Ap1 economia

35
Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 1 Apostila I: Microeconomia – Parte I 1. Por que estudamos Economia? 1.1. O que é Economia? Economia é a ciência social que estuda basicamente de que forma as pessoas e as empresas, individual ou coletivamente, alocam recursos escassos. Em outras palavras, a Economia estuda como as pessoas tomam decisões sobre investimento, poupança, consumo, trabalho, e como interagem umas com as outras. 1.2. Por que os recursos são escassos? A escassez em economia se deve ao descasamento entre a disponibilidade de recursos e os desejos dos indivíduos. Em outras palavras, a escassez é gerada pelo fato de ter que se produzir bens e serviços com recursos limitados para satisfazer desejos por vezes ilimitados dos indivíduos. A escassez de recursos gera o que se chama de bem econômico . Um bem econômico é desejado e tem utilidade. Se os recursos não fossem escassos só existiriam bens livres e não haveria necessidade de alocar recursos. Comentário: Note que um recurso não é escasso se não for desejado. Ou seja, mesmo que um bem esteja disponível em pequena quantidade ele pode não ser escasso caso ninguém o desejado. 1.3. Por que indivíduos e empresas fazem escolhas? A escassez de recursos obriga indivíduos e empresas a fazerem escolhas. Estas por sua vez implicam no que chamamos em economia de “trade-offs” ou escolhas mutuamente excludentes . Exemplo : O Sr X decidiu comprar o pacote de turismo A em vez do B pelo fato de o pacote A ser mais barato e proporcionar quase tanto bem estar quanto o pacote B. Note que ao escolher o pacote A o Sr. X excluiu a possibilidade de compra do pacote B. A situação descrita é conhecida como trade-off. Ela implica em perder algo (pacote B) em troca de outro (pacote A). 1.4. Como indivíduos e empresas fazem escolhas? Em Economia, normalmente admite-se que indivíduos e empresas atuam com agentes racionais e fazem escolhas tendo em vista a maximização de seus objetivos. Assume-se que o objetivo dos indivíduos seja o bem-estar e que o da empresa seja o lucro . Dessa Curso: Administração de Empresas Disciplina: Economia II Prof.: Marcelo M. Saraiva Turmas: A, B e C

Transcript of Ap1 economia

Page 1: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 1

Apostila I: Microeconomia – Parte I

1. Por que estudamos Economia?

1.1. O que é Economia? Economia é a ciência social que estuda basicamente de que forma as pessoas e as empresas, individual ou coletivamente, alocam recursos escassos. Em outras palavras, a Economia estuda como as pessoas tomam decisões sobre investimento, poupança, consumo, trabalho, e como interagem umas com as outras.

1.2. Por que os recursos são escassos? A escassez em economia se deve ao descasamento entre a disponibilidade de recursos e os desejos dos indivíduos. Em outras palavras, a escassez é gerada pelo fato de ter que se produzir bens e serviços com recursos limitados para satisfazer desejos por vezes ilimitados dos indivíduos. A escassez de recursos gera o que se chama de bem econômico. Um bem econômico é desejado e tem utilidade. Se os recursos não fossem escassos só existiriam bens livres e não haveria necessidade de alocar recursos. Comentário: Note que um recurso não é escasso se não for desejado. Ou seja, mesmo que um bem esteja disponível em pequena quantidade ele pode não ser escasso caso ninguém o desejado.

1.3. Por que indivíduos e empresas fazem escolhas? A escassez de recursos obriga indivíduos e empresas a fazerem escolhas. Estas por sua vez implicam no que chamamos em economia de “trade-offs” ou escolhas mutuamente excludentes. Exemplo: O Sr X decidiu comprar o pacote de turismo A em vez do B pelo fato de o pacote A ser mais barato e proporcionar quase tanto bem estar quanto o pacote B. Note que ao escolher o pacote A o Sr. X excluiu a possibilidade de compra do pacote B. A situação descrita é conhecida como trade-off. Ela implica em perder algo (pacote B) em troca de outro (pacote A).

1.4. Como indivíduos e empresas fazem escolhas? Em Economia, normalmente admite-se que indivíduos e empresas atuam com agentes racionais e fazem escolhas tendo em vista a maximização de seus objetivos. Assume-se que o objetivo dos indivíduos seja o bem-estar e que o da empresa seja o lucro. Dessa

Curso: Administração de Empresas Disciplina: Economia II Prof.: Marcelo M. Saraiva Turmas: A, B e C

Page 2: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 2

forma, diz-se que indivíduos buscam a maximização do bem-estar e empresas a maximização do lucro. Com relação à empresa, costuma-se utilizar, atualmente, um conceito de objetivo da empresa um pouco mais amplo do que o lucro. Diz-se que seria o de maximizar a riqueza dos seus acionistas. Em outras palavras, maximizar o valor da empresa para os seus proprietários. Dessa forma, assumiria-se que a empresa busca a maximização do valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados para os acionistas. Comentário: Quando dizemos que indivíduos e empresas buscam maximizar o seu objetivo, significa que eles farão o possível, dados os recursos que dispõem, para obter o máximo de bem-estar (indivíduos) e lucro (empresas).

1.5. O que significa “racionalidade dos agentes”? Quando dizemos que os agentes são racionais, estamos assumindo que pessoas e empresas são capazes de estabelecer uma relação de ordem ou hierarquia de suas preferências. Assim sendo, as escolhas de indivíduos e empresas são feitas com base em preferências, isto é, são escolhas racionais.

1.6. Indivíduos reagem a incentivos Outro princípio importante da ciência econômica é que indivíduos reagem a incentivos. Por exemplo, aumento de salário em geral é um incentivo para funcionários trabalhares mais. Maior concorrência em geral é um incentivo para a empresa buscar maior produtividade.

1.7. Conclusão: É próprio da natureza humana tornar os recursos escassos, uma vez que todos gostariam de ter mais do que os recursos disponíveis pudessem lhes proporcionar. A escassez de recursos, por sua vez, obriga empresas e indivíduos a fazerem escolhas baseadas em suas hierarquias de preferências. Cabe à economia estudar de que forma empresas e indivíduos fizeram, fazem, devem fazer e farão suas escolhas.

2. Macroeconomia X Microeconomia

2.1. Macroeconomia A Macroeconomia estuda a economia como um todo, isto é, no seu aspecto agregado. Dessa forma, a Macroeconomia se concentra no estudo das variáveis agregadas de um país como: inflação, desemprego, demanda agregada, oferta agregada, produto, renda etc. ________________________________________________________________________

Page 3: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 3

2.2. Microeconomia A Microeconomia estuda os fatores que determinam o preço relativo de bens e insumos. Em outras palavras, a Microeconomia busca compreender de que forma o comportamento (escolhas) de indivíduos e empresas determinam o preço relativo de bens e serviços. Dessa forma, a microeconomia se concentra no estudo de como a demanda e oferta de determinado bem ou serviço determina seu preço. Comentário: o foco da Microeconomia recai sobre a escolha individual, isto é, diz respeito à tomada de decisão de um indivíduo ou uma empresa e suas conseqüências para o mercado.

3. A Economia para o Administrador de Empresas

3.1. A Importância da Economia para o Administrador O conhecimento de economia é fundamental para o Administrador de Empresas, na medida em que a tomada de decisão se dá a partir de análises de macro-cenários e de variáveis relacionadas à atividade produtiva da empresa e sua interação com o mercado de que faz parte (aspecto micro). Dessa forma, a empresa tem de ser sempre vista tanto como um sistema aberto influenciado pela conjuntura econômica nacional e internacional quanto um ator capaz de influenciar em maior ou menor magnitude o ambiente da qual faz parte.

3.2. Aspecto Macro A elaboração de macro-cenários e o conhecimento da economia em seu aspecto macro permitem ao administrador de empresas dimensionar de que forma as variáveis agregadas influenciarão sua empresa. Exemplo: a queda na taxa básica de juros da economia pode ser um incentivo para investimentos (financiamento para aquisição de máquinas, por exemplo).

