ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e...

84
CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE/PE RECIFE 2011

Transcript of ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e...

Page 1: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E

ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO

EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE

EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE/PE

RECIFE

2011

Page 2: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E

ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO

EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE

EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE/PE

Orientadora: Poliana Coelho Cabral

Professor Adjunto do Departamento de Nutrição – UFPE

Co-orientadora: Ilma Kruze Grande de Arruda

Professor Associado do Departamento de Nutrição - UFPE

RECIFE

2011

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Nutrição do

Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Pernambuco,

para obtenção do Título de Mestre em

Nutrição.

Page 3: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

Santos, Cláudia Mota dos

Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois hospitais públicos do Recife/PE / Cláudia Mota dos Santos. – Recife: O Autor, 2011.

82 folhas: il., fig. e quadro; 30 cm.

Orientador: Poliana Coelho Cabral Dissertação (mestrado) – Universidade Federal

de Pernambuco. CCS. Nutrição, 2011.

Inclui bibliografia, anexo e apêndice.

1. Dislipidemia. 2. Antropometria. 3. Obesidade abdominal. 4. Índice de massa corporal. 5. Circunferência da cintura. I. Cabral, Poliana Coelho. II.Título.

UFPE 616.399 7 CDD (20.ed.) CCS2011-225

Page 4: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois
Page 5: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

Dedico este trabalho aos meus queridos

pais, José da Silva Mota e Eliane Cabral Mota, inspiração diária na minha vida.

Page 6: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

AGRADECIMENTOS

À DEUS, pela presença diária em minha vida, sem O qual nada sou.

Aos meus queridos pais José Mota da Silva e Eliane Cabral Mota, presentes de Deus em

minha existência, exemplos de amor, respeito, quietude e dignidade.

À minha família, pelo amor, carinho, apoio constante e incondicional ao longo dessa

trajetória.

Aos meus amados filhos Thaís e Thiago, pelos muitos momentos de alegria e felicidade. E,

pela ajuda nas traduções e formatação necessárias à realização deste projeto.

Ao meu querido esposo Siloé Santos pelo amor e ajuda que me concede todos os dias.

À minha orientadora Profª Drª Poliana Coelho Cabral, por ter aceitado o desafio de me

ajudar na realização deste sonho, orientando estes momentos com muita dedicação e valiosas

contribuições. Obrigada por ser esta pessoa tão simples e ao mesmo tempo tão grandiosa no

que realiza pelo próximo.

À minha Co-orientadora Profª Drª Ilma Kruze Grande de Arruda, pelo apoio, serenidade

e competência oferecida para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Profº Alcides da Silva Diniz pelo seu profissionalismo e paciência nos ensinamentos aos

mestrandos.

À Coordenadora da Pós Graduação Profª Mônica Osório pelo empenho, organização e

estrutura acadêmica de alto nível oferecida aos alunos.

À nutricionista Célia Vasconcelos, chefe do Setor de Nutrição do HBL, que me concedeu

liberação do serviço.

Às colegas do Hospital Barão de Lucena, especialmente as plantonistas pelo apoio e

paciência nas ocasiões em que me ausentei do trabalho.

À colega Josiane Maria Gomes pelas sugestões e contribuições na redação do 2º artigo.

À colega Edvânia César de Araújo, nutricionista do ambulatório de nutrição do HBL, pela

disponibilidade dos dados coletados para este trabalho.

À colega Maria do Socorro Alves de Carvalho, nutricionista do HC-UFPE, pela

disponibilidade dos dados coletados para este trabalho.

À minha amiga de infância, nutricionista Abdejane Rocha de Araújo, com quem sei que

posso contar sempre, obrigada pela ajuda na coleta dos dados, construção e revisão deste

trabalho.

Page 7: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

À Gerente do Centro de Estudos do Hospital Barão de Lucena, Dra Gracília Barros,

pela paciência e compreensão nos momentos mais importantes desta trajetória.

A todos os pacientes que participaram deste trabalho através dos seus dados coletados a

partir dos prontuários consultados.

À farmacêutica Ana Lima do HBL, pela ajuda na redação da metodologia dos dados

bioquímicos.

Aos professores do Mestrado que contribuíram para minha formação transmitindo valiosos

conhecimentos.

Às secretárias do Mestrado Neci Nascimento, Franciane Vieira, Cecília Arruda, sempre

solicitas e de extrema boa vontade, contribuindo nos aspectos burocráticos e apoio

administrativo.

Às amigas da Pós: Elânia, Natália, Fábia e Alicinez (mestrandas) pela amizade,

companheirismo e incentivo para a conclusão desta etapa em nossas vidas.

A nutricionista e amiga Keila Fernandes Dourado, Profa. da UFPE- Centro Acadêmico de

Vitória, pelas valiosas contribuições na revisão desta dissertação

Aos participantes da banca, pela aceitação, disponibilidade e contribuições valiosas.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta

pesquisa, de alguma forma, com gestos ou palavras, meu sincero agradecimento.

Page 8: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,

qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.

Chico Xavier

Page 9: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

Resumo

A dissertação teve como objetivo avaliar a correlação de indicadores antropométricos de

obesidade generalizada e abdominal com o perfil metabólico e investigar o impacto do

acompanhamento nutricional nas medidas antropométricas. Trata-se de um estudo transversal

composto por 550 pacientes adultos de ambos os sexos, atendidos em ambulatório de nutrição

de dois hospitais públicos do Recife. Os resultados desta pesquisa deram origem a dois artigos

originais. Os resultados revelaram que alterações do perfil metabólico, excesso de peso e

circunferência da cintura (CC) na faixa de risco muito elevado estiveram presentes em mais

de 40%, 80% e 50% da amostra, respectivamente. No sexo masculino, houve correlação

negativa apenas entre as variáveis HDL-colesterol e relação cintura estatura (RCEst). Para as

mulheres as correlações apresentaram-se mais frequentes, o HDL-colesterol apresentou

correlação negativa para a CC e RCEst. Os triglicerídeos, a glicemia e a idade apresentaram

correlação positiva com a CC e a RCEst. Estes resultados evidenciam que entre as mulheres a

CC e a RCEst podem ser utilizadas na prática clínica e em estudos de triagem de risco

cardiovascular em adultos. Nos homens, a RCEst pode ser utilizada com este propósito tendo

em vista sua correlação com o HDL-colesterol. Não houve modificações nas medidas

antropométricas após acompanhamento nutricional de dois meses e foi encontrada uma baixa

taxa de adesão ao tratamento, demonstrando a necessidade de mudanças na estrutura do

atendimento utilizada pelos serviços públicos.

Palavras-Chave: dislipidemias, antropometria, lipídeos, obesidade abdominal, índice de

massa corporal, circunferência da cintura.

Page 10: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

Abstract

The goal of the dissertation was to evaluate the correlation of anthropometric indicators of

general and abdominal obesity with metabolic profile and to investigate the impact of

monitoring nutritional in anthropometric measurements. It is a cross-sectional study

comprising 550 adult patients of both sexes attended in outpatient nutrition of two public

hospitals in Recife. The findings of this research have yielded two original articles. The

results revealed that changes in metabolic profile, excess weight and waist circumference

(WC) in the range of very high risk were present in more than 40%, 80% and 50% of the

sample, respectively. In males, there was only negative correlation between the variables

HDL-cholesterol and waist height relation (WHtR). For women the correlations were more

frequent, HDL-cholesterol presented negative correlation with the CC and WHtR.

Triglycerides, glucose and age showed a positive correlation with the CC and the WHtR.

These findings show that in women the CC and WHtR can be used in clinical practice and in

screening studies of cardiovascular risk in adults. In men, WHtR can be used for this purpose

due to its correlation with HDL-cholesterol. There were no changes in anthropometric

measurements after a two-month nutritional monitoring and it was found a low rate of

adherence to treatment, demonstrating the need for structural changes in service used by

public services.

Key words: dyslipidemias, anthropometry, lipids, abdominal obesity, body mass index, waist

circumference.

Page 11: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

LISTA DE TABELAS

Artigo 1- Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua

correlação com índices antropométricos

Tabela 1 – Distribuição % e representação em percentis das características

antropométricas e laboratoriais de pacientes atendidos em ambulatórios de

nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009 .............................................................................

48

Tabela 2 – Correlações entre idade e variáveis antropométricas com perfil lipídico

e glicídico de pacientes do sexo masculino atendidos em ambulatórios de nutrição.

Recife/PE, 2009 .........................................................................................................

49

Tabela 3 – Correlações entre idade e variáveis antropométricas com perfil lipídico

e glicídico de pacientes do sexo feminino atendidos em ambulatórios de nutrição.

Recife/PE, 2009 .........................................................................................................

49

Artigo 2 – Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais

Tabela 1 – Caraterísticas sócio demográficas e do estilo de vida por sexo de

pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009 ..............

65

Tabela 2 – Características antropométricas, clínicas e laboratoriais de pacientes

atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009 .............................

66

Tabela 3 – Evolução de parâmetros antropométricos por sexo no período de

acompanhamento de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE,

Brasil, 2009 ................................................................................................................

67

Page 12: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO.......................................................................................... .............. 12

1.1 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 15

1.2 PERGUNTAS CONDUTORAS ............................................................................... 15

1.3 HIPÓTESES .............................................................................................................. 15

1.4 OBJETIVOS .............................................................................................................. 16

1.4.1 Geral .................................................................................................................. 16

1.4.2 Específicos ......................................................................................................... 16

1.5 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .............................................................. 17

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 18

2.1 Doenças Cardiovasculares: Epidemiologia ............................................................. 18

2.2 Doenças Cardiovasculares: Fatores de risco .......................................................... 19

2.3 Obesidade ................................................................................................................... 21

2.4 Indicadores antropométricos ................................................................................... 24

2.5 Perfil lipídico ............................................................................................................. 27

2.6 Perfil glicídico ............................................................................................................ 28

3 METODOLOGIA .......................................................................................................... 29

3.1 Desenho do estudo e casuística ................................................................................. 29

3.2 Critérios de elegibilidade .......................................................................................... 29

3.2.1 Critérios de inclusão ......................................................................................... 29

3.2.2 Critérios de exclusão ........................................................................................ 29

3.3 Operacionalização do estudo .................................................................................... 30

3.3.1 Coleta de dados ................................................................................................. 30

3.3.2 Variáveis do estudo ........................................................................................... 30

3.3.2.1 Avaliação laboratorial ................................................................................ 30

3.3.2.2 Avaliação antropométrica .......................................................................... 31

3.3.2.3 Avaliação socioeconômica e do estilo de vida .......................................... 32

3.4 Processamento e análise dos estudos ....................................................................... 32

3.5 Aspectos éticos ........................................................................................................... 33

Page 13: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

4 RESULTADOS – ARTIGOS ORIGINAIS .......................................................... 34

Artigo 1 : Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua correlação com

índices antropométricos .................................................................................................. 36

Artigo 2 : Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais ............................... 51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .................................... 68

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 69

APÊNDICES

ANEXOS

Page 14: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

12

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

1 APRESENTAÇÃO

Em termos mundiais, as doenças cardiovasculares (DCV) respondem pelo maior

percentual de mortalidade e invalidez dentre a faixa etária acima dos 40 anos. Enquanto vem

ocorrendo uma queda na proporção de mortes por DCV ocorridas nos países desenvolvidos, o

mesmo não está acontecendo nos países de menor renda, cujos índices vêm aumentando de

forma alarmante (IV DIRETRIZ, 2007).

Os fatores de risco para o desenvolvimento das DCV podem ser classificados em não

modificáveis e modificáveis. Entre os fatores não modificáveis estão a história familiar, o

sexo e a idade. Enquanto que, hipertensão arterial, tabagismo, hábitos alimentares

inadequados, sedentarismo, dislipidemia e obesidade configuram como alguns dos fatores

modificáveis (BOTREL et al, 2000). Nesse contexto, a obesidade, que é uma doença

metabólica crônica com característica de excesso de gordura corporal, é um fator de risco

independente para a DCV, diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) (IV

DIRETRIZ, 2007; CORREA et al, 2003), e juntamente com o sobrepeso representa um

problema de enorme magnitude para a saúde pública do nosso país.

No entanto, o aumento de riscos de saúde associados à obesidade está relacionado

não apenas com a quantidade total de gordura corporal, mas também com a maneira pela qual

a gordura está distribuída, especialmente na região abdominal (FLEGAL et al, 2009;

REZENDE et al, 2007; RIBEIRO FILHO et al, 2006). A gordura abdominal é composta por

gordura subcutânea e intra-abdominal ou visceral (KAMIMURA; SAMPAIO; CUPPARI,

2009). A gordura visceral é um preditor bem mais forte de DCV e outras desordens

metabólicas, como o diabetes tipo 2, do que a quantidade total de gordura corporal (FLEGAL

et al, 2009; REZENDE et al, 2007; RIBEIRO FILHO et al, 2006).

A presença de gordura visceral gera modificações fisiológicas que promovem

alterações do perfil lipídico, podendo surgir o quadro de dislipidemia, o qual potencializa os

eventos clínicos das DCV (ALMEIDA, R.; ALMEIDA, M.; ARAÚJO et al, 2009). A

hipercolesterolemia, em particular a redução na lipoproteína de alta densidade (HDL-c), é o

principal preditor bioquímico das DCV, esta partícula considerada protetora e anti-risco atua

no “transporte reverso do colesterol”, auxiliando assim a desobstruir as artérias (FORTI e

DIAMENT, 2006).

Page 15: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

13

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

A adoção de hábitos alimentares saudáveis para diminuir o peso corpóreo é de

extrema relevância no controle das dislipidemias. A restrição calórica aumenta os valores de

HDL-c. A cada diminuição de 3 kg de peso corresponde a elevação de 1 mg/dL de HDL-c.

Ressalte-se que o emagrecimento deve ser o principal foco de atenção, em especial, na

síndrome metabólica, auxiliando no controle dos distúrbios glicídico e lipídico e da pressão

arterial (AVILA, 2004). Porém as alterações nos parâmetros antropométricos e bioquímicos

dependem da adesão ao tratamento nutricional proposto, que compreende a frequência dos

atendimentos, reconhecimento da sua condição de saúde e identificação de hábitos de risco

(SILVEIRA e RIBEIRO, 2004). Doentes crônicos têm menor adesão ao tratamento visto que

exige grande empenho do paciente e deve ser seguido por toda a vida.

Vários métodos podem ser utilizados na determinação da distribuição da gordura

corporal. A tomografia computadorizada (TC), a imagem de ressonância magnética (IRM) e a

ultra-sonografia (USG) são os métodos mais sofisticados e que permitem melhor acurácia,

contudo em razão do custo elevado e da necessidade de pessoal técnico altamente qualificado,

tornam-se inviáveis em estudos populacionais (ALMEIDA, R.; ALMEIDA, M.; ARAÚJO et

al, 2009).

Diante disso, na perspectiva de caracterizar a distribuição da gordura corporal, os

métodos antropométricos, como por exemplo, a circunferência da cintura (CC) e a relação

cintura estatura (RCEst) surgem como uma solução simples, de baixo custo e de fácil

aplicabilidade. Além disso, estes métodos apresentam boa correlação com os métodos de

imagem, o que permite segurança no seu uso a nível ambulatorial e populacional (GIROTTO

et al, 2010).

Nesta perspectiva, Oliveira et al. (2010) pesquisaram em adultos de ambos os sexos

da cidade de Florianópolis a relação de indicadores antropométricos (índice de massa corporal

-IMC, CC e relação cintura quadril - RCQ) com o perfil lipídico e encontraram que o IMC e a

RCQ foram os que mais se correlacionavam com os dados bioquímicos examinados em

ambos os sexos. Todavia, outros estudos que investiguem essa possível correlação ainda são

escassos na literatura até o momento.

Diante disso, a principal finalidade da presente pesquisa foi avaliar a possível

correlação da gordura total e abdominal, identificadas pelo IMC, CC e RCEst com o perfil

lipídico e glicídico em uma população de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição.

Os resultados permitirão definir dentre os métodos antropométricos mais comumente

Page 16: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

14

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

utilizados na prática clínica, quais os que apresentam melhor correlação com o perfil

metabólico permitindo identificar o mais precocemente possível o risco de DCV. Além disso,

o presente trabalho também objetivou avaliar o impacto do acompanhamento nutricional nas

medidas antropométricas dos pacientes atendidos ambulatorialmente.

Page 17: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

15

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

1.1 JUSTIFICATIVA

Existem poucos estudos que avaliaram as características antropométricas,

bioquímicas e suas correlações, bem como o impacto do acompanhamento nutricional de

pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição. Ademais, não há consenso na literatura

entre quais índices antropométricos podem predizer precocemente e com forte evidência a

ocorrência de risco cardiovascular. Além disso, a escassez de estudos longitudinais torna

precário o entendimento sobre os fatores envolvidos nas alterações das medidas

antropométricas após acompanhamento nutricional. Portanto, a ausência dessas evidências

justifica a realização do estudo, que pretende identificar a correlação da obesidade central,

definida por medidas como a CC e RCEst e do sobrepeso/obesidade, obtidos pelo IMC, com

alterações lipídicas e glicídicas, como também avaliar o impacto do acompanhamento

nutricional sobre os parâmetros antropométricos em uma população de pacientes atendidos

em ambulatório de nutrição de dois hospitais públicos do Recife/PE. A determinação destes

fatores pode servir de base para o planejamento de estratégias terapêuticas mais adequadas

para a prevenção e o tratamento das doenças cardiovasculares.

1.2 PERGUNTAS CONDUTORAS

O Perfil lipídico e glicídico alterado, reconhecidos fatores de risco para as doenças

cardiovasculares, apresentam correlação com medidas antropométricas de obesidade global e

central?

O acompanhamento nutricional realizado em ambulatório de nutrição, após três

momentos de atendimento, causa redução significativa nas medidas antropométricas de

excesso de peso?

1.3 HIPÓTESES

À proporção que ocorre elevação nas medidas antropométricas (IMC, CC, RCEst ) ,

há também um aumento dos níveis de glicemia, colesterol total (CT), triglicerídeos(TG) e

lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e diminuição de HDL-c.

Reduções significativas nas medidas antropométricas de excesso de peso são obtidas

após três momentos do acompanhamento nutricional.

Page 18: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

16

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Geral

Avaliar a correlação do IMC, CC, RCEst com o perfil lipídico e glicídico de

pacientes adultos atendidos ambulatorialmente em dois hospitais públicos do Recife e o

impacto do acompanhamento nutricional nas medidas antropométricas desses pacientes.

