ANÁLISE DE FUSÕES/INCORPORAÇÕES: UM ESTUDO NO SETOR DE ...

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Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará v.1, n.1, p.51-84, jul./set. 2015 51 ANÁLISE DE FUSÕES/INCORPORAÇÕES: UM ESTUDO NO SETOR DE CARNES E DERIVADOS NO BRASIL, PERÍODO DE 2010 A 2012. RESUMO É realizada uma análise econômica e financeira das empresas do setor de carnes e derivados do Brasil que sofreram fusão/incorporação em 2009, verificando os principais indicadores econômico-financeiros de 2010 a 2012. O estudo considerou aspectos referentes à rentabilidade, liquidez e estrutura de capital. A pesquisa realiza um estudo comparativo da situação das companhias a partir das demonstrações contábeis. Os resultados apontaram que nos índices de rentabilidade a BRF apresentou melhores resultados em todos os indicadores. A divergência observada refere-se a melhores resultados obtidos pela JBS no giro do ativo, com a obtenção de maior produtividade. Os índices de liquidez não foram satisfatórios no tocante à liquidez geral, apresentando uma média abaixo de $1 em praticamente todas as empresas em todos os períodos, significando que as empresas não tinham dinheiro suficiente para honrar suas dívidas totais. O endividamento observado pela estrutura de capital apresentou-se com índices elevados na Marfrig, comprometendo o capital próprio, sendo este equilibrado na JBS e na BRF. Palavras-chave: Setor de carnes e derivados. Indic adores econômico-financeiros. ABSTRACT It held an economic and financial analysis of companies in the meat sector and meat products from Brazil who suffered fusion/takeover in 2009, checking the main economic and financial indicators for 2010-2012. The study considered issues relating to the profitability, liquidity and capital structure. The research performs a comparative study of the situation of the companies from the financial statements. The results showed that the profitability ratios observed that BRF showed better results in all indicators. The divergence observed refers to the best results obtained by JBS in asset turnover, with achieving higher productivity. The liquidity ratios were not satisfactory, as regards the general liquidity with an average below $ 1 in virtually every company in every period, which means that companies do not have enough money to pay its total debts. The indebtedness observed by capital structure presented with high levels in Marfrig committing capital, which is balanced on JBS and BRF. Keywords: Meat sector and meat products. Economic and Financial Indicators. 1

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ANÁLISE DE FUSÕES/INCORPORAÇÕES: UM ESTUDO NO SETOR DE CARNES E DERIVADOS NO BRASIL, PERÍODO DE 2010 A 2012.

RESUMO É realizada uma análise econômica e financeira das empresas do setor de carnes e derivados do Brasil que sofreram fusão/incorporação em 2009, verificando os principais indicadores econômico-financeiros de 2010 a 2012. O estudo considerou aspectos referentes à rentabilidade, liquidez e estrutura de capital. A pesquisa realiza um estudo comparativo da situação das companhias a partir das demonstrações contábeis. Os resultados apontaram que nos índices de rentabilidade a BRF apresentou melhores resultados em todos os indicadores. A divergência observada refere-se a melhores resultados obtidos pela JBS no giro do ativo, com a obtenção de maior produtividade. Os índices de liquidez não foram satisfatórios no tocante à liquidez geral, apresentando uma média abaixo de $1 em praticamente todas as empresas em todos os períodos, significando que as empresas não tinham dinheiro suficiente para honrar suas dívidas totais. O endividamento observado pela estrutura de capital apresentou-se com índices elevados na Marfrig, comprometendo o capital próprio, sendo este equilibrado na JBS e na BRF. Palavras-chave: Setor de carnes e derivados. Indic adores econômico-financeiros. ABSTRACT It held an economic and financial analysis of companies in the meat sector and meat products from Brazil who suffered fusion/takeover in 2009, checking the main economic and financial indicators for 2010-2012. The study considered issues relating to the profitability, liquidity and capital structure. The research performs a comparative study of the situation of the companies from the financial statements. The results showed that the profitability ratios observed that BRF showed better results in all indicators. The divergence observed refers to the best results obtained by JBS in asset turnover, with achieving higher productivity. The liquidity ratios were not satisfactory, as regards the general liquidity with an average below $ 1 in virtually every company in every period, which means that companies do not have enough money to pay its total debts. The indebtedness observed by capital structure presented with high levels in Marfrig committing capital, which is balanced on JBS and BRF.

Keywords : Meat sector and meat products. Economic and Financial Indicators.

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1 INTRODUÇÃO

Durante muito tempo a contabilidade teve suas informações analisadas, predominantemente, pelo caráter tributário. Não obstante, fatores como a globalização e a forte concorrência das empresas, tanto no mercado interno como no externo, vêm fazendo com que essas informações contábeis tenham valores além do caráter fiscal, alcançando assim um patamar importante nas tomadas de decisões.

