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volume 2 | número 4 janeiro > abril > 2005 revista de informação e divulgação científica do NDCA 1 Anorexia Nervosa e Construção de Significado: Validação divergente de uma narrativa protótipo Bárbara C. Machado 1 Óscar F. Gonçalves 2 Paulo P. P. Machado 3 Margarida R. Henriques 4 Isabel Brandão 5 António Roma-Torres 6 Resumo O estudo que apresentamos vem na sequência de um outro em que foi construída a narrativa protótipo da anorexia nervosa e analisada a sua validade convergente (grau de verosimilhança). Desenvolvemos dois estudos empíricos cujos objectivos centrais são: a) analisar a validade divergente (grau de discriminação) da narrativa protótipo da anorexia, b) explorar aspectos da história dos sujeitos e dos seus significativos (familiares) que possam estar associados a uma diferença de intensidade na identificação com a narrativa da anorexia e c) proceder a um estudo exploratório do poder preditivo de algumas das variáveis descritivas das amostras. Estas foram constituídas por 70 sujeitos com anorexia nervosa e 64 significativos, respectivamente. Os resultados não confirmam a validação divergente da narrativa protótipo da anorexia, colocando em causa a hipótese da sua prototipia.Ao nível dos participantes com anorexia, foi encontrada uma tendência para uma identificação mais elevada com a narrativa da depressão.Os seus significativos mostraram tendência para uma identificação mais elevada dos seus familiares com a narrativa da agorafobia. Ambos os participantes discriminaram a narrativa protótipo da anorexia apenas em relação à narrativa da toxicodependência. O padrão de resultados observado nos dois estudos a respeito da narrativa da anorexia é o mesmo, sendo que em ambos aquela narrativa assume o segundo lugar em termos de ordem média de identificação. De entre os significativos, é com mães que os sujeitos com anorexia convergem na avaliação que fazem a respeito da identificação com a narrativa protótipo da anorexia. PALAVRAS-CHAVE: Narrativas; Psicopatologia; Narrativas Protótipo;Anorexia;Validação Divergente.

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Margarida R. HenriquesIsabel BrandãoAntónio Roma-Torres

Bárbara C. MachadoÓscar F. GonçalvesPaulo P. P. Machado

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Anorexia Nervosa e Construção de Significado:Validação divergente de uma narrativa protótipo

Bárbara C. Machado1

Óscar F. Gonçalves2

Paulo P. P. Machado3

Margarida R. Henriques4

Isabel Brandão5

António Roma-Torres6

Resumo

O estudo que apresentamos vem na sequência de um outro em que foi construída a narrativa protótipo daanorexia nervosa e analisada a sua validade convergente (grau de verosimilhança). Desenvolvemos doisestudos empíricos cujos objectivos centrais são: a) analisar a validade divergente (grau de discriminação) danarrativa protótipo da anorexia, b) explorar aspectos da história dos sujeitos e dos seus significativos(familiares) que possam estar associados a uma diferença de intensidade na identificação com a narrativa daanorexia e c) proceder a um estudo exploratório do poder preditivo de algumas das variáveis descritivas dasamostras. Estas foram constituídas por 70 sujeitos com anorexia nervosa e 64 significativos, respectivamente.Os resultados não confirmam a validação divergente da narrativa protótipo da anorexia, colocando em causaa hipótese da sua prototipia.Ao nível dos participantes com anorexia, foi encontrada uma tendência para umaidentificação mais elevada com a narrativa da depressão. Os seus significativos mostraram tendência para umaidentificação mais elevada dos seus familiares com a narrativa da agorafobia. Ambos os participantesdiscriminaram a narrativa protótipo da anorexia apenas em relação à narrativa da toxicodependência. Opadrão de resultados observado nos dois estudos a respeito da narrativa da anorexia é o mesmo, sendo queem ambos aquela narrativa assume o segundo lugar em termos de ordem média de identificação. De entreos significativos, é com mães que os sujeitos com anorexia convergem na avaliação que fazem a respeito daidentificação com a narrativa protótipo da anorexia.

PALAVRAS-CHAVE: Narrativas; Psicopatologia; Narrativas Protótipo;Anorexia;Validação Divergente.

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INTRODUÇÃO

O modelo que suportou, conceptual e meto-dologicamente, os estudos desenvolvidos nestetrabalho assenta em algumas premissas. Consideraque uma das características fundamentais dequalquer indivíduo é a sua permanente procura econstrução de significado pessoal (cf. Guidano,1987, 1991; Rosen, 1996).

