antónio aragão - folhema 1 e 2

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Poemas experimentais desdobráveis de António Aragão. Dois números.

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o pedaço de dar ou pede aço de se querer ou não querer e a possibilidade de ter mais telefonia na lembrança e nem ser seu: digo: nem saber nem ler nem querer o pedir de ir o buscar do andar o pedir de ficar mais o seu de meu ou «a solidariedade essencial à obra

que tem de prosseguir em comum» o pé de aço de sossêgo e o seu peso e o «legítimo direito que lhe permite afirmar ter cumprido o seu dever» pé de a renúncia de gente ardendo sua lã e seu metro assim no cume de possuir guerra e pede a parábola que se escreve para bola no sítio que redige seu viajar pede scopitone ou dà seu geito de pedir pede à querida : na noitenEUtra: seu milhacre na CORonÁRIA em trânsito: seu notável na strip-influência eco nómica no amável pa(n)flito das oleoamadas vir(tin)gens e pede porque é a memória e a blasFêmea: o desastre do gozo da paz do porvir pede o anúncio pedindo o cartaz de Alcácer-Quibir ou o acrescentado umbigo da bomba plástica ou a me(r)dalha sobre esse pedir ainda para o nosso incómodo coração e pedindo a minha sol-edificação peço pedindo o pedido distribuir, por onde mais agradar, a conhecida expressão: vossa Excelência

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nisto de hoje faço falas: cumpro o guerreiro querido então redigo a teleglória: abro a memória em meeting e aponto aCUmes ou aconteço o sítio de não ter nem rei nem avião. por exemplo: precisamente às 10 horas o Zeca trouxe o disco voador. o outro trouxe a mão fatal. houve reg(r)a. houve filho. houve dis puta. veio a prima do Silva para a gente espermanecer. estava a malta a outra telefonou e houve bestialmente o disco e o voador de seu mistério. houve a música toda houve o Li houve a Lé houve o Ló e o próprio «boom» fez meu vulto. estiveram os flashs dasgramáticassoltasdascaras. também despi o parti pris e fiquei com a outra. e sobretudo por exemplo pela casa doi da nisto de hoje fAÇO pela promessa de gramar claro que houve defesa. houve DDT. houve trust. houve licença. e religiosamente no bAR pen durei o deco(r)te da senhora que per fumou meus ismos e a prima do Zeca bateu-se pelo anúncio prima de seus seios missionários enquanto o locutor apresentou a técnica das minhas derrotas resumindo: as pessoas em volta das pessoas puzeram seu dinamite e eu repedi a forma repe(n)dida de esfomear que baralhei nua mais ainda hoje (e prONTO) faço pela pressa de gramar

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arde o lugarainda lindo que AR de sua orgia! justamente ar mando minha mão de nua meu desvio de mundo COM SUMO: com bomba: com g(r)êsso: com gosto-te MINI-C(R)OMO: ao nível da conta cor(r)ente da mini-querida ao instituto mini-nacio(a)nal à mini-perna em reclame para mim à ex-mini-virtude dela na tropaganda ao esCANCANdalo de mini-comer: linda tu dizias: mini-stro ah diz ias: meu come: meu tome: meu nome enormeando enquanto se alumiava o uso de comer-ciar este nosso onde FOTOGRAMAFIA: pela ou pele: como ou coma (carro velocidando feroz sob o (f)luxo do sei-o) DIGO: mapa. LIGO: amplexidra. TENTO: telefonia ASSINO: faca meu santo: meu canto meu tanto meu toma-me

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foi a minha lavagem de cérebro: tinha a flordoicultura na dúvida de ter um país foi a menina só ou Aristóteles e a flauta: talvez a menina mais a flauta e depois sem Aristóteles: ou este e o leal encontro dos astronautas e a menina: talvez o menor da paz ou a boa-fé de ouvir um utensílio: ou a flauta: ou só OH o que constrói o corpo de lés a lés o que persigo de mim o que faço de meu nenhum de viver o que perdigo de mim o que pre sente propaganda de espanto o que perigo de mim e sabe minha memória de aparelhos oh tremenda mente amigos de semelhar célebres instrumentos: João da Silva: tu João amigo de mulheres e amar elo no poço e erva mijada na música da casa. e o José Teixeira todo na família invent(r)ando sua margem: sua hora local: seu sangue de pleonasmo o: seu futebol. eu: António de meu ofício: inúmero: apenas indústria de meu nome sem ninguém para apostar-me tu Ernesto: tu Helder: tu Ana: tu Jorge: tu Carlos esta minha inauguração de impaciência: retiro o retrato e a bandeira e solICItamente informam-me da devota maneIRA de perder-me entretanto escrevo longamento uma mulher: ou então escrevo o prazo duma outra mulher até ao rio a divindade dentro: vinte metros guardados num metro selecciono o record: invento a altitude para a órbita sobretudo é este o dialecto de pairar minhas roupas e gravitar delicado as nádegas pela estatística ou pela república ou dizer depois a gaja é boa: a gaja vai: a gaja dá ou então propor eventualmente o golo: é chato p’ra família: é chato p’rao tipo: é chato p’ra malta ou deixa-te antes de assim: gramo-te precipitamente no facto disso gramo-te doidando teu cartaz

