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2 série II número 22 Outono 2016 Trimestral €1 FÁBIA REBORDÃO MUDANÇA COMO UM DOS ROSTOS DA NOVA GERAÇÃO DE FADISTAS CONCILIA A TRADIÇÃO COM A INFLUÊNCIA DE SONS MAIS RECENTES, DO BLUES AO ROCK, DAS MORNAS AO FLAMENCO REFORMA DOURADA As melhores dicas para complementar a sua reforma com um rendimento garantido e à prova de crise GUIMARÃES, CIDADE VERDE Como a cidade minhota pretende ser uma das mais sustentáveis da Europa até 2020, ao mesmo tempo que preserva a sua História COMO VAMOS ENVELHECER? Portugal será o país mais envelhecido da Europa em 2050. Quais os grandes desafios na saúde, emprego e lazer?

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série II

número

22

Outono 2016 Trimestral €1

FÁBIA REBORDÃO

MUDANÇACOMO UM DOS ROSTOS DA NOVA GERAÇÃO DE FADISTAS CONCILIA A TRADIÇÃO COM A INFLUÊNCIA DE SONS MAIS RECENTES, DO BLUES AO ROCK, DAS MORNAS AO FLAMENCO

REFORMA DOURADA As melhores dicas para complementar a sua reforma com um rendimento garantidoe à prova de crise

GUIMARÃES, CIDADE VERDEComo a cidade minhota pretende ser uma das mais sustentáveis da Europa até 2020, ao mesmo tempo que preserva a sua História

COMO VAMOS ENVELHECER?Portugal será o país mais envelhecido da Europa em 2050. Quais os grandes desafi os na saúde, emprego e lazer?

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Crónica

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80 Crónica Baptista-BastosSérgio Moura Afonso

84 CulturaÀs Vezes o Amor 2017

86 Descontos para associados

88 Agenda

Atividades da Associação

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Agenda Atmosfera m

A aliança entre Portugal

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56

EntrevistaFábia Rebordão

Alma de fadista, impulso de

camaleão

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Agentes provocadores

Finanças Pessoais 52

SUMÁRIOOUTONO

2016#22

e o Reino Unido

Francisco Moita Flores

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Próxima estação: transporte

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78 Passeios com história

82 10 perguntas

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Reportagem^8

Em busca da década

perdida

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o vai ser o seu futuro

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ora!

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REVISTA MONTEPIO

P R O P R I E D A D E

Montepio Geral – Associação Mutualista, Rua do Ouro, 219-241 1100-062 Lisboa Tel. 213 249 540 NIPC: 500 766 681

D I R E T O R António Tomás Correia D I R E T O R - A D J U N T O Rita Pinho Branco C O O R D E N A Ç Ã O Gabinete de Relações Públicas Institucionais

E D I T O R

Plot - Content Agency Av. Conselheiro Fernando de Sousa, 19, 6º, 1070-072 Lisboa Tel. 213 804 010D I R E T O R D E P R O J E T O

Mauro Duarte Sousa E D I T O R C H E F E

Nuno Alexandre SilvaE D I T O R E X E C U T I V O

Miguel Ferreira da SilvaD I R E T O R A D E A R T E

Inês ReisD E S I G N

Mariana Camacho, Mafalda Maia, Pedro Dias, Rita Barata Feyo, Sónia GarciaP R O D U Ç Ã O E A R T E F I N A L

Ana Miranda e Pedro Pinguinha

C O L A B O R A Ç Õ E S

Adriano Moreira, Baptista-Bastos, Carla Jesus, Filipe Gil, Francisco Moita Flores, Helena Viegas, João Morales, Maria Pereira, Rita Vaz da Silva, Susana Lima (texto), Alexander Silva, Artur, Carla Pires, Carlos Ramos, João Relvas, Maria Sancho, Miguel Nogueira, Rogério Ribeiro (fotografi a), Natasha Hellegouarch, Vera Mota (ilustração)

P U B L I C I D A D E

Sónia Vigário (913 038 491)Tel. 213 804 010 | Fax 213 804 011

I M P R E S S Ã O

LiderGraf Sustainable PrintingRua do Galhano, 15 (E N 13), Árvore 4480-089 Vila do Conde

| Revista trimestral |Depósito Legal nº 5673/84 | Publicação periódica | registada sob o nº 120133

T I R A G E M

xxx xxx exemplares

O Montepio é alheio ao conteúdo da

publicidade externa. A sua exatidão e/ou

veracidade é da responsabilidade exclusiva

dos anunciantes e empresas publicitárias.

COLABORADORES

Sérgio Moura AfonsoAtor

Admirador da

arte de Robert

De Niro e Carla

Galvão, o ator

e professor de

Interpretação

começou a

carreira em

1995, no teatro,

mas desde 2000

que podemos

vê-lo em vários

papéis na

televisão e no

cinema. Conheça

melhor o homem

por detrás dos

ecrãs e das luzes

da ribalta

Luís Araújo Gestor

O presidente

do Turismo de

Portugal recorda

as curiosidades

da sua carreira

profi ssional e

explica por que

razão a imagem

de Portugal

tem de ser

diferente, unindo

numa só oferta

Turismo, Cultura

e Património.

"Tem de ir ao

encontro do que o

consumidor quer",

admite o gestor,

um apaixonado

por viagens

Álvaro Covões Empresário

O "inventor" do

maior festival

de música de

Portugal – e um

dos maiores da

Europa, o NOS

Alive – defende

uma maior

participação da

sociedade civil

e um papel mais

interventivo dos

empresários do

setor na gestão

cultural.

É que a cultura,

defende, também

é entretenimento

e tem uma função

terapêutica

Nesta edição...

Participe na próxima edição desta revista

Aceite o desafi o, participe

na próxima edição e

envie-nos as suas sugestões

e comentários para

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ou, se preferir, para

Revista Montepio, Gabinete

de Relações Públicas

Institucionais, Rua do Ouro,

241, 1°, 1100 - 062 LisboaEst

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origem em fl orestas com gestão fl orestal sustentável e fontes controladas

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ESTATUTO EDITORIAL

A Revista Montepio é a publicação

que faz a ligação entre o Montepio

Geral - Associação Mutualista

e os seus associados.

Conheça o seu estatuto editorial em

http://www.montepio.pt/

SitePublico/pt_PT/institucional/

vantagens-associado/

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Glocal^ CULTURAQue artistas mais contribuíram para a música portuguesa que hoje ouvimos? Vamos construir um mapa infográfi co que nos ajuda a perceber a evolução deste fenómeno.

Reportagem^ EMIGRAÇÃOSão médicos, enfermeiros, engenheiros e especialistas em tecnologia. Qual o novo perfi l dos portugueses que escolheram o estrangeiro para viver?

Observatório^ EDUCAÇÃOQue línguas devem os nossos fi lhos aprender, qual o papel do português e por que razão o mundo já não fala só inglês ou francês.

#22OUTONO 2016 série II

36PÁG.

10PÁG.

82PÁG.

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REVISTA MONTEPIO

EDITORIAL

A História é feita de Dylans. De empreendedores da disrupção, de transformadores sociais, de agitadores, de inconformados.

Ficar na História é fazer parte da mudança. Da mudança anun-ciada pelo agora prémio Nobel Bob Dylan. Um fazedor da mu-dança que se tornou, ele próprio, protagonista indireto da mudan-ça, num guião a cargo dos argumentistas sociais e culturais da Academia Sueca. Um fazedor da mudança como os que entrevis-támos nesta revista, capazes de agitar a sociedade através de temas fraturantes e, muitas vezes, abandonados, que moldam a forma co-mo as novas gerações observam o mundo, hoje e no futuro.

Num momento em que o imediatismo das redes sociais lidera na perceção de transformação constante, há uma crescente neces-sidade de destacar os verdadeiros impulsionadores da mudança: as mulheres e os homens, os artistas, pro� ssionais e cidadãos cuja visão e carisma têm um impacto duradouro na sociedade e nas nossas vidas.

Mas há uma característica da mudança que não podemos esque-cer: a esperança. A esperança de que os tempos, mesmo revoltos, transportem e contrariem a incerteza e a instabilidade anuncia-dos nas “vozes” da arte. A esperança que a Associação Mutualista

Os fazedores da mudançaMontepio também leva aos seus associados todos os dias. Um caminho feito de estabilidade em cenários disruptivos ao longo dos tempos, com o papel fundamental de assegurar que a mudança social, cultural ou económica, se constrói sobre alicerces sólidos do tecido social. Das instituições. Da con� ança. Sempre, com a Associação Mutualista Montepio.

Há uma característica da mudança que não podemos esquecer: a esperança. A esperança que a Associação Mutualista Montepio também leva aos seus associados todos os dias.

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A MAIS VELHA ALIANÇA DO MUNDO

1373 – É assinado o Tratado Anglo-Português, em plena Idade Média

1386 – D. João I e Ricardo II renovam a Aliança Anglo-Portuguesa no Tratado de Windsor

1661 – No Tratado de Paz e Aliança fica acordado o casamento de Carlos II de Inglaterra com D. Catarina de Bragança

1703 – O Tratado de Methuen concedeu livre entrada aos lanifícios ingleses em Portugal e redução das tarifas impostas aos vinhos portugueses em Inglaterra

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1807 – Portugal recusa aderir ao Bloqueio Continental, preferindo ficar do lado britânico, e sofre, como consequência, as invasões napoleónicas

1890 – O Ultimato Britânico exige que Portugal retire as forças militares do território entre Moçambique e Angola

1914 – A pedido do Reino Unido, Portugal retira todos os navios alemães dos seus portos, em plena Primeira Guerra Mundial

1939 – Durante a Segunda Guerra Mundial a aliança foi invocada para estabelecer bases navais nos Açores, apesar da neutralidade portuguesa no conflito

6 6

1

A MAIS VELHA ALIANÇA DO MUNDO, ENTRE PORTUGAL E O REINO UNIDO, CAMINHA PARA OS 650 ANOS. AGORA, PASSA POR MAIS UM DESAFIO COMPLEXO: O BREXIT. EM CAUSA ESTÁ A EVENTUAL DIMINUIÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE EMPRESAS NACIONAIS E A REDUÇÃO DO NÚMERO DE TURISTAS BRITÂNICOS NO NOSSO PAÍS. CONHEÇA A RELAÇÃO ENTRE PORTUGUAL E O REINO UNIDO

GLOCAL

REVISTA MONTEPIO

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CIDADÃOS

Dependência portuguesa do Reino Unido

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Residentes com nacionalidade portuguesa no Reino Unido

Remessas do Reino Unido para Portugal

Entrada deportugueses no Reino Unido

95 000 102 000 105 000 111 000 143 000 175 000

94 824 94 621 105 314 130 487 156 226

População residente por condição perante o trabalho

Fonte: INE

Fonte: INE

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1 305 1 385 1 462 1 446 1 507

*em estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos e apartamentos turísticos e outros

*em estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos e apartamentos turísticos e outros

EMPRESAS TURISMO

54,9%

35,8%

Ativa desempregada

6,4%

Balança Comercial de Bens de Portugal com Reino Unido

Exportações *em milhões €

Importações *em milhões €

3 3492 9432 612 2 232

2 386

2011 2012 2013 2014 2015

2011 2012 2013 2014 2015

1 8171 675 1 674 1 4651 969

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Receitas turísticas geradas pelo Reino Unido (em milhões €)*

1,71,61,41,31,21,11,1 1,1

8,37,66,46,31,15,7 5,5

Hóspedes britânicos em Portugal (em milhões)*

2 007

7,0

Idade dos portugueses no Reino Unido

<1512,7%

15-3952,2%

+655,6%

40-6429,5%

escolheram o Reino Unido como destino.

Emigração em 2015

10 emigrantes

portugueses

Em 2015, 3 em cada

Total 101 203

Reino Unido 32 301 (31,9%)

Ativa empregada

Valor mais alto

Dormidas de britânicos em Portugal (em milhões)*

1 748

Fonte: Observatório da Emigração

*em milhares de € preços correntes

Fonte: Observatório da Emigração

REVISTA MONTEPIO

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REVISTA M�������

Associado Montepio António José Pereira da Costa

Por mim começo a �car descon�ado destas “sondagens”. Nun-ca fui sondado, mesmo para “gastos cá da casa”, e não conheço quem tenha sido. As “amostras” parecem-me confrangedoramente diminutas – quando as sondagens são feitas por cá – em relação ao universo (potencial) dos eleitores, mas alguns falhanços também já se detectam.

Descon�o, pois, das sondagens e, até prova em contrário, elas são utilizadas também para in�uenciar o eleitorado. Por outras pala-vras, a mentira e a manipulação trazem à mistura uma dose maior ou menor de verdade, o que me pode levar a aceitar opções que talvez não sejam as minhas. E escusam de me vir demonstrar o contrário.

Tenho para mim que as “sondagens” em Inglaterra falharam por não terem conseguido in�uenciar o eleitorado na direcção que se esperava. Consequentemente, cada um votou como quis ou foi levado a isso.

É dado adquirido que os ingleses nunca se incluíram na União Europeia. Nos últimos anos, a vida e o funcionamento da União terá sido conturbado, falando já com certo eufemismo, o que culmi-nou com ameaças de expulsão ou abandono de países. Nenhuma destas hipóteses se con�rmou… ainda. Por mim, estou certo que o puzzle desmoronar-se-á logo que caia a primeira peça.

Os ingleses votaram e optaram por uma solução económica e po-lítica vulgarmente designada pe-lo acrónimo BREXIT. A vitória foi escassa, mas é a vontade popu-lar que se convencionou ser sem-pre ditada pelo esclarecimento. Admitamos que sim. As estatísticas dizem que, se o universo é muito largo, o resultado da sondagem es-tá correcto. Mesmo assim, há quem

diga que “o povo sabe sempre o que não quer”, mas, se calhar… não sabe bem o que quer ou deve querer.

O problema está no que sucedeu depois. Dá a impressão de que os “leaders” vencedores tiveram uma vitória de Pirro e arrependeram--se. As “negociações” irão arrastar-se até que a Inglaterra conclua que não tem opção e que a solução BRE-STAY é a que mais lhe interes-sa. É claro que haverá pequenas alterações no relacionamento com a UE e algo será muda-do para que tudo �que na mesma. Quando mal nunca pior e os governantes que prometeram o BREXIT farão rezas, missas e ladainhas para que o povo se esqueça do que lhe foi prometido. Pode ser um trabalho lento, mas o esquecimento dos povos em relação às más soluções políticas é mais que certo.

En�m, o povo… que só atrapalha! Isto sem o povo era muito mais simples!...

Brexit E AGORA? OS INGLESES DISSERAM QUE SE QUEREM IR EMBORA DA EUROPA. E DEPOIS? JÁ POUCO INTERESSA SE AS SONDAGENS FALHARAM E PORQUÊ

OPINIÃO

NOTA: António José

Pereira da Costa escreve

segundo a chamada

norma antiga

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TENDÊNCIAS NA ECONOMIA, SOCIEDADE,

VIDA E CULTURA

O MEU MUNDO

página 18

SOCIEDADEHá uma nova Lisboa a nascer, uma cidade virada para o futuro, na qual os espaços públicos vão ganhar nova vida. Venha conhecê-la

página 16

ENTREVISTAFábia Rebordão é uma das novas vozes do Fado. Aos 31 anos, a jovem assume a mudança como a sua imagem de marca e modo de estar na vida

página 36

PERFILO presidente do Turismo de Portugal explica por que razão tenta fazer algo diferente a cada dois anos e como a sua carreira reflete esta visão da mudança

página 10

TEMA DE FUNDOA Cultura é mais que a simples soma de várias artes. É uma forma de ver e interpretar o mundo, contribuindo para a sua evolução e mudança

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REVISTA MONTEPIO

1o meu mundoTEMA DE FUNDO

MUDANÇA

AGENTES PROVOCADORESCURADORES, CRIATIVOS, PROMOTORES E EMPRESÁRIOS SÃO PROFISSIONAIS QUE SABEM COMO A CULTURA, ALÉM DE UM REFLEXO DA SOCIEDADE, É UM DOS MOTORES DA MUDANÇA.

NAS MAIS VARIADAS ÁREAS, DA MÚSICA AO CINEMA, SEM ESQUECER A ARQUITETURA E O DESIGN, SAIBA COMO OS AGENTES

DESSA MUDANÇA PERCECIONAM O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO DA CULTURA EM PORTUGAL

POR HELENA VIEGASFOTOGRAFIA ALEXANDRE SILVA, MARIA SANCHO, TIAGO MIRANDA

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REVISTA MONTEPIO

A mudança acontece em permanên-cia. Mesmo que não seja imediata-mente evidente e nos remeta para o (um) futuro, ou que pareça exigir um olhar para o passado na esperança de reconhecer os momentos de maior sobressalto... Isso mesmo per-cebemos pelas palavras de Mariana Mesquita, que conta como a platafor-ma Underdogs quer mudar a relação das pessoas com a cidade através da arte urbana, mas também através da viagem que o encenador Filipe La Feria faz pela história do teatro, da Antiguidade Clássica aos tempos da censura em Portugal. Ou quando Bárbara Coutinho explica porque é que o MUDE quer ser um museu do design nas suas várias dimensões, além de um simples mostruário de ícones do design e da moda. Por que motivo considera o realiza-dor António-Pedro Vasconcelos que o cinema não mais terá a ma-gia que teve no século xx? A mu-dança está em curso, é imparável e a cultura re� ete essa inquietude, entre o impasse do confronto de diferentes vontades, a antecipação e os avanços. No cinema, como na música, na arte ou na arquitetura. Para o promotor Álvaro Covões, é necessário lembrar que a cultura também é entretenimento e que urge formar públicos. As pessoas e as cidades evoluem. E isso tem efeitos no modo como vivemos os espaços. Ricardo Carvalho, arquiteto e professor, explica como a globalização transformou a mu-dança num enorme desa� o para a arquitetura. A mudança está presente em todos os momentos da nossa cultura, mas não ocorre sem um agente provo-cador. E o elemento de mudança somos nós.

^ ARTISTAS UNIDOS

A Underdogs é uma

plataforma cultural que

reúne várias linguagens

da arte contemporânea

“Queremos fazer da arte uma experiência quotidiana.”Mariana MesquitaPlataforma Underdogs

Fundada por Alexandre Farto (Vhils) e Pauline Foessel, a Underdogs assume--se como “uma plataforma de trabalho para as artes visuais com origem no es-paço urbano” e desde 2013 tem partici-pado em inúmeros projetos, com desta-que para o festival MURO e a criação de um serviço de visitas guiadas pelos novos murais de Lisboa.

“Uma das missões da Underdogs é contribuir de forma ativa como agen-te de mudança. Acreditamos que o Programa de Arte Pública, que temos desenvolvido em Lisboa desde maio de 2013, tem contribuído para transformar a paisagem, a perceção e o modo como usufruímos e vivemos a cidade”, explica Mariana Mesquita, a responsável pela comunicação da plataforma. Até agora, a Underdogs já criou 27 intervenções em grande escala no espaço público, em zonas centrais ou de periferia.

Com uma galeria no Poço do Bispo, em Lisboa, a vontade da Underdogs é abrir o espaço à cidade, esbater as fron-teiras entre o espaço interior e a cidade, assim como ir ao encontro de públicos diversos. “Queremos fazer da arte uma experiência quotidiana”, acrescenta.

A apresentação desta forma de arte em contextos públicos e comunican-do diretamente com as pessoas pode “bene� ciar a cidade em termos de em-belezamento, oferta cultural e turismo”. Desde logo por alterar o olhar sobre o lugar e por permitir que “os próprios habitantes encontrem um novo rela-cionamento com os espaços”, defende Mariana Mesquita. Quando em Lisboa, entre 2010 e 2011, o festival CRONO apresentou pela primeira vez este tipo de intervenções públicas em larga esca-la, as obras que geraram maior impacto foram as dos Gémeos, Blu, Sam3, Erica il Cane e Lucy McLauchlan nas facha-das da Avenida Fontes Pereira de Melo… “E um dos objetivos do festival foi pre-cisamente contribuir para a discussão pública em torno dos espaços devolutos e da especulação imobiliária, chaman-do a atenção deste exemplo numa das zonas nobres da cidade.”

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REVISTA MONTEPIO

o meu mundoTEMA DE FUNDOmudança - agentes provocadores

“Lembro-me como era atrevido e perigoso levar certos textos à cena...”Filipe La Feriaempresário, dramaturgo e encenador

Filipe La Feria recorda um dos mo-mentos da história em que sentiu com maior intensidade o poder transfor-mador da arte do palco. “Antes do 25 de Abril o teatro era uma forma de es-clarecimento, luta, alegria e coragem. Lembro-me como era atrevido e peri-goso levar certos textos à cena e a rece-ção que provocavam no público. Até a revista era subversiva e, com gargalha-das e humor inteligente, o teatro escla-recia, provocava e divertia”, conta.

A revolução de 1974 trouxe a liber-dade e ajudou a tornar mais evidente essa contribuição. Mas Filipe La Feria

lembra que esse impulso promotor da mudança está no ADN do teatro desde a sua génese. “O teatro sempre foi um meio de formar um Homem melhor. Um espelho que os atores colocam nos olhos do espetador e que re� ete as suas grandezas e misérias, a luz e a sombra que todos temos. O teatro é poesia que se materializa no palco, seja de que géne-ro for. O verdadeiro teatro é sempre uma lição de vida e de amor.”

Filipe La Feria marcou a diferen-ça nos anos 80 pela irreverência das peças que levou a cena ao longo de 16 anos na Casa da Comédia. Depois pas-

sou pelo Teatro Nacional, onde ence-nou Passa Por Mim No Rossio (1991), pela televisão, e voltou a preconizar outra enorme mudança quando, já como empresário, recuperou o Teatro Politea-ma, tornando o seu apelido sinónimo de um novo teatro ligeiro. Maldita Cocaí-

na (1992) marcou o início desse caminho, guiado, segundo o próprio, pela exigên-cia, o “querer sempre que um espetácu-lo seja sempre melhor que o anterior”. As salas voltavam a encher-se e as peças conseguiam manter-se em cena vários anos seguidos.

“Mas o êxito só se consegue com muito trabalho, sangue, suor e lágri-mas”, a� rma. Descrente da atual po-lítica cultural – “pratica-se uma cultu-ra elitista, de fachada, dando-se ao po-vo o pimba, as telenovelas e produtos de péssima qualidade” –, aponta como o caminho de mudança uma maior li-gação entre a evolução e a cultura. “Veja-se que não existe em Portugal uma companhia de ópera, de teatro, de bailado. Lisboa continua a ser o centro aglutinador...”, comenta. Mas, apesar disso, recusa baixar os braços: “O tea-tro é a minha vida. É a minha forma de respirar, de estar com os atores, de compreender o mundo.”

^ PARCERIA MONTEPIO

A Associação Mutualista

Montepio apoiou o mais

recente trabalho

do encenador, o clássico

As Árvores Morrem de Pé

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REVISTA MONTEPIO

“O design tem a capacidade de transformar a forma como vemos o mundo”Bárbara Coutinhodiretora do Museu do Design e da Moda

Em português, o acrónimo do Museu do Design e da Moda é também o im-perativo do verbo mudar – e essa coin-cidência foi decisiva para a escolha do nome: MUDE. Fazendo alusão ao fac-to de “o design incluir na sua identidade e na sua natureza a capacidade de ser um motor de mudança na sociedade”, MUDE é também um nome carrega-do de valor simbólico para um museu que se pretende disruptivo em relação ao modelo tradicional, assumindo-se como um espaço de re� exão e, ele pró-prio, um work in progress.

A capacidade transformadora do design esteve, desde sempre, muito as-sociada à exploração dos materiais e à criação de objetos que vieram revo-lucionar a nossa relação com o quoti-diano. Bárbara Coutinho cita o exem-plo da minissaia, uma peça que “espe-lhou e, ao mesmo tempo, contribuiu para uma mudança de mentalidades, de comportamentos de género, pro-

movendo a igualdade feminina e pro-vocando até uma alteração da própria conceção do corpo”.

Nas novas tendências do design

vislumbra-se novamente uma filo-sofia impulsionadora de mudança. “São processos mais colaborativos, muitas vezes microprojetos mas com uma dimensão global, que procuram fazer-nos re� etir”, acrescenta Bárbara Coutinho. Exemplo disso são projetos como o Fashion Revolution, um mo-vimento que promove o comércio jus-to na moda, ou o Fixperts, que reúne designers que colocam a criatividade ao serviço da comunidade, criando ou recriando objetos que possam revelar--se úteis. Em Portugal, Susana Antó-nio é uma das grandes embaixadoras deste conceito de design social. Conhe-cida sobretudo pela iniciativa A Avó

Veio Trabalhar, a designer tem desen-volvido vários projetos, em estreita relação com as comunidades.

Ao procurar a transformação

positiva das condições de vida,

“a arquitetura implica na sua

génese a mudança”, explica

Ricardo Carvalho, arquiteto

e diretor do departamento de

Arquitetura da Universidade

Lusófona. Por esse motivo, tem

a capacidade de se antecipar e

de sobreviver à passagem do

tempo, tornando-se património,

memória coletiva. No nosso

país "encontramos períodos

excecionais como as décadas

de 1950 e 1960 [bairros de

Alvalade e dos Olivais] que

introduziram modos de atuar

com conexão internacional”.

Depois disso, “o período

revolucionário do 25 de

Abril contribuiu com outras

formas de construir a cidade,

corrigindo-se assimetrias” e

“o fi nal dos anos 90 e a Expo

98, que colocaram a arquitetura

num debate mais alargado,

contribuindo para que mais

pessoas se apercebessem da

sua relevância para o bem-

-estar coletivo”, aponta.

Exemplo de como a arquitetura

atua como agente de mudança

foi o projeto para a recuperação

do Chiado do arquiteto Álvaro

Siza: “Abriu uma forma de atuar

nos centros históricos que

não era evidente no fi nal dos

anos 80. Foi, simultaneamente,

transformador e conservador,

que é um modo de atuar

complexo e pouco evidente.

Hoje podemos ver como o

arquiteto trabalhou a questão

do tempo e da memória da

cidade. E, mais importante,

como a cidade absorveu o

projeto e o toma como ‘natural’”.

ARQUITETURA

Cidades em Movimento

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REVISTA MONTEPIO

1o meu mundoTEMA DE FUNDOmudança − agentes provocadores

“Para aproximar as pessoas a arte tem de ser fácil, simpática.”Álvaro Covõesdiretor de espetáculos da produtora Everything is New

Em dez anos fez da Everything is New uma produtora de grande dimensão – responsável pelo festival NOS Alive – que ajudou a colocar Lisboa no ma-pa das digressões das maiores ban-das e artistas. Álvaro Covões foi um dos agentes dessa mudança no pano-rama musical e, mais recentemente, aventurou-se também na organização de grandes exposições, como a retros-petiva de Joana Vasconcelos, no Palá-cio Nacional da Ajuda, ou a mostra de obras do Museu do Prado no Museu Nacional de Arte Antiga. Mas gosta-va de fazer mais.

Muito crítico quanto ao papel do Estado na gestão da cultura – “a his-tória do mundo diz-nos que a cultura tem sido muitas vezes utilizada como instrumento político” –, o promotor defende uma maior participação da sociedade civil e um papel mais in-terventivo dos empresários do se-tor, que são quem mais entende de marketing e podem fazer a diferença. “Noventa por cento das salas de espe-

táculos são públicas e não há diálogo entre o Estado e os promotores priva-dos. Somos uma espécie de cobrado-res de impostos...”, acusa.

Álvaro Covões defende que é pre-ciso reconhecer que a cultura é tam-bém entretenimento – gera bem-es-tar e tem uma função terapêutica –, e preconiza uma mudança só atingível com uma aposta concertada na cria-ção de novos públicos. “Para aproxi-mar as pessoas a arte tem de ser fácil, simpática”, alerta. “É preciso que ha-ja muitos concertos de música clássi-ca simples e óperas para formar públi-cos interessados nos espetáculos mais eruditos”, explica, dando como exem-plos a sua história com os festivais e dos grandes concertos. “Quando co-meçámos havia um grande concerto de uma banda internacional num es-tádio, de dois em dois meses. Foi pre-ciso criar mercado. Trazíamos Maria

^ FORMAR PÚBLICOS

Nos últimos 20 anos

o público de espetáculos

ao vivo aumentou de menos

de 1 milhão para mais de

12 milhões de espetadores.

Bethania, Caetano Veloso, Tinders-ticks, YoungGods… e fomos criando públicos. Hoje há concertos todos os dias”, explica.

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REVISTA ������

Uma canção pode

mudar a forma como

vemos o mundo?

“A cantiga é uma ar-

ma!”, cantava José Mário

Branco, em 1975.

E pode efetivamente sê-

-lo, sobretudo quando in-

serida em contextos de

convulsão. Há canções

que se tornaram verda-

deiros hinos, símbolos e

porta-vozes de agitações

sociais. Em Portugal, no

período anterior e ime-

diatamente posterior

ao 25 de Abril de 1974 –

neste caso com destaque

para a obra de José

Afonso (no seu todo),

bem como inúmeras

canções de José Mário

Branco e de Sérgio

Godinho.

É necessário que exista

intencionalidade para

uma canção ter esse

poder?

Como em todas as artes,

existe na canção uma

função catártica e, em

grande parte delas, uma

mensagem que pode ser

mais ou menos explícita

e intencional. E quando

essa convivência entre

texto e música é conse-

guida, mais cedo ou mais

tarde acaba por influen-

ciar e fazer parte do ima-

ginário coletivo. Hoje,

graças às fantásticas e

imparáveis evoluções

tecnológicas, podemos

ouvir uma canção gra-

vada há alguns minutos

nalgum obscuro canto

de Buenos Aires ou de

Tóquio. E se a canção for

boa irá de certo influen-

ciar-nos…

Sente-se um agente de

mudança?

Tenho procurado sempre

escrever canções que me

satisfaçam no momen-

to ou façam sentido pa-

ra mim, e com as quais

preveja um bom conví-

vio até ao fim da estra-

da, continuar a cantá-las

com prazer e convicção.