1.4.2 Específicos

Caracterizar a população do estudo quanto ao estilo de vida e aspectos demográficos;

Avaliar o estado pondo-estatural;

Estabelecer o padrão de distribuição da gordura corporal através de indicadores

antropométricos;

Determinar o perfil lipídico e glicídico dos pacientes atendidos no ambulatório.

Acompanhar a evolução das medidas antropométricas em três momentos do

atendimento ambulatorial.

Page 19: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

17

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

1.5 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A dissertação foi elaborada na forma de um capítulo de Revisão da Literatura, um

capítulo referente aos Métodos e dois artigos originais de divulgação científica. O

delineamento metodológico, no capítulo de revisão, foi do tipo descritivo, de base

documental, centrando-se na análise e síntese de fontes bibliográficas, a exemplo de revistas

indexadas (Medline e Lilacs), livros técnicos, teses e dissertações acadêmicas, publicações de

organismos internacionais, e pesquisas na internet, utilizando-se das palavras-chave:

dyslipidemias, anthropometry, lipids, abdominal obesity, body mass index, waist

circumference e organizados segundo as normas da Associação Brasileira de Normas

Técnicas – ABNT.

O capítulo de métodos aborda, com bem mais detalhes, todo o procedimento

metodológico utilizado nesse estudo, que por conta da limitação de palavras exigidas pelos

periódicos indexados não foram incluídos nos artigos que compõem essa dissertação.

Os resultados deste estudo estão apresentados sob a forma de artigos científicos

originais, conforme regulamentação do Colegiado de Pós-Graduação em Nutrição do Centro

de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco. O primeiro artigo original

intitulado “Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua correlação com índices

antropométricos”, resultou de um estudo do tipo transversal, no qual se avaliou 550

indivíduos de ambos os sexos atendidos em ambulatórios de nutrição e que analisou a

correlação entre o perfil metabólico e parâmetros antropométricos de obesidade generalizada

e abdominal. Este artigo foi submetido à publicação na revista Arquivos Brasileiros de

Cardiologia.

O segundo artigo original foi submetido à publicação na Revista da Associação

Médica Brasileira e tem como título: “Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais”.

O referido artigo trata-se de um estudo transversal, com base no modelo analítico, no qual foi

acoplada uma variável com caráter prospectivo (tempo de acompanhamento). A amostra foi

composta por pacientes que foram atendidos em ambulatórios de nutrição de dois hospitais

públicos de Recife/PE e investiga o impacto do acompanhamento nutricional nas medidas

antropométricas após o período de dois meses de acompanhamento.

Page 20: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

18

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Doenças Cardiovasculares: Epidemiologia

Diversas mudanças no perfil de morbidade e mortalidade das sociedades

industrializadas vêm ocorrendo nos últimos anos. O aumento na prevalência das doenças

crônicas não transmissíveis (DCNT) representa grave problema de saúde pública em nosso

país (CASTRO et al, 2004). As DCV fazem parte deste grupo de DCNT e compreendem o

acidente vascular encefálico, a doença arterial periférica e a insuficiência cardíaca congestiva

(NUNES FILHO et al, 2007).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 16,7 milhões de

mortes por ano no mundo são provenientes das DCV. Para o ano de 2020 há projeções de que

os agravos que esta doença ocasionará como morte e incapacitação se mantenham

principalmente nos países em desenvolvimento, o que levará a repercussões significativas nos

custos com a assistência médica (IV DIRETRIZ, 2007). Em particular no Brasil,

aproximadamente 30,0% dos óbitos em indivíduos a partir dos 20 anos são decorrentes das

DCV (JARDIM et al, 2010).

As DCV participam decisivamente como causa de morte em todas as regiões

brasileiras. Segundo dados do Ministério da Saúde (2008) em Pernambuco o coeficiente de

mortalidade por doenças cerebrovasculares é de 57,7 mortes por 100 mil habitantes e a

mortalidade proporcional (%) para todas as faixas etárias está em torno de 32,9%.

Nos últimos trinta anos têm ocorrido uma queda razoável na mortalidade por causas

cardiovasculares em países desenvolvidos, principalmente Canadá, Austrália e oeste da

Europa (Le FANU, 2002), enquanto elevações significativas têm ocorrido em países em

desenvolvimento, tal qual o Brasil (IV DIRETRIZ, 2007).

Esta diminuição da prevalência nestes países desenvolvidos pode ser proveniente do

fácil acesso a tecnologias avançadas, como procedimentos de revascularização, unidades de

cuidado coronariano, como também implantação efetiva de estratégias preventivas,

exemplificadas por campanhas de combate ao fumo e controle da pressão arterial (AVEZUM;

PIEGAS; PEREIRA, 2005; III DIRETRIZ, 2001).

Page 21: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

19

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Na contra mão dos países desenvolvidos, encontram-se os países em

desenvolvimento, que ao mesmo tempo em que combatem doenças infecciosas, lutam para

controlar os dados crescentes de DCNT. A população desses países encontra-se exposta a

diferentes fatores de risco, como tabagismo, sedentarismo, alto consumo de gorduras

saturadas e bebidas alcoólicas e um reduzido consumo de frutas e vegetais. Toda esta

exposição, e mais o aumento na expectativa de vida podem explicar os altos índices de DCV

nos países em desenvolvimento (POULTER, 2003).

2.2 Doenças Cardiovasculares: Fatores de risco

Já é bem estabelecido na literatura científica que existe uma grande variedade de

fatores de risco cardiovasculares. Estes podem ser classificados em modificáveis e não

modificáveis (CONSENSO DE DISLIPIDEMIA, 1996). Consideram-se como fatores

modificáveis aqueles que estão diretamente ligados ao estilo de vida da pessoa, como o hábito

de fumar, a inatividade física, hábitos alimentares, obesidade e dislipidemia (RABELO, 2001;

IV DIRETRIZ, 2007). Os fatores não modificáveis estão relacionados à história familiar,

herança genética e modificações comuns do processo de envelhecimento, bem como a idade e

o sexo (RABELO, 2001; SALIM YUSUF, 2001).

Estudo de base populacional realizado por Eyken e Moraes (2009), com homens de

20 a 49 anos, onde foi avaliada a prevalência de fatores de risco (DM, obesidade, inatividade

física, uso do tabaco, dislipidemia e HAS) para DCV, encontrou mais de 80% dos

entrevistados com pelo menos um dos fatores de risco estudados.

O principal fator de risco não modificável para a DCV é a idade. De forma geral, as

manifestações clínicas das DCV iniciam na meia idade, contudo estudos mostram que, ainda

na infância, as estrias gordurosas, precursoras da placa aterosclerótica começam a sua

formação (SANTOS et al, 2008), podendo ser encontradas, numa fase mais tardia, nas aortas

abdominal e coronária de adolescentes. A agressão ao endotélio vascular, mediada pelos

fatores de risco, tabagismo, HAS e elevação dos níveis de lipoproteínas aterogênicas como a

LDL-c, lipoproteínas de densidade intermediária (IDL), lipoproteínas de muito baixa

densidade (VLDL), remanescentes de quilomícrons, possibilita a formação da placa

aterosclerótica e dá início, de acordo com fatores genéticos e de gênero, às suas manifestações

(IV DIRETRIZ, 2007, BERENSON et al, 1998). A partir da 3ª década de vida as lesões

Page 22: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

20

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

tornam-se mais complicadas e suas conseqüências clínicas surgem por volta dos 40 anos

(VERRI; FUSTER, 1997; STARY, 1989).

Para ambos os sexos, as lesões evoluem de forma semelhante em extensão e

gravidade ao longo dos anos, porém no sexo feminino as DCV surgem mais tardiamente, o

que pode ser explicado pela influência do estrogênio sobre o perfil lipídico (SOUZA et al,

2003). Comparando-se a distribuição e extensão de lesões ateroscleróticas entre homens e

mulheres de 30-34 anos, as lesões mais avançadas na coronária estavam presentes com maior

frequência em homens, o que só pode ser visto em mulheres aproximadamente 5 anos mais

tarde (McGILL; McMAHAN, 1998).

A HAS é um importante fator de risco para DCV em ambos os sexos e reflete a causa

de admissão de um grande número de pacientes nas urgências e emergências hospitalares

(SANCHEZ; PIERIN; MION, 2004). A prevalência estimada no Brasil é de 24,4% da

população, e aumenta em todas as faixas etárias, principalmente nos idosos, onde 63,2% desta

população é portadora de HAS. No Recife, esta prevalência está acima da proporção nacional,

alcançando a marca de 27,6% (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

O hábito de fumar ainda é uma prática comum na sociedade atual e está entre os mais

importantes fatores de risco para as DCV. Sua magnitude reflete-se na estimativa da OMS de

que cerca de 1/3 da população mundial adulta seja fumante (EYKEN; MORAES, 2009). Este

hábito geralmente começa na adolescência. Nos Estados Unidos, todos os dias, surgem cerca

de 3000 adolescentes fumando pela primeira vez, com a idade média de início de 10,7 anos

entre os meninos e 11,4 anos nas meninas. Mendes et al (2006) relacionam uma maior

probabilidade do hábito de fumar naqueles indivíduos filhos de pais fumantes.

Na III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição realizada no Estado de Pernambuco em

2006 (III PESN/2006) 22,0%, 16,9% e 61,1% dos adultos pernambucanos se declararam

fumantes, não fumantes e ex-fumantes respectivamente. No Brasil como um todo, segundo

pesquisa do Ministério da Saúde em 2010, houve uma redução no hábito de fumar,

principalmente para o sexo masculino, que passou de 20,2% para 17,9%, e para as mulheres o

percentual não se alterou, continuando em torno de 12,7%. Ou seja, de um modo geral, apesar

das campanhas anti tabagismo, esse continua sendo um importante fator de risco modificável

em nosso país.

A inatividade física, decorrente do processo de industrialização, está associada aos

agravos cardiovasculares (PITANGA; LESSA, 2005). O exercício físico praticado

Page 23: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

21

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

regularmente aparece como fator preventivo e de controle das DCV, influenciando quase

todos os fatores de risco para esta enfermidade (RIQUE; SOARES, MEIRELES, 2002).

Matsudo et al (2002) avaliaram o nível de atividade física de 2001 indivíduos de 14

a 77 anos de idade no estado de São Paulo e obtiveram como resultado uma porcentagem de

46% de indivíduos que praticam atividade física como promoção da saúde. É importante

ressaltar que estes dados não são representativos do Brasil, mas servem para entender que a

divulgação dos benefícios desta prática na melhoria das condições de saúde é de grande

importância e deverá ser ampliada.

Quanto aos hábitos alimentares, estes se evidenciam como marcadores de risco para

as DCV. O processo de industrialização vem sendo apontado como o fator causador do

aumento no consumo energético da população, caracterizado pela presença na dieta de

alimentos ricos em gorduras e açúcar e pobre em fibras, sendo pontos chaves na etiologia das

dislipidemias, obesidade, hipertensão (CASTRO et al, 2004), entre outras doenças que se

correlacionam com as DCV.

Ainda dentre os fatores de risco para as DCV, a obesidade aparece como um preditor

importante, visto que o excesso de gordura corporal está associado com outros fatores, como a

HAS, o DM e a dislipidemia (DALTON et al, 2003; Ho S.C et al, 2001).

2.3 Obesidade

A obesidade definida de forma simplista é entendida como uma doença caracterizada

pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, identificada pelo IMC > 30 Kg/m², que decorre

de um balanço energético positivo e que acarreta prejuízos à saúde (WHO, 2000), refletindo

não só na qualidade como na quantidade de vida (FONTAINE et al , 2003).

A obesidade não é uma desordem de gênese única, ao contrário, é uma condição na

qual um grupo de causas múltiplas tem papel relevante no seu fenótipo (FRANCISCHI et al,

2000).Esta morbidade faz parte do grupo das DCNT, as quais possuem características

particulares: história natural prolongada, múltiplos fatores de risco complexos, interação de

fatores etiológicos desconhecidos, causa necessária desconhecida, entre outras (PINHEIRO;

FREITAS; CORSO, 2004).

Page 24: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

22

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Sabe-se que esta enfermidade está crescendo mundialmente. Na Espanha, por

exemplo, 17,5% das mulheres e 13,2% dos homens entre 25-60 anos são obesos (SALAS-

SALVADÓ et al, 2007; ARANCETA-BARTRINA et al, 2005). No Brasil, dados da Pesquisa

de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, apresentaram 50,1 % dos homens e 48 % das

mulheres com excesso de peso e 12,4% de homens e 16,9% de mulheres com obesidade

(IBGE, 2010).

Analisando e comparando os dados do Estudo Nacional de Despesa Familiar –

ENDEF (1974-1975), da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN (1989), da POF

(2002-2003) e da POF (2008-2009) observa-se que a prevalência de excesso de peso na

população masculina mais que triplicou entre a primeira e a quarta pesquisa, enquanto que na

população feminina passou de 28,7% para 48% entre a primeira e última pesquisa.

Considerando apenas as duas últimas pesquisas, verificamos que a prevalência de excesso de

peso nas mulheres continuou a aumentar na Região Nordeste, em especial nos 20% das

mulheres de menor rendimento e que com os homens esse aumento foi perceptível em todos

os estratos de renda (IBGE, 1976; IBGE, 1989; IBGE, 2004; IBGE, 2010). Segundo

resultados da III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição de 2006 (III PESN), Pernambuco

encontrava-se com uma prevalência de sobrepeso e obesidade entre homens e mulheres de

32,9% e 16,7% e 36,1% e 20,9%, respectivamente.

O que torna essas informações ainda mais preocupantes é o fato de que muitos são os

danos ocasionados pela obesidade, como por exemplo: HAS, DM, dislipidemias, doenças

osteoarticulares e cardiovasculares, entre muitas outras (RABELO, 2001). Como fator de

risco modificável, a obesidade assume papel relevante em virtude de estar envolvida com

praticamente todos os outros fatores de risco para DCV. Nesse sentido, torna-se importante a

percepção de que o tecido adiposo não é mais considerado apenas como reservatório de

energia, compondo estruturas de proteção e sustentação. Ele é um verdadeiro órgão de

atividade endócrina e metabólica (BARROSO; ABREU; FRANCISCHETTI, 2002). Suas

células, os adipócitos, armazenam lipídeos na forma de triglicerídeos. É no interior delas que

ocorre o controle entre a lipogênese e a lipólise de acordo com as necessidades energéticas do

indivíduo (AHIMA e FLIER, 2000).

Na obesidade ocorre um acréscimo da concentração plasmática de ácidos graxos

livres (AGL), que permanecendo por longos períodos, provoca consequências deletérias para

o metabolismo, alterando o funcionamento de vários órgãos. O processo metabólico mais

Page 25: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

23

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

comprometido nesse caso é o dos lipídeos (III DIRETRIZ, 2001), resultando na dislipidemia.

Segundo Rabelo (2001), a dislipidemia se caracteriza pela circulação anormal destes lipídeos

ou seus remanescentes, o que pode ser em conseqüência de fatores genéticos ou ambientais.

Como conseqüências desse processo têm-se a diminuição das concentrações de HDL-c e

aumento de LDL-c, TG e CT séricos, via que predispõe a aterosclerose, ressaltando-se que o

LDL-c é fator causal e independente de aterosclerose (IV DIRETRIZ, 2007).

Diante disso, torna-se importante ressaltar ainda que a duração, magnitude e tipo de

distribuição corporal da gordura são fatores diretamente relacionados à gravidade das

possíveis alterações metabólicas provocadas pelo acúmulo de gordura, bem como a

morbidade e mortalidade que advém desta (RABELO, 2001).

Sendo assim, a discussão em torno da participação da obesidade central no

comprometimento dos processos metabólicos é cada vez maior. Diferentes estudos vêm

buscando elucidar a real magnitude e comprovar que a mesma possui de fato um maior

potencial aterogênico que a obesidade generalizada (PITANGA; LESSA, 2005; DESPRÉS;

LEMIÊUX; PRUD’HOMME, 2001).

A distribuição abdominal da gordura corporal interfere de forma decisiva em

diferentes características metabólicas e funcionais desempenhadas pelo organismo. Em estudo

com humanos demonstrou-se que a gordura visceral, aquela localizada nas vísceras, está mais

fortemente relacionada com as condições de saúde, como as DCV, resistência à insulina e

síndrome metabólica (HUFFMAN; BARZILAI, 2009), isto porque esta gordura parece ser

mais sensível à lipólise, quando comparada à gordura subcutânea (RODRIGUES; BALDO;

MILL, 2010).

Em virtude dessas características, a gordura visceral promove a liberação de maiores

quantidades de ácidos graxos livres, o que permite a disponibilidade de substratos para a

produção de lipoproteínas potencialmente aterogênicas. Além disso, os adipócitos abdominais

apresentam maior produção de citocinas como o fator de necrose tumoral (TNF-α),

interleucina-6, que estão associadas à resistência à insulina e ao DM tipo 2 (HERMSDORFF

e MONTEIRO, 2004).

O tratamento clínico da obesidade está baseado em dieta e atividade física, tendo

como objetivo uma perda ponderal de 5 a 10% do peso inicial (GUIMARÃES et al, 2010,

GOTTSCHALL e BUSNELLO, 2009), o que pode repercutir positivamente nas alterações

ocasionadas por este excesso de peso. Entretanto, a taxa de insucesso desse tipo de

Page 26: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

24

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

intervenção é alta, visto que a adesão aos tratamentos é baixa (BAUTISTA-CASTAÑO et al,

2004). Muitos são os fatores apontados como causadores desta baixa adesão. Alguns autores

sugerem para a não adesão ao tratamento (INELMEN et al, 2005, TEIXEIRA; GOING;

HOUTKOOPER, 2004, BAUTISTA-CASTAÑO et al, 2004): problemas pessoais, ausência

de apoio familiar, falta de motivação, falta de assiduidade as consultas, inatividade física,

idade avançada, ausência de tratamentos anteriores e muitos outros como motivos.

De acordo com Bautista-Castaño et al (2004), poucos são os estudos publicados que

relatam os resultados obtidos em clínicas especializadas no tratamento do excesso de peso.