3.3. Aspecto Micro A análise da estrutura de produção da empresa, dos seus custos, da sua produtividade da sua participação no mercado e sua interação com ele, aliado ao conhecimento da dinâmica do segmento de mercado do qual ela faz parte e do comportamento do consumidor são elementos fundamentais na tomada de decisões. Exemplo: Se uma empresa é informada que uma indústria aumentará significativamente a demanda pelos insumos produzidos por ela, sua estrutura de produção necessitará passar por uma reestruturação de modo a atender a esse aumento de demanda.

Page 4: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 4

3.4. Economia de Empresas O ramo da economia que aplica o raciocínio microeconômico a problemas de tomada de decisão, levando também em consideração as forças que influenciam toda a economia, é chamado de Economia de Empresas. A Economia de Empresas, enquanto campo da Economia, vem crescendo acentuadamente nas últimas três décadas, pelo fato de os administradores (gerentes, analistas, membros de conselho de administração) perceberem a importância da teoria econômica para a tomada de decisões coerentes com as metas organizacionais.

4. Análise Marginal e Custo de Oportunidade

A seguir serão apresentados alguns conceitos econômicos básicos importantes para tomada de decisão do administrador. 4.1. Análise Marginal A análise marginal é aquela que estuda os efeitos produzidos por uma pequena variação numa determinada variável, conhecida como variável de controle. Ou seja, dada uma pequena variação (variação na margem) na variável de controle, o que acontece com as demais variáveis na margem. Pode-se também definir a análise marginal como aquela em que se busca conhecer o quanto se acrescenta a determinada variável quando se adiciona uma unidade na variável de controle. O exemplo abaixo ilustra a situação em que a variável de controle é a quantidade do bem produzido por uma determinada empresa. As demais variáveis que participam na análise são: receita, custo e lucro. Dessa forma, procura-se analisar os efeitos na receita, custo e lucro quando se produz uma unidade adicional do bem.

Exemplo: Por suposição, a empresa conhece a seguinte tabela.

TABELA I Produção Receita Custo Lucro 1 unidade R$100 R$80 R$20 2 unidades R$200 R$150 R$50 3 unidades R$300 R$220 R$80 4 unidades R$400 R$280 R$120 5 unidades R$500 R$380 R$120 6 unidades R$600 R$490 R$ 110

A partir da tabela acima, a empresa elaborou a seguinte tabela para análise marginal.

Page 5: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 5

TABELA II Produção Receita Marginal Custo Marginal Lucro Marginal 1ª unidade R$100 R$80 R$20 2ª unidade R$100 R$70 R$30 3ª unidade R$100 R$70 R$30 4ª unidade R$100 R$60 R$40 5ª unidade R$100 R$100 R$0 6ª unidade R$100 R$110 -R$10

A partir da análise das tabelas acima podemos obter as seguintes conclusões:

i. A empresa maximizará o lucro produzindo até a 5ª unidade.Observe que quando a empresa maximiza o lucro a receita marginal se igual ao custo marginal. Conclusão: a empresa maximiza o lucro produzindo até que a receita marginal se iguale ao custo marginal.

ii. A 6ª unidade não deve ser, em princípio, produzida porque acarreta em lucro marginal negativo (-R$10), o que implica em redução no lucro da empresa (de R$ 130 para R$ 120).

Comentário: Se dispuséssemos apenas da tabela II, poderíamos também obter a escala de produção da empresa que permitiria o alcance do lucro máximo, e o seu valor. Neste caso, bastaria verificar em que momento o lucro marginal passa a ser negativo. De acordo com a tabela II, isto ocorre ao se produzir a sexta unidade do bem. Dessa forma, a empresa maximizaria o seu lucro ao produzir cinco unidades do bem.

Poderíamos representar os dados das tabelas I e II na forma de gráfico.

GRÁFICO I

R$ 0

R$ 20

R$ 40

R$ 60

R$ 80

R$ 100

R$ 120

R$ 140

1 2 3 4 5 6

Produção x Lucro

Unidades

Lu

cro

Maximização de lucro => Receita Marginal = Custo Marginal

Page 6: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 6

GRÁFICO II

-R$ 20

-R$ 10

R$ 0

R$ 10

R$ 20

R$ 30

R$ 40

R$ 50

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª

Produção x Lucro Marginal

Unidade

Lu

cro

Mar

gin

al

4.2. Custo de Oportunidade Como foi visto no item 1.3, indivíduos e empresas necessitam fazer escolhas, tendo em vista a escassez de recursos. E estas escolhas por sua vez implicam em trade-offs. O custo de oportunidade seria uma forma dimensionar o quanto renunciamos quando optamos por determinado caminho. Em outras palavras, custo de oportunidade é o valor que deve ser renunciado da melhor alternativa quando se faz determinada escolha. Exemplo: Uma determinada empresa pode produzir dois bens A e B. No momento ela produz somente o bem A, mas a partir de uma análise de mercado, verificou que o bem B estava sendo muito demandado e por isso resolveu estudar a possibilidade de passar a produzir também o bem B. O estudo verificou a seguinte situação descrita na tabela abaixo.

Bem A Bem B Produção hoje 10 unidades 0 unidade Produção após estudo 9 unidades 2 unidades

Perguntas:

1 – Qual é o custo de se produzir duas unidades do bem B? Resposta: 1 unidade do bem A, que é exatamente o volume de produção do bem A que renuncio ao produzir duas unidades do bem B. 2 – Sabendo-se que o lucro líquido por unidade vendida do bem A é de R$ 1.000 e do bem B é de R$ 500,00, qual seria o lucro líquido da produção hoje e o lucro líquido da produção após o estudo? Resposta: Hoje teríamos Lucro Líquido = 10 x R$ 1.000 = R$ 10.000. Após estudo teríamos Lucro Líquido = 9 x R$ 1.000 + 2 x R$ 500 = R$ 10.000.

Comentário: do ponto de vista do lucro líquido, as duas situações são equivalentes.

Page 7: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 7

5. Lei da Demanda

A Lei da Demanda afirma que quando o preço de um bem aumenta a sua quantidade demandada diminui. Portanto, preço e quantidade demandada guardam entre si uma relação inversa. Tal relação, entretanto, só é possível em razão basicamente dos dois efeitos: efeito renda e efeito substituição. Efeito Renda Efeito renda é aquele provocado no poder aquisitivo do consumidor quando o preço de um bem varia. Por exemplo, a diminuição do preço do arroz provoca aumento da renda real do consumidor, uma vez que ele poderá comprar mais unidades do bem. Efeito Substituição A redução de preço de um bem pode provocar mudança no comportamento do consumidor, que pode consumir menos unidades de um outro bem, chamado substituto, cujo preço não tenha diminuído. Dessa forma, parte do consumo do bem que não sofreu redução de preço é substituído por aquele que a tenha sofrido. Esse efeito recebe o nome de Efeito Substituição. Exemplo: Uma empresa, após aumentar o preço de um bem em 50%, verificou que sua quantidade demandada reduziu em 30%. Após um estudo mais aprofundado verificou-se que 2/3 da redução deveu-se à menor quantidade demandada por aqueles que já consumiam o bem (efeito renda) e 1/3 deveu-se à redução da quantidade demandada em razão da substituição daquele bem por outro (efeito substituição). Demanda individual Para a obtenção da curva de demanda será usado o conceito de demanda individual, que representa o preço que o consumidor está disposto a pagar para consumir uma unidade adicional de determinado bem. Demanda de Mercado A soma de todas as demandas individuais nos dá a demanda de mercado, que representa a quantidade de um bem que o mercado está disposto a adquirir a um certo preço.

Variação de Preços

Efeito Renda

Efeito Substituição

Variação na Quantidade Demandada

Page 8: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 8

2Q

3Q 3Q

3Q

2Q 3Q

Comentários:

(i) Cada ponto da curva de demanda individual representa o preço máximo que o consumidor estaria disposto a pagar para adquirir uma unidade adicional do bem. Nesse sentido, a curva de demanda representa o benefício marginal obtido pelo consumo de uma unidade adicional do bem.