!

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finalmente acerto a folha dum santo e bebo seu lugar que ninguém vê ou sintonizo em James Bond: o resto é esperar turística mente em boa dicção:

recl amo-te este é o consumo académico de ir para a cama contigo ou o delito da recusa no princípio que era devoração ou o desenho na cera de tuas coxas na soma de brincar o dia ou então aumento-me de notícias e prefiro-me agente 007 e mais uma vez conto a glóRIA da minha suspeita lá onde chamam os animais para ler a paisagem depois telefono-te: é o créDITO de teus seios mais outra vez e telefono-te toda toda: ligo o cio e o rio lOUCO e o frio já rio alaga e recorda e conCORdo ter ainda tempo e a minha larva clama em suite de luxo e desaFOGO os pés e retomo o made in teu quarto até às tantas e escrevo escravo a forma do teu rubor este é o macio religioso do meu investimento até pelo menos ao consumo de mORAR minha morte e de afirmar meu livro masculino e dirfícil e inútil ou de vir ter meu desacato maRAVIlhoso claro que este è o profundo levantar do espelho ou o igual desconto de respirar imundação ou o que deus me morre ou me deixa adeus ou apenas o nylon ou a equipa ou a isenta história ou apenas aquilo ou a guer- ra de mim no mesmo lugar do tempo

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espera! esfera! espera um pouco meu amor esfera! a noite sabe a dor me cendo toda a alegria o escuro queima é nosso ter o escuro o que foi? o que foi esfera? onde estás? escuta minha pressa viram-nos? é este o ponto vermelho de nos esconder. escuta o escuro. onde estás? onde és tais? deixa ao menos o limite de passar tua mão ao menos a lenda do custo do nosso vulto. ao menos o dia sabe. mas que pele tão ásfera! que foi? onde és tais? viram! virão! o saber de nós perde-nos ter. depressa a tua mão à toa actua. quem? o quê? repara: é simples mente o nylon da tua beleza1 2

1 - pode-se subtituir beleza por blusa

2 - esta fala poderá ser preenchida por quem estiver interessado ou poderá mesmo servir para anúncio ou qualquer propaganda

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NO ÉCRAN fecha a boca começada: crê abre o seio dourado: funciona desbobina SOUfregamente: desgasta-me porque por exemplo: posSUO a metragem bastante para ser irremediàvelmente pelo coração toda a notícia ou porque se trata do costume tamanho do lado dos teus mil e gramas-me ou porque CORrO o branco de me voltar para ti na parte da cena de não te saber ou então passo a fita ao ralenti de te sonhar INTERVAL(H)O conSUMO-te querida de plástico quente querida * PAGO O BILHETE PARA SAIR DE DOER * repetir quantas vezes apetecer ou procurar cada vez mais outra maneira

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Contra o muro: a ternura: o muro: a ternura: a perna: o teu retrato contra o muro: o alg(o)arismo: a menina : o al(i)garismo o medo contra a data da flor da nossa circonfissão.

o assombro dum dentro da morada do outro.

contra ser programa o corpo todo a ternura: o nosso dévito loucando a paisagem o teu retrato escreve-se longamente um edifício escreve-se a menina: o muro: a menina: o teu retrato escreve-se culTUra em nosso automóvel então agora faz-se um idioma o teu retrato contra o muro: a faca: o ventre: o muro: o teu retrato um pássaro a(s)cende-se em nossa face blocoa(r)mada teu lume guARDE-SE FALO UM NAVIO: o teu retrato

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EXPORTO envio tua anca rica de publicidade e garanto o cumprimento da data do prazo do nosso happy-end

ANÚNCIO colo minha etiqueta na manhã silabando uma pátria Excelência: moro hinútil

