“EFEITOS DA MÚSICA”: TERAPIA MUSICAL NA ENCICLOPÉDIA … · Dentre os primeiros, era...
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“EFEITOS DA MÚSICA”: TERAPIA MUSICAL NA ENCICLOPÉDIA (1757 – 1761)
João Luiz Garcia Guimarães
Introdução
“Ora, para o corpo temos a ginástica e para a
alma, a música”.
(Sócrates, A República).
Este artigo se debruça sobre a elaboração de uma proposta de terapia musical, presente
na Enciclopédia de Diderot e d’Alembert. Os estudos de Robert Darnton sobre o
significativo empreendimento editorial representado por esse dicionário indicam a ampla
participação de médicos, farmacêuticos e cirurgiões – chegaram a constituir cerca de 5%
do total de colaboradores1. Dentre os primeiros, era expressiva a presença de adeptos de
uma nova doutrina medicinal, conhecida como vitalismo, da qual fazia parte o elaborador
da proposta que ora analiso: Jean-Joseph Ménuret de Chambaud (1733 – 1815)2.
Ménuret colaborou com Denis Diderot na redação dos tomos VIII à XVII da
Enciclopédia. Ele redigiu, nos volumes em questão, a quase totalidade dos artigos
relacionados a doenças mentais. Sua produção monta a cerca de 90 artigos, entre os quais
achei o que motivou este trabalho: “Efeitos da música”3.
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo
Cruz/ Fiocruz. 1 DARNTON, Robert. O iluminismo como negócio: história da publicação da Enciclopédia (1775 – 1800).
SP: Cia das Letras, 1996, introdução. 2 Ménuret nasceu em Montélimar em 1733, doutorou-se em medicina pela Universidade de Montpéllier em
1757 e no ano seguinte, apresentado pelo químico Gabriel-François Venel (1723 – 1775) à Diderot, iniciou
a sua colaboração com a Enciclopédia, que duraria até 1761. Após isso, clinicou em sua terra natal por
quinze anos, voltando a Paris em 1785. Publicou trabalhos de utilidade pública, destacando-se, entre eles,
um ensaio sobre a melhor maneira de formar os médicos, que veio à luz durante a Revolução, sob os
auspícios da Convenção. Após cair em desgraça, exila-se em Hamburgo de onde só retorna à Paris em 1815,
falecendo pouco depois. 3 CHAMBAUD, Jean-Joseph Ménuret. Effets de la Musique. In: DIDEROT, Denis; D’ALEMBERT, Jean
le Rond. (orgs.). Encyclopédie ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers. Paris:
2
Ao longo do artigo, busquei formas de compreender a lógica que informa a terapia
prescrita por Ménuret, localizando sua proposta em seu contexto intelectual e social. Em
minha análise, tentei igualmente entender como Ménuret mobiliza elementos de doutrinas
médicas anteriores para construir seu objeto de estudo, que é o efeito dos sons sobre o
homem. Tomo por base o conceito de doutrina médica de Colas Duflo, que a descreve
como “[...] uma prática e as experiências inseparáveis de uma concepção do ser vivo para
a qual elas rementem, sobre a qual se apoiam, e no âmbito da qual suas observações e
experiências fazem sentido”4.
“No ser vivo tudo é vivo”
A descoberta da circulação sanguínea por William Harvey (1578 – 1657) na primeira
metade do século XVII pôs em cheque as teorias humorais de Galeno (129 – 2016? d.
C) e Hipócrates (460 – 377 a. C), que constituíam, até então, a base da fisiologia antiga
e medieval. O edifício da medicina da antiguidade começara a apresentar sinais de
instabilidade a partir das críticas precisas do anatomista paduano Andreas Vesalius
(1514 – 1564), cuja obra De humani corporis Fabrica (A construção do corpo humano)
representou a introdução do método empírico na anatomia, revelando as inconsistências
dos conhecimentos dos textos do Corpus Hipocraticum5.
Roy Porter descreve as novas exigências colocadas pela anatomia de Vesalius:
“[...] o anatomista-palestrante deve realizar a dissecação ele mesmo, o
olho era preferível à autoridade, e a anatomia era o esqueleto da
medicina”. O que quer dizer que “todos os discursos em anatomia
deviam estar sujeitos ao teste dos cadáveres humanos”6.