Posiciona a linguagem como um processo cen-tral para a construção do conhecimento, consi-derando-se os processos psicológicos comoprocessos discursivos (cf. M. Gonçalves, 2003).Organizamos a nossa experiência, construímossignificados acerca dela e socializamos o nossoconhecimento através da linguagem (cf. Gonçalves,2000; M. Gonçalves & Gonçalves, 1999).

A narrativa surge assim como metáfora para anoção de organização cognitiva para a construçãode processos de significação permitindo que osindivíduos atribuam significado à experiência eorganizem os significados plurais da sua existência(Gonçalves, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000).Construímos conhecimento através da nossaexperiência e organizamo-lo por intermédio deuma matriz narrativa. O processo narrativo subja-cente à construção de significados dá liberdade ao

indivíduo para que construa significado acerca de sipróprio, dos outros e do mundo através do acto denarrar. Deste modo, a narrativa deve existir poranalogia com a experiência, combinando um espaço,tempo e cultura ligados de forma coerente pormúltiplos significados (Gonçalves, 2000). Ao indi-víduo é-lhe incumbido o desafio de introduzir umaordem narrativa na sua vida e o seu funcionamentoadaptativo passa a implicar a capacidade para absor-ver, criativa e proactivamente, a diversidade deexperiências sensoriais, emocionais e cognitivasGonçalves, Korman e Angus, 2000).

Nesta óptica, são três as dimensões centraispara a matriz narrativa enquanto processo de signi-ficação: estrutura, processo e conteúdo (Gonçalves,1998, 2000; Gonçalves, Korman e Angus, 2000) queproporcionam, respectivamente, um sentido decoerência, complexidade e multiplicidade narrativa.De acordo com este modelo, uma adaptaçãosaudável à vida implica: 1) construção de um sentidode coerência, dentro e através de diferentesnarrativas; 2) explorar múltiplas narrativas dopassado, do presente e do futuro; 3) enriquecerestas narrativas pela diversidade dos processosexperienciais das narrativas, como é o caso dasexperiências sensoriais, emoções, cognições e signi-ficados (Gonçalves, Korman e Angus, 2000).

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Anorexia Nervosa e Construção de Significado:Validação divergente de uma narrativa protótipo

Abstract

The current paper emerges in continuity with another study in which the anorectic prototype narrative wasconstructed and its convergent validity (degree of similitude) was analyzed. We developed two empiricalstudies in which the principal goals were: a) to study the divergent validity (degree of discrimination) of theanorectic prototype narrative, b) to explore some aspects of the history of participants and their closeconfidents (relatives) that may be associated to the difference in which they identify themselves or theirrelatives with the anorectic prototype narrative, and c) to study the predictive power of some descriptivevariables of the sample. Seventy subjects diagnosed with anorexia and 64 relatives participated in the study.The results did not confirm the divergent validation of the anorectic prototype narrative and, therefore, theprototype hypothesis. The anorectic participants displayed tendency to a higher identification with thedepression prototype narrative. Their relatives showed a tendency to a higher identification with theagoraphobia prototype narrative. The anorectic prototype narrative was discriminated by both participantgroups from the drug abuse prototype narrative. A similar pattern of results with respect to the anorecticprototype narrative was found in both studies with that narrative achieving the second place of identification.Within the group of relatives it is with their mothers that the anorectic subjects converge with respect tothe identification with the anorectic prototype narrative.

KEYWORDS: Narratives; Psychopathology; Prototype Narrative;Anorexia; Divergent Validity.

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A psicopatologia ilustra um fracasso numa da-quelas três dimensões, emergindo como uma formadiscursiva prototípica, invariante e limitativa daexperiência que organiza a realidade do indivíduo ereduz a diversidade e flexibilidade narrativa (cf.Gonçalves,Alves, Soares, Duarte & Henriques, 1996;Henriques, Machado & Gonçalves, 2002; Soares,1993). Diferentes tipos de psicopatologia passam aser considerados como sistemas específicos designificação que correspondem a diferentes protó-tipos narrativos. Neste âmbito, Gonçalves e cola-boradores (1996) construíram e validaram 5 nar-rativas protótipo: a narrativa protótipo/NP daAnorexia, a NP da Depressão, a NP da Agorafobia, aNP do Alcoolismo e a NP da Toxicodependência (cf.Figura 1).