(ii) Todos os pontos que se encontram sobre a curva de demanda representam,

portanto, pontos ótimos de consumo, isto é, traduzem o máximo de bem-estar que se pode obter, dados os limites orçamentários.

(iii) Em geral, a curva de demanda individual é decrescente;

(iv) A soma das curvas de demanda individual nos dá a demanda de mercado para

o bem. Curva de Demanda de Mercado A curva de demanda de mercado é obtida a partir da soma horizontal de todas as curvas de demanda individual do bem. Em geral, obtém-se uma curva com as mesmas características da curva de demanda individual apresentada acima.

Q

B 2P

3P

1P A

C

P

Curva de Demanda Individual de um Bem

Q

B 2P

3P

1P A

C

P

Curva de Demanda de Mercado de um Bem

Page 9: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 9

Função de Demanda A curva de demanda especifica a relação existente entre o preço de um bem e sua quantidade demandada. Ou seja, para cada alteração no nível de preço haverá um deslocamento ao longo da curva, de modo que a quantidade demandada também se modifique. Entretanto, existem variáveis que provocam o deslocamento da curva da demanda. A função de demanda permite que se entenda de que forma a quantidade demandada de um bem se relaciona com determinadas variáveis independentes. O uso da função de demanda possibilita que sejam feitas estimativas da quantidade de demanda a partir do conhecimento das variáveis independentes (variáveis explicativas). Entre os diversos fatores (variáveis de decisão) que podem provocar o deslocamento da curva de demanda de um determinado bem estão: impostos, gostos e preferências do consumidor, despesas com propagandas, renda dos consumidores. Exemplo: a função de demanda por pares de sapato fabricados por uma determinada empresa foi estimada em PYQD ×−×+= 510000.5 , onde Y é a renda em unidades monetárias ($) e P é o

preço do bem em $.

1. Determinar:

(a) a quantidade demandada de pares de sapato se a renda for de $2.000 e o preço do par de $100.

(b) a quantidade demandada de pares de sapato se a renda for de $4.000 e o preço do par de $100.

(c) a quantidade demandada de pares de sapato se a renda for de $4.000 e o preço do par de $200.

Resolução: (a) 500.241005000.210000.5 =×−×+=DQ unidades

(b) 500.441005000.410000.5 =×−×+=DQ unidades

(c) 000.442005000.410000.5 =×−×+=DQ unidades

5.1. Tipos de Bem Em economia, costuma-se classificar os bens de acordo com o seu comportamento frente à variação de preços e renda. Classificação frente à variação na renda Bens normais: são aqueles cuja demanda aumenta quando a renda cresce. Podem ser subdivididos em: Normais necessários: a demanda aumenta menos do que proporcionalmente quando a renda aumenta. Normais de luxo: a demanda aumenta mais do que proporcionalmente quando a renda aumenta.

Page 10: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 10

Exemplo: o crescimento da renda dos trabalhadores provoca aumento da demanda por perfumes. Bens inferiores: são aqueles cuja demanda diminui quando a renda cresce. Exemplo: normalmente quando os bens atingem o fim do seu ciclo de vida passam a se comportar como bens inferiores. O televisor em preto e branco pode ser dado como exemplo. Com o surgimento do televisor em cores, mesmo o aumento de renda não foi capaz de aumentar a demanda por televisores em preto e branco, uma vez que ele representava uma tecnologia ultrapassada. A carne de segunda poderia ser um outro exemplo. Em geral, os bens de baixa qualidade possuem esse comportamento. Classificação frente à variação de preços Bens complementares: são bens consumidos conjuntamente (exemplo: café é açúcar). Exemplo: um aumento no preço do café tenderia a reduzir não só a sua quantidade demandada, mas também a do seu complementar, o açúcar. Bens substitutos: são bens consumidos concorrentemente (exemplo: carne e frango).

Exemplo: um aumento no preço da carne tenderia a reduzir a sua quantidade demandada e aumentar a do seu substituto, o frango. Bens comuns: são aqueles cuja quantidade demandada aumenta quando os preços diminuem. É a própria Lei da Demanda, que será Exemplo: a maioria dos bens obedece a essa regra. Bens de Giffen: são bens inferiores cuja quantidade demandada aumenta quando os preços aumentam. Exemplo: são raros os exemplos de bens de Giffen. O pão para os consumidores de baixa renda pode ser considerado um bem de Giffen. Comentário: Para os bens de Giffen, o efeito renda é muito superior ao efeito substituição. 5.2. Elasticidade A elasticidade é uma forma de medir a sensibilidade de uma variável à variação de uma outra. Para a tomada de decisões, o administrador de empresas, o elaborador de políticas públicas, entre outros profissionais, se deparam com situações em que a análise da elasticidade se torna uma ferramenta muito útil. O conhecimento da elasticidade da demanda em relação ao preço (ou elasticidade-preço da demanda), por exemplo, permite ao administrador de empresas que estiver interessado em aumentar sua fatia de mercado por meio da redução do preço do seu produto o conhecimento do impacto da redução sobre a quantidade demanda do produto. O elaborador de políticas públicas, interessado em estimular determinado setor da economia, pode ter interesse em saber qual seria a reposta da demanda em relação a

Page 11: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 11

uma redução nos impostos, o que acarretaria um recuo nos preços, em tese. A elasticidade-preço da demanda também seria muito útil nesse tipo de análise. O conceito de elasticidade, contudo, não se resume ao caso da resposta da demanda frente a uma variação de preços. Podemos, por exemplo, ter interesse em conhecer o quanto a demanda responderia a uma variação da renda. Neste caso, estaríamos interessados na elasticidade-renda da demanda. Além disso, dados dois bens, poderíamos estar interessados em saber de que forma a variação no preço de um bem afeta o outro. Neste caso, teríamos que investigar a elasticidade-preço cruzada da demanda ou simplesmente elasticidade cruzada da demanda. No lado da oferta, como veremos mais à frente, podemos também calcular a elasticidade-preço da oferta, que representa a reposta da quantidade ofertada a uma variação de preços. Também veremos mais à frente que empresa pode estar interessada em conhecer o quanto a produção responde a uma variação nos insumos. A elasticidade da produção nos daria essa reposta. A seguir, veremos as equações que possibilitam o cálculo de algumas elasticidades. Elasticidade-preço da demanda Elasticidade-preço da demanda num determinado ponto:

D

P

P

DDP ⋅

∂=,ε

A elasticidade-preço da demanda num intervalo:

D

P

P

D

P

D

P

PD

D

DP ⋅∆

∆=

∆=

=%

%,ε

Comentários:

(i) Se DP ,ε é negativa, dizemos que o bem é comum

(ii) Se DP ,ε é positiva, dizemos que o bem é de Giffen

Elasticidade-renda da demanda Elasticidade-renda da demanda num determinado ponto:

Page 12: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 12

D

Y

Y

DDY ⋅

∂=,ε

A elasticidade-renda da demanda num intervalo:

D

Y

Y

D

Y

D

Y

YD

D

DY ⋅∆

∆=

∆=

=%

%,ε

Comentários:

(i) Se DY ,ε é negativa, dizemos que o bem é inferior

(ii) Se DY ,ε é positiva, dizemos que o bem é normal, sendo que se 10 , << DYε o

bem é necessário e se 1, >DYε o bem é de luxo.

Elasticidade-preço cruzada da demanda Elasticidade-preço cruzada da demanda num determinado ponto:

1

2

2

1, 12 D

P

P

DDP ⋅

∂=ε

A elasticidade-preço da demanda num intervalo:

1

2

2

1

2

1

2

2

1

1

,%

%12 D

P

P

D

P

D

P

P

D

D

DP ⋅∆

∆=

∆=

Comentários:

(i) Se 12 ,DPε é negativa, dizemos que os bens são complementares

(ii) Se 12 ,DPε é positiva, dizemos que os bens são substitutos

Interpretação do resultado da elasticidade O coeficiente de elasticidade calculado por uma das equações apresentadas acima pode apresentar valores que, em termos absolutos, variam de 0 (zero) a ∞ (infinito). A tabela abaixo resume a nomenclatura utilizada em cada faixa de valores.

