Anotações Benjamin
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Em nossa pesquisa vimos e estudamos textos e obras como O
Narrador, Experiência e Pobreza, Origem do Drama Barroco Alemão, todos
estes textos mostram o posicionamento crítico filosófico de Benjamin (1892-
1940) acerca de variados temas, nos fazendo refletir e a nos colocar diante de
um posicionamento sobre a realidade e história. São muitos os temas
abordados por Walter Benjamin em seus escritos, e parece que o filósofo tem
a intenção de incitar uma reflexão profunda sobre a sociedade, o homem e
vários outros temas que nos leva a ter uma percepção mais aguçada da
realidade. O que Benjamin nos faz entender é que sua filosofia não é uma
filosofia que se distancia do homem, ao contrário, sua filosofia vê o homem e
suas decisões como tema central, e que as decisões do homem podem trazer
consequências para o futuro real da sociedade em que vive. Isso pode ser
confirmado nas suas Teorias do Fascismo Alemão, onde o tema central é a
guerra, Benjamin mostra como a guerra tem o poder de transformar uma
nação e o quanto ela é absorvida pela sociedade.
Em seu pequeno texto Experiência e Pobreza, Benjamin explicita a
total perda ou declínio da experiência alemã “verfall der Erfahrung”, a
experiência no sentido literal do termo corresponde a uma tradição humana
compartilhada uns com os outros. Esta experiência que deveria ser repassada
de geração em geração, de pai para filho, se torna cada vez mais ausente,
porque parece que os homens não se sentem mais habituados em contar os
seus conhecimentos adquiridos na vida. Mas não é qualquer experiência e sim
uma experiência de verdade, que possa ser ratificada como uma tradição que é
passada através das gerações. Tradição esta que tempos áureos estava no
auge, quando um pai no seu leito de morte, narrava os fatos de sua vida que
irão servir para seus filhos e netos. A pobreza de experiência causa uma perda
no valor simbólico na arte contemporânea, e isto faz Benjamin criticar uma
estética do belo, que para ele não passa de algo ilusório.
A perda de experiência causa outro problema, a perda da arte de
narrar ou a narração. A ausência deste tipo tradicional de experiência mostra o
quanto os homens estão imersos num tipo de “cultura de vidro”, como
denomina o próprio Benjamin, preocupados com o imediatismo das coisas,
vemos o quanto o homem cria nele mesmo uma “experiência e pobreza”.
Benjamin constata em seu texto O Narrador que a arte de narrar é uma das
mais brilhantes e fascinantes faculdades da essência humana, uma vez que
constrói valores morais e sociais. Mas, aqui fica evidente que a filosofia
benjaminiana mostra que na evolução do homem há fatos que causam
mudanças na humanidade. A mudança (evolução) da narrativa tradicional para
o romance, causa certa “agonia” em Benjamin, que tenta explanar da melhor
maneira possível às causas para tal fenômeno. A narrativa foi perdendo sua
importância com o passar dos séculos, ou seja, com o avançar da modernidade
e o passar de experiência de pessoa a pessoa tornam-se ainda mais raros. A
figura do narrador não se encontra mais na sociedade e, cada vez mais, ele se
distancia desta. E quem é o narrador? O narrador é o homem, que ao dissertar
algo, ele carrega experiências que viveu, como as que deseja viver. Ao relatar
algo você passa valores e começa a construir alguns outros e, para o filósofo a
causa disso é a experiência. Porém, com o tempo o homem começou a usar
uma mordaça invisível como proteção. Podemos notar que Walter Benjamin
tece uma filosofia bastante visionária, que vê além de seu tempo, os conceitos
aqui abordados nestes dois textos analisados, nos dá uma reflexão acerca de
vários outros conceitos, como experiência, narrativa, modernidade e homem. A
filosofia benjaminiana tende a compreender e filosofar sobre o futuro, refletindo
sobre o passado e a evolução histórica deste.