Figura 1. Categorias hierárquicas da narrativa protótipo da ano-rexia, da depressão, do alcoolismo, da agorafobia e da toxicode-pendência (in Henriques, Machado & Gonçalves, 2002).

Assim, propusemo-nos estudar a organizaçãonarrativa da anorexia nervosa desenvolvendo doisestudos. O primeiro teve como principal objectivoverificar se os sujeitos com anorexia nervosa seidentificam mais com a narrativa protótipo da ano-rexia do que com as narrativas construídas para asoutras quatro psicopatologias (i.e., depressão,agorafobia, alcoolismo e toxicodependência). Osegundo estudo visou explorar a continuidade doponto de vista da significação a respeito da anorexianervosa entre sujeitos que sofrem daquela patologiae aqueles que são considerados por eles elementossignificativos das suas vidas.

ESTUDO 1Método• ParticipantesParticiparam neste estudo 70 sujeitos com

diagnóstico de anorexia nervosa de acordo com oscritérios do DSM-IV; quarenta e oito (68.6%) tinham

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o sub-tipo de diagnóstico restritivo e 22 (31.4%) osub-tipo purgativo. A quase totalidade dos parti-cipantes (68; 97.1%) pertenciam ao sexo feminino jáque apenas 2 (2.9%) eram sexo masculino e asidades estavam compreendidas entre os 12 e os 37anos (M=20.29; DP=5.93). A maioria dos partici-pantes eram solteiros (65; 92.9%) e estudantes (51,72.9) com a escolaridade compreendida entre oensino básico e a licenciatura (M=10.73; DP=2.48).

Os critérios de inclusão consistiam no diagnós-tico actual de anorexia nervosa segundo os critériosdo DSM-IV (APA; 1996); os de exclusão consistiamna presença de comorbilidade com outras pertur-bações do eixo I ou II.

• InstrumentosFoi desenvolvido um Questionário de Diagnós-

tico Clínico para avaliar os sintomas dos partici-pantes. Corresponde a um breve questionário, a serpreenchido pelo clínico responsável pelo caso, oqual tem por função clarificar o diagnóstico com-pleto dos participantes e facultar informação rela-tiva à fase de terapia em que se encontram. Deletambém fazem parte questões relativas à presençade episódios de ingestão alimentar compulsiva e àutilização de métodos compensatórios (i.e., vómito,laxantes, dieta/comida de baixas calorias e exercíciofísico excessivo), avaliados de acordo com o grau deperiodicidade e severidade (inexistente; até uma vezpor semana/ligeiro; 2 a 3 vezes por semana/ mode-rado; 4 vezes por semana ou diariamente/severo;mais de uma vez por dia/extremo).

Aos participantes foi-lhes pedido que preen-chessem um questionário sobre informação sócio-demográfica, nível sócio-económico (Graffar) equestões relativas ao curso, evolução e tratamentoda perturbação alimentar.

Para avaliar a presença de psicopatologia emal-estar psicológico associado à anorexia nervosautilizámos a Lista de Sintomas de Hopkins – Revista/ Symptom Checklist 90-R (SCL 90-R; Derrogatis,1977). É uma medida de auto-relato composta por90 itens que são avaliados numa escala tipo likert decinco pontos que se referem a diferentes níveis demal-estar. É composto por 3 escalas globais (i.e.,Índice de Gravidade Geral, Índice de Perturbação

Sintomática Positiva e Total de Sintomas Positivos) e9 escalas de sintomas (i.e., Somatização, Obsessão-Compulsão, Sensibilidade Interpessoal, Depressão,Ansiedade, Hostilidade, Ansiedade Fóbica, IdeaçãoParanóide e Psicoticismo).Tem sido usada no estu-do de variadíssimas perturbações psiquiátricas,incluindo as perturbações do comportamento ali-mentar (e.g., Machado, Gonçalves, Machado, Santos& Santos, 2001; Buddeberg, Bernet, Schmid &Buddeberg, 1997).