As mensagens vão va-

riando mas, basicamen-

te, faço por salientar e

defender os meus valores

fundamentais: liberdade,

igualdade, fraternidade.

“O cinema deixou de ser relevante”António-Pedro Vasconcelos cineasta

António-Pedro Vasconcelos continua a fazer cinema, a ter espetadores nas salas e reconhece até que os seus �lmes po-dem ter contribuído para a mudança. Ao longo da carrei-ra António-Pedro Vasconcelos teve sempre uma intenção, quer fosse ela a denúncia da chaga social do trabalho infan-til (Jaime, 1999) ou o alerta para o abandono a que a socieda-de atual vota os mais velhos e os mais jovens (Os Gatos Não

Têm Vertigens, 2014). Sente-se “condenado a ser livre”, como explica no livro com o título homónimo. Mas isso não quer dizer que seja um otimista. Bem pelo contrário, já que é um dos principais críticos do sistema de �nanciamento vigen-te, que acusa de acentuar o divórcio entre o espetador e o cinema português por apostar em �lmes que ninguém vê e reduzir a �cção televisiva a telenovelas que mostram um Portugal que não existe...

Políticas à parte, o cineasta explica que o cinema, enquan-to veículo principal da �cção, acabou, tal como um dia acon-teceu com a ópera. A forma de consumo alterou-se com a te-levisão e a Internet e “o cinema em sala perdeu a aura, deixou de ter grandes autores a interpretarem o imaginário coleti-vo, deixou de ter um papel federativo, de in�uência de com-portamentos”. O herdeiro desse papel principal está por sur-gir – a ópera acabou mas apareceram outras coisas, como os musicais da Broadway, por exemplo – e o futuro ajudará a trazer de�nições. António-Pedro Vasconcelos não tem, porém, grandes dúvidas: o cinema não voltará a ter o poder que teve ao longo do século XX na América ou em momentos especí�-cos na Europa: nos anos 20 na Alemanha e na União Soviética (após a Primeira Guerra e usado para propaganda dos regi-mes), ou nos anos 60, em França (berço da Nouvelle Vague).

Função catártica da músicaJorge Palma músico

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1o meu mundoENTREVISTA

REVISTA MONTEPIO

FÁBIA REBORDÃO

Alma de fadista, impulso de camaleãoFÁBIA REBORDÃO FAZ PARTE DE UMA NOVA GERAÇÃO DE FADISTAS, INFLUENCIADOS PELOS CLÁSSICOS MAS QUE TRABALHAM A SUA MÚSICA COM OUTROS SONS, ESTILOS E INFLUÊNCIAS

POR NUNO ALEXANDRE SILVA

FOTOGRAFIA CARLOS RAMOS

A Fábia é a personi  cação da mudan-ça, desde a forma como mudou   sica-mente às novas roupagens com que veste o Fado. São decisões muito pon-deradas ou deixa-se levar pela espu-ma dos dias?É uma coisa que acontece normalmen-te. Eu sou mesmo assim. Esta excentri-cidade faz parte de mim, desde sempre. É uma coisa que penso e que é natural. Acordo de manhã e não é uma coisa que programe: eu vou mudar de cabe-lo ou eu vou usar esta roupa assim… Tive o cabelo comprido muitos anos e de repente acordei um dia e pensei cor-tar radicalmente.E de onde vem essa necessidade de mudar?Sou a eterna insatisfeita. Acho que a vida é curta para estagnarmos e ficarmos sempre na nossa zona de

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REVISTA MONTEPIO

conforto. Acho importante mudar-mos e experienciarmos coisas novas e diferentes. Correndo riscos?Sim, mas isso é a verdadeira adrenali-na da vida. O que dá sabor à vida. A mudança foi apenas física ou sente que, também lá dentro, está diferente da Fábia que participou na “Operação Triunfo” (OT) e que as pessoas se habi-tuaram a ver?Interiormente estou em constan-te mudança, sempre, desde que nas-ci até agora, e espero continuar. Porque é isso que vai in� uenciando a

minha forma de compor, de escrever, de cantar, de me relacionar com as pes-soas, com os amigos e com o público. E é incrível porque eu sinto-a. Eu sinto essa mudança dentro de mim.O que recorda desses tempos [OT] e o que trouxe para esta nova Fábia?Tenho muito boas recordações. Eu era muito nova, tinha 18 anos. Não tinha experienciado muita coisa a nível mu-sical. Tinha estado apenas em casas de Fado, no teatro, e foi importante a rela-ção com outras pessoas, ter podido usu-fruir de aulas com vários professores experientes nas suas áreas. Foi impor-tante para mim enquanto cantora e en-quanto mulher. Ainda não tinha escri-to nem composto nada naquela época mas comecei a idealizar o que poderia fazer. Foi ali que percebi que era o Fado que eu queria que � zesse parte da mi-nha vida para sempre. Que fosse a mi-nha base. Porque era no Fado que eu me sentia mais confortável, embora ti-vesse muitas in� uências desde sempre. A Fábia é mais um dos nomes deste Fado novo de que muito se fala. Que música é esta?Acho que o Fado mantém-se no ver-dadeiro sentido da palavra. Apenas vai sofrendo evoluções: melodica-mente, harmonicamente, na sua es-crita. Vamos tendo outros compo-sitores, poetas, intérpretes, mas o Fado não perde a sua matriz, mantém a simplicidade que lhe é característi-ca. Depois há fadistas como eu, que têm outras in� uências musicais e que, se calhar, resolveram explorar esse lado.Como vê esta nova geração de fadis-tas?Acho fabuloso e é bom para o país ter alguém a digni� car o Fado desta ma-neira e fazer com que toda a gente possa ter acesso a ele, toda a gente possa usu-fruir da nossa alma melancólica, triste. Mas também alegre, porque o Fado re-lata a vida. E a vida não é só feita de coi-sas tristes.Agora tem um novo álbum, Eu. O que é que este Eu tem lá dentro?Este Eu demorou algum tempo a ser

feito porque eu sofri uma crise de iden-tidade e escondia-me atrás de mim mesma. Levei algum tempo para me redescobrir. Houve uma mudança in-terior e exterior, mas durante este tem-po continuei a ouvir música, a compor, a escrever e reuni amigos, pessoas que me conhecem verdadeiramente, que conseguiram decifrar este verdadeiro Eu, ofertando-me temas, letras, músi-cas. Mesmo os meus produtores, o Jor-ge Fernando e o New Max, consegui-ram decifrar esta fase da minha vida. Uma fase em que sou mais eu. Havia um desfasamento entre a sua imagem e o que acreditava ser a sua imagem?Sentia que vivia num corpo que não era o meu. Às vezes os olhares mais de-preciativos, se calhar não intencionais, in� uenciam qualquer pessoa. E às vezes as coisas que se dizem, como se olha, é o que nos faz crescer. Que nos faz ter von-tade de mudar. O single Falem Agora também é uma resposta a esse momento?Há pessoas que, para ultrapassarem os seus problemas, muitas vezes falam dos problemas dos outros. Este tema fala de alguém que não partilha des-se estado de espírito, como eu. Eu não quero saber, não preciso de falar dos problemas dos outros para ultrapassar os meus..O disco tem temas escri-tos e compostos pela Fábia. Como é o seu processo criativo, onde vai buscar a inspiração?Algumas coisas são experiências pró-prias, coisas que eu vivo, sinto ou vejo acontecer. Que eu defendo ou acredi-to. Outras são coisas que eu penso que poderiam acontecer. Como gostava de ser vista dentro de 10 anos. Imagina-se em constante mu-dança?Sim, isso sempre. Mas queria que per-manecesse o facto de ter criado a mi-nha linha musical, de eu compor, es-crever, a minha forma de cantar. E que isso se tornasse sólido, ao ponto de as pessoas perceberem assim que passe na rádio. Quero criar a minha história.

“O Fado é a minha

casa,a minha paixão. Todas as noites

canto Fado. Mas sou uma cantora e ouço

outra música, outros intérpretes.

Compro discos e gosto de saber o que acontece

no mundo da música.”

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REVISTA �������

o meu mundoREPORTAGEM

Lisboa é uma cidade de bairros, diz-se. E os bairros de Lisboa, que durante anos permaneceram num estado de dormência, estão a mudar. Várias áreas da cidade, incluindo algumas das artérias mais importantes, estão a ser intervencionadas e preparam-se para alterar para sempre a forma como a cidade é vivida e visitada. Um dos principais alvos do plano traçado pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) é a zona central da urbe, que vai levar à transformação da organização dos seus bairros e de algumas das vias

URBANISMO

LISBOA, CIDADE DE FUTUROA CAPITAL PORTUGUESA ESTÁ A FICAR DIFERENTE: MAIS PRAÇAS E ARRUAMENTOS, NOVOS ESPAÇOS E BAIRROS A RECUPERAREM A VIDA EM COMUNIDADE. O EIXO CENTRAL DE LISBOA, O CAIS DO SODRÉ E O PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA – QUE SERÁ FINALMENTE TERMINADO – ESTÃO ENTRE AS TRÊS ZONAS QUE VÃO SOFRER AS MAIORES MUDANÇAS

POR FILIPE GILFOTOGRAFIA ARTUR E CM LISBOA

principais, sobretudo no chamado Eixo Central (Avenida Fontes Pereira de Melo, Saldanha e Avenida da República). A zona ribeirinha, sobretudo o interface de transportes do Cais do Sodré, também há muito que está a ser intervencionada. Mas há outras alterações: novas praças vão surgir ou ressurgir, devolvendo aos cidadãos espaços que há muito tinham deixado de ser seus. E até mesmo o Palácio Nacional da Ajuda, começado a construir em 1794, vai ser �nalmente terminado e devolvido aos residentes e turistas.

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REVISTA ��������

^ PAIXÃO

PELO TEJO

Devolver o rio à

cidade é um dos

objetivos da nova

frente ribeirinha, um

projeto que engloba

a reorganização

do interface de

transportes do Cais

do Sodré

2017DATA PREVISTA PARA A

CONCLUSÃO das obras nas

30 praças prioritárias do projeto

“Uma Praça em Cada Bairro”,

que vai mudar para sempre a forma

como se vive em Lisboa

O ponto de partida desta regeneração urbana arrancou em maio de 2014, com a apresentação do plano “Uma Praça em Cada Bairro”. Este proje-to faseado prevê a integração da co-munidade num grande número de praças, jardins, ruas e equipamen-tos coletivos. João Seixas, professor einvestigador universitário com traba-lho nas áreas da sociopolítica, econo-mia das cidades e metrópoles, é uma das vozes favoráveis a esta mudança. O investigador sublinha, porém, que é preciso ter em conta as suas impli-cações na própria Lisboa. “A cidade é um enorme sistema, um corpo que tem de ser visto como um todo e em cada um dos seus espaços pertinen-tes”, explica. O investigador acredi-ta que está a assistir-se a uma “nova vivência do espaço urbano”. Para perceber os desa�os que aí vêem, por outro lado, “há que perceber o que é a vida urbana, evoluindo mas tendo atenção aos princípios e direitos da vida em cidade”.

Cais do Sodré mais pedonalA Praça Duque da Terceira sempre foi um dos locais caóticos e confusos da zona ribeirinha de Lisboa. Mas tudo está a mudar no Cais do So-dré, através do traço e das ideias dos

arquitetos Bruno Soares e Pedro Trindade. A Câmara de Lisboa su-blinha a importância de valorizar os espaços desta praça e do Jardim Roque Gameiro, situado em frente à estação dos comboios da linha de Cascais. “Um dos objetivos é melho-rar a mobilidade pedonal com a am-pliação dos atuais passeios, a cons-trução de novas zonas de estar e de encontro multigeracional, bem como a introdução de novas zonas de esta-da e lazer. Será essencialmente um espaço de usufruto das pessoas com ligação ao rio”, avança a autarquia.Esta é uma zona de grande con�uên-cia de população, que utiliza um dos maiores interfaces de transportes de Lisboa, o comboio, para vir trabalhar todos os dias para a capital. Mas tam-bém para lazer, em direção às praias da linha, Oeiras e Cascais.

Outra das novidades do projeto é a ligação da pista ciclável que vai unir a zona ribeirinha de Belém ao Parque das Nações. A mudança do Cais do Sodré junta-se assim às in-tervenções anteriores na Ribeira das Naus e na Praça do Comércio, que fizeram parte do projeto “Devolver o Tejo às Pessoas”, e continuará pe-lo Campo das Cebolas, culminando no Terminal de Cruzeiros, em Santa Apolónia. Trazer pessoas para junto do rio, através de espaço público fun-cional e de vivência, é o principal ob-jetivo do novo planeamento urbano.

Unir os bairros, retirar os carrosOutra das grandes intervenções que está a mexer com o coração de Lisboa são as obras no Eixo Central, denomi-nação da zona compreendida entre a

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o meu mundoREPORTAGEMurbanismo

Praça Marquês de Pombal e a Aveni-da da República. Inseridas no progra-ma “Uma Praça em Cada Bairro”, que substituirá o betão por novos espaços verdes, passeios maiores e ciclovias em vários locais da cidade, estas obras vão permitir uma nova visão de um dos eixos com maior pressão de tráfe-go da capital portuguesa. Aqui, a mu-dança será ainda mais profunda, uma vez que está também a ser melhorado o pavimento das ruas, um projeto que faz parte do programa “Pavimentar Lisboa 2015-2020”.

A Praça Duque de Saldanha, pon-to central do Eixo, também está a ser transformada. De zona de passa-gem de veículos e transportes, o lo-cal ganhará a funcionalidade que o próprio nome indica: praça. Nascerá então o espaço “apropriado para uma área de esplanadas e soluções de es-paço público para potenciar a estada de cidadãos no local”, segundo a CML.

Sobre esta estratégia, o investiga-dor João Seixas indica que a perce-ção humana da vida quotidiana e da vivência e de espaço público é fun-damental para o nosso futuro como humanidade. “É aí que se faz comu-nidade”, avança Seixas, autor de vá-rios livros sobre o pulsar das cidades. E explica porquê: “Mais praças, com mais acesso para todos, é extrema-mente salutar. O que me parece é que já poderíamos ir mais além. Atenção, não é uma crítica, mas podíamos pensar já em novas formas de espaço público, com programação, novas for-mas de mobilidade, novas formas de espaços públicos.” E remata: “Acho muito bem que se torne a Segunda Circular num boulevard urbano e até colocaria um elétrico de superfície. A mobilidade, sobretudo a coletiva, é um espaço público em movimento. E podia fazer acupuntura entre os vários bairros que estão muito

separados por vias que são autênticas autoestradas”, argumenta.

O “novo” Palácio da Ajuda Nem só de novas praças viverá a transformação de Lisboa nos próxi-mos meses. Há equipamentos im-portantes a surgir, desde o MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tec-nologia), em Belém, a edifícios se-culares e, neste caso, incompletos, como o Palácio Nacional da Ajuda. Nos próximos meses será feito o re-mate da fachada poente, que se espe-ra que esteja pronta no �nal de 2018 – mais de 200 anos depois do início das obras.

O palácio foi edificado entre os séculos XVIII e XIX, no local onde, após o Terramoto de 1755, D. José I mandara construir a residência real, denomi-nada Real Barraca, que foi totalmen-te destruída por um violento incên-dio em 1794. “A ser construído, seria

> NOVAS VALÊNCIAS Na ala poente será criado

um museu destinado a acolher

as joias da Casa Real

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REVISTA "#$%&'(#

TENDÊNCIA

Marvila, a next big thing de Lisboa?

Azona oriental

da cidade,

emparedada

entre a centralidade

secular e a modernidade

urbana do Parque das

Nações, começa agora

a ganhar uma nova vida.

Lentamente e sem

grande alvoroço,

o bairro de Marvila

está a catalisar novos

habitantes e novos

negócios, na sua

essência ligados à

cultura, criatividade

e restauração. Um dos

exemplos é a fábrica de

cerveja artesanal Dois

Corvos, fundada por

Susana Cascais

e Scott Steffens e

instalada nesta zona

da cidade. “Era um

bairro maioritariamente

abandonado e

degradado quando

nos mudámos para cá.

Mas encontrámos

o espaço de que

precisávamos, os

acessos eram fáceis

e [descobrimos] um

sentido de comunidade”,

explica Susana Cascais.

Estas são características

que levam pessoas e

negócios a esta zona.

O restaurante El Bulo,

do chef Chakall, ou o

LX Work Hub, que ocupa

o espaço da antiga

fábrica Abel Pereira

da Fonseca, são outros

dois negócios a crescer

em Marvila. É também

nesta zona que vai

surgir o Hub Criativo

do Beato, uma aposta

da edilidade e do próprio

Estado português para

tornar a freguesia num

dos maiores centros

de empreendedores

da Europa. Marvila está

a tornar-se lentamente

um dos bairros mais

emergentes de Lisboa.

E leva consigo as áreas

urbanas vizinhas.

> JOÃO CARLOS SANTOSO arquiteto concebeu

o projeto que completa

o Palácio Nacional da Ajuda,

inacabado desde 1794

um dos maiores palácios da Europa. Integrava, além do palácio, a Patriar-cal e a Real Academia de Ciências”, explica o arquiteto João Carlos dos Santos, subdiretor-geral do Patrimó-

nio Cultural e responsável pelo no-vo projeto que completará o palácio. Monumento Nacional desde 1910, o Palácio da Ajuda funciona como museu desde 1968, transmitindo o ambiente de residência real de Oitocentos.

De acordo com o arquiteto, em breve será terminada uma das alas inacabadas do palácio e, com esta, inicia-se a exposição ao público de uma das melhores coleções de joa-lharia e ourivesaria do mundo, um tesouro escondido que faz parte do património nacional e que se quer divulgar criando um novo polo de atratividade no Palácio Nacional da Ajuda.

“O novo equipamento pretende devolver o edifício à cidade com a dignidade que merece. O aspeto atual da ala poente em nada digni�ca o pa-lácio e a envolvente onde está inseri-do”, continua José Carlos Santos.

A intervenção na ala poente, ain-da inacabada, vai respeitar os limi-tes atuais do palácio, passando a coe-xistir com o traçado da Calçada da

5 desafios para a cidade

segundo o investigador

João Seixas

1A CIDADE DEVE GARANTIR

OS DIREITOS

“Ainda estamos muito apegados

ao modernismo. Pensámos

edifícios como monofuncionais,

mas devemos pensar nas

multifuncionalidades dentro

deles: habitação com funções

económicas, lojas de retalho pop up”

2VALORIZAÇÃO DA ECOLOGIA

“É conciliar a Oikologia com

a Oikonomia, ou seja, a Ecologia

com a Economia. As duas têm

a obrigação de se dar bem,

mas não tem sido assim.

Temos de perceber como podemos

conceber valor financeiro na ecologia

e valorizar a ecologia humana”

3AUMENTO DA CIDADANIA

“Nunca tivemos gerações com

tanto conhecimento e há uma

consciência cívica maior

e isso deve ser consolidado”

4COLOCAR A POLÍTICA

E A TECNOLOGIA AO SERVIÇO

DAS SMART CITIES

“Mais do que smart, as cidades

devem ser inteligentes”

5AO INVÉS DO GPS

(GEOGRAPHIC POSITIONING

SYSTEM), TER O PPS (POLITICAL

POSITION SYSTEM)

“Colocar a cidade e a vida urbana

como elemento fundamental para

o progresso humano. Valorizar a

qualidade de vida e os direitos

não é uma consequência mas uma

causa para o progresso”

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REVISTA )*+,-./*

o meu mundoREPORTAGEMurbanismo

> JOÃO SEIXAS A atual reforma do espaço público

representa a maior mudança em Lisboa

nas últimas décadas, diz o investigador

MARKETING

O hype de Lisboa

Lisboa está nas bocas

do mundo como

um dos melhores

destinos para os turistas.

Qual a razão do hype da

capital portuguesa? De

acordo com o investigador

João Seixas, tudo se deve

a um conjunto de fatores.

A começar pelo sucesso

do marketing. “A cidade é

muito bela. Sou suspeito

porque adoro a cidade,

mas já vivi em Barcelona

e Londres e Lisboa é muito

mais bonita”. Seixas refere

ainda o fator preço. “Somos

baratos. Atenção que não

é um defeito. Só o será se

provocar desigualdades

aos que nela vivem”. Outro

dos fatores apontados é a

escala humana de Lisboa,

uma razão que se sobrepõe

à crise de outros mercados

e de outras cidades como

destinos turísticos. “Temos

um conjunto de fatores que

o visitante admira. Para

além da cidade ter escala

humana, não construímos

coisas monstruosas. E ainda

bem”. O investigador aponta

ainda o facto de terem

existindo cinco décadas em

que se deixou despovoar

uma cidade milenar, sendo

que isso traz, facilmente,

novos corpos à cidade,

quer bons quer maus”.

Um exemplo: o centro

histórico de Lisboa está a

mudar mais pela pressão

do turismo, imobiliária e

financeira. A questão passa

por saber conciliar esta

faceta, mantendo a vida

urbana do centro histórico

de uma cidade com três

mil anos. “Em outros locais,

fora do centro histórico, as

mudanças também estão

a acontecer, como estão

a acontecer nos nossos

empregos e nas nossas

casas”, conclui.

Ajuda e com o Jardim das Damas. “Propõem-se operações de completa-mento cirúrgico das partes inacaba-das, por analogia com a construção existente, e justificadas por razões de unidade de leitura. Será feitaa adição de um novo volume de re-mate a poente com uma linguagem não mimética, conforme o preconi-

cio da era industrial e isso vai alte-rar a forma de ver e viver a cidade. A nossa vida quotidiana urbana es-tá a mudar”, conclui o investigador.

zado nas cartas e convenções inter-nacionais sobre património. A nova fachada procura restituir a unida-de de leitura do conjunto”, explica o arquiteto responsável.

Os espaços públicos que passarão a existir com a reabilitação do edi-fício poderão ser usufruídos por to-dos, à semelhança do que já acontece com os espaços exteriores do palácio, incluindo o Jardim das Damas.

Segundo João Seixas, esta será a maior mudança ocorrida em Lisboa nas últimas décadas. “É uma trans-formação tão histórica como a do iní-

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FA TORTOR

IMAIMAGINEM UM

FA TOR

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REVISTA MONTEPIO

1o meu mundoLÍNGUA PORTUGUESA

Imaginem um extracto de � cção: “apurados os factos, estava farto: a acta não ata nem desata e tem a percepção de que é tempo de passar à acção. Amanhã, ruma ao Egipto. Pára para pensar e acciona os meios necessários para que, até Dezembro, o documento cor-de-laranja esteja, pelo menos, projectado”. Agora, o mesmo extracto, submetido já ao Acordo Ortográ� co de 1990 (AO 90): “apurados os factos, estava farto: a ata não ata nem desata e tem a perceção de que é tempo de passar à ação. Amanhã, ruma ao Egito. Para para pensar e aciona os meios neces-sários para que, até dezembro, o documento cor de laranja esteja, pelo menos, projetado”.

ACORDO ORTOGRÁFICO

ELES CONCORDAM EM DISCORDARNOS ÚLTIMOS ANOS, POUCOS TEMAS TÊM SIDO MAIS DEBATIDOS EM PORTUGAL QUE O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO. O ACORDO, É VERDADE, JÁ NÃO CAMINHA PARA NOVO, MAS CONTINUA A PROVOCAR A TROCA DE ARGUMENTOS ENTRE AS DUAS PARTES. INCLUSIVE ATÉ DE QUEM CONCORDA, MAS TAMBÉM DISCORDA, COM AS DUAS PARTES

POR JOÃO MORALESFOTOGRAFIA ARTUR, ROGÉRIO RIBEIRO, JOÃO RELVAS

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DE FICÇÃODE FICÇÃO

no mês de no mês de no mês de no mês de mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOAIOno mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de no mês de

25

REVISTA MONTEPIO

Nos últimos anos, o novo acordo divi-diu escritores, académicos, deciso-res e cidadãos, tornando-se uma das maiores polémicas públicas das mais recentes décadas. Mas o que ainda mo-ve os dois lados do debate? João Mala-ca Casteleiro, investigador e linguista, tido como o principal defensor do AO 90, considera que as pessoas alfabe-tizadas não querem mudar a ortogra� a aprendida porque isso exige esforço e sacrifício nas alterações ao acervo men-tal das imagens grá� cas das palavras.

“Outras pessoas, mais letradas, con-sideram erradamente que alterar a ortografia constitui uma espécie de atentado ao património da própria lín-gua, esquecendo que a gra� a das pa-lavras sofreu várias alterações desde os primeiros documentos escritos em português, no século XII, até à actuali-dade”, esclarece.

Do lado oposto da argumentação, Nuno Pacheco, redactor principal do jornal Público, aponta fragilidades à pretensa uni� cação, evocando o mun-do informático. “Os computadores têm correctores ortográficos. Em Maio de 2015, havia um lote razoável de varian-tes de outras línguas – o espanhol tinha 21, o inglês 18, o árabe 16, o francês 15… e estou a referir-me a variantes ortográ-� cas, não na fala. Se formos à fala, num mesmo país – Portugal, por exemplo – para uma representação grá� ca temos várias representações fonéticas. Quan-do se diz ‘a gente escreve como fala’… é

PONTOS DE VISTA

O AO 90 está em

vigor em Portugal

e, portanto, é o

código utilizado

nos manuais

escolares.

Mário Cláudio

mostra-se cordato

porque, afi nal,

“o ensino tem

de pautar-se por

aquilo que

é normativo,

o que está

legislado”. Nuno

Pacheco revela-

-se mais abrasivo.

“Estão a ensinar

às crianças

completas

idiotices. Eu já

não estou muito

preocupado que

se reverta ou não,

o problema é não

impor mudanças à

força, que foi o que

aconteceu desta

vez. As coisas

foram impostas

por reuniões

de Conselho de

Ministros e não

por lei. A lei que

está em vigor –

essa sim, foi uma

lei – é a de 1945.

Uma decisão

do Conselho

de Ministros

obriga quem?

Os ministros,

as instituições

que estão sob a

alçada do governo

– incluindo as

escolas públicas

– mas nenhuma

empresa que

não seja pública”,

defende

o jornalista.

A mudança nas escolas

mentira. Se assim fosse, e só para Portu-gal continental, tínhamos de ter várias gra� as, às vezes até variando de aldeia para aldeia”, comenta.

Curiosamente, as opiniões do escri-tor Mário Cláudio remetem para essa multiplicidade (ou liberdade) ortográ-� ca, pelo menos para alguns. “Quando os escritores – que são os verdadeiros criadores e transformadores da língua – atingem um certo nível, têm todo o di-reito de optar pela escrita que acharem melhor. É uma escolha, e uma escolha pessoal. Admito que nem toda a gente se possa dar a esse luxo. Um funcioná-rio público pode ser obrigado a escrever de acordo com aquilo que é o código actual, mas a verdade é que, no caso dos verdadeiros manipuladores da língua, as coisas são diferentes.”

O tema sempre dividiu o meio literá-rio. Natália Correia defendeu a mudan-ça, enquanto Vasco Graça Moura man-dou desinstalar os correctores ortográ-� cos com o AO 90 assim que chegou à direcção do Centro Cultural de Belém. “Lembro-me que Sophia de Mello Brey-ner sempre se recusou a escrever dança com ‘ç’, escreveu sempre com ‘s’ como tinha aprendido, e achava que a pala-vra, dessa forma, era muito mais boni-ta”, recorda Mário Cláudio.

Outro escritor, Rui Zink, tem consi-derações divergentes: “Acho positiva a ideia política de fazer o acordo. Acho ne-gativo o estado das coisas e da discussão, que raia o divórcio entre partes irracio-

nais. Sobre se é bom ou mau, não tenho opinião formada.” De acordo com Zink, a ideia que foi “vendida – e mal vendida” – era boa: “uni� car, dentro do possível, a ortogra� a, ou eliminar a maior parte das pequenas diferenças, de modo a tor-nar este bloco grande em número mas fraco em in� uência, mais poderoso e interveniente – na ONU, na UNICEF, na Europa e no mundo”, avança. Aos que apontam uma fuga à etimologia co-mo argumento para contradizer as no-vas opções de escrita, o autor de A Ins-

talação do Medo responde com alguma ironia: “Têm razão. Já quando “fructo” deixou cair o ‘c’, há mais de 60 anos, isso aconteceu. Quem diz isso tem ra-zão, há um risco nessa fuga. Agora, se existe língua portuguesa é porque foi havendo essa fuga à etimologia, senão ainda falávamos todos latim.”

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ACHECO

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1o meu mundoLÍNGUA PORTUGUESAacordo ortográfi co

Mudança ou tradição?Uma das facetas mais visíveis desta mudança prende-se com a acentuação. Malaca Casteleiro avança com uma explicação eminentemente técnica: “Quanto à supressão do acento grá� co em palavras graves, ou seja, com acen-to tónico na penúltima sílaba, o AO 90 não faz mais do que aplicar uma regra geral do português, segundo a qual as palavras graves, ou paroxítonas, não se acentuam gra� camente, justamen-te porque o português é considerado uma língua tendencialmente paroxíto-na, ou seja, com tendência para colocar o acento tónico na penúltima sílaba”; avança. De acordo com o especialista, existem vários casos em que, nas paro-xítonas, não se distingue com acento grá� co a tónica aberta da tónica fecha-da, como em “acerto” (forma verbal) de

“acerto” (nome), “acordo” (forma verbal) de “acordo” (nome) ou “fora (advérbio) e “fora” (forma verbal). “Não fazia sentido que continuássemos a distinguir com acento grá� co casos semelhantes, como

uma vez, com uma convergência inter-continental: “Procurámos unificar a ortogra� a destas formas nos dois lados do Atlântico (no Brasil já se escreviam com minúscula), indo ao encontro do que era a prática noutras línguas româ-nicas, uma vez que tais palavras não são nomes próprios mas comuns”, explica.

Nuno Pacheco acaba por a� nar por esse diapasão – embora com outra me-lodia – ao considerar que essa troca de iniciais “não tem nenhuma razão”. “A única justi� cação é que o Brasil já an-dava a fazer isso. O medo é português, não é brasileiro porque, pelo mundo fo-ra, as pessoas têm mais facilidade em aprender o português do Brasil que o por-tuguês de Portugal. Curiosamente, pela escrita, dá-se o contrário”, argumenta.