Estes autores ainda referem uma grande variabilidade quanto à metodologia empregada nestes

estudos e consequente dificuldade para descrever as conclusões quanto a adesão ao

tratamento. Entretanto, apesar destas limitações, estes autores admitem que de uma forma

geral quando há de 20 a 45% dos participantes completando o protocolo de atendimento, que

pode ser desde o tratamento baseado em dieta e atividade física até a mudança do

comportamento alimentar, pode-se considerar que o tratamento foi exitoso.

2.4 Indicadores antropométricos

Diferentes métodos podem ser utilizados para avaliar a gordura corporal. A TC,

considerado padrão-ouro, a IRM e a USG são técnicas utilizadas para avaliar a composição

corporal de seres humanos. Essas técnicas permitem mensurar de forma acurada e precisa os

depósitos de gordura visceral e subcutânea encontradas na região abdominal (VASQUES et

al, 2010).

Mesmo considerando a eficiência destas técnicas, as mesmas não são acessíveis a

investigações populacionais, logo, as medidas antropométricas assumem interessante

utilização, visto que são de baixo custo, inócuas e não enfrentam problemas com restrições

culturais (FERREIRA et al, 2006).

O IMC é o indicador mais divulgado populacionalmente, e é muito utilizado como

indicador de adiposidade corporal (VASQUES et al, 2010). Este índice considera a relação

entre o peso corporal (massa magra somada à massa gorda) e a altura. Porém, devido à

incapacidade deste indicador em distinguir em relação a estes dois tipos de massa, pode

ocorrer um erro de interpretação dos resultados quando houver uma elevada quantidade de

Page 27: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

25

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

massa muscular (VASQUES et al, 2010). Seus pontos de corte são conhecidos por

especialistas e leigos (HAUN; PITANGA; LESSA, 2009), tratando-se de um indicador de

simples execução e facilmente reproduzível (CERCATO et al, 2004).

Contudo, apesar de o IMC ser vastamente utilizado como indicador de gordura

corporal, suas medidas não refletem a distribuição desta gordura, visto que modificações no

IMC não refletem o local anatômico no qual o indivíduo perdeu ou ganhou peso (SNIJDER et

al, 2006). Somando-se a este aspecto, Pitanga e Lessa (2005) no seu estudo com 968 adultos

de 30-74 anos de idade verificaram que o IMC foi o indicador antropométrico de obesidade

menos adequado para discriminar o risco coronariano elevado (RCE). Assim, para esta

investigação também devem ser adotados parâmetros antropométricos de obesidade

abdominal, como a CC, RCQ e RCEst (VASQUES et al, 2010; MARTINS e MARINHO,

2003).

Medidas antropométricas como a CC e a RCQ demonstraram ser adequadas para

estimar a quantidade de gordura abdominal (PICON et al, 2007).Entretanto, segundo

Björntorp (1997), esses indicadores refletem diferentes informações. A CC seria melhor

indicador da massa adiposa visceral, estando desta forma mais fortemente relacionada com as

DCV ateroscleróticas, enquanto que a RCQ por conter medidas da região glútea, na qual

existe muitos tecidos musculares, reguladores específicos da sensibilidade à insulina

sistêmica, teria associação mais potente com a resistência à insulina. Estas associações

puderam ser confirmadas no estudo de Martins e Marinho (2003), onde eles avaliaram 1042

pessoas da cidade de São Paulo. Apesar destes estudos, ainda há muita controvérsia entre qual

destas medidas seria utilizada como melhor preditor para o RCE (PICON et al,2007).

Um aspecto importante a ser considerado na prática da mensuração da CC é a

ausência de consenso entre os pesquisadores quanto aos locais para sua aferição (VASQUES

et al, 2010), a influência dos grupos étnicos e outras variáveis que comprometem a

padronização de pontos de corte para esta medida antropométrica.

Lean, Han e Morrinson (1995) realizaram um estudo com o objetivo de testar a

hipótese de que a medida de CC poderia ser utilizada na identificação da distribuição da

gordura abdominal. Foram estabelecidos dois pontos de corte: o primeiro (94 cm para homens

e 80 cm para mulheres), que representaria o limite acima do qual os riscos à saúde são

maiores; e o segundo (102 cm para homens e 88 cm para mulheres) que iria corresponder ao

ponto onde o risco seria muito elevado. Com a hipótese confirmada, a OMS (1998)

Page 28: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

26

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

recomendou a utilização dos mesmos na identificação do risco elevado para DCV. Após

alguns anos, o III NCEP, 2001, adotou os valores de 88 e 102 cm para o diagnóstico de

obesidade central em mulheres e homens, respectivamente. Valores estes adotados também

aqui no Brasil.

A relação cintura/estatura (RCEst), é um indicador bastante usado e vem

apresentando forte correlação com os fatores de risco cardiovascular, compreende a razão

entre a CC (cm) e a estatura (cm). Está baseada na pressuposição de que, para determinada

altura, existe uma quantidade de gordura aceitável depositada na parte superior do corpo.

Quantitativamente ainda não se conhece o efeito preciso da medida da CC, contudo alguns

autores admitem que a estatura exerce influência na magnitude da CC ao longo do

crescimento e também na vida adulta (PARIKY et al, 2007). Desta forma, uma vantagem para

a utilização da RCEst reside na manutenção da regulação direta entre o crescimento e a CC, e

este fato possivelmente justifica o uso de um mesmo valor para os pontos de corte

independente da idade(HAUN; PITANGA; LESSA, 2009).

Em estudo realizado com adultos de ambos os sexos em Taiwan, com o objetivo de

identificar pontos de corte da RCEst para discriminar pelo menos um fator de risco

cardiovascular (DM, HAS ou dislipidemia), seus autores encontraram valores de 0,48 e 0,45

para homens e mulheres respectivamente (LIN et al,2002).Com o mesmo objetivo, Pitanga e

Lessa (2006a), avaliaram uma população de Salvador e encontraram valores de 0,52 para

homens e 0,53 para mulheres, sugerindo que esta medida deve ser comparada aos demais

indicadores na discriminação do RCE. O ponto de corte sugerido por outros autores para

discriminação da obesidade abdominal e risco cardiovascular é ≥ 0,5 para homens e mulheres

(KOCH, 2008; OLIVEROS; SOBERANIS, 2005).

Em virtude da necessidade que a CC e o IMC tem de trabalhar diversos pontos de

corte dependentes da etnia e/ou do gênero, a RCEst se apresenta como uma solução mais fácil

e com possibilidade inclusive de veicular uma mensagem simples e efetiva para ser passada

para toda a população, “Mantenha a sua CC inferior à metade da sua altura” (ASHWELL;

HSIEH, 2005).

Em outro estudo realizado em Taiwan com adultos diabéticos, de ambos os sexos,

verificou-se que aplicando-se a regressão logística, apenas o indicador RCEst, quando

comparado a CC e RCQ, apresentou forte associação com DCV em ambos os sexos

(TSENG,2008).

Page 29: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

27

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

2.5 Perfil lipídico

A definição do perfil lipídico se dá através das determinações do CT, HDL, LDL e

TG após um jejum de 12 a 14 horas. Para a realização desse exame, o paciente deve ser

informado sobre o não consumo de álcool nas últimas 72 horas e a não realização de atividade

física vigorosa nas últimas 24 horas que antecedem a coleta do sangue. Outros cuidados

também poderiam fazer parte do protocolo de realização destes testes bioquímicos, como

avaliar dieta habitual dos indivíduos, estado metabólico e peso estáveis por pelo menos duas

semanas antes do exame (IV DIRETRIZ, 2007).

O caráter multifatorial das DCV não exclui a importância determinante das

dislipidemias na gênese destas patologias. A prevalência desta alteração do perfil lipídico

varia de acordo com as características étnicas, sociodemográficas e culturais de distintas

populações (SOUTO FILHO et al, 2000).

Estudos têm relatado a associação de parâmetros antropométricos utilizados na

classificação do excesso de peso com o perfil lipídico alterado. Uma prevalência de 32,2% de

dislipidemia entre indivíduos com CC elevada foi encontrada no estudo de base populacional

na Cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) de Souza et al (2003). Em outro estudo, conduzido

por Krause et al (2007) com 388 mulheres acima de 60 anos, o excesso de massa gorda na

região abdominal determinado pela CC e RCQ, demonstrou alterações principalmente na

redução de HDL-c.

No estudo de Rezende et al (2006), tanto o IMC quanto a CC apresentaram

associação com o perfil lipídico, contudo o IMC foi correlacionado apenas com o TG

enquanto que a CC manteve correlação com o TG, LDL-c e HDL-c.

Cercato et al (2004) avaliaram 1213 adultos na cidade de São Paulo e evidenciaram

que um aumento significativo de TG e/ou diminuição de HDL-c estavam associados com a

obesidade central. Da mesma forma Hu et al (2000), ao estudar índios americanos,

verificaram que as principais anormalidades lipídicas relacionadas à obesidade foram: a

diminuição do HDL-c e o aumento dos TG.

Estudo realizado por Schneider et al (2007), com adultos e idosos, verificou que a

RCEst foi melhor preditor para prevalência de dislipidemia do que os outros parâmetros

antropométricos avaliados: CC e IMC. Resultado semelhante foi encontrado por Bertsias et al

(2003) ao pesquisarem estudantes de medicina de Creta.

Page 30: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

28

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

2.6 Perfil glicídico

O acúmulo de gordura abdominal favorece os depósitos viscerais de TG, que

possuem um turnover mais acelerado na região abdominal quando comparado a outras

regiões, levando a um aumento de ácidos graxos livres no sistema porta, os quais estimulam a

gliconeogênese e inibem a depuração hepática da insulina, favorecendo a hiperglicemia, a

insulinemia e a resistência à insulina (DEPRES et al, 1990).

Este processo metabólico leva ao surgimento de um quadro inflamatório, com

produção de proteína C reativa, que é utilizada como preditor de evento cardíaco (RIDKER et

al, 2002).

De acordo com Rocha et al (2010) supõe-se que parâmetros antropométricos de

gordura abdominal, sugestivos de resistência à insulina, sejam capazes de identificar

portadores de distúrbios glicêmicos. Nesta linha de raciocínio, estes mesmos autores

compararam parâmetros antropométricos e de resistência à insulina de indivíduos sem e com

síndrome metabólica (SM), subestratificados pela presença de anormalidades glicêmicas e

encontraram que em uma amostra da população brasileira é possível identificar indivíduos

com SM através de medidas antropométricas, sem, contudo identificar aqueles com distúrbios

glicêmicos.

Mesmo diante desses estudos, muitos outros serão necessários na busca da definição

da possível existência entre a correlação dos parâmetros antropométricos de obesidade central

e a alteração do perfil lipídico e glicídico, no que tange a determinação de planos de ação no

combate precoce às DCV.

Page 31: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

29

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

3 METODOLOGIA

3.1 Desenho do estudo e casuística

Foi realizado um estudo transversal, com base no modelo analítico, no qual foi

acoplada uma variável com caráter prospectivo (tempo de acompanhamento), realizado em

dois ambulatórios geral de nutrição dos hospitais Barão de Lucena (HBL) da Secretaria

Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) e Hospital das Clínicas (HC) da Universidade

Federal de Pernambuco (UFPE), referente aos atendimentos do ano de 2009. A amostra foi

composta por 550 indivíduos de ambos os sexos.

Os ambulatórios avaliados têm características diferentes no tocante ao número de

atendimentos realizados por ano. O Serviço de Nutrição do HC/UFPE vem atendendo na área

ambulatorial desde 1960 e conta com nove ambulatórios especializados e um para

atendimento geral e triagem. Neste último, a média anual de primeiro atendimento é de 1500

pacientes. Realidade diferente apresenta-se no Serviço de Nutrição do HBL/SES-PE, onde

possui apenas um ambulatório, de atendimento geral, que vem atendendo desde 1990. Neste

setor, a média anual de atendimentos de 1ª vez fica em torno de 450.

3.2 Critérios de elegibilidade

Os indivíduos foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de

elegibilidade:

3.2.1 Critérios de inclusão

Pacientes de ambos os sexos na faixa etária superior a 19 anos.

3.2.2 Critérios de exclusão

Gestantes;

Pacientes portadores de doenças consumptivas (Aids, câncer, etc)

Pacientes que tenham utilizado medicamento para perda de peso nos últimos seis

meses e

Pacientes que tenham realizado cirurgias plásticas, tipo abdominoplastia ou portadores

de patologia que pudessem modificar a distribuição da gordura corporal.

Page 32: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

30

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

3.3 Operacionalização do estudo

3.3.1 Coleta de dados

A coleta dos dados foi realizada através da transcrição das informações contidas nos

prontuários dos pacientes atendidos nos ambulatórios de nutrição dos dois hospitais públicos,

para formulário próprio (Apêndice A), criado para este estudo. Estas informações foram

coletadas e registradas pelos nutricionistas, profissionais responsáveis pelos atendimentos

ambulatoriais, os quais possuem conhecimento quanto à técnica correta para a aferição das

medidas antropométricas e estão treinados para a realização desta atividade na sua rotina de

trabalho.

3.3.2 Variáveis do estudo

Este estudo teve como variável depende o perfil lipídico (CT, TG, LDL-c e HDL-c) e

glicídico e como variáveis independentes: as sociodemográficas (sexo, idade e grau de

escolaridade), as antropométricas (IMC, CC e RCEst) e as de estilo de vida (etilismo e

tabagismo) para o 1º artigo. Para o 2º artigo, o tempo de acompanhamento foi a variável

independente e as medidas antropométricas as variáveis dependentes.

3.3.2.1 Avaliação laboratorial

Os dados sobre perfil lipídico e glicídico foram coletados a partir das informações

presentes no prontuário do paciente. Os exames bioquímicos foram realizados nos

laboratórios das próprias instituições hospitalares. O laboratório do HBL/SES-PE utiliza os

reagentes específicos do equipamento automatizado COBAS integra 400 plus da Empresa

ROCHE, que já estão prontos para uso para a determinação do perfil lipídico e o laboratório

do HC/UFPE utiliza o método automático ARCHITECT. Para análise da glicemia de jejum o

HBL/SES-PE utiliza o método enzimático colorimétrico e o HC/UFPE o método Diasys

automático ARCHITECT.

Consideraram-se como referência os valores para lipídeos apresentados na IV

Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose (SOCIEDADE

Page 33: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

31

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007). Como ponto de corte para a glicemia foi

utilizado os critérios recomendados pela AMERICAN DIABETICS ASSOCIATION (ADA,

2008) sendo valores entre 100 e 125 mg/dL considerado indivíduos com intolerância a glicose

e valores superiores a 126 mg/dL indicativo de DM. Valores apresentados no quadro 1.

Quadro 1 Valores de referência para dados bioquímicos

Parâmetros Valores de Referência *

CT < 200mg/dL

HDL-c > 40mg/dL (homens)

> 50mg/dL (mulheres)

LDL-c < 130 mg/dL

TG < 150mg/dL

Glicose < 100 mg/dL

* IV Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose

* American Diabetics Association

3.3.2.2 Avaliação antropométrica

O procedimento metodológico de coleta de dados antropométricos eram idênticos nos

dois ambulatórios. Para a determinação do peso corporal e estatura dos pacientes foi utilizada

uma balança tipo plataforma da marca FILIZOLA, capacidade 150 kg com divisão de 100g e

um estadiômetro acoplado com capacidade para 1,90 m e precisão de 1 mm. Tanto o peso

quanto a altura foram mensurados segundo técnicas preconizadas por Lohman et al em 1991 e

serviram de base para o cálculo do IMC sendo que a classificação utilizada foi a proposta pela

OMS(1995).

Com o objetivo de identificar o padrão de distribuição da massa adiposa, foram

utilizados o indicador circunferência da cintura (CC) e a relação cintura-estatura (RCEst). A

cintura foi aferida com uma fita métrica não extensível de acordo com as normas

recomendadas pela OMS (WHO, 1998), entre a última costela e a crista ilíaca. Para obter os

valores da RCEst, a CC foi dividida pela estatura (cm) (PITANGA;LESSA,2006b).

Nesse estudo, a CC foi avaliada, utilizando como padrão de referência os pontos de

corte da OMS (WHO, 1998) e para a RCEst, foi utilizado o ponto de corte de > 0,50 para

ambos os sexos (KOCH,2008;OLIVEROS;SOBERANIS,2005). Como a frequência de

Page 34: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

32

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

indivíduos na faixa de normalidade para CC foi muito baixa, a estratificação foi feita em duas

categorias: com risco muito elevado (valor superior a 102 cm para homens e 88 cm para

mulheres) e sem risco muito elevado (valor abaixo de 102 cm para homens e 88cm para

mulheres). Para RCEst a estratificação feita em duas categorias ficou: < 0,50 e > 0,50.

3.3.2.3 Avaliação sociodemográfica e do estilo de vida

As informações sobre as características sociodemográficas e do estilo de vida dos

pacientes atendidos nos ambulatórios de nutrição foram conhecidas com a transcrição dos

dados presentes nas fichas de atendimento ambulatorial dos profissionais. Os dados obtidos

foram referentes:

Ao sexo;

À escolaridade, sendo considerado o número de anos de estudo;

À prática de fumar, sendo considerados fumantes, não fumantes e ex-fumantes;

Ao consumo de álcool, cuja classificação para a análise dos dados foi agrupada de

acordo com a prática atual de consumo em bebe e não bebe;

3.4 Processamento e análise dos dados

O banco de dados foi estruturado no software Epi-info versão 6.04. As informações

foram digitadas com dupla entrada e verificadas com o VALIDATE, módulo existente no

Programa Epi-info versão 6.04, para checar a consistência e validação das mesmas. Utilizou-

se para as análises estatísticas os softwares Epi-info versão 6.04 (WHO/CDE, Atlanta, GE,

USA) e SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) for Windows versão 12.0 (SPSS

Inc., Chicago, IL, USA).

Aplicou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliar a normalidade da

distribuição das variáveis estudadas, entretanto como nenhuma delas apresentou distribuição

Gaussiana, optou-se por avaliá-las através de testes não paramétricos.

Para a avaliação da correlação do perfil lipídico (TG, CT, LDL-c e HDL-c) e glicídico

com as variáveis antropométricas (CC, RCEst e IMC), apresentadas no primeiro artigo, foi

utilizado o coeficiente de Correlação de Spearman. Adotou-se como nível de significância

estatística o valor de p < 0,05. No segundo artigo, realizou-se uma análise descritiva dos

Page 35: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

33

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

dados. Para verificar associações entre as variáveis dicotômicas foi aplicado o teste do qui-

quadrado, sendo adotado o nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade.