A sintomatologia específica das perturbaçõesdo comportamento alimentar e correlatos psicoló-gicos que frequentemente lhes estão associados foiavaliada através do Inventário de Perturbações Ali-mentares / Eating Disorders Inventory (EDI; Garner,Olmsted & Polivy, 1983). O EDI é constituído por64 itens que avaliam comportamentos e atitudesrelacionadas com a alimentação em populaçõesnormais, sintomatologia bulímica e anoréctica ecaracterísticas pessoais normalmente associadas àpsicopatologia alimentar. Os sujeitos respondem aum formato de escolha forçada de 6 opções.Apre-senta 8 subescalas (Impulso para Emagrecer,Bulimia, Insatisfação corporal, Ineficácia, Perfeccio-nismo, Desconfiança Interpessoal, ConsciênciaInteroceptiva e Medos da Maturidade). A versãoportuguesa demonstrou ter características psico-métricas ajustadas (c.f., Machado, Gonçalves,Martins & Soares, 2001).

Finalmente, e com o objectivo de estudar avalidade divergente nos sujeitos com anorexia ner-vosa utilizámos o Questionário de Hierarquizaçãode Narrativas Protótipo (Gonçalves & Henriques,2000). Destina-se a solicitar uma avaliação com-parativa da identificação com cada uma das nar-rativas protótipo e a tarefa do sujeito passa porordenar as identificações estabelecendo uma hie-rarquia de acordo com a qual deverá colocar emprimeiro lugar a narrativa que mais tem a ver como seu funcionamento e em último a narrativa comque menos se identifica.

• ProcedimentoA recolha dos dados foi efectuada no Hospital

de São João (Porto) e no Serviço de Consulta Psico-lógica e Desenvolvimento da Universidade do

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Minho (Braga). Os psiquiatras e os psicólogos quetrabalham nestas duas instituições seleccionavam oscasos que cumpriam os critérios propostos pelosDSM-IV para o diagnóstico de anorexia nervosa ereferiam-nos ao investigador responsável com o res-pectivo Questionário de Diagnóstico Clínico preen-chido. Posteriormente os participantes eram entre-vistados individualmente aplicando as restantesmedidas de avaliação (Questionário de InformaçãoSócio-Demográfica; Graffar; Questionário de Hierar-quização de Narrativas Protótipo; SCL 90-R; EDI).

• Análise dos DadosForam utilizadas análises estatísticas não para-

métricas. A validação divergente da narrativaprotótipo da anorexia foi calculada através do testenão-paramétrico de Friedman para comparação dasordens médias de identificação com as diversasnarrativas, seguido da Fórmula de ComparaçõesMúltiplas (Silva, 1994). Também realizámos análisesde regressão múltipla assumindo como variáveldependente a ordem média atribuída à narrativa daanorexia e, como independentes, variáveis demográ-ficas, de diagnóstico e psicopatologia e sintomas dasperturbações do comportamento alimentar.

• ResultadosEm relação aos resultados obtidos ao nível da

sintomatologia e história clínica (quadro 1), a maio-ria dos participantes tinha o sub-tipo de diagnósticorestritivo (48; 68.6%). Todos estavam em processopsicoterapêutico e praticamente metade dos parti-cipantes já tinha sido internado, pelo menos, umavez (31; 44.3%). Um terço (34.3%) tinha anorexianervosa há, pelos menos, dois anos e meio. Nomomento da avaliação os participantes apre-sentavam um índice de massa corporal médio de15.4 (DP=1.68). A maioria dos participantes (65;92.9%) conseguia a perda de peso e/ou a manu-tenção de um peso abaixo do normal por meio dadieta ou jejum (quadro 2). Finalmente, e relativa-mente aos sintomas das PCA e psicopatologiaassociada estudados através das diversas subescalase factores do SCL 90-R e do EDI, em termosmédios, todas elas pontuam acima dos respectivospontos de corte (à excepção do factor Bulimia doEDI; quadro 3 e 4).

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Quadro 1. Distribuição da amostra ao nível das suas carac-terísticas clínicas.

Quadro 2. Distribuição da amostra por severidade da utilizaçãode Métodos Compensatórios e envolvimento em Episódios deIngestão Alimentar Compulsiva (IAC), nos últimos 3 meses.

Quadro 3. Médias e desvios padrão (M e DP) das pontuaçõesnas subescalas e índice de gravidade geral do SCL 90-R.

Nota: As iniciais "S", "OC", "SI", "D", "A", "H", "AF", "IP", "P" e "GSI"referem-se às subescalas do SCL 90-R: Somatização, Obsessão-Compulsão, Sensibilidade Interpessoal, Depressão,Ansiedade, Hostilidade,Ansiedade Fóbica, Ideação Paranóide, Psicoticismo e Índice de GravidadeGeral, respectivamente.