Briasson/David/Le Breton, 1751 – 1780, t. X, p. 903 - 909. Disponível em: http://arflx.uchicago.edu/cgi-
bin/philologic/encyclopedie0110. Acesso em: 10/08/2016. 4 DUFLO, Colas. Diderot et Ménuret de Chambaud. Recherches sur Diderot et sur l'Encyclopédie, Langres,
v. 34, nº 5, abr. de 2003, p. 27. Disponível em: http://rde.revues.org/157. Acesso em: 10/08/2016. 5 Coletânea de tratados atribuídos ao médico Hipócrates de Cós (460 – 377 a. C), fundador da medicina
racional no Ocidente. O Corpus Hipocraticum também conta com tratados de Galeno (129 – 2016? d. C),
médico romano que desenvolveu o modelo fisiológico-anatômico legado pela medicina grega. 6 PORTER, Roy. The greatest benefit to mankind: a medical history of humanity. London: Harper Collins,
1997, p. 180 – 181.
3
A partir dessa verdadeira revolução anatômica e fisiológica, novos modelos sobre o
funcionamento do corpo começaram a substituir a teoria humoral. O filósofo René
Descartes (1596 – 1650) e o médico italiano Giovanni A. Borelli (1608 -1679)
desenvolveram esquemas de funcionamento do corpo condizentes com o espírito da nova
física, uma ciência agora matematizada e desconfiada de qualquer propriedade oculta na
matéria.
O iatromecanicismo, nome pelo qual ficou conhecida a medicina fundada por esses
dois intelectuais em meados do século XVII, basicamente assumia como modelo de
funcionamento corporal a imagem do autômato. O funcionamento do corpo seria análogo
ao de uma máquina: um aglomerado de roldanas, polias, dobradiças, reservatórios e foles.
Os processos ou mudanças corporais seriam originados por movimentos de matéria,
sendo possuidores de causas físicas apreensíveis a partir das leis do movimento. Nas
palavras de Giorgio Baglivi (1668 – 1707), discípulo de Borelli, “o corpo do homem, no
que diz respeito à estrutura animal, é submetido ao número, ao peso, à medida, e sofre
desde já todas as consequências que deles dependem”7.
Uma segunda característica do pensamento iatromecanicista é a adoção do dualismo
cartesiano: a separação entre corpo e alma, duas substâncias distintas cujas propriedades,
faculdades e modos de interagir entre si provocaram discussões acirradas ao longo do
século XVIII. Para os iatromecanicista, era possível – ao menos heuristicamente – tratar
ambos em separado. A historiadora Roselyne Rey comenta que
[...] o gesto pelo qual o médico entende tratar do corpo “à parte”, de
acordo com as leis gerais da mecânica, foi historicamente uma
afirmação de autonomia da medicina e de sua emancipação com relação
à teologia, mas ele conduziu a uma visão reducionista do homem, que
não podia ser compreendido em sua unidade, “no físico e no moral”
[...]8.
7 BAGLIVI, Giorgio. Opera Omnia Medico Practica et Anatomica. Amsterdam: Petrus Bruyset, 1745, p.
126. 8 REY, Roseline. L’ame, le corps et le vivant. In: GRMEK, Mirko; FANTINI, Bernardino. (eds.). Histoire
de la pensée médicale en occident: de la Renaissance aux Lumières. v.2, Paris: Éditions du Seuil, 1996,
p.117.
4
A vida, para os iatromecanicistas é uma consequência emergente do arranjo global dos
sistemas do corpo, ou seja, da sua organização. Esse modelo, embora inovador, sofreu
pesadas críticas no início do século XVIII, sobretudo a partir das polêmicas entre o
médico Georg Ernst Stahl (1659 – 1734) e filósofo Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 –
1716). Os ataques continuaram, partindo de diversas vertentes de pensamento que
surgiram durante os primeiros nos do Século das Luzes, sobretudo de uma nova forma de
pensar a prática médica surgida na França, na Faculdade de Medicina da Universidade de
Montpéllier. Alegando que as teorias mecanicistas representavam uma aproximação
reducionista dos seres vivos, os professores dessa faculdade – mais tarde chamados de
vitalistas – pregavam uma radical recusa ao dualismo e à validade das explicações
puramente mecânico-hidráulicas.
A recusa ao dualismo cartesiano, tal como entendido em meados do
século XVIII, por parte dos vitalistas de Montpellier, representa apenas
uma dentre as diversas opiniões correntes no clima polêmico que
dividia o território médico entre mecanicistas, animistas stahlianos,
materialistas discípulos de Haller, sensualistas e ideólogos. No
ambiente intelectual francês, a retórica que articulava o ambicioso
projeto desses grupos insistia que a fisiologia - ou economia animal - e
a análise das ideias e das faculdades morais eram ramificações de uma
mesma ciência, que deveria chamar-se Science de l’Homme ou
Medicina Antropológica9.
.
