cidade de Évora

De regresso à Pensão o narrador enerva-se com o Sr. Morgado e tem vontade de

mudar de pensão.

Necessidade da escrita

REGRESSO À MEMÓRIA

Vestir o pai- “Senti um arrepio na ameaça do contacto com uma carne morta”

“a estúpida inverosimilhança da morte”

“que é que te habita, que é que está em ti”

Descrença total em Deus: “Não cabe na harmonia do que sou”

A morte do corpo/A morte do EU.

4ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

(não há) “Justificar a vida em face da

inverosimilhança da morte”

Acção Secundária

Apresentação parcial da tia Dulce Interrogação sobre a morte e o nada a que

esta reduz as pessoas.

ESTRUTURA

Toda a acção se desenrola em torno de um problema existencial: “portanto eu tinha

um problema”. (A descoberta do problema deu-se quando o narrador sente

repugnância em tocar na carne morta do seu pai)

O homem é produto de tudo e de todos quantos o antecedem

Divagações entre SER e NÃO SER

Do NÃO SER ao NADA: “Quem te habita não é (...) depois serás exactamente um

nada”

O ser existe enquanto existe a memória da sua existência

Memória da tia Dulce (tudo o que era mau se esquece e o que resta é apenas “o velho

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album de fotografias”)

O autor é o herdeiro dos “mistérios da família” que se transmitem através do velho

album de fotografias.

TIA DULCE

Irmã do avô

magrinha

sisuda (para impôr o respeito)

Cumpria as regras sociais (não comer muito)

Tinha algo de diferente (“porque em ti vivia a fascinação do tempo, o sinal do que

nos transcende”

beata

gananciosa.

5ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Início das lições de Sofia O estranho procedimento de Sofia

Recepção de Sofia na Pensão “Porque há-de a vida ter razão sobre

do Sr. Machado. nós? porque havemos sempre de ser

Passeio com o Dr. Moura nós a sumeter-nos?”

História do Bailote

ESTRUTURA

Sofia inicia as suas lições e revela um temperamento inconstante e estranho - “E era

assim como se qualquer coisa a habitasse e fosse maior do que ela e do que a miséria

das regras de gramática”

O narrador sente-se perturbado com a presença de Sofia.

Sofia rejeita as aulas de latim. A mãe desculpa-a: “temos de ter todos paciência”

Sofia vai buscar Alberto à pensão para um encontro com o Dr. Moura. O sr. Machado

ficou muito incomodado.

O Dr. Moura apresenta-lhe uma visão equivalente a um santuário.

O Dr. Moura traça o perfil de Sofia a partir de histórias da sua infância. Revela os

seus comportamentos estranhos e os seus gostos mórbidos. Fala-se das suas tentativas

de suicídio.

O narrador, servindo-se de uma prolepse, anuncia que Sofia acabou por morrer,

“morte inesperada que te evitou o gesto puro de te matares.

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Regressa à conversa do Dr. Moura, num dia em que o narrador pela primeira vez viu

a Praça da Cidade enfeitada de crisântemos. Percebe-se o gosto de Sofia pelo

“absoluto da destruição”

A destruição e a morte predominam. Bailote pede ajuda ao Dr. Moura, numa atitude

de desespero, tentando recuperar o gesto e a força perdidos. Pede ao médico um

remédio que o cure, que o impeça de ser velho e de se tornar inùtil. O Dr. Moura

segue em frente para visitar uma doente. No caminho do regresso apercebem-se de

que o homem se enforcou.

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6ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Encontro com o Chico “era absolutamente necessário que

Encontro com Carolino, o Bexiguinha a vida se iluminasse na evidência

da morte”

“Quem sou eu? Quem está comigo?

Acção Secundária

Narração de uma história de infância A descoberta de que era alguém na

imagem que o espelho lhe devolveu,

a “aparição fulminante de mim a mim

próprio”.

ESTRUTURA

O narrador sente “espanto, fúria e terror” pela morte do Bailote. O Dr. Moura fica em

silêncio, perturbado.

“Que fazemos nós na vida?”

Alberto Soares sente a necessidade de fazer a conferência para elucidar as pessoas,

para elucidar as pessoas, para “revolucionar o mundo”.

Procura Chico por todo o lado até que resolve ir a casa dele.

Fala-se da conferência em que Alberto Soares se propõe falar de uma coisa nova.