Os resultados obtidos na validação divergenteao nível dos valores de ordem média mostram quea narrativa protótipo da depressão atingiu o nível deordem mais elevado; só a seguir é que surge anarrativa protótipo da anorexia, seguindo-se-lhe ada agorafobia, do alcoolismo e da toxicodependên-cia (quadro 5). Como podemos observar através doquadro 6, a identificação com a narrativa protótipoda anorexia é significativamente superior à identi-ficação com a narrativa protótipo da toxicodepen-dência (X2 = 50>40.6; p<.05); já quando comparadacom as narrativas protótipo da depressão, da agora-fobia e do alcoolismo não se verificam diferençasestatisticamente significativas.

Foi estudada a validação divergente de sub-amostras definidas com base em variáveis demo-gráficas e clínicas da amostra. Existe uma tendênciapara uma identificação superior com a narrativaprotótipo da anorexia, comparativamente com aidentificação com a narrativa protótipo da toxico-dependência, quando os sujeitos são de nível sócio-económico superior (X2 = 31>20.4; p<.01), quandose envolvem de forma extrema em episódios deingestão alimentar compulsiva, seguidos de compor-tamentos purgativos (X2 = 19>15.22;p<.05) e quandopontuam clinicamente na subescala Ideação Para-nóide do SCL 90-R (X2 = 42>32.88; p<.05) e factortotal de EDI (X2 = 40>34.3; p<.05). Os sujeitos quedesenvolvem anorexia nervosa há pelo menos doisanos e meio e cotaram acima do ponto de corte nofactor Bulimia do EDI identificam-se mais com anarrativa protótipo da anorexia comparativamentecom a narrativa protótipo da toxicodependência(X2 = 40>24.2; p<.01; X2 = 33>24.3; p<.01) e com anarrativa protótipo da agorafobia (X2 = 27>24.2;p<.01; X2 = 28>24.3; p<.01) (quadros 7 e 8).

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Quadro 4. Médias e desvios padrão (M e DP) das pontuaçõesnos factores e resultado total do EDI.

Quadro 5. Ordens médias de identificação com as NP e X2 deFriedman para os resultados da ordenação.

Nota:As iniciais "IE", "B", "IC", "I", "P", "DI", "CI", "MM" e "RT" referem-seàs escalas do EDI; Impulso para Emagrecer, Bulimia, Insatisfação Corporal,Ineficácia, Perfeccionismo, Desconfiança Interpessoal, ConsciênciaInteroceptiva, Medos da Maturidade e Resultado Total, respectivamente.

Quadro 6. Comparação dos pares de NP e significância estatís-tica das respectivas diferenças com base na fórmula de compa-raçõesmúltiplas (FCM) em que, para os resultados da ordenação,se obteve o valor de 40.6.

Nota: Destacamos a negro o valor da ordem média mais elevado.

Foi encontrado um padrão diferente de resul-tados no que respeita a outras variáveis clínicas. Ossujeitos que estão em terapia há menos de meioano e aqueles cujas mães avaliam a narrativa protó-tipo da anorexia como pouco relacionada com elesidentificam-se significativamente mais com a narra-tiva protótipo depressão do que com a narrativaprotótipo toxicodependência (X2 = 45>23.59;p<.01; X2 = 22>14.38; p<.01) e, inclusivamente daanorexia (X2 = 25>23.59; p<.01; X2 = 22>14.38;p<.01) (quadro 9). Já através do quadro 10 obser-vamos que os sujeitos que cotam abaixo do limiarclínico nas subescalas Sensibilidade Interpessoal eAnsiedade do SCL 90-R e nos factores Total eConsciência Interoceptiva do EDI se identificamsignificativamente mais com a narrativa protótipo daagorafobia do que com a narrativa protótipo datoxicodependência (X2 = 28>19.95; p<.05; X2 =41>19.95; p<.01; X2 = 36>19.95; p<.01; X2 =

43>19.95; p<.01) e, novamente, narrativa protótipoda anorexia (X2 = 20>19.95; p<.05; X2 = 31>19.95;p<.01; X2 = 26>19.95; p<.01; X2 = 24>19.95; p<.01).

Finalmente, os resultados obtidos na análise deregressão múltipla revelam que os anos de evoluçãoda anorexia nervosa constituem uma variávelsignificativamente preditora da ordem média deidentificação atribuída à narrativa protótipo daanorexia (F(1,35) = 7.56, p<.01). O teste Mann-Whitney posteriormente realizado permite-nosafirmar que são os participantes que têm anorexiahá pelos menos dois anos e meio que têm maiortendência para se identificarem com a narrativaprotótipo da anorexia (44.13>31; p<.01) (quadro11).