Page 13: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 13

Intervalo Nomenclatura

0=ε Perfeitamente inelástica

10 << ε Inelástica

1=ε Elasticidade unitária

∞<< ε1 Elástica

∞=ε Perfeitamente elástica

6. Oferta

Produção Entende-se por produção a criação de um bem ou serviço que possua valor para o consumidor. Assim sendo, a empresa deve se ocupar em produzir bens e serviços que sejam demandados pelos consumidores. Fatores de Produção Os fatores de produção de uma empresa são todos os insumos utilizados na sua atividade produtiva. Dessa forma, terra, trabalho, capital e matérias-primas são fatores de produção. Devemos diferenciar, contudo, o capital físico, também conhecido como bem de capital, do capital financeiro. O primeiro é um insumo para a produção, enquanto o segundo é a quantia expressa em unidades monetárias necessária para se realizar uma determinada atividade. Exemplos de capital físico: máquinas, prédios, computadores etc. O máximo que uma empresa consegue produzir com os insumos que possui é chamado de fronteira de produção. E a função que descreve essa fronteira de produção é a função de produção.

Função de Produção e Tecnologia A função de produção define o máximo que pode ser produzido a partir de uma certa quantidade de insumos e de uma dada tecnologia. A tecnologia representa a forma como são utilizados os insumos, isto é, diz respeito à qualidade da mão de obra, equipamentos utilizados e processos de produção. É a função de produção que define a tecnologia empregada pela empresa.

+ =

INSUMOS

• mão-de-obra • capital – insumos básicos • capital – bens de capital

TECNOLOGIA

• qualidade da mão-de-obra • qualidade dos equipamentos • processos de produção

PRODUTO

Bens ou serviços

PRODUÇÃO

Page 14: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 14

Função de Produção Cobb-Douglas: Cobb e Douglas dedicaram-se ao estudo das funções de produção e usaram uma função exponencial para descrever a produção. A função de produção Cobb-Douglas possui propriedades matemáticas e econômicas importantes e por isso são úteis na representação da relação insumo – produção.

βαγ KLQ = Função de Produção Cobb-Douglas

, onde L é trabalho (quantidade de mão-de-obra empregada), K é capital empregado,

αγ , e β são parâmetros a serem determinados.

Comentário: α e β representam a elasticidade da produção em relação ao trabalho e ao

capital, respectivamente.

Exemplo: a função de produção de uma empresa é dada por 5,05,0 KLQ = . Determinar:

(a) a elasticidade da produção em relação à mão-de-obra; (b) a elasticidade da produção em relação ao capital; (c) o aumento percentual da produção, caso a mão-de-obra e o capital aumentem

em 25%. Resolução: (a) 5,0=α

(b) 5,0=β

(c) um aumento de 25% na mão-de-obra aumenta em aproximadamente 11,80% a produção, já que a elasticidade é 0,5. O mesmo acontece com o capital. Os dois efeitos combinados resultam num aumento de 25% na produção.

Produto Marginal Representa o quanto se acrescenta na produção quando se adiciona uma quantidade de insumo. Matematicamente, podemos expressar o produto marginal pela relação:

I

QPM I

∆= , onde Q∆ é a variação da produção e I∆ é a variação na quantidade de

insumos. Comentário: A equação acima é normalmente apresentada em sua forma diferencial, isto

é, I

QPM I

∂= . Entretanto, para os propósitos deste curso, iremos utilizar a primeira

versão.

Page 15: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 15

Produto Médio Dada uma escala de produção Q e um nível de insumos I, o produto médio representa o quanto se acrescenta, em média, na produção quando se adiciona uma quantidade de insumo. Matematicamente, podemos expressar o produto meio pela relação:

I

QPI = , onde Q é o nível de produção e I é o nível de insumos empregados

Elasticidade da Produção A elasticidade da produção em relação ao insumo indica o quanto a produção varia, em termos percentuais, quando se varia a quantidade empregada de um insumo em 1%. Matematicamente, temos:

I

IQI

P

PM

Q

I

I

Q

I

Q

I

I

Q

Q

=×∆

∆=

∆=

=%

%,ε

Exemplo: Uma empresa fabricante de bicicletas produz de acordo com a tabela abaixo.

0 0 - - -

1 5 5 5,00 1,002 15 10 7,50 1,33

3 28 13 9,33 1,394 45 17 11,25 1,51

5 59 14 11,80 1,196 68 9 11,33 0,79

7 73 5 10,43 0,488 73 0 9,13 0,00

9 71 -2 7,89 -0,2510 67 -4 6,70 -0,60

ElasticidadeInsumo ProduçãoProduto

Marginal

Produto

Médio

O insumo a que se refere a tabela acima é número de trabalhadores. O produto marginal foi calculado tomando-se o quanto foi produzido a mais para cada unidade de insumo adicionada. Para o cálculo do produto médio, deve-se tomar a razão entre a produção e a quantidade de insumo empregada. Finalmente, para se calcular a elasticidade, toma-se a razão entre os produtos marginal e médio.

O gráfico abaixo ilustra a curva de produção da empresa. Note que a empresa

atinge o máximo de produtividade (elasticidade e produto marginal são máximos) quando

Page 16: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 16

utiliza 4 trabalhadores. A produtividade torna-se nula quando ela emprega 8 trabalhadores e a partir deste ponto, a produção começa a sofrer redução de escala

Figura 1 – Curva de Produção em Formato de S

Curva da Produção Elasticidade Nula

Elasticidade Máxima

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Insumos

Pro

du

çã

o

Curva de Possibilidades de Produção Uma Curva de Possibilidades de Produção mostra os trade-offs entre dois bens produzidos por uma empresa. Os pontos que se encontram sobre a curva representam possibilidades eficientes de produção. Pontos que se encontram abaixo da curva representam possibilidades ineficientes produção. Exemplo: Uma empresa possui as seguintes possibilidades de produção contidas

na tabela abaixo.

Possibilidades BEM 1 (unidades) BEM 2 (unidades)

A 100 0

B 80 5C 60 10

D 40 15

E 20 20

F 0 25 A tabela acima nos permite elaborar uma Curva de Possibilidade de Produção para os bens 1 e 2.

Curva de Possiblidades de Produção - Bens 1 e 2

E

D

C

B

A

F

0

20

40

60

80

100

120

0 5 10 15 20 25

Bem 2

Be

m 1

Page 17: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 17

Os pontos A, B, C, D, E e F representam possibilidades eficientes de produção. Qualquer outro ponto que não esteja sobre a curva representa possibilidade ineficiente de produção. Ou seja, se a empresa, por hipótese, decidir produzir 40 unidades do bem 1 e 5 unidades do bem 2 ela o estará fazendo de forma ineficiente.

Cabe destacar que a curva apresentada acima também permite também o cálculo

do custo de oportunidade. Se a empresa se encontra na situação B e deseja ir para a C, o custo de se produzir 5 unidades a mais do bem 2 é 20 unidades do bem 1.

6. Custo

O custo de algo pode ser entendido como uma medida do sacrifício ocorrido para se fazer algo. Podemos classificá-lo segundo a finalidade para a qual as informações são usadas (contábil e econômico) e a possibilidade de alteração do curto prazo (fixo e variável). Custo Contábil Entende-se por custo contábil a quantia desembolsada pela empresa para produzir. O custo contábil é apurado para fins de relatórios financeiros. Exemplo: Uma empresa obteve receitas no valor de R$ 10.000,00, pagou R$ 4.000,00 de aluguéis e R$ 5.000,00 de salários. Determinar o custo e o lucro contábil.