Aparece Carolino: aluno de Alberto Soares, primo do Chico, moço bisonho, cara

cravada de impigens, tratavam-no por Bexiguinha.

Alberto Soares fala e Carolino escuta-o entusiasmado.

Toca o telefone e interrompe as lucubrações do narrador sobre Nós e o Eu que nos

habita. Chico não pode compreender, é um homem do cimento e dos alicerces.

Alberto Soares conta um episódio da sua infância, passado na casa da família, era ele

pequeno. As memórias trazem-lhe a imagem do pai a falar-lhe sobre o Universo.

A criança descobre a sua imagem reflectida no espelho e julga tratar-se de um ladrão.

Todos acham que ele possui uma grande imaginação e culpam a tia Dulce e as suas

histórias de influenciar a criança sensível.

Chico não compreende nada, Carolino fica petrificado. Para Chico o importante e a

“única verdade a conquistar é a de que todos os homens têm direito a comer”. Tudo o

que Alberto Soares lhe conta é conversa da idade da pedra lascada.

Alberto Soares deseja um humanismo que seja “uma consciência, uma plenitude”

Carolino defende os princípios do seu mestre e mostra ter compreendido tudo, o que

muito surpreende Alberto Soares.

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7º CAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Continuação das lições a Sofia Há uma vida atrás da vida, uma

irrea-

lidade presente à realidade.

Aventura amorosa com Sofia “A descoberta de nós mesmos, a des-

coberta da gratuidade do milagre de

sermos”

ESTRUTURA

Alfredo Cerqueira brinca com Alberto Soares ao vê-lo dar pão a um cão. O narrador

percebe que toda a conversa do dia anterior fora comentada por Chico, no jantar em

casa do Cerqueira. Para Sofia e Ana as palavras de Alberto Soares são esclarecedoras,

mas Cerqueira não percebeu nada.

Cerqueira leva Alberto ao Liceu e diz-lhe que Ana quer falar com ele.

Importância do estado do tempo para o narrador: “a chuva tem para mim o abalo da

revelação”.

Reflexões sobre o presente e o passado.

Alberto Soares vai dar lição a Sofia, num dia de muita chuva. Esta espera-o toda

vestida de preto. Alberto Soares deixa-se seduzir pela imagem de Sofia e agarra-lhe

as mãos.

Recomeça a lição mas Sofia não a deseja e revela a Alberto Soares ter já percebido a

perturbação que lhe causa. Sofia beija-o e revela-lhe total compreensão sobre a

conversa que este havia tido com o Chico.

Alberto Soares mergulha numa profunda intimidade com Sofia que lhe surge agora

como “uma beleza demoníaca, uma criança assassina (...) a boca ávida e sangrenta. E

um apelo de uma união trágica e blasfema subiu-me pelo corpo”.

Deram enfim a lição sobre o canto IV da Eneida.

8ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Depois da aventura amorosa, Alberto

Soares deambula perturbado e

reflecte sobre o vazio da sua vida.

Page 10: Aparição - Vergílio Ferreira

ESTRUTURA

Alberto Soares sai de casa de Sofia muito perturbado

“Será pois vão tudo o que sonho?”

Surge-lhe a imagem de Sofia e o narrador sente vontade de a ver de novo.

Regresso a casa de Sofia. Esta esperava-o, sabia que ele voltaria

Madame Moura observa-o e pergunta-lhe “como vai a nossa estudante”. Recorda-lhe

ainda a sua condição de professor e a distância entre ele e Sofia.

9ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Aulas diárias no Liceu “Fixar a vida em torno de uma ideia,

de um sentimento, como é difícil”

Visita a casa de Alfredo Cerqueira.

Conversa com Ana.

Jantar com a família Cerqueira.

“Trago comigo a destruição dos

mitos que inventaste, desses sofás em

que instalaste o teu viver quotidiano”

“Deus morreu. Deus não é a minha

meta” “Interrogo-me porque a morte

é um muro sem portas” “Essa é a

base última de um verdadeiro

humanismo: instalar o homem mesmo

nos aposentos divinos”

Acção Secundária

Narração da situação religiosa da família A descoberta de si próprio e a morte

Narração da história da sua vida: crente, de Deus.

perdeu a fé, fez-se político, abandonou a política,

esteve desempregado, grau zero. Descobre que

está vivo, nada mais.