3.5 Aspectos éticos

O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal de Pernambuco e obedeceu às diretrizes da Resolução 196/96

do Conselho Nacional de Saúde – CNS sobre pesquisa envolvendo seres humanos, sendo

aprovado em 24 de maio de 2011, protocolo Nº 106/11 (Anexo A).

Por se tratar de um estudo com dados secundários e os riscos serem mínimos, não

houve a necessidade do uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Page 36: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

34

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

4 RESULTADOS

Os resultados deste estudo estão apresentados sob a forma de artigos científicos

originais, conforme regulamentação do Colegiado da Pós-graduação em Nutrição do Centro

de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco.

1º Artigo:

Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua correlação com

índices antropométricos.

2º Artigo:

Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais

Page 37: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

35

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Primeiro artigo

Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e

sua correlação com índices antropométricos.

Artigo foi enviado para publicação no periódico

Arquivos Brasileiros de Cardiologia.

Page 38: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

36

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Perfil lipídico e glicídico de pacientes ambulatoriais e sua correlação com índices

antropométricos

Glycidic and Lipidic profile outpatients and its correlation with anthropometric indices

Título resumido: Correlação do perfil metabólico e antropometria

CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS1, EDVÂNIA CÉSAR DE ARAÚJO

2, ILMA KRUZE GRANDE DE

ARRUDA3, POLIANA COELHO CABRAL

3.

¹ Mestranda em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco. UFPE, Recife, PE

2 Especialista em Nutrição Clínica. Nutricionista do Hospital Barão de Lucena. Recife, PE

3 Professora, Departamento de Nutrição, UFPE, Recife, PE, Brasil. Doutora em Nutrição,

UFPE, Recife, PE,Brasil

Correspondência:

Cláudia Mota dos Santos

Rua João Clementino Montarroyos, nº 175/Apto 701 Casa Caiada/ Olinda-PE.

CEP 53130390

Tel.: (81) 88076271

Endereço eletrônico: [email protected]

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflito de interesses pertinentes

Fontes de financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas

Vinculação Acadêmica

Este artigo é parte da dissertação de Mestrado de Nutrição de Cláudia Mota dos Santos

pelo Programa de Pós graduação em Nutrição (UFPE).

Page 39: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

37

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

RESUMO

Fundamento: A obesidade está associada com elevada frequência de dislipidemias e

intolerância à glicose, os quais contribuem para a elevação do risco cardiovascular. Objetivo:

Avaliar a correlação de parâmetros antropométricos com o perfil lipídico e glicídico de

pacientes ambulatoriais. Métodos: Estudo transversal realizado com 550 indivíduos atendidos

em ambulatórios de nutrição de dois hospitais públicos do Nordeste do Brasil. Os parâmetros

avaliados foram o Índice de Massa Corporal (IMC), a circunferência da cintura (CC) e a

relação cintura estatura (RCEst). O perfil metabólico constou de colesterol total (CT),

triglicerídeos (TG), lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), lipoproteína de alta densidade

(HDL-c) e glicemia de jejum (GJ). Resultados: Dos pacientes estudados, 76,4% eram

mulheres. A prevalência de excesso de peso ficou acima de 80%, não sendo evidenciado

diferencial entre os sexos. Por outro lado, 80,9% das mulheres e 52,1% dos homens

apresentaram CC na faixa de risco muito elevado (p=0,000). Alterações lipídicas e glicídicas

foram encontradas em mais de 40% da amostra. No sexo masculino, houve correlação

negativa apenas entre as variáveis HDL-c e RCEst. Para as mulheres as correlações

apresentaram-se mais frequentes, o HDL-c apresentou correlação negativa para a CC e

RCEst. Os triglicerídeos, a glicemia e a idade apresentaram correlação positiva com a CC e a

RCEst. Conclusões: Entre as mulheres a CC e a RCEst podem ser utilizadas na prática clínica

e em estudos de triagem de risco cardiovascular em adultos. Nos homens, a RCEst pode ser

utilizada com este propósito tendo em vista sua correlação com o HDL-c.

Unitermos: Dislipidemias, obesidade abdominal, antropometria.

Page 40: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

38

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

ABSTRACT

Background: Obesity is associated with high frequency of dyslipidemia and glucose

intolerance, which contribute to higher cardiovascular risk. Objective: To evaluate the

correlation of anthropometric parameters with glucose and lipid profile of

outpatients. Methods: Cross-sectional study with 550 individuals attending outpatient

nutrition of two public hospitals in the Northeast of Brazil. The evaluated parameters were:

body mass index (BMI), waist circumference (WC) and waist height (WHtR). The metabolic

profile consisted of total cholesterol (TC), triglycerides (TG), low-density lipoprotein (LDL-

C), high density lipoprotein (HDL-C) and fasting plasma glucose (FPG). Results: Of the

patients, 76.4% were women. The prevalence of overweight was above 80% without evident

difference between the sexes. On the other hand, 80.9% of women and 52.1% of men had WC

in the range of very high risk (p = 0.000). Lipid and glucose changes were found in more than

40% of the sample. In males, there was only negative correlation between the variables HDL-

C and WHtR. For women the correlations were more frequent, HDL-C was negatively

correlated to the WC and WHtR. Triglycerides, glucose and age showed a positive correlation

with the WC and WHtR. Conclusions: Among women, the WC and WHtR can be used in

clinical practice and in screening studies of cardiovascular risk in adults. In men, WHtR can

be used for this purpose due to its correlation with HDL-C.

Key words: Dyslipidemia, abdominal obesity, anthropometry.

Page 41: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

39

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

INTRODUÇÃO:

As doenças cardiovasculares (DCV) representam hoje as maiores causas de mortalidade

e morbidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 16,7 milhões

de mortes por ano no mundo são provenientes desse mal. No Brasil, aproximadamente 30,0%

dos óbitos em indivíduos a partir dos 20 anos são decorrentes das DCV1.

Muitos são os fatores de risco para o desenvolvimento deste grupo de enfermidades.

Alguns destes fatores não podem ser modificados, a exemplo da idade, sexo, história familiar

e herança genética2,3

. Outros, entretanto, que estão diretamente ligados ao estilo de vida da

pessoa, como o hábito de fumar, a inatividade física, hábitos alimentares errôneos, obesidade

e dislipidemia podem ser modificados2,4

.

Estudos demonstram que a quantidade de tecido adiposo e, principalmente, sua

distribuição centralizada se destacam pela associação com elevados valores de morbi-

mortalidade por DCV5,6

. A presença de gordura visceral gera modificações fisiológicas que

promovem alterações do perfil lipídico, podendo surgir o quadro de dislipidemia, o qual

potencializa os eventos clínicos das DCV7. Neste quadro, em particular, tem-se as alterações

na lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), fator causal e independente de aterosclerose4.

Bem como, as modificações na estrutura da permeabilidade vascular provenientes das

alterações no metabolismo da glicose8.

Diferentes métodos são utilizados para avaliar a gordura corporal, sua distribuição e

possível relação com as DCV. Os métodos antropométricos índice de massa corporal (IMC),

circunferência da cintura (CC) e relação cintura estatura (RCEst) apresentam vantagens na

prática clínica diária, por serem de simples execução e fácil reprodução9,10

. O objetivo do

presente trabalho foi avaliar a correlação do perfil lipídico e glicídico com parâmetros

antropométricos de obesidade total e central, a fim de definir dentre os métodos

antropométricos comumente utilizados na prática clínica e em estudos epidemiológicos, quais

os melhores preditores de alterações no perfil lipídico e glicídico.

MÉTODOS

Estudo de corte transversal realizado em ambulatórios de atendimento geral de nutrição

de dois hospitais da rede pública de saúde do Nordeste do Brasil, Hospital Barão de Lucena

(HBL) da Secretaria Estadual de Saúde - PE e Hospital das Clínicas (HC) da Universidade

Federal de Pernambuco, e contou com a participação de 550 indivíduos atendidos para

orientação nutricional no período de janeiro a dezembro de 2009.

Page 42: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

40

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Foram estudados todos os pacientes de ambos os sexos na faixa etária superior a 19

anos, sendo excluídos as gestantes, pacientes portadores de doenças consumptivas (câncer,

aids), pacientes que tenham utilizado medicamento para perda de peso nos últimos seis meses

ou que tenham realizado cirurgias plásticas, tipo abdominoplastia ou portadores de patologia

que pudessem modificar a distribuição da gordura corporal.

Dados sociodemográficos e antropométricos (idade, grau de instrução, sexo, peso, altura

e circunferência da cintura) foram coletados pelos dois profissionais responsáveis pelos

referidos ambulatórios e transcritos para formulário criado para esse estudo.

Para a determinação do peso corporal e estatura dos pacientes, os dois ambulatórios

seguem as técnicas preconizadas por Lohman (1991)11

, sendo utilizada balança tipo

plataforma, capacidade 150 kg com divisão de 100g e estadiômetro acoplado com precisão de

1 mm. Tanto o peso quanto a altura serviram de base para o cálculo do IMC sendo que a

classificação utilizada foi a proposta pela (OMS, 1995)12

. Nesse estudo, a CC foi aferida com

uma fita métrica não extensível de acordo com as normas e os pontos de corte recomendados

pela OMS (1998)13

. A RCEst foi determinada através da relação entre a CC (cm) e a altura

(cm), sendo utilizado como ponto de corte o valor de 0,514

.

Os dados bioquímicos constaram de glicemia de jejum, colesterol total (CT),

triglicerídeos (TG), LDL colesterol (LDL-c) e HDL colesterol (HDL-c) e foram coletados dos

prontuários dos pacientes. Os exames bioquímicos foram realizados nos laboratórios dos dois

hospitais através de equipamentos automatizados, COBAS integra 400 plus da Empresa

ROCHE e método automático ARCHITECT para o perfil lipídico no HBL e HC

respectivamente. Para análise da glicemia de jejum o HBL/SES-PE utiliza o método

enzimático colorimétrico e o HC/UFPE o método Diasys automático ARCHITECT.

A construção do banco de dados foi realizada no programa Epi info versão 6.04 com

dupla entrada e utilização do módulo VALIDATE e a análise estatística no programa SPSS

versão 12.0. O teste de Kolmogorov- Smirnov foi utilizado para avaliar a normalidade da

distribuição das variáveis estudadas, das quais nenhuma apresentou distribuição normal. Desse

modo para avaliação da correlação das variáveis do perfil lipídico e glicídico com a idade e as

variáveis antropométricas foi utilizado o coeficiente de Spearman. Adotou-se como nível de

significância estatística o valor de p < 0,05.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal de Pernambuco sob o registro CEP/CCS/UFPE nº 106/11.

Page 43: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

41

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

RESULTADOS

Foram avaliados 550 pacientes adultos de ambos os sexos (76,4% de mulheres) com

mediana de idade de 51 anos (P2541 anos e P7559 anos), 67,6% com menos de 8 anos de estudo

e que procuravam atendimento nutricional com o objetivo principal de perda de peso.

Segundo o IMC, em ambos os sexos, a prevalência de excesso de peso apresentou-se

elevada, acima de 80%, não sendo evidenciado diferencial estatisticamente significante na

comparação entre os sexos (p=0,171). Resultado similar foi evidenciado segundo a RCEst,

onde mais de 90% da população estudada apresentou valores alterados, não sendo contudo

estatisticamente significante entre os sexos (p= 0,899). Por outro lado, 80,9% das mulheres e

52,1% dos homens apresentaram CC na faixa de risco muito elevado (p=0,000) (Tabela 1).

Quanto aos parâmetros laboratoriais avaliados (Tabela 1), foi evidenciada alteração para

CT, TG, LDL-c, HDL-c e glicemia em mais de 40% da amostra. No entanto, só foi encontrado

diferencial estatisticamente significante entre os sexos para o LDL-c, com 66,7% e 42,4% dos

homens e mulheres respectivamente, apresentando valores alterados (p=0,004).

De acordo com os valores de referência para classificação do IMC, CC e RCEst tanto os

homens quanto as mulheres apresentaram-se, em termos de mediana, na condição de risco,

com o IMC na faixa de obesidade leve e a CC na faixa de risco muito elevado. Quanto ao

perfil lipídico e glicídico com exceção do HDL-c nas mulheres, os valores de mediana

encontrados para todos os outros parâmetros foram classificados na faixa de risco (Tabela 1).

As análises de correlações entre a idade e variáveis antropométricas com o perfil

lipídico e glicídico para o sexo masculino e feminino são apresentadas nas Tabelas 2 e 3. No

sexo masculino, houve correlação negativa apenas entre as variáveis HDL-c e RCEst (Tabela

2). Para as mulheres as correlações apresentaram-se mais frequentes, o HDL-c apresentou

correlação negativa para a CC e RCEst. Os triglicerídeos, a glicemia e a idade apresentaram

correlação positiva com a CC e a RCEst (Tabela 3). O LDL-c em ambos os sexos, não

apresentou correlação com nenhum dos indicadores antropométricos avaliados (Tabelas 2 e 3).

DISCUSSÃO

Os dados aqui apresentados demonstram certa especificidade pelo fato de terem sido

obtidos a partir de uma amostra homogênea de indivíduos que procuraram atendimento

nutricional principalmente para perda ponderal, o que explica a ocorrência de mais de 80% de

excesso de peso.

Page 44: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

42

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

A alta prevalência do sexo feminino neste estudo (76,4%) provavelmente está

relacionada à maior preocupação das mulheres com a saúde, fato este que torna a procura aos

serviços de saúde maior neste gênero15, 16

. O principal fator de risco não modificável para a

DCV é a idade. A partir da 3ª década de vida as lesões do endotélio vascular tornam-se mais

complicadas e suas consequências clínicas surgem por volta dos 40 anos17,18

. Nesta casuística

a mediana de idade foi de 51 anos, o que dificulta a prevenção primária para DCV tendo em

vista que a mesma deve ser iniciada mais precocemente. Estudos mostram que, ainda na

infância, as estrias gordurosas, precursoras da placa aterosclerótica começam a sua

formação19

, podendo ser encontradas, numa fase mais tardia, nas aortas abdominal e coronária

de adolescentes.

Nesta casuística verificou-se baixa escolaridade em ambos os sexos, sugerindo uma

situação desfavorável à compreensão dos males ocasionados pela obesidade. A elevada

frequência de indivíduos procurando atendimento para perda ponderal é um reflexo da

“epidemia” de excesso de peso que vem acometendo a população adulta brasileira. A

Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008-200920

revelou que 50,1% dos homens e 48%

das mulheres no Brasil apresentam excesso de peso, o que demonstra a importância da

intervenção nutricional, principalmente por se tratar de um fator de risco modificável para

DCV.

A elevada prevalência da CC muito alterada desta amostra, principalmente entre as

mulheres, pode ser explicada pelo risco sete vezes maior que o sexo feminino apresenta de

desenvolver a obesidade abdominal21

. O estudo de Pischon et al (2008)22

, revela que a cada 5

cm de CC acima dos valores de referência aumentam em 13% e 17% o risco cardiovascular

nas mulheres e homens respectivamente, diferencial não estatisticamente significante. Por

outro lado, Sánchez et al (2010)23

encontraram em seu estudo que de uma maneira geral as

mulheres acumulam mais gordura subcutânea na região abdominal, e nos homens ocorre mais

tecido adiposo visceral o que possibilita um maior risco para as DCNT entre eles, visto que a

gordura visceral tem mais características pró inflamatórias quando comparada a gordura

subcutânea24

.

Na presente investigação observou-se uma prevalência de mais de 40% da amostra com

alteração em todos os componentes do perfil lipídico e glicídico, sem apresentar diferencial

estatisticamente significante entre os sexos, exceto com relação ao LDL-c, com valores

alterados em maior frequência nos homens. Estes dados também refletem o que está

Page 45: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

43

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

ocorrendo com a população adulta, ou seja, segundo a III Pesquisa Estadual de Saúde e

Nutrição (III PESN)25

realizada em 2006 mais de 30% dos indivíduos acima de 25 anos

apresentavam CT e TG alterados, esse percentual para glicemia ficou em torno de 16%. Fato

preocupante evidenciado na III PESN25

é que pouco mais da metade das pessoas entrevistadas

já haviam se submetido a exames laboratoriais para determinação do perfil lipídico e

glicídico, o que demonstra a necessidade de diagnósticos mais precoces visando o risco das

DCV.

Diversos estudos tem buscado mostrar qual o melhor parâmetro antropométrico para

identificar risco cardiovascular elevado26,27

, no entanto poucos são os estudos que o tenham

avaliado em pacientes atendidos ambulatorialmente28,29

.

No geral, nesta pesquisa, não foram encontradas fortes correlações entre as variáveis

antropométricas de excesso de peso global e central e as variáveis lipídicas e glicídicas, fato

condizente com outros estudos30,31

.

No sexo masculino, houve correlação negativa apenas entre as variáveis HDL-c e

RCEst. Diante da reconhecida atuação do HDL-c contra a formação de placas ateromatosas e

consequentemente eventos cardiovasculares, estes resultados podem sugerir a utilização desse

índice antropométrico nos homens como preditor de alterações nessa fração do CT.

Por outro lado, na avaliação dos resultados obtidos para o sexo feminino as correlações

ocorreram em mais variáveis. O HDL-c, apresentou correlação negativa tanto com a RCEst

quanto com a CC, enquanto a glicemia, o TG e a idade mostraram correlação positiva com

estes mesmos indicadores. Ou seja, apresentaram correlação com os dois indicadores de

obesidade central utilizados neste estudo. Fato um pouco discordante dos encontrados na

literatura que apontam a RCEst como melhor preditor para risco cardiovascular, seja em

crianças ou em adultos32-34

.

CONCLUSÃO

Tendo em vista os resultados observados, podemos concluir que apenas entre as

mulheres a CC e a RCEst foram os parâmetros antropométricos que mais se correlacionaram

com alterações do perfil lipídico e glicídico, evidenciando a importância da utilização desses

parâmetros na prática clínica e em estudos de triagem de risco cardiovascular em adultos. Nos

homens, a RCEst pode ser utilizada com este propósito tendo em vista sua correlação com o

HDL-c.

Page 46: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

44

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Estudos prospectivos com diversos parâmetros de avaliação da obesidade abdominal e

sua relação com o perfil metabólico são necessários para confirmar estes achados. Além da

necessidade de pesquisas com enfoque em pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição,

campo propício para desenhos transversais e longitudinais.