A contabilidade representa uma das principais fontes de informação para que as organizações tomem decisões com maior grau de eficiência e eficácia através de seu corpo administrativo. Para que isso seja possível, é necessária a utilização das informações econômico-financeiras extraídas das demonstrações contábeis traduzidas em indicadores, que serão, por sua vez, o espelho do desempenho da empresa.

Durante a crise econômica mundial, que alcançou seu ápice nos períodos de 2008 e 2009, várias fusões e incorporações ocorreram em diversos setores da economia, encontrando-se entre eles o setor de carnes e derivados, no qual se percebeu a adoção dessas medidas por empresas de expressão neste setor. Com a percepção desse cenário, surge o seguinte questionamento: “Qual o quadro econômico-financeiro dessas empresas a partir das alterações estruturais?” Assim, a partir desse contexto, o presente trabalho aborda a análise econômico-financeira da fusão empresarial ocorrida entre a Sadia e a Perdigão, formando a BRF Foods, e das incorporações da Bertin pela JBS e da Seara

pela Marfrig, todas do setor de carnes e derivados. Desse modo, o estudo tem como objetivo geral analisar os indicadores econômico-financeiros durante os exercícios de 2010 a 2012 das três companhias que sofreram estas alterações no ano de 2009, período em que a economia mundial lutava contra uma forte crise econômica.

Para a operacionalização do objetivo geral foram definidos os seguintes objetivos específicos: a) caracterizar o perfil das empresas

avaliadas: quem são, mercado de atuação, produto, faturamento, público-alvo e quantidade de funcionários;

b) descrever e relatar os indicadores econômico-financeiros das companhias no período;

c) comparar a situação das companhias a partir dos indicadores obtidos.

O presente trabalho se justifica na importância da reestruturação das citadas empresas durante o período de crise através de fusão/incorporação, já que esse é um comportamento também observado em outros setores da economia, buscando-se, assim, contribuir para a disseminação do tema. Todavia dar-se-á como foco a evolução das companhias através da análise econômico-financeira de seus indicadores, dos fatores de insolvência, assim como também de suas expectativas de crescimento futuro ou de possíveis riscos e ameaças a que estas possam estar expostas.

O trabalho está estruturado em quatro momentos: o primeiro apresenta o referencial teórico, no qual são expostos os

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conceitos de análise financeira, indicadores econômicos financeiros, os indicadores de liquidez, rentabilidade, estrutura de capital e dos índices que compõem cada indicador, além dos fatores de insolvência; no

segundo momento torna-se presente a metodologia da pesquisa; o terceiro exibe os resultados e discussões e finalmente as conclusões.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo a Lei 6.404/76, as demonstrações financeiras se constituem por um conjunto de informações revestidas pela obrigatoriedade e periodicidade de suas divulgações, quando a empresa se configurar como sociedade por ações ou sociedade de grande porte, sendo estas últimas incluídas entre as alterações provocadas pela Lei 11.638/07 à Lei 6.404/76. Estas divulgações são, por sua vez, uma prestação de contas aos acionistas, sócios e a sociedade. Essa prestação de contas será anual e formada pelas demonstrações contábeis, relatórios da administração, notas explicativas, além dos pareceres da auditoria independente e do conselho fiscal. Tendo em vista a importância dessas informações geradas pelas empresas, é imperioso se ter o conhecimento de termos como: demonstrações contábeis, análise econômico-financeira e de cada um dos indicadores necessários a este estudo. Assim, inicia-se pelas demonstrações contábeis e suas variações nominais tratadas pela doutrina da seguinte forma.

As demonstrações contábeis, também denominadas de demonstrações financeiras na legislação societária (Lei nº 6.404/76), são utilizadas pelos administradores para prestar contas sobre os aspectos públicos de responsabilidade da empresa, perante acionistas, credores, governo e a comunidade em geral. Têm, portanto, por objetivo, revelar, a

todas as pessoas interessadas, as informações sobre o patrimônio e os resultados da empresa, a fim de possibilitar o conhecimento e a análise de sua situação econômico-financeira (BRAGA, 2003, p.75).

Apenas com a compreensão da estrutura contábil das demonstrações financeiras é possível avaliar as empresas de maneira mais detalhada. Precisamente, o processo de análise, em sua totalidade, requer largo conhecimento dos formatos de contabilização e apuração das demonstrações, pois sem este, as conclusões extraídas sobre o desempenho da empresa ficariam seriamente limitadas (REIS, 2003).