ESTRUTURA

Instala-se o quotidiano, “e a vida recomeçou”, “o cão espera o osso”

Page 11: Aparição - Vergílio Ferreira

Caminho para o Liceu: descrição dos “Aldrabões de Feira”- Pobre feira da ladra- (a vida)

Encontro com Cristina, no caminho. O narrador é informado de que Ana se encontra doente.

Visita a Ana.

Ana quer saber o que há entre Alfredo e Sofia.

Discutem-se as ideias de Alberto sobre religião. Ana discorda dele e acha que essas ideias podem

mudar certas pessoas.

Alberto fala das relações da sua família com a religião:

- Pai- ateu

- Mãe- beata

- Evaristo- Blasfemava como um espanhol

- Tomás- não ia à missa mas não dizia mal dos padres.

- Alberto- Tornou-se ateu porque “o padre ia a nossa casa e arrotava. Depois soube que tinha

filhos” Deixou de ir à missa e deixou de rezar. Não lhe aconteceu nada. Afinal Deus não existe”

Descrição do seu percurso a nível das ideias:

“Depois fui político”, mas essas ideias esbateram-se com o passar dos anos.

Atinge então o grau zero e descobre apenas que está vivo, que existia, que era ele. As reflexões são interrompidas pelo gato preto. Ana serve-lhe um whisky.

Ana pretende retomar a conversa e chamar-lhe pantomineiro. Acha que ele finge tudo aquilo porque

“Deus vive no seu sangue” Diz-lhe ainda que não pense que a sua conversa pode perturbar alguém e

retoma a conversa sobre Sofia e os seus casos amorosos.

Alberto dispõe-se a partir mas Alfredo chega e retoma a conversa de banalidades. Fala-se na morte do

Bailote. A família deste responsabiliza o Dr. Moura pela sua morte.

Alberto mal o ouve. Pensa em tudo o que Ana lhe disse e sente-se incomodado. Abstrai-se e pensa em

Sofia, ela não é o que a irmã pensa (“Sofia é maior do que a tua vilania”)

Alfredo resolve mostrar a casa a Alberto, em especial a cama e o colchão.

Chega Chico. Alfredo vai também mostrar-lhe o colchão.

Alberto quer de novo partir. É convidado para jantar. Quando pretende recusar Ana chama-lhe cobarde

pois percebe que perturba Alberto e que ele quer sair por causa disso.

Descrição do jantar: Alberto sente-se incomodado. A mesa é demasiado grande, a sala parece pouco

acolhedora, a conversa desagrada-lhe. Ninguém o pode compreender.

Fala-se do “Comité de Salvação”, um grupo de amigos que se reune para “redimir o homem de hoje e

preparar o homem de amanhã”.

Chico ridiculariza as ideias de Alberto: “È exactamente por isso que nos irrita que alguém nos venha

ainda com notícias dos deuses e da água benta”.

Retoma-se a conversa. Alberto afirma-se materialista porque não pode atribuir as culpas aos deuses.

A conversa é interrompida por um telefonema de Cristina para saber o estado de saúde de Ana. Fala-se

da presença de Alberto no jantar. Ana diz a Alberto que Sofia perguntou por ele.

Põe-se música. Alfredo cabeceia com o excesso de álcool. Chico pergunta a Alberto se já foi crente.

Alberto retoma a conversa, afirma que deixou de ser crente há sete anos mas Ana interrompe a

conversa.

Chico mostra uma certa hostilidade em relação a Alberto e numa espécie de aviso diz-lhe: “Você é

responsável por tudo quanto acontecer” e afasta-se.

Alberto vai sozinho para casa. É de noite, as ruas estão desertas, reina o silêncio.

Alberto encontra o pobre do Manuel Pateta como sempre já bêbado.

O narrador recorda com relutância que terá ainda que ir dormir à Pensão do sr. Machado, que este lhe

fará mais um sermão. De novo mostra o desejo de ir morar para a Casa do Alto, sozinho, onde

ninguém o poderá incomodar.

10ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Page 12: Aparição - Vergílio Ferreira

Aulas diárias no Liceu “Mas eu sabia, eu, que luto há tanto tempo

Novo encontro com Carolino por reconduzir à dimensão humana tudo

quanto traz ainda um rasto divino (...), eu,

que sou materialista mas não só de um

materialismo que se mede a metro, pesa na

balança, eu, que sonho com o reinado

integral do homem na terra da sua

condenação e grandeza”.