Page 47: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

45

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

REFERÊNCIAS

1.Jardim TSV, Jardim PCBV, Araújo WEC, Jardim LMSSV, Salgado CM.

Fatores de Risco Cardiovasculares em Coorte de Profissionais da Área Médica - 15 Anos de

Evolução. Arq Bras Cardiol. 2010; 95 (3): 332-338.

2. Rabelo LM. Fatores de risco para a doença aterosclerótica na adolescência. J Ped. 2001;

77(2): 153-64.

3. Yusuf S, Reddy S, Ôunpuu S, Anand S. Global burden of cardiovascular disease. Part I:

General considerations, the epidemiologic transition, risk factors and impact of urbanization.

Circulation. 2001; 104 (22): 2746-53.

4. Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e

Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2007; 88,

(suppl.1): 2-19.

5.Rodrigues SL, Baldo MP, Mill JG. Associação entre a Razão Cintura-Estatura e

Hipertensão e Síndrome Metabólica: Estudo de Base Populacional. Arq Bras Cardiol. 2010;

95(2): 186-91.

6. Rezende FAC, Rosado LEFPL, Ribeiro RCL, Vidigal FC, Vasques ACJ, Bonard IS et al.

Índice de Massa Corporal e Circunferência Abdominal: associação com fatores de risco

cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2007; 87(6): 728-34.

7. Almeida, RT, Almeida, MMG, Araújo TM Obesidade abdominal e risco cardiovascular:

desempenho de indicadores antropométricos em mulheres. Arq Bras Cardiol. 2009; 92 (5):

375-80.

8. Lima WA, Glaner MF Principais fatores de risco relacionados às doenças cardiovasculares.

Rev bras cineantropom desempenho hum. 2006; 8 (1): 96-104.

9. Cercato C, Mancini MC, Arguello AMC, Passos VQ, Villares S M F, Halpern A. Systemic

hypertension, diabetes mellitus, and dyslipidemia in relation to body mass index: evaluation

of a Brazilian population. Rev Hosp Clin. 2004; 59 (3): 113-8.

10. Haun DR, Pitanga FJG, Lessa I. Razão cintura/estatura comparado a outros indicadores

antropométricos de obesidade como preditor de risco coronariano elevado. Rev Assoc Med

Bras. 2009; 55 (6): 705-11.

11. Lohman TG Roche AF, Martorell R. Anthropometric standardization reference manual.

Abridged, 1991. 90p.

12. World Health Organization. Physical status: The use and interpretation of anthropometry.

WHO Technical Report Series, n. 854, 1995.

Page 48: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

46

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

13. World Health Organization. Obesity: Preventing and managing the global epidemic.

Report of a WHO Consultation on Obesity. Geneva: WHO; 1998.

14. Li C, Ford ES, Mokdad AH, Stephen C. Recent trends in waist circumference and waist-

height ratio among US children and adolescents. Pediatrics. 2006; 118: 1390-8.

15. Batista MCR, Franceschini SCC. Impacto da Atenção Nutricional na Redução dos Níveis

de Colesterol Sérico de Pacientes Atendidos em Serviços Públicos de Saúde. Arq Bras

Cardiol. 2003; 80 (2): 162-66.

16. Batista MCR, Priore SE, Rosaldo LEFPL, Tinôco, ALA, Franceschini SCC. Avaliação

dos resultados da atenção multiprofissional sobre o controle glicêmico, perfil lipídico e estado

nutricional de diabéticos atendidos em nível primário. Rev Nutr. 2005; 18 (2): 219-28.

17.Verri J, FUSTER V. Mecanismos das síndromes isquêmicas agudas e da progressão da

aterosclerose coronária. Arq Bras Cardiol. 1997; 68(6): 461-7.

18. Stary HC. Evolution and progression of atherosclerosis lesions in coronary arteries of

children and Young adults. Arteriosclerosis, 1989; 99 (supl. II): 119-32.

19. Santos MG ,Pegoraro M, Sandrin F,Macuco EC. Fatores de risco no desenvolvimento da

aterosclerose na infância e adolescência. Arq Bras Cardiol. 2008; 90: 301-8.

20.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares

2008-2009: Análise de disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional no

Brasil. Rio de Janeiro, 2010.

21.Martins IS, Marinho SP. O potencial diagnóstico dos indicadores da obesidade

centralizada. Rev Saúde Publ. 2003; 37(6): 760- 7.

22.Pischon T, Boeing H, Hoffmann K, Begmann M, Schulze MB, Overvad K, et al. General

and abdominal adiposity and risk of death in Europe. N Engl J Med. 2008; 359 :2105-120.

23.Sanchez CMP, Falo EMM, Navarro SZ, Aza MG. Study and classification of the

abdominal adiposity throughout the application of the two-dimensional predictive equation

Garaulet et al., in the clinical practice. Nutr Hosp. 2010; 25(2):270-4.

24.Huffman DM, Barzilai N. Role of visceral adipose tissue in aging. Biochimica et

Biophysica Acta 2009; 1117-23.

25. III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (PESN) – 2006. Situação alimentar, nutricional

e de saúde no estado de Pernambuco: Contexto socioeconômico e de serviços. Recife, 2008.

Page 49: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

47

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

26.Pitanga, F J G; Lessa, I. Associação entre indicadores antropométricos de obesidade e risco

coronariano em adultos na cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2007;

10(2): 239-48.

27.Pitanga, F J G; Lessa, I. Indicadores antropométricos de obesidade como discriminadores

de risco coronariano elevado em mulheres. Rev bras cineantropom desempenho hum. 2006;

8(1): 14-21.

28. Teixeira AMNC, Sachs A, Santos GMS, Asakura L, Coelho LC, da Silva CVD.

Identificação de Risco Cardiovascular em Pacientes Atendidos em Ambulatório de Nutrição.

Rev Bras Cardiol. 2010; 23(2):116-123

29.Oliveira MAM, Fagundes RLM, Moreira EAM, Trindade EBSM, Carvalho T. Relação de

indicadores antropométricos com fatores de risco para doença cardiovascular. Arq Bras

Cardiol. 2010; 94(4): 478-85.

30.Lemos-Santos, MGF, Valente JG, Gonçalves-Silva, RMV; Schieri, R. Waist

circumference and waist-to-hip ratio as predictors of serum concentration of lipids in

Brazilian men. Nutrition. 2004; 20(10):857-62.

31. Mataix J, López-Frías M, Martinez-de-Victoria E, Jurado ML, Aranda P , Llopis J.

Factors Associated with Obesity in an Adult Mediterranean Population: Influence on Plasma

Lipid Profile.J Am Coll Nutr. 2005; 24 (6): 456-65.

32. Savva SC, Tornaritis M, Savva ME, Kourides Y, Panagi A, Silikiotou N et al. Waist

circumference and waist-to-height ratio are better predictors of cardiovascular disease risk

factors in children than body mass índex. Int J Obes. 2000; 24 (11): 1453-8.

33. Hsieh SD, Yoshinaga H, Muto T. Waist-to-height ratio, a simple and practical index for

assessing central fat distribution and metabolic risk in Japanese men and women. Int J Obes.

2003; 27: 610-6.

34. Hsieh SD, Muto T. The superiority of waist-to-height ratio as an anthropometric index to

evaluate clustering of coronary risk factors among non-obese men and women. Prev Med.

2005; 40(2):216– 20.

Page 50: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

48

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Tabela 1 – Distribuição % e representação em medianas e percentis das características antropométricas e laboratoriais de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009.

Variáveis Pacientes

Masculino Feminino Valor de p

N % IC95% N % IC95%

Excesso de peso IMC1

Sim 117 90,7 84,0-95,0 354 85,5 81,7-88,7 0,171

Não 12 9,3 5,1-16,0 60 14,5 11,3-18,3

Md (p75 e p75) 30,0 Kg/m2 (27,0- 33,0) 30,0 Kg/m2 (27,0- 34,0)

CC- risco muito elevado2

Sim 61 52,1 42,7-61,4 293 80,9 76,4-84,8 0,000

Não 56 47,9 38,6-57,2 69 19,1 15,2-23,6

Md p75 e p75) 102,0 cm (96,6- 113,0) 100,0 cm (90,4-110,9)

RCEst3

Alterado 109 94,6 87,5-97,3 335 93,1 89,8-95,4 0,899

Normal 07 6,0 2,7-12,5 25 6,9 4,6-10,2

Md p75 e p75) 0,60 (0,60-0,70) 0,60 (0,60-0,70)

CT4

Alterado 32 43,2 31,9-55,2 143 54,8 48,5-60,9 0,104

Normal 42 56,8 44,7-68,1 118 45,2 39,1-51,5

Md p75 e p75) 196,0 (160,0- 220,0) 206,0 (176,0- 232,0)

TG5

Alterado 33 48,5 36,4-60,9 110 41,8 35,8-48,0 0,391

Normal 35 51,5 39,1-63,6 153 58,2 51,9-64,2

Md ( p75 e p75) 158,0 (115,5 -248,0) 130,0 (92,0-190,0)

LDL-c6

Alterado 32 66,7 51,5-79,2 89 42,4 35,7-49,4 0,004

Normal 16 33,3 20,8-48,5 121 57,6 50,6-64,3

Md ( p75 e p75) 112,5 (91,0- 142,5) 120,0 (96,0 -147,0)

HDL-c7

Alterado 29 52,7 38,9-66,1 108 45,4 39,0-51,0 0,403

Normal 26 47,3 33,8-61,1 130 54,6 48,1-61,0

Md ( p75 e p75) 38,0 (33,0 -49,0) 51,0 (43,0-63,0)

Glicemia

Alterado 46 62,2 50,1-73,0 147 53,6 47,5-59,6 0,239

Normal 28 37,8 27,0-49,9 127 46,4 40,4-52,5

Md (p25 e p75) 106,0 (93,0- 151,0) 100,0 (90,0-120,0)

Obs.: O número total de indivíduos em cada variável é diferente em razão do número de respondente. IC- intervalo de confiança. 1 IMC – Índice de Massa Corporal >25Kg/m²; 2 CC- Circunferência da cintura – risco muito elevado > 102cm (homem) > 88cm (mulher); 3 RCEst - relação cintura estatura (alterado > 0,50); 4 CT – Colesterol total; 5 TG - Triglicerídeos ;6 Lipoproteína de baixa densidade – LDL colesterol ; 7 Lipoproteína de alta densidade– HDL colesterol.

Page 51: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

49

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Tabela 2- Correlações entre variáveis antropométricas com perfil lipídico, glicídico e idade de pacientes do sexo masculino atendidos em ambulatórios de nutrição. Recife/PE, 2009.

Variáveis IMC

r Valor de p

CC

r Valor de p

RCEst

R Valor de p

CT 0,013 0,966 -0,072 0,652 0,120 0,081

TG 0,378 0,226 0,027 0,867 0,077 0,190

LDL-c 0,077 0,812 -0,136 0,391 0,135 0,330

HDL-c -0,028 0,931 -0,129 0,415 -0,078* 0,020

Glicemia -0,185 0,509 0,197 0,305 -0,125 0,280

Idade -0,399 0,199 -0,189 0,230 0,076 0,050

IMC – Índice de Massa Corporal; CC – Circunferência da cintura; RCEst – relação cintura estatura; r – coeficiente de correlação; CT - Colesterol total; TG- Triglicerídeos; Lipoproteína de baixa densidade – LDL colesterol; Lipoproteína de alta densidade – HDL colesterol; * Correlação significante ao nível de 0,05. Teste estatístico de Sperman

Tabela 3- Correlações entre variáveis antropométricas com perfil lipídico, glicídico e idade de pacientes do sexo feminino atendidos em ambulatórios de nutrição. Recife/PE, 2009.

Variáveis IMC

r Valor de p

CC

r Valor de p

RCEst

R Valor de p

CT -0,198 0,333 -0,008 0,970 -0,360 0,625

TG -0,372 0,061 0,242** 0,001 0,235* 0,001

LDL-c 0,042 0,840 0,052 0,483 0,021 0,778

HDL-c -0,302 0,134 -0,463** 0,000 - 0,458** 0,000

Glicemia -0,253 0,213 0,148* 0,043 0,163* 0,026

Idade -0,239 0,239 0,192** 0,009 0,273* 0,000

IMC – Índice de Massa Corporal; CC – Circunferência da cintura; RCEst – relação cintura estatura; r – coeficiente de correlação; CT - Colesterol total; TG-

Triglicerídeos; Lipoproteína de baixa densidade – LDL colesterol ;Lipoproteína de alta densidade – HDL colesterol; * Correlação significante ao nível de 0,05; **

Correlação significante ao nível de 0,01. Teste estatístico de Sperman

Page 52: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

50

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Segundo artigo

Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais

Este artigo foi enviado para publicação no periódico da Revista

da Associação Médica Brasileira.

Page 53: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

51

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Evolução antropométrica de pacientes ambulatoriais

Evolution of anthropometric outpatients

CLÁUDIA MOTA DOS SANTOS1, ABDEJANE ROCHA DE ARAÚJO

2, ILMA KRUZE GRANDE

DE ARRUDA3, ALCIDES DA SILVA DINIZ

4, POLIANA COELHO CABRAL

3.

¹ Mestranda em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco. UFPE, Recife, PE

2 Especialista em Nutrição Clínica. Nutricionista do Hospital da Restauração Recife, PE

3 Professora, Departamento de Nutrição, UFPE, Recife, PE, Brasil. Doutora em

Nutrição, UFPE, Recife, PE,Brasil

⁴Professor Departamento de Nutrição, UFPE, Recife, PE, Brasil Pós-doutorado em

Nutrição, Prince Leopold Institute of Tropical Medicine, Antuérpia, Bélgica.

O Presente trabalho foi realizado em dois hospitais da rede pública de saúde do Recife,

PE, Brasil: Hospital Barão de Lucena Av. Caxangá, nº3860 Iputinga Recife-PE CEP 50731-

000 e Hospital das Clínicas de Pernambuco Av. Professor Moraes Rego, nº 1235 Cidade

Universitária. Recife-PE CEP 50670 901

Correspondência:

Cláudia Mota dos Santos

Rua João Clementino Montarroyos, nº 175/Apto 701 Casa Caiada/ Olinda-PE.

CEP 53130390

Tel.: (81) 88076271

Endereço eletrônico: [email protected]

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética do Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Pernambuco sob o registro CEP/CCS/UFPE nº 106/11.

Page 54: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

52

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Resumo

Objetivo: Avaliar o estado nutricional de pacientes com sobrepeso, o perfil lipídico e glicídico

e o impacto do acompanhamento dietoterápico nas medidas antropométricas de pacientes

atendidos em ambulatórios de nutrição de dois hospitais públicos de Recife-PE. Métodos:

Estudo transversal no qual foi acoplada uma variável com caráter prospectivo (tempo de

acompanhamento), resultando na análise antropométrica de três momentos do atendimento. Os

indicadores avaliados foram o Índice de Massa Corporal (IMC) e a circunferência da cintura

(CC) com a classificação da OMS 1995 e 1998, respectivamente. O perfil lipídico constou de

colesterol total (CT), triglicerídeos (TG), Lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e

Lipoproteína de alta densidade (HDL-c) obtido na 1ª consulta. Resultados: Foram estudados

550 pacientes adultos com idade média de 49,4 + 13,3 anos. A prevalência de excesso de peso

pelo IMC ficou acima de 80%, não sendo evidenciado diferencial estatisticamente significante

entre os sexos (p=0,171). Por outro lado, 80,9% das mulheres e 52,1% dos homens

apresentaram CC na faixa de risco muito elevado (p=0,000). Alterações lipídicas foram

encontradas em mais de 40% da amostra. Quanto aos resultados da evolução antropométrica,

tanto o IMC quanto a CC não demonstraram diferença estatisticamente significante entre os

três momentos avaliados. Conclusões: Os resultados encontrados demonstraram alta

prevalência de alterações no perfil lipídico, ausência de redução das medidas antropométricas

após o acompanhamento de dois meses, e uma baixa taxa de adesão ao tratamento. Diante do

quadro epidemiológico da obesidade, estes achados demonstram a necessidade de mudanças

na estrutura do atendimento utilizada pelos serviços públicos para os casos de excesso de peso.

Unitermos: Índice de massa corporal, circunferência da cintura, lipídeos, antropometria.

Page 55: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

53

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Abstract

Objective: evaluate the nutritional status of patients with overweight, the lipidic and glucose

profile and the impact of dietary accompaniment on the anthropometric measures of patients

under treatment on two public hospitals of Recife, Pernambuco. Methods: transversal study

on which was linked a variable with prospective character (time of accompaniment), resulting

in the anthropometric analysis of three moments of the treatment. The evaluated indicators

where the Body Mass Index (BMI) and the Waist Circumference (WC) with the 1995 and

1998 classifications from the World Health Organization (WHO), respectively. The lipidic

profile included total cholesterol (TC), triglycerides (TG), LDL cholesterol (LDL-c) and HDL

cholesterol (HDL-c) obtained from the 1st consultation. Results: 550 adult patients, aged 49,4

+ 13,3 years were studied. The prevalence of excessive weight through the BMI was above

80%, with absence of significant statistical difference between sexes (p=0,171). On the other

hand, 80,9% of women and 52,1% of men presented high-risk levels of WC (p=0,000).

Lipidic changes were found in more than 40% of the sample. Regarding the anthropometric

evolution results, both BMI and WC didn't present significant statistical difference between

the three evaluated moments. Conclusions: The results showed high prevalence of lipidic

profile changes, absence of reduction of the anthropometric measures after the two-month

accompaniment, and a low ratio of accession to the treatment. Given the epidemiologic

situation of obesity, these findings evidence the need of treatment structure changes used by

public services to the cases of excessive weight.

Keywords: Body mass index, waist circumference, lipids, anthropometry.

Page 56: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

54

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

INTRODUÇÃO

As diversas mudanças no perfil de morbidade e mortalidade das sociedades

industrializadas que vêm ocorrendo nos últimos anos promoveram o aumento na prevalência

das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), as quais representam já há algum tempo

grave problema de saúde pública em nosso país1.

Nesse contexto, a obesidade que é uma doença metabólica crônica com característica de

excesso de gordura corporal, é um fator de risco independente para a doença cardiovascular

(DCV), Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)2,3

e juntamente com

o excesso de peso causam repercussões na qualidade de vida das pessoas4.