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ENTRE VISTA nesta maneIRa de ruIR em sua memóRIa de nua na cara: ruido de macia no retrato: avesso de IR: RI (a tua imagem pancromântica cor recta: ASA 64/4,5* 19 dIN-MEU(L)SION Number 27077TAAA! queRIda queRIda ida) uma vez saúda de ouro: esper(m)ança: pRImeIRo RIo e depois fRIo e RI o IR meu horror meu peRIgo de a cor dar: IR um dia ar de IR: um dia retIRo o pêlo: sem Cleópatra retomo o caso: retIRo o teu naRIz sem Elysabeth Taylor um dia mais RIndo: a humanidade húmida de seu ninguém fundamental um dia ainda de noticiáRIo: de sua aurora (falo da outra) nem gasolina nem reportagem ou seja um dia no campo cinematográfico: UM DEUS ATRAVESSA A CENA: cospe ELA (a mesma) TRAZ O SEIO NU PRATO: corte este é um dia jovem de paRIr bRIlhantemente a minha pública cromo-bestial mutilação ou a minha matinée de procRIação suorcial servindo a filigrama rubRIcada pelo Exmo. Senhor eh pá é gIRo! eh pá é queRIdo! (és boneca: filha: dIRzia-te) eh pá! é tremenda mente mentIRa a metade fogueIRa em pé sobre a vIRtude da marca então fico guerra legítima de te prefeRIr então agora minha cegueIRa canta polar um rei de bRInde canta RIma canta giRIssima canta RIsco

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eis a tua pele terRIvèlmente fotográfica! canta a alvura de quando te deitavas sobre o escuro (Ferrari) e orgulhavas teus seios (Porsche) na paisagem clara do nu das minhas mãos (Rolls-Royce) e um momento falando um momento lembro-me nuar falando de teu automóvel e pediste loucamente um pedaço futuro do bar (o Gemini) e em tua fome infinita dizendo: gramo-te: filho: gramo-te sequência final: CONTO O CRIME DE TER NADA LONGAMENTE À MINHA VOLTA corte plano ame RI cano: AQUI DEUS (falo do outro) TRAZ O SEIO ESSENCIAL NO PRATO: corto-me qualquer interessado poderá substituir as apontadas marcas de automóveis pelas suas marcas pessoais, e substituir o bar ou Cleópatra e Elizabeth Taylor ou até ir mais longe confo(r)me convier aos artigos de sua propaganda

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o rei. a rainha. o roque o louco. a linda. o toque

é preciso: eu sei: é preciso que seja preciso o toque ou isso: pensar precisamente que não é preciso: o rei. a rainha. o roque e compro a camisa e compro o caso: o meu estilo. o toque e volto ao nascimento de estar nu antigamente impossível o programa de ser preciso: a rua anda-me seu êxito a linda queima meu roque foco-me com toda a exactidão: o rei. a rainha. o roque limpo a objectiva da poeira. aceno a luz e a minha sombra: e experimento o santo que me olha seu sorriso: o louco. a linda. o toque é possível que seja a pressa de me dizer tanta imundação. eis que o meu rei doi pela fronteira eis que a linda m’olha meu mote então volto-me para o domingo de perceber o rei: cálida é a terra do meu ourovalho e os fugitivos pneus de minha glória. grande é o perigo desta publi-cidade.

grave é a rainha que morre meu roque. eis a licença de me respirar

é isso: vou o cinema: o louco: a linda: o toque

a gente canta a gente janta a gente canta a gente janta

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mas é preciso: hoje natOralmente: e faço uma conta na arquitectura do teu corpo: a rainha e o seu toque. apodrece crer o que é preciso: a dúvida nasce seu comer e a casa no meu espaço de mente. limpo-me no lugar da roupa a linda está como outrora os astronautas. o rei sai de sua cápsula. agito-me a necessidade de não me ter e limpo o reflexo público do louco no polimento do capot do carro. porque parece de certo modo ser-me útil e lindo ser preciso precisamente o toque: paz à rainha morte ao seu roque! desculpo-me: espécie de mão e metal. a meu lado: dentro: o avião per siste per susto no cimo da fuselagem noto o resto de ser deus e a mortícia do meu avião: lumo-me notícia: leio-me nutícia: tècnicamente a rainha toma-me por seu roque e creio-me nuticiado: o louco saúda meu toque e o que preciso me despedaço na sua velocidade abro a telefonia: a linda canta meu toque: apetece encomendar longamente o trajecto de seu dorso que apetece ser preciso CHEIRA A DESCASCAR-SE O MEU PERFIL

a gente canta a gente janta a gente canta a gente janta

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