São muitos os temas abordados por Walter Benjamin em seus escritos,
e parece que o filósofo tem a intenção de incitar uma reflexão profunda sobre a
sociedade, o homem e vários outros temas que nos leva a ter uma percepção
mais aguçada da realidade. O que Benjamin nos faz entender é que sua
filosofia não é uma filosofia que se distancia do homem, ao contrário, sua
filosofia vê o homem e suas decisões como tema central, e que as decisões do
homem podem trazer consequências para o futuro real da sociedade em que
vive. Isso pode ser confirmado nas suas Teorias do Fascismo Alemão, onde o
tema central é a guerra, Benjamin mostra como a guerra tem o poder de
transformar uma nação e o quanto ela é absorvida pela sociedade. Ao analisar
a guerra, o filósofo tenta responder o que leva a justificá-la e quais meios são
usados para tal. Para ele a guerra prova de maneira incisiva as destruições que
a mesma pode causar, estas destruições não correspondem somente a
devastações físicas de um território, também podem ser vitais na ordem social,
ou seja, nos impactos que causa na sociedade. Na Origem do Drama Barroco
Alemão, Benjamin mescla conceitos, como história, melancolia e alegoria. Obra
esta que parece que foi escrita durante seu período melancólico, onde
desenvolve uma teoria da melancolia, onde traça várias reflexões do que leva
ao perfil melancólico.
Para que tal introdução fosse elaborada, foi necessária uma pesquisa
específica em torno das obras de Walter Benjamin como Experiência e
Pobreza, Origem do Drama Barroco Alemão, O Narrador e Teorias do
Fascismo Alemão. E para maior apoio de pesquisa, recorremos a outras
literaturas como uma forma de ajuda ao nosso estudo.
Nosso objetivo é expor a filosofia benjaminiana de um modo geral,
porém crítico, mostrando seus principais pensamentos, ideias. Evidenciando
assim a linha de raciocínio filosófico de Walter Benjamin em torno de uma
explanação de alguns de seus escritos. Buscar explicar a teoria filosófica
existente no texto O Narrador, configurando assim um esclarecimento sobre o
referido texto, tentando relacioná-lo com o viés atual da sociedade. Buscando
desta forma maior compreensão acerca da filosofia de Benjamin. Mostrar a
importância dos conceitos de experiência e pobreza, narrativa e guerra para a
história. Explicitar a importância do entendimento destes conceitos e reflexões,
contrapondo uma visão filosófica, instigante e iluminada diante de nossa atual
sociedade.
Para que sejamos guiados pela filosofia de Benjamin, primeiro
apreenderemos uma visão geral acerca do referido filósofo, de sua vida e
filosofia. Walter Benjamin foi um filósofo, escritor, crítico literário e também
sociólogo, nasceu em Berlim (Alemanha) no ano de 1892 e faleceu em Portbou
(Espanha) aos joviais 48 anos, tendo nascido no seio de uma tradicional família
judaica. Suas ideias filosóficas começam a se expressar na juventude, prova
disto é sua participação no Movimento da Juventude Livre Alemã, onde
compartilhava seus ideais socialistas. A filosofia de Benjamin carrega em sua
base uma crítica social, do qual não podemos nos deixar de aprofundar. A
crítica que ele faz ao homem e o papel deste na sociedade em que vive capta
elementos especiais dos quais a maioria dos filósofos não perceberam ou
preferiram não os colocar como tema de uma discussão filosófica. E quais são
estes elementos? São aqueles elementos que formam pontos chaves para
entender a identidade do homem, tais como, sociedade, cultura, guerra. Todos
estes pequenos conceitos são encontrados em Benjamin como pontos
elucidários e formadores de sua reflexão filosófica. Quando ele fala sobre a
guerra, podemos notar que ele enfatiza que a simples noção do conceito de
guerra já causa um impacto no social. E o mais intrigante à ele é que o ganhar
ou perder uma guerra marcará para sempre a nossa existência.