Resolução: Custos contábeis de R$ 9.000,00 (R$ 5.000,00 + R$ 4.000,00) e lucro contábil

de R$ 1.000,00 (R$ 10.000,00 – R$ 9.000,00). Custo Econômico O custo econômico é avaliado para fins de tomada de decisão. Inclui, além do custo contábil (custo explícito), os custos implícitos, que compreendem os custos de oportunidade do tempo e do capital investido na produção. Exemplo: Mister X era funcionário de uma empresa de informática e ganhava R$ 36.000,00 por ano. Ele decidiu abrir seu próprio negócio e investiu R$ 50.000,00 de suas economias, que poderiam ser aplicados à taxa de 10%a.a. No primeiro ano, a empresa obteve receita de R$ 81.000,00 e custos explícitos de R$ 40.000,00. Determinar o custo e o lucro econômico e comparar com o custo e o lucro contábil.

Resolução:

Custo Econômico = Custos Explícitos + Custos Implícitos

Custo Contábil = Custos Explícitos

Page 18: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 18

§ Custos contábeis de R$ 40.000,00 (custos explícitos). § Custos econômicos de R$ 81.000,00 (custos explícitos + custos

implícito)

− Custos explícitos = R$ 40.000,00 − Custos implícitos = R$ 41.000,00 (R$ 5.000,00, do capital

investido, + R$ 36.000,00, do tempo ou salário abdicado).

§ Lucro contábil = R$ 41.000,00 (R$ 81.000,00 – R$ 40.000,00) § Lucro econômico = R$ 0 (R$ 81.000,00 – R$ 81.000,00)

Comentário: o lucro econômico é a diferença entre a receita e o custo econômico. Matematicamente, EE CRL −= .

Custos Fixos (CF): são aqueles que não se alteram no curto prazo. Ou seja, não variam quando se aumenta ou reduz a produção. Custos Variáveis (CV): alteram-se no curto prazo e, portanto, variam à medida que a produção da empresa aumenta ou diminui. Comentário: O Custo Total (CT), no curto prazo, é a soma dos custos fixos com os custos variáveis. Exemplo: A Empresa W Ltda. paga R$ 10.000,00 pelo aluguel de equipamentos (leasing operacional com contrato de 2 anos) e R$ 20.000,00 pelo aluguel de instalações (contrato de 2 anos). Além disso, paga R$ 2.000,00 de salário, para cada um de seus 20 funcionários, e R$ 5.000 para cada lote de matéria-prima empregada (atualmente emprega 10 lotes na produção). Determinar o valor dos custos fixos, dos custos variáveis e do custo total.

Resolução:

§ Custos Fixos: R$ 30.000,00 (R$ 10.000,00, do leasing + R$ 20.000,00, aluguel das instalações).

§ Custos Variáveis: R$ 90.000,00 (20 x R$ 2.000,00 + 10 x R$

5.000,00).

§ Custo Total: R$ 120.000,00 (R$ 30.000,00 + R$ 90.000,00). Comentário: No longo prazo todos os custos são variáveis. Então, o custo total pode ser escrito como: Custo Total = Custos Variáveis. Função de Custo Médio: Define o custo por unidade de produto. Em outras palavras, é a razão do custo pela quantidade produzida.

Custo Total = Custos Fixos + Custos Variáveis

Page 19: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 19

Q

CC = Custo Médio

No horizonte de curto prazo, o custo médio por ser dividido em Custo Fixo Médio FC e

Custo Variável Médio VC . A soma de FC com VC resulta no Custo Total Médio TC , isto

é,

VFT CCC +=

Custo Fixo Médio: Q

CC F

F =

Custo Variável Médio: Q

CC V

V =

Custo Total Médio: Q

CC T

T = ou Q

CCC VF

T

+=

Exemplo: A função de custo de uma empresa é dada pela equação:

32 5,02100 QQQC +−+= . Determinar o custo fixo, o custo variável, o custo total médio, o

custo fixo médio e o custo variável médio. Resolução: 100=FC

32 5,02 QQQCV +−=

232

5,021005,02100

QQQQ

QQQCT +−+=

+−+=

QCF

100=

232

5,025,02

QQQ

QQQCV +−=

+−=

Função de Custo Marginal: Define o quanto se adiciona ao custo quando se produz uma unidade adicional de um bem ou serviço.

dQ

dCCm = ou Q

CCm

∆= Custo Marginal

Page 20: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 20

Exemplo: Com base na função de custo do exemplo anterior, determinar a função de custo marginal.

Resolução: basta efetuar a derivada do custo total em função da quantidade.

25,122 QQdQ

dCCm +−==

Curvas de Custo Médio e Custo Marginal no Curto Prazo A partir das funções de custo, no curto prazo, pode-se elaborar tabelas e gráficos que descrevem a evolução do custo à medida que se varia a quantidade produzida. A tabela abaixo ilustra a evolução dos custos médio e marginal à medida que se aumenta a produção.

R$1.000,00

Produção Custo Custo Custo Custo Total Custo Variável Custo Fixo Custo

(x100) Total Fixo Variável Médio Médio Médio Marginal

0,0 30,0 30,0 0,0 - - - -

1,7 42,0 30,0 12,0 25,1 7,2 18,0 5,2

2,7 46,7 30,0 16,7 17,5 6,3 11,2 4,7

3,7 51,9 30,0 21,9 14,1 6,0 8,2 6,0

4,1 55,0 30,0 25,0 13,3 6,0 7,2 7,2

4,7 59,3 30,0 29,3 12,7 6,3 6,4 9,1

5,4 66,9 30,0 36,9 12,4 6,9 5,6 12,4

6,4 82,5 30,0 52,5 12,9 8,2 4,7 18,7

7,4 105,1 30,0 75,1 14,2 10,1 4,1 26,7

8,4 136,6 30,0 106,6 16,3 12,7 3,6 36,5

9,4 178,8 30,0 148,8 19,0 15,8 3,2 48,2 O gráfico abaixo representa as curvas de Custo Total Médio, Custo Variável Médio, Custo Fixo Médio e Custo Marginal, no curto prazo.

0

10

20

30

40

50

60

1,7 2,7 3,7 4,1 4,7 5,4 6,4 7,4 8,4 9,4

Q

C

Custo Total Médio Custo Variável Médio

Custo Fixo Médio Custo Marginal

Page 21: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 21

Os pontos destacados no gráfico indicam os cruzamentos da curva de custo marginal com a de custo variável médio, custo fixo médio e custo total médio. Até o Primeiro Ponto Se a empresa produzir menos que 370 unidades, ela não cobrirá os custos fixos, por isso, torna-se mais interessante abandonar as atividades, já que, se continuar produzindo, deverá arcar com os custos fixos e parte dos custos variáveis. Valor do Prejuízo se produzir: parte do Custo Fixo e Custo Variável. Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

O Primeiro Ponto – cruzamento da curva de mC com a VC

Se a empresa produzir 370 unidades, ela ainda não conseguirá cobrir os custos fixos. Nessa situação, ainda é mais interessante para a empresa abandonar as atividades. Valor do Prejuízo se produzir: parte do Custo Fixo e Custo Variável. Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

Do Primeiro ao Segundo Ponto Se a empresa produzir entre 370 e 410 unidades, ela continuará não conseguindo os custos fixos e terá lucro negativo. Nessa situação, é economicamente mais interessante parar de produzir. Valor do Prejuízo se produzir: parte do Custo Fixo e Custo Variável. Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

O Segundo Ponto – cruzamento da curva de mC com a FC

Se a empresa produzir 410 unidades, ela conseguirá cobrir todos os custos fixos mas nenhuma parte dos custos variáveis. Continuará, nesse caso, com lucros negativos. Nessa situação, a empresa é indiferente a continuar produzindo ou interromper suas atividades.