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Quadro 7. Resultados da Validação Divergente no Nível Sócio-Económico (NSE), Ingestão Alimentar compulsiva/Purga (IAC/P)e Anos de Evolução do Problema (AEP).

Quadro 8. Resultados da Validação Divergente na subescalaIdeação Paranóide (SIP) do SCL 90-R e factor Total (FT) eBulimia (FB) do EDI.

Quadro 10. Resultados da Validação Divergente nas subescalasSensibilidade Interpessoal (SSI) e Ansiedade (SA) do SCL 90-R efactores Total (FT) e Consciência Interoceptiva (FCI) do EDI.

Quadro 9. Resultados da Validação Divergente segundo oTempo de Terapia (TT) e identificação atribuída pelas mães à NPda Ano de acordo com as suas filhas.

Estudo 2Método• ParticipantesParticiparam neste estudo 64 sujeitos afecti-

vamente significativos dos participantes do estudo1, estando cada um deles representado neste estu-do por um par de significativos.A grande maioria dossignificativos eram pais dos sujeitos do estudo 1 (52;81.2%). A média de idades era de 43 anos(DP=10.17) e o nível sócio-económico (NSE) distri-buía-se essencialmente entre o médio (24; 37.5%) eo médio-alto (16; 25%).

• InstrumentosUtilizámos um Questionário de Dados Demo-

gráficos, construído para os significativos e o Ques-tionário de Hierarquização de Narrativas Protótipo- Versão para significativos (Gonçalves e Henriques,2000). Este questionário é em tudo idêntico ao utili-zado no estudo anterior sugerindo, neste caso, quea avaliação comparativa entre as 5 narrativas protó-tipo seja efectuada em relação ao familiar com ano-rexia nervosa.

• ProcedimentoA grande maioria dos sujeitos que participa-

ram neste estudo acompanhava os seus familiares(participantes do estudo 1) à consulta de psicotera-pia. Assim, contactávamos pessoalmente o sujeitoque acompanhava o seu familiar à consulta, solicitan-do a sua adesão ao estudo.

• Análise dos DadosAs análises desenvolvidas foram, na generali-

dade, do mesmo tipo das efectuadas no estudoanterior. Com a finalidade de explorar a existênciade relação entre os resultados de identificação pro-postos pelos significativos e os resultados atribuídospelos respectivos sujeitos com anorexia no estudoanterior, às diversas narrativas, de acordo com osresultados de ordenação, desenvolvemos análises decorrelação de Spearman e uma análise discriminante.

• ResultadosOs resultados obtidos na validação divergente

indicam que a ordem média mais elevada corres-ponde, neste estudo, à narrativa protótipo da agora-fobia, seguida pelas narrativas da anorexia, dadepressão, do alcoolismo e da toxicodependência(quadro 12).A identificação com a narrativa protóti-po da anorexia é, mais uma vez, significativamentesuperior à identificação com a narrativa protótipoda toxicodependência (X2 = 49>38.75; p<.05), nãose verificando diferenças estatisticamente significa-tivas entre a narrativa protótipo da anorexia e asrestantes narrativas protótipo (quadro 13).

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Quadro 11. Análise de Regressão Múltipla para predição daordem atribuída à identificação com a NP da anorexia.

*p <.01

Quadro 12. Ordens médias de identificação com as NP, Segundo ossignificativos e X2 de Friedman,para os resultados da ordenação.

Quadro 13. Comparação da identificação atribuída pelossignificativos entre os pares de NP e significância estatística dasrespectivas diferenças, com base na fórmula de comparaçõesmúltiplas (FCM), em que, para os resultados da ordenação seobteve o valor de 38.75.

Nota: Destacamos a negro o valor da ordem média mais elevado.

Os resultados obtidos na validação divergentede subamostras indicam que em 5 subamostras anarrativa protótipo da anorexia obtém diferençassignificativas em relação à narrativa protótipo datoxicodependência, sendo precedida pela narrativaprotótipo da agorafobia em 4 das subamostras(quadros 14 e 15).

Podemos observar, através do quadro 16, quea única variável com poder preditivo que surgiu nes-te estudo tem que ver com a própria identificaçãodos sujeitos com anorexia nervosa face à respectivanarrativa, explicando 18% da variância dos resulta-dos da ordenação atribuída pelo grupo de signi-ficativos composto por mães em relação à narrativaprotótipo da anorexia (F(1,35) = 7.19, p<.05).