ESTRUTURA

Alberto Soares mostra-se entusiasmado com a sua profissão, com os novos métodos que vai

experimentando.

O Reitor resolve conversar com ele e avisa-o de que é preciso ter cuidado com a cidade e com o meio.

Algumas dessas inovações de Alberto poderão ser mal interpretadas pelo meio.

Carolino resolve procurá-lo.

Alberto e Carolino vão dar um passeio pelo campo.

Carolino fala na destruição da linguagem.

Alberto Soares tenta compreendê-lo. Utiliza-se uma prolepse em que o narrador afirma: “Eu, porém,

não queria envenenar-te, ao contrário do que depois de afirmou”.

Carolino fala do homem que se enforcou e expõe algumas ideias que parecem aterradoras:”já não há

deuses para criarem e assim o homem (...) é que é deus porque pode matar”.

Alberto afirma que “a vida é um milagre fantástico”.

Carolino acha que pode compreender muito bem um assassino.

A conversa foi interrompida por um porco que lhe saltou no caminho.

Ambos observam a natureza que os rodeia, os vários animais, o rebanho que o cão guarda.

O cão aproxima-se deles. Agarram em pedras para se defenderem. Carolino atira uma pedra, erra

a pontaria e mata uma galinha. Fica fascinado ao olhar para a galinha morta. Indícios de que

Carolino tem uma personalidade perturbada.

11º CAPÍTULO

Acção Secundária

Acontecimentos Reflexões

Férias na aldeia “O Natal não é de nunca porque nunca foi do

presente”

Morte do cão Mondego

ESTRUTURA

Primeiro Natal depois da morte do pai. Quebra-se a tradição da família toda reunida. Alberto Soares

afirma preferir ficar sozinho: “Para mim não faz diferença: estou eu e aquilo que me povoa”

António vai esperá-lo à estação e manifesta o desejo de lhe contar as novidades. Alberto não quer

ouvir, quer apenas pensar.

Chegada a casa. Não se vê ninguém. A mãe está deitada. Encontra-se cansada e sem energia. Ele pensa

que a mãe está doente.

Ao jantar a mãe pergunta-lhe as novidades mas parece pouco interessada e habituada já ao silêncio.

A casa está triste e silenciosa, Alberto recorda a infância e o cão Mondego. Recorda o desgosto que

sentiu pela morte do cão- 1ª imagem da morte.

Page 13: Aparição - Vergílio Ferreira

12ºCAPÍTULO

Acção Secundária

Acontecimentos Reflexões

Visita de Tomás Reflexões sobre a morte

Ceia de Natal “Estou só e sinto-me bem”

ESTRUTURA

Alberto Soares é acordado pelo sol e apercebe-se da rotina que o envolve.

Ao ouvir uma buzina espera reaver todo o quotidiano familiar, espera o som de outras vozes mas é

apenas Tomás que chega.

Quebrou-se o hábito familiar. Tomás é agora o chefe da família, “fala paternalmente” com Alberto.

1ºNatal em que a família não se reune.

Fala-se das partilhas e do estranho estado em que a mãe se encontra.

Descrição da ceia de Natal, um momento triste e cheio de ausências em que Alberto Soares fica

sozinho com a sua mãe, sob um imenso silêncio.

13ºCAPÍTULO

Acção Secundária

Acontecimentos Reflexão

Episódio das partilhas Reflexão sobre a tranquilidade do

seu irmão Tomás.

A aparição de nós a nós próprios.

ESTRUTURA

Tomás e Alberto levam a mãe à missa e ficam a conversar.

Alberto ouve os cânticos de Natal e considera-os “lavados na sua pureza de um início absoluto,

inventados em inocência e em confiança perene”. Não sente saudades do passado mas sonha o sonho.

Os cânticos não significam nada mais que um ritual para os que estão dentro da igreja, esses limitam-se

a cantá-los.

Crítica da mãe: “Nem no dia de Natal” os seus filhos assistiram à missa.

Tomás conversa com Alberto e descreve a sua tranquilidade de vida: “Eis-te nos teus domínios (...)

como um belo patriarca”.

Almoço em casa dos sogros de Tomás.