Assumindo essa mesma in� uência do Brasil em algumas decisões toma-das, Rui Zink afasta-se, contudo, des-te enfoque, apontando que a conversa tem “roçado” a xenofobia. “Há pessoas para quem Portugal continua a ser o

Mário

“QUANDO OS ESCRITORES – QUE SÃO OS VERDADEIROS CRIADORES E TRANSFORMADORES DA LÍNGUA – ATINGEM UM CERTO NÍVEL, UMA CERTA CATEGORIA, TÊM TODO O DIREITO DE OPTAR ”

“QUANDO SE DIZ 'A GENTE ESCREVE COMO

FALA' É MENTIRA. SE ASSIM FOSSE

TÍNHAMOS DE TER VÁRIAS GRAFIAS, ÀS

VEZES ATÉ VARIANDO DE ALDEIA PARA

ALDEIA”

Nuno

Redactor principal do jornal Público

‘para’ (forma verbal com acento agudo) de ‘para’ (preposição) ou ‘pelo’ (forma verbal com acento agudo) e ‘pelo’ (nome com acento circun� exo) de ‘pelo’. Ora, pertencendo estas palavras a classes gramaticais diferentes, o contexto sin-tático em que ocorrem evita, em geral, qualquer ambiguidade”, explica.

Pelo contrário, Nuno Pacheco diz que não encontra “qualquer motiva-ção” para a queda dos acentos. “Aqui há tempos recebi um e-mail que me dizia: ‘Devíamos era acentuar o ‘para’ com um acento circun� exo; se eu leio gato, pato, com ‘a’ aberto….’ Pode ser, tem é de ter um acento… ou um, ou outro!”

No que respeita à troca das maiús-culas por minúsculas nos meses do ano e nas estações, a justi� cação avançada por Malaca Casteleiro prende-se, mais

LÁUDIOEscritor

dade em il que o por-

ente, pela nta.enta.

in� uência ões toma-tudo, des-

a conversa á pessoas

ua a se

inter-car a

vergência inmos unifi

m uma conve: “Procurám

uma vez, com uma tinental: “

uma contin

ma verbal) érbio) e

do” (forma vu “fora (advér

me), “acordo(nome) ou “

to” (nocordo” de “a

“foraque qquqquque “f“fo“foque ue

dde “for“forfora

e “a

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dono da língua portuguesa. Não com-preendo: as pessoas querem uma lín-gua cosmopolita que viaja pelos conti-nentes todos, mas também que um país com dez milhões de habitantes seja o dono da língua. Assusta-me, é um ar-gumento de neocolonialismo”, frisa. Mais uma vez, Rui Zink recorre a uma imagem para ilustrar o raciocínio. “O Brasil é o grande motor da língua portuguesa no mundo, é o nosso me-lhor vendedor da língua. E, no entan-to, há pessoas em Portugal que conti-nuam a achar que o prémio de vendas deve ir para o mais antigo e não para o mais e� caz”, metaforiza.

Neste debate pelo acordo ortográ� -co, Mário Cláudio, Prémio Pessoa 2004, alinha pela tradição: “Continuo ligado à velha ortogra� a. Insisto em escrever como aprendi na escola e parece-me que este acordo é de tal forma arbitrá-rio e cria tantos problemas que não me ocorre, de maneira nenhuma, a ideia de poder vir a mudar. Sou � el à antiga or-togra� a e tenciono manter-me assim”, garante. A sua preocupação, porém, é outra: “Parece-me preocupante que as pessoas gastem tanto tempo a debater a questão da ortogra� a, quando as ques-tões da sintaxe são muito mais impor-tantes. Parece-me bastante indiferente.

Sendo um documento

de ambições

internacionais,

cuja validade e alcance

depende dessa mesma

característica, o novo acordo

ortográfi co passa por uma

ratifi cação gradual dos

países envolvidos, que lhe

confere autoridade à medida

que a lista engrossa. Neste

momento, e segundo Malaca

Casteleiro, o Acordo já foi

ratifi cado pelos parlamentos

de Portugal, Brasil, Cabo

Verde, Guiné-Bissau, São

Tomé e Príncipe e Timor.

Em Moçambique já foi

aprovado pelo governo

e aguarda ratifi cação no

parlamento. “Em Angola

não houve ainda decisão,

mas já foi afi rmada a

vontade de aplicá-lo”,

garante o académico.

“A implantação tem

dependido, em cada país,

dos recursos disponíveis”,

justifi ca, acrescentando que

“em Portugal e no Brasil

ele já está plenamente

em vigor”. Em Cabo Verde

encontra-se em curso

de implantação e, em

São Tomé e Príncipe, estão

a ser tomadas as medidas

para a sua implementação.

Na Guiné-Bissau a situação

política tem difi cultado

a implantação do Acordo e,

naturalmente, Timor-Leste

será um caso particular,

dadas as contingências

da sua própria e recente

constituição como país.

“A prioridade tem sido a

difusão e implantação da

língua portuguesa, num

contexto geográfi co em

que a opção pelo português

como língua ofi cial não

foi pacífi ca. Mesmo assim,

é preciso assinalar que

em 2002, quando o país

se tornou independente,

haveria 2 a 3% de falantes

de português e que hoje já

existem cerca de 23%, muito

mais do que quando cessou

a administração portuguesa

em 1975, data em que

o número de falantes não

iria além de 10%”, realça

o académico.

ANÁLISE

Acordo a várias velocidades

É indiferente escrever facto com ‘c’ ou sem ‘c’, mas não é indiferente a corres-pondência entre o sujeito e o predicado ou a utilização de formas verbais incor-rectas. Qualquer escola que pre� ra op-tar pela ortografia em detrimento da sintaxe está a cometer um erro crasso”, justi� ca o autor.

Mário Cláudio chega mesmo a de-fender a existência de uma gra� a o� -

cial para documentos, instituições, organismos, e outra para o mundo cul-tural, literário e criativo, “que respeitas-se a prosódia regional”. “Veja-se a pala-vra ‘muito’: se toda a gente diz ‘muinto’, porque se insiste em escrever sem o ‘n’? O que é que conta mais, a forma como as pessoas falam ou a etimologia da pa-lavra?”, questiona. E vai mais longe, ao salientar que “nas duas grandes regiões

“A IMPLANTAÇÃO TEM DEPENDIDO, EM CADA PAÍS, DOS RECURSOS DISPONÍVEIS. EM PORTUGAL E NO BRASIL ELE JÁ ESTÁ PLENAMENTE EM VIGOR. EM ANGOLA JÁ FOI AFIRMADA A VONTADE DE APLICÁ-LO”

CASTELEIROALACAJoão

Investigador e linguista

REVIST MONTEPIOMONTEPIOMONTEPIOREVISTA MONTEPIO

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do país, que são o Norte e o Sul, há va-riantes que deveriam ser respeitadas”.

Com vasta obra publicada (entre romances, teatro, fotobiografias ou poesia, género com o qual se estreou, em 1969, com Ciclo de Cypris), Mário Cláudio confessa não se preocupar de-masiado com a questão da ortogra� a escolhida para os seus livros: “No Bra-sil foram publicados de acordo com a gra� a brasileira. Quando me colo-cam o problema eu respondo: façam como entenderem. Eles insistem, por exemplo, que António apareça com acento circunflexo, uma coisa que, para nós, não faz qualquer sentido. Desde que respeitem a semântica, a divisão do texto em parágrafos, a mancha [de texto], a colocação das vír-gulas, a pontuação, isso não me preo-cupa nada”, avança.

Rui Zink mostra-se igualmente flexível. “Não uso [o novo acordo] e acho que sou menos hipócrita do que

a maioria das pessoas que são contra e a favor. Eu, neste momento, apenas digo: organizem-se! No meio de tanta gente com razão, são precisas pessoas como eu, que não sabem se têm razão ou não”, graceja.

Professor universitário, Zink bene-ficiou da omissão de posição da sua universidade. “Como o espaço onde trabalho não tomou uma posição for-mal, eu faço aquilo que, para mim, é mais fácil. Para um tipo de 55 anos,

“NÃO USO [O NOVO ACORDO] E ACHO QUE SOU MENOS HIPÓCRITA DO QUE A MAIORIA DAS PESSOAS QUE SÃO CONTRA E A FAVOR. EU, NESTE MOMENTO, APENAS DIGO: ORGANIZEM-SE! NO MEIO DE TANTA GENTE COM RAZÃO, SÃO PRECISAS PESSOAS COMO EU, QUE NÃO SABEM SE TÊM RAZÃO OU NÃO ”

ui

Escritor e professor universitário

ZINK

qualquer mudança ortográ� ca compli-ca. Quando eu andava na terceira clas-se e tiraram o acento grave ao ‘rapida-mente’, foi rapidamente que deixei de usá-lo. Cumpro a lei do menor esfor-ço. O meu editor não aplica o AO 90, é uma opção dele, e eu sou boa boca”, refere. “Há uns tempos, uma edito-ra comprou uma tradução minha, em inglês, e disseram-me: nós aplicamos o acordo, por isso vamos modificar. Eu apenas perguntei: paga-me na mes-ma? Se eu fosse radicalmente contra o acordo, ia perder aqueles mil ‘euritos’. Porque eu tenho carácter… ou tento ter.” A mordacidade impunha-se: com ‘c’ ou sem ‘c’? “Boa pergunta…”, reconhece Zink com um sorriso aquiescente.

“Para que guardemos certeza,

ou verdade, em nossa escritura,

assim devemos escrever como

pronunciamos & pronunciar

como escrevemos”

Luís António Verney, Verdadeiro

Método de Estudar, 1746

“Não tenho sentimento nenhum

politico ou social. Tenho,

porém, num sentido, um alto

sentimento patriotico. Minha

patria é a lingua portugueza.

Nada me pesaria que invadissem

ou tomassem Portugal, desde

que não me incommodassem

pessoalmente, Mas odeio, com

odio verdadeiro, com o unico

odio que sinto, não quem escreve

mal portuguez, não quem não

sabe syntaxe, não quem escreve

em orthographia simplifi cada,

mas a pagina mal escripta, como

pessoa propria, a syntaxe errada,

como gente em que se bata, a

orthographia sem ipsilon, como

escarro directo que me enoja

independentemente de quem o

cuspisse”

Fernando Pessoa, Livro

do Desassossego, início

do século xx

“Na palavra lagryma, (...) a forma

da y é lacrymal; estabelece

(...) a harmonia entre a sua

expressão graphica ou plastica

e a sua expressão psychologica;

substituindo-lhe o y pelo i é

offender as regras da Esthetica.

Na palavra abysmo, é a forma

do y que lhe dá profundidade,

escuridão, mysterio... Escrevel-a

com i latino é fechar a boca do

abysmo, é transformal-o numa

superfi cie banal”.

Teixeira de Pascoaes, revista

Águia, início do século xx

Este texto foi escrito no antigo acordo

ortográfi co, mas as letras a negrito

salvaguardam o novo acordo.

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o meu mundoOBSERVATÓRIO

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POPULAÇÃO

A ENCRUZILHADA DA LONGEVIDADEEM 2050 PORTUGAL SERÁ O PAÍS MAIS ENVELHECIDO DA UNIÃO EUROPEIA, ACOMPANHANDO A PRINCIPAL TENDÊNCIA DA DEMOGRAFIA GLOBAL. SEREMOS MENOS PORTUGUESES A VIVER NO TERRITÓRIO NACIONAL E ESTAREMOS MAIS VELHOS DO QUE ALGUMA VEZ NA NOSSA HISTÓRIA. ESTARÁ O PAÍS (E O MUNDO) PREPARADO PARA AS MUDANÇAS SOCIAIS E ECONÓMICAS QUE ESTA REVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA TRARÁ, INEVITAVELMENTE?

POR RITA VAZ SILVA

ILUSTRAÇÃO VERA MOTA

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A esperança média de vida pouco se alterou entre o aparecimento do homem moderno, há 200 mil anos, e a primeira metade do século XX. Durante milénios, os seres humanos viveram, em média, 35 a 45 anos. No Paleolítico, um homem típico atingia, em média, os 33 anos. Em 1950, apesar de o mundo ter já 204 milhões de idosos, a esperança de vida à nascença, a nível global, era de 48 anos. Atualmente, é de 71 anos.

O envelhecimento acelerado da popu-lação é um capítulo ainda muito curto, mas sem paralelo, na história da evolu-ção humana. Por um lado, é uma con-quista da civilização e um re� exo da melhoria da esperança média de vida mas, por outro, e devido também à di-minuição da população ativa e contri-butiva, coloca desa� os signi� cativos à economia, à organização social e à sus-tentabilidade dos sistemas de proteção social e de saúde.

Foi a partir da década de 60 do século passado, com a melhoria das condições de vida, o acesso generali-zado a cuidados de saúde e a redução da mortalidade infantil, que as curvas estatísticas relativas à longevidade e envelhecimento da população, até aqui em paulatino crescendo, dispa-raram em � echa. “O envelhecimen-to populacional aconteceu de forma muito rápida em Portugal. Os idosos

de hoje em dia foram apanhados de surpresa. Muitos chegam à reforma e ainda têm os pais vivos. Comparati-vamente com o passado, hoje as pes-soas quase vivem duas vezes”, a� rma Maria João Valente Rosa, demógrafa e atual diretora da Pordata.

Entre 1950 e 2000, a população idosa acima dos 65 anos mais do que duplicou. As Nações Unidas indi-cam que deverá triplicar até 2050, estimando-se que uma em cada cin-co pessoas em todo o mundo terá mais de 60 anos. As mesmas proje-ções mostram que o número de pes-soas com 100 anos ou mais aumentará 15 vezes, passando de 150 mil em 2000 para 2,2 milhões em 2050.

Já daqui a quatro anos, em 2020, pela primeira vez em toda a história da humanidade o mundo terá mais pessoas com 60 anos do que crianças até aos 5 anos.

127,8%

É O ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO em Portugal, ou seja, o número de pessoas com mais de 65 anos por cada 100 jovens com menos de 15 anos em 2011. Em 1991 este rácio era de 68,1%

Percentagem da população com 60 anos ou mais

ANÁLISE

Os países com envelhecimento mais acelerado

2015

2050

FONTE: ONU/GLOBAL AGE WATCH INDEX 2015

Japão Itália Espanha PortugalCoreia do Sul

Grécia

27,0%

40,8%

28,6%

40,7%

33,1%

42,5%

18,5%

41,5%

24,4%

41,4%

27,1%

41,2%

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REVISTA 01234561

o meu mundoOBSERVATÓRIOlongevidade

> JEANNE CALMENT Nasceu um ano antes de

Bell patentear o telefone e catorze

anos antes da Torre Eiffel. Jean-Marie

Robine, autor de um livro sobre a

Sra. Calment, tem a opinião de que

"era imune ao stress", e recorda que

costumava dizer que "se não podemos

fazer alguma coisa sobre o assunto,

mais vale não nos preocuparmos".

O recorde da

longevidade humana é

de 122 anos e pertence

a Jeanne Calment, uma

cidadã francesa nascida

em 1875.

No entanto, cientistas

do Albert Einstein

College of Medicine, em

Nova Iorque, acreditam

que o exemplo de

Calment, a única

pessoa na História

a ultrapassar a barreira

dos 120 anos, não

se repetirá muitas

mais vezes.

No estudo mais recente

sobre a longevidade,

publicado na revista

Nature, em outubro

de 2016, 115 anos é

a idade limite definida

pelos investigadores

da universidade norte-

-americana para os

seres humanos.

LONGEVIDADE

115 anos é o limite?

Este país é dos mais “velhos”Portugal não escapa à tendência. A esperança média de vida é de 76,9 anos para homens e 82,8 para mulhe-res, segundo dados do INE/Pordata para 2014 e a taxa de fecundidade é uma das mais baixas do mundo, 1,3 �-lhos por mulher. Em consequência, projeções do Eurostat sugerem que Portugal se tornará, em 2040, um dos países mais envelhecidos da União Eu-ropeia e o 4º a nível mundial com mais idosos (atrás do Japão, Coreia do Sul e Espanha). Nos próximos 30 a 40 anos, 3 milhões de portugueses terão mais de 65 anos e 3,7 milhões serão pensionistas.

Ainda segundo o Eurostat, a popu-lação vai diminuir para menos de 10 milhões e Portugal tornar-se-á a nação europeia com menos crianças e jovens.

Cada vez mais portugueses rece-berão pensões e por períodos mais longos, porque a esperança de vida, aos 65 anos, será maior. O decrésci-mo da força de trabalho e o envelhe-cimento têm, e continuarão a ter, um impacto direto na sustentabilidade dos sistemas de proteção social, no-meadamente nas pensões e no siste-ma nacional de saúde. “O envelheci-mento tem um efeito tendencialmen-te negativo no crescimento económico. Portugal não tem crescimento há mais de 15 anos e, sem imigração, a popula-

ção do país está a diminuir todos os dias. Temos cada vez mais pessoas re-formadas e menos a trabalhar. A atual situação política dominante ignora de-liberadamente os problemas concretos envolvidos no envelhecimento, a come-çar pelas pensões, que já são insusten-táveis e constituem uma das origens dos dé�ces permanentes e da respe-tiva dívida”, alerta Manuel Villaver-de Cabral, cientista social e diretor do Instituto do Envelhecimento da Uni-versidade de Lisboa.

A despesa total de segurança so-cial deverá duplicar de 15% do PIB, em 2008, para 30% do PIB em 2050. Di�cilmente o sistema de pensões e de saúde e a forma como trabalhamos nos dias de hoje sobreviverão à revolu-ção social que já está em curso há vá-rias décadas. Para a diretora da Por-data, “as fórmulas do passado têm os dias contados. O sistema de seguran-ça social foi originalmente criado co-mo um contrato de solidariedade en-tre gerações: quem está na idade ati-

va desconta para as pessoas que estão nas idades mais avançadas, supondo quem contribui que, quando chegar à reforma, existirão outras pessoas que vão descontar para elas. Este modelo funcionava bem quando as pessoas vi-viam poucos anos e muita gente en-grossava a parte da população ativa. Isto acabou. É preciso repensar toda a organização social”.

Trabalho na população séniorEm vez de fazer “o mergulho em pro-fundidade necessário para encon-trar soluções”, o país vai-se distrain-do com “paliativos”: congratula-se com as reformas antecipadas, indig-na-se com os cortes nas pensões e divide-se quanto ao aumento da idade de reforma. “São mudanças pontuais, importantes, mas que só atenuam o problema, continuando a ser insu-ficientes para equilibrar o sistema. Enquanto coletivo continuamos a não discutir seriamente a questão do envelhecimento”, defende a demógra-

3 700 000

PENSIONISTAS EM PORTUGAL

nos próximos 30 a 40 anos

80,4

ANOS É A ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA

de quem nasceu em Portugal em 2014

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33

REVISTA MONTEPIO

fa e autora do livro O Envelhecimento da

Sociedade Portuguesa.Num estudo sobre o envelhecimen-

to global, publicado em 2012, a ONU as-sinala que “a longevidade é um triunfo do progresso e uma das maiores con-quistas da humanidade”. E avisa que “as capacidades e o conhecimento que a população mais velha foi adquirin-do ao longo da vida estão a ser desper-diçados com muitas pessoas idosas fo-ra do mercado de trabalho e inativas”. Denuncia ainda diversos casos de dis-criminação, sobretudo contra mulhe-res idosas no acesso ao trabalho e saúde.

Maria João Valente Rosa concorda que a integração da população sénior no mercado de trabalho, em moldes diferentes dos que existem hoje, pode ser um fator-chave para contrabalan-çar a perda de pessoas em idade ativa. “A forma como pensamos o nosso ciclo de vida é cada vez mais obsoleta. Herdá-mos do passado uma vida em três fases estanques – uma inicial para formação, a vida ativa, em que só trabalhamos, e a última em que descansamos. E porque não misturar as diferentes fases? Por exemplo, diminuir o tempo diário de-dicado ao trabalho e compensá-lo com mais anos em vida ativa. Ou prolongar a formação ao longo da vida? Ainda não vejo uma discussão séria sobre isto. Es-tamos a anos-luz de encontrar projetos de vida que permitam aos mais idosos continuarem a representar uma mais--valia social para a sociedade.”

Mais saúde, menos despesaCom 40% de portugueses com mais de 60 anos em 2050, e cada vez me-nos jovens ativos, a pressão sobre o sistema nacional de saúde poderá tornar-se insuportável. Os gastos com a saúde são uma das parcelas mais pesadas dos orçamentos de Estado em todo o mundo, sendo que as pes-soas com mais de 65 anos represen-tam, de acordo com um relatório da OCDE, quase metade das despesas estatais com saúde. Em Portugal, a despesa pública com saúde tem ron-dado os 10% do PIB.

Maria João Valente RosaDemógrafa e autora da obra O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa

P&R

Estamos preparados para o

envelhecimento da população?

Em termos coletivos não estamos

a reagir da melhor maneira.

Continuamos a ouvir discursos

perigosos que tentam dar a entender

que o envelhecimento demográfi co

é uma tendência que pode ser

contrariada, nomeadamente

pelo aumento da natalidade.

Não é verdade. O envelhecimento

é um processo inelutável. Também

não é verdade que o envelhecimento

seja a grande causa dos problemas

económicos. É ainda enganador

apresentar as reformas antecipadas

como um alívio para a economia,

tanto mais que a nossa maior

riqueza são as pessoas e não

devemos prescindir delas, qualquer

que seja a sua idade. O problema da

sociedade em que vivemos é outro:

está na nossa resistência à mudança

depois do envelhecimento se ter

começado a acentuar por estarmos

agarrados a modelos do passado

que já não funcionam. Para mim,

isto é o sinal de que não estamos

ainda preparados para mudar.

O que é necessário fazer para

facilitar a integração dos idosos?

Cada um tem a obrigação de

encontrar as suas soluções

e não esperar pelos outros.

Há uma combinação de esforços

entre cidadãos e Estado. A quem

governa compete estimular a

sociedade a acolher de uma forma

positiva, e não caritativa, todas as

pessoas, independentemente da

idade que têm.

Há discriminação pela idade?

Hoje em dia, a discriminação

pelo género não é bem-vista

mas continuamos a conviver

de forma pacífi ca com uma

discriminação face à idade.

Continuamos a pensar que,

a partir de uma certa idade,

as pessoas são prescindíveis,

só porque sim. Isto causa enormes

transtornos porque o grupo que

mais está a aumentar é o das

pessoas que são menos valorizadas

do ponto de vista social. Por isso

teremos de repensar os nossos

sistemas e o modo como nos

organizamos em termos de ciclos

de vida – este é para mim o maior

desafi o do presente e do futuro.

O que podem fazer os futuros idosos

para garantir uma melhor terceira

idade?

As pessoas que hoje estão na casa

dos 50 anos não são uma réplica

ampliada dos idosos do presente.

São pessoas muito mais

tecnológicas, qualifi cadas, ativas

e habituadas a consumos mais

diversifi cados. São pessoas que

sabem que vão viver mais tempo

e é muito negativo que deixem

de ter projetos de futuro.

Do ponto de vista individual,

estas pessoas podem começar

a preparar segundas carreiras.

Os futuros idosos não podem

nunca esquecer que a vida após

os 65 anos é longa e a sua qualidade

em muito depende dos projetos

de valor social que abraçarem

nesta nova etapa.

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34

1

REVISTA 789:;<=8

o meu mundoOBSERVATÓRIOlongevidade

ANÁLISE

O Envelhecimento da População Mundial

34

FONTES: INE/PORDATA; ONU/GLOBAL AGE WATCH INDEX 2015; DIVISÃO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS; OCDE

Demogra�a Economia

População mundial com mais de 60 anos – Total

Grupo etário que mais cresce: Idosos com mais de 80 anos – Mundo

2015

901 milhões = 1 em cada 8 pessoas

2030

2050

1,4 mil milhões = 1 em cada 6 pessoas

2,1 mil milhões = 1 em cada 5 pessoas(22% da população mundial)

Índice de dependência de idosos – número de indivíduos com 65 anos

ou mais anos por 100 pessoas em idade ativa (entre 15 e 64 anos)

Portugal

Portugal

2000 24

201430,7

205054

Gastos do PIB com envelhecimento em pensões e saúde

2015

20%

2050

Entre 24 a 30%(projeção)

2015125 milhões

2030202 milhões

2050434 milhões

Divisão por grupos etários – Mundo

2010

0-14 anos – 27%

15-64 – 62%

65+ – 11%

2050

0-14 anos – 18%

15-64 – 60%

65+ – 22%

1990 95 mil

2015451 mil

20503,7 milhões

Centenários – Mundo

Numa viagem no tempo, a 2050, ficamos a conhecer os principais indicadores demográficos e económicos que vão

traçar novos contornos ao mundo. Os desafios que a nova paisagem sugere são muitos, e cabe a todos, desde governos

a agentes económicos e cidadãos, encontrar oportunidades no novo mapa da população mundial.

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REVISTA >?@ABCD?

AMBIENTE

O ano de

2050 é

considerado,

pelos climatologistas,

um momento-chave.

Todas as medidas

adotadas hoje e no futuro

próximo, seja na redução

das emissões de carbono

seja na transição do uso

de combustíveis fósseis

para energias 100%

renováveis, produzirão

efeitos, bons ou

prejudiciais, a partir

de meados do século.

“É um momento de

viragem nas projeções

climáticas”, assegura

o meteorologista norte-

-americano Eric Holthaus

na sua conta de Twitter.

“Dependendo da

quantidade de gases

causadores do efeito

de estufa emitida para

a atmosfera, o mundo

pode vir a deparar-se

com uma nova realidade

climática algures entre

2047 e 2069”, explica

o jornalista Andrew

Freedman no site

especializado Climate

Central, citando um

estudo da Springer

Nature. As estimativas

indicam que mais

de 5 mil milhões

de pessoas estarão

expostas a fenómenos

meteorológicos extremos

e a novos recordes

históricos

de temperaturas.

Mais de 200 milhões

de pessoas serão

forçadas a abandonar

as suas casas devido

às alterações climáticas.

Em 2050, a população

mundial chegará aos

9 mil milhões de pessoas

e, pela primeira vez,

haverá menos crianças

até aos 5 anos do que

idosos.

Se por um lado será este

grupo etário o que mais

aumentará, por outro

será também aquele

que, em virtude da sua

vulnerabilidade às

ondas de calor, estará

particularmente em risco

devido à combinação

entre aquecimento

global e crescimento

populacional.

Segundo a ONU, o mundo

vai produzir mais lixo

e poluição e precisará

de mais alimentos, água

e energia, mas terá,

em teoria, menos

pessoas disponíveis

para trabalhar, o que

poderá colocar em causa

a sustentabilidade

ambiental e a segurança

alimentar.

Planeta em sufoco

montepio.orgSAIBA MAIS

Soluções Montepio para a Saúde e Proteção Social

RESIDÊNCIAS MONTEPIO

A Residências Montepio – – Serviços de Saúde SA, em atividade há mais de dez anos, inclui sete unidades residenciais geriátricas, localizadas de norte a sul do país e com capacidade para 709 residentes. Os centros destinam-se a acolher pessoas por um período de tempo determinado, em situações de pós-operatório e recuperação, ou definitivamente. Esta empresa do Grupo Montepio oferece ainda serviços de Apoio Domiciliário (refeições, higiene pessoal, acompanhamento) e de Tele-Assistência (apoio de emergência durante 24 horas). Através dos cartões Residências Montepio, o Cartão VITALidade+ e o CartãoTele-VITALidade, poderá aceder a descontos nas Residências Montepio e em outros serviços de cuidados domiciliários.

SOLUÇÕES MUTUALISTAS

A Associação Mutualista Montepio está focada na gestão de soluções que complementam o sistema público de Segurança Social, ajudando a planear o futuro e a assegurar o presente. Com as Soluções Mutualistas de Poupança pode valorizar as suas poupanças, obter complementos de reforma ou reforçar o seu capital. Através das Soluções Mutualistas de Proteção pode aceder a modalidades que vão da cobertura dos riscos de morte à invalidez e sobrevivência/velhice. São 14 soluções mutualistas adaptadas à sua medida, às suas necessidades e às da sua família.

“A saúde e a dependência são outro problema crescente. O sistema de cui-dados precisa de ser revisto em pro-fundidade, sobretudo num país em que os dois grupos etários que atual-mente mais aumentam em percenta-gem são os octogenários e os nonage-nários”, explica Villaverde Cabral.

Numa entrevista à agência Lusa, João Gorjão Clara, coordenador da Unidade de Geriatria da Universi-dade de Medicina de Lisboa, defende que Portugal, face ao envelhecimen-to crescente da população, tem de im-plementar um sistema de assistência médica própria para os mais velhos, tal como criou serviços de pediatria para as crianças.

A Noruega fez uma reforma pro-funda do sistema de saúde público e pode ter encontrado a fórmula mágica

para a redução das despesas do Esta-do com este setor: adiar os problemas de saúde na velhice. Segundo um re-latório da Fundação Gulbenkian so-bre o futuro para a saúde, os portugue-ses vivem apenas 6,5 anos saudáveis após os 65 anos, enquanto na Norue-ga o mesmo grupo etário vive quase 16 anos sem problemas de saúde.

“Hoje, a saúde depende em boa medida daquilo que fizermos com ela. Daí os apelos – por uma vez, fun-damentados – à prática precoce do envelhecimento ativo, cujo objetivo é sempre o mesmo: mais vida com mais saúde. No entanto, com a rapidez que o fenómeno do envelhecimento adqui-riu em Portugal, o Estado português tem no mínimo duas ou três décadas de atraso na promoção do envelheci-mento ativo”, nota Villaverde Cabral.

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1

REVISTA EFGHIJKF

o meu mundoPERFIL

LUÍS ARAÚJO

DE PESSOAS E PARA PESSOASDESCONTRAÍDO, SEGURO, CARISMÁTICO. O NOVO PRESIDENTE DO TURISMO DE PORTUGAL ACREDITA QUE A INOVAÇÃO, O EMPREENDEDORISMO E A CRIAÇÃO DE SINERGIAS ESTRATÉGICAS TORNARÃO PORTUGAL UM DESTINO CADA VEZ MAIS COMPETITIVO

POR SUSANA LIMAFOTOGRAFIA ARTUR

“Quem não muda vira poste.” Para Luís Araújo, este ditado brasileiro faz todo o sentido. “Temos de estar em constante mudança.” E é assim que tem vivido. “A cada dois anos tento fazer qualquer coisa diferente”, conta o presidente do Turismo de Portugal.Sempre soube que queria seguir Direito. Por isso, aos 18 anos, deixou a ilha da Madeira e rumou à capital. Mas quando começou a estagiar a visão romântica que tinha do Direito caiu por terra. E nem a in�uência de um brilhante advogado madeirense – “com quem aprendi muito” – nem seis meses em Bruxelas, na Comissão Europeia, lhe devolveram o entu-siasmo pela vida de jurista. “Quando regressei à Madeira, decidi que não queria exercer e comecei à procura de trabalho noutras áreas.”

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37

REVISTA LNOPQRSN

HOBBIES

Luís Araújo sempre foi o

contestatário da família.

Nascido numa família de

médicos, cedo decidiu

que queria seguir Direito.

Fazia sentido. Afinal,

nunca lhe faltavam

argumentos. Mas, em

vésperas de entrar para

a faculdade, anunciou

que iria cursar Belas

Artes. “O meu pai disse

que achava ótimo, mas

que eu deveria fazer uma

análise interior”. Acabou

por seguir Direito, mas

as artes nunca ficaram

esquecidas. O presidente

do Turismo de Portugal

faz parte dos Urban

Sketchers – grupo de

pessoas que gosta de

desenhar e que regista

locais e pormenores do

quotidiano em diários

gráficos. “Não estranhem

se me encontrarem

sentado no chão com

uma caixa de aguarelas

a desenhar.”

O artista

dois em dois meses ia à América Lati-na. Luís Araújo fala �uentemente es-panhol, graças à mãe. “Ela nunca falou português connosco”, relata.

Um telefonema voltaria a desa-fiá-lo para um cargo na Administra-ção Pública. Em fevereiro deste ano, Ana Mendes Godinho, secretária de estado do Turismo, convida-o para a presidência do Turismo de Portugal. “Disse-lhe que ia ser complicado acei-tar. A�nal, eu vinha do setor privado e não me sentia preparado”, conta. Mas o convite era irresistível, pelas valências do próprio Turismo e pela equipa incrí-vel com que iria trabalhar. “Eu era um pouco crítico deste setor. Tinha chega-do a altura de deixar de ser jogador de bancada e entrar no jogo.”

Os desafios são muitos, mas Luís Araújo tem a estratégia bem delinea-da: “A imagem de Portugal tem de ser diferente. Tem de ir ao encontro do

que o consumidor quer”. Para isso, há que apostar na imaginação e na inova-ção, como motores de empreendedoris-mo. E exempli�ca: “Pela primeira vez, Turismo, Património e Cultura estão a dialogar muito abertamente, com mui-tos projetos em conjunto. Acho que é isso que nos vai tornar competitivos”.

Para o presidente do Turismo de Por-tugal, o país tem características únicas. Mesmo assim, “é sempre bom ir lá fora ver o que os outros andam a fazer”, re-lembra. Aos 46 anos, continua a viajar bastante, mas hoje privilegia as viagens “menos exigentes”. “Gosto de ir, estar e seguir o �uxo das coisas, sem agenda.” Mas mesmo quando isso não é possível – em trabalho, por exemplo – consegue aproveitar bastante: “Só o estar em con-tacto com pessoas novas, com outras maneiras de pensar é muito enrique-cedor”. A�nal, o “Turismo é o setor das pessoas e para as pessoas”.

Nascido em Espanha, de pai madeiren-se e mãe espanhola, Luís Araújo sem-pre gostou de viajar, mas estava longe de imaginar que a sua carreira teria o Turismo no horizonte. Os primeiros passos foram dados no Grupo Pestana, o maior grupo português do setor. “Costumo dizer que foi a contratação mais longa da história do Grupo”, rela-ta sorrindo. As primeiras duas conver-sas foram muito formais, mas na últi-ma, com Dionísio Pestana, presidente do Grupo, foi diferente. “Perguntou--me tudo, menos coisas ligadas à mi-nha área: para onde ia de férias, o que gostava de fazer nos tempos livres…”

Acabou por ficar cinco anos no Funchal, até 2001, mas com a expan-são do Grupo Pestana no Brasil sen-tiu ser altura de mais uma mudança. “O Brasil é daqueles países em que es-tar a trabalhar é como estar de férias e vice-versa.” Durante quatro anos, se-ria responsável pelos hotéis do Nordes-te brasileiro, morando primeiro no Rio de Janeiro e mais tarde em Salvador.

Um convite inesperado, de um dos seus melhores amigos de infân-cia, obrigá-lo-ia a um regresso súbito. Bernardo Trindade, entretanto no-meado secretário de estado do Turis-mo, queria Luís Araújo como chefe de gabinete. “Era impossível dizer não”, conta. Foram dois anos muito exigen-tes, mas o balanço é positivo: “Foi uma experiência muito interessante num ambiente de trabalho fantástico”. Luís Araújo destaca a criação do Turismo de Portugal, que juntou vários organis-mos que estavam sob diferentes tutelas.

Regressaria ao Grupo Pestana em 2007. Depois de tempos de grande agita-ção vivia agora num ritmo mais estável. Tinha a seu cargo uma “área apaixonan-te”: serviços centrais, recursos humanos e marketing. Mas a sua mente inquieta vagueava já por outras paragens.

Nos anos em que esteve no Bra-sil abrira um hotel em Buenos Aires e começava agora a pensar na expan-são do Grupo Pestana para o Uruguai, Colômbia e a entrada em Cuba. Duran-te seis anos viveu em Lisboa, mas de

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1

REVISTA MONTEPIO

o meu mundoCRÓNICA

Num soneto imortal, Camões começa assim: “Mudam-se os tempos,

mudam-se as vontades/Muda-se o ser, muda-se a con ança:/

Todo o mundo é composto de mudança/tomando sempre novas qualidades”

Todos nós queremos segurar o tempo porque possui-lo é atingir a imortalidade – numa ucro-nia perfeita onde tudo está certo –, dominado movimento de mudança que nos empurra para o tempo que ninguém deseja, ao encontro com o “esplendor da Luz perpétua”. Porém, como sublinha Kaufmann, o tempo é a dimensão da mudança. É esta tomada de consciência, de que o tempo é um movimento contínuo que “muda o ser”, que “muda a con� ança”, acabando por nos surpreender pelo futuro que está a chegar mas não conhecemos. Ter medo da mudança é, de certo modo, recear o movimento inexorá-vel do tempo. Porque é desagregador de antigas memórias, lugares de afeição que acomodam a con� ança construída pelas rotinas do tempo vivido.

Um lugar comum muito usado a� rma que “no meu tempo é que era bom”. De que tem-po se tratará? E o que seria bom? O clima? O amor? A comida?

Existe algo de in� nito, sem possibilidade de datação, neste “meu tempo”, e tenho dúvidas,

que se interpelarmos quem faz esta a� rmação, terá di� culdade em enumerar o que era “bom”. Porque, na verdade, essa ideia é o reconheci-mento que a mudança nos transforma interna e externamente, desconhecendo os novos sinais do tempo e, em desespero, procurando agarrar a imutabilidade do passado como uma âncora que se opõe à mudança.

Nietzsche vai mais longe do que Camões ao constatar o perpétuo movimento gerado pelo correr do tempo. Coloca-nos nessa luta entre o “bem”, ou seja o conhecido, o vivido, aquilo que aceitámos como nossa pertença e o que já rejeitámos, e o “mal”, que é a mudança, o re-ceio perante as trevas que fecham o desco-nhecido que, apenas, descobriremos amanhã. Neste singular momento em que somos actores da História e testemunhamos uma das maiores revoluções da vida da Humanidade – com a in-vasão tecnológica a transformar rapidamente os nossos quotidianos, acelerando o tempo, con-traindo o espaço – vamos tomando “novas qua-lidades” a uma velocidade inimaginável para a gestão da memória, ou seja, para a recordação de que “no meu tempo é que era bom”.

Mudar ganha esta dimensão multicomple-xa porque entra no que de mais substantivo é o psicodrama de cada ser humano. A necessi-dade de aceitar este “mundo composto de mu-dança”, o desejo de segurar a imutabilidade do mundo já vivido, a fome de agarrar o tempo que se escoa pelo calendário, pelas horas, no surgi-mento dos cabelos brancos, na saudade.

Estamos num ponto do tempo que é parado-xal. Cada vez mais perto de todos os cantos do mundo, de todos os milhões de seres que são nossos contemporâneos, graças à Internet, e cada vez mais sós, mais silenciosos, em fren-te a um mundo virtual que nos é oferecido pelo ecrã do nosso computador. Porém, não há co-mo fugir a esta vibrante mudança que acelera a vida até ao instante. Até exactamente ao ins-tante em que termina o tempo e descansamos em paz, imutáveis, entre o “esplendor da Luz perpétua”.

NOTA: O autor continua a escrever segundo

a chamada norma antiga.

FRANCISCO MOITA FLORES

O TEMPO E A MUDANÇA

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CAMINHOS A PERCORRER EM MOBILIDADE, URBANISMO,

SOLIDARIEDADE

A MINHA CIDADE

página 46

SOCIEDADEAs filas de trânsito ensombram as nossas cidades, afetando a saúde e a economia. Mas há novas estratégias de mobilidade para Lisboa e Porto

página 40

AMBIENTEA candidatura ao prémo Capital Verde Europeia está a mudar Guimarães. Conheça a estratégia para colocar a cidade no topo das mais sustentáveis do Velho Continente

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2

40

REVISTA MONTEPIO

a minha cidadeREPORTAGEM

AMBIENTE

GUIMARÃES VERDE DE ORGULHOCONHECIDA PELO VASTO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E CULTURAL, MAS TAMBÉM PELA UNIÃO DAS SUAS GENTES, GUIMARÃES QUER AGORA SER A MAIS SUSTENTÁVEL CIDADE PORTUGUESA. SAIBA O QUE ESTÁ A MUDAR NA CIDADE ONDE, DIZ-SE, NASCEU PORTUGAL

POR CARLOS MARTINHOFOTOGRAFIA CM GUIMARÃES

ILUSTRAÇÃO VERA MOTA

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REVISTA MONTEPIO

comunidade: o investimento no co-mércio local, a redução do desperdí-cio e a necessidade de explicar aos ci-dadãos como funcionam os prazos de validade dos alimentos.

“A transição tem sido boa, mas ain-da existem a�nações e ajustes constan-tes, considerando que é o sistema mais justo e o mais barato para o contribuin-te”, garante Amadeu Portilha. Para já, o PAYT está disponível apenas no cen-tro histórico, apesar dos pedidos para que seja implementado noutras zonas do concelho. “É preciso mantê-lo no ca-minho da credibilização”, argumenta Amadeu Portilha.

O que está a mudar?A candidatura de Guimarães a Capi-tal Verde Europeia é um passo lógico

Desde abril que os residentes e comerciantes do centro histórico de Guimarães sentem a sua fatura da água mais leve. São os primeiros cidadãos do concelho a pagar apenas pelo lixo que produzem, uma consequência do lançamento do PAYT (pay-as-you-throw), um sistema de monitorização que elimina a tarifa de resíduos indexada ao consumo – e à fatura – da água.“Até agora, os resultados superaram as expetativas em termos de redução de resíduos indiferenciados e de aumento de resíduos valorizáveis, entre papel, embalagens e vidro”, resume Amadeu Portilha, vice-presidente da Câmara de Guimarães.

O sistema PAYT é uma das várias me-didas que a autarquia vimaranense implementou nos últimos 18 meses para melhorar a sustentabilidade da cidade. E desta vez os cidadãos até têm uma desculpa para aderirem à moda ecológica, uma vez que Guimarães vai candidatar-se, no próximo ano, ao galardão de Capital Verde Europeia. Se a candidatura for bem-sucedida, a cidade minhota poderá ser considera-da a mais “verde” da Europa dentro de três anos, em 2020. Até lá, muita água vai passar por debaixo das pontes de Guimarães – e de preferência limpa. O sistema PAYT, há muito utilizado na América do Norte, Ásia e vários países europeus, é uma das principais mudanças de mentalidade que a autar-quia está a introduzir na cidade.

“Do ponto de vista ambiental, este é de longe o sistema mais justo da ges-tão de resíduos. É o princípio do polui-dor-pagador”, explica o presidente da associação ambientalista Zero, Fran-cisco Ferreira.

“É um sistema que envolve a sensi-bilização da comunidade e, nesta pri-meira fase, a monitorização. E fomenta a produção de menos resíduos, a sua reciclagem”, continua o responsável, que alerta que o sistema terá de ser valorizado com outras mudanças na

> MOBILIZAÇÃO

Em Guimarães,

toda a

comunidade

está empenhada

em contribuir

para o sucesso

da iniciativa: é o

nome da cidade

que está em causa

na forma como a cidade se foi abrin-do ao mundo desde que, em 2001, o seu centro histórico foi classi�cado pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade. Antes, Guimarães já tomara uma das mais importantes decisões urbanísticas das últimas décadas: a de reabilitar o seu centro histórico, cujos edifícios datam da Idade Média até ao século XIX. “O processo de reconstrução foi fantástico”, salienta António Cunha, reitor da Universidade do Minho e parceiro de Guimarães no projeto Capital Verde Europeia. “Existe um envolvimento total da população nos projetos que a cidade decide abraçar. Foi assim em 2012, na Capital Eu-ropeia da Cultura, e é assim agora”, continua o responsável.

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2

42

a minha cidadeREPORTAGEMambiente

REVISTA MONTEPIO

Há um ano que

Guimarães comunicou

a intenção de se

candidatar a Capital

Verde Europeia.

“A cidade tem um

histórico de preparação

de candidaturas.

É um bom embalo”,

explica Francisco

Ferreira. Almada e Loulé

são outras cidades com

estratégias “verdes”.

Almada tem investido

em mobilidade

sustentável, modos

de transporte suaves,

como a bicicleta,

e biodiversidade.

Em Loulé, a estratégia

incide nas áreas

da energia, água, modos

suaves, mobilidade

sustentável e gestão

de resíduos. No entanto,

a grande infraestrutura

de sustentabilidade

urbana dos últimos

anos, em Portugal,

situa-se no Grande

Porto. “O Metro do Porto

mudou a forma como

as pessoas circulam

e utilizam o automóvel”,

admite o presidente

da Associação Zero.

INVESTIMENTO

As autarquias mais verdes

Desde que

foi lançado,

o prémio Capital

Verde Europeia

já teve nove

galardoados.

Será que é desta

que se falará

português na

sustentabilidade

urbana europeia?

2010

Suécia

Estocolmo

2011

ALEMANHA

Hamburgo

2012

ESPANHA

Vitoria-Gasteiz

2013

FRANÇA

Nantes

2014

DINAMARCA

Copenhaga

2015

INGLATERRA

Bristol

2016

ESLOVÁQUIA

Liubliana

2017

ALEMANHA

Essen

2018

HOLANDA

Nijmegen

“A cidade fez marca na reabilitação urbana, como bem mostra a excelên-cia do seu centro histórico”, corrobo-ra o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, nascido na vizinha Braga.

Os números falam por si. Ainda na “ressaca” da Capital Europeia da Cul-tura, Guimarães candidatou-se a Ci-dade Europeia do Desporto e, entre nove rivais, foi eleita a melhor. “Em dois anos realizámos mais de 1 500 eventos, imprimindo uma dinâmica exclusiva na região”, garante Ama-deu Portilha. Poucos meses depois de concluída esta fase movimentada na cidade, Guimarães estava a anunciar a candidatura a um dos mais difíceis

tas e papa-chicletes em todo o centro histórico, para evitar que as pontas de cigarros e pastilhas sejam encon-tradas no chão; a iluminação LED é uma realidade por todo o concelho; viaturas elétricas substituíram a fro-ta municipal e foi criada uma plata-forma de carpooling. Foram ainda re-quali�cadas as linhas de água do rio Ave, Selho e da ribeira de Couros e a autarquia avançou �nalmente para a requali�cação �orestal da montanha da Penha, há muito pensada. Parale-lamente, começou a ser construído um dos primeiros edifícios autossus-tentáveis de referência, a Academia da Ginástica, foi alargado o número de zonas 30 e áreas de pedonalização e criados corredores verdes em toda a área do concelho e freguesias.

Uma cidade especialMuito deste trabalho de campo está a ser desenvolvido em parceria com a Universidade do Minho, que tem perto de 100 investigadores a full ou part time no projeto. Segundo António Cunha, sete das 11 unidades orgânicas da universidade estão envolvidas nos trabalhos de campo. “Desde a carateri-zação dos cursos de água, planeamen-to urbanístico ou indicadores sócioam-bientais ou económicos. São técnicos, investigadores ou engenheiros que co-laboram com o projeto”, explica o rei-tor da Universidade do Minho.

prémios europeus de gestão urbana. “O processo de candidatura a Capital Verde Europeia é estratégico, permi-tindo que fossem executados projetos e investimentos que introduzem mais qualidade de vida, uma maior cons-ciencialização ambiental e um desen-volvimento mais sustentável”, garante o vice vimaranense.

Guimarães é a quarta cidade por-tuguesa a participar no prémio. Lisboa, Porto e Cascais já concorre-ram em anos anteriores, sem sucesso. “O escrutínio é muito exigente”, garan-te José Mendes. “Estar nos �nalistas nomeados seria já uma grande honra e reconhecimento para Portugal.”

A cidade está consciente da exi-gência do processo. Assim, vai efe-tivar a sua candidatura apenas em 2017, depois de três anos de trabalho no terreno. Muitas das ações, porém, já são visíveis: existem agora ecopon-

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REVISTA MONTEPIO

José MendesSecretário de Estado Adjunto e do Ambiente

P&R

Que ação ambiental

mais o surpreendeu

em Guimarães?

O percurso de

sustentabilidade de

Guimarães vem já dos

anos 80 do século passado.

A cidade fez marca na

reabilitação urbana, como

bem mostra a excelência

do seu centro histórico,

na atração do ensino

superior e investigação e

na construção do Ave Park.

Nos tempos mais recentes,

reconheço grande mérito

ao projeto de recuperação

da zona de Couros, o qual

alia a parte ambiental à

reabilitação do edifi cado,

à preservação da memória

de uma intensa atividade

em torno dos cortumes e,

não menos importante,

à instalação de valências

que projetam uma outra

modernidade, como é o caso

do centro de Ciência Viva,

do Instituto de Design

ou do polo da Universidade

das Nações Unidas.

A Universidade do Minho é

parceira do projeto. Qual o

papel das universidades na

investigação de inovações

que possam tornar uma

cidade mais sustentável?

A cidade é por excelência

o espaço de teste, incubação

e desenvolvimento de

soluções inovadoras

tributárias de uma

maior sustentabilidade.

Esta constatação é ainda

mais pertinente quando

se trata de universidades

públicas como a

Universidade do Minho,

que são fi nanciadas pelo

dinheiro do contribuinte e,

portanto, subscrevem um

contrato implícito

de devolver à sociedade,

em forma de conhecimento,

o investimento de que

benefi ciam.

Acredita que esta

candidatura poderá

inspirar outras cidades a

desenvolverem estratégias

e políticas ambientais

duradouras?

Sem dúvida. Aliás, o objetivo

central do programa de

Capitais Verdes Europeias

é a criação de referências

que possam demonstrar

boas práticas e infl uenciar

outras cidades para

a sua replicação. Espero,

assim, que outras cidades

portuguesas possam trilhar

caminhos semelhantes,

sendo que aqui é de realçar

o facto de Guimarães ter

estabelecido um objetivo

a prazo e ter colocado

no terreno uma trajetória

de sustentabilidade que é,

ela própria, mais importante

que uma eventual obtenção

do troféu.

Um dos pontos altos desta parce-ria é a educação dos mais jovens, área a que a universidade presta especial atenção. “A sensibilização está a ser feita nas escolas do ensino básico e vai além daquilo que é normalmente explicado”, con� rma António Cunha.

O que nos leva de volta a Guima-rães e aos seus cidadãos. Todos os en-trevistados garantem que a cidade é es-pecial e a forma como os seus residen-tes lutam pelo bem comum não tem paralelo no resto do país. “Decidimos que uma candidatura desta natureza não se pode resumir aos gabinetes da Câmara Municipal. Tinha de ser um projeto de todos, para todos. Com as es-colas, associações, empresas, entidades públicas e privadas e cidadãos”, garan-te Amadeu Portilha.

O reitor da Universidade do Minho concorda e adianta que este é um pro-jeto multidisciplinar que tem o “envol-vimento direto de toda a população”.

> HISTÓRIA

Guimarães

espera ser

a primeira

autarquia

portuguesa

na lista das

Capitais Verdes

Europeias,

trazendo a

inovação na

sustentabilidade

para o Sul da

Europa

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REVISTA MONTEPIO

a minha cidadeREPORTAGEMambiente

“Estudantes, empresas e cidadãos es-tão empenhados em todos os projetos que a cidade decide abraçar”, revela. O exemplo de Guimarães pode ser utilizado por outras cidades portugue-

sas, no futuro, mas o caminho terá de ser diferente. “Cada cidade [que parti-cipa neste prémio] tem uma lógica e o caminho não é necessariamen-te igual para atingir os �ns. A cultu-ra de Guimarães é muito diferente, outras cidades terão fatores diferen-ciadores”, argumenta.

Outra das conclusões destes 18 meses de trabalho assegura que o ca-

minho para a sustentabilidade urba-na não se faz de um ano para o outro. Segundo Francisco Ferreira, da Zero, este prémio tem o condão de mudar alguns dos aspetos estruturantes das cidades que concorrem num espaço de cinco anos. Guimarães não será diferente. “Há aspetos decisivos na avaliação, como a mobilidade, espaços públicos, participação das pessoas no

Academia de Ginástica

Laboratório da Paisagem

Parque da Cidade

Parque das Hortas

10 Parque da Penha

9

8

7

6

10

47

9

8

65

3

2

1

Universidade do Minho 5

Centro Histórico

Estádio D. Afonso Henriques

Castelo de Guimarães

Montanha da Penha 4

3

2

1

f Sistema PAYT

f Iluminação pública LED

f Ecovia no espaço urbano

com ligação às vilas

f Viaturas elétricas

f Laboratório da Paisagem

f Ecopontas e Papa-Chicletes

f Requalificação Florestal

da Montanha da Penha

f Bacias de retenção

f Edifício

autossustentável

(Academia

de Ginástica)

f Carpooling

f Monitorização

da qualidade

do ar

f Plano Municipal

de Mobilidade Urbana

Sustentável

f Plano Municipal de Resíduos

f Estratégia Municipal para

Adaptação às Alterações Climáticas

f Alargamento de zonas 30

e áreas de pedonalização

f Programa de Educação Ambiental

PEGADAS

f Requalificação de linhas de água

f Espaços e corredores verdes

O que está a mudar em Guimarães?URBANISMO

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dia a dia, infraestruturas mais sus-tentáveis. Muitas destas coisas de-moram décadas a mudar”, afirma. E dá como exemplo a construção do Metro do Porto, um projeto que de-morou vários anos a ser construído. “O Metro do Porto mudou a forma como as pessoas circulam e utilizam o automóvel”, revelou. “Guimarães é uma cidade pequena, tem um histo-rial de ações de sustentabilidade, um prazo grande para os projetos decor-rerem e integra os cidadãos no mo-vimento. E pode rapidamente fazer correções ao plano”, avança.

Tudo isto contribui para o su-cesso da candidatura, a curto pra-

algo mais abrangente e complexo, que engloba a criação de estraté-gias para diminuir o tráfego auto-móvel mas também opções como as ecovias, intermodalidade, transpor-tes públicos mais eficazes, melho-res acessibilidades, zonas 30 e mais áreas pedonais”, conclui o autarca. Solucionado o puzzle da mobilida-de, Guimarães ficará mais forte pa-ra garantir o seu objetivo para 2020: ser Capital Verde Europeia.

zo, mas também para uma Guima-rães mais saudável para as próximas gerações. “As cidades de média di-mensão, como Guimarães, são mais representativas das cidades euro-peias, pelo que as soluções são mais facilmente replicáveis”, garante Amadeu Portilha. Por agora, exis-te apenas uma grande preocupação: a mobilidade na cidade. “É um pro-blema que afeta a qualidade de vida dos cidadãos. Agir na mobilidade é

> SAÚDE

Mais do que

levar o nome

de Guimarães

a toda a Europa,

o projeto pretende

contribuir para

uma cidade mais

saudável para

as próximas

gerações

PUB

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a minha cidadeMOBILIDADE

REVISTA MONTEPIO

SOCIEDADE

PRÓXIMA ESTAÇÃO: TRANSPORTE PÚBLICOAS ÁREAS METROPOLITANAS DO PORTO E DE LISBOA APOSTAM NA PROMOÇÃO DOS TRANSPORTES PÚBLICOS COMO FORMA DE RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DE MOBILIDADE. A INTERMODALIDADE E A SUSTENTABILIDADE ESTÃO NO TOPO DAS PREOCUPAÇÕES DAS DUAS MAIORES ÁREAS METROPOLITANAS DO PAÍS

POR CARLA JESUSFOTOGRAFIA ARTUR, MIGUEL NOGUEIRA/CMP

Georgina Costa já pensou procurar casa no centro do Porto. Trabalha perto do Hospital de São João e todos os dias faz a viagem entre a Invicta e Santo Tirso. Na sua história foi o coração que ganhou à razão e prefere fazer este percurso todos os dias a � car longe do namorado. “Se não apanhar trânsito demoro cerca de meia hora porque venho sempre por autoestrada. Se apanhar trânsito posso demorar uma hora.” Como tem um horário � exível, Georgina gere o dia a dia em função do trânsito.

“Quando saio de casa e vejo que vou chegar à autoestrada por volta das 9 horas, opto por parar numa pastelaria para tomar o pequeno-almoço e chegar um pouco mais tarde. Entre as 9h00 e as 9h30 sei que vou apanhar trân-sito e não vale a pena.” Já fez contas: ir de carro para o trabalho, em vez dos transportes públicos, custa-lhe mais 25 euros por semana mas reti-ra-lhe 15 minutos de trânsito por dia. O carro dá-lhe conforto na orienta-ção do tempo porque não teria forma de se deslocar para o trabalho sem ter

de apanhar, no mínimo, dois transpor-tes diferentes – a situação ideal seria a construção de uma estação de metro em Santo Tirso.

Todos os dias circulam 2 mil autocarros por hora na cidade do Porto. Ainda que não haja números exatos atualizados da quantidade de pessoas que entram e saem do Por-to todos os dias, os principais eixos de mobilidade estão identificados. “A ponte do Infante é um dos eixos óbvios de entrada na cidade. As res-tantes pontes são complementares,

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REVISTA MONTEPIO

tes públicos, por isso temos de apos-tar numa rede bem articulada, bem comunicada, e�ciente e e�caz. Uma rede em que as pessoas se sintam se-guras de que o autocarro chega a ho-ras ou de que há ligações com o metro”, defende a vereadora, que acredita que a medida mais importante para me-lhorar a qualidade de vida dos utentes é a �abilidade, ou seja, a certeza de que os transportes irão cumprir os horários e que serão mais rápidos do que os au-tomóveis individuais.

Uma das metas a que o execu-tivo se propõe passa pela susten-tabilidade: “A STCP tem 50% da frota a funcionar a gás natural. A meta é aumentar esta percen-tagem. Os transportes, a qualida-de do serviço e o investimento nes-te setor terá essa obrigatoriedade. Muitas vezes esquecemo-nos de fa-lar no pedonal. Também é um mo-do suave que se deve incentivar, não só com ruas pedonais mas também com passeios mais largos, elimina-ção de barreiras e melhores aces-sibilidades”, argumenta. Nos últi-mos dois anos o Porto “pedonalizou” algumas áreas da cidade, como a Rua das Flores ou a dos Caldeireiros. “Achamos que é uma forma das pes-soas circularem na cidade, criando

PROJETO

Terminal Intermodal de Campanhã

“Oterminal

é um

grande

ensaio e um anseio

muito antigo da cidade

do Porto. Até agora

ainda não tinha sido

possível avançar para

essa concretização”,

refere a vereadora da

Mobilidade da Câmara

Municipal do Porto.

O projeto, que está

em fase de conceção,

pretende assegurar

a facilidade de

transferência entre

os diferentes modos

de transporte. Este

Interface de Campanhã

é um dos principais

nós da rede de

transporte público

na cidade do Porto

e deverá funcionar

em articulação com

o Interface da Casa

da Música e o futuro

Interface do Hospital

de São João.

“É uma infraestrutura

importante que

será impactante

na articulação

da intermodalidade.

Este terminal

é absolutamente

crucial para resolver

os problemas crónicos

da entrada na cidade.

Queremos fomentar

o transporte público

de qualidade”,

acrescenta Cristina

Pimentel.

Área Metropolitana do Porto

1 900 Km2

1 700 000POPULAÇÃO RESIDENTE

2 000AUTOCARROS

que entram por hora na cidade

17MUNICÍPIOS

Arouca, Espinho, Gondomar, Maia,

Matosinhos, Oliveira de Azeméis,

Paredes, Porto, Póvoa do Varzim,

Santa Maria da Feira, Santo Tirso,

São João da Madeira, Trofa,

Vale de Cambra, Valongo,

Vila do Conde, Vila Nova de Gaia

uma nova dinâmica decorrente da pedonalização. As ruas alteram-se, há mais comércio e restauração e a cidade ganha”, acrescenta Cristina Pimentel. A morar em Vila Nova de Gaia e a trabalhar na Boavista, Cari-na Alves demora todos os dias cer-ca de 45 minutos a chegar ao local de trabalho. Há nove anos que ouve falar de uma extensão da linha do metro que lhe permitiria passar a utilizar os transportes públicos em todas as deslocações diárias, mas is-so ainda não aconteceu. Assim, todos os dias faz uso do carro para levar a �lha ao infantário e só a seguir con-segue apanhar o metro, que é “a for-ma mais rápida e económica de che-gar ao trabalho”.