Os maiores expoentes do vitalismo na França, além do já citado Ménuret, foram Louis
de Lacaze10 (1703 – 1765), Gabriel-François Venel (1723 – 1775), Théophile de Bordeu
(1722 – 1776), Henri Fouquet (1727 – 1806) e Paul-Joseph Barthez (1734 – 1806). Para
essa corrente, a vida não emerge da mera organização, mas de um complexo sistema
denominado de “economia animal”. Ménuret a economia animal como
“[...] a ordem, mecanismo e o conjunto global das funções e
movimentos que sustentam a vida nos animais, cujo exercício perfeito,
universal e constante, realizado com facilidade e espontaneidade
constitui o próspero estado de saúde e cuja mínima perturbação
constitui em si mesmo a doença; a cessação é o outro extremo, o
diâmetro oposto da vida, isto é, a morte”11.
9 EDLER, Flávio Coelho. O “Imperscrutável vínculo”: corpo e alma na medicina lusitana setecentista.
VARIA HISTORIA, Belo Horizonte, vol. 29, nº 50, p.435-452, mai/ago 2013, p. 439. 10 Também grafado “La Caze” em algumas fontes. 11 CHAMBAUD, Ménuret. WOLFE, Charles T & TERADA, Motoichi. The Animal Economy as Object
and Program in Montpellier Vitalism. Sciencie in context, v. 21, nº 4, 2008. p. 546. Grifo meu.
5
Uma economia era a troca de estímulos entre as partes do corpo, possível a partir da
sensibilidade de cada uma delas. A matéria inerte dos iatromecanicistas é substituída,
assim, por uma matéria viva, dotada de sensibilidade ao nível de seus componentes
elementares, e, capaz, portanto, de responder a estimulação. Dessa forma, seguindo um
modelo newtoniano de determinação de propriedades irredutíveis (como a gravidade, por
exemplo), os vitalistas buscaram entender quais seriam as propriedades essenciais para a
vida.
O desenvolvimento do conceito de sensibilidade sofreu uma grande influência da
produção do médico inglês Francis Glisson (1597? – 1677), que criou a ideia de
irritabilidade: “as menores parcelas da matéria percebem, desejam e têm o poder
espontâneo de entrar em movimento, portanto, de agir e de reagir”12. Os estudos mais
experimentais de Albrecht von Haller (1708 – 1777), deram origem a separação entre
irritabilidade e sensibilidade. As partes sensíveis são as únicas que dependem da presença
de nervos, pois são as partes que sentem a dor, sendo esta última, na sua fisiologia,
transmitida ao cérebro, que a interpreta. Théophile de Bordeu postulou que a sensibilidade
era uma característica de todas as partes do organismo, e da matéria viva em geral em
oposição à matéria morta, não se limitando, como em Haller, à presença de nervos13.
A sensibilidade podia explicar as diversas interações entre partes distintas do corpo, as
simpatias, “tais como entre as partes vocal e genital durante a puberdade”14. Segundo
Bordeu e Lacaze, estes centros seriam: “(1) a região gástrica (isto é, o diafragma e órgãos
localizados ao redor dele); (2) a cabeça – centro do sistema nervoso; e (3) a pele, chamada
12 STAROBINSKI, Jean. Ação e reação: vida e aventuras de um casal. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2002, p. 101. 13 Bordeu é responsável por idealizar uma das mais famosas analogias do pensamento médico do século
XVIII: “Comparemos o corpo vivo, para sentir bem a ação particular de cada parte, a um enxame de abelhas
que se reúnem em pelotões e que se penduram em uma árvore a maneira de um cacho (...). Assim, para
seguir a comparação do cacho de abelhas, ele é um todo colado a um galho de árvore, pela ação de muitas
abelhas que devem agir juntas para se segurar bem: todas concorrem para formar um corpo bastante e cada
uma, no entanto, possui sua ação à parte”. BORDEU, Théophile. Apud Moravia, op. cit., p. 56. Essa
analogia foi reproduzida por Diderot em seu texto O Sonho de d’Alembert. 14HUNEMAN, Philippe. “Animal Economy”: Anthropology and the Rise of Psychiatry from the
“Encyclopédie” to the Alienists. In: WOLFF, Larry & CIPOLLONI, Marco (ed.) The Anthropology of the
Enlightment. California: Stanford University Press, 262 – 276, 2007, p. 264.
6
de ‘órgão exterior’, que constituí o meio externo do organismo”15. As relações entre eles
se fazem, segundo o primeiro, seguindo uma lei de ações e reações.
Para os iatrocemanicistas, a vida é resultado da organização. Para os vitalistas, essa
fórmula não passava de um ledo engano, pois
[...] ser vivo e ser organizado não eram fórmulas idênticas, na medida
em que a vida poderia cessar enquanto que a organização subsistia por
algum tempo e, inversamente, algumas partes da economia animal
poderiam se desorganizar ao passo em que a vida do todo se
conservava16.
