Anotações Da Palestra Sobre as Leituras Obrigatórias Da Ufrgs 2012

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ANOTAÇÕES DA PALESTRA SOBRE AS LEITURAS OBRIGATÓRIAS DA UFRGS 2012 PROMOVIDA PELO UNIFICADO E PELA EDITORA LEITURA XXI (27/08/2011) 1. História do Cerco de Lisboa (José Saramago) estranhamento na história de Portugal mantido pelo uso da língua de Portugal na edição brasileira frases longas sem ponto final tradicional para fundir as histórias revisor não tem autonomia, por isso a escolha de Saramago o narrador é uma espécie de personagem realismo introspectivo metanarrativa: narrativa dentro de narrativa; o leitor lê o cerco e Raimundo também o lê; a colocação no NÃO faz o livro passar a ser uma negação da história Maria Sara é o oposto de Raimundo Benvindo e é ela quem o motiva a ser criativo há três histórias que terminam da mesma forma: o cerco histórico, o cerco romanceado e Raimundo e Maria 2. Lucíola (José de Alencar) parte de uma trilogia sobre perfis femininos e romances urbanos (Diva e senhora) crônica da realidade nacional apesar dos escorregões românticos, Alencar consegue dar uma certa complexidade psicológica prostituta como vítima de um sistema, movida pelo dinheiro, numa sociedade de aparências, conservadorismo e preconceito imposição das convenções sociais – hipocrisia ambiguidade dos personagens ANJO (Lúcia) e CARINHOSO (Paulo) / DEVASSA e RAIVOSO olhar romântico / olhar racional as aparências enganam tantas vezes (caracteriza o jogo de máscaras) Paulo é o narrador-protagonista que se esconde através das cartas à G. M. Lúcia é lucíola, o inseto Lúcia é a cortesã marginalizada vítima da hipocrisia, por isso a dubiedade (ela pode frequentar os mesmos lugares das cristãs, mas não pode casar) o amor é vitorioso? como sentimento, sim 3. Manuelzão e Miguelim (Guimarães Rosa) a linguagem é o grande tema das obras palavras “erradas” para representar o falar do povo (experimentalismo regional) o narrador se foca no velho e no menino; tudo passa pelos olhos dos dois gerais: localização; parábase: o autor entra em cena / moral da história narrador onisciente colocando Miguelim à imagem de Guimarães Rosa Miguelim tem conflitos com matar o pai, ficar com a mãe e substituir o pai pelo tio (edipiano) Miguelim é muito suscetível irmão de Miguelim como filósofo; Dito é o polo do bem

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Dicas sobre questões que podem cair sobre os livros.

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ANOTAÇÕES DA PALESTRA SOBRE AS LEITURAS OBRIGATÓRIAS DA UFRGS 2012 PROMOVIDA PELO UNIFICADO E PELA EDITORA LEITURA XXI (27/08/2011)

1. História do Cerco de Lisboa (José Saramago)

estranhamento na história de Portugal mantido pelo uso da língua de Portugal na edição brasileirafrases longas sem ponto final tradicional para fundir as histórias revisor não tem autonomia, por isso a escolha de Saramago o narrador é uma espécie de personagem realismo introspectivo metanarrativa: narrativa dentro de narrativa; o leitor lê o cerco e Raimundo também o lê; a colocação no NÃO faz o livro passar a ser uma negação da história Maria Sara é o oposto de Raimundo Benvindo e é ela quem o motiva a ser criativo há três histórias que terminam da mesma forma: o cerco histórico, o cerco romanceado e Raimundo e Maria

2. Lucíola (José de Alencar)

parte de uma trilogia sobre perfis femininos e romances urbanos (Diva e senhora) crônica da realidade nacional apesar dos escorregões românticos, Alencar consegue dar uma certa complexidade psicológica prostituta como vítima de um sistema, movida pelo dinheiro, numa sociedade de aparências, conservadorismo e preconceito imposição das convenções sociais – hipocrisia ambiguidade dos personagensANJO (Lúcia) e CARINHOSO (Paulo) / DEVASSA e RAIVOSO

olhar romântico / olhar racional as aparências enganam tantas vezes (caracteriza o jogo de máscaras) Paulo é o narrador-protagonista que se esconde através das cartas à G. M. Lúcia é lucíola, o inseto Lúcia é a cortesã marginalizada vítima da hipocrisia, por isso a dubiedade (ela pode frequentar os mesmos lugares das cristãs, mas não pode casar) o amor é vitorioso? como sentimento, sim

3. Manuelzão e Miguelim (Guimarães Rosa)

a linguagem é o grande tema das obras palavras “erradas” para representar o falar do povo (experimentalismo regional) o narrador se foca no velho e no menino; tudo passa pelos olhos dos dois gerais: localização; parábase: o autor entra em cena / moral da história narrador onisciente colocando Miguelim à imagem de Guimarães Rosa Miguelim tem conflitos com matar o pai, ficar com a mãe e substituir o pai pelo tio (edipiano) Miguelim é muito suscetível irmão de Miguelim como filósofo; Dito é o polo do bem Passagem do mundo oral para o escrito Manuelzão: capataz = Adão; faz uma avaliação da sua vida (relação com a família) Dor no pé é somatização a fábula tem o poder da rejuvenização: ele decide levar a boiada “posso ser mais do que sou” é o que perpassa as narrativas

