Apagão Global

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INICIATIVA SOCIEDADE D esligar as luzes durante 60 minu- tos. É este o desafio lançado pela Hora do Planeta, uma iniciativa da World Wildlife Fund (WWF) que pretende encorajar empresas, gover- nos e cidadãos de todo o mundo a desligar os interruptores durante uma hora, no pró- ximo dia 28. Entre as 20 e 30 e as 21 e 30, Lis- boa junta-se, pela primeira vez, a quase um milhar de outras cidades, num contributo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Cristo-Rei, Ponte 25 de Abril, Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, Castelo de São Jorge, Padrão das Descobertas, Centro Cultural de Belém, Museu da Electricidade e os Paços do Concelho serão os pon- tos da capital que ficarão às escuras em prol daquela campanha global de alerta para a necessidade de adop- ção de medidas eficazes na luta contra as alterações cli- máticas. «Queremos dar uma hora ao planeta para o regenerar, e esperamos poder contar com a participação dos por- tugueses, que, durante 60 Apagão global Prepare-se: em nome de uma causa nobre, vai ser convidado(a) a jantar sem luz eléctrica POR VERA MENDÃO COSTA minutos, deverão apagar as luzes dos seus lares», explica Ângela Morgado, 37 anos. A representante da WWF em Portugal es- tima que o número de participantes ultra- passe os 50 mil, no nosso país. A Câmara Municipal de Lisboa junta-se, pois, à iniciativa mundial. «É uma activi- dade meramente simbólica que deve ser acompanhada por acções concretas em relação à energia», afirma o vereador do Ambiente. José Sá Fernandes, 61 anos, diz que a cidade já começou a apostar em re- cursos alternativos que «poupam dinheiro e o ambiente» – como, por exemplo, o uso de painéis solares para aquecer a água das piscinas municipais. Quanto às questões de segurança que o apagão pode suscitar, Sá Fernandes desdramatiza: «É apenas uma hora; não haverá quaisquer problemas.» OBJECTIVO: UM BILIÃO Sydney, na Austrália, foi a cidade pioneira do Apagão pelo Ambiente, em 2007. Cer- ca de 2 milhões de pessoas aderiram a este gesto simbólico, que representou uma re- dução de 10% no consumo de energia eléc- trica, resultado que levou a rede WWF a alargar a iniciativa ao resto do mundo. Em 2008, mais de 50 milhões de pessoas apa- garam as luzes dos seus lares, número que a WWF espera que aumente para um bilião este ano. Das mais de 930 cidades participantes, as ilhas Chantham, na Nova Zelândia, serão o primeiro local a desligar os geradores, inau- gurando o apagão, que se estenderá, depois, a metrópoles como Paris, Nova Iorque, Rio de Janeiro ou Pequim, num processo que atravessará 25 fusos horários diferentes. Chamar a atenção global para esta campanha é cru- cial. «Em Dezembro, reali- za-se a Cimeira das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, em Copenhaga, e pretendemos que os líderes mundiais saibam que todos estamos atentos, exigindo que sejam tomadas medidas efectivas», diz a representan- te da WWF. «É a oportunida- de que todos temos para de- sempenhar um papel activo naquela cimeira.» FOTO: JOSÉ CARLOS CARVALHO André Sardet à luz de velas Belém, na capital, foi o lugar escolhido para, em Portugal, o cantor André Sardet dar um concerto acústico, durante os 60 minutos de escuridão. Ali, os espectadores serão convidados a acender uma vela pela Hora do Planeta. Que tal fazermos o mesmo nas nossas casas? 96 v12 DE MARÇO DE 2009 VISTA DE CIMA A imagem mostra as regiões da Terra que mais electricidade consomem

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Prepare-se: em nome de uma causa nobre, vai ser convidado(a) a jantar sem luz eléctrica

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INICIATIVA SOCIEDADE

Desligar as luzes durante 60 minu-tos. É este o desafio lançado pela Hora do Planeta, uma iniciativa da World Wildlife Fund (WWF)

que pretende encorajar empresas, gover-nos e cidadãos de todo o mundo a desligar os interruptores durante uma hora, no pró-ximo dia 28. Entre as 20 e 30 e as 21 e 30, Lis-boa junta-se, pela primeira vez, a quase um milhar de outras cidades, num contributo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Cristo-Rei, Ponte 25 de Abril, Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, Castelo de São Jorge, Padrão das Descobertas, Centro Cultural de Belém, Museu da Electricidade e os Paços do Concelho serão os pon-tos da capital que ficarão às escuras em prol daquela campanha global de alerta para a necessidade de adop-ção de medidas eficazes na luta contra as alterações cli-máticas.

«Queremos dar uma hora ao planeta para o regenerar, e esperamos poder contar com a participação dos por-tugueses, que, durante 60

Apagão globalPrepare-se: em nome de uma causa nobre, vai ser

convidado(a) a jantar sem luz eléctricaPOR VERA MENDÃO COSTA

minutos, deverão apagar as luzes dos seus lares», explica Ângela Morgado, 37 anos. A representante da WWF em Portugal es-tima que o número de participantes ultra-passe os 50 mil, no nosso país.

A Câmara Municipal de Lisboa junta-se, pois, à iniciativa mundial. «É uma activi-dade meramente simbólica que deve ser acompanhada por acções concretas em relação à energia», afirma o vereador do Ambiente. José Sá Fernandes, 61 anos, diz que a cidade já começou a apostar em re-cursos alternativos que «poupam dinheiro e o ambiente» – como, por exemplo, o uso de painéis solares para aquecer a água das

piscinas municipais. Quanto às questões de segurança que o apagão pode suscitar, Sá Fernandes desdramatiza: «É apenas uma hora; não haverá quaisquer problemas.»

OBJECTIVO: UM BILIÃOSydney, na Austrália, foi a cidade pioneira do Apagão pelo Ambiente, em 2007. Cer-ca de 2 milhões de pessoas aderiram a este gesto simbólico, que representou uma re-dução de 10% no consumo de energia eléc-trica, resultado que levou a rede WWF a alargar a iniciativa ao resto do mundo. Em 2008, mais de 50 milhões de pessoas apa-garam as luzes dos seus lares, número que a WWF espera que aumente para um bilião este ano.

Das mais de 930 cidades participantes, as ilhas Chantham, na Nova Zelândia, serão o primeiro local a desligar os geradores, inau-gurando o apagão, que se estenderá, depois, a metrópoles como Paris, Nova Iorque, Rio de Janeiro ou Pequim, num processo que atravessará 25 fusos horários diferentes.

Chamar a atenção global para esta campanha é cru-cial. «Em Dezembro, reali-za-se a Cimeira das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, em Copenhaga, e pretendemos que os líderes mundiais saibam que todos estamos atentos, exigindo que sejam tomadas medidas efectivas», diz a representan-te da WWF. «É a oportunida-de que todos temos para de-sempenhar um papel activo naquela cimeira.» FO

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André Sardet à luz de velasBelém, na capital, foi o lugar escolhido para, em Portugal, o cantor André Sardet dar um concerto acústico, durante os 60 minutos de escuridão. Ali, os espectadores serão convidados a acender uma vela pela Hora do Planeta. Que tal fazermos o mesmo nas nossas casas?

96 v 12 DE MARÇO DE 2009

VISTA DE CIMAA imagem mostra as regiões da Terra que mais electricidade consomem