Conforme resumiu magistralmente a historiadora Roselyne Rey, para os vitalistas “no
ser vivo tudo é vivo”17. A propósito das posições vitalistas, Charles T. Wolfe elaborou
um conciso resumo:
[...] muitos dos notáveis vitalistas de Montpéllier (a) rejeitam o
dualismo Cartesiano em termos médicos, (b) negam que a separação
entre corpo e alma tenha qualquer pertinência científica, (c) desafiam o
entendimento passivo do corpo tanto no [iatro] mecanicismo quanto no
stahlianismo, propondo, em lugar disso, (d) uma ideia do corpo
enquanto composto vivo organizado, no qual (e) sensação e movimento
são características básicas, (f) todo conhecimento chega através dos
sentidos, de modo que (g) o conhecimento da economia animal lança
luz, em caráter reducionista, sobre o nível físico subjacente às “ações
morais”. Há um nome para essa visão, e ele é materialismo18.
A partir de uma concepção mais global do homem, começam a surgir investigações
que concernem ao “homem moral”, aquele que anteriormente era campo de investigação
preferencial dos filósofos e teólogos19. As emoções – “paixões da alma”, conforme diziam
os contemporâneos de Ménuret – agora possuem o mesmo potencial patogênico que
outras causas físicas, pois, traduzindo-se em sensibilidade, circulam na economia animal
– como “dinheiro em uma economia política”20 – provocando alterações em partes
distantes do corpo – através das simpatias – ou, pelo “comércio de ação e reação”, sendo
influenciadas por lesões nos órgãos.
15 HUNEMAN, Philippe. Op. cit, p. 265. 16 REY, Roselyne. Op. cit, p..130. 17 Idem, p. 122. 18WOLFE, Charles T & TERADA, Motoichi. Op. cit, p. 540. 19 EDLER, Flavio. Op. cit, p. 439; HUNEMAN, Philippe. Op, cit, p. 267. 20 HUNEMAN, Pilippe. Op. Cit. p. 265.
7
A clínica vitalista e a terapia musical
Armado agora dos conceitos de sensibilidade e economia animal, como o médico
deveria estruturar sua terapêutica? A resposta a essa pergunta permite compreender como
a terapia musical funciona e que princípios mais particulares da teoria vitalista ela
representa. Existia, com mais ou menos variações, uma forma de abordar o paciente,
influenciada por uma releitura da prática prescrita por Hipócrates. De modo geral, uma
causa mórbida – externa, interna, física ou moral – deturpa as forças vitais e provoca as
afecções observadas no paciente. Diante disso, o médico deveria: (1) adquirir
conhecimento do paciente (idade, sexo, estilo de vida, meio ambiente social e natural),
(2) deixar que os sintomas evoluíssem “em toda a sua extensão, para melhor os
decifrar”21, (3) prestando atenção aos signos prognosticadores (como a pulsação), (4)
distinguindo os sintomas benignos (ações da Natureza com vistas a combater a doença)
dos malignos – uma “falha ou perversão das forças vitais”22.
Como, então, poderia se configurar o tratamento do doente após o diagnóstico? Para o
caso aqui tratado – a musicoterapia – cabe procurar compreender como a música pode ser
útil para a saúde. Ménuret de Chambaud caracteriza os efeitos da música da seguinte
maneira:
Pode-se distinguir, a partir dos efeitos da música, duas formas principais
de agir; uma puramente mecânica, dependente da propriedade que a
Música possui, como o som de se propagar, de pôr o ar e os corpos
vizinhos em movimento, sobretudo quando eles estão em uníssono; a
outra maneira de agir rigorosamente redutível à primeira, é mais
particularmente ligada à sensibilidade da máquina humana, ela é um
resultado da impressão agradável que produz em nós o prazer excitado
pelo som modificado, ou Música23.
Após essa definição básica, ele oferece os respectivos exemplos. A ação “puramente
mecânica” é explicada do seguinte modo:
21 REY, Roselyne. Op. cit, p. 143. 22 Idem, ibidem. 23 DE CHAMBAUD, Jean-Jacques M. In: Op. cit, p. 907a. Tradução minha.
8
1º. Se não se considerar o corpo humano como nada mais do que um
conjunto de fibras mais ou menos tesas, e de licores de diferentes
naturezas, feita a abstração das suas sensibilidades, suas vidas e seus
movimentos, perceber-se-á sem dificuldade que a Música deve fazer o
mesmo efeito sobre as fibras que aquele que ela faz sobre as cordas de
instrumentos contíguos; que todas as fibras do corpo humano serão
postas em movimento; que aquelas que são mais tesas, mais finas e mais
ágeis serão preferencialmente afetadas, e que aquelas que estão em
uníssono o conservarão por mais tempo; que todos os humores serão
agitados, e que o seu tremor será proporcional à sua tenuidade, como
ocorre aos licores heterogêneos contidos em diferentes recipientes [...];
de modo que o fluido nervoso, se ele existe, será muito animado, a linfa
menos, e os outros humores, na proporção da sua densidade24.