“O que significa ganhar ou perder uma guerra? Nas duas palavras, chama a atenção o sentido duplo. O primeiro, o sentido manifesto, significa decerto o desfecho, mas o segundo, que dá sua ressonância especial a ambas as palavras, significa a guerra em sua totalidade, indica como o seu desfecho para nós altera seu modo de existência para nós. Esse segundo sentido diz: o vencedor conserva a guerra, o derrotado deixa de possuí-la; o vencedor a incorpora a seu patrimônio, transforma-a em coisa sua, o vencido não a tem mais, é obrigado a viver sem ela.” (pág.65)
Esta citação foi retirada de um dos mais famosos de seus escritos,
Teorias do Fascismo Alemão, em que um dos temas centrais é a guerra. Mas,
a guerra para Benjamin não é apenas um confronto determinado a interesses
de dois ou mais grupos. A guerra na filosofia benjaminiana é conceituada de
elementos alegóricos que nos leva a questionar o porquê da guerra e quais são
suas consequências. Daqui, podemos encontrar na sua filosofia, inestimáveis
pontos que evocam a uma sociologia. Sua filosofia contem elementos bastante
notáveis e interessantes que evocam uma incessante vontade de Benjamin de
tentar responder as incógnitas da essência humana em seu mundo da cultura.
O homem como o referido filósofo afirma em várias de suas obras, tem o poder
de criação e destruição, e como podemos notar no início da apresentação de
nossa pesquisa, Walter Benjamin possui em sua filosofia um debate
conveniente e perspicaz.
Em síntese podemos então a partir da exposição da metodologia
apontar uma direção sobre a filosofia benjaminiana ao debruçarmos sob o
aprofundamento da pesquisa científica. E a natureza de tal pesquisa nos traz
no âmbito acadêmico um grande enriquecimento de conhecimento. No primeiro
momento nossa pesquisa apresenta três fases: a primeira fase é concernente a
leitura dos textos e fazemos uma discussão a respeito dos mesmos, na
segunda fase trabalhamos os escritos do filósofo usando como ferramentas de
aprofundamento de pesquisa a produção de fichamentos, sínteses e resenhas,
terceira e última fase se diz respeito as devidas conclusões que são derivadas
de nossos estudos, tais conclusões são dirigidas para produções de trabalhos
acadêmicos como artigos científicos, comunicações.
O procedimento utilizado em nossa pesquisa tem como objetivo seguir
em direção à filosofia de Benjamin, tentando esclarecer os conceitos, temas,
ideias por ele expressos em suas obras. Nossa pesquisa manterá uma linha de
raciocínio que tem como intuito levantar questionamentos filosóficos e ao
mesmo tempo fazer com estes mesmos questionamentos sejam assim
respondidos. Mas, entenderemos que tais respostas não vão condicionar a um
distanciamento do cogito filosófico, e sim fazer com que o interesse pela
filosofia benjaminiana se torne reflexivo ao tentar responder tais questões.
Por se tratar de uma pesquisa de grande apoio bibliográfico a
organização de nossa investigação será abordada em duas fases: a primeira
concerne aos materiais de natureza primária de nosso estudo aqui referida, isto
é, são as obras e escritos que irão se referir de maneira evidente aos temas e
conceitos abordados nas obras de Walter Benjamin; como Experiência e
Pobreza, O Narrador, Origem do Drama Barroco Alemão e as Teorias do
Fascismo Alemão. A segunda fase concerne às literaturas de apoio que tem
como tema o referido filósofo ou o debate de sua filosofia. Tais literaturas
correspondem a dicionários, livros e textos que ajudarão no aprofundamento de
nossa pesquisa, como também comentadores e estudiosos de Benjamin.
Os principais conceitos analisados em nossa pesquisa são:
experiência, pobreza, narrativa, história, sociedade, guerra e a principal noção
que estudaremos será a importância de tais conceitos na sociedade. Serão
também abordadas as noções de importância da experiência e da narrativa na
sociedade, o impacto da guerra na vida social. Evidencia-se assim nosso
argumento de que os conceitos concebidos por Benjamin na sua filosofia
caminham de maneira progressiva à uma crítica social vislumbrando a história
do homem.