Como as principais demonstrações contábeis são exposições sintéticas dos componentes patrimoniais e de suas variações, a elas recorremos quando desejamos conhecer os diferentes aspectos da situação patrimonial e de suas variações. Sendo demonstrações sintéticas, não oferecendo informações detalhadas sobre o estado patrimonial e sobre suas variações. Daí a necessidade de aplicação da técnica contábil denominada análise das demonstrações contábeis, também conhecidas por análise de balanços (FRANCO, 1989, p.93).

As demonstrações financeiras auxiliam com informações de previsão dos dividendos e lucros futuros. Pela percepção do investidor, a previsão é a base da análise financeira; entretanto, visualizando-se pelo prisma da administração, a análise é uma ferramenta útil para se antecipar às

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condições futuras e planejar medidas que possam influenciar o andamento de eventos futuros (WESTON; BRIGHAM, 2000).

As demonstrações financeiras tornam presente à situação financeira da empresa em um determinado espaço de tempo, e colaboram para que os riscos e o retorno desta sejam avaliados (SILVA, 2012).

Segundo Matarazzo (2007, p.15), “as demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis”. Posto isso, é possível notar a importância da contabilidade e das demonstrações que ela produz para que se possam transformar os dados oriundos destas em informações relevantes para as tomadas de decisões. Para facilitar as tomadas de decisões, os dados fornecidos pelas demonstrações contábeis são transformados em indicadores para que se possa realizar por meio deles a análise econômico-financeira, termo que será tratado a partir de agora.

Embora possa variar a sua denominação – análise contábil, análise financeira, análise econômico-financeira, análise de balanços etc. – a análise das demonstrações contábeis tem por objetivo observar e confrontar os elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando ao conhecimento minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual, e, também, a servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro da empresa (BRAGA, 2003, p.137).

A análise de balanços deve ter seu entendimento conforme suas possibilidades

e limitações, sendo importante o conhecimento de suas duas faces. A primeira visualiza mais problemas a serem investigados do que indica soluções, já a segunda aponta que a análise de balanço, sendo utilizada de forma conveniente, transforma-se em uma poderosa ferramenta de controle da administração (IUDÍCIBUS, 1998)

As denominações análise de balanço, análise das demonstrações, relatórios financeiros são sinônimas. A análise visa demonstrar pelas informações contábeis da empresa a situação econômico-financeira atual, os motivos que determinaram o presente cenário e as perspectivas futuras. Assim, é possível concluir que pelas análises de balanços extraem-se dados sobre a situação passada, presente e futura de uma empresa (ASSAF NETO, 2008).

Elas possuem grande relevância nas empresas, haja vista fomentarem os empresários de informações relevantes sobre a situação econômico-financeira da empresa (PADOVEZE, 2005). Segundo o autor, a análise financeira é a metodologia clássica para uma análise abrangente do desenvolvimento da empresa. Munidos de um conjunto composto de procedimentos e conceitos aplicados, inter-relacionados, podem-se ter como produto indicadores que possibilitem uma avaliação sobre a situação da empresa e do retorno do investimento. Visando o sucesso de qualquer administração e o resguardo da integridade patrimonial contra surpresas futuras, torna-se necessário alocar a atividade econômica em uma base planificada, exprimindo previsões econômicas, determinando probabilidades e gerenciando as previsões por meio da

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técnica da análise econômica e financeira dos balanços periódicos (HERRMANN JÚNIOR, 2004).

A análise das demonstrações é observada em três níveis, que são: Introdutório, Intermediário e Avançado. No primeiro são apreciados apenas os seguintes indicadores: liquidez, rentabilidade e endividamento. O segundo nível, intermediário, na abordagem dos indicadores do primeiro nível, pode aprofundar a análise mediante outro grupo de indicadores que melhor explica e detalha a condição econômico-financeira da empresa. É importante salientar que no nível intermediário os indicadores não são exclusivos para que se obtenham informações específicas de cada unidade do tripé (liquidez, rentabilidade e endividamento). No nível avançado, a análise é realizada por uma série de indicadores e instrumentos que agregam valor às conclusões referentes à condição econômico-financeira da empresa (MARION, 2005).

Pela análise de balanços é possível ponderar a condição econômica e a condição financeira da empresa. A análise da condição econômica é realizada com base nos dados que compõem a demonstração do resultado do exercício, pelo estudo e interpretação do produto obtido pela movimentação do patrimônio. Essa análise auxilia no conhecimento da rentabilidade obtida pelo capital investido na empresa. Já a análise da condição financeira é realizada com base nos elementos oriundos do balanço patrimonial, possibilitando o conhecimento do grau de endividamento, como também a existência ou não de solvência suficiente

para que a empresa cumpra seus compromissos de curto ou longo prazo (RIBEIRO, 1999).