Abstraindo-se as qualidades vitais das fibras e humores, a ação mecânica do som
(incluindo o ruído) sobre o corpo parece capaz de tratar “gota, ciática, paixão histérica e
outras doenças nervosas”. A música age sobre as “ramificações do nervo acústico”, mas
também por todo o corpo, “através de uma simpatia ainda pouco determinada”. Além de
agir sobre os humores/fluidos corporais da mesma forma em que agiu sobre os líquidos
do exemplo mencionado, o som age também sobre o ar interior do organismo (também
considerado um fluido). As fibras sensíveis em negrito dão conta da influência de Glisson
sobre o pensamento vitalista, conforme explicitado na seção anterior.
O caso de uma jovem epiléptica, supostamente curada pelo estrondo de um tiro de
fuzil, dá bastante ênfase à tese de Ménuret: as propriedades físicas do som em geral são
suficientes. O caso é relatado nas Memoires de l’Histoire de L’Academie des Sciences25.
Uma jovem criada, que “sofreu uma mágoa profunda por ter sido maltratada sem motivo
pelos seus superiores”, caiu sob uma “doença de langor”, que evoluiu em pouco tempo
para um caso grave, onde ela tinha convulsões, perda de consciência, entre outros
sintomas. Um jovem apotecário e caçador de pássaros tem a ideia de surpreender a doente
com o barulho de um tiro de fuzil, cuja violência ele imaginaria ser capaz de causar
alguma mudança em seu estado. O jovem esperou que a paciente tivesse uma crise, e
quando esta se encontrava perto do fim, disparou seu fuzil, provocando um paroxismo
que terminou por dissipar a doença. A Memoire afirma que, quando da data de sua leitura
24 Idem, ibidem. Grifo meu. A concepção do ser humano como um feixe de fibras foi avançada por Baglivi,
e seus estudos nesse campo foram bastante importantes. BAGLIVI, Giorgio. Op. cit, p. 261. 25 SCIENCES, Academia Royale. Memoires de l’Histoire de L’Academie des Sciences. Paris: Imprimerie
Royale, 1752, p. 73.
9
na Academia de Ciências, a moça já estava há um ano sem apresentar os sintomas,
resultado que atribui ao “tratamento” do apotecário.
Bordeu e Barthez recomendavam métodos de tratamento muito parecidos ao descrito
acima. O primeiro, em seu artigo intitulado “Crise”, na Enciclopédia, recomendava ao
médico que tentasse transformar uma doença crônica em aguda, apressando assim a crise
que permitira a resolução da doença26. Barthez recomendava um “método perturbatório”,
sobretudo para as doenças mentais. A terapêutica “consiste de despertar as forças vitais
para incitá-las a agir, mais do que esperar que a força curativa da natureza se manifeste
por si mesma”27.
Até aqui Ménuret analisou o efeito do som sobre as fibras do corpo “feita a abstração
das suas sensibilidades, suas vidas e seus movimentos”. Mas “no ser vivo tudo é vivo”:
as regularidades mecânicas não são as únicas a explicar a ação do som. Além da ação do
som absoluto, existe a ação relativa, que depende da qualidade das percepções do
indivíduo: sua sensibilidade. Essa segunda forma de agir é “rigorosamente redutível à
primeira”, pois a música nos toca enquanto “som modificado”.
A sensibilidade individual, podendo ser diferente de um homem para outro, precisa
ser avaliada pelo médico, de modo a orientar o tratamento. São cinco os critérios que
devem ser observados: (1) natureza da doença, (2) gosto e suscetibilidades do paciente,
(3) sua reação aos sons, (4) a similaridade dessa doença com outras já comprovadamente
tratáveis pela música, (5) evitar o uso dos sons quando o paciente apresenta dores de
cabeça e de ouvido.
Pessoas bem organizadas tendem a possuir uma sensibilidade capaz de identificar a
consonância com facilidade, e daí vem o prazer. Porém, “há pessoas mal organizadas que
não sabem distinguir nem tom nem compasso, elas não ouvem nada além de um tom
fundamental”. Para essas pessoas “mal organizadas”
[...] são necessárias as árias alegres, vivas, animadas, que comovem
fortemente as fibras que a natureza, o uso e o habito não tornaram muito
sutis; os compassos binários e terciários os agradam muito [...]; os tons
agudos os afetam muito mais que os graves28.