Cruzamento da mC com a VC L < 0 FCR <

Até o Primeiro Ponto L < 0 FCR < Não Produz

Não produz

Do Primeiro ao Segundo Ponto L < 0 FCR < Não produz

Page 22: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 22

Valor do Prejuízo se produzir: Custo Variável. Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

Entre o Segundo e o Terceiro Ponto Se a empresa produzir entre 410 e 540 unidades, ela cobrirá todo custo fixo e parte dos custos variáveis e terá lucro negativo. Nessa situação, continua economicamente mais interessante para a empresa continuar produzindo, já que, se parar, deverá arcar com os todos os custos fixos. Valor do Prejuízo se produzir: parte do Custo Variável. Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

O Terceiro Ponto (Break Even Point) – Cruzamento da curva de mC com a TC

Se a empresa produzir 540 unidades, ela conseguirá cobrir todos os custos (fixos e variáveis) e terá lucro igual a zero )0( =L . Isto é, TCR = . Essa situação e conhecida como

ponto de break even (ou break even point). Valor do Prejuízo se produzir: Zero. Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

A partir do Terceiro Ponto Produzindo mais de 540 unidades, a empresa auferirá lucro positivo, já que a receita será superior ao custo total da empresa. Valor do Lucro se produzir: Receita – Custos Variáveis – Custos Fixos. Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

Cruzamento da mC com a FC L < 0 FCR =

Entre o Segundo e o Terceiro Ponto L < 0

Cruzamento da mC com a TC L = 0 TCR =

A partir do Terceiro Ponto L > 0 TCR >

Produz com prejuízo

FCR > Produz com prejuízo

Produz sem prejuízo

Produz com lucro

Page 23: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 23

Curva de Oferta da Empresa Competitiva no Curto Prazo A Curva de Oferta da empresa, no curto prazo, equivale à curva de custo marginal tomada a partir do segundo ponto, já que a empresa não teria incentivo econômico para produzir quantidades inferiores. Graficamente,

Oferta da Empresa

0

10

20

30

40

50

60

4,1 4,7 5,4 6,4 7,4 8,4 9,4

Q

P

A Oferta no Longo Prazo Com a premissa de que o mercado é perfeitamente competitivo, no longo prazo, o Custo

Marginal se iguala ao Custo Total Médio )( Tm CC = , ou seja o lucro da empresa é igual a

zero )0( =L .

Cabe destacar que a possibilidade de lucro zero (lucro econômico igual a zero) no longo prazo não significa que as empresas não terão interesse em permanecer no mercado, uma vez que o custo marginal já incorpora a taxa de retorno esperada do capital (custo de oportunidade da economia). Dessa forma, o lucro econômico positivo significa estar acima do custo de oportunidade da economia, o que atrai novos concorrentes no mercado. No longo prazo, como todos os custos são variáveis, para a empresa, valerá a pena produzir se TCR ≥ .

A Curva de Oferta no longo prazo será equivalente à Curva de Custo Marginal acima do

ponto onde )( Tm CC = .

7. Equilíbrio de Mercado

Entende-se por equilíbrio de mercado a situação em que a demanda por bens ou serviços se iguala à oferta. O equilíbrio reflete a situação em que o preço é determinado pelas forças de mercado e não se altera a menos que haja mudança na curva de demanda ou oferta. Equilíbrio de Mercado Demanda Oferta ► =

Page 24: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 24

Graficamente, Comentário: o gráfico acima ilustra uma situação em que o equilíbrio de mercado se daria ao preço de R$ 35. A quantidade de equilíbrio seria 3 mil unidades. Mercado fora do equilíbrio: Em um mercado suficientemente competitivo, se o preço estiver acima do preço de equilíbrio, haverá excesso de mercadorias (oferta maior que demanda) e as empresas não terão incentivos para produzir aquela quantidade. Assim, preço e quantidade produzida reduzem e o mercado alcança o equilíbrio. Caso o preço esteja abaixo do preço de mercado, a demanda será maior que a oferta e a mercadoria se tornará mais escassa. Com isso o preço aumenta e a quantidade demandada reduz, trazendo a economia para o equilíbrio. Comentários sobre o gráfico acima: 1 – se o preço for R$ 40, haverá um excesso de 2 mil unidades de mercadoria no mercado, já que a quantidade oferta será 4 mil unidades e a quantidade demandada 2 mil; 2 – ao preço de R$ 35, haverá falta de 2 mil unidades, pois a quantidade demandada será de 4 mil unidades e a quantidade ofertada 2 mil. Exemplo: As curvas de oferta e demanda de um determinado mercado são dadas por: Oferta: P = 100 + 2Q Demanda: P = 200 – 2Q

Determinar:

(a) a quantidade e o preço de equilíbrio;

Equilíbrio de Mercado

20

25

30

35

40

45

50

55

0 1 2 3 4 5 6

Quantidade (em mil unidades)

Pre

ço

em

R$

Demanda

Oferta

Equilíbrio de Mercado

20

25

30

35

40

45

50

55

0 1 2 3 4 5 6

Quantidade (em mil unidades)

Pre

ço

em

R$

DemandaFalta

Oferta

Excesso

Page 25: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 25

(b) se haverá excesso ou falta de mercadoria ao preço de R$ 160 e R$ 140. Resolução: (a) Para se obter a quantidade de equilíbrio, basta igualar as equações de oferta e demanda (condição de equilíbrio de mercado). Oferta = Demanda 100 + 2Q = 200 – 2Q 4Q = 100 Q* = 25 (quantidade de equilíbrio) Substituindo a quantidade de equilíbrio na equação de oferta (poderia também substituir na equação de demanda), temos: P = 100 + 2 x 25 P* = 150 (b) se o preço for R$ 160, temos que a quantidade ofertada será:

160 = 100 + 2Q, então QO = 30 A quantidade demandada, por sua vez, será: 160 = 200 – 2Q

QD = 20 Nesse caso, a oferta será maior que a demanda (30>20) e haverá excesso de mercadorias.

se o preço for R$ 140, temos que a quantidade ofertada será:

140 = 100 + 2Q, então QO = 20 A quantidade demandada, por sua vez, será: 140 = 200 – 2Q

QD = 30 Nesse caso, a demanda será maior que a oferta e haverá falta de mercadorias.

Excedente do Consumidor Pode-se definir excedente do consumidor como a diferença entre o preço que o consumidor estaria disposto a pagar (preço de reserva) e o preço efetivamente pago (preço de mercado). O excedente do consumidor representa o benefício que o consumidor obtém quando paga um preço inferior ao que estaria disposto a pagar. O excedente também pode ser utilizado como medida do bem-estar. Quanto maior o excedente, maior o bem-estar. Como calcular o excedente do consumidor:

Page 26: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 26

O excedente do consumidor pode ser calculado tomando-se a área abaixo da curva de demanda e acima da linha que passa pelo preço de equilíbrio. Se a função de demanda for linear, pode-se calcular o excedente pela equação: Excedente do Produtor O excedente do produtor pode ser definido como a diferença entre o preço que o produtor estaria disposto a vender (preço de reserva) e o preço de venda (preço de mercado). O excedente do produtor representa o benefício que o produtor obtém por vender seu produto a um preço superior ao que estaria disposto a vender. Quanto maior o excedente do produtor, maior o seu bem-estar. Como calcular o excedente do produtor: O excedente do produtor pode ser calculado tomando-se a área abaixo da linha que passa pelo preço de equilíbrio e a acima da curva de oferta. Se a função de oferta for linear, pode-se calcular o excedente pela equação: Excedente total da economia: O excedente total da economia é a soma dos excedentes do consumidor e produtor. Quanto maior o excedente da economia, maior o bem-estar.