A respeito das correlações, estas análisesenvolviam sempre 2 grupos de significativos, umcomposto por mães, que corresponde ao grupo designificativos 1, e outro composto por pais, que dizrespeito ao grupo de significativos 2. Como pode-mos observar através do quadro 17 existe umacorrelação positiva significativa entre a avaliaçãoefectuada pelas mães e a realizada pelas suas filhas

acerca da narrativa protótipo da anorexia (rsp = .36,p<.05).Também podemos observar que as mães denível sócio-económico médio-alto tendem a con-vergir com a avaliação das suas filhas a respeito daidentificação com a narrativa protótipo da anorexia(rsp= .70, p<.05), tal como acontece entre as mãescujas filhas desenvolvem anorexia nervosa há pelomenos dois anos e meio (rsp= .65, p<.05) (quadro18).

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Quadro 14. Resultados da Validação Divergente separadamentepor Sexo, Habilitações Literárias (HL) e Nível Sócio-Económico(NSE) dos Significativos.

Quadro 15. Resultados da Validação Divergente separadamentepor Grau de Parentesco (GP) e Geração dos Significativos.

Quadro 16. Análise de Regressão Múltipla para predição daordem atribuída pelo grupo de significativos1 (mães) à NP daanorexia, envolvendo as variáveis de identificação dos sujeitoscom AN em relação à respectiva narrativa.

*p <.05

Quadro 17. Correlações de Spearman entre as identificaçõesatribuídas pelos significativos (Sig.1 e Sig.2) e os sujeitos com ANà NP da anorexia (NPAno), segundo os resultados de ordenação.

Quadro 18. Correlações de Spearman entre as identificaçõesatribuídas pelos dois grupos de significativos (Sig.1 e Sig.2) àNPAno, separadamente para diversas subamostras.

Nota: A negro encontram-se destacados os coeficientes de correlaçãoestatisticamente significativos.

*p <.05

Nota: A negro encontram-se destacados os coeficientes de correlaçãoestatisticamente significativos.

*p <.05

Como podemos observar (quadro 19 e 20), osanos de evolução do quadro de anorexia nervosasão discriminantes da consistência/discrepância entrea avaliação dos 2 grupos de significativos e a dossujeitos com anorexia (teste de Fisher, <.05). En-quanto na maioria dos pares de sujeitos consis-tentes, tanto as mães como os pais das anorécticasconsideravam que a perturbação das suas filhas durahá pelo menos dois anos e meio (77.78%; 7/9), nogrupo de pares discrepantes a tendência inverteu-se(68.75%; 11/16).

• ConclusõesNem os sujeitos com anorexia nervosa, nem

os seus significativos seleccionaram para primeirolugar de identificação a narrativa protótipo da ano-rexia (apenas para segundo) e só a discriminam dosrestantes protótipos em relação à identificação coma narrativa protótipo da toxicodependência. Consi-

deramos que a troca de identificações observadaentre a narrativa protótipo da depressão e a narra-tiva protótipo da agorafobia não compromete avalidade da narrativa protótipo da anorexia nem apossibilidade da sua co-construção discursiva umavez que o padrão de resultados observado nos doisestudos a respeito da narrativa protótipo da anore-xia é o mesmo, concluindo que os pais dos sujeitoscom anorexia nervosa expressam o mesmo movi-mento identificatório que os seus filhos já tinhamexibido ao situarem a narrativa protótipo da anore-xia entre as narrativas da agorafobia e depressão eilustram o mesmo padrão de indiferenciação entrea narrativa protótipo da anorexia e aquelas narrativas.

Chamamos a atenção para o facto de ter sidono grupo de significativos composto por mães queos resultados permitiram concluir pela convergên-cia de avaliações entre significativos e seus familiarescom anorexia. Admitimos que a co-construção designificados e decorrente partilha de códigos discur-sivos se verifique, sobretudo entre sujeitos e famili-ares que exibam maior disponibilidade e cumplici-dade já que, à medida que se vão afinando os resul-tados, é entre mães e filhas que a convergência deavaliações é mais robusta.