Tomás e Alberto, duas realidades diferentes... Alberto considera Tomás um ser “adormecido nesta

quietude da terra” que no fundo não sabe “que é mortal”. Tomás acha que Alberto deve ir à missa, que

é a sua última tarefa. Alberto não compreende as reflexões que Tomás faz sobre os filhos mas ao vê-

los reunidos no almoço compreende finalmente toda a filosofia de vida de Tomás. Ele era de um

mundo diferente mas vivia tranquilo.

Chegada de Evaristo com a família.

Conversa sobre as partilhas. Alberto Soares fica incomodado com a conversa e deixa que Evaristo e

Page 14: Aparição - Vergílio Ferreira

Tomás resolvam tudo.

Desmembramento da família. Por causa das partilhas “Evaristo cortou relações connosco”.

14ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Regresso a Évora e instalação na pensão “O espantoso milagre de estar vivo

Eborense e o incrível absurdo da morte”

Visita a Sofia sem sucesso “Uma vida é coisa séria: uma tese

não se medita, fala-se, lê-se,

discute-se”

Encontro com Alfredo, Ana e Sofia no

café da praça.

ESTRUTURA

Prolepse: A minha história espera-me mais terrível do que nunca, disparando para o seu desfecho.

A pensão Machado fechou. O narrador instala-se na Eborense. Sugere-se apenas que o fecho da pensão

se deve a motivos políticos mas a razão mantem-se desconhecida.

Alberto Soares manifesta o desejo de tirar a carta (ideia que lhe surgiu com o sorteio dos bens).

Sente saudades de Sofia e procura-a em casa mas Lucrécia informa-o de que ela não está.

Na Praça encontra Ana e Alfredo e dirigem-se ao café onde também irá ter Sofia. Alberto encontra a

oportunidade tão esperada de a rever.

Ana pergunta a Alberto se durante as suas férias aprofundou as suas “teses”.

Alfredo interrompe a conversa com uma “grossera ofensiva”

Chegada de Sofia: “ E ela veio enfim...” mas disse apenas “olá” e anunciou que vinham também Chico

e Carolino.

Alberto sente-se perturbado mas não o demonstra. Fica sem palavras: “tudo o que eu dissesse estava a

mais”

Carolino está comprometido na presença de Alberto. Instala-se ao pé de Sofia. Alberto sente que há

algo entre os dois: “Estais pois unidos secretamente...”

Alberto anuncia a sua mudança para a Casa do Alto. Ana compreende a sua necessidade de se isolar e

poder meditar em sossego.

Alberto assume o facto de ter ido a casa do Dr. Moura apenas para procurar Sofia. Mas há algo que se

relaciona com as lições de latim, de que ele ainda não sabe.

15ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Advertência de Alberto Soares pelo Reitor “Toda a mulher é um homem não

realizado”

Alberto Soares procura descobrir que contou

a sua aventura amorosa

Alberto Soares aluga a casa de S.Bento

Alberto Soares sai com Sofia

Alberto recebe de Sofia a revelação de que

foi ela quem o denunciou ao Reitor.

Page 15: Aparição - Vergílio Ferreira

ESTRUTURA

O Reitor manda chamar Alberto e fala-lhe nas lições particulares a Sofia.

“Temos inimigos, todos temos inimigos” (...) “todos temos inimigos, era preciso cuidado com os

inimigos”

Alberto vai a casa de Sofia e Lucrécia diz-lhe que Sofia está a dar lição. Alberto fala com Madame e

esta diz-lhe que Bexiguinha está a ajudar Sofia.

A conversa é interrompida pela música de Sofia.

A vida de aulas recomeça. O narrador reflecte sobre a vida da cidade. “ò cidade estranha, cidade velha

(...) cidade milenária”

Alberto muda de casa e recebe um bilhete de Sofia a pedir-lhe que se encontre com ela no Museu.

O pretexto para o encontro foi um convite para almoçar de Alfredo. O convite é para ir à Sobreira.

Sofia resolve sair do Museu com Alberto e vão passear de carro até um descampado.

Sofia seduz Alberto e diz-lhe que afinal veio ter com ele para lhe explicar o que se passara nas férias.

Explica-se a relação entre Sofia e Bexiguinha. Este é visto como o duplo.

Sofia afirma ter denunciado Alberto.

16ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos

Visita à quinta da Sobreira

ESTRUTURA

Alberto chega tarde mas todos mostraram interesse pela sua demora.

Alfredo mostra-se de novo um homem terra-a-terra e tenta falar de porcos.

Alberto fala no silêncio que deseja ter na nova casa.

Chico mostra um certo desdem por Alberto e informa-o de que já não se poderão realizar as

conferências.

Alberto estranha a ausência de Cristina e é informado de que ela não veio por estar doente.

Alberto fala com Carolino sobre a sua desistência do Liceu mas o Carolino mostra-se irritado.

Fica em aberto o Carnaval no Redondo.

17ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Instalação na casa do Alto “Só se é homem assumindo tudo o que fale

em nós.”

“O que me excita a escrever é o desejo de

perseguir o alarme que me violentou e

ver-me através dele e vê-lo de novo em mim,

Page 16: Aparição - Vergílio Ferreira

revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo

pela evidência da arte. Escrevo para ser,

escrevo para segurar nas minhas mãos

inábeis o que fulgurou e morreu”.

“Sou. Jacto de mim próprio, intimidade

comigo, eu, pessoa que é em mim,

absurda necessidade de ser, intensidade

absoluta no limiar da minha aparição em

mim”.

ESTRUTURA

Descrição da Casa do Alto.

Reflexões de Alberto: “ A massa de amigos com que fui fraternizando através da vida despreza-me

com náuseas”.

“Só se é homem assumindo tudo o que fale de nós”

Alberto arruma a casa e revê o album da tia Dulce. Lembra-se que todos aqueles já morreram. Apesar

do seu cansaço todos se mantêm vivos na sua memória: “Mas agora ainda estais vivos, ainda alguém,

eu, aqui, silencioso nesta casa solitária, vos liga à vida que freme para lá destes muros na Primavera

anunciada(...)”

O narrador lembra uma visita que Sofia lhe fez. Escreve há distância de alguns anos: “Minha mulher

dorme”.

18ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos

Ida ao Carnaval ao Redondo

Desastre com o jeep de Alfredo

Morte de Cristina

ESTRUTURA

Alberto pergunta a Cristina se quer viajar com ele mas ela prefere ir com Alfredo.

Sofia e a mãe viajam com Alberto

Cristina está feliz no seu fato de holandesa, atira serpentinas e enfeita os carros.

Bexiguinha espera-os no Redondo.

Descrição dos mascarados.

Lanche em casa do Bexiguinha.

Regresso a Évora. “Alfredo comeu e bebeu alegremente. Tem a face rubicunda do prazer carnudo”.

Alberto apercebe-se de que Chico e Alfredo estão na estrada, cheios de sangue, devido ao desastre.

Cristina respira ainda. Ana, em silêncio, agarra a irmã e leva-a ao colo, no carro de Alberto, para o

hospital. O caminho parece demasiado longo, não tem fim. Chegam ao hospital. Não se encontra o Dr.

Moura.

Alberto procura o Dr. Moura na Igreja: “Moura desagravava o Senhor dos pecados de Carnaval”

Alberto vai ao pé de Cristina e assiste à sua morte. Cristina mexe os dedos, como se tocasse uma

“música do fim, a alegria subtil desde o fundo da noite, desde o silêncio da morte”.

19ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Page 17: Aparição - Vergílio Ferreira

Visita de Carolino ao Dr. Alberto e tentativa “Não procures a noite por não suportares

de assassinato. o dia. Leva para o sol a tua aparição e serás

um homem”

ESTRUTURA

Alberto tenta falar com Ana, com o Dr. Moura, mas não encontra ninguém.

Numa noite de forte chuva Carolino visita Alberto na Casa do Alto. Mostra-se enlouquecido e

enraivecido.

Alberto não mostra medo de Carolino e revela firmeza no seu comportamento. No fundo acha que o

rapaz enlouqueceu.

Carolino afirma: “Eu não tenho medo. De nada. Mesmo da morte, o senhor tem medo da morte, a

morte é a gente antes de ter nascido...” Aponta então uma navalha a Alberto Soares. Este revela um

comportamento surpreendente. Sente-se cheio de uma força brutal “e na raiva que se apossara de mim,

esbofeteei o rapaz até me estafar. Mas eu sentia obscuramente que apenas me esbofeteava a mim”.