Para iniciarmos nossa exposição dos resultados obtidos durante os
estudos e pesquisas feitos no grupo, precisamos começar com uma análise
acerca do texto O Narrador. Ao aprofundar esta análise, faremos com que este
escrito nos direcione a um entendimento de diversos conceitos da filosofia
benjaminiana. Para Benjamin não há mais diálogos concretos sobre o que
ocorreu durante a ação da história da narrativa. O maior exemplo disto para ele
são os soldados que em tempos antigos ao retornarem das guerras, traziam
consigo uma “bagagem de experiências”, mas posteriormente este quadro
mudou, agora os soldados ao retornarem dos campos de batalhas, como
Benjamin descreve, voltam pobres de experiência comunicável. E os livros
sobre guerra ajudaram a cessar essa troca de experiência entre as pessoas. E
as narrativas se distinguem em dois grupos: o narrador, que traz longas
histórias de suas viagens, e a figura daquele que viveu de forma honesta. O
primeiro pode ser representado pelo marinheiro e o outro pelo camponês vive
em seu país e vive para este. Para Benjamin, esses dois grupos guardam
estilos próprios de narrativa, assumindo tais aspectos como o decorrer do
tempo. Assim, tais grupos constituem de forma justa os primeiros mestres da
arte de narrar.
Benjamin descreve que o começo do fim da narrativa é o despontar do
romance no início da modernidade, pois o romance associa-se ao livro e o livro
surge com a invenção da imprensa. O romance e a narrativa se distinguem em
dois pontos: enquanto o narrador conta sua experiência e com isso promove a
identificação do ouvinte que escuta atentamente e ao narrar acrescenta à
narrativa a própria experiência, o romance essa experiência se dilui. O leitor do
romance se isola na sua leitura e da mesma forma o romancista também se
distancia do convívio e olha a sociedade como um laboratório como se ele
estivesse longe dela. O romancista não tem nenhuma bagagem de
experiências daquela história que escreveu, pois ele não as narra a ninguém,
não recebe e nem cede sabedoria ao decorrer da construção de sua história.
Em geral a estrutura de um romance não condiz com a total realidade, daí que
surge o problema de que o mesmo não possui uma moralidade. Em síntese o
maior medo de Walter Benjamin, é o silêncio assombroso que pode se
sobrepuser na sociedade, devido ao avançar do romance e o declínio da
narrativa.
A arte de narrar está próxima de ser abolida, porque a sabedoria está
também em extinção. E esse declínio, para Benjamin, ocorre ao avançar dos
séculos, com o progresso da sociedade.
“A arte de narrar está definhando porque a sabedoria - o lado épico da verdade - está em extinção. Porém esse processo vem de longe. Nada seria mais tolo que ver nele um "sintoma de decadência" ou uma característica "moderna". Na realidade, esse processo, que expulsa gradualmente a narrativa da esfera do discurso vivo e ao mesmo tempo dá uma nova beleza ao que está desaparecendo, tem se desenvolvido concomitantemente com toda uma evolução secular das forças produtivas. ”(O Narrador, aforismo 4)
Em síntese o maior “medo” de Walter Benjamin é o abismo
assombroso que pode se sobrepuser na sociedade, devido ao avançar do
romance e o declínio da narrativa. Atualmente, vemos que é cada vez mais
raro alguém que sabe contar histórias direito e que disponha de tempo para tal.
Tempo que as pessoas não usufruem, devido ao excesso de trabalho, a rotina
exagerada do modo capitalista, faz com que não troquem opiniões e
experiências.
Já no seu texto, Teorias do Fascismo Alemão, Benjamin trabalha com
o tema “guerra”. Neste escrito ele analisa o conceito de guerra, e para o
mesmo a guerra pode ser causada devido a crise econômica, a chamada
guerra imperialista, já é co-determinada pela sociedade burguesa que não está
longe de ser uma das causas de certas guerras, burgueses estes que são
responsáveis também numa certa co-participação na ordem social, porque para
Benjamin cada guerra anunciada é uma revolta escravocrata. E o termo
pacifista adotado por Jünger, criticado por ele, soa um tanto jocoso, como se
nossos soldados fossem à guerra em busca daquilo que teve ao pacifismo
duradouro. Para a nação alemã, a “última” guerra foi uma guerra perdida, como
diz o próprio Benjamin, “no sentido muito particular, pelos alemães. Os
alemães perderam a guerra no seu sentido mais íntimo, na forma mais
singular, como se a derrota nesta, fez perder o sentido de “germanidade”. O
que é perder ou ganhar uma guerra? Há dois sentidos, o primeiro significa a
forma como se dá o desfecho em sua totalidade significa para nós, a forma
como uma guerra termina “marca” a nossa existência. Porque isso ocorreu?