Devido ao crescente número de indivíduos com excesso de peso e de gordura corporal,

diferentes tipos de tratamento estão disponíveis para a população. E, mesmo considerando que

os resultados destes tratamentos estão muito abaixo da expectativa, uma modesta perda de

peso entre 5% a 10% do peso corporal inicial, quando associada a uma atividade física, pode

ter um efeito positivo sobre a saúde do paciente5.

Desta forma, a preocupação com os fatores que afetam a adesão do paciente ao

tratamento proposto, especialmente o obeso, também devem fazer parte da estratégia

estabelecida para os programas de perda de peso, visto que, frequentemente são observadas

altas taxas de insucesso, decorrentes de dificuldades de emagrecimento e precária manutenção

dos resultados6.

A intervenção terapêutica na avaliação da perda de peso é comumente realizada pelo

Índice de Massa Corporal (IMC), método simples, prático e de fácil execução, utilizado como

referência de adiposidade corporal7, e pela Circunferência da cintura (CC), medida

antropométrica que estima a gordura abdominal, a qual já se sabe está mais associada a riscos

cardiovasculares como dislipidemias e hipertensão arterial8.

Entretanto, são poucos os estudos que investigam as modificações nas medidas

antropométricas após a intervenção nutricional. Baseado nisto, o presente trabalho objetivou

avaliar o impacto do acompanhamento nutricional nas medidas antropométricas de pacientes

atendidos em dois ambulatórios de hospitais públicos do Recife-PE.

MÉTODOS

Estudo transversal, com base no modelo analítico, no qual foi acoplada uma variável

com caráter prospectivo (tempo de acompanhamento). Foi realizado em ambulatórios de

atendimento geral em nutrição de dois hospitais da rede pública de saúde do Nordeste do

Page 57: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

55

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Brasil, Hospital Barão de Lucena (HBL) e Hospital das Clínicas (HC), e contou com a

participação de 550 indivíduos admitidos para orientação nutricional no período de janeiro a

dezembro de 2009, sendo o intervalo de trinta dias entre as consultas o período adotado nos

dois ambulatórios.

Foram estudados todos os pacientes de ambos os sexos na faixa etária superior a 19

anos, sendo excluídas as gestantes, pacientes portadores de doenças consumptivas, pacientes

que tenham utilizado medicamento para perda de peso nos últimos seis meses ou que tenham

realizado cirurgias plásticas, tipo abdominoplastia ou portadores de patologia que pudessem

modificar a distribuição da gordura corporal.

Dados sócio demográficos, antropométricos e informações de atendimento (idade, sexo,

peso da 1ª, 2ª e última consulta, altura, tempo de acompanhamento) foram coletados pelos

dois profissionais responsáveis pelos referidos ambulatórios e transcritos para formulário

criado para esse estudo.

Para a determinação do peso corporal e estatura dos pacientes, os dois ambulatórios

seguem as técnicas preconizadas por Lohman9, sendo utilizada balança tipo plataforma,

capacidade 150 kg com divisão de 100g e estadiômetro acoplado com precisão de 1 mm.

Tanto o peso quanto a altura serviram de base para o cálculo do IMC sendo que a classificação

utilizada foi a proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1995)10

. Nesse estudo, a

CC foi aferida com uma fita métrica não extensível de acordo com as normas e os pontos de

corte recomendados pela OMS (1998)11

.

O perfil lipídico consta de colesterol total (CT), triglicerídeos (TG), Lipoproteína de

baixa densidade (LDL-c) e Lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e foi coletado dos

prontuários dos pacientes. Os exames bioquímicos foram realizados nos laboratórios dos dois

hospitais através de equipamentos automatizados, COBAS integra 400 plus da Empresa

ROCHE e método automático ARCHITECT para o perfil lipídico no HBL e HC

respectivamente.

A construção do banco de dados e a análise estatística foram realizadas no programa

Epi info versão 6.04, com dupla entrada e utilização do módulo Validate. Para verificar

associações entre as variáveis dicotômicas foi aplicado o teste de qui-quadrado, sendo adotado

o nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal de Pernambuco sob o registro CEP/CCS/UFPE nº 106/11.

Page 58: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

56

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

RESULTADOS

Foram avaliados 550 pacientes de ambos os sexos (76,4% de mulheres) com média de

idade de 49,4 + 13,3 anos. O atendimento nutricional dava-se principalmente pelo excesso de

peso e presença de HAS. A Tabela 1 mostra as variáveis sociodemográficas e do estilo de vida

dos pacientes avaliados por sexo. Quanto à escolaridade, apenas 40,9% dos homens e 28,1%

das mulheres possuíam mais de oito anos de estudo (p= 0,029). No que se refere ao estilo de

vida (ingestão alcoólica e tabagismo) verificou-se um percentual mais elevado nos indivíduos

do sexo masculino, com 36,5% dos homens contra 16,7% das mulheres referindo ingestão de

álcool (p= 0,000) e 9,6% dos homens contra 4,3% das mulheres referindo serem fumantes (p=

0,017).

As variáveis antropométricas, clínicas e laboratoriais dos pacientes no primeiro

atendimento, estão apresentadas na Tabela 2. Avaliando o excesso de peso pelo IMC, em

ambos os sexos, a prevalência apresentou-se elevada, acima de 80%, não sendo evidenciado

diferencial estatisticamente significante na comparação entre os sexos (p=0,171). Por outro

lado, 80,9% das mulheres e 52,1% dos homens apresentaram CC na faixa de risco muito

elevado (p=0,000).

Quanto à ocorrência de DCNT, tais como HAS e DM tipo II, o percentual foi elevado

em ambos os sexos. Quanto aos parâmetros laboratoriais avaliados, foi evidenciada alteração

para CT, TG, LDL-c e HDL-c em mais de 40% da amostra. No entanto, só foi encontrado

diferencial estatisticamente significante entre os sexos para o LDL-c, com 66,7% e 42,4% dos

homens e mulheres respectivamente, apresentando valores alterados (p=0,004).

Na Tabela 3, encontram-se os resultados da evolução do estado nutricional (IMC e CC)

em relação ao tempo de acompanhamento de dois meses. Em ambos os parâmetros não houve

diferencial estatisticamente significante entre a 1ª e 2ª consultas (intervalo de um mês) e 1ª e 3ª

consultas (intervalo de dois meses). Analisando a ocorrência de excesso de peso, por

escolaridade e faixa etária, também não foi encontrado diferencial estatisticamente significante

nos três momentos avaliados, exceto nas mulheres com mais de oito anos de estudo em que a

frequência de excesso de peso no atendimento inicial foi de 73,1% contra 88,1% das mulheres

com menor grau de escolaridade (p= 0,009). No entanto, na 2ª e 3ª consultas não foi

encontrado diferencial estatisticamente significante entre a ocorrência de excesso de peso e o

grau de escolaridade.

Page 59: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

57

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Por outro lado, no estudo comparativo entre as médias de peso de homens e mulheres

nas três consultas avaliadas, verifica-se que entre os homens a média ponderal inicial foi de

90,9 Kg + 27,5 reduzindo-se para 82,9 Kg + 27,3 na segunda consulta, uma perda de 8 Kg em

30 dias (p= 0,302). Contudo, no terceiro momento de avaliação, o peso havia retornado para

89,2 Kg + 31,1. Quanto às mulheres que iniciaram atendimento nutricional com uma média

ponderal de 75,8 Kg + 16,07 a perda foi de 4,5 Kg entre o primeiro e segundo momento

avaliado (p= 0,098) e de forma semelhante aos homens, houve ganho de peso na terceira

consulta com média de 73,9 Kg + 15,6.

Avaliando a adesão dos pacientes ao tratamento nutricional proposto, verifica-se que dos

550 pacientes que iniciaram o tratamento, menos de 50% compareceram à segunda consulta e

apenas aproximadamente 20% prosseguiram com o tratamento até o terceiro mês.

DISCUSSÃO

A alta prevalência do sexo feminino em nosso estudo provavelmente está relacionada à

preocupação que as mulheres têm com a sua saúde, fato este que torna a procura aos serviços

de saúde maior neste gênero12, 13

. No que se refere à idade, observou-se que os pacientes de

ambos os sexos apresentaram idade média superior a 45 anos, podendo este fato ser explicado

pelo crescente aumento da longevidade e consequente elevação na prevalência de DCNT em

níveis epidêmicos, como a obesidade, as doenças cardiovasculares, DM tipo 2, HAS, entre

outras14

, algumas destas, motivo da procura ao atendimento nutricional. Nesta casuística

verificou-se baixa escolaridade em ambos os sexos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE (2010)15

o acesso à educação ainda está diretamente

relacionada com a renda familiar e no sexo masculino ocorreu uma queda mais acentuada dos

percentuais de analfabetos entre os anos de 1999 a 2009. Este achado corrobora o diferencial

em anos de estudo que encontramos a favor do gênero masculino.

Na avaliação dos resultados encontrados quanto ao estilo de vida, verifica-se que o

consumo de bebidas por ambos os sexos é maior do que o encontrado na pesquisa realizada

pelo Ministério da Saúde (MS,2011)16

com 54 mil pessoas nas 27 capitais do País, onde se

constatou que cerca de 27% dos homens e pouco menos de 10% das mulheres entrevistados

declararam ter consumido álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa. De forma semelhante aos

resultados do MS, neste estudo, o consumo de álcool foi bem superior no sexo masculino,

dado evidenciado por outros autores17, 18

.

Page 60: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

58

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Em relação ao tabagismo, segundo esta mesma pesquisa do MS16

, houve uma redução

no hábito de fumar, principalmente para o sexo masculino, que passou de 20,2% para 17,9%,

e para as mulheres o percentual não se alterou, continuando em torno de 12,7%, resultados

bem acima dos encontrados neste estudo. O tabagismo é considerado o principal fator de risco

passível de prevenção para várias doenças crônicas e é responsável por um grande número de

mortes prematuras no mundo19

.

Analisando as variáveis antropométricas, foi observado excesso de peso em mais de

80% dos pacientes. Prevalências bem elevadas também foram encontradas por outros autores

nas regiões sudeste e nordeste do país, avaliando indivíduos atendidos em unidades básicas de

saúde12, 20

. Esses valores são preocupantes visto que o excesso de peso é um importante fator

de risco para outras doenças crônicas, como HAS, DM tipo II, aumentando o risco

cardiovascular21

e pode ter relação com a faixa etária, fato verificado por Gigante (1997)22

que observou uma proporção de obesidade quatro vezes mais elevada acima dos quarenta

anos, faixa etária similar à desse estudo.

Nesta população, no que se refere a CC, as mulheres apresentaram frequência de risco

muito elevado bem superior a encontrada para os homens. Resultados semelhantes foram

encontrados por Geraldo et al (2008)23

no seu estudo com diabéticos onde a prevalência de

CC na faixa de risco muito elevada ficou em torno de 80,0%. Sendo a CC um parâmetro

utilizado como referência para avaliar o acúmulo de gordura na região central24

, e

frequentemente está mais associada que o IMC à presença de dislipidemia, resistência à

insulina e principalmente HAS, fatores que aumentam a chance para a ocorrência de

complicações cardiovasculares25

, estes achados nos mostra a urgência no controle desta

medida antropométrica. Por outro lado, vale ressaltar que apesar desta prevalência de CC

apresentar-se maior no sexo feminino, Sánchez et al (2010)26

encontraram em seu estudo que

de uma maneira geral as mulheres acumulam mais gordura subcutânea na região abdominal, e

nos homens ocorre mais tecido adiposo visceral o que possibilita um maior risco para as

DCNT entre eles, visto que a gordura visceral tem mais características pró inflamatórias

quando comparada a gordura subcutânea27

.

A alta ocorrência de HAS e DM tipo 2 presente neste estudo está de acordo com os

dados da III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (III PESN)28

que avaliando adultos acima

de 25 anos no estado de Pernambuco, encontraram 34% e 16% de hipertensos e diabéticos

respectivamente. As prevalências um pouco mais elevadas deste estudo podem ser explicadas

Page 61: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

59

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

por ter sido esta casuística composta por pacientes em busca de tratamento clínico-

nutricional.

Quanto aos parâmetros bioquímicos, a prevalência de alterações no perfil lipídico dos

pacientes avaliados ficou próximo a 50%, resultados acima dos encontrados pela III PESN28

onde a prevalência de CT e TG achavam-se alterados em 36% e 19% dos indivíduos

respectivamente. Diferentemente desta casuística, o estudo desenvolvido por Souza et al

(2003)25

, apresentou maior prevalência de alteração de LDL-c para o sexo feminino em

qualquer faixa etária. Contudo, neste mesmo estudo os autores verificaram que os homens

apresentaram índices muito mais significativos em relação às dislipidemias quando

comparados às mulheres, podendo explicar a maior incidência de distúrbios ateroscleróticos

nos homens25

, resultados não evidenciados nesta amostra. Avaliando os resultados

encontrados nesta população para o HDL-c, verificou-se uma prevalência bem menor (27,1%)

de alteração nos achados de Marcopito et al (2005)29

, estudo com indivíduos de 15-59 anos,

com prevalência de obesidade em 13,7% da amostra. Reforçando a hipótese de que o excesso

de peso geralmente está associado a alterações lipídicas30

e que seu tratamento pode ser

decisivo na redução das DCNT.

A avaliação do estado nutricional através do IMC e da CC é um parâmetro de

acompanhamento da intervenção nutricional. Nesta amostra, não foi evidenciado diferencial

estatisticamente significante nos parâmetros antropométricos entre os três momentos

avaliados (1ª, 2ª e 3ª consultas). Estes resultados podem nos levar a supor que o curto tempo

de acompanhamento neste estudo pode não ter sido suficiente para que se evidenciasse

mudança significativa no peso e na composição corporal. Contudo, ao avaliarmos um estudo

de intervenção com duração de 12 meses20

e taxa de adesão acima de 90%, apenas as medidas

da CC tiveram redução significante.

Entre os pacientes da amostra estudada não foi encontrado diferencial estatisticamente

significante para o estado nutricional nos três momentos avaliados e o grau de escolaridade.

Entretanto, vale ressaltar que no atendimento inicial, as mulheres com mais de oito anos de

estudo apresentaram frequência inferior de excesso de peso, o que pode está refletindo o

status sócio-econômico, pois a busca por um corpo magro é muito comum entre as mulheres

de melhor grau de instrução31

.

Fato interessante é que apesar de não ter ocorrido diferencial estatisticamente

significante na classificação nutricional entre os três momentos avaliados, a média da perda

Page 62: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

60

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

ponderal nos homens entre a 1ª e 2ª consulta foi de 8 Kg o que apesar de não ter sido

estatisticamente significante, foi bastante significativo do ponto de vista clínico o que pode

sugerir a motivação no início do tratamento, e a maior facilidade da perda ponderal nessa fase.

Entre as mulheres este valor também foi bom com uma média de 4,5 Kg. No entanto, em

ambos os sexos houve ganho ponderal entre a 2ª e 3ª consultas, demonstrando a necessidade

de se rever a estratégia de intervenção proposta para esses indivíduos.

O tratamento dietoterápico inclui a associação de mudanças no estilo de vida, com

intervenção dietética e prática de atividade física regular32

. Assim, as alterações nos

parâmetros antropométricos dependem da adesão ao tratamento proposto, que compreendem a

frequência dos atendimentos, reconhecimento da sua condição de saúde e identificação de

hábitos de risco33

. Doentes crônicos tem menor adesão ao tratamento visto que exige grande

empenho do paciente e deve ser seguido por toda a vida34

.

Segundo Bautista-Castaño (2004)6 existe uma grande dificuldade em definir critérios

que determinem a adesão a um tratamento, em geral uma taxa de adesão de 20 a 45% é

considerada satisfatória. No entanto, na população estudada com taxa de adesão de 20%, dos

550 pacientes que iniciaram o tratamento, apenas 235 retornaram para a 2ª consulta e 94 para

terceiro momento avaliado. Desse modo, 20% de adesão nesse estudo não pode ser

considerado adequado. Contrariamente ao presente estudo, Rickheim et al (2002)35

relataram

uma adesão de 72% após três meses de acompanhamento com pacientes DM tipo 2. Inelmen

et al (2005)36

, em pesquisa com 383 pacientes em tratamento ambulatorial para obesidade,

encontraram uma taxa de adesão próxima dos 30% e Guimarães et al (2010)5, em sua

pesquisa de intervenção controlada e aberta com duração de três meses encontraram uma taxa

de adesão abaixo de 40%.

Neste contexto, alguns autores 20,36,37

destacaram entre os fatores que podem dificultar

esta adesão, problemas pessoais, ausência de apoio familiar, falta de motivação, sedentarismo,

idade avançada, ausência de tratamentos anteriores. E também uma melhor adesão quando o

acompanhamento terapêutico é realizado pelo mesmo profissional, com um menor tempo de

espera pela consulta e menor número de atendimentos por turno do ambulatório. Neste estudo,

nenhum dos fatores acima citados esteve presente, o que pode justificar a baixa taxa de adesão

encontrada.

Page 63: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

61

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Em ambulatórios públicos, sempre a demanda é muito maior que a oferta, obrigando o

profissional a atender um número de paciente sempre maior do que o preconizado, o que

diminui a qualidade no atendimento e consequentemente as chances de sucesso no tratamento.

Esta pesquisa deve ser analisada diante de limitações tais como a ausência de avaliação

da atividade física dos pacientes, coadjuvante no tratamento dos indivíduos com excesso de

peso e a falta na análise dos hábitos alimentares, importante na determinação das alterações

do perfil lipídico.

CONCLUSÃO

Os resultados encontrados nesta população demonstraram alta prevalência de alterações

no perfil lipídico, falta de impacto na redução das medidas antropométricas após o

acompanhamento nutricional de dois meses, e uma baixa taxa de adesão ao tratamento. Diante

do quadro epidemiológico da obesidade, estes achados demonstram a necessidade de

mudanças na estrutura do atendimento atualmente utilizada pelo serviço público para os casos

de excesso de peso e obesidade.

Page 64: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

62

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

REFERÊNCIAS

1. Castro LC, Franceschini SC, Priore SE, Peluzio MC. Nutrição e doenças

cardiovasculares: os marcadores de risco em adultos. Rev Nutr 2004; 17: 369-77.

2. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do

Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq. Bras.

Cardiol 2007; 88: 2-19.

3. Corrêa FHS, Taboada GF, Júnior CRMA, Faria AM, Clemente ELS, Fuks AG et al.

Influência da gordura corporal no controle clínicos e metabólico de pacientes com

Diabetes Mellitus Tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47: 62-68.