Prolepse: “Porque sei agora que o teu crime não era contra mim, não seria contra ela. O teu crime era

contra a vida, contra o absurdo que te assolou”.

Carolino parte finalmente.

20º CAPÍTULO

Acção principal

Acontecimentos Reflexões

Alberto é convidado pelo Reitor a deixar “Terei pois, como destino, esta agitação constante,

Évora por causa do escândalo que corre esta sufocação de nada?”

pela cidade.

Encontro casual com Ana.

ESTRUTURA

O narrador acha que deveria ter contado a alguém o que se passara com carolino, mas não o faz.

Alberto continua a procurar alguém mas não encontra.

Conversa com o Reitor. Este quer saber se Alberto sai ou não de Évora porque “os ditos chegam

sempre, a gente não quer ouvir, mas ouve, não tem outro remédio (...) a gente julga que está

procedendo bem, mas é preciso sabermos com quem falamos”.

Alberto encontra Alfredo. Este mostra-se simpático e dá a Alberto notícias da família. Mostra conhecer

ou saber o que se passara entre Alberto e Carolino. Fala do sofrimento de Ana e do seu desejo de estar

só. Ana sofria “de uma crise”. Sofia partira para Lisboa para uma casa de freiras.

Alberto entra na Sé devido à forte chuva que se faz sentir e encontra Ana. Esta diz precisar daquele

silêncio. Lembra o local onde estivera a urna de Cristina e começa a falar, transfigurada, da morte.

Percebe que em Cristina havia várias personalidades: a que morreu vestida de holandesa, a que tocava;

revela necessidade de estar ali, naquela igreja, porque ali é o lugar “que tem uns restos do que é

importante”, é “um lugar onde se ouve bem”.

A chuva pára e saem ambos da Igreja. Alberto acompanha Ana até ao largo.

21ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Alberto é visitado por Chico que o responsabiliza “Duas verdades vividas não podem

estabelecer um diálogo”

pelas suas ideias perversas.

Page 18: Aparição - Vergílio Ferreira

ESTRUTURA

Chico visita Alberto, num Domingo de manhã. Estava violento em palavras e atitudes: “ bateu à porta

com violência, a violência categórica de quem vem por ordem da justiça”. Quer saber se Alberto se vai

embora de Évora.

Alberto fica incomodado por achar que ele não tem nada a ver com isso. Tenta, no entanto, falar com

ele com calma.

22ºCAPÍTULO

Acção Pincipal

Acontecimentos Reflexões

Partida para férias e estadia na aldeia um ou dois dias “Quue maldição pesa sobre a assunção do

nosso destino? Sobre o nosso confronto

connosco mesmos? Sobre a evidência da

nossa condição?”

ESTRUTURA

Alberto vai viajar pelo país: Lisboa, Sintra, Praia da Areia Branca, Leiria, Figueira, Aveiro, Porto, Vila

Praia de Âncora, Amarante, Vila Real. “Desço enfim à minha aldeia”- o tempo mudou. É Primavera, o

mês de Abril. A mãe vive a sua solidão: “Somos a mesma carne, o mesmo calor de sangue, dizem-me

que me pareço contigo, no olhar ao menos: estamos sós e definitivos aqui à face um do outro”.

Alberto não vê os irmãos e passa pouco tempo na aldeia.

Page 19: Aparição - Vergílio Ferreira

23ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos

Regresso a Évora, ao Liceu.

Visita à Quinta da Bouça

Encontro com Sofia

Alberto fala dos mistérios do Universo

ESTRUTURA

Mês de Maio, “O Verão chegou à cidade”. Alberto continua a não ver ninguém. De vez em quando

cruza-se com o Dr. Moura que “finge não o ver” ou o sauda discretamente”.

Encontro com Alfredo que lhe dá notícias dos outros e o convida a ir a sua casa.

Alfredo convida Alberto para ir à herdade e dá-lhe notícias de Sofia. Informa-o de que Sofia tentou de

novo o suicídio. O Dr. Moura parece preocupado com o futuro de Sofia.

Alberto quer saber notícias de Ana mas Alfredo repete-lhe o convite para ir à herdade.

Num dia de grande calor Alberto vai à Quinta da Bouça, depois de ter dado uma manhã de aulas. Passa

no local onde Cristina morreu.