Em uma análise investigativa e comparativa das relações entre distintas informações financeiras, e uma das formas mais relevantes de análise das empresas pelos tomadores de decisões, os indicadores financeiros são geralmente a primeira etapa deste processo. São por meio desses indicadores que os usuários externos buscam benefícios através de informações da situação e evolução da empresa. Beneficiando-se também destas informações, os usuários internos as utilizam para que possam tomar decisões mais precisas, buscando eliminar os pontos fracos e aproveitar os pontos fortes, visando sempre o alcance dos objetivos da instituição (MATARAZZO, 2003).

Segundo Matarazzo (2003, p.150), os índices são divididos em índices que evidenciam aspectos da situação financeira, que tratam da liquidez e estrutura; e índices que evidenciam aspectos da situação econômica, que verificam a rentabilidade da companhia.

Tais índices são organizados conforme o esquema seguinte: segundo Marion (2005, 141), “a rentabilidade é medida em função dos investimentos”. Diante disso, pode-se concluir que a rentabilidade pondera os resultados percebidos por uma instituição, ou seja, quanto ela está rentável, quanto recurso foi gerado em função dos investimentos. Investimentos esses que, segundo o autor (op. cit.), podem ter como fontes o capital próprio e o capital de terceiros. Visualizando a rentabilidade pela visão da

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administração financeira, segundo Gitman (2004, p.52):

Como grupo, essas medições permitem ao analista avaliar os lucros da empresa em relação a certo nível de vendas, a certo nível de ativos ou ao volume de capital investido pelos proprietários.

Não auferindo lucro, uma empresa não seria atraente para o capital externo.

Os principais índices de rentabilidade utilizados neste estudo são: giro do ativo, margem líquida, rentabilidade do ativo e rentabilidade do patrimônio líquido. Para o entendimento desses índices expõe-se a seguir seus conceitos, fórmulas e análises. Tais índices podem ser ilustrados de maneira esquemática no Quadro 1 abaixo.·.

Quadro 1 - Índices de Rentabilidade

GIRO DO ATIVO Fórmula (vendas líquidas / ativo) Objetivo Quanto à empresa vendeu para cada $ 1 de investimento total Análise Quanto maior, melhor.

MARGEM LÍQUIDA Fórmula (lucro líquido / vendas líquidas) Objetivo Quanto à empresa obtém de lucro para cada $ 1 vendido Análise Quanto maior, melhor.

RENTABILIDADE DO ATIVO Fórmula (lucro líquido / ativo) Objetivo Quanto à empresa obtém de lucro para cada $ 1 de investimento total Análise Quanto maior, melhor.

RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Fórmula (lucro líquido / patrimônio líquido) Objetivo Quanto à empresa obtém de lucro para cada $ 1 de capital próprio investido, em média no

exercício. Análise Quanto maior, melhor.

Fonte: Adaptado de Matarazzo (2003) e Padoveze (2007)

O Giro do ativo é o indicador que demonstra o grau de qualidade com que a instituição emprega seus ativos a fim de gerar reais de vendas. Deste modo, quanto maior for a geração de vendas, maior será o emprego eficiente dos ativos. O indicador em questão também é conhecido como “produtividade” (MARION, 2005).

Margem líquida, segundo o autor (op. cit.), é o índice que simboliza a diferença entre as receitas auferidas pelas vendas e serviços, e os custos e despesas, incluindo-se entre estas o imposto de

renda. Logo, quanto maior a margem, melhor.

Conforme os ensinamentos de Matarazzo (2003, p.179), o índice da rentabilidade do ativo é o índice que “mostra quanto à empresa obteve de lucro líquido em relação ao ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa”. Ainda seguindo os preceitos de Matarazzo (2003, p.181), a rentabilidade do patrimônio líquido “mostra qual a taxa de rendimento do capital próprio”.

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Quanto à análise da situação financeira, apontam-se os indicadores de liquidez e estrutura. Os índices de liquidez objetivam gerar como produto o indicador da capacidade da instituição liquidar suas dívidas obtendo-os a partir da comparação entre direitos realizáveis e as exigibilidades

(SILVA, 1999). Para Westerfield (2002, p.39), “a liquidez contábil refere-se à facilidade e velocidade com a qual os ativos podem ser convertidos em dinheiro”. Tais índices podem ser ilustrados de maneira esquemática no Quadro 2.·.

Quadro 2 - Índices de Liquidez

LIQUIDEZ SECA Fórmula (ativo circulante - estoque - despesas antecipadas) / passivo circulante Objetivo Quanto à empresa possui de ativo circulante, para $ 1 de dívida de curto prazo, sem

comprometer os estoques. Análise Quanto maