Anne Frank

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Anne Frank 12/06/1929, Frankfurt (Alemanha) ?/02/1945, Campo de Concentração de Bergen-Belsen Anne Frank deixou um tocante testemunho da perseguição nazista aos judeus O anexo secreto fica na Rua Prinsengracht, 263, em Amsterdã (Holanda ). Eram cômodos escondidos nos fundos de uma fábrica, onde Anneliese Frank escreveu a maior parte de seu diário, um dos símbolos da perseguição aos judeus durante o regime de Hitler . Chamada pelos pais de Anne, a filha do comerciante judeu Otto Frank emigrara com a família para Amsterdã em 1933, após a ascensão dos nazistas ao poder na Alemanha . Quando Anne completou 13 anos de idade, ela ganhou um caderno para diário, encapado com tecido xadrez vermelho e verde e fechado por um fecho simples, sem chave. Nesse mesmo dia ela escreveu: "Espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda." (12 de junho de 1942). No dia 14 de junho de 1942, ela começou a escrever sobre a ocupação na Holanda. Um mês após seu aniversário, para evitar a prisão pela polícia nazista, a família se mudou para o anexo secreto onde Anne escreveu grande parte de seu diário. Assim começou o cotidiano do esconderijo onde vivia com os pais, a irmã e mais quatro pessoas. Foram 25 meses de medo. A tensão era enorme para manter o silêncio absoluto durante o dia. A fábrica funcionava normalmente, e somente alguns empregados sabiam do anexo. Por isso, as pessoas só podiam andar de cócoras descalças, ficar sentadas e sussurrar. Apenas uma escada e uma estante as separavam do resto do armazém. A entrada na clandestinidade foi planejada por Otto Frank e alguns empregados. Miep Gies, Johannes Kleiman, Victor Krugler e Bep Voskuijl alimentaram os Frank, os Van Pels e Fritz Pfeffer. "Não poder sair me deixa mais chateada do que posso dizer, e me sinto aterrorizada com a possibilidade de nosso esconderijo ser descoberto e sermos mortos a tiros", escreveu Anne. Mas ela não perdia a esperança. Queria ser escritora. Por isso, em 1944, reescreveu o começo do diário, para uma futura publicação como cartas a uma amiga imaginária, Kitty. Como qualquer adolescente, ela descobria sua sexualidade em um breve idílio com Peter, outro garoto escondido no anexo. O esconderijo, porém, foi descoberto na manhã do dia 4 de agosto de 1944, e os clandestinos ficaram numa prisão em Amsterdã até o dia 8, quando foram transferidos para Westerbork, campo de triagem para judeus no norte da Holanda. Em 3 de setembro, foram deportados para Auschwitz (Polônia ). Anne e Margot, sua irmã, foram separadas dos pais e transferidas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, perto de Hannover (Alemanha), onde morreram de tifo. O único sobrevivente foi Otto Frank, libertado pelo exército russo e repatriado para Amsterdã, onde recebeu o diário, protegido por Miep Gies. Ele dedicou-se a espalhar as mensagens de sua filha até morrer em agosto de 1980.

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Anne Frank12/06/1929, Frankfurt (Alemanha)?/02/1945, Campo de Concentrao de Bergen-Belsen Anne Frank deixou um tocante testemunho da perseguio nazista aos judeus

O anexo secreto fica na Rua Prinsengracht, 263, em Amsterd (Holanda). Eram cmodos escondidos nos fundos de uma fbrica, onde Anneliese Frank escreveu a maior parte de seu dirio, um dos smbolos da perseguio aos judeus durante o regime de Hitler.

Chamada pelos pais de Anne, a filha do comerciante judeu Otto Frank emigrara com a famlia para Amsterd em 1933, aps a ascenso dos nazistas ao poder na Alemanha.

Quando Anne completou 13 anos de idade, ela ganhou um caderno para dirio, encapado com tecido xadrez vermelho e verde e fechado por um fecho simples, sem chave. Nesse mesmo dia ela escreveu: "Espero poder contar tudo a voc, como nunca pude contar a ningum, e espero que voc seja uma grande fonte de conforto e ajuda." (12 de junho de 1942).

No dia 14 de junho de 1942, ela comeou a escrever sobre a ocupao na Holanda. Um ms aps seu aniversrio, para evitar a priso pela polcia nazista, a famlia se mudou para o anexo secreto onde Anne escreveu grande parte de seu dirio.

Assim comeou o cotidiano do esconderijo onde vivia com os pais, a irm e mais quatro pessoas. Foram 25 meses de medo. A tenso era enorme para manter o silncio absoluto durante o dia. A fbrica funcionava normalmente, e somente alguns empregados sabiam do anexo. Por isso, as pessoas s podiam andar de ccoras descalas, ficar sentadas e sussurrar. Apenas uma escada e uma estante as separavam do resto do armazm.

A entrada na clandestinidade foi planejada por Otto Frank e alguns empregados. Miep Gies, Johannes Kleiman, Victor Krugler e Bep Voskuijl alimentaram os Frank, os Van Pels e Fritz Pfeffer. "No poder sair me deixa mais chateada do que posso dizer, e me sinto aterrorizada com a possibilidade de nosso esconderijo ser descoberto e sermos mortos a tiros", escreveu Anne.

Mas ela no perdia a esperana. Queria ser escritora. Por isso, em 1944, reescreveu o comeo do dirio, para uma futura publicao como cartas a uma amiga imaginria, Kitty. Como qualquer adolescente, ela descobria sua sexualidade em um breve idlio com Peter, outro garoto escondido no anexo.

O esconderijo, porm, foi descoberto na manh do dia 4 de agosto de 1944, e os clandestinos ficaram numa priso em Amsterd at o dia 8, quando foram transferidos para Westerbork, campo de triagem para judeus no norte da Holanda. Em 3 de setembro, foram deportados para Auschwitz (Polnia).

Anne e Margot, sua irm, foram separadas dos pais e transferidas para o campo de concentrao de Bergen-Belsen, perto de Hannover (Alemanha), onde morreram de tifo. O nico sobrevivente foi Otto Frank, libertado pelo exrcito russo e repatriado para Amsterd, onde recebeu o dirio, protegido por Miep Gies. Ele dedicou-se a espalhar as mensagens de sua filha at morrer em agosto de 1980.

"Cerca de dez anos depois do fim da guerra, vai parecer esquisito quando se disser como ns judeus vivemos, comemos e conversamos aqui. (...) No quero ter vivido inutilmente, como a maioria das pessoas. Quero ser de utilidade e alegria para as pessoas que vivem minha volta e para as que no me conhecem", escreveu Anne em seu dirio, de certa forma profeticamente.