Porque vencedor e vencido conservam a guerra em seu íntimo de forma
distintas, enquanto o vencedor guarda a guerra como um patrimônio, homem, o
vencido trata de esquecê-la e executá-la de seu íntimo.
A guerra é causada antes de tudo como uma propaganda idealista
encomendada pelo Estado e entregue pelas tropas, que tem necessidade de
fabricar tal patrimônio. O heroísmo da guerra é algo bastante sinistro, onde não
há glória e ideal que os compatriotas pensam existir. Mas, os compatriotas não
são tão débeis, quando vêem a realidade tentam se esconder do sentimento
vexatório. Os autores parece à Benjamin, tornaram em seus romances as
abominações da última guerra em algo grandiosos e terrível; grandioso no
sentido de sentido de transformar nossos bravos anônimos em heróis e terrível
no sentido de derramamento de sangue.
“Com que facilidade os autores adquiriram "o firme sentimento de imortalidade", obtiveram a certeza de que "as abominações da última guerra foram transformadas em algo de grandioso e terrível", perceberam o simbolismo do "sangue fervendo para dentro"! No máximo, eles lutaram na guerra, que agora celebram. Mas não podemos aceitar que alguém fale da guerra sem conhecer outra coisa que a guerra. Temos o direito de perguntar, radicais à nossa moda: De onde vêm vocês? E o que sabem da paz? Alguma vez encontraram a paz numa criança, numa árvore, num
animal, como encontraram um posto avançado num campo de batalha?” (Teorias do Fascismo Alemão, p.68)
Assim, Benjamin vê a guerra como algo que abala a sociedade e a
nação se transforma quando a mesma é anunciada. A guerra produz cenários
(campos de batalha cobertos de sangue) e atores (soldados lutando por algum
meio que justifique aquela luta), parece até um teatro onde a sociedade se
torna público e espetáculo. A guerra é antes de tudo um grande ato de
violência, na sua concepção o objetivo político é a causa primeira da guerra, e
quanto maior forem os motivos para a guerra, maiores são as devastações
causadas por ela. Benjamin tece em seus textos uma filosofia com base em
uma crítica social e histórica.
Em nossa pesquisa obtivemos várias conclusões, porém citaremos
aqui as quatro principais ideias concluídas em nossa investigação filosófica: No
caso da experiência concluímos que, a perda desta está causando um
problema na cultura da história da humanidade. Esta experiência que deveria
ser repassada de geração em geração se torna cada vez mais rara, e a perda
desta causa outro problema: a também perda da arte de narrar. A narração é
conta desta experiência, é o contar das ações de toda a vida do homem. O
narrador é homem, que ao dissertar algo, ele carrega experiências que viveu e
as que deseja viver. A guerra para Benjamin é antes de tudo uma causa
política, pode ser desencadeada por muitos motivos, como uma crise
econômica por exemplo. A guerra impacta a sociedade, e a sociedade a
absorve no mais íntimo do seu ser, como se fosse marcar para sempre a sua
história. No entanto a guerra tanto marca a história da humanidade como irá
marcar sua existência; podemos então concluir a ideia de que toda a filosofia
benjaminiana possui uma preocupação com a sociedade. Esta preocupação se
adequa mais na forma de investimento social, em que Benjamim busca nos
mais simples elementos as respostas para encontrar eventuais soluções para o
homem como ser social. E toda ação deste ser social acarretará numa
consequência tanto para ele como para o meio um que vive. Está “sociologia”
encontrada em sua filosofia é o aspecto que o torna tão singular e especial
porque sua filosofia não reflete coisas distantes do homem e sim o que está ao
alcance dele.
Referências Bibliográficas
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. São Paulo:
Brasiliense, 1984.
BENJAMIN, Walter. O Narrador. In: Obras escolhidas I: Magia e técnica,
arte e política. 10 ed. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet, São Paulo: Brasiliense,
1984.
BENJAMIN, Walter. Experiência e Pobreza. In: Obras escolhidas I:
Magia e técnica, arte e política. 10 ed. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet, São
Paulo: Brasiliense, 1984.
BENJAMIN, Walter. Teorias do Fascismo Alemão. In: Obras escolhidas
I: Magia e técnica, arte e política. 10 ed. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet, São
Paulo: Brasiliense, 1984.