Passa também pelos ceifeiros e perturba-se: “diante de mim, em fila, como em marcha de penitência,

homens e mulheres, cosidos com a terra, ceifam uma seara”: “agora sois só os escravos da maldição-

maldição dos homens que se enojam de ter as vossas tripas, os vossos ossos.

Alberto vê Ana a ler com duas crianças junto dela e surpreende-se. Percebe que são filhos do Bailote,

os dois mais novos. Ana está absorvida com as crianças e com o livro, Alfredo diz que ela é feliz.

Ana fala com Alberto sobre as crianças: “É extraordinário como no corpo destes pequenos há uma

pessoa viva, um todo independente, como uma consciência brutal da sua individualidade”.

Sofia aparece e fala com normalidade dos seus projectos, do exame que vai fazer, da sua vida.

Jantam ao ar livre e Alberto continua a observar os ceifeiros.

Alfredo propõe a Alberto que no seu regresso leve consigo Sofia.

Sofia conversa e diz “sou corajosa e não tenho ilusões”. Depois pede-lhe para parar no local onde

Cristina morreu e canta. Pede a Alberto para a levar a sua casa.

Alberto e Sofia passam a noite juntos, ficam a ver as estrelas e o universo. Sofia canta de novo mas

Alberto sente-se perturbado.

Sofia visita algumas vezes Alberto e subitamente desaparece.

24ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acção Principal Reflexões

Ana torna-se fanática

Notícia da “suposta morte de Chico” “Mas eu queria soluções para toda a vida, eu queria

uma certeza assumida, assimilada, para a ameaça de

morte”.

“Toda a ambição do narrador tinha sido trazer para a

condição do homem, uma condição de Deus”.

ESTRUTURA

Alguém informa Alberto de que Chico morreu mas de facto ele está apenas doente.

Alberto visita Chico e encontra Ana e Alfredo. Chico está perturbado: “Um doente é um ser em

decadência”.

Alberto pensa na vida e lembra-se de Florbela Espanca: “para lá do muro gradeado do jardim, Florbela

Page 20: Aparição - Vergílio Ferreira

continuava a sua meditação.

25ºCAPÍTULO

Acção Principal

Acontecimentos Reflexões

Alberto Soares recebe no Liceu um telefonema ameaçador: “O que enfrenta o meu cansaço, o

“Só você é responsável. Só Você” que afoga a minha interrogação é

esta fácil desautorização da morte”

ESTRUTURA

Noite de S. João, “noite cálida de bruxas e de sonhos”. Festa na praça, noite de feira no Rossio.

Alberto cruza-se com Ana. Esta pergunta-lhe por Sofia. A última vez que Alberto vira Sofia esta estava

com Carolino, “num banco secreto do jardim”.

Alberto continua a observar a confusão dos palhaços e dos trapezistas e cruza-se de novo com Ana e

Alfredo. Este diz-lhe que se vir Sofia a informe que estão todos no café Luso.

Alberto recorda um telefonema ameaçador que recebeu no Liceu.

Á distância da escrita o narrador afirma: “para que insistir na minha inquietação (...) como quem quer

retardar um efeito teatral? Na realidade, no dia seguinte (...) Sofia apareceu num caminho (...)

assassinada a punhal”.

C0NCLUSÃO

Alberto, o narrador dá-nos conta da sua partida para Faro.

Chico considera Alberto responsável pela morte de Sofia, tal como já havia afirmado.

Alberto sente-se responsável e assume essa responsabilidade: “ Se algum crime houve em mim foi só o

ter nascido”.

Tal como à chegada a Évora, na partida, é Manuel Pateta quem o ajuda a carregar as malas.

O Reitor dispensa Alberto do serviço de exames.

Última noite na Casa do Alto. Alberto surpreende-se com a magia da “queimada”, o incêndio do

restolho para a renovação da terra. Imagina toda a cidade a arder. Sente emoção: “Cidade , minha

cidade...” A noite avança, a minha cidade arde sempre”. “Acaso será possível construir uma cidade

como a imagino, a Cidade do Homem?”

O homem deve construir o seu reino e achar o seu lugar na verdade da vida.

Alberto relembra sempre a música de Cristina.

Alberto “compreende” a loucura de Bexiguinha.

O narrador, à distância de alguns anos casou, adoeceu e retirou-se do ensino.

Na solidão da noite, ao luar, o homem sonha...