4. Cormick SE, Clarke CI. Prevention and management of overweight/obesity in the

community. Nutr Bullet. 2004; 29: 274-9.

5. Guimarães NG, Dutra ES, Ito MK, Carvalho KMB. Adesão a um programa de

aconselhamento para adultos com excesso de peso e comorbidades. Rev Nutr 2010;

23(3): 323-33.

6. Bautista-Castaño I, Molina-Cabrillana J, Montoya-Alonso JÁ, Serra-Majem L.

Variables predictive of adherence to diet and physical activity recommendations in

the treatment of obesity and owerweight, in a group of Spanish subjects. Int J Obes.

2004; 28(5): 697-705.

7. Vasques ACJ, Priore SE, Rosado LEFPL, Franceschini, SCC. Utilização de medidas

antropométricas para a avaliação do acúmulo de gordura visceral. Rev. Nutr.2010;

23(1): 107-18.

8. Mariath AB, Grillo LP, da Silva RO, Schmitz P, de Campos IC, Medina,JRP et al.

Obesidade e fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não

transmissíveis entre usuários de unidade de alimentação e nutrição. Cad Saúde

Pública.2007; 23(4): 897-905.

9. Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Anthropometric standardization reference

manual. Abridged, 1991.

10. World Health Organization. Physical status: The use and interpretation of

anthropometry. WHO Technical Report Series, n. 854, 1995.

11. World Health Organization – WHO. Obesity. Report WHO Consult. Obesity

(Geneva), p. 7-15, 1998.

12. Batista MCR, Franceschini SCC. Impacto da Atenção Nutricional na Redução dos

Níveis de Colesterol Sérico de Pacientes Atendidos em Serviços Públicos de Saúde.

Arq Bras Cardiol 2003; 80 (2): 162-66.

Page 65: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

63

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

13. Batista MCR, Priore SE, Rosaldo LEFPL, Tinôco, ALA, Franceschini SCC. Avaliação

dos resultados da atenção multiprofissional sobre o controle glicêmico, perfil lipídico

e estado nutricional de diabéticos atendidos em nível primário. Rev Nutr 2005; 18(2):

219-28.

14. WHO. World Health Organization. Joint report of expert consultation. Diet, nutrition

and the prevention of chronic diseases. Geneva, 2003. (WHO – Technical Report

Series, 916).

15. Síntese de indicadores sociais- SIS 2010. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acessado

em 21/jun/2011.

16. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Gestão

Estratégica e Participativa. Vigitel Brasil 2011 – Vigilância de fatores de risco e

proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Ministério da Saúde; 2011.

17. Horta RH, Horta BL, Pinheiro RT, Morales B, Strey MN. Tabaco, álcool e outras

drogas psicoativas nos adolescentes escolares de Assis, SP. Rev Saude Publica. 2007;

23(4): 775-83.

18. Laranjeira R, Hinkly D. Evaluation of alcohol outlet density and its relation with

violence. Rev Saude Publica. 2002; 36(4): 455-61.

19. WHO. World Health Organization. The world health report 2002. Reducing risks,

promoting healthy life. Geneva; 2002.

20. Costa PR de F, Assis AMO, Silva M da CM, Santana MLP, Dias JC, Pinheiro SMC et

al. Mudança nos parâmetros antropométricos: a influência de um programa de

intervenção nutricional e exercício físico em mulheres adultas. Cad Saúde

Pública.2009; 25(8):1763-73.

21. Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças crônico-degenerativas e obesidade:

estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília:

Organização Pan-Americana da Saúde; 2003.

22. Gigante DP, Barro FC, Post CLA, Olinto MTA. Prevalência de obesidade em adultos

e seus fatores de risco. Rev Saúde Pública. 1997; 31(3): 236-46.

23. Geraldo JM, Alfenas R de CG, Alves RDM, Queiroz VMV, Bitencourt MCB.

Intervenção nutricional sobre medidas antropométricas e glicemia de jejum de

pacientes diabéticos. Rev Nutr 2008; 21(3): 329-40.

24. WHO. World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global

epidemic. Report WHO consultation. Geneva; 2000.Technical Report Series, 894.

25. Souza LJ, Filho JTDS, Souza TF, Reis AFFR, Neto CG, Bastos DA et al. Prevalência

de dispidemia e fatores de risco em Campos dos Goytacazes-RJ. Arq Bras Cardiol

2003; 81(3):249-56.

Page 66: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

64

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

26. Sanchez CMP, Falo EMM, Navarro SZ, Aza MG. Study and classification of the

abdominal adiposity throughout the application of the two-dimensional predictive

equation Garaulet et al., in the clinical practice. Nutr Hosp 2010; 25 (2):270-74.

27. Huffman DM, Barzilai N. Role of visceral adipose tissue in aging. Biochimica et

Biophysica Acta 2009; 1117-23.

28. Departamento de Nutrição/Universidade Federal de Pernambuco/Instituto Materno

Infantil Prof. Fernando Figueira/ Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. III

Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (III PESN-2006). Síntese dos resultados.

Recife, 2008. Disponível em: Acesso em 05 de junho de 2011.

29. Marcopito LF, Rodrigues SSF, Pacheco MA, Shirassu MM, Goldfeder AJ, Moraes

MA. Prevalência de alguns fatores de risco para doenças crônicas na cidade de São

Paulo. Rev Saúde Pública. 2005; 39(5): 738-45.

30. Guimarães, AC. Sobrepeso, obesidade e dislipidemia. Hipertensão. 2002; 5(1):23-26.

31. Magalhães VC, Mendonça GAS. Prevalência e fatores associados a sobrepeso e

obesidade em adolescentes de 15 a 19 anos das Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil.

1996 a 1997. Cad Saude Publica 2003; 19(1).S129-S139.

32. Gottschall, CBA, Busnello FM. Terapia nutricional na síndrome metabólica, In:

Gottschall CBA, Busnello FM. Nutrição na síndrome metabólica. São Paulo: Editora

Atheneu; 2009. P. 177- 83.

33. Silveira LMC, Ribeiro VMB. Grupo de adesão ao tratamento: espaço de “ensinagem”

para profissionais de saúde e pacientes. Interface – Comunic Saúde Educ. 2004; 9(16):

91-104.

34. WHO. World Health Organization. Adherence to Long Therm Therapies – Evidence

for Actions. 2003 Publication. Chapter XIII, p.120.

35. Rickheim PL, Weaver TW, flater JI, Kendall DM. Assessment of group versus

individual diabetes education: a randomized study Diabetes Care.2002;25(2):269-74.

36. Inelmen E, Toffanello ED. Enzi G, Gasparini G, Mioto F, Sergi G, et al. Predictors of

drop-out in overweight and obese outpatients. Int J Obes. 2005; 29(1): 122-28.

37. Teixeira PJ, Going SB, Houtkooper LB, Cussier EC, Metcalfe LL, Blew RM et al.

Pretreatment predictors of attrition and successful weight management in women. Int

J Obes 2004; 28(9): 1124-33.

Page 67: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

65

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Tabela 1 – Características sociodemográficas e do estilo de vida por sexo de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009.

VARIÁVEIS PACIENTES

MASCULINO FEMININO

N % IC95%* N % IC95%* p-valor**

Idade 0-44 53 40,8 32,34-49,75 134 31,9 27,51-36,63 45-59 48 36,9 28,63-45,83 193 46,0 41,12-50,85 0,126 >60 29 22,3 15,67-30,61 93 22,1 18,32-26,48 Total 130 100,0 420 100,0

Escolaridade (anos de estudo) < 8 anos 52 59,1 48,08-69,29 233 71,9 66,62-76,67 0,029

> 8 anos 36 40,9 30,70-51,91 91 28,1 23,32-33,37

Total 88 100,0 324 100,0 Ingestão de álcool Sim 42 36,5 27,89-46,07 62 16,7 13,10-20,93 0,000 Não 73 63,5 53,93-72,11 310 83,3 79,06-86,89 Total 115 100,0 372 100,0 Tabagismo Sim 11 9,6 5,10-16,84 16 4,3 2,54-6,98 Não 98 85,2 77,10-90,91 351 93,6 90,5-95,77 0,017 Ex-fumante 06 5,2 2,14-11,48 08 2,1 0,99-4,33 Total 115 100,0 375 100,0

Obs.: O número total de indivíduos em cada variável é diferente em razão do número de respondentes. * IC = Intervalo de confiança ** teste de qui-quadrado

Page 68: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

66

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Tabela 2 - Características antropométricas, clínicas e laboratoriais de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2009.

VARIÁVEIS PACIENTES

MASCULINO FEMININO

Excesso de peso IMC1

N % IC95%* N % IC95%* p-valor**

Sim 117 90,7 83,98-94,88 354 85,5 81,66-88,68 0,171 Não 12 9,3 5,11-16,02 60 14,5 11,32-18,34

CC – risco muito elevado2

Sim 61 52,1 42,74-61,38 293 80,9 76,42-84,77 0,000 Não 56 47,9 38,61-57,25 69 19,1 15,22-23,57

HAS3 Sim 55 42,6 34,07-51,65 197 47,5 42,59-52,40 0,389 Não 74 57,4 48,35-65,93 218 52,5 47,60-57,41

DM4 Sim 38 30,2 22,47-39,07 113 27,5 23,29-32,13 0,639 Não 88 69,8 60,92-77,53 298 72,5 67,87-76,71

Colesterol total5 Alterado 32 43,2 31,94-55,25 143 54,8 48,53-60,90 0,104 Normal 42 56,8 44,74-68,06 118 45,2 39,10-51,47

Triglicerídeos6 Alterado 33 48,5 36,36-60,86 110 41,8 35,84-48,05 0,391 Normal 35 51,5 39,13-63,64 153 58,2 51,95-64,16

LDL-c7 Alterado 32 66,7 51,49-79,19 89 42,4 35,66-49,38 0,004 Normal 16 33,3 20,81-48,51 121 57,6 50,62-64,33

HDL-c8 Alterado 29 52,7 38,93-66,14 108 45,4 38,97-51,03 0,403 Normal 26 47,3 33,85-61,06 130 54,6 48,06-61,02 Obs.: O número total de indivíduos em cada variável é diferente em razão do número de respondente. *IC- intervalo de confiança. 1- Excesso de peso – IMC>25Kg/m²; 2- CC- circunferência da cintura – risco muito elevado > 102cm (homem) > 88cm (mulher); 3-HAS-hipertensão arterial sistêmica 4-DM-diabetes melitus tipo II; 5-CT-colesterol total, alterado > 200mg/dl; 6-TG-triglicerído alterado > 150mg/dl; 7-LDL-c alterado > 130mg/dl; 8-HDL-c alterado <50mg/dl-mulheres e <40mg/dl-homens ** teste de qui-quadrado

Page 69: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

67

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

Tabela 3 - Evolução de parâmetros antropométricos por sexo no período de acompanhamento de pacientes atendidos em ambulatórios de nutrição, Recife/PE, Brasil, 2011.

Inicial 2ª consulta 3ª consulta

N % N % N %

Sexo masculino

IMC1

Eutrófico 12 9,4 12 17,4 06 23,1

Sobrepeso 51 39,8 25 36,2 08 30,8

Obesidade 65 50,8 32 46,4 12 46,1

Total 128 100,0 69 100,0 26 100,0

CC2

Risco muito elevado 61 52,1 20 51,3 10 43,5

s/ risco muito elevado 56 47,9 19 48,7 13 56,5

Total 117 100,0 39 100,0 23 100,0

Sexo feminino

IMC1

Eutrófico 59 14,4 24 12,1 13 15,3

Sobrepeso 136 33.3 72 36,1 26 30,6

Obesidade 214 52,3 103 51,8 46 54,1

Total 409 100,0 199 100,0 85 100,0

CC2

Risco muito elevado 293 80,9 106 87,6 69 85,2

s/ risco muito elevado 69 19,1 15 12,4 12 14,8

Total 362 100,0 121 100,0 81 100,0 1

- IMC - Índice de massa corporal; 2- CC - Circunferência da cintura. Não foram encontrados

diferenciais estatisticamente significantes entre os valores da consulta inicial x 2ª consulta (1 mês de intervalo) nem da consulta inicial x 3ª consulta (2 meses de intervalo) pelo teste de qui-quadrado.

Page 70: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

68

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Os resultados do presente estudo indicam a necessidade do melhor registro das

informações adquiridas durante a realização da consulta nutricional, quer sejam as medidas

antropométricas, dados bioquímicos ou outros de relevância para a avaliação inicial do

paciente e planejamento do tratamento.

Os fatores envolvidos na baixa taxa de adesão ao tratamento devem ser investigados,

a fim de que as modificações esperadas tanto nas medidas antropométricas como no controle

do perfil metabólico após a conduta nutricional sejam alcançadas.

Sugere-se ainda que a RCEst, diante da sua boa relação com as variáveis lipídicas e

por se tratar de um indicador de fácil obtenção e interpretação, pode vir a ser utilizada para

discriminar dislipidemia e alterações do perfil glicídico. Diante deste fato, mais estudos com

adultos são necessários a fim de que se possa observar o poder discriminatório deste indicador

para dislipidemias e hiperglicemia, bem como para outros fatores de risco das doenças

cardiovasculares neste grupo.

Page 71: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

69

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

6 REFERÊNCIAS

AHIMA, R.S.; FLIER, J.S. Adipose tissue as an endocrine organ. Trends in Endocrinololy

and Metabolism. USA, v. 11, p. 327-332, 2000.

ASHWELL, M.; HSIEH, S. D. Six reasons why the waist-to-height ratio is a rapid and

effective global indicator for health risks of obesity and how its use could simplify the

international public health message on obesity. International Journal of Food Sciences and

Nutrition, v. 56, n. 5, p. 303-307, 2005.

ALMEIDA, R.T.; ALMEIDA, M.M.G.; ARAÚJO, T.M. Obesidade abdominal e risco

cardiovascular: desempenho de indicadores antropométricos em mulheres. Arquivos

Brasileiros de Cardiologia. Bahia, v.92, n. 5, p. 375-380, 2009.

AMERICAN DIABETES ASSOCIATION – ADA. Diagnosis and Classification of Diabetes

Mellitus. Diabetes Care. v.31(suplement 1): S55-S60, 2008.

ARANCETA-BARTRINA, J ; SERRA-MAJEM, L; FOZ-SOLA, M et al. Prevalence of

obesity in Spain. Medicina clinica. Barcelona, v. 125, n. 12, p. 460-466, 2005.

AVEZUM, A.; PIEGAS, L.S.; PEREIRA, J.C.R. Fatores de risco associados com infarto

agudo do miocárdio na região metropolitana de São Paulo: uma região desenvolvida em um

país em desenvolvimento. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. São Paulo, v. 84, n. 3, p.

206-213, 2005.

AVILA AL. Tratamento não farmacológico da síndrome metabólica: abordagem do

nutricionista. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. v.4, p.652-

658, 2004.

BARROSO, S.G.; ABREU, V.G.; FRANCISCHETTI, E.A.A. Participação do Tecido

Adiposo Visceral na Gênese da Hipertensão e Doença Cardiovascular Aterogênica: um

conceito emergente. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. São Paulo, v.78, n.6, p. 618-630,

2002.

BAUTISTA-CASTAÑO, I; MOLINA-CABRILLANA, J; MONTOYA-ALONSO, J.A. et al.

Variables predictive of adherence to diet and physical activity recommendations in the

treatment of obesity and owerweight, in a group of Spanish subjects. International Journal

of Obesity. Espanha, v. 28, n.5, p. 697-705, 2004.

Page 72: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

70

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

BERENSON, G.S.; SRINIVASAN, S.R.; BAO, W. et al. Association between multiple

cardiovascular risk factors and atherosclerosis in children and young adults. The Bogalusa

Heart Study. The New England Journal of Medicine. USA, v. 338, p. 1650-1656, 1998.

BERTSIAS, G.; MAMMAS, I.; LINARDAKIS, M. et al. Overweight and obesity in relation

to cardiovascular disease risk factors among medical students in Crete, Greece. BMC Public

health. Grécia, v. 3, p. 1-9, 2003.

BJÖRNTORP, M.D. Body fat distribution, insulin resistance, and metabolic diseases.

Nutrition. Suécia, v. 13, n. 9, p. 795-803, 1997.

BOTREL, T.E.A.; COSTA, R.D.; COSTA, M.D. et al. Doenças cardiovasculares: causas e

prevenção. Revista Brasileira de Clinica e Terapêutica. v. 26, n. 3, p. 87-90, 2000.

CASTRO, L.C.V.; FRANCESCHINNI, S.C.C.; PRIORE, S.E. et al. Nutrição e doenças

cardiovasculares: os marcadores de risco em adultos. Revista de Nutrição. Campinas, v. 17,

n. 3, p. 369-377, 2004.

CERCATO, C.; MANCINI, M.C.; ARGUELLO, A.M.C. et al. Systemic hypertension,

diabetes mellitus, and dyslipidemia in relation to body mass index: evaluation of a Brazilian

population. Revista do Hospital das Clinicas. São Paulo, v. 59, n. 3, p. 113-118, 2004.

CORRÊA, F.H.S.; TABOADA, G.F.; JÚNIOR, C.R.M.A. et al. Influência da gordura

corporal no controle clínicos e metabólico de pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2.

Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. São Paulo, v. 47, n.1,p.62-68,

2003.

DALTON, M.; CAMERON, A.J.; ZIMMET, P.Z. et al. Waist circunference, waist-hip ratio

and body mass índex and their correlation with cardiovascular disease risk factors in

Australian adults. Journal of Internal Medicine. Austrália, v. 254, n. 6, p. 555-563, 2003.

DESPRES, J.P.; MOORJANI, S.; LUPIEN, P.J. et al. Regional distribution of fat, plasma

lipoproteins, and cardiovascular disease. Arteriosclerosis. Canadá, v. 10, p. 497-511, 1990.

DESPRES, J.P.; LEMIEUX, I.; PRUD’HOMME, D. Treatment of obesity: need to focus on

high risk abdominally obese patients. British Medical Journal. v. 322, p. 716-720, 2001.

Page 73: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

71

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

EYKEN, E.B.B.D. van; MORAES, C.L. Prevalência de fatores de risco para doenças

cardiovasculares entre homens de uma população urbana do Sudoeste do Brasil. Cadernos de

Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 111-123, 2009.