Excedente do Consumidor

20

25

30

35

40

45

50

55

0 1 2 3 4 5 6

Quantidade (em mil unidades)

Pre

ço

em

R$

Demanda

Oferta

EC = (Pmáx – P*) x Q*/2

Excedente do Produtor

20

25

30

35

40

45

50

55

0 1 2 3 4 5 6

Quantidade (em mil unidades)

Pre

ço

em

R$

Demanda

Oferta

EP = (P* – Pmín) x Q*/2

Excedente Total da Economia

20

25

30

35

40

45

50

55

0 1 2 3 4 5 6

Quantidade (em mil unidades)

Pre

ço

em

R$

Demanda

Oferta

ET = EC + EP

Page 27: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 27

Excedente do Governo Na seção anterior vimos como se calcula os excedentes do consumidor e produtor em uma economia sem Governo. Quando adicionamos o Governo, temos de incluir sua receita tributária. Dessa forma, ambos os excedentes do consumidor e do produtor diminuem. Além isso, a entrada do Governo gera uma queda no excedente total da economia, uma vez que produz uma perda de peso morto (cunha fiscal). O gráfico abaixo ilustra a situação. A área do retângulo em azul representa o excedente do Governo. Note que diferente da seção anterior (economia sem Governo), o preço pago pelo consumidor é superior ao preço de equilíbrio (PC>P*), já que ele deverá pagar tributos. O produtor recebe pela mercadoria um preço inferior ao preço de equilíbrio, uma vez que também deverá pagar tributos (PV<P*). O triângulo em preto representa a perda de peso morto, que é o excedente perdido pela sociedade com a entrada do Governo. Exemplo: As curvas de oferta e demanda de um determinado mercado são dadas por: Oferta: P = 100 + 2Q Demanda: P = 200 – 2Q Suponha que os consumidores tenham que pagar tributos cuja alíquota seja de 14,29% e que as empresas paguem 16,67%, determine:

(a) o preço efetivamente pago pelo consumidor, o preço efetivamente recebido pelo produtor;

(b) os excedentes do consumidor, do produtor, do Governo e total. Compare a situação com a sem Governo.

Resolução: (a) Se o consumidor pagar alíquota de 14,29% sobre o produto comprado, terá pago efetivamente: PC = 35 x 1,1429 = 40 (aproximadamente) O produtor, por sua vez, receberá efetivamente: PV = 35/(1,1667) = 30 (aproximadamente) (b) Os excedentes serão: EC = (50 – 40) x 2/2 = 10

Excedente Total da Economia com Governo

20

25

30

35

40

45

50

55

0 1 2 3 4 5 6

Quantidade (em mil unidades)

Pre

ço

em

R$

Demanda

Oferta

Page 28: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 28

EP = (30 – 20) x 2/2 = 10 EG = 10 x 2 = 20 ET = EC + EP + EG = 40 (R$ 40.000) Na situação sem Governo, tínhamos: EC = (50 – 35) x 3/2 = 22,5 EP = (35 – 20) x 3/2 = 22,5 ET = EC + EP = 45 (R$ 45.000) A excedente total da economia com a inclusão do Governo é menor do que a situação anterior (sem Governo). Comentário: a inclusão do Governo produziu uma perda de peso morto (cunha fiscal) no valor de R$ 5.000.

Em economia, Estrutura de Mercado refere-se à descrição de determinado mercado quanto à interação e competição das firmas que nele atuam. A descrição de determinado mercado inclui:

i. Informações específicas sobre o número de empresas existentes naquele mercado, a existência ou não de barreiras à entrada ou saída e as expectativas acerca das ações futuras das empresas competidoras e do número de empresas.

ii. As ações disponíveis para cada firma quanto à escolha do preço, da quantidade a ser produzida e da localização.

Inicialmente, podemos dividir os mercados em dois grandes grupos: Mercados de Concorrência Perfeita e Mercado de Concorrência Imperfeita.

São aqueles nos quais os agentes, compradores e vendedores, comportam-se de forma competitiva, isto é, acreditam que as suas ações não podem interferir no preço do mercado, que é dado. Em concorrência perfeita, a firma só pode decidir sobre a quantidade que produz e não sobre o preço. Costuma-se assumir que os mercados de concorrência perfeita são caracterizados por um grande número de empresas que agem como tomadoras de preços (price takers) e vendem um produto homogêneo para consumidores bem-informados (inexistência de assimetria de informações). Pressupõe-se, também, a inexistência de barreiras à entrada ou à saída do mercado.

8. Estruturas de Mercado

9. Mercados de Concorrência Perfeita (ou Mercados Perfeitamente Competitivos)

Page 29: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 29

A Curva de Demanda A curva de demanda com a qual cada firma se defronta, em concorrência perfeita, é uma reta horizontal, já que, para qualquer quantidade demandada, o preço deverá ser sempre o mesmo. Isto é, ela deverá vender ao mesmo preço, independente, da quantidade demandada. A curva de demanda do mercado permanece a mesma já estudada: decrescente. O Quanto Produzir: A Oferta da Empresa Como já foi visto, em Mercados de Concorrência Perfeita, no curto prazo, a empresa deve

produzir quando CPV

CPm CC ≥ , ou seja, quando o custo marginal for maior ou igual ao custo

variável médio. No longo prazo, a condição de permanência da empresa é LPT

LPm CC ≥ , isto

é, o custo marginal deve ser maior ou igual ao custo total. Em outras palavras, a empresa deverá cobrir todos os seus custos no longo prazo. Entretanto, assume-se que, no longo

prazo, LPT

LPm CC = , já que se o lucro fosse positivo, outras empresas entrariam no setor,

fazendo com que aquela igualdade fosse satisfeita. Graficamente. Maximização do Lucro: Conforme já foi estudado, a empresa maximiza o lucro quando mm CR = , isto é, quando a

receita marginal se iguala ao custo marginal. Nessa situação, temos 0=mL e

PCR mm == . Essas igualdades são válidas tanto para o curto prazo quanto para o longo

prazo. Entretanto, no longo prazo, devemos acrescentar que Tmm CPCR === e que o

lucro é igual a zero ( )0=L .

Curva de Demanda da Firma Curva de Demanda do Mercado P

Q

P

Q

Produção: Curto Prazo Produção: Longo Prazo

CPmC

Q Q

CPVC

LPTC

LPmC P P

No Curto Prazo

CPV

CPm CC ≥

CPTC

No Longo Prazo (equilíbrio do mercado)

LPT

LPm CC =

Page 30: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 30

São as Estruturas de Mercado nas quais as condições necessárias para concorrência perfeita não são satisfeitas. São elas: Monopólio, Duopólio e Oligopólio. 10.1 Monopólio O Monopólio pode ser definido como a estrutura de mercado caracterizada pela existência de uma única empresa e barreiras significativas à entrada. Além disso, pressupõe-se a inexistência de substitutos próximos para os bens que ele produz. Diferentemente das empresas em um mercado perfeitamente competitivo, o monopolista se defronta com uma curva de demanda decrescente e pode escolher o preço (price searchers) ou a quantidade que será ofertada do seu produto. Por isso, se quiser aumentar a quantidade vendida, deverá abaixar o preço. As barreiras à entrada podem ser provenientes de patentes, concessão pública, alta tecnologia (vantagens de custos), diferenciação de produtos e economias de escala. Curva de Demanda Como foi colocado, a curva de demanda do monopolista é negativamente inclinada (decrescente), diferentemente do mercado perfeitamente competitivo, em que cada empresa se defronta com uma curva de demanda horizontal, já que o preço é dado. A curva de demanda de mercado é a própria curva de demanda do monopolista. Comentário: Chama-se monopólio natural aquele em que a barreira à entrada se deve à presença de economias de escala (redução do custo médio ao se aumentar a produção).

Produzir até que Rm = Cm

(Lm = 0)

Curto Prazo Rm = Cm = P

Longo Prazo Rm = Cm = P = CT e L = 0

Maximização de Lucro

10. Mercados de Concorrência Imperfeita

P

Q

Curva de Demanda do Monopolista

Page 31: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 31

O Quanto Produzir: A Oferta do Monopolista A curva de oferta indica o quanto as firmas estão dispostas a produzir a um determinado nível de preço. O Monopolista, por não ser um tomador de preços (price taker), não tem uma curva de oferta.

No curto prazo, o monopolista produzirá uma quantia tal que mm CR = se CPVCP > e, no

longo prazo, produzirá uma quantia tal que mm CR = se CPTCP > .