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4. Feliz ano novo (Rubem Fonseca)

retrato da metrópole: correria, estresse, rotina, opressão, família em decadência, violência (bem ilustrado em passeio noturno) personagens solitários (amor é utopia), como em Botando pra quebrar e Agruras de um jovem escritor narrativa brutalista; maioria dos contos em primeira pessoa os contos gravitam em torno de quatro temas: vazio existencial, escrita, dramaticidade e violência explícita violência explícita: Abril (sem futebol, não há existência); O dia dos namorados; Botando pra quebrar escrita: Coração solitário (ironia; dilema da imprensa); Agruras de um jovem escritor; Intestino grosso dramaticidade: O pedido (violento dentro da emoção); O outro (opressão do sistema que leva a enxergar um menino como alguém enorme) vazio existencial: Feliz ano novo e Passeio noturno

5. O centauro no jardim (Moacyr Scliar)

metáfora da condição judaica e/ou imigrante ironia de um narrador que conta seu próprio nascimento narrador-personagem onisciente: origem de uma família perseguida na URSS o centauro (judeu) se sente diferente, precisa ficar escondido uma escolha: fantasia do centauro ou tumor? afinal, todos nós somos centauros com dois lados

6. Contos gauchescos (Simões Lopes Neto)

regionalismo universal linguagem guasca: Blau Nunes é o porta-voz do RS narrador, narrador-testemunha, narrador-personagem código de hombridade (cobrança de uma certa atitude) genuíno tipo crioulo riograndense com seu vivo e pitoresco dialeto gaúcho três causos ou crônicas campeiras: Correr eguada, O mate de João Cardoso e O Chasque do imperador artigos de fé do gaúcho: mulher, arma e cavalo do andar (nada de emprestar) quinze contos divididos entre os seguintes temas:a) mulher teiniagua: O negro Bonifácio, No manantial, Os cabelos da china, Jogo do osso, Duelo de farrapos, O menininho do presépio (dica: fazer resumo de uma linha sobre cada um desses contos contendo os nomes dos personagens)b) hombridade: Trezentas onças, Deve ser um queijo; Anjo da vitória, Contrabandista, Juca Guerrac) outros temas: Boi velho (maldade), Melancia – coco verde (humor), Penar de velhos (melancolia), Batendo orelha (paralelo homem/cavalo)

7. O filho eterno (Cristóvão Tezza)

narrador em 3ª pessoa distanciado para não cair na pieguice síndrome de um pai / síndrome de down palavras agressivas e frias do narrador paralelos entre o pai antes do nascimento, no momento e depois1º momento: deseja a solidão, a liberdade2º: vê o filho como buscando sobrevida3º: percebe que é ele mesmo quem precisa de avaliação4º: aumenta a aceitabilidade do filho5º: o filho diminui o pai por ser mais forte6º: começa a cair a ficha de que é mesmo um pai paralelo entre pai e filho futebol aparece como algo que unifica final aberto

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8. O pagador de promessas (Dias Gomes)

núcleo de tempo, espaço, ação conflito entre o católico (dureza, sem compreensão) e as intervenções naturais (ingenuidade) personagens que não mudam são chamados por sua ocupação Rosa tem nome porque evolui Rosa entra em cena e dissolve o lado cômico Zé do Burro é teimoso em sua convicção – passa de caboclo a alguém que quer defender suas ideias a peça passa de comédia a drama e a tragédia o mundo está desabando e ele não pode fazer nada (sensação de impotência que causa tensão) no final, rústico e dogma deixam de ser o foco desamparo, solidão, indivíduo esmagado pelo coletivo (comunismo) cena final: corpo na cruz representando poder popular ao se unir na tragédia simbologia revolucionária

9. A educação pela pedra (João Cabral de Melo Neto)

influência de Bandeira nas coisas simples e cotidianas e de Drummond na ironia poesia é palavra, é um despertar poesia agride há liberdade na escrita da poesia, que pode conter qualquer palavra João Cabral dedica sua antilira a Bandeira, falando da palavra, do ritmo e da imagem (retira completamente o lirismo) O canavial e o mar – uma relação ativa Catar feijão – comparação com a escrita; às vezes igual, às vezes diferente Sobre sentar / estar no mundo - o primeiro tipo está cagando e andando (sempre á vontade); o segundo está sempre com mal-estar; qual deles é positivo? The country of houyhnhnms – humor negro ao falar do sertanejo como um yahoo, uma figura primitiva, violenta e dominada; denúncia da condição rebaixada Arquitetura do livro Antilira Presença forte do nordeste Dinamicidade

Obs: o que está em vermelho são os aspectos que certamente estarão nas questões