26 BORDEU, Theophile. “Crise”. In: DIDEROT, Denis; D’ALEMBERT, Jean le Rond. (orgs.).
Encyclopédie ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers. Paris: Briasson/David/Le
Breton, 1751 – 1780, t. X, p. 471. 27 REY, Roselyne. Op. cit, p. 143. 28 DE CHAMBAUD, Jean-Jacques M. In: Op. cit, p. 908a. Tradução minha.
10
A sensibilidade das fibras não aparece como uma propriedade constante e regular, mas
desenvolvida pelo indivíduo. A regularidade de uma lei física não existe. Desse modo, a
música deve se ajustar também à necessidade de facilitar a captação das proporções
musicais – fonte de prazer – às pessoas que não possuem uma sensibilidade delicada, nem
uma educação musical, ou mesmo que não possuam preferência estética.
2º. Não é necessário ser um conhecedor para sentir prazer quando se
ouve boa música, basta ser sensível; o conhecimento, e o amor, ou o
gosto que o segue de perto, podem aumentar esse prazer; mas não o
produzem completamente: em muitos casos, pelo contrário, o
diminuem: a arte prejudica a natureza. [...] o prazer nasce da
consonância, e ele é particularmente fundamentado sobre a facilidade
que o ouvido possui de captá-la29.
Os nervos devem ser ajustados: nem pouca nem muita sensibilidade, pois
“sensibilidade em excesso torna, enfim, insensível”. Uma música que deseje se esquivar
das complicações relacionadas aos gostos e inclinações do paciente deve ter as seguintes
características:
Mas é necessário, para começar, uma proporção entre os tons
musicais e o ouvido; existe um limite no registro grave abaixo do qual
os sons não saberiam [sic] afetar agradavelmente ou mesmo serem
ouvidos, e um limite no registro agudo que eles não podem ultrapassar
sem excitar no ouvido uma sensação irritante. 3º a união dos tons
intermediários compreendidos entre esses dois extremos deve ser tal
que se possa perceber facilmente a relação que existe entre eles: o prazer
nasce da consonância [...]; 4º os compassos devem ser bem decididos e
distintos; não se pode fluir da Música sem que se a perceba bem, sem
que se possa segui-la maquinalmente, o corpo a obedece se conforma a
ela maquinalmente através dos movimentos dos pés, das mãos, da
cabeça e feitos sem atenção e sem participação da vontade, como que
arrancadas pela força da Música30.
Ménuret parece ter sido influenciado por um estudioso da música: René Descartes. Em
1618, ele escreveu o tratado Musicae Compendium (Compendio de Musica), onde
explicita que para obter prazer da música, “é necessário que exista alguma proporção do
objeto com os sentidos”31 (requiritur prorportio quaedam objecti cum ipso sensu). De
29 Idem, p. 907a. Tradução minha. 30 Idem, p. 908a. Tradução minha. 31 DESCARTES, René. Musicae Compendium. Amsterdam: Gisbertus/Theodorus, 1650, p. 6.
11
maneira similar, para Ménuret, o paciente deve ser capaz de captar “as proporções
naturais explicitadas pelas regras da harmonia”32:
[...] a Música é uma construção, um encadeamento, uma sequência de
tons mais ou menos diferentes; não emitidos por acaso e segundo o
capricho de um compositor, mas combinados segundo regras
constantes, unidos e variados segundo os princípios demonstrados da
harmonia, de que todo homem bem organizado porta ao nascer uma
espécie de regra; eles [os princípios] são certamente relativos à
organização da nossa máquina, e dependem ou da disposição e de um
movimento determinado das fibras da orelha, ou de um amor natural
que temos por um arranjo metódico33.
O compositor Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764) identificou a música como uma
linguagem racional e universal, revelada pelas proporções matemáticas. Segundo o
compositor, em seu Traité de l’harmonie reduite à son principe naturel34 (Tratado de
Harmonia reduzida ao seu princípio natural), a harmonia é universal, suas regras são
naturais e racionalizáveis, conteúdos próprios à captação da razão. Apenas a melodia
distingue os gostos nacionais uns dos outros, ela não obedece, contudo, às regras claras e
naturais presentes na harmonia. Tomando os negritos acima como evidencia, Ménuret
parece concordar com Rameau. Assim fazendo, se distingue de outras correntes de
pensamento, mais populares na Inglaterra. O pensamento de Ménuret e Rameau nos
remete
[...] para um clima filosófico e cultural distante da teoria dos afetos, que
tende a separar-se das premissas ainda racionalistas em que essa se
fundava para dar lugar à livre voz dos sentimentos que não está sujeita
a regras e imposições da razão35.