Maximização do Lucro: Da mesma forma que foi visto para o caso da empresa em um mercado de concorrência perfeita, o monopolista maximiza o lucro quando mm CR = . A diferença é que, como o

monopolista se depara com uma curva de demanda decrescente, mm CRP => . No longo

prazo, a mesma condição deve ser satisfeita. Como para o monopolista, o preço não é fixo e dado pelo mercado, a receita marginal não é o preço. Um incremento na quantidade produzida y∆ produz dois efeitos na receita:

primeiro, quando se produz mais, aumenta-se a receita de ypi ∆⋅ . Entretanto, ocorre

também uma variação da receita devido à redução do preço, py f ∆⋅ . Somando os dois

efeitos, temos:

pyypR fi ∆⋅+∆⋅=∆

Com um pouco de álgebra, podemos escrever a equação da receita marginal na forma:

+⋅=

DP

m pR,

11

ε

Produção: Curto Prazo Produção: Longo Prazo

CPmC

Q Q

CPVC

LPTC

LPmC

P P

CPTC

D mR

Lucro do Monopolista Lucro do

Monopolista

mR D

Produzir até que Rm = Cm

(Lm = 0)

Curto Prazo P > Rm = Cm

Longo Prazo P > Rm = Cm

Maximização de Lucro

Page 32: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 32

Como para maximizar o lucro o monopolista deve satisfazer à condição mm CR = , então:

+⋅=

DP

m pC,

11

ε

O markup (margem de lucro) do monopolista é dado pela equação:

DP

markup,11

1

ε−=

Comentário: o preço do monopolista é normalmente maior do que o preço do mercado em concorrência perfeita e a quantidade vendida é menor.

Exemplo: A função de demanda de um determinado produto é 2

40p

Q −= . Sabendo que o

custo marginal é igual a 10, determinar: (a) o preço de equilibro no mercado competitivo; (b) a quantidade de equilíbrio no mercado competitivo; (c) o preço de equilíbrio do monopolista; (d) a quantidade vendida pelo monopolista; Faça uma comparação entre os resultados obtidos nos dois casos.

Resolução:

(a) no mercado competitivo, temos mCp = , logo 10=p .

(b) a quantidade de equilíbrio será 352

1040 =−=Q

(c) para o monopolista, mm CRP => . Então

−==

240..

ppQpR e

pRm −= 40

Como mm CR = , então 1040 =− p e 30=p .

(d) a quantidade vendida pelo monopolista será: 252

3040 =−=Q

Conclusão: o monopolista vende uma quantidade menor e a um preço mais alto, quando comparado a um mercado competitivo, gerando uma perda de bem-estar para o consumidor.

10.2 Oligopólio: O Oligopólio é uma estrutura de mercado caracterizada pela existência de um pequeno número de empresas. Como existe um pequeno número de competidores, as ações de uma empresa, influenciam as decisões das demais. Existe uma grande variedade de resultados possíveis para um oligopólio. Se houver uma grande competição entre as empresas, o resultado pode se aproximar daquele que se

Page 33: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 33

obtém em concorrência perfeita (preços baixos e grande quantidade vendida). Por outro lado, as empresas podem optar pela cooperação e fixarem preços (cartel). Nesse caso, o oligopólio se aproximaria de um monopólio.

10.3 Duopólio O Duopólio é um caso particular de Oligopólio no qual existem apenas duas empresas no mercado. Existem basicamente dois tipos de Duopólio:

(1) Duopólio de Cournot: empresas competem em quantidade; e (2) Duopólio de Bertrand: empresas competem em preço.

A Concorrência Monopolística é uma estrutura de mercado caracterizada pela existência de poucas barreiras à entrada ou saída e um grande número de empresas que buscam diferenciar seus produtos (com propaganda, serviços, qualidade, facilidades e localização). Em razão da diferenciação, cada empresa se defronta com uma curva de demanda decrescente (negativamente inclinada). No curto prazo, cada empresa atua como um pequeno monopólio, devido à diferenciação (daí o nome concorrência monopolística) e produz até que mm CR = , mas com mCp > .

No longo prazo, outras empresas conseguirão replicar a diferenciação existente no curto

prazo e cada empresa auferirá lucro igual a zero ( 0=L e LPTCp = ).

Uma forma de saber se um determinado mercado está muito ou pouco concentrado é utilizar um índice de concentração. Um índice muito usado para esse propósito é o Índice de Herfindahl-Hirschman (H). A fórmula para se calcular o índice é:

11. Mercados de Concorrência Monopolística

Produção: Curto Prazo Produção: Longo Prazo

CPmC

Q Q

LPTC

LPmC

P P CP

TC

D mR

Lucro em Concorrência Monopolística

mR D

Lucro igual a zero

12. Medindo o Grau de Concentração de um Mercado

Page 34: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 34

∑=

=n

iisH

1

2

Onde s é a fatia de mercado (market share) de cada empresa. Em geral, utilizam-se os seguintes parâmetros para interpretar o índice: Valor de H Interpretação

Abaixo de 1.000 Mercado pouco concentrado Entre 1.000 e 1.800 Mercado moderadamente concentrado Acima de 1.800 Mercado muito concentrado

O cálculo desse índice pode ser utilizado pelo governo para fins de regulação de mercado. Se um determinado mercado, com o passar do tempo, torna-se mais concentrado, pode significar perda de eficiência e competição e aumentam as chances de colusão e monopólio. Exemplo: Em 1990 havia dez firmas atuando no mercado. Cada uma participava com 10% do total vendido. Em 2007, verificou-se que uma participava com 82% do mercado e as outras nove com 2% cada uma. Calcule o índice de Herfindahl-Hirschman e interprete o resultado.

Resolução: Em 1990 tínhamos que H = 10 x 100 = 1.000 (mercado na fronteira entre pouco e

moderadamente concentrado). Em 2007, o índice passou para H = 6.724 + 9 x 4 = 6.760 (mercado muito

concentrado).

Falha de mercado é o termo utilizado para designar situações em que o mercado não é capaz de alocar recursos de forma eficiente, dando espaço a ações de Governo. Além dos mercados de concorrência imperfeita, outros exemplos de falhas de mercado são: assimetria de informações (seleção adversa e risco moral) e externalidades. Para compreender as falhas do mercado é importante ter em mente o seguinte princípio: Pessoas reagem a incentivos.

13.1 Assimetria de Informações Em nossas análises anteriores, assumíamos que vendedores e consumidores estavam perfeitamente informados sobre a qualidade dos bens e serviços vendidos no mercado. Entretanto, essa premissa nem sempre é verdadeira, já que a informação acerca da qualidade de um bem ou serviço pode custar caro.

13. Falhas de Mercado

Page 35: Ap1 economia

Marcelo Menezes Saraiva – Copyright 2009 35

Entende-se por assimetria de informação quando uma parte envolvida na transação (cliente-vendedor) tem mais informação que a outra. Exemplo: os compradores de carros usados desconhecem a qualidade dos veículos que são colocados à venda. Só os seus proprietários é que a conhecem. Os dois casos mais comuns de assimetria de informação são seleção adversa e risco moral. Seleção Adversa: é quando uma parte na transação não pode observar a qualidade dos bens e serviços da outra parte (informação oculta). Um exemplo seria o já mencionado mercado de carros usados. Risco Moral: ocorre quando uma parte não pode observar as ações do outro. Exemplo: quando uma empresa vende um seguro de um automóvel, ela não poderá observar de que forma o segurado irá conduzi-lo (ação oculta).

13.2 Externalidades Dizemos que ocorre uma externalidade quando a ação de um agente altera o bem-estar de outros. Se a ação de um agente aumentar o bem-estar de outros (benefício social > benefício privado), dizemos que a externalidade é positiva. Por outro lado, se a ação de um agente diminuir o bem-estar de outros (custo social > custo privado), dizemos que a externalidade é negativa. Exemplos:

(a) Uma empresa que despeja seu lixo em um lago gera uma externalidade negativa aos usuários do lago.

(b) Você fez um lindo jardim em sua casa e gerou uma externalidade positiva a todos

os seus vizinhos do bairro que passam em frente a sua casa frequentemente.