> CRISTINA PIMENTEL integra

o pelouro da Mobilidade no executivo

da Câmara Municipal do Porto

mas servem sobretudo de atravessa-mento. Todo o plano rodoviário está concebido nesse sentido. A ponte do Freixo e a da Arrábida são eixos de contorno. A par da ponte do Infan-te, a Avenida AEP é outro dos pontos críticos de entrada na cidade. Os nós de saída da Avenida Fernão Maga-lhães e da zona do Campo Alegre são também complexos”, refere Cristina Pimentel, vereadora da Mobilidade da Câmara Municipal do Porto.

Cristina Pimentel acredita que não será fácil desenraizar o hábito as-sociado ao transporte individual, mas acredita que é nos transportes públi-cos que está a resolução de muitos dos problemas de mobilidade do Porto. “A pedra-de-toque são os transpor-

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REVISTA MONTEPIO

a minha cidadeMOBILIDADEsociedade

> DEMÉTRIO ALVES, primeiro secretário

metropolitano da AML.

“Como tenho de atravessar a ponte da Arrábida não compensa ir de car-ro, quer em termos de tempo, quer de desgaste, porque ao nível dos cus-tos não faz grande diferença”, a�rma. Não fosse o valor elevado das casas, Carina gostaria de morar “um bocadi-nho mais perto do trabalho, para não ter de pegar no carro e poder andar apenas de metro”. E deixa uma suges-tão de melhoria do transporte público da sua eleição: “Devia haver maior fre-quência no metro face à quantidade de utilizadores. Em hora de ponta a fre-quência é de quatro em quatro minu-tos, mas chega sempre muito cheio.”

Um ano, uma colcha de crochetAntes de mudar de casa, para Oeiras, Susana Neffe utilizava todos os dias o comboio da linha de Sintra para se deslocar até Entrecampos. Os 45 mi-nutos de viagem entre a estação de Rio de Mouro e o centro de Lisboa de-corriam entre livros, sudoku, palavras cruzadas e a fazer malha. Ao longo de quase um ano de viagens, recorda, es-tava prestes a terminar uma colcha em crochet, das grandes. Entretanto, comprou uma casa na zona de Oei-ras e mudou de trajeto e de ocupação do tempo de viagem. “Neste momento estou completamente apaixonada pe-la paisagem que aproveito para obser-var, sobretudo entre Oeiras e Alcânta-ra-Mar. Depois, entre Alcântara-Terra e Entrecampos aproveito para ler.” Todos os dias, Susana Neffe demora cerca de uma hora entre casa e o traba-lho. Faz uma caminhada de 15 minutos até à estação de Oeiras, sai na estação de Alcântara-Mar, outra caminhada de 10 minutos para mudar de estação e apanhar o comboio para Entrecam-pos. Poderia optar por outro percurso e ir até ao Cais do Sodré para apanhar o metro, mas este que faz todos os dias é mais rápido e também económico.

Área Metropolitana de Lisboa

2 900 000 POPULAÇÃO NA AML

2 000QUANTIDADE DE PASSES

existentes na AML

1 200 a 1 500MILHÕES DE EUROS

Custo anual para o Estado, resultante

de acidentes com automóveis

privados

18CONCELHOS

Alcochete, Almada, Amadora,

Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures,

Mafra, Moita, Montijo, Odivelas,

Oeiras, Seixal, Sesimbra, Setúbal,

Sintra, Palmela, Vila Franca de Xira

“Ir de carro para o trabalho não é solução, nem pelos custos, nem pelo conforto, nem pela imprevisibilidade do trânsito. Posso ser uma romântica, mas para mim a cidade ideal é aque-la onde temos uma mobilidade dife-rente da que existe atualmente em Lisboa, aquela onde há mais pessoas a andarem de transportes, a pé e de bicicleta.” O que falta para uma me-lhor mobilidade em Lisboa? “Haver transportes intermodais. Já há uma tentativa para que isso aconteça, mas o que se passa é que muitas vezes não há ligações na mesma estação”, refere Susana NeÈe.

Ainda que seja impossível pre-cisar a quantidade exata de pes-soas que todos os dias entram em Lisboa, estima-se que esse número se situa entre os 400 e os 500 mil. Esses movimentos pendulares, entre a re-sidência e o local de trabalho ou de estudo, estão diretamente relacio-nados com os meios de transpor-te públicos e privados. “Nos últimos vinte anos os movimentos pendula-res têm vindo a ser profundamente alterados. Em vez de toda a centrali-dade ser em Lisboa (e, portanto, ser um modelo rádio-concêntrico, que vem de fora para dentro, num mo-vimento de vaivém), atualmente há entre 30 e 35% dos movimentos que são transversais”, explica Demétrio Alves, responsável pela Área Me-tropolitana de Lisboa (AML).

A utilização de automóveis priva-dos continua a ser uma das maiores di�culdades na gestão do tráfego da cidade. “Há uma tendência que se ve-rifica desde os anos 70 e 80 e que é dramática. Isto está relacionado com questões culturais e socioeconómicas, mas também com a implementação e construção de novas rodovias com maior capacidade e qualidade. Tudo foi feito, durante décadas, a favor do automóvel individual. É evidente que as cidades entupiram, os espaços pú-blicos estão repletos de carros e o pro-blema do estacionamento é terrível”, refere Demétrio Alves.

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ANÁLISE

Por uma nova mobilidade em LisboaDemétrio Alves, responsável pela Área Metropolitana de Lisboa,

aponta algumas medidas necessárias para melhorar o funcionamento

da cidade, que passam sempre por privilegiar os transportes públicos

PROBLEMA: Pouca ligação entre transportes diferentes

SOLUÇÃO: Defesa da intermodalidade

PROBLEMA: Poluição ambiental

SOLUÇÃO: Mutação sustentável para energias alternativas

PROBLEMA: Poucas soluções de transporte na periferia da cidade

SOLUÇÃO: Gestão e planeamento integrados na AML

PROBLEMA: Excesso de automóveis privados no centro da cidade

SOLUÇÃO: Progressivo afastamento dos automóveis do centro

Esta deve ser a grande aposta. “Não se pode dizer que

um serviço de uma linha de autocarro em Cascais não tem

nada a ver com a circulação do metropolitano de Lisboa:

são complementares. Deve fazer-se tudo no sentido da coordenação

de horários e informação partilhada”, refere o responsável.

Demétrio Alves defende que, além da melhoria da qualidade

dos transportes, é necessário proceder à criação de medidas

que facilitem a compreensão do sistema, referindo como exemplo

“não fazer sentido que existam cerca de 2 mil tipos de passes

diferentes na Área Metropolitana de Lisboa”.

Não sendo os automóveis elétricos uma solução para o congestionamento,

uma vez que “o problema não se resolve substituindo o congestionamento

de veículos a gasóleo por outro de veículos elétricos”, Demétrio Alves apoia

soluções sustentáveis que conduzam à utilização de energias limpas

nos transportes públicos, lembrando que “caminhar em direção às energias

limpas deve ser feito com seriedade e racionalidade”.

Neste campo, o responsável afi rma que “não é possível que a gestão

de cada município da AML incida apenas no seu mundo concelhio.

Tem de haver sintonia e esta gestão integrada tem de ter fundos

e não pode ser atirada para cima dos munícipes”.

Este deve ser um trabalho realizado não através da proibição, mas pela

melhoria das acessibilidades e alternativas. “Estas alterações também

têm a ver com questões culturais. As pessoas estão habituadas a ver

a sua liberdade associada ao automóvel quando, atualmente, é uma

prisão”, observa referindo-se aos congestionamentos que, todos os dias,

se verifi cam no centro e periferia da cidade.

1

PROBLEMA: Sistema público complexo e pouco efi caz

SOLUÇÃO: Investimento na melhoria dos equipamentos e do sistema2

3

4

5

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REVISTA MONTEPIO

a minha cidadeMOBILIDADEsociedade

Paralelamente, assistiu-se nos últimos seis anos a um desinves-timento nas empresas públicas de transportes. Resultado? Os trans-portes públicos reduziram a ofer-ta em quantidade e em qualida-de, os percursos foram diminuídos, tal como os horários e as paragens. “Os operadores adaptaram a oferta por critérios comerciais. Uma carrei-ra não é rentável? Acaba-se. Portanto, chegamos ao �nal de 2015 no estado zero. É uma situação muito compli-cada porque a reversão para um bom sistema público de transporte de pas-sageiros é muito complexa. Temos de ter um binómio de grande exigência e de grande paciência”, acrescenta o responsável pela AML.

A AML ficou responsável pe-la gestão dos transportes no final de 2015 e, desde então, tem tentado reverter algumas das políticas ge-radas pela falta de recursos finan-ceiros, humanos e técnicos que ocor-reram, sobretudo com a redução orçamental que tem sido fomenta-da desde a crise económica de 2008. O estado zero que Demétrio Alves re-fere prende-se não só com a falta de condutores, maquinistas e mestres, mas também com as carruagens e autocarros inoperacionais. “Os uten-tes estão cheios de razão. Há coisas que exigem grandes massas finan-ceiras, mas outras há que exigem apenas massa cinzenta. Apesar das grandes dificuldades julgo que ini-ciamos um ciclo virtuoso, depois do ciclo vicioso”, explica o porta-voz da AML, dando como exemplo a reto-ma de 9,7% de aumento de passagei-ros no metropolitano nos primeiros seis meses de 2016. “Há apenas uma justi�cação: por ter sido possível esta-belecer outro tipo de diálogo entre a administração e as estruturas sindi-cais, conseguiu-se a paz social.”

São os próprios utentes que apontam algumas outras razões pa-ra que muitas pessoas continuem a preferir o automóvel próprio e pas-sar várias horas no trânsito todos os dias. “As condições dos transportes também têm muito a ver com os utili-zadores. Há muito pouco civismo e as pessoas não sentem necessidade de cuidar, há muito pouco cuidado com o que é de muita gente. Compreendo que haja pessoas que não gostem de andar de transportes públicos porque

INICIATIVA

Soluções de mobilidade“Transportes inteligentes, verdes e integrados” – é uma iniciativa

da Comissão Europeia que faz parte do Programa-Quadro Horizon 2020

e tem um orçamento de 6 339 mil milhões de euros. Conheça quatro

exemplos de inovação nos serviços de transportes públicos europeus.

Mesmo no inverno eslavo o

aquecimento nas paragens de

autocarro ajuda a menorizar o frio de

quem espera. Com um design atrativo,

estas paragens são ainda dotadas de

sistemas de poupança de energia.

Na cidade de Romeu e Julieta existe

um sistema inteligente que permite

otimizar a gestão de tráfego e a

emissão de gases poluentes, evitando

o “pára-arranca” e aumentando

a segurança dos automobilistas.

não são bonitos, nem confortáveis ou higiénicos. Também não há tranqui-lidade. Na linha de Sintra era pior. As pessoas falam alto ao telemóvel e ouvem música alta. Falta muita cul-tura de vivência em sociedade”, refe-re Susana NeÈe. Antes de comprar casa em Oeiras ainda procurou uma habitação no centro de Lisboa, mas os preços do imobiliário eliminaram esta possibilidade. E a vista para o mar, ao longo da linha de Cascais, acabou por convencê-la.

O novo plano de intercâmbio de

transportes públicos permite aos

utentes usufruírem de maior rapidez

na chegada ao destino graças a cinco

plataformas intermodais em locais

estratégicos da cidade.

Na segunda maior cidade alemã

têm sido testados novos modelos

com baterias de maior autonomia.

O plano traçado visa que, em 2020,

todos os autocarros sejam “verdes”

e amigos do ambiente.

RZESZÓW, Polónia VERONA, Itália

HAMBURGO, Alemanha MADRID, Espanha

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página 60

FINANÇAS PESSOAISOs associados Montepio têm acesso a condições vantajosas nos empréstimos sobre as reservas matemáticas. Saiba como

página 56

CROWDFUNDINGO financiamento colaborativo ou coletivo está a ganhar adeptos em Portugal. Saiba como a sua ideia pode sair do papel com a ajuda da multidão

página 64

FINANCIAMENTOA compra de automóvel é, para muitos, a segunda aquisição mais avultada da vida. Trazemos-lhe cinco dicas a ter em conta na hora de decidir

página 52

FINANÇAS PESSOAISOs anos dourados do futuro dependem das decisões que tomamos no presente. Que personagem quer ser no filme da sua vida?

PRODUTOS FINANCEIROS, SUGESTÕES E

EMPREENDEDORISMO

A MINHA ECONOMIA

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3

REVISTA MONTEPIO

a minha economiaFINANÇAS PESSOAIS

REFORMA

COMO VAI SER O SEU FUTURO?O FUTURO VAI TER FESTAS DE FAMÍLIA, FILHOS, CASA NOVA, NETOS E MEMÓRIAS. ATÉ LÁ VÁ POUPANDO PORQUE, PARA VIVER OS ANOS DOURADOS DO FUTURO A APRECIAR O ESPETÁCULO, O MOMENTO PARA COMEÇAR É AGORA. SE NÃO ESTÁ A VER O FILME DA SUA POUPANÇA, FAZEMOS-LHE A ANTE-ESTREIA

As boas histórias têm personagens fortes e memoráveis. Deixamos a si este papel. Con�amos-lhe a missão de tornar a sua história fantástica. Mas as personagens marcantes têm, normalmente, desa�os árduos e rigorosos. Como os seus. Desa�os que são tão difíceis quanto a facilidade de os encontrar se pensar na sua vida.

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REVISTA MONTEPIO

COMECE HOJE

A diferença está no esforçoEstudar, preparar o futuro dos � lhos, comprar a primeira casa ou mudar para uma nova, são desa� os que es-tão muito associados aos primeiros momentos de constituição da famí-lia ou de independência � nanceira. A reforma, agora com idade legal aos 66 anos, parece um objetivo lon-gínquo. Mas começar cedo a poupar e a planear o futuro pode ser a diferen-ça entre ter uma poupança remediada e uma poupança confortável.

1 Se quisermos ter 10 mil euros com o Montepio Poupança

Reforma e assumirmos, por hipótese, 2% de taxa de rendimento anual (TANB),

quanto precisamos de poupar durante 10 e 20 anos?

75€Esforço mensal de poupança

poupando durante 10 anos

35€Esforço mensal de poupança

poupando durante 20 anos

Exemplo

10 mil €

Comprar casa nova, ajudar os � lhos a alcançar a independência � nancei-ra, manter o prazer de viajar e viver a reforma com qualidade são desa� os a que a sua Associação já responde com produtos de poupança mutualis-tas desenhados à medida. Agora que-remos preparar o seu futuro, queremos mostrar-lhe como o � lme da sua vida pode ter dois caminhos de poupança. Tudo com um objetivo: um � nal per-feito. Que “continua”... na sua reforma.A mesma meta que mais de 20 mil portugueses associados do Montepio � xaram quando � zeram um dia a per-gunta: “Devo começar a preparar a mi-nha reforma?” e passaram a subscrito-res do Montepio Poupança Reforma, a solução pensada para quem pretende começar a poupar regularmente para os “anos dourados”.

Se começar a preparar o futuro é um passo difícil e se o futuro parece um desa� o muito vago, tornamos o seu caminho mais concreto para che-gar à reforma e poder viver o momen-to. Preparado?

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54

REVISTA MONTEPIO

a minha economiaFINANÇAS PESSOAISreforma

QUER POUPAR REGULARMENTE

Para os que pretendem poupar

regularmente apostando num

benefício fi scal vantajoso

Montepio Poupança Reforma

> Possibilidade de reforços

a qualquer momento

> Regime fi scal idêntico ao dos

PPR, embora não abrangido pela

portabilidade entre PPR

> Possibilidade de obter rendimento

melhorado por decisão dos

associados em Assembleia Geral

Quanto precisa para começar? 100 euros

Quem pode subscrever? Todos os associados

Quando pode resgatar? Aos 60 anos ou na idade

de reforma

PODE CONTAR COM:> Isenção de comissão

de subscrição> Benefício fi scal idêntico

ao atribuído aos PPR*

*Limite máximo de dedução à coleta de 20% das contribuições efetuadas

por sujeito passivo, dependente do escalão de rendimento coletável e do valor de outras deduções a que

tenha direito, até

•400€ - com idade até 34 anos

•350€ - com idade compreendida entre 35 e 50 anos

•300€ - com idade superior a 50 anos

Como encontrar o produto certo para si?À LUPA

Mostramos-lhe como estamos nas diferentes etapas para a reforma

e como respondemos aos seus desafi os de forma simples e clara.

QUER COMPLEMENTAR

A SUA PENSÃO DO SISTEMA

PÚBLICO

Para os que querem destinar

mensalmente parte do seu

rendimento para receber

uma pensão mensal vitalícia

a partir dos 56 anos

Montepio Pensões de Reforma

> Entregas mensais constantes

ou crescentes (2,5% ou 5% ao ano)

> Possibilidade de obter um valor

de pensão melhorado por

decisão dos associados em

Assembleia Geral

Qual o valor da pensão anual inicial?

Varia entre os 360€ e os 180 000€

Quem pode subscrever? Associados entre os 36 os 59 anos

Quando pode iniciar o recebimento da pensão?

A partir dos 56 anos

PODE CONTAR COM:> Isenção de comissão

de subscrição> Pensão vitalícia a receber

passível de tributação em sede de IRS – Categoria H

QUAL É O SEU OBJETIVO?

2 COMO QUER POUPAR?

Poupar regularmente ou valorizar uma poupança

Na hora de escolher as melhores soluções � nanceiras para a sua vida, faça esta pergunta: “Quero poupar regularmente para garantir um capi-tal na hora da reforma ou quero obter um montante extra à minha pensão do sistema público?”

A resposta é fundamental para per-ceber qual o melhor produto � nanceiro.

Por exemplo, quem quer ir poupan-do todos os meses, ou de forma regu-lar, pode encontrar uma solução como o Montepio Poupança Reforma, que permite entregas de poupança regu-lares e garante um benefício � scal se-melhante ao dos PPR no IRS.

Para quem procura um comple-mento à pensão do sistema público, através de uma pensão vitalícia a par-tir dos 56 anos, o Montepio Pensões de Reforma é a modalidade mutua-lista mais ajustada.

O Associado escolhe o prazo da subscrição, que pode variar entre os 10 e os 20 anos, subscrevendo um plano de quotas mensais constante ou um dos planos crescentes a 2,5 ou a 5% ao ano.

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REVISTA MONTEPIO

N

úm

eros que fazem pensar

AUTOMATIZE E AUMENTE

Entregas regulares ajustadas à infl açãoA in� ação não é apenas um dado que paira nos noticiários televisivos. O efeito nas suas poupanças está pre-sente nas compras do dia a dia, no seu poder de compra.

Se quer ou está a poupar regular-mente, por exemplo, 50 euros, tenha em conta este fator e vá, sempre que possível, aumentando este montan-te para conseguir manter os seus ob-jetivos de poder de compra intactos.

Além disso, tente manter automá-ticos estes reforços da sua poupança. É fácil falhar um mês com o seu com-promisso pessoal e se garantir que retira logo no arranque do mês uma fatia do salário para poupar, vai ser mais fácil manter nos eixos o seu pla-no até à reforma.

CONHEÇA BEM AS SUAS SOLUÇÕES

Soluções mutualistas e outros produtos fi nanceirosAs soluções da Associação Mutualis-ta Montepio assumem a designação de modalidades mutualistas ou pla-nos mutualistas e permitem valori-zar uma poupança regular ou uma poupança única, e de proteção, pro-tegendo a vida ou as � nanças dos as-sociados.

3

4

montepio.org

SAIBA MAIS

Solução mutualista

Poupança à medidaMontepio Poupança Reforma é uma

solução mutualista pensada para

quem quer poupar por mais 5 anos

e têm como objetivo acumular uma

poupança regular para depois dos

60 anos.

Entrega mínima inicial100 euros

Entregas livresPode fazer entregas a partir de 20€,

dependendo do plano poupança que

pretende. Deste modo, pode desenhar

uma ponpança à sua medida.

Vantagens> Possibilidade de reforços a qualquer

momento.

> Regime fi scal idêntico ao dos

PPR, embora não abrangido pela

portabilidade entre PPR.

> Possibilidade de obter rendimento

melhorado por decisão dos associados

em sede de Assembleia Geral.

89,5%Em média, a primeira pensão é equivalente

a 89,5% do último salário

As modalidades mutualistas têm como garantia de capital o ativo da Associação Mutualista Montepio, que reúne mais de 600 mil associados.

É importante também perceber o que não são: depósitos a prazo, segu-ros de capitalização, seguros de vida ou planos poupança-reforma (PPR). Embora os planos de poupança-refor-ma tradicionais tenham muitas carac-terísticas presentes nas soluções mu-tualistas de reforma, a diferença es-tá na natureza jurídica, que confere à Associação Mutualista Montepio um papel de instituição complementar ao sistema de previdência social público enquadrado no setor da economia so-cial não lucrativa.

Número de anos de esperança de vida

aos 65 anos

19,2

Idade legal da reforma (anos)

66

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REVISTA MONTEPIO

a minha economiaFINANCIAMENTO

CROWDFUNDING

QUANDO A MULTIDÃO É A SOLUÇÃOTEM UMA IDEIA INOVADORA MAS NÃO CONSEGUE ARRANCÁ-LA DO PAPEL? NÃO DISPÕE DE CAPITAL PARA TIRAR O PROJETO DA GAVETA MAS PREFERE OUTRAS OPÇÕES ALÉM DO CRÉDITO BANCÁRIO? SE ESTE É O SEU CASO, ENTÃO O CROWDFUNDING PODE SER A RESPOSTA CERTA. O FINANCIAMENTO COLABORATIVO OU COLETIVO GANHA CADA VEZ MAIS ADEPTOS E PORTUGAL NÃO FOGE À TENDÊNCIA. SE TEM UMA IDEIA INOVADORA, JUNTE-SE AO CLUBE E PROCURE NA SOCIEDADE O CAPITAL DE QUE PRECISA

POR MARIA PEREIRAILUSTRAÇÃO VERA MOTA

Corria o ano de 1997 quando, sem dinheiro para � nanciar a sua digressão pelos EUA, a banda britânica de rock Marillion decidiu pedir aos seus fãs que os ajudassem a pagar as despesas. E assim foi. Com esta iniciativa, os músicos amealharam qualquer coisa como 60 mil dólares, colocando o crowdfunding na lista de opções para captar capital de artistas, empreendedores, beneméritos ou � lantropos. Muito mudou desde então, mas a ideia de base mantém-se: procurar junto da comunidade � nanciamento para um determinado projeto. E muitos já o conseguiram, angariando milhões de euros.

Família, amigos, business angels, fun-dos de capital de risco ou investido-res pro� ssionais. Todos são chama-dos a participar. Seja através de uma recompensa – que pode passar por receber primeiro o novo produto ou por um bilhete para a primeira � la do concerto – ou de uma parte do capi-tal da nova empresa, o � nanciamen-to coletivo está a transformar ideias inovadoras em negócios de verdade. E o que começou por ser uma ativida-de relativamente informal está a tor-nar-se pro� ssional e regulada, como aliás acontece no mercado português.

Ainda que este conceito não este-ja numa fase tão desenvolvida como noutros países, houve um forte cresci-mento do número de empreendedores

a procurarem (e a conseguirem) � nan-ciamento através do crowdfunding. São cada vez mais os casos nacionais e internacionais que viram a luz do dia graças ao � nanciamento coletivo. Exemplos como o livro de culinária (e não só) do humorista Bruno Alei-xo ou a “oitava geração” dos fatos de palco da banda Blasted Mechanism.

Confi ança como combustívelEstas campanhas mais mediáticas foram fundamentais para desblo-quear esta forma de � nanciamento em Portugal. “Um dos fatores impor-tantes para o crowdfunding funcionar é a con� ança. O histórico de campa-nhas bem-sucedidas faz toda a dife-rença para credibilizar o conceito”,

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REVISTA MONTEPIO

Nascida em maio,

a Boaboa é a primeira

plataforma de

investimento coletivo

focada numa capital

europeia. Ao contrário

do que acontece com as

plataformas já existentes,

a Boaboa apenas fi nancia

projetos empreendedores

que pretendam investir

em Lisboa. Desenvolvida

em parceria por várias

entidades – Câmara

Municipal de Lisboa,

Associação Mutualista

Montepio, Fundação

Calouste Gulbenkian,

Vieira de Almeida e

Associados e Associação

para a Inovação e

Empreendedorismo

de Lisboa (Startup

Lisboa), com o apoio

no desenvolvimento

tecnológico da PPL

Crowdfunding Portugal –,

a plataforma assume-

-se como uma alternativa

para empreendedores

da capital. "A nossa

intenção é construir

uma comunidade mais

'local'", explica Pedro

Domingues. "Para nós

é uma experiência nova

e com muito potencial

dado o elevado número

de solicitações que

cada um dos parceiros

terá para fi nanciamento

de iniciativas, que

poderão reencaminhar

para uma plataforma

pública na qual

poderão receber maior

visibilidade", acrescenta

o cofundador da PPL,

responsável pela parte

técnica e operacional.

E para quem pretende

lançar um novo projeto

em Lisboa não poderia

haver melhor altura.

Tal como Pedro

Domingos explica,

"a ideia é aproveitar a

marca Lisboa, que tem

cada vez mais força

dentro e fora do país".

INICIATIVA

Boaboa, o financiamento que só pensa em Lisboa

Nos últimos anos, o fi nanciamen-

to coletivo tornou-se mais popular.

Há mais portugueses a apostarem

no crowdfunding como alternativa

para lançarem os seus projetos?

Sim, um dos fatores importantes

para o crowdfunding funcionar é a

confi ança. O histórico de campa-

nhas bem-sucedidas faz toda a dife-

rença para credibilizar o conceito, a

plataforma e os restantes interve-

nientes. Os pagamentos online são

igualmente relevantes e a maioria

dos portugueses está cada vez mais

familiarizado com essa realidade.

É positivo ver o crowdfunding cres-

cer de um nicho para uma ferra-

menta mainstream.

Que dicas deixaria a quem quer

avançar com projeto e está a pon-

derar levantar capital através de

crowdfunding?

É muito importante planear e exe-

cutar uma boa comunicação, mes-

mo antes da campanha arrancar.

É também importante perceber

quem podem ser os apoiantes e que

recompensas ou incentivos podere-

mos oferecer para que se juntem e

contribuam da melhor forma possí-

vel. Um dos elementos fundamen-

tais na comunicação é um bom

vídeo: sucinto mas apelativo.

Qual é a taxa de sucesso dos proje-

tos da PPL e qual o valor fi nancia-

do através de crowdfunding?

Temos uma taxa de sucesso de

44%, o que é elevada face à média

internacional. Financiámos cerca

de 1,8 milhões de euros desde 2011

graças a mais de 50 mil apoiantes.

Pedro DominguesCofundador da PPL

P&R

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REVISTA TUVWXYZU

a minha economiaFINANCIAMENTOcrowdfunding

LIVRO DE BRUNO ALEIXOBruno Aleixo é bem

conhecido dos

portugueses.

O humorista também recorreu

ao financiamento coletivo.

50 Pratos (49 são iguarias…)

é o resultado

de uma campanha

de crowdfunding

bem-sucedida.

E a campanha foi mesmo

a segunda com o maior

número de apoiantes da PPL,

só superada pela dos 

Blasted Mechanism.

explica Pedro Domingos, cofunda-dor da plataforma portuguesa PPL, pioneira no mercado nacional. Para o mesmo especialista “é positivo ver o crowdfunding crescer de um nicho co-nhecido apenas por alguns para uma ferramenta mainstream. É bom sinal haver mais uma solução de �nancia-mento e divulgação de bons projetos”.

A PPL é a maior plataforma na-cional de crowdfunding no segmento de recompensa, mas existem outras. A Raize, a Massivemov, a Olmo ou a Zarpante são exemplos de outras pla-taformas nacionais onde podem ser desenvolvidas campanhas de �nan-ciamento coletivo. Mas os empreende-dores nacionais podem também procu-rar na oferta internacional a resposta para o levantamento de capital. E são vários os casos de empresas que têm lançado as suas campanhas através de plataformas como a Kickstarter ou a luso-britânica Seedrs, lançada pelo português Carlos Silva. “O modelo tra-dicional de �nanciamento de startups

é ine�ciente e não particularmente meritocrático”, explica o cofunda-dor da Seedrs, a primeira platafor-ma europeia de equity crowdfunding.

Para o empreendedor, “o investimen-to em startups estava limitado a uma pequeníssima percentagem (0,5%) da população”, logo “fazia sentido tornar este processo mais e�ciente, transpa-rente e meritocrático, tornando-o ao

PROJETOS CROWDFUNDING

Casos de sucesso

CANOÍSTA MEDALHADO À BOLEIA DO CROWDFUNDING

José Ramalho já ganhou

várias medalhas ao longo

da sua carreira, incluindo

várias de ouro. Mas,

provavelmente, só conseguiu

chegar ao pódio com a ajuda

do crowdfunding. Em 2014

recorreu a esta forma de

financiamento para obter

capital para preparar a época

desportiva e remar para os

EUA. O atleta pediu 1 500€

e conseguiu 2 350€.

MÚSICA AO SOM DO CROWDFUNDING

São vários os músicos

nacionais que recorreram

ao crowdfunding para lançar

novos álbuns. Os Blasted

Mechanism são os mais

conhecidos, mas houve

mais. Os Primitive Reason,

Frankie Chavez, Nobody's

Bizness, Kandia,

Mazgani, ou Dazkarieh

são algumas das bandas

que já recorreram

a esta solução.

DAO LEVANTA MAIS

DE 150 MILHÕESÉ, até à data, a maior

campanha de

crowdfunding. A DAO,

uma rede de blockchain

pública, conseguiu captar

mais de 150 milhões

de dólares, um montante que

vai usar para ajudar

a desenvolver a sua atividade

de economia partilhada.