FERREIRA, M.G.;VALENTE, J.G.; GONÇALVES-SILVA, R.M.V. et al. Acurácia da

circunferência da cintura e da relação cintura-quadril como preditores de dislipidemias em

estudo transversal de doadores de sangue de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Cadernos de

Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 307-314, 2006.

FLEGAL, K.M., SHEPHERD, J.A., LOOKER, A.C. et al. Comparisons of percentage body

fat, body mass index, waist circumference, and waist-stature ratio in adults. The American

Journal of Clinical Nutrition. v. 89, p. 500-508, 2009.

FONTAINE, K.R.; REDDEN, D.T; WANG, C. et al. Years of life lost due to obesity. The

Journal of the American Medical Association. v. 289, p. 187-193, 2003.

FORTI; DIAMENT J. Lipoproteínas de Alta Densidade : Aspectos Metabólicos, Clínicos,

Epidemiológicos e de Intervenção Terapêutica. Atualização para os Clínicos. Arquivos

Brasileiros de Cardiologia. v.87, p.672-679, 2006.

FRANCISCHI, R.P.P.; FERRREIRA, L.O; FREITAS, C.S.et al. Obesidade: atualização sobre

sua etiologia, morbidade e tratamento. Revista de Nutrição. Campinas, v. 13, n. 1, p. 17-28,

2000.

GIROTTO, E.; ANDRADE, S.M.; CABRERA, M.A.S. et al. Prevalência de Obesidade

abdominal em hipertensos cadastrados em uma unidade de saúde da família. Arquivos

Brasileiros de Cardiologia. Paraná, v. 94, n. 6, p. 754-762, 2010.

GOTTSCHALL, C.B.A; BUSNELLO F.M. Terapia nutricional na síndrome metabólica, In:

Gottschall C.B.A, Busnello F.M. Nutrição na síndrome metabólica. São Paulo: Editora

Atheneu; p. 177- 83, 2009.

GUIMARÃES, N.G.; DUTRA, E.S.; ITO, M.K. et al. Adesão a um programa de

aconselhamento para adultos com excesso de peso e comorbidades. Revista de Nutrição.

Campinas, v. 23, n.3, p. 323-33, 2010.

Page 74: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

72

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

HAUN, D.R.; PITANGA, F.J.G.; LESSA, I. Razão cintura/estatura comparado a outros

indicadores antropométricos de obesidade como preditor de risco coronariano elevado.

Revista da Associação Médica Brasileira. Salvador, v. 55, n. 6, p. 705-711, 2009.

HERMSDORFF, H.H.M.; MONTEIRO, J.B.R. Gordura Visceral, Subcutânea ou

Intramuscular: Onde está o problema? Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e

Metabologia. Minas Gerais, v.48, n.6, p. 803-811, 2004.

HO, S.C.; CHEN, Y.M.; WOO, J.L.F.et al. Association between simple anthropometric

indices and cardiovascular risk factors. International Journal of Obesity and Related

Metabolic Disorders. Hong-Kong, v. 25, n. 11, p. 1689-1697, 2001.

HU, D.; HANNAH, J.; STUART GRAY, R. et al. Effects of obesity and body fat distribution

on lipids and lipoproteins in nondiabetic American Indians: The Strong Heart Study. Obesity

Research. Washington, n. 8, p. 411-421, 2000.

HUFFMAN, D.M ; BARZILAI, N. Role of visceral adipose tissue in aging. Biochimica et

Biophysica Acta. New York, v.1790, p.1117-1123, 2009.

INELMEN, E.M.; TOFFANELLO, E.D.; ENZI, G. et al. Predictors of drop-out in overweight

and obese outpatients. International Journal of Obesity. Itália, v. 29, n.1, p. 122-28, 2005.

II CONSENSO BRASILEIRO SOBRE DISLIPIDEMIAS. Detecção, Avaliação e

Tratamento. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 67, p.113-18, 1996

III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do

Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros

de Cardiologia. v.77, suppl.3, p. 1-48, 2001.

IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do Departamento de

Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia.

v.88, suppl.1, p.2-19,2007.

III NCEP. Executive Summary of the Third Report of the National Cholesterol Education

Program Expert Panel on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Cholesterol in

Adults (Adults Panel Tretament III). The Journal of the American Medical Association. v.

285, n.19, p.2486-97, 2001.

Page 75: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

73

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (PESN). Situação alimentar, nutricional e de saúde

no estado de Pernambuco: Contexto sócio-econômico e de serviços. Departamento de

Nutrição/UFPE, Instituto Materno Infantil de Pernambuco e Secretaria Estadual de

Saúde de Pernambuco. Pernambuco, 2008.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Diretoria de

pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Nacional sobre Saúde e

Nutrição (PNSN), 1989.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Estudo Nacional

de despesa familiar, ENDEF. Rio de Janeiro, 1976.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de

Orçamentos Familiares 2002-2003: Análise de disponibilidade domiciliar de alimentos e do

estado nutricional no Brasil. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2002/pof2002.pdf>.

Acesso em: 04 jul. 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de

Orçamentos Familiares 2008-2009: Análise de disponibilidade domiciliar de alimentos e do

estado nutricional no Brasil. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2010/pof2008.pdf>.

Acesso em: 11 set. 2010

JARDIM, T.S.V.; JARDIM, P.C.B.V.; ARAUJO, W.E.C. et al. Fatores de Risco

Cardiovasculares em Coorte de Profissionais da Área Médica - 15 Anos de Evolução.

Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Goiás, v. 95, n. 3, p. 332-338, 2010.

KAMIMURA, M.A.; SAMPAIO, L.R.; CUPPARI, L. Avaliação Nutricional na Prática

Clínica. In: CUPPARI, L. Nutrição nas Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. São Paulo:

Manole, 2009. p 27-70.

KOCH, E.; ROMERO, T.; MANRÍQUEZ, L. et al. Razón cintura-estatura: Un mejor

predictor antropométrico de riesgo cardiovascular y mortalidade en adultos chilenos.

Nomograma diagnóstico utilizado en el Proyecto San Francisco. Revista Chilena de

Cardiologia. v. 27, n.1, p. 23-35, 2008

KRAUSE, M.P.; HALLAGE, T.; GAMA, M.P.R. et al. Associação entre Perfil Lipídico e

Adiposidade Corporal em Mulheres com Mais de 60 Anos de Idade. Arquivos Brasileiros de

Cardiologia. Curitiba, v. 89, n. 3, p. 163-169, 2007.

Page 76: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

74

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

LE FANU, J. The case of missing data-counselors and acolytes. British Medical Journal,

v.325, n. 7378, p. 1490-1493, 2002.

LEAN, M. E. J; HAN, T. S; MORRINSON, C. E. Waist circumference as a measure for

indicating need for weight management. British Medical Journal. Glasgow, v.311, p. 158-

161, 1995.

LIN, W. Y. et al. Optimal cut-off values for obesity: using simple anthropometric indices to

predict cardiovascular risk factors in Taiwan. International Journal of Obesity and Related

Metabolic Disorders, v.26, n. 9, p. 1232-1238, 2002.

LOHMAN T.G. ROCHE A.F, MARTORELL R. Anthropometric standardization

reference manual. Abridged, 1991. 90p.

MARTINS, I. S; MARINHO, S. P. O potencial diagnóstico dos indicadores da obesidade

centralizada. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 37, n. 6, p. 760-767, 2003.

MATSUDO, S.M.; MATSUDO, V.R.; ARAÚJO, T. et al. Nível de atividade física da

população do Estado de São Paulo: análise de acordo com o gênero, idade, nível

socioeconômico, distribuição geográfica e de conhecimento. Revista Brasileira de Ciência e

Movimento. Brasília, v. 10, n. 4, p. 41-50, 2002.

McGILL, H. C. JR; McMAHAN, C. A. The pathobiological determinants of atherosclerosis

in youlth (PDAY) research group. Determinants of atherosclerosis in young. American

Journal Cardiology, v. 82, p. 30T-36T, 1998.

MENDES, M.J.F.L.; ALVES, J.G.B.; ALVES, A.V. et al Associação de fatores de risco para

doenças cardiovasculares em adolescentes e seus pais. Revista Brasileira de Saúde Materno

Infantil. Recife, v.6 , Suppl 1, p. 9-54, 2006.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Notícias 2009. Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br.

Acesso em 06 de out. 2010.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de informação da saúde. Mortalidade 2008. Disponível

em: http://tabnet .datasus.gov.br. Acesso em: 03 out. 2010.

Page 77: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

75

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Gestão

Estratégica e Participativa. Vigitel Brasil 2011 – Vigilância de fatores de risco e proteção para

doenças crônicas por inquérito telefônico. Ministério da Saúde; 2011.

NUNES FILHO, J.R.; DEBASTIANI, D.; NUNES, A.D. et al. Prevalência de fatores de risco

cardiovascular em adultos de Luzerna, SC. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 89, n. 5,

p. 319-324, 2007.

OLIVEIRA, M.A.M.; FAGUNDES, R.L.M.; MOREIRA, E.A.M. et al. Relação de

indicadores antropométricos com fatores de risco para doença cardiovascular. Arquivos

Brasileiros de Cardiologia. v. 94 n. 4, p. 478-85, 2010.

OLIVEROS, L.A.R; SOBERANIS J.L. Distribución de grasa corporal en diabéticos tipo 2,

como factor de riesgo cardiovascular. Revista Médica del IMSS. México, v. 43, n. 3, p. 199-

204, 2005.

PARIKY, R.M; JOSHI, S. R; MENON, P.S. et al. Index of central obesity: a novel parameter.

Medical Hypotheses, v. 68, n. 6, p. 1272-1275, 2007.

PICON, P.X.; LEITÃO, C.B.; GERCHMAN, F. et al. Medida da cintura e razão

cintura/quadril e identificação de situações de risco cardiovascular: Estudo multicêntrico em

pacientes com Diabetes Melito tipo 2.Arquivos Brasileiros de Endrocrinologia e

Metabologia. v.51, n.3, p.443-450, 2007.

PINHEIRO, A.R.O.; FREITAS, S.F.T. ; CORSO, A.C.T. Uma abordagem epidemiológica da

obesidade. Revista de Nutrição, Campinas, v.17, n.4, p. 523-533, 2004.

PITANGA, F. J. G; LESSA. Prevalência e fatores associados ao sedentarismo no lazer em

adultos. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 870-877, 2005.

PITANGA, F. J. G; LESSA, I. Indicadores antropométricos de obesidade como

discriminadores de risco coronariano elevado em mulheres. Revista Brasileira de

Cineantropometria & Desempenho Humano. v. 8, n. 1, p. 14-21, 2006a.

PITANGA, F. J. G; LESSA, I. Razão cintura-estatura como discriminador do risco

coronariano de adultos. Revista da Associação Médica Brasileira. v. 52, n. 3, p. 157-161,

2006b.

Page 78: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

76

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

POULTER, N. Global risk of cardiovascular disease. Heart, v. 89, suplemento2, p. ii2-ii5,

2003.

RABELO, L. M. Fatores de risco para a doença aterosclerótica na adolescência. Journal of

Pediatric. v. 77, n. 2, p. 153-164, 2001.

REZENDE, F.A.C.; ROSADO, L.E.F.P.L.; RIBEIRO, R.C.L. et al. Índice de Massa Corporal

e Circunferência Abdominal: associação com fatores de risco cardiovascular. Arquivos

Brasileiros de Cardiologia. Minas Gerais, v. 87, n. 6, p. 728-734, 2006.

REZENDE, F.A.C., ROSADO, L.E.F.P.L.; FRANCESCHINNI, S. et al. Revisão crítica dos

métodos disponíveis para avaliar a composição corporal em grandes estudos populacionais e

clínicos. Archivos Latinoamericanos de Nutrición. Minas Gerais, v. 57, n. 4, p. 327-334,

2007.

RIBEIRO FILHO, F.F., MARIOSA, L.S.; FERREIRA, S.R.G. et al. Gordura visceral e

síndrome metabólica: mais que uma simples associação. Arquivos Brasileiros de

Endocrinologia e Metabologia. São Paulo v. 50, n.2, p.230-238, 2006.

RIDKER, P.M.; RIFAI, N.; ROSE, L. et al. Comparison of C-reactive protein and low-

density lipoprotein cholesterol levels in the prediction of first cardiovascular events. New

England Journal of Medicine. v. 347, p. 1557-65, 2002.

RIQUE, A.B.R; SOARES, E.A; MEIRELLES, C.M.M. Nutrição e exercício na prevenção e

controle das doenças cardiovasculares. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 8, n.

6, 2002.

ROCHA, N.P.; SIQUEIRA-CATANIA, A.; BARROS, C.R. et al. Análise de diferentes

medidas antropométricas na identificação de síndrome metabólica, com ou sem alteração do

metabolismo glicídico Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. São Paulo,

v. 54, n. 7, p.636-43, 2010

RODRIGUES, S. L; BALDO, M.P; MILL, J.G. Associação entre a Razão Cintura-Estatura e

Hipertensão e Síndrome Metabólica: Estudo de Base Populacional. Arquivos Brasileiros de

Cardiologia. v. 95, n. 2, p. 186-191, 2010.

SALAS-SALVADÓ, J.; RUBIO, M.A.; BARBANY, M. et al. Consensus for the evaluation

of overweight and obesity and the establishment of therapeutic intervencion criteria.

Medicina Clinica, Barcelona, v. 128, p.184-196,2007.

Page 79: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

77

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

SALIM YUSUF, F.R.C.P.; REDDY, S.; ÔUNPUU, S. et al. Global burden of cardiovascular

disease. Part I: General considerations, the epidemiologic transition, risk factors and impact of

urbanization. Circulation. v. 104, n. 22, p. 2746-2753, 2001.

SANCHEZ, C.G.; PIERIN, A.M.G.; MION, D. Jr. Comparação dos perfis dos pacientes

hipertensos atendidos em pronto-socorro e em tratamento ambulatorial. Revista da Escola de

Enfermagem da USP, São Paulo, v.38, n. 1, p. 90-98, 2004.

SANTOS, M.G.; PEGORARO, M.; SANDRINI, F. et al. Fatores de risco no desenvolvimento

da aterosclerose na infância e adolescência. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. São Paulo,

v. 90, n. 2, p. 301-308, 2008.

SCHNEIDER, H.J.; GLAESMER, H.; KLOTSCHE, J. et al. Accuracy of Anthropometric

Indicators of Obesity to Predict Cardiovascular Risk. Journal of Clinical Endocrinology &

Metabolism, v. 92, n. 2, p. 589-594, 2007.

SILVEIRA LMC, RIBEIRO VMB. Grupo de adesão ao tratamento: espaço de “ensinagem”

para profissionais de saúde e pacientes. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v.9,

n.16, p.91-104, 2004.

SNIJDER, M.B.; VAN DAM, R.M.; VISSER, M. et al. What aspects of body fat are

particularly hazardous and how do we measure them? International Journal of

Epidemiology. v. 35, n. 1, p. 83-92, 2006.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Consenso Brasileiro sobre dislipidemias:

detecção, avaliação e tratamento. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. São Paulo, v. 67, n.

2, p. 113-128, 1996.

SOUTO FILHO, J.T.D.; SAAD, R.W.C.G.; SOUTO, J.T.D. et al.Avaliação do perfil lipídico

em uma amostra selecionada da população do norte e noroeste fluminense. NewsLab, v. 8,

p.96-106, 2000.

SOUZA, L.J.; NETO, C.G.; CHALITA, F.E.B. et al. Prevalência de obesidade e fatores de

risco cardiovascular em Campos, Rio de Janeiro. Arquivos Brasileiros de Endocrionologia

e Metabologia. São Paulo, v. 47, n. 6, p. 669-676, 2003.

STARY, H. C. Evolution and progression of atherosclerosis lesions in coronary arteries of

children and Young adults. Arteriosclerosis. v. 99, supl. II, p. 119-132, 1989.

Page 80: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

78

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

TEIXEIRA, P.J.; GOING, S.B.; HOUTKOOPER, L.B. et al. Pretreatment predictors of

attrition and successful weight management in women. International Journal of Obesity v.

28, n.9, p. 1124-33, 2004.

TSENG, C. H. Waist-to-height Ratio and Coronary Artery Disease in Taiwanese Type 2

Diabetic Patients. Obesity, v.16, n.12, p.2754-2759, 2008.

VASQUES, A.C.J.; PRIORE, S.E.; ROSADO, L.E.F.P.L. et al. Utilização de medidas

antropométricas para a avaliação do acúmulo de gordura visceral. Revista de Nutrição.

Campinas, v. 23, n. 1, p. 107-118, 2010.

VERRI, J; FUSTER, V. Mecanismos das síndromes isquêmicas agudas e da progressão da

aterosclerose coronária. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. São Paulo, v. 68, n. 6, p. 461-

467, 1997.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical status: The use and interpretation of

anthropometry. WHO Technical Report Series, n. 854, 1995.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: Preventing andma naging the global

epidemic. Report of a WHO Consultationon Obesity. Geneva: WHO; 1998.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventingand managing the global

epidemic. Geneva: World Health Organization; 2000. (WHO Technical Report Series, n.

894).

Page 81: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

79

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

APÊNDICES

Page 82: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

80

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA COLETA DOS DADOS

Nome:__________________________________________Prontuário: __________________

Sexo: ______ Data de Nascimento: ___/___/_____ Altura: ___________

Grau de instrução:____________________

Antecedentes clínicos:: 1. HAS 2. DM 3. DCV 4. Outro: Qual ? _____________________

Fuma 1. Sim 2. Não 3. Ex-fumante Se sim, quantos cigarros/dia: ______________________

Se ex-fumante, quanto tempo fumou: __________ Há quanto tempo parou? ______________

Bebe: 1. todo dia 2. Todo final de semana 3. Em ocasiões especiais 4. Não bebe

Avaliação antropométrica e bioquímica:

Variáveis 1ª consulta

Data:

2ª consulta

Data:

3ª consulta

Data:

Peso

Circ. Cintura

IMC

Colesterol total

Triglicerídeos

Glicose

LDL-c

HDL-c

Page 83: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

81

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011

ANEXOS

Page 84: ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO ...€¦ · Antropometria, perfil metabólico e acompanhamento nutricional: um estudo em adultos atendidos ambulatoriamente em dois

82

ANTROPOMETRIA, PERFIL METABÓLICO E ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL: UM ESTUDO EM ADULTOS ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DO RECIFE

SANTOS, CM. Dissertação de Mestrado UFPE 2011