Quando há uma maior duração do quadro deanorexia nervosa os sujeitos diferenciam-se dosrestantes, identificando-se mais com a narrativa pro-tótipo da anorexia e discriminando-a tanto danarrativa protótipo da toxicodependência como danarrativa protótipo da agorafobia. Por sua vez, asmães das anorécticas com uma duração da pertur-bação mais longa estão em consonância com as suasfilhas do ponto de vista do significado que a própriapatologia passa a assumir no seu funcionamento euma maior duração do quadro de anorexia é tam-bém discriminativa da constância dos resultadosentre as anorécticas e os seus pais (em sentido lato).A duração da anorexia nervosa parece ter umgrande impacto na própria rigidificação de signi-ficado em termos prototípicos não só ao nível dosignificado pessoal como ao nível da partilha discur-siva deste significado.

Sempre que os sujeitos com anorexia nervosanão apresentam resultados clinicamente significa-tivos no SCL-90 e EDI têm uma maior tendênciapara se identificarem com a narrativa protótipo daagorafobia. Num estudo desenvolvido recentemente

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Anorexia Nervosa e Construção de Significado:Validação divergente de uma narrativa protótipo

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Quadro 19. Análise Discriminante conduzida sobre aconsistência/discrepância entre a ordem de identificação com anarrativa da anorexia, atribuída pelos sujeitos com anorexia epelo grupo de significativos1 (N=25).

*p <.05

Quadro 20. Análise Discriminante conduzida sobre aconsistência/discrepância entre a ordem de identificação com anarrativa da anorexia, atribuída pelos sujeitos com anorexia epelo grupo de significativos2 (N=22).

*p<.01

(cf. Henriques et al., 2003) conclui-se que os parti-cipantes sem psicopatologia revelaram a mesmatendência e diferenciaram a narrativa protótipo daagorafobia de todas as restantes. Parece que onosso estudo foi composto por dois tipos de sujei-tos: os que apresentam uma maior gravidade sinto-mática e os que, apesar do diagnóstico de anorexianervosa, não apresentam morbilidade suficientepara se identificarem com narrativa protótipo daanorexia, identificando-se antes com a narrativaprotótipo da agorafobia, narrativa que melhorilustra o funcionamento da população normal.

A respeito das limitações do nosso estudo,uma delas tem que ver com o facto de, no estudo 1,terem participado os dois tipos de diagnóstico deanorexia, ao contrário do estudo que deu origem ànarrativa protótipo da anorexia e estudou a suavalidade convergente (cf. Soares, 1993), em que sóparticiparam anorécticas sub-tipo restritivo. Aonível do estudo 2, a principal limitação diz respeito

ao facto de os significativos que nele participaramserem relativos apenas a 34 anorécticas (as restan-tes 36 não estavam representadas). As conclusõestiradas a respeito da amostra global devem serconsideradas com algumas reservas.

Uma das propostas para estudos futurosacerca da organização narrativa da anorexia nervosaseria recolher narrativas dos dois sub-tipos de ano-rexia e de sujeitos com bulimia nervosa já que doponto de vista nosológico se tem evoluído para umavisão transdiagnóstica das perturbações do com-portamento alimentar (cf. Russel, 2003; Fairburn,Cooper & Shafran, 2003; Fairburn & Harrison,2003). A variabilidade intragrupo subjacente aospróprios sujeitos com anorexia pode ser responsá-vel pelo panorama de indiferenciação que se obser-vou em relação à narrativa protótipo da anorexiaindiferenciação que talvez possa ser ultrapassada seadmitirmos uma narrativa que contemple maisdiscursos prototípicos.

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Bárbara C. MachadoÓscar F. GonçalvesPaulo P. P. Machado

Margarida R. HenriquesIsabel BrandãoAntónio Roma-Torres

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Referências

Autores:Bárbara C. Machado 1

Óscar F. Gonçalves 2

Paulo P. P. Machado 3

Margarida R. Henriques 4

Isabel Brandão 5

António Roma-Torres 6

Contactos:Universidade do MinhoDepartamento de PsicologiaCampus de Gualtar4710-057 BRAGAPORTUGALTel: +351-253-604240Fax: +351-253-678987E-mail: [email protected]

1 Mestre em Psicologia Clínica, Universidade do Minho2 Professor Catedrático, Universidade do Minho3 Professor Associado com Agregação, Universidade do Minho4 Professora Auxiliar, Universidade do Porto5 Médica Psiquiatra do Hospital de São João, Porto6 Médico Psiquiatra do Hospital de São João, Porto

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Anorexia Nervosa e Construção de Significado:Validação divergente de uma narrativa protótipo

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