A empresa propõe

um novo modelo de

organização, baseada na

partilha de informação

através de uma rede.

OCULUS, A EMPRESA QUE

CONQUISTOU O FACEBOOK

Em 30 dias conseguiu

captar 2 437 429 dólares.

A Oculus VR é uma empresa

que aposta em aplicações

de realidade virtual e

conseguiu atrair o interesse

do Facebook. Acabou mesmo

por ser adquirida pela

maior rede social do mundo.

O negócio levantou, porém,

alguma controvérsia entre os

que apoiaram em primeira

mão a empresa.

3DOODLER IMPRIME EM TOM

COLETIVO

Os criadores da 3Doodler,

uma caneta que escreve em

três dimensões, encontraram

no crowdfunding a solução

para o financiamento.

Através da Kickstarter

recolheram 2 344 134 dólares

em 34 dias. Quem contribuiu

obteve o reembolso

do capital investido

no prazo de um ano.

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REVISTA MONTEPIO

mesmo tempo acessível a muito mais gente”. E foi por isso que Carlos Silva decidiu lançar a Seedrs.

Boa comunicação diferenciaMas não basta a criação das platafor-mas para que as campanhas sejam bem-sucedidas. Antes de mais é ne-cessário que a ideia de negócio seja inovadora e esteja bem estruturada. Depois, é fundamental desenvolver todo um trabalho de bastidores para torná-la atraente para os investidores. “É muito importante planear e exe-cutar uma boa comunicação, mesmo antes da campanha arrancar.” Além disso “é também importante perce-ber quem podem ser os apoiantes e que recompensas ou incentivos po-deremos oferecer para que se jun-tem e contribuam da melhor forma possível”, explica Pedro Domingues. Já Carlos Silva adianta que o “sucesso no levantamento de capital através de uma plataforma de equity crowdfun-

ding depende em grande medida de uma preparação metódica e aprofun-dada da campanha e da estratégia pa-ra chegar a potenciais investidores”.Bruno Fonseca, CEO da Agroop, foi um dos empresários portugueses que conseguiram � nanciar o seu projeto através do crowdfunding. Não uma, mas duas vezes. Levantou no total 170 mil euros para desenvolver a sua so-lução inovadora para o setor agrícola. Para Bruno Fonseca, foi “fundamental termos conseguido comunicar de uma forma clara, não só o projeto, mas a nossa missão. As pessoas, quando in-vestem, querem perceber qual a estra-tégia e visão da startup e querem sen-tir-se envolvidas e representadas por essa visão”. “Além disso é importan-tíssimo demonstrar que existe uma equipa multidisciplinar, motivada e com forte know-how para materiali-zar o projeto e o roadmap proposto”, acrescenta.

Além de comunicar com clareza, é também necessário “vender” a em-presa. Um bom vídeo pode fazer mi-lagres. “Muito importante na campa-

nha é o vídeo, todos nós gostamos de uma boa história, e em grande parte das campanhas de crowdfunding que vejo as pessoas investem na história, na equipa, mais do que no produto em si”, refere Pedro Lopes. Para o funda-dor da in� niteBook, que criou o Eco-Book, um quadro branco em forma de caderno, o design também “vende”, por isso “tem de ser aliciante”.

Garanta 30% do capitalGarantir uma parte do investimento antes de arrancar com a campanha é meio caminho andado para o suces-so. “Comecem com 30%”, aconselha Mário Mouraz, cofundador e CEO da Climber Hotel, que acrescenta que os empresários apenas deverão tor-nar pública a campanha caso consi-gam esse investimento inicial junto dos três F (família, amigos e “fools”). “Depois da campanha estar pronta é falar com todos os familiares e amigos para apoiarem, foi o que � z, e depois de ter algum dinheiro arrecadado, os ‘estranhos’ começam a con� ar no pro-duto e gera-se um efeito de bola de ne-ve. Dinheiro gera mais dinheiro”, conta Pedro Lopes.

Tudo deve ser preparado com o má-ximo detalhe. A Agroop, por exemplo, dispensou três meses a pensar nos por-menores e a montar a campanha an-tes de a divulgar. “É fundamental tentarem antecipar quaisquer dú-vidas de potenciais investidores pa-ra que durante o tempo que a cam-panha está ativa (60 dias) consigam ter tudo bastante bem estruturado e otimizado”, realça Bruno Fonseca.Depois da primeira ronda de � nan-ciamento, procurar capital através do crowdfunding torna-se mais fácil. O reconhecimento da “marca” faci-lita a tarefa de convencer os investi-dores a participarem numa nova fa-se do projeto. Pedro Lopes, de olho já numa nova campanha de � nancia-mento coletivo no curto prazo, assu-me: “O crowdfunding é atualmente a melhor forma de � nanciamento para uma startup.”

O que o levou a procurar fi nancia-

mento no crowdfunding, em detri-

mento dos mecanismos de fi nan-

ciamento tradicionais?

O crowdfunding possibilita maior

visibilidade, obter uma rápida ava-

liação do mercado, criar uma base

de clientes ou de potenciais clientes

e acelerar a fase de fi nanciamento

e parcerias. Em dois meses conse-

guimos chegar a vários estados dos

EUA, através da televisão, jornais

e online. Apesar de não termos

alcançado o mínimo defi nido, a

maioria dos que demonstraram

interesse em adquirir os nossos

produtos mantiveram a intenção de

compra, elevando o nosso valor nos

rounds de fi nanciamento.

Mesmo assim, hoje em dia existem

demasiados projetos em simultâneo

e conseguir a atenção dos media

não é nada fácil.

Que conselhos deixaria a quem

pretende fi nanciar o seu projeto

através de crowdfunding?

Investir no vídeo da campanha e

no design da informação a colocar

online. O trabalho de marketing

antes e durante a campanha

também é fundamental. Não basta

um bom produto e um bom vídeo.

Se não chegar às pessoas não vai

ser fi nanciado.

Porque escolheu a KickStarter?

É a melhor plataforma de crowdfun-

ding. Depois porque um dos fun-

dadores da FYT Jeans pertence ao

MIT e a Harvard e planeámos a nos-

sa entrada no mercado para os EUA,

apesar do nosso projeto ser online.

Miguel CarvalhoFundador da FYT Jeans

P&R

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REVISTA MONTEPIO

3a minha economiaFINANÇAS PESSOAIS

SOLUÇÃO MUTUALISTA

O ANTÍDOTO PARA A INCERTEZAUM INFORTÚNIO PODE PÔR EM CAUSA O FUTURO DE TODA A SUA FAMÍLIA E INTERROMPER OS SONHOS DE UMA VIDA. SE É IMPOSSÍVEL PREVER O DIA DE AMANHÃ, NÃO É DIFÍCIL PROTEGÊ-LO E GARANTIR A ESPERANÇA COM SOLUÇÕES PENSADAS PARA FAZER DA ESTABILIDADE UMA REGRA DE OURO

A incerteza é uma constante da vida. Em 1716, o britânico Christopher Bullock escrevia, na obra The Cobler of Preston, que só existiam duas coisas certas na vida: a morte e os impostos. Esta ideia, que ao longo dos anos foi defendida por diversas

Exemplo do valor da quota inicial para as várias coberturas previstas e para dois associados com idades atuariais de 30 e 40 anos

EXEMPLO

Proteger um crédito cujo capital inicial em dívida é de 25 000€

Quotas de modalidade no primeiro ano

Morte Morte + Invalidez absoluta e defi nitiva

Morte + Invalidez total e permanente

anual mensal* anual mensal anual mensal

ASSOCIADO 30 ANOS 32,90€ 2,85€ 33,89€ 2,94€ 34,94€ 3,03€

ASSOCIADO 40 ANOS 59,94€ 5,20€ 61,74€ 5,35€ 67,52€ 5,85€

* QUOTA DA MODALIDADE MENSAL = (QUOTA DA MODALIDADE / 12 MESES) X (1+ TAXA DE FRACIONAMENTO), TENDO-SE UTILIZADO UMA TAXA DE

FRACIONAMENTO DE 4% NESTA SIMULAÇÃO.

personalidades, da literatura à política, terá contribuído, ainda que indiretamente, para a criação do movimento mutualista, uma forma de acautelar o futuro – nosso e dos nossos familiares – através de uma visão de solidariedade, igualdade e entreajuda.

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REVISTA MONTEPIO

que, não sendo cumpridos, podem trazer-lhe algumas dores de cabeça – e é aqui que a Associação Mutua-lista Montepio pode ajudá-lo, através da solução Montepio Proteção Outros Encargos. Um deles é o crédito auto-móvel, uma solução que muitos por-tugueses utilizam para garantir a sua mobilidade e a da sua família (ver pá-ginas 64 a 66).

Outra das soluções na qual muitas famílias se têm apoiado para garantir um futuro melhor para os seus mem-bros é o crédito estudante, um emprés-timo para formação que permitirá ao seu � lho – ou até a si – frequentar uma licenciatura, pós-graduação, mestrado, doutoramento, curso de especialização tecnológica ou aceder a um programa de mobilidade e intercâmbio interna-cional, como o Erasmus.

Mas há mais: nos últimos anos, muitos portugueses foram forçados a consolidar os créditos num único en-cargo mensal, reduzindo a prestação a pagar todos os meses mas aumen-tando o número de anos do prazo. Se optar – ou já optou – por esta solu-ção, sabe que este passa a ser o seu principal encargo � nanceiro. Motivo mais que su� ciente para que o queira “segurar”, não vá uma situação de mor-te ou invalidez (total e permanente ou absoluta e de� nitiva) tirar-lhe o rendi-mento mensal necessário para fazer fa-ce aos seus compromissos. É aqui que a Solução de Proteção Outros Encargos, da Associação Mutualista Montepio, ganha ainda mais importância, ajudan-do-o numa altura duplamente difícil e libertando os agregados familiares de encargos previsivelmente incompor-táveis à sua situação � nanceira. Uma forma de, na adversidade, continuar a olhar para o futuro com esperança.

Controlar o riscoPossuir um crédito é um argumen-to importante para quem quer pro-teger-se – e aos familiares – em caso de invalidez ou morte do ganha-pão do agregado. Mas não só os agrega-dos com créditos precisam de prote-

Montepio Proteção – –Outros EncargosDois caminhos, a mesma garantia

PLANO CAPITAL CONTRATADO (CC)

> ASSEGURAR O COMPROMISSO

Para quem quer proteger um crédito

(que não seja individual ou

de habitação)

> A VANTAGEM DE SEREM DOIS

Se forem dois associados a

subscreverem a modalidade, o que

tem a quota mais baixa benefi cia de

um desconto de 50%

> DEVOLUÇÕES DE QUOTAS

Só em caso de amortização total do

crédito é que existe lugar a devoluções

PLANO CAPITAL SUBSCRITO (CS)

> ASSEGURAR O FUTURO

Para quem quer proteger a família

em caso de morte ou invalidez

> A FAMÍLIA COMO UM TODO

Toda a família do agregado pode

subscrever esta modalidade.

Se vários forem associados têm

desconto de 50% em todas

as quotas, exceto na mais alta

> PLANIFICAÇÃO À MEDIDA

Permite um plano anual ajustado

às necessidades de cada família

BENEFÍCIOS FISCAISDeduções em sede de IRS para

associados portadores de defi ciência

e trabalhores dependentes com

profi ssões de desgaste rápido

montepio.org

SAIBA MAIS

Isto porque, há 300 anos, como nos nossos dias, nunca sabemos o que nos reserva o amanhã e, por mais que batamos em madeira, os infortú-nios podem estar ao virar da esquina. Combater a incerteza e acautelar as � nanças é o principal objetivo das so-luções mutualistas de proteção, uma almofada que ajuda os associados da Associação Mutualista Montepio a garantir que, em caso de infortúnio, não entrarão em situação de incum-primento e a sua situação � nanceira permanecerá controlada.

Proteger o seu futuroSe proteger o crédito à habitação ou o crédito individual é uma solução roti-neira para muitos portugueses, exis-tem outros encargos de empréstimos

ção. No caso da solução Montepio Pro-teção Outros Encargos, os associados podem optar não só pela subscrição ligada a um contrato de crédito, desde que este não seja crédito habitação ou pessoal, mas também pela subscrição de um capital a legar aos bene� ciá-rios que entender (plano CS – Capital Subscrito). Neste caso, o Associado subscritor desta solução está a garan-tir que, numa situação de infortúnio ligada à invalidez ou morte, recebe, ou os seus bene� ciários, o capital subscri-to. E, de duas, as coisas certas da vida passarão a três: a morte, os impostos e o apoio da sua Associação Mutualista Montepio.

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UM NOVO IMPOSTO PARA O IMOBILIÁRIO, AUMENTO DAS REFORMAS MAIS BAIXAS, O PRINCÍPIO DO FIM DA SOBRETAXA E NOVOS IMPOSTOS SÃO ALGUMAS DAS GRANDES NOVIDADES DO ORÇAMENTO PARA 2017. UM PLANO QUE NÃO TRAZ MUITAS NOVIDADES FACE AO QUE ESTAVA ANUNCIADO MAS QUE VAI AFETAR A VIDA DOS PORTUGUESES E MEXER COM O DINHEIRO QUE TRAZEM NA CARTEIRA

OS NÚMEROS DO ORÇAMENTO

QUAIS VÃO SER OS APOIOS?

MANUAIS OFERECIDOS E MAIORES SUBSÍDIOSFamílias com crianças vão sentir algum alívio. Os manuais escolares para o primeiro ciclo serão oferecidos e o abono de família para crianças entre 1 e 3 anos vai mais do que triplicar. As famílias do quarto escalão, que têm rendimentos mensais entre 633 e 1 055 euros, vão voltar a receber o abono para crianças até 3 anos. Os funcionários públicos recebem um aumento no subsídio de refeição de 25 cêntimos.

ESTADO QUER CAPTAR POUPANÇAO Executivo estima que os Certifi cados de Aforro e os Certifi cados de Tesouro Poupança Mais captem mil milhões de euros. E quem tiver um PPR do Estado vai ter mais benefícios fi scais. Jovens até aos 35 anos poderão deduzir até 400 euros do investimento nos certifi cados de reforma na fatura de IRS.

QUAIS SÃO AS NOVIDADES?

DECLARAÇÕES SIMPLEXEm 2017 o Simplex chega às declarações de IRS. O Fisco quer que as declarações automáticas sejam uma realidade, partindo da informação recolhida atualmente no e-fatura.

RECIBOS VERDES COM NOVAS REGRASO Executivo pretende mudar o modelo de descontos dos recibos verdes e acabar com algumas isenções, nomeadamente aquela de que benefi ciam os trabalhadores por conta de outrem que também prestam trabalho independente. Entre as várias alterações propostas está a vontade que os trabalhadores independentes paguem uma tributação mínima mensal, de 20 euros, mesmo que não registem qualquer atividade nesse mês. Esses valores serão depois descontados em faturas seguintes. Do outro lado da balança, o governo quer igualar direitos face aos trabalhadores por conta de outrem. Mas para isso é necessário reforçar os descontos.

1,6%do PIB em 2017 é a meta

do défi ce orçamental prevista no Orçamento, o que corresponde a menos 1 500 milhões de euros

que o registado em 2016

1,5%do PIB é a previsão de crescimento da economia

portuguesa para 2017

1,5%é a taxa de infl ação,

prevista para 2017, nos escalões de IRS. Já a sobretaxa será eliminada gradualmente no

próximo ano, a partir de março.

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63

... E OS IMPOSTOS?

ANDAR DE CARRO VAI FICAR MAIS CAROQuem tem carro pode preparar-se para ter mais encargos em 2017. O imposto sobre veículos sobe, assim como o imposto do selo. Há ainda uma nova taxa para carros comprados a partir de janeiro. Além destes aumentos, os condutores serão penalizados através do agravamento sobre os produtos petrolíferos. Um conjunto de medidas para que os portugueses deixem o carro na garagem e utilizem os transportes públicos.

PATRIMÓNIO ACIMA DE 600 MIL EUROS COM NOVO IMPOSTONem todos vão pagar mais sobre os imóveis que detêm. A nova taxa, de 0,3%, para quem detenha património imobiliário com um valor tributário acima de 600 mil euros, penaliza sobretudo os grandes grupos económicos e seguradoras.

REFRIGERANTES, ÁLCOOL E TABACO VÃO CUSTAR MAISBeber uma Coca-Cola ou um Sumol é mais caro desde janeiro graças à nova taxa para as bebidas açucaradas. De fora fi cam, por exemplo, sumos naturais. Mas não são só as bebidas menos saudáveis que vão pesar na carteira dos portugueses. Fumar e beber cerveja também vai custar mais alguns cêntimos no próximo ano. O aumento é de 3%.

3%O IMPOSTO SOBRE VEÍCULOS

aumenta em 2017, passando a custar mais 3% do que até

agora. A este imposto acresce um agravamento de 0,8% do IUC.

550 eurosO Executivo volta a mexer

no método como são considerados os fi lhos na fatura do IRS.

Desaparece o quociente familiar, deixando de se contar o número de fi lhos no agregado familiar,

e passa a deduzir-se um valor fi xo por dependente: 550 euros.

10 eurosAs pensões mais baixas vão ser

aumentadas em 2017. As reformas entre 275 euros e 648 euros vão receber mais 10 euros a partir de

agosto e as pensões até 838 euros vão ser atualizadas de acordo com a infl ação. Já as grandes pensões

deixam de pagar a CES.

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64

REVISTA MONTEPIO

3a minha economiaFINANÇAS PESSOAIS

CRÉDITO

CINCO ARGUMENTOS PARA COMPRAR UM AUTOMÓVELCOMPRAR UM AUTOMÓVEL É UM SONHO COMUM A MUITOS, MAS EXISTEM FASES DA VIDA EM QUE ESTA VONTADE SE TORNA UMA OBRIGAÇÃO. SIGA AS NOSSAS DICAS PARA TOMAR UMA BOA DECISÃO

Comprar um automóvel é um sonho que muitos acalentam, mas existem fases da vida em que este desejo se torna imprescindível. De caminho único. Qualquer que seja a sua motivação de compra, há sempre uma estrada comum a todos: a informação necessária para que tome uma boa decisão. Re� ita, analise todas as hipóteses em carteira e decida qual representa um melhor investimento para o seu desa� o inicial. Deixamos-lhe algumas dicas para escolher bem, mas também as motivações que estão por detrás da nossa necessidade de adquirir um automóvel.

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65

REVISTA MONTEPIO

Independência fi nanceiraFazer uma viagem de sonho, sair de casa dos pais

ou comprar um carro são escolhas habituais de quem,

ao entrar no mercado de trabalho, alcança

a capacidade fi nanceira para investir em si e nos seus

prazeres. Comprar um carro é sinónimo de liberdade

e independência para fazer tudo o que queremos, à hora

e no local que quisermos.

DICA: Para a maioria das pessoas, comprar um automóvel

é a segunda aquisição mais avultada da vida, logo a seguir

à habitação. Por isso, se vai comprar um carro usado perca

algum tempo a pesquisar. Visite vários stands, compre

jornais e revistas da especialidade e peça conselhos

a amigos e conhecidos.

Gastos excessivos com manutençãoÀ medida que os carros fi cam mais velhos sucedem-

-se as visitas à ofi cina, muitas das quais dispendiosas.

A partir de uma certa idade faz mais sentido trocar

de carro a assumir os riscos da constante

desvalorização do veículo, marcada por reparações

ou substituições de peças.

DICA: Mesmo que já tenha decidido a marca e modelo

do carro que vai comprar, visite vários pontos

de venda para procurar o melhor preço. Mesmo nos

stands da mesma marca é habitual encontrar preços

diferentes. No caso dos carros usados e semi-novos

esta diferença é mais acentuada, por isso perca

algum tempo a pesquisar os melhores preços

para uma determinada viatura.

1

Família a aumentarAdquirir um automóvel a poucos meses

da família aumentar é das decisões

fi nanceiras mais usuais que os cidadãos

tomam. Afi nal, há que receber o bebé

com o conforto que o momento pede:

seja trocar o velhinho três portas

por um automóvel mais novo e fi ável,

seja investir numa bagageira maior

e nos extras necessários para colocar a cadeirinha em segurança.

DICA: Pense bem no tipo de carro que vai comprar. Uma compra impulsiva

pode levá-lo a escolher um desportivo ou um descapotável, mas se tem uma

família grande isso irá colocar-lhe outros desafi os na hora de transportar

os seus fi lhos em segurança ou mesmo na logística: uma bagageira grande

é importante para guardar o carrinho de bebé ou outros acessórios.

3 À medida que

A partir de uma certa idade faz mais sentido trocar

stands

fi nanceiras mais usuais que os cidadãos

Independência fi nanceiraFazer uma viagem

ou comprar um carro são escolhas habituais de quem,

ao entrar no mercado de trabalho, alcança

a capacidade fi nanceira para investir em si e nos seus

prazeres. Comprar um carro é sinónimo de liberdade

e independência para fazer tudo o que queremos, à hora

e no local que

DICA:

é a segunda aquisição mais avultada da vida, logo a seguir

à habitação. Por isso, se vai comprar um carro usado perca

algum tempo a pesquisar. Visite vários

jornais e revistas da especialidade e peça conselhos

MOBILIDADE

Setor em mudançaEVOLUÇÃO DO MERCADO

AUTOMÓVEL

O setor automóvel teve em 2016

o quarto ano de recuperação, com

vendas a superarem a barreira

dos 200 mil veículos. Depois de

ter registado um ritmo muito forte

no primeiro trimestre do ano, devido

à antecipação de compras de veículos

ligeiros provocada pelo aumento

da fi scalidade automóvel, a taxa

de crescimento das vendas começou

a desacelerar.

PRINCIPAIS VANTAGENS DO

SERVIÇO DE MANUTENÇÃO

ASSOCIADO AO FINANCIAMENTO

O produto Contrato de Manutenção

e Serviços oferece ao proprietário

e utilizador de uma viatura automóvel

a garantia de qualidade da manutenção

do seu veículo, com custos

previsíveis e inferiores, associando

ao fi nanciamento um contrato que

prevê, através do pagamento de uma

mensalidade fi xa, a manutenção

preventiva e corretiva assegurada

pelas ofi cinas de marca escolhidas

pelo cliente.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DESTE

MERCADO

As fronteiras entre os setores

automóvel e tecnológico têm vindo

a esbater-se com as novas soluções

de mobilidade. A crescente

incorporação de tecnologia nos

automóveis aparenta ir no sentido

da autonomização da condução destes

veículos, assim como da otimização

da sua efi ciência energética, em

particular no uso em espaço urbano,

permitindo ganhos assinaláveis

na utilização do tempo dos seus

utilizadores. Por outro lado, a maior

sensibilidade para os problemas

ambientais, a densifi cação das cidades

e os custos associados à tradicional

posse de viatura originam novos

conceitos de utilização do automóvel,

como o car-sharing, sendo igualmente

previsível que a regulamentação

se torne, a uma escala global, mais

restritiva do uso de automóveis

baseados em combustíveis fósseis.

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66

REVISTA MONTEPIO

a minha economiaFINANÇAS PESSOAIScrédito

3

CRÉDITO AUTOAquisição de veículos novos, seminovos ou usados. A propriedade da viatura é do cliente com reserva de propriedade ou hipoteca ao Montepio Crédito. Taxa Fixa ou Indexada (EUR3M)

VANTAGENS• Financiamento até 100%

• Sem valor adicional no fi nal do contrato

• Prazos de fi nanciamento até 120 meses

• Sem obrigação de seguro de Danos Próprios

• Seguro de Vida de um titular incluído

• Oferta de Cartão Combustível de descontos

ALUGUERContrato de Aluguer de Longa Duração (ALD), para veículos com menos de um ano e com discriminação do IVA. O veículo é propriedade do Montepio Crédito até ao fi nal do contrato. Taxa Fixa ou Indexada (EUR3M)

VANTAGENS• Flexibilidade dos valores de entrada (5% a

60%) e duração do contrato (até 96 meses)

• Benefícios fi scais para empresas, empresários em nome individual e profi ssionais liberais

• Isenção de reconhecimento notarial

• Vantagens na subscrição de seguro automóvel

• Oferta de Cartão Combustível de descontos

LEASINGVeículos até 5 anos com IVA descriminado, com valor residual no fi nal do contrato. O veículo é propriedade do Montepio Crédito até ao fi nal do contrato. Taxa Fixa ou Indexada (EUR3M)

VANTAGENS

• Flexibilidade dos valores de entrada e duração do contrato (até 120 meses)

• Rendas baixas resultantes da conjugação da reduzida taxa de juro com o valor residual

• Benefícios fi scais para empresas, empresários em nome individual e profi ssionais liberais

• Isenção de reconhecimento notarial

• Oferta de Cartão Combustível de descontos

RENTINGAluguer operacional até 5 anos,

para veículos novos. Taxa Fixa

VANTAGENS• Gestão da frota e coordenação de todos

os passos (encomenda, entrega e devolução do veículo)

• Racionalização do custo total da frota, reagrupando as despesas adicionais

• Oferta fl exível, permitindo aos clientes escolherem os serviços que pretendem contratar*

• Nesta modalidade o Montepio Crédito oferece regularmente aos seus clientes a Viatura do Mês, com a seleção de uma viatura específi ca fi nanciada por Renting e a correspondente oferta complementar a preços de campanha

* Negociação e compra do automóvel, fi nanciamento, pagamento de impostos, manutenção corretiva e preventiva, gestão de pneus, gestão de sinistros, seguro, veículo de substituição, assistência em viagem, combustível, revenda do automóvel, serviços de consultoria.

OFERTAS COMPLEMENTARESDisponíveis mediante subscrição de produtos de fi nanciamento tradicional – Crédito, Aluguer

e Leasing:- Disponíveis mediante subscrição

de produtos de fi nanciamento tradicional: Crédito, Aluguer e Leasing

- Seguros de proteção ao crédito, nomeadamente seguro de vida, incapacidade, hospitalização ou desemprego

- Seguro Auto Lusitania

- Serviço de manutenção que permite, através de um pagamento mensal constante e sem atualizações, usufruir da manutenção necessária ao normal funcionamento do automóvel, abrangendo revisões, reparações de avarias ou peças que resultem do desgaste normal do automóvel. Abrange também a manutenção preventiva, corretiva

e reparação de anomalias

Estes produtos podem ser subscritos diretamente no Montepio Crédito ou através de 400 pontos de venda (concessionários ou stands automóveis) com os quais o Montepio Crédito tem parceria a nível nacional.

Soluções de ¦ nanciamento automóvel Montepio Crédito

montepiocredito.pt

SAIBA MAIS

Preocupações ambientaisEm Portugal ainda são poucos os que

conduzem um carro elétrico ou híbrido.

Mas este é um caminho de não-retorno

e cada vez mais cidadãos irão optar por

trocar o seu carro de motor tradicional

por uma opção mais sustentável assim

que os preços deste tipo de veículos

começarem a descer.

DICA: Em 2017 o incentivo ao abate

de veículos com mais de 10 anos para

a compra de veículos híbridos plug-in

mantém-se, ainda que o seu valor seja

reduzido para metade: 562,50 euros.

Se pretende pagar menos e ainda

não chegou a altura de comprar

um carro elétrico, certifi que-se

que escolhe um automóvel com

um índice de CO2 baixo.

DICA: Adquirir um carro usado pode ser uma

excelente opção: permite-nos comprar uma

viatura melhor e que não seria acessível

enquanto nova, sendo que estes veículos

não desvalorizam tanto quanto os novos.

Tenha também em conta o consumo do carro.

Se costuma andar no para-arranca do trânsito,

deverá ter em conta o consumo urbano.

4Mudança de casa ou trabalhoNum mundo ideal, todos vivemos

perto do trabalho ou temos

acesso a transportes públicos

de qualidade, que nos permitem

deixar o carro em casa durante

a semana. Já o mundo real

leva-nos a trabalhar em locais

longe da residência, aos quais

só podemos chegar por via

do transporte individual, e nem

sempre temos à disposição

transportes públicos de qualidade.

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página 78

PASSEIOS COM HISTÓRIAVisitar a Casa de Mateus é recuar vários séculos. Uma viagem no tempo, à alma e arte das gentes transmontanas

página 73

GUIA DE ESCAPADAS O paraíso pode estar aqui ao lado. Faça as malas e aproveite as inúmeras vantagens dos parceiros da Associação Mutualista

página 82

TESTEMUNHOFã de Robert De Niro e Carla Galvão, o ator Sérgio Moura Afonso abriu-nos o cofre das suas paixões, feitos e recordações de 21 anos de carreira. Conheça-o melhor

página 68

VINTAGE A moda, design e tradições das últimas décadas continuam a apaixonar gerações de cidadãos. O que os leva a viverem, culturalmente, no tempo dos seus pais e avós?

IDEIAS E DESCOBERTAS EM LAZER, FAMÍLIA, SAÚDE, CULTURA

A MINHA VIDA

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68

4

REVISTA MONTEPIO

a minha vidaREPORTAGEM

“Casaco de cabedal preto e cabelo superarranjado, com muita laca e gel – quer para os meninos, quer para as meninas!” Para as irmãs Ana e So� a Torres, estas duas características de� nem a moda rockabilly. Ana tem 34 anos e é mãe a tempo inteiro; So� a, de 32, é professora universitária. Juntas criaram a comunidade Pinup Portugal, que está perto de atingir os 5 000 fãs no Facebook.

O fascínio por este mundo está pre-sente desde que se lembram, mas foi há cinco anos que a moda dos anos 50 entrou nas suas vidas “mais a sé-rio”. “Sempre adorámos tudo o que é vintage: móveis, moda, música”, con-ta Ana. Porquê? Não é fácil explicar. “Mas em termos de moda é devido ao facto de ser um estilo extremamente feminino e que valoriza o corpo da mulher”, explica So� a. “Tal e qual como ele é, com plena aceitação de todos os tamanhos e formatos.”

