ANÔNIMO. a Batalha de Poitiers (732, Por Um Cronista Árabe Anônimo)

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6/10/2014 A Batalha de Poitiers (732) por um cronista árabe anônimo | História Medieval - Prof. Dr. Ricardo da Costa http://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/batalha-de-poitiers-732-por-um-cronista-arabe-anonimo 1/2 Selecione o idioma Powered by Tradutor A Batalha de Poitiers (732) por um cronista árabe anônimo Trad: Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva (mailto:[email protected]) (PEM-UFRJ (http://www.pem.historia.ufrj.br/) ) Notas: Ricardo da Costa (mailto:[email protected]) (...) Os muçulmanos golpearam os seus inimigos e atravessaram o rio Garonne, assolando o país e levando inúmeros cativos. Aquele exército passou por todos os lugares como uma tempestade devastadora. A prosperidade tornou esses guerreiros insaciáveis. Ao cruzarem o rio, Abderrahman arruinou o condado. O conde refugiou-se em sua fortaleza, mas os muçulmanos avançaram contra ele e, entrando à força no castelo, mataram o conde. Para tudo cediam suas cimitarras, que eram ladrões de vidas. Todas as regiões do reino dos francos temiam aquele exército terrível, assim, os francos recorreram a seu rei Caldus [Carlos Martel] e lhes contaram sobre a destruição feita pelos cavaleiros muçulmanos, e como subjugaram, ao atravessarem, toda a terra de Narbonne, Toulouse e Bordeaux. Eles também relataram a morte do conde. Então o rei alegrou-os, declarando que iria ajudá-los... O rei montou em seu cavalo, e levou um exército que não pode ser contado, e dirigiu-se contra os muçulmanos. Ele os encontrou na grande cidade de Tours. Abderrahman e outros cavaleiros prudentes viram a desordem das tropas muçulmanas, que estavam pesadas devido aos espólios de guerra; mas eles não se aventuraram a desagradar os soldados ordenando que eles abandonassem tudo, com exceção de suas armas e cavalos de guerra. Abderrahman confiou no valor dos seus soldados e na boa sorte que estava lhe acompanhando. Mas a falta de disciplina é sempre fatal aos exércitos. Assim, Abderrahman e suas hostes atacaram Tours para ainda adquirir mais espólio. Eles lutaram contra esta cidade tão ferozmente que a fúria e a crueldade dos muçulmanos para com os seus habitantes da cidade eram como a fúria e crueldade de tigres raivosos. Eles assaltaram a cidade quase diante dos olhos do exército que veio salvá-la. Era manifesto que Deus iria castigar tais excessos; e a sorte logo virou-se contra os muçulmanos. Próximo ao rio Owar [Loire], os dois grandes exércitos, de duas línguas e de dois credos, estavam em ordem, um frente ao outro. Os corações de Abderrahman, de seus capitães e de seus homens estavam cheios de ira e orgulho, e eles foram os que primeiro começaram a lutar. Os cavaleiros muçulmanos dirigiram-se com ferocidade contra os batalhões dos francos, que resistiram virilmente. Muitos caíram mortos de ambos os lados, até o pôr do sol. A noite separou os dois exércitos: mas ao amanhecer os muçulmanos voltaram à batalha. Os cavaleiros logo chegaram, sem muito esforço, no centro do batalhão cristão. Mas muitos os muçulmanos estavam temerosos pela segurança do espólio que tinham armazenado em suas barracas. Um falso grito surgiu nas suas fileiras, alertando que alguns dentre os inimigos estavam saqueando o acampamento; o que levou vários esquadrões da cavalaria muçulmana a voltarem atrás para proteger suas barracas. Porém, parecia que eles estavam fugindo dos cristãos e todo o exército muçulmano ficou preocupado. E enquanto Abderrahman se esforçava para controlar o tumulto e conduzir os seus homens novamente para a luta, guerreiros francos o cercaram e ele foi perfurado por muitas lanças, de forma que morreu. Então todo o exército muçulmano evadiu-se ante o inimigo e muitos morreram na fuga (...) Notas 1 2 3 4

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ANÔNIMO. a Batalha de Poitiers (732, Por Um Cronista Árabe Anônimo)

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  • 6/10/2014 A Batalha de Poitiers (732) por um cronista rabe annimo | Histria Medieval - Prof. Dr. Ricardo da Costa

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    A Batalha de Poitiers (732) por um cronista rabeannimo

    Trad: Andria Cristina Lopes Frazo da Silva (mailto:[email protected]) (PEM-UFRJ (http://www.pem.historia.ufrj.br/) )

    Notas: Ricardo da Costa (mailto:[email protected])

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    Os muulmanos golpearam os seus inimigos e atravessaram o rio Garonne, assolando o pas elevando inmeros cativos. Aquele exrcito passou por todos os lugares como uma tempestadedevastadora. A prosperidade tornou esses guerreiros insaciveis.

    Ao cruzarem o rio, Abderrahman arruinou o condado. O conde refugiou-se em sua fortaleza, masos muulmanos avanaram contra ele e, entrando fora no castelo, mataram o conde. Para tudocediam suas cimitarras, que eram ladres de vidas.

    Todas as regies do reino dos francos temiam aquele exrcito terrvel, assim, os francosrecorreram a seu rei Caldus [Carlos Martel] e lhes contaram sobre a destruio feita peloscavaleiros muulmanos, e como subjugaram, ao atravessarem, toda a terra de Narbonne,Toulouse e Bordeaux. Eles tambm relataram a morte do conde. Ento o rei alegrou-os,declarando que iria ajud-los...

    O rei montou em seu cavalo, e levou um exrcito que no pode ser contado, e dirigiu-se contra osmuulmanos. Ele os encontrou na grande cidade de Tours.

    Abderrahman e outros cavaleiros prudentes viram a desordem das tropas muulmanas, queestavam pesadas devido aos esplios de guerra; mas eles no se aventuraram a desagradar ossoldados ordenando que eles abandonassem tudo, com exceo de suas armas e cavalos deguerra. Abderrahman confiou no valor dos seus soldados e na boa sorte que estava lheacompanhando. Mas a falta de disciplina sempre fatal aos exrcitos.

    Assim, Abderrahman e suas hostes atacaram Tours para ainda adquirir mais esplio. Eleslutaram contra esta cidade to ferozmente que a fria e a crueldade dos muulmanos para com osseus habitantes da cidade eram como a fria e crueldade de tigres raivosos. Eles assaltaram acidade quase diante dos olhos do exrcito que veio salv-la. Era manifesto que Deus iria castigartais excessos; e a sorte logo virou-se contra os muulmanos.

    Prximo ao rio Owar [Loire], os dois grandes exrcitos, de duas lnguas e de dois credos, estavamem ordem, um frente ao outro. Os coraes de Abderrahman, de seus capites e de seus homensestavam cheios de ira e orgulho, e eles foram os que primeiro comearam a lutar. Os cavaleirosmuulmanos dirigiram-se com ferocidade contra os batalhes dos francos, que resistiramvirilmente. Muitos caram mortos de ambos os lados, at o pr do sol.

    A noite separou os dois exrcitos: mas ao amanhecer os muulmanos voltaram batalha. Oscavaleiros logo chegaram, sem muito esforo, no centro do batalho cristo. Mas muitos osmuulmanos estavam temerosos pela segurana do esplio que tinham armazenado em suasbarracas. Um falso grito surgiu nas suas fileiras, alertando que alguns dentre os inimigos estavamsaqueando o acampamento; o que levou vrios esquadres da cavalaria muulmana a voltarematrs para proteger suas barracas.

    Porm, parecia que eles estavam fugindo dos cristos e todo o exrcito muulmano ficoupreocupado. E enquanto Abderrahman se esforava para controlar o tumulto e conduzir os seushomens novamente para a luta, guerreiros francos o cercaram e ele foi perfurado por muitaslanas, de forma que morreu. Ento todo o exrcito muulmano evadiu-se ante o inimigo emuitos morreram na fuga (...)

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    Carlos Martel (686-741) foi mordomo do Palcio da Austrsia (715-741)

    Abu Said Abd ar-Rahman ibn Abd Allah al-Gafiqi, Wali (governador) de al-Andaluz

    Aqui o cronista annimo faz um grande elogio aos seus, pois a iniciativa do combate era um ato muitoconsiderado em batalha na Idade Mdia, tanto por muulmanos quanto por cristos.

    Traduzido e adaptado de CREASY, Edward. Fifteen Decisive Battles of the World. New York, E. P. Dutton& Co., s/d, p. 168-169.

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