Ménuret distingue a música de sua época da música da antiguidade, esta última
considerada por ele mais “patética” e mais voltada para comover as paixões do para
“satisfazer o espírito e inspirar o prazer”36. Ademais, o doente deve desfrutar a música
involuntariamente através dos movimentos naturais que advém do contato com uma
32 LE MENTHÉOUR, Rudy. The Tarantula, the Physicians, and Rousseau: The Eighteenth-Century
Etiology of an Italian Sting. Proceedings of the Western Society for French History, Worchester, v. 37,
2009, p. 43. Disponível em: http://hdl.handle.net/2027/spo.0642292.0037.003. Acesso em: 10/ 08 / 2016. 33 DE CHAMBAUD, Jean-Jacques M. Op. cit, p. 907b. Tradução minha. 34 RAMEAU, Jean – Pilippe. Traité de l’harmonie reduite à son principe naturel. Paris: 1722, introdução. 35 FUBINI, Enrico. La estética musical desde la Antiguedad hasta el siglo XX. Madrid: Alianza, 1990, p.
117 – 118. 36 CHAMBAUD, Jean-Joseph Ménuret. Op. cit, p. 905a.
12
música agradável, quando se experimenta calafrios, arrepios e efeitos similares – a maior
evidência de que a sensibilidade opera por si mesma.
O modelo da economia animal, como já frisado, permite atribuir a efeitos morais
causas físicas e vice versa. As paixões (raiva, tristeza, alegria, entre outras) são passíveis
de provocar efeitos patológicos nos órgãos. A influência de uma doença sobre o estado
emocional do paciente é reconhecida no trecho abaixo:
Assim, quando se desejar aplicar a Música à Medicina, o compositor
deve fazer suas melodias se adequarem ao estado do doente, escolher
os tons mais apropriados a inspirar as paixões que parecerem
convenientes; o músico deve, portanto [...] contribuir à ilusão e a
complementar; por esse meio poder-se-á tornar confiante uma pessoa
tomada de medo, acalmar os furores de um frenético, encantar, por
assim dizer, as dores vivas que atormentam um gotoso; nós ajudaremos
um melancólico, um hipocondríaco, ao fixar sua imaginação em objetos
agradáveis, os desviando da consideração perpétua de seu estado,
consideração esta que agrava, que aumenta a sensibilidade dos nervos
e torna o mal-estar mais inquietante e as dores insuportáveis: nós
poderemos diminuir, dissipar o sofrimento, e prevenir assim as suas
funestas consequências: nós chegaremos mesmo a apreensão que
frequentemente as acelera e as dispõe, ocasiona e torna pioras e mais
difíceis de combater, daí sua utilidade contra a hidrofobia, reconhecida
por diversos autores, doença que é bem frequentemente determinada
pelo medo e pela tristeza que o paciente mordido experimenta [...]37.
A música pode suscitar paixões curativas, constituindo uma primeira forma de
“socorro moral”, expressão já utilizada antes de Philippe Pinel (1745 – 1826)38: “É
preciso, antes de curar a melancolia, começar a tratar o espírito, e em seguida, atacar os
vícios do corpo assim que os descobrimos”39. As paixões, anteriormente vistas como
efeitos do corpo sobre a alma, são encaradas agora dentro de uma releitura do conceito
hipocrático dos seis elementos “não naturais”’: alimentação, ar, movimento, sono,
excreções e paixões. Esses elementos agora funcionam dentro do equilíbrio que constitui
a economia animal, provocando mudanças na troca de afecções e movimentos. Se as
causas da perturbação mental provêm de um erro do entendimento – de natureza moral –
37 Idem, p. 908a. 38 REY, Roselyne. Op. cit, p. 154. 39 CHAMBAUD, Jean-Joseph Ménuret. Melancholie. In: DIDEROT, Denis; D’ALEMBERT, Jean le Rond.
(orgs.). Encyclopédie ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers. Paris:
Briasson/David/Le Breton, 1751 – 1780, t. X, p. 310a.
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ou de uma lesão em algum órgão do sistema nervoso, resulta indiferente para os
vitalistas40, ao menos para efeitos terapêuticos.
Conclusões
A proposta elaborada por Ménuret parece confirmar a hipótese de Charles T. Wolfe de
que o vitalismo, apesar de reproduzir muitas das críticas ao iatromecanicismo, também
pode ser definido como um modo de “mecanicismo expandido”41. A forma como a música
age sobre o corpo humano ainda é majoritariamente mecânica, sendo a segunda forma de
agir – pela sensibilidade – “redutível à primeira” pela dependência que a percepção da
música possui para com nossa organização. Os efeitos do som, porém, podem ser de
ordem diversa das causas mecânicas originais – e vice-versa –, residindo aí a principal
contrariedade ao iatromecanicismo.
O conceito de economia animal, conforme sustentou Philippe Huneman, serviu para
legitimar a construção da ideia de alienação mental enquanto objeto de estudo próprio da
psiquiatria por Philippe Pinel no começo do século XIX. Pinel operou uma síntese a partir
das diferentes abordagens da loucura presentes na Enciclopédia, levando em conta os
efeitos das paixões, das simpatias entre os diferentes centros da economia animal e do
meio social. Isso permitiu que ele atingisse as “leis da loucura” ou “princípio da mania”42.
Este princípio estava escondido sob os sintomas, não era de natureza intelectual (um erro
do entendimento) nem fisiológica (uma lesão nervosa). À diferença de Boissier de
Sauvages e de Ménuret, que haviam afirmado a necessidade de “socorro moral” aos
doentes mentais, Pinel utiliza a expressão “tratamento moral”, o que denota uma
abordagem mais complexa e mais específica: surgia, assim, a figura do alienista.
40 Seguindo a classificação de François Boissier de Sauvages de Lacroix (1706 – 1767), Ménuret relaciona
a melancolia e a hipocondria à imaginação. Na classificação de Sauvages, a hipocondria pertence à primeira
ordem da oitava classe, intitulada “As confusões ou erros do espírito, que devem nascer do vício de algum
órgão que está fora do cérebro, de onde vem o erro da imaginação”. Já a melancolia, uma doença da terceira
ordem: “Delírios, Deliria. Estas são as insônias ou erros de julgamento ocasionados pelo vício do cérebro”.
A primeira, uma desvirtuação da Imaginação, uma das três faculdades do espírito, além do Entendimento e
da Memória. A segunda, localizada no cérebro, é descrita como doença em que o paciente se fixa em um
pensamento único. A Música é uma forma de distrair os pacientes desse estado, constituindo uma
terapêutica única independentemente da origem moral ou fisiológica do problema. 41 WOLFE, Charles T & TERADA, Motoichi. Op. cit, p. 555. 42 HUNEMAN, Philippe. Op. cit, p. 272.
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A música, por seu turno, perdeu boa parte de seu sentido positivo para os novos saberes
médicos em ascensão no fim do século. Vista desde uma cultura esclarecida, a música era
capaz de “refinar os nervos e acalmar as paixões malfazejas, incluindo as sexuais”43.
Entretanto, a partir da última década do século XVIII com a crise dos valores da sociedade
do refinamento e da sensibilidade do Antigo Regime, a música começa a ser representada
como uma fonte de estimulação excessiva no contexto de um saber médico que
influenciou profundamente a Alemanha e partes da comunidade médica da Inglaterra e
da França: o Brunonianismo44. Essa doutrina havia “levado o paradigma da estimulação
em etiologia das doenças à sua conclusão logica, argumentando que a carência ou o
excesso de estimulação nervosa era a raiz de todas as desordens”45. A música era
encarada, nessa altura, como um estimulante direto, sequer sendo absorvida com a
mediação das paixões.
Mesmo à época de Ménuret a terapia musical parecia ser algo ainda pouco comum,
menos por ser reputada como potencialmente perigosa do que por arriscar ser inútil. O
médico reconhece essa possibilidade ao final de seu artigo sobre os efeitos da música.
Para aqueles que desacreditavam a terapia musical, ele dá a seguinte resposta:
“Não se pode, contudo, dissimular o fato de que recomendar a Música
como remédio seja passar por idiota ou por ridículo aos olhos de certo
público, ainda que de médicos, acostumado a decidir sem o devido
exame a respeito da inutilidade ou caráter absurdo de um remédio
apenas por sua singularidade; mas, independentemente do triunfo que
eleva ao sábio a desaprovação dos tolos, existe algum motivo que possa
– dentro do espírito de um verdadeiro médico – se sobrepor ao interesse
de seu paciente?”46.
A Música e os poderes medicinais a ela atribuídos constituem um objeto complexo e
multifacetado. Além de acrescentar mais elementos ao debate sobre os discursos médicos
a respeito da doença mental e seu tratamento, espero que este artigo também tenha
contribuído para lançar algumas luzes sobre a perene relação da música com as diversas
esferas da atividade humana.
43 KENNAWAY, James. From Sensibility to Pathology: the Origins of the Idea of Nervous Music around
1800. Journal of History of medicine and allied sciences, Oxford, v. 65, n. 3, p. 396 – 426, julho 2010, p.
402. 44 Doutrina nomeada a partir de John Brown (1735 – 1788), médico inglês seu fundador. 45 KENNAWAY, James. Op. Cit, p. 410. 46 CHAMBAUD, Jean-Joseph Ménuret. Op. cit, , p. 909a. Tradução minha.
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