Saias muito rodadas, vestidos com uma cintura acentuada, decotes gene-rosos e armados. Mulheres com for-mas voluptuosas, lábios pintados de um vermelho vivo, seguras de si mes-

VINTAGE

EM BUSCA DA DÉCADA PERDIDAVESTEM-SE DE MODODIFERENTE, DECORAM AS SUAS CASAS COM ARTIGOS DE OUTRAS ÉPOCAS, OUVEM MÚSICA HÁ MUITO DESAPARECIDA DAS RÁDIOS E CONDUZEM CARROS CLÁSSICOS. HISTÓRIAS DE QUEM FAZ DA CULTURA PRÉ E PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL UMA FORMA DE VIDA

POR SUSANA LIMA

mas e que não passam despercebidas. Um estilo que � caria para sempre ligado à inesquecível Marilyn Monroe. Já no que diz respeito à música, Elvis Presley é a personi� cação do verda-deiro estilo rockabilly. Com a sua pou-pa armada e volumosa, a gola levan-tada ou o carismático blusão preto de cabedal, o rei do rock n’ roll cantou e encantou com a sua voz grave e se-dutora. O seu estilo inconfundível per-dura até hoje no imaginário dos fãs mais fanáticos. As irmãs Torres não

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REVISTA MONTEPIO

estilo pinup, prefere peças mais ro-mânticas. “É o estilo das princesas”, anuncia com um sorriso. Há seis anos, decidiu levar esta paixão mais longe. Deixou para trás um empre-go na banca e abriu uma loja em ple-na vila de Oeiras. Na Hippie Lover

vão tão longe. A casa de Ana tem um estilo vintage – desde os móveis à deco-ração – mas com algumas adaptações aos dias de hoje. Já o vestuário merece uma atenção especial. “No início, com a nossa pequena máquina de costu-ra, fazíamos umas saias ou vestidos simples”, conta. Hoje, com a Internet, é tudo mais fácil. A maioria dos arti-gos vem de Inglaterra, Holanda e Ale-manha. “É claro que nos Estados Uni-dos existe imensa oferta. No entanto, devido às taxas alfandegárias, só re-corremos a artigos norte-americanos no caso de verdadeiras relíquias.”

Também Mónica Soutelo há mui-to que se rendeu ao vintage. Longe do

não faltam corações, folhos e rendas, cuidadosamente escolhidos e combi-nados. Há padrões dos anos 50 e 60, lado-a-lado com vestidos estilo belle

époque (anos 20). “Não seguimos ten-dências. O que usávamos há dez anos é o que usamos agora”, comenta.

^ CULTURA

RETRO

Discos de vinil,

carros e motos

de marcas míticas,

música intemporal.

A cultura vintage

veio para fi car

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70

4

REVISTA MONTEPIO

a minha vidaREPORTAGEMvintage

Da fl anela aos blusões de gangaDe acordo com Maria Isabel Mar-cos, professora de Design de Mo-da na Lisbon School of Design e especialista em História da Moda e Análise de Tendências, Mónica Soutelo pode ser uma visionária, sen-do das primeiras a incorporar as mu-danças de mentalidade de cada épo-ca, ou uma cética. Neste último caso, isso signi� ca que a oeirense pouco se importa com a moda. Certo é que está longe de ser uma consumido-ra comum, cuja de� nição, segundo a especialista “é aquela que procura a aceitação no seio do seu grupo pa-ra se sentir segura com o seu novo look”. “[Esta] é quem copia o estilo dos fashion leaders, mas só depois de ter a certeza que o mesmo é moda.”

Ainda assim, a professora salien-ta que as tendências não se sucedem uma a seguir à outra, numa linha temporal cronológica: “Convivem em simultâneo, em diferentes fases de crescimento e maturação.”

Segundo Mónica Soutelo, a maio-ria das clientes da Hippie Lover tem entre 25 e 35 anos. “São pessoas com um estilo mais arrojado, que não têm

EM FOCO

Museu a céu aberto

É normal

associarmos

o vintage e a cultura

pop de décadas

passadas a tendências

norte-americanas,

britânicas ou

francesas, mas esta

não é uma regra.

Portugal também tem

as suas modas vintage,

como é o caso dos

produtos vendidos por

Margarida Cerdeira na

Mar Pintado.

Especialista em

Conservação

e Restauro pela

Fundação Ricardo

do Espírito Santo, esta

Associada do Montepio

interessa-se por tudo

o que está relacionado

com o património

e as memórias

portuguesas.

A Mar Pintado foi a

concretização de um

sonho, uma extensão

de si mesma.

“Poderia perfeitamente

ser a minha casa.

Escolho cada peça não

de forma racional, mas

de uma forma mais

emotiva”, conta.

Situada no coração de

Lisboa, a dois passos

da Sé, a loja oferece

uma verdadeira

viagem no tempo a

quem a visita. Uma

viagem pelas tradições

mais antigas do nosso

país. “Tudo o que aqui

está é português e feito

à mão”, salienta.

A ajudá-la nesta

aventura tem um

amigo, marceneiro

embutidor. São suas

algumas das obras

mais originais da Mar

Pintado. Pulseiras e

pendentes de madeira

com uma espécie de

riscas coloridas – tão

perfeitas que parecem

pintadas à mão. Mas o

segredo é outro:

Ele é skater e utiliza

restos de skates. Daí as

cores vivas.”

Mantas e adufes,

sabonetes e cadernos

artesanais, artigos

de cortiça e bordados.

Cada artigo tem uma

história para contar e

Margarida faz questão

que quem a visita

fi que a conhecê-la − em

português ou em

inglês. À medida que

percorre lentamente a

loja, explicando cada

detalhe, ao lado de uma

cadeira alentejana

– uma peça sempre

muito apreciada –,

recorda que quando

era pequena teve uma

que adorava, oferecida

pelo avô. É aqui que a

sua viagem ao passado

ganha um impulso

emocional. Na verdade,

não será este que todos

os amantes do vintage

procuram?

Museu a céu aberto

“Poderia perfeitamente

Museu a céu aberto

^ MAR PINTADO

Margarida

Cerdeira é

apaixonada

pelo património

português

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Areeiro | Guerra Junqueiro | Parede | Mafra | Mem Martins

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problemas em usar um vestido mui-to rodado, com bolinhas ou animais”, explica Mónica, enquanto mostra um vestido azul repleto de pequenos bul-dogues franceses. “Eu �quei com um para mim. Quem tem um buldogue francês tem de ter um vestido des-tes”, conta.

Todas as semanas, a proprietá-ria da Hippie Lover recebe novida-des e faz questão de atiçar as clientes �éis com fotos dos artigos no charriot, que publica na página do Facebook. O toque especial, porém, está nas sel�es que tira com a roupa vestida. “Cria muita proximidade com as clientes. Ao verem as peças em mim �cam com uma ideia melhor de como irá �car nelas”, explica.

A moda de outros tempos é uma paixão antiga. Mónica Soutelo sem-pre sentiu que vivia fora de época. O seu guarda-roupa está repleto de folhos, rendas e corações. “Adoro tu-do o que tenha corações”, confessa. A loja é o seu re�exo. “Escolho cada

peça. Uma a uma.” Também na de-coração Mónica procura ter aponta-mentos vintage, como é o caso do tou-cador que comprou a uma senhora de idade. “Fazia parte da sua mobília de solteira”, conta.

O vintage está na moda e a verdade é que basta olhar à nossa volta para o comprovar. Peças dos anos 60, 70 e 80 passeiam-se pelas ruas. A cin-tura das calças das senhoras subiu, as camisas de �anela com xadrez vol-taram e os blusões de ganga e cabe-dal também.

Os mais arrojados arriscam com-binar padrões diferentes numa mes-ma toile�e, enquanto os clássicos jo-gam pelo seguro e optam por dar apenas um toque vintage ao visual. A tendência está instalada e mesmo nas marcas mais comerciais é possí-vel encontrar artigos que parecem de outras épocas. “Num mundo global e em constante mutação, o mercado da moda é cada vez mais competitivo e feroz. As marcas necessitam de ante-

cipar as tendências e acompanhar as rápidas mudanças que se veri�quem para se manterem competitivas”, des-taca a professora Isabel Marcos.

Mas não foi apenas o vestuário que regressou do passado. Há eletro-domésticos que parecem do tempo das nossas mães – como os da Smeg –, motas que lembram a que o nos-so pai tinha quando andava no liceu, a Vespa, e mobiliário que parece reti-rado do set da série “Casei com uma Feiticeira”.

De pequenino se escolhe o destinoMini. A grande tradição da família Soares resume-se a esta pequena pa-lavra, mas que, para esta, representa um grande carro. “Quem me passou o gosto pelos Mini foi o meu pai. Aos seis anos já ia com ele aos encontros do Clube Mini de Portugal (CMP)”, con-ta Gabriel Soares. O primeiro Mini

recebeu-o ainda antes de ter idade pa-ra conduzir. Com nove anos, começou

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4

REVISTA MONTEPIO

a minha vidaREPORTAGEMvintage

a ajudar o pai a restaurar o Mini. “Oito anos depois, estava � nalmente com-posto. É um Mini 1000, de 1979, de cor branca, todo restaurado e posto a meu gosto”, diz orgulhoso.

Gabriel Soares é um dos 3 067 só-cios do CMP – o maior clube de au-tomóveis monomarca de Portugal. “A Grande Família Mini” é compos-ta por pessoas de todas idades – a sua maioria do sexo masculino – unidas pela paixão por este emblemático au-tomóvel. “Só quem conduziu ou andou

num Mini é que sabe a adrenalina que se sente”, destaca Gabriel, que cresceu com eles: “Os Minis da minha família davam para fazer uma concentração!” O pai tem um, o padrinho e o seu ir-mão mais dois, e dois tios têm três e um, respetivamente.

Para muitos dos associados do CMP, ser proprietário de um Mini

é o reacender de uma paixão antiga que traz consigo memórias do passa-do. Mas Gabriel Soares, de 18 anos, foi seduzido pelas “novas emoções mo-torizadas” que o Mini proporciona.

Estas emoções, somadas ao seu his-torial familiar, tornaram inevitável o despertar da paixão pelo pequeno grande Mini.

Mas o jovem não está só: de tem-pos a tempos, proprietários de Minis

de todo o país respondem ao chama-mento do CMP e reúnem-se nas tão aguardadas concentrações. Aí, exi-bem orgulhosos os seus carros – uns mais restaurados que outros, alguns completamente enfeitados – num verdadeiro des� le que não deixa nin-guém indiferente.

Viver fora de épocaSeja na paixão por carros antigos ou na roupa que se veste no dia a dia, a verdade é que o vintage está na mo-da, uma espécie de regresso ao passa-do mesmo para quem nunca o viveu na pele. Para Ana e So� a Torres, po-rém, isso pouco importa: elas adoram tudo o que lembra os anos 50. Mónica Soutelo, por seu lado, sempre sentiu que vive fora de época, pois nunca se identi� cou com as tendências de mo-da do seu tempo. E Gabriel Soares e os seus companheiros do CMP serão sempre � éis ao seu Mini. Mas será fácil viver no século XXI com estilos do passado?

“Sim”, dizem as irmãs Torres. “Ape-nas nos vestimos um pouco diferen-tes dos demais e temos casas mais gi-ras!”, brincam. Noutros países, o estilo rockabilly é tão corrente como qualquer outro. Em Portugal, ainda é raro e por isso ouvem comentários como: “Que cabelo é esse? Andas mesmo assim vestida todos os dias? Vais a alguma festa de Carnaval?”

“Mas é tudo pací� co!”, lembram. “O que importa é sermos felizes e sentirmo-nos bem.” E � ca a crítica: “Vivemos numa sociedade que procu-ra formatar as pessoas e anular todo o sentido crítico e criativo.” Para Ana e So� a o importante é não ter medo de destacar a nossa originalidade, a nossa individualidade: “Todos os se-res humanos são únicos, porque não assumir isso?”

Curto, clássico ou recorrente. Estes três ciclos de moda estão presentes em

tudo o que vestimos no dia a dia.

VESTUÁRIO

Os ciclos de moda

Curto:

A tendência cresce

à mesma velocidade

com que perde força.

A nova tendência

aparece nos desfiles, é

assimilada pelos fashion

leaders e "fashionistas"

(early adopters) e segue

diretamente para as

redes de fast fashion do

mercado massificado.

O percurso é curto e tem

normalmente a duração

de uma temporada.

Clássico:

Alguns estilos

nunca se tornam

completamente

obsoletos. Modificam-

-se, atualizam-se,

mas permanecem

sempre. Renovam-se

constantemente sem

perderem a sua essência

(como por exemplo

os mocassins). Este

ciclo é caraterizado

pela simplicidade

do desenho.

Recorrente:

São estilos que voltam

com regularidade. Após

o seu desaparecimento

surgem anos depois,

embora reinterpretados

em função dos novos

tempos. São a prova

de que na moda nada

é exatamente o mesmo

e, no entanto, nada é

totalmente novo

(a moda dos 50, o punk

ou o grunge são dois

exemplos).

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4

REVISTA MONTEPIO

a minha vidaTEMPO LIVRE

Não são muitos dias mas são preciosos e podem fazer maravilhas. Portugal é o país ideal para roubar ao calendário uns dias só para nós. As curtas distâncias permitem reservar apenas meio dia para a viagem e as paragens, se bem pensadas, podem ser conjugadas com o melhor de dois (ou três) mundos: uma refeição magní�ca, rápida e económica. Sem esquecer que a viagem em si pode já ser um dos predicados da escapada, principalmente quando optamos por trocar as portagens pelas vistas das estradas nacionais. Todos os portugueses devem recordar-se do país maravilhoso que os acolhe.

GUIA DE ESCAPADAS

A VIDA É AGORA! AS PESSOAS SÃO O REFLEXO DO SEU QUOTIDIANO, CINCO DIAS POR SEMANA. MAS PARA QUE A SUA ENERGIA SEJA BEM APLICADA, HÁ ALTURAS EM QUE DEVE SAIR DA ROTINA. PARTA À DESCOBERTA E NÃO SE ESQUEÇA: SEMPRE NA MELHOR COMPANHIA E COM O SEU CARTÃO DE ASSOCIADO MONTEPIO

POR MIGUEL FERREIRA DA SILVA

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REVISTA [\]^_`a\

a minha vidaTEMPO LIVREguia de escapadas

Um �m de semana “aditivado” com dois dias de férias, quando bem apro-veitado, revela-se essencial à produ-tividade laboral e ao fortalecimen-to das relações familiares e pessoais, contribuindo para a nossa cultura e bem-estar. Ou seja, você, os empre-gadores, namorados/as e a família, saem a ganhar.

Emoção para toda a famíliaComeçando por cima, geogra�camen-te falando, rumamos ao Minho e a uma das suas cidades da raia interior: Chaves. Aloje-se no topo da cidade, no Hotel Casino de Chaves, e agende a aventura do dia seguinte no Pena Aventura Parque. Antes de sair da ci-dade não se esqueça de provar o me-lhor pastel folhado de Portugal.

Oitenta quilómetros a Oeste, ho-ra e meia de carro, começa o Parque Natural da Peneda-Gerês. Um bom ponto de partida para conhecer a região é o Parque Cerdeira onde, em bungalows que mais parecem ca-sas de montanha ou, para os mais aventureiros nesta época do ano, em modo campismo, tem oportuni-dade de respirar um dos melhores ares nacionais. Como no imobiliário, o importante é a localização, e o Par-que Aventura Diver Lanhoso é o lo-cal ideal para suster a respiração. Tudo isto graças à adrenalina de um “voo” a 130 Km/h no Fantasticable, o maior do seu género no mundo.

Descendo no mapa mas subin-do em altitude, à serra mais alta de Portugal Continental, temos por desti-no a Estância de Ski Serra da Estrela. Depois de estabelecido o “campo base”

numa das unidades do grupo Eurosol, em Seia ou em Gouveia, reservamos o forfait para toda a família e preparamos as máquinas para as quedas mais apa-ratosas ou proezas mais inacreditáveis. Mas sempre com um sorriso. O princi-pal para qualquer progenitor que quei-ra evitar a célebre frase vinda do banco de trás – “falta muito?” – é que todos se divirtam e levem para casa uma histó-ria para contar. Quem sabe não inspira um trabalho na escola e, também eles, marcam pontos no regresso.

Dolce Fare NienteÉ um misto de arte e ciência, e o seu maior paradigma na natureza é a bradypus torquatus, conhecida por preguiça, animal que sem esforço consegue dormir 14 horas por dia. De acordo com estudos realizados pe-la Harvard Medical School, o sono é uma atividade de extrema importân-cia que otimiza instantaneamente os níveis de energia do nosso corpo. A boa notícia é que podemos dar uma ajuda durante uma escapada às margens do rio Caima, direitos ao Hotel Rural Vale do Rio, perto de Oliveira de Azeméis. As camas são magníficas, o serviço impecável e o cenário paradisíaco (silêncio e pas-sarinhos). Para culminar, ainda po-de dar umas braçadas na piscina ou adormecer, novamente, durante uma massagem no spa. E porque dormir normalmente abre o apetite, ouse experimentar a salada exótica. Se a vista do restaurante para a serra da Freita lhe abrir o apetite, está em boa terra. Experimente as papas “ale-gria” de osso da Suã ou o polvo assa-

do, verdadeiros pitéus para verdadei-ros apreciadores.

Ideal para descansar é também a unidade Água Hotels de Mondim de Basto, no distrito de Vila Real, jun-to ao santuário da Senhora da Gra-ça e às curvas lânguidas do Tâmega. Numa das casas de montanha ou nos fabulosos espigueiros adaptados, lá no alto, o sono está mais perto das es-trelas. Antes do check out vale a pena marcar uma sessão de massagem de relaxamento no Água Viva Spa para preparar a semana que se avizinha com outra energia.

Rumando para sul e a menos de uma hora de Lisboa, rodeados por um cenário que alia a placidez da Reserva Natural do Estuário do Sado ao ambiente cosmopolita da marina do Tróia Resort, surge a joia da coroa da hotelaria da região, o Tróia Design Hotel. Este cinco estrelas não deixa o seu crédito por mãos alheias, sobretu-do em detalhes que fazem toda a di-ferença, como o pequeno-almoço ou

^ UMA ESCAPADA

de três dias é ideal para

descobrir uma cidade

a pé ou para aproveitar

o belo interior português,

como Amarante

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REVISTA bcdefghc

no The Spa, distinguido pelos World Luxury Spa Awards. Descansar tam-bém tem destas coisas. Por isso, mi-me-se. Você merece.

Despertar os sentidosSe os seus sentidos estão formatados para as mesmas paisagens, sabores e sensações, então encare estas propos-tas como uma dieta para os sentidos. O seu Cartão de Associado tem uma chave que lhe dá acesso a estas expe-riências, ajudando-o a �car no local certo à hora certa.

A Associação Mutualista tem parce-ria com três unidades hoteleiras cujos restaurantes têm sido consagrados pelo guia Michelin: Ocean e Vila Vita Parc Resort, em Porches; Casa da Calçada, em Amarante, e o Feitoria, no Altis Be-lém, em Lisboa. Aqui, vale a pena fi-car só para prolongar a experiência por mais tempo, ainda que o seu Cartão de Associado só possa ser utilizado no alo-jamento. Por isso, se tem um especial pedido a fazer, se quer celebrar uma

^ SINTRA

Situada a poucos quilómetros

de Lisboa, é um local perfeito

para quebrar a rotina

e recuperar forças

Despertar os sentidosROMANCE

> AMARANTE Casa da Calçada Relais & Chãteaux

> ANADIA Grande Hotel da Curia Golf e Spa

> SINTRA

Palácio Seteais

WELLNESS

> MONCHIQUE

Villa Termal Caldas de Monchique GASTRONOMIA

> PORCHES Vila Vita Parc Resort, Ocean

> LISBOA

Belém Altis Hotels

> AMARANTE Casa da Calçada Relais & Chãteaux

NATUREZA

> MADEIRA, Vila Galé Santa Cruz, Snorkeling com golfinhos

> GERÊS

Parque Cerdeira

> PÓVOA DO LANHOSO

Diver Lanhoso

> ILHA DO PICO

Aldeia da Fonte

AVENTURA

> CHAVES

Hotel Solverde, Pena Aventura ParkNEVE

> SERRA DA ESTRELA

Hotéis Eurosol

> SEIA

Albergaria Senhora do Espinheiro

FAMÍLIA

> PONTA DELGADA Hotel Comfort Inn Ponta Delgada

DESCANSO

> OLIVEIRA DE AZEMÉIS

Hotel Vale do Rio

> BRAGA

Hospedaria Convento de Tibães

> MONDIM DE BASTO

Água Hotels Mondim de Basto

> TROIA Tróia Design Hotel Aqualuz Tróia

CIDADE

> GUIMARÃES

Hotel Guimarães

> LISBOA

Altis Avenida

> LISBOA

Hotel do Chiado

> PORTO

Charming House Marquês

> PORTO

Hotel da Música

HISTÓRIA

> BRAGA Villa Garden Braga

> VISEU Casa da Ínsua

DESPORTO

> LISBOA

Pestana CR7

GUIA PARA UMA ESCAPADA

data e se os dois forem apaixonados por gastronomia, este é o seu local ideal pa-ra o �m de semana.

Mas nem só de sabores se aplacam os sentidos ávidos por emoções terre-

nas. O cheiro da serra de Sintra, a vis-ta cinematográ�ca da entrada que dá vazão ao Penedo da Saudade, a impo-nência de um palácio oitocentista que invoca um tempo em que palavras co-mo mistério, requinte ou charme fa-ziam parte da civilização ocidental. E é essa marca que encontramos em Seteais, hoje operado pela cadeia Tivoli Hotels & Resorts. Além do alojamento cinco estrelas destaca-mos as T Experiences, que incluem workshops de joalharia, um piqueni-que gourmet ou um passeio de veleiro. São experiências. Memórias que vai levar consigo para casa.

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REVISTA MONTEPIO

a minha vidaTEMPO LIVREguia de escapadas

Descobrir a CidadeNão há nada como uns olhos frescos. Sair da nossa zona de conforto e en-frentar um (ou três) dia(s) numa cidade que não é a nossa mas que decidimos conquistar. Venha de comboio, autocar-ro ou de avião, porque aprender a mo-ver-se na cidade como um local faz par-te da experiência. Escolha o seu hotel como misto entre base de operações e porto de abrigo, perto do centro.

Na cidade berço, o Hotel de Gui-marães é uma escolha segura. Dali pode descobrir a pé uma cidade cuja fundação se perde na escala de carbo-no 14 mas que sabe sempre reinven-tar-se ao longo das eras. A oferta de restaurantes que testemunha a exce-lência da gastronomia portuguesa a preços acessíveis vai deixar-lhe um dilema na hora da partida – se calhar, ainda vem para cá morar.

Ao lado, Braga é como um roche-do. Não precisa de argumentos e ad-jetivos para ser uma das melhores ci-dades para se viver em Portugal. Rica em património, juventude, inovação, cultura, gastronomia, pessoas, Braga é a prova de que podemos sempre re-gressar onde fomos felizes. Esta frase é ainda mais verdadeira se tivermos o nosso poiso no Villa Garden Braga, um palacete do século XIX, a 10 minu-tos do centro histórico, que conjuga o charme das madeiras trabalhadas da escadaria e pátio interior com aponta-mentos de modernidade.

Mas um capítulo sobre cidades nunca estaria completo sem as duas maiores do país. Em Lisboa, convi-damo-lo, e à sua família, a conhe-cer o novo projeto do Grupo Pesta-na, uma parceria entre o maior gru-po hoteleiro português e o “melhor jogador do mundo”. O Pestana CR7 � ca num edifício renovado, num es-tilo cosmopolita que tem na tecno-logia o prato forte das amenities. Um dia, todos os hotéis vão ter 1GB em wireless e os hóspedes, só por se-rem clientes, vão poder ter acesso gra-tuito à Internet mesmo fora do hotel.

E fechamos este guia no Porto e com um convite ao Mercado do Bom Sucesso. Aqui as hortaliças frescas misturam-se com os restaurantes, lojas gourmet, moda e o magnífico Hotel da Música. Do “Requiem” de Mozart a “Nem às Paredes Confesso” de Amália, passando pelas “Águas de Março” de Tom Jobim, a música dá o mote a cada quarto desta unidade par-ceira da Associação. Se quiser trazer a viola pode ainda aceder a salas de en-saios disponíveis no hotel.

A viagem de regresso é sempre di-fícil. Mas não se esqueça que, em três dias, melhor é impossível.

RELAXAR COM ESTILO

Vantagens para si> PARQUE CERDEIRACampo de Gerês, Terras de Bouroparquecerdeira.comDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> DIVER LANHOSOLugar de Porto de Bois, Oliveiradiver.com.ptDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> HOTEL SOLVERDE CHAVEShotelcasinochaves.solverde.ptDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> HOTÉIS EUROSOLeurosol.ptDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> HOTEL RURAL VALE DO RIOvaledorio.ptDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> ÁGUA HOTELS MONDIM DE BASTOaguahotels.ptDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> VILA VITA PARC RESORTvilavitaparc.comDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> ALTIS HOTEL BELÉMaltishotels.comDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> CASA DA CALÇADA RELAIS & CHÃTEAUXcasadacalcada.comDESCONTO ASSOCIADO: 20%

> HOTEL GUIMARÃEShotel-guimarães.comDESCONTO ASSOCIADO: 30%

> VILLA GARDEN BRAGAvillagarden.ptDESCONTO ASSOCIADO: 15%

> PESTANA CR7 LISBOApestanacr7.comDESCONTO ASSOCIADO: 10%

> HOTEL DA MÚSICAhoteldamusica.comDESCONTO ASSOCIADO: 10%

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REVISTA MONTEPIO

4a minha vida

CRÓNICA

O facto de os ocidentais terem, de facto, repartido o domínio do mundo até ao � m da segunda guerra mundial, foi acompanhado

da convicção de que a ocidentalização era o caminho único para o desenvolvimento político, tendo como valor de referência

a democracia, e como estrutura governante um aparelho que Francis Fukuyama identi� cou como sendo a novidade Estado, isto é, um poder independente enquadrante de um povo num de� nido

território, um sistema jurídico com premissas culturais participadas, e � nalmente um executivo responsável e responsabilizável.

A longa hegemonia fez-lhes ignorar o aviso de Toynbee, no sentido de que esse chamado terceiro mundo viria a considerar os ocidentais

como os maiores agressores dos tempos modernos.

Qualquer das propostas categorias de identi-� cação do edifício político ocidental não teve em conta que as áreas culturais libertadas ti-nham pressupostos culturais diferenciados, o que torna extremamente difícil de racionaliza-ção o turbilhão político que, para os ocidentais, signi� ca violação da ordem e, para muitos dos libertados, por vezes parece que entendem ser um regresso à autenticidade das suas premis-sas aprisionadas pelos colonizadores.

Talvez se aproximem do vaticínio inquie-tante de Toynbee, em face do turbilhão que afeta populações de tão diferentes latitudes, es-tas palavras do lembrado Fukuyama: “a estabi-lidade dos equilíbrios disfuncionáveis sugere uma razão por que a violência desempenhou um importante papel na inovação institucional e nas reformas. A violência costuma ser enca-

rada como um problema que os políticos têm de resolver, mas por vezes é a única forma de desalojar interesses instalados que bloqueiam a mudança institucional”. Que tais observações tenham apoio nos distúrbios que não se aquie-taram depois das independências que se multi-plicaram no terceiro mundo, não exclui que na área ocidental, que perdeu o domínio colonial, se tenha julgado poder organizar o globalismo com respeito pelos seus especí� cos e enume-rados princípios. Ao contrário, a pluralidade de interpretações e rejeições, a diversidade dos interesses, a complexidade inesperada das no-vas circunstâncias, vieram a promover um de-clínio das instituições oferecidas, quer nas an-tigas colónias, quer nas diferentes antigas sedes imperiais, afetadas pela crise � nanceira global que desa� ou a manutenção de uma estrutura que a longa história lhes parecia consolidar na essência, ainda que multiplicando as formas.

A experiência que vivemos nesta passagem de século foi a de que a inovação institucional exige, para que a paz não seja quebrada, que os interesses existentes, e até politicamente domi-nantes, participem no reconhecimento da justiça da mudança, o que de regra implica não infrin-gir os valores essenciais das sociedades em cau-sa. Sirvam de tema de meditação as diferenças, no incipiente regionalismo europeu, dos Estados de criação ocidental.

O modelo ocidental de governança, com séculos de formação, não foi uma súbita obe-diência a qualquer mensagem vinda do alto, e começou por enfrentar o globalismo com a solução imperial para o que chamou resto do mundo. Lembrou recentemente Roger Crow-le, no seu estudo sobre “como Portugal criou o primeiro império global”, uma carta de Afonso de Albuquerque para o Rei, já consciente do � m da vida, escrevendo que “os fumos da Ín-dia são poderosos – temo que chegará a altu-ra em que, em vez de sermos conhecidos como guerreiros, como agora, seremos conhecidos como tiranos cobiçosos”. Passaram séculos, e os antigos donos dos impérios foram surpreendi-dos pelas múltiplas invocações das previsões de Albuquerque.

NOTA: O autor continua a escrever segundo

a chamada norma antiga.

ADRIANO MOREIRA

O DECLÍNIO POLÍTICO

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REVISTA MONTEPIO

a minha vidaPASSEIOS COM HISTÓRIA

SAIBA MAIS

FUNDAÇÃO CASA DE MATEUS – VILA REAL

TEL: 259 323 121

HORÁRIO: DE MAIO A OUTUBRO DAS 9H ÀS 19H30.

DE NOVEMBRO A ABRIL DAS 9H ÀS 18H

www.casademateus.pt

CASA DE MATEUS

REGRESSO AO PASSADO EM TRÁS-OS-MONTES

Reza a lenda que a Casa de Mateus foi projetada pelo italiano Nicolau Nasoni, arquiteto italiano radicado em Portugal no início do século XVIIIe que foi responsável, entre outros projetos, pela Igreja dos Clérigos, no Porto. Suposições à parte, uma coisa é certa: a Casa de Mateus foi mandada construir por António José Botelho Mourão, 3º Morgado de Mateus, e substituiu há mais de 250 anos uma casa de família já existente no mesmo local. Considerada Monumento Nacional desde 1910, a Casa de Mateus é um dos ex-líbris da região de Vila Real, tendo recebido 97 000 visitantes em 2015

MONUMENTO NACIONAL DESDE 1910, A CASA DE MATEUS LEVA-NOS NUMA VIAGEM ATÉ AO SÉCULO XVIII, COM A SUA ARQUITETURA BARROCA E ESPÓLIO CULTURAL INCALCULÁVEL. UM PONTO DE PARTIDA PARA CONHECERMOS MELHOR TRÁS-OS-MONTES E AS SUAS GENTES

POR CARLOS MARTINHO

FOTOGRAFIA CASA DE MATEUS

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REVISTA ijklmnoj

“É um ponto de grande interesse turístico. O número de visitantes, na-cionais e estrangeiros, tem vindo a aumentar nos últimos anos”, explica José Carlos Fernandes, diretor técni-co do monumento. Em 2016, segundo o responsável, o número de visitantes será superior ao do ano anterior.

Uma história com mais de 500 anosVisitar a Casa de Mateus é regressar ao século XVI e aos primeiros mem-bros desta casa de família, os Morga-dos de Mateus. A visita tem um am-biente familiar: em cada sala é con-tada a história de uma família cuja riqueza foi sendo preservada até aos dias de hoje. “São dados a conhecer os principais membros, desde o século XVI, bem como todo o enquadramento histórico e arquitetónico”, explica José Carlos Fernandes.

Os jardins que envolvem a casa ins-piraram-se nos jardins de Versalhes. Mais recentemente, uma intervenção do arquiteto Francisco Ribeiro Teles deu a oportunidade a cada um dos vi-sitantes de se fascinar com o re�exo da casa num espelho-d'água.

Um das principais atrações da visi-ta, porém, encontra-se dentro da casa. A biblioteca tem um espólio com cerca de 6 000 livros, alguns que datam do sé-culo XVI. Nesta sala encontra-se ainda

Iniciativa Montepio ^ 18 DE FEVEREIRO

15H

Inscrições: [email protected] de inscrição: 15,50€

INFORMAÇÕES

montepio.pt/vantagens-associado

exposta a primeira edição ilustrada de Os Lusíadas (1817), ordenada por D. José Maria, 5º Morgado de Mateus, Morgado d’Os Lusíadas. “Foi elaborado nas o�cinas Firmin Didot, em Paris, e conta com gravuras dos artistas Gé-rard, Decenne e Fragonard. As chapas

de cobre também estão expostas na sala”, refere José Carlos Fernandes.

A visita guiada à casa, capela e espaços de exposição tem a duração de 60 minutos, começando na adega. Há cinco séculos que a família da Casa de Mateus está ligada à vitivi-nicultura, pelo que é impossível dei-xar Trás-os-Montes sem conhecer e degustar os vinhos produzidos pela empresa Lavradores de Feitoria.

A visita dos jardins não é guiada. Assim, os visitantes podem perma-necer o tempo que desejarem e per-derem-se na sua beleza envolvente. E, quem sabe, imaginar as histórias que já percorreram aqueles cami-nhos mágicos.

DESTAQUE

Fundação abriu a casa ao mundo

Mandada

construir

por António

José Botelho Mourão,

por volta de 1743,

a Casa de Mateus

sobreviveu mais de

200 anos como solar

privado de família.

Em 1971, porém, foi

criada a Fundação da

Casa de Mateus, que

tem desenvolvido um

extenso programa

de manutenção

e recuperação do

património e abriu

a casa ao mundo.

Desde então, assegura

o diretor técnico da

fundação, foi feito um

“investimento colossal

na recuperação do

monumento nacional”.

“Foram recuperados

todos os espaços

interiores da casa

bem como toda a sua

envolvente”, explica.

O maior esforço ocorreu

em 2005, ano em que

diversos espaços da

casa e espólio móvel

foram restaurados

para permitir a

abertura aos visitantes.

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REVISTA pqrstuvq

a minha vidaCRÓNICA

Sobe a rua vagarosamente. Agora usa bengala para melhor se equilibrar. A subida é íngreme, e ele só há pouco tempo começou

a sentir as di�culdades. Amanhã tem de mandar a crónica e já amanhou duas ou três ideias. Gosta de escrever acerca de pessoas

simples, que nada mais �zeram senão trabalhar toda a vida. Ele teve sorte, apesar de tudo. Trabalhou em jornais, como revisor,

e chegou a escrever um livro, melancólico e grave, sobre pessoas que ia conhecendo. A época não era propícia a temas simples, daquela

natureza, e o livro não obteve êxito, mínimo que fosse, e ele desistira. Mas era um bom revisor de provas e, por isso, era chamado,

com relativa frequência, para rever textos deste e daquele.

Sobe a rua e pensa nos netos, o Francisco e o Manuel. Sorri de pequena felicidade, e não deixa de caminhar. Um pouco ofegante, ago-ra; mas tenciona parar, um pouco mais aci-ma, na barbearia do Cosme, com quem gosta de conversar de livros e de cultura. O Cosme é um barbeiro antigo e culto, dos quase desapa-recidos, barba e cabelo impecavelmente feitos. Conhecem-se desde tempos quase imemoriais, quando havia polícia política, prisões cheias de recalcitrantes, e pessoas desavindas em turbi-lhão. Às vezes, ele pensa: os antigos estão a de-saparecer, de velhos e de doenças, é assim. Ele continua a ler. De preferência Emile Zola, e os portugueses Ferreira de Castro e Alves Re-dol. Conheceu os dois, e chegou a rever provas de tipogra�a de textos de ambos. Nessa altura, a mulher ajudava-o, mas ela morrera de doen-ça súbita, e ele �cara só, desorientado e sem sa-ber como prosseguir. Mas prosseguiu, com ar-dor e mais afã. O trabalho ocultava um pouco a dor de se sentir só. Os �lhos, três, tinham a sua vida, e mais que fazer do que aturar um velho agarrado à sua solidão e à sua velhice.

Há três semanas começou a sentir di�culda-de em caminhar. Pensou que era uma di�cul-dade momentânea. Disse ao Cosme, e o Cosme sorriu, benevolente e atencioso. “Estás velho. Estamos velhos. Eu também sinto di�culda-des em andar, mas que posso fazer?”

Mais um pouco e lá chegaria. Ofegante e com as pernas doentes e dolentes, lá chegou. Os velhos chegam sempre, é preciso é querer chegar. Um dia destes vai escrever uma his-tória de velhos que nunca chegam ao destino, mas que persistem. O Cosme está à porta da barbearia. Esperava pelo amigo, e assistira à sua caminhada di�cultosa. Agora iam beber um café ou uma cerveja, tanto faz.

Agora, sente que envelheceu. Melhor, que está a envelhecer. Esquece-se de muita coisa e, sobretudo, de frases, de títulos de livros e do rosto de muita gente. Esquecer é um modo de matar ou de estar morto. A vida. Aprendeu que a vida é também isto. E sorri.

BAPTISTA-BASTOS

O REVISOR DE LIVROS SOBE A CALÇADA

NOTA: O autor continua a escrever segundo

a chamada norma antiga.

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4

REVISTA wxyz{|}x

a minha vidaTESTEMUNHO

SÉRGIO MOURA AFONSO

Começou a sua atividade em 1995, no grupo de teatro escolar Os Jotas,

e fundou a Companhia de Teatro de Marionetas Os Valdevinos, teatromosca

e a Companhia da Esquina. Tem participado em séries de televisão, curtas

metragens e publicidade desde 2000. Acumula desde 2010 a profissão de

professor de Interpretação e de coordenador do Curso de Artes de Espetáculo –

– Interpretação no Instituto para o Desenvolvimento Social (IDS), em protocolo

com o Teatro A Barraca.

perguntas a...

Qual a figura histórica com que

mais se identifica?

Nenhuma, por não me sentir à altura

de nenhuma. Mas existem várias

que admiro, da política às artes.

Qual o seu maior medo?

Medo a sério é de abelhas! Receio

ou temor é o de não chegar a fazer

as coisas que desejo concretizar,

tanto a nível pessoal como

profissional.

Qual a sua ideia de felicidade

perfeita?

É um dia passado em família.

É o dia da estreia de um espetáculo

novo. É ter tempo para contemplar.

É um bolo sem culpa. É um concerto

de uma das bandas de eleição.

É ter amigos!

Qual o seu maior feito?

São 3: uma carreira de ator de

Esta entrevista foi realizada seguindo

as premissas do famoso Questionário

de Proust, que pretende refletir a

personalidade do entrevistado. O nome

e popularidade deste questionário estão

relacionados com as respostas dadas pelo

escritor francês Marcel Proust.

21 anos e as minhas duas filhas.

Deram todos muito trabalho e prazer.

Se morresse e ressuscitasse como

uma pessoa ou animal, quem

escolheria ser?

Um lobo. Escolheria um animal

para poder descansar um pouco

da convivência com os Homens.

Quem são os seus heróis na vida

real?

Todos aqueles que conseguem

sobreviver todos os dias. Tanto

as pessoas que lutam contra doenças

assassinas como os fugitivos

de guerras desumanas e cruéis.

O que aprecia mais nos seus amigos

e família?

O facto de, ainda que não esteja

presente tanto como desejaria,

sentir que estarão sempre lá quando

necessário. Aprecio o agradecimento

num abraço ou numa palavra

quando posso contribuir de alguma

forma positiva.

Se pudesse mudar algo em si, o que

seria?

Mudaria o mais óbvio para todos

os que me conhecem: a teimosia.

Por vezes levo-a ao limite e acabo

por desapontar os mais próximos.

Quem é o seu ator favorito/a?

A nível internacional Robert

De Niro. No plano nacional, admiro

vários mas destacaria uma atriz

extraordinária, Carla Galvão.

Qual a figura do teatro que mais

admira?

Todos os que conseguem ainda fazer

teatro em Portugal. Os que, com ou

sem subsídios, trabalham para atrair

público às salas. Os que fazem um

trabalho diário honesto.

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NOTÍCIAS INSTITUCIONAIS, INICIATIVAS,

PROJETOS E COMUNICADOS

O MEU MONTEPIO

página 88

AGENDANão perca todas as atividades e iniciativas que preparámos, este trimestre, para os associados Montepio

página 84

ÀS VEZES O AMORPatrocinado pela Associação Mutualista Montepio, o festival que celebra o amor regressa em fevereiro com espetáculos em 12 cidades

página 86

DESCONTOSInvista em si e na sua família e beneficie de descontos junto de uma extensa rede de parceiros

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REVISTA MONTEPIO

5o meu montepioCULTURA

Quantos namorados se conheceram à boleia de músicas de Jorge Palma, Rui Veloso, André Sardet ou João Pedro Pais? É verdade: o amor combina com a música, talvez a forma de arte mais romântica das sete ditas tradicionais. E para os fãs apaixonados, pela músi-ca e não só, a Associação Mutualista Montepio patrocina, pelo terceiro ano, o Festival Montepio Às Vezes o Amor, uma celebração que vai percorrer doze cidades portugueses nos dias 11 e 14 de fevereiro.

Rui Veloso, Jorge Palma, Bruno Nogueira e Manuel Azevedo (do pro-jeto Deixem o Pimba em Paz), Amor Electro, Áurea, HMB, Gisela João, Raquel Tavares, André Sardet, João Pedro Pais, Rita Guerra e Paulo Gon-zo são os nomes anunciados. Este ano, o Festival vai chegar pela primeira vez a Aveiro, Beja, Coimbra, Faro, Viana

FESTIVAL

ÀS VEZES, O AMOR LIGA-NOS À MÚSICAO FESTIVAL MONTEPIO ÀS VEZES O AMOR TRAZ-NOS MÚSICA PARA NAMORAR. NOS DIAS 11 E 14 DE FEVEREIRO, O AMOR VAI ESTAR NO AR EM 12 CIDADE PORTUGUESAS, DE VIANA DO CASTELO A FARO. CONHEÇA OS NOMES QUE ESTARÃO PRESENTES NA 3ª EDIÇÃO DO FESTIVAL E QUAIS OS DESCONTOS PARA OS ASSOCIADOS DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA MONTEPIO

FESTIVAL MONTEPIO ÀS VEZES O AMOR

Os dias dos concertos

11 DE FEVEREIRO*

^ Rui Veloso,

Centro Cultural de Viana do Castelo

^ Jorge Palma,

Teatro Aveirense, Aveiro

^ Raquel Tavares,

Cine Teatro Pax Julia, Beja

^ HMB, Teatro Municipal de Vila do

Conde

^ Rita Guerra, Centro Cultural e Social

de Olival, Vila Nova de Gaia

^ Paulo Gonzo, Centro de Congressos

de Arade, Lagos

^ Áurea, Cine Teatro Avenida, Castelo

Branco

^ André Sardet, Teatro Lúcio da Silva,

Leiria

14 DE FEVEREIRO*

^ Deixem o Pimba em Paz, Coliseu dos

Recreios, Lisboa

^ Gisela João, Convento S. Francisco,

Coimbra

^ Amor Electro, Coliseu do Porto

^ João Pedro Pais, Teatro das Figuras,

Faro

*todos os concertos começam às 22h

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REVISTA MONTEPIO

A Associação Mutualista Montepio patrocina os concertos de Dengaz nos coliseus do Porto e Lisboa

Luís Mendes, mais conhecido pe-lo nome de palco Dengaz, vai atuar aos coliseus do Porto e Lisboa nos dias 17 e 18 de março, respetivamen-te. Os concertos são patrocinados pela Associação Mutualista Monte-pio e são a consequência do sucesso do seu segundo álbum de originais, “Para Sempre”, que chegou a núme-ro um de vendas digitais em apenas algumas horas e de onde se destaca-ram os singles “Dizer que Não” (qua-tro platinas digitais) e “Nada Errado” (uma platina digital).

Os concertos têm direção musi-cal de Twins, produtor do último álbum, sendo que Dengaz terá a companhia da Ahya Band e de vá-rios convidados.

Os associados Montepio, e acom-panhante, bene� ciam de 20% descon-to na aquisição de bilhetes, um bene-fício válido nas bilheteiras dos coli-seus de Lisboa e Porto.

Carreira feita a pulsoDengaz iniciou a carreira musical aos 14 anos quando, com um grupo de amigos, fundou os Dinastia. Mais tarde, juntou-se à banda de reggae

InnaStereo, antes de ingressar num projeto a solo que veio a culminar, numa primeira fase, no seu primei-ro álbum em nome individual, inti-tulado Skill Respeito & Humildade.

O ano de 2013 marcou a con� r-mação de Dengaz como uma das re-velações da música portuguesa, ao que se seguiram dois anos de tra-balho que deram origem ao álbum “Para Sempre”, lançado em 2015.

Associação Mutualista vai correr em CascaisA Baía de Cascais é o ponto de partida e chegada da Montepio Meia Maratona de Cascais

A beleza da vila de Cascais – e arre-dores – é o pano de fundo da Monte-pio Meia Maratona de Cascais, uma prova de corrida patrocinada pe-la Associação Mutualista Montepio e pela Caixa Económica Montepio Geral e que tem na famosa baía da vila o ponto de partida e chegada. A Montepio Meia Maratona de Cas-cais vai realizar-se a 25 e 26 de feve-reiro, fim de semana de Carnaval, pelas 10h. A prova engloba a Meia Maratona (num total de 21,0975 km),

os 5 km de Cascais e a Corrida das Crianças. As inscrições são gratuitas para as crianças dos 5 aos 13 anos – existe um limite de 500 participantes neste escalão – e tem um custo entre os 10€ e os 14€, para os restantes par-ticipantes.

A Montepio Meia Maratona de Cascais conta com o apoio da Câma-ra Municipal de Cascais e do Centro de Cultura e Desporto do Pessoal do Município de Cascais. Saiba mais em meiamaratonadecascais.pt.

Dengaz nos coliseus em MarçoA Associação Mutualista Montepio patrocina os concertos de Dengaz nos coliseus do Porto e Lisboa

do Castelo, Vila Nova de Gaia e Lagos, cidades que se juntam a Castelo Bran-co, Leiria, Lisboa, Porto e Vila do Con-de, que renovam os concertos.

Associados Montepio com descontoOs interessados em assistir a estes espetáculos não devem demorar na aquisição do bilhete: é que todos os concertos das duas edições anteriores tiveram lotação esgotada. Os associa-dos Montepio têm direito a um des-conto especial de 20% sobre o preço do bilhete (entre os 10€ e 30€) a partir de 1 de janeiro e até aos dias dos espetá-culos. Este desconto aplica-se ao por-tador do Cartão de Associado e res-petivo acompanhante, num máxi-mo de dois bilhetes por Associado. A aquisição do bilhete deve fazer-se na sala onde se realiza o espetáculo.

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REVISTA MONTEPIO

DESCONTOSE BENEFÍCIOS PARA ASSOCIADOS

VANTAGENS DE SER

ASSOCIADO/A MONTEPIO

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e serviços relacionados com

animais de companhia.

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e Ponta Delgada.

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experiência de Golfe (30 min.)

por cada 4 pessoas.

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e modelismo ferroviário). No Porto

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REVISTA MONTEPIO

Descontos para associados MontepioNovos acordos celebrados

CONSUMO

LOJAMUSICA.COMCOIMBRA E AVEIRO

SCIENCE4YOUCOBERTURA NACIONAL

LOJA EQUIVALENZA/SWEET APPLEBENEDITA

OURIVESARIA JADEPÓVOA DE VARZIM

NETOYS – BRINDES E BRINQUEDOSPORTO

CULTURA E LAZERATIVIDADES E OCUPAÇÃO

DE TEMPOS LIVRES

PARQUE CERDEIRAGERÊS

FORMAÇÃO

GOGLOBAL – FORMAÇÃO EM LÍNGUASABRANTES, SARDOAL, MAÇÃO, ALVAIÁZERE

SAÚDECLÍNICAS/CONSULTÓRIOS

CLÍNICA MÉDICA SR. DOS NAVEGANTESVILA DO CONDE

CAFAP/MOVIMENTO DE DEFESA DA VIDALISBOA, PORTO, GONDOMAR, ALMADA E ÉVORA

CLÍNICA DENTÁRIA DR. MÁRIO COELHOVALENÇA

CLÍNICA CUF MIRAFLORESALGÉS

CLÍNICA CUF S. DOMINGOS DE RANASÃO DOMINGOS DE RANA

CLÍNICA CUF ALMADAALMADA

VIZELMÉDICA – CLÍNICA MÉDICA DE VIZELAVIZELA

CLINIMÓSPORTO DE MÓS

CLÍNICA DA TOCHA – MEDICINA DENTÁRIATOCHA

CLÍNICA UROLÓGICA DR. ROGÉRIO C. GOUVEIAMOSCAVIDE

SAÚDEREABILITAÇÃO FÍSICA/

CENTROS DE ENFERMAGEM

FISILEÇA – CLÍNICA DE REABILITAÇÃOLEÇA DA PALMEIRA

SANTA CASA MISERICÓRDIA DO MACHICO – CENTRO MÉDICO E DE REABILITAÇÃOMACHICO

FISIO SAÚDEALPENDURADA

SAÚDEHOSPITAIS

HOSPITAL CUF SANTARÉMSANTARÉM

SAÚDEEQUIPAMENTO HOSPITALAR

I-MOVEMAISPORTO

SAÚDEVETERINÁRIA

CLÍNICA VETERINÁRIA DE SANTANAPONTA DELGADA E RIBEIRA GRANDE

TURISMO

HOTEL AIRES DA SERRATORRES NOVAS

AQUA PEDRA DOS BICOS – DESIGN BEACH HOTELALBUFEIRA

HOTEL MAGNÓLIAALMANCIL

VALE D´EL REI – SUITE E VILLAS HOTELLAGOA

VELAMAR – BOUTIQUE HOTELALBUFEIRA

GRUPO ÁGUA HOTELSMONDIM DE BASTO, MESÃO FRIO, NELAS, CARVOEIRO E FERRAGUDO

CONHEÇA OS BENEFÍCIOS RESULTANTES DESTES ACORDOS NO GUIA DE DESCONTOS – ENTIDADES PARCEIRAS | MONTEPIO, EM MONTEPIO.ORG

Parque Cerdeira10% em todas as atividades

de animação e no

alojamento. Em Terras de

Bouro, Braga.

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Grupo Água Hotels

10% sobre a melhor tarifa

disponível (BAR) e sobre a

carta de SPA. Em Mondim

de Basto, Mesão Frio,

Lagoa, Carvoeiro e Nelas.

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Aldeia da Mata Pequena10% no alojamento (com exceção dos

meses de julho e agosto, Carnaval,

Páscoa e fi m de ano). Em Igreja Nova,

Mafra. aldeiadamatapequena.com

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REVISTA MONTEPIO

88WORKSHOP

DIA 28 | 15H | ATMOSFERA M, LISBOA “PENSAMENTO SAUDÁVEL, AUTOESTIMA, AUTOCONFIANÇA, E A SUA LIGAÇÃO COM A NOSSA IMAGEM E POSTURA”

3h00 | 20€

VISITA ORIENTADA

DIA 28 | 15H | LISBOA A MAÇONARIA EM PORTUGAL

3h30 15€ (adultos)7,50€ (entre os 11 e os 18 anos)Gratuito até aos 10 anos(os valores de inscriçãoincluem lanche)

VISITA ORIENTADA

DIA 4 | 15H | PORTOPALÁCIO EPISCOPAL

4€

WORKSHOP

DIA 4 | 15H | ATMOSFERA M, PORTO “A NOSSA IMAGEM ATUAL E A PRETENDIDA, REGRAS GERAIS DE VESTUÁRIO, GUARDA--ROUPA BÁSICO E ESSENCIAL, O PAPEL DOS ACESSÓRIOS”

3h00 20€

VISITA ORIENTADA

DIA 8 | 15H | LISBOAIGREJA DE SÃO DOMINGOS

15€ (adultos)7,50€ (entre os 11 e os 18 anos)Gratuito até aos 10 anos(inclui lanche)

AGENDAATIVIDADES EXCLUSIVAS DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA MONTEPIONÃO PERCA PASSEIOS, ATIVIDADES

AO AR LIVRE, CURSOS, VISITAS

ORIENTADAS OU WORKSHOPS

CRIADOS A PENSAR EM SI E NA

SUA FAMÍLIA. MARQUE NA AGENDA,

RESERVE O DIA E INSCREVA-SE

PARA UMAS HORAS OU UM DIA

BEM PASSADOS

JANEIRO FEVEREIRO

VISITA ORIENTADA

DIA 18 | 10H | VILA REALSANTUÁRIO DE PANOIAS

2€

VISITA ORIENTADA

DIA 19 | 10H E 15H | VILA POUCA DE AGUIARA MINAS DE BOTICAS

Gratuito

VISITA ORIENTADA

DIA 22 | 15H | LISBOASÉ DE LISBOA

15€ (adultos)7,50€ (entre os 11 e os 18 anos)Gratuito até aos 10 anos(inclui lanche)

WORKSHOP

DIA 25 | 14H | ATMOSFERA M, LISBOA “A NOSSA IMAGEM ATUAL E A PRETENDIDA, REGRAS GERAIS DE VESTUÁRIO, GUARDA--ROUPA BÁSICO E ESSENCIAL, O PAPEL DOS ACESSÓRIOS”

3h00 | 20€

8FEVEREIRO

IGREJA DE SÃO DOMINGOS

4FEVEREIRO

PALÁCIO EPISCOPAL DO

PORTO

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REVISTA MONTEPIO

VISITA ORIENTADA

DIA 5 | 10H | LAMEGOMUSEU DE LAMEGO

Gratuito

VISITA ORIENTADA

DIA 5 | 15H | LAMEGO SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS E IGREJA DE SANTA CRUZ

5€ (gratuito para menores de 6 anos)Inclui degustação de enchidos e prova de vinhos do Douro

VISITA ORIENTADA

DIA 8 | 15H | LISBOASÃO VICENTE DE FORA

15€ (adultos)7,50€ (entre os 11 e os 18 anos)Gratuito até aos 10 anos(inclui lanche)

PASSEIO COM HISTÓRIA

DIA 18 | 15H | PORTO“OS JUDEUS NO PORTO”

3€

8MARÇO

SÃO VICENTE DE FORA

SAIBA MAISwww.montepio.org

Informações e inscriçõesGabinete de Dinamização Associativa

[email protected]. 213 249 230/1

MARÇO

DIA 5 | MUSEU DE LAMEGO

Gratuito Gratuito

DIA 5 | SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS E IGREJA DE SANTA CRUZ

5€ (gratuito para menores de 6 anos)Inclui degustação de enchidos e prova de vinhos do Douro

18MARÇO

“OS JUDEUS NO PORTO”

4 e 25FEVEREIRO

“A NOSSA IMAGEM ATUAL E A PRETENDIDA, REGRAS GERAIS

DE VESTUÁRIO, GUARDA-ROUPA BÁSICO E ESSENCIAL,

O PAPEL DOS ACESSÓRIOS”

22FEVEREIROSÉ DE LISBOA

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REVISTA MONTEPIO

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UM ESPAÇO PARA PENSAR E AGIR

AGENDA

ESPERAMOS POR SIPORTO | Rua Júlio Dinis, n.° 160, 6.° piso | CONTACTOS T.: 220 004 270 E-MAIL [email protected] horário Segunda a sexta-feira, das 9h00 às 19h00 | Sábados das 11h00 às 17h00 (Biblioteca das 13h00 às 19h00) | Encerrado aos domingos e feriados

LISBOA | Rua Castilho, n.° 5 | CONTACTOS T.: 210 002 730 e-mail [email protected] horário Segunda a sexta-feira, das 9h00 às 19h00 | Sábados, das 11h00 às 17h00 | Encerrado aos domingos e feriados.

Mais informações

sobre as atividades dos atmostera m

emmontepio.pt/atmosferam

OS ESPAÇOS ATMOSFERA M

CONSTITUEM UMA REFERÊNCIA

NA PROMOÇÃO DA CIDADANIA

E DA CULTURA JUNTO

DA SOCIEDADE CIVIL, DOS

PARCEIROS E ASSOCIADOS DO

MONTEPIO E SUAS FAMÍLIAS.

Os associados Montepio podem usufruir de atividades permanentes?

f BookCrossing

f Clube de leitura

f Formações e cursos livres

f Iniciativas do Clube Pelicas

f Encontros GEPE

f RUTIS Porto

f Encontros Toastmasters

f Tertúlias e conferências

Sabia que...

ARTE TÊXTIL

Inauguração a 4 de fevereiroDulce Roselló, Associada Montepio,

apresentará uma exposição com trabalhos

desenvolvidos em 2016. Em paralelo, a

artista desenvolverá workshops gratuitos.

PORTOEXPOSIÇÕES

ANGOLA: MUXIMA, DESENHO

E TEXTO, Inauguração a 16 de janeiro Através do traço de Luís Ançã e do texto

de Luís Mascarenhas Gaivão, ambos

associados Montepio, esta exposição

constitui uma homenagem à natureza

e humanidade dos angolanos.

CLUBE PELICAS

Aos sábados, o Clube Pelicas acolhe

associados até aos 13 anos em Lisboa

e Porto. Saiba mais em clubepelicas.pt.

LISBOA E PORTO CONVERSAS ENTRE PAISUma vez por mês marcamos encontro

com pais e mães para uma conversa

sobre temas ligados às crianças. Tema de

janeiro: “Bullying", dia 14 em Lisboa e 28 no

Porto. Tema de Fevereiro: “Uso das Novas

Tecnologias”, dia 11 em Lisboa e 25 no Porto.

AGENDA CLUBE PELICAS

28 JANEIRO

>Workshop de Dança, Porto

> Workshop de Expressão Artística,

através da MandalasLisboa

4 FEVEREIRO

>Ioga para Crianças, Porto

>Histórias Contadas, Lisboa

11 FEVEREIRO

>Workshop "O Mocho Encantado", Porto

> Ioga para Crianças & Expressão

Artística, Lisboa

18 FEVEREIRO

> Workshop Origami & Música para

Crianças, Porto

> Música para Crianças e Workshop

Robótica, Lisboa

25 FEVEREIRO

> Workshop máscaras de Carnaval, Porto

e Lisboa

JANEIRO E FEVEREIRO

LISBOA

CURSOS LIVRES

Oferta formativa composta por cursos

dedicados a diversas temáticas.

A inscrição é livre e exclusiva a

associados. Será emitido um

certifi cado/diploma de frequência.

POLÍTICA INTERNACIONAL

CONTEMPORÂNEACurso destinado a dar aos participantes

instrumentos de análise política,

tendo por base a História recente.

Formador: Bernardo Pires de Lima

Horário: Segundas-feiras, das 19h00 às 20h30

Duração total: 18 horas

O QUE É A JUSTIÇA?O programa visa descodifi car

a Justiça em Portugal, dos direitos

fundamentais ao direito da Família

ou ao funcionamento dos tribunais.

Formador: a designar

Horário: Quartas-feiras, 19h00-20h30

Duração total: 18 horas

COMUNICAÇÃO EFICAZ E

BOM USO DA LÍNGUA PORTUGUESA Formação orientada ao aperfeiçoamento

das competências linguísticas e

comunicacionais, no que respeita ao uso

correto da Língua Portuguesa.

Formador: Sandra Duarte Tavares

Horário: Quintas-feiras, 19h00-21h00

Duração total: 20 horas

HISTÓRIA(S) DA ARTEUma viagem pelos paradigmas

da arte ocidental.

Formador: Rui Mateus

Horário: Sextas-feiras, 17h00-18h30

Duração total: 8 horas

EXPOSIÇÕES

IMPRESSÕES ARTÍSTICASA promoção da expressão artística

e autodeterminação de pessoas com

difi culdades intelectuais são ferramentas

de empowerment que contribuem para

uma sociedade mais inclusivas. Projecto

da PrimaverArte, desenvolvido pelo CECD

Mira Sintra, em parceria com a Câmara

Municipal de Sintra, Teatromosca e o

Instituto Nacional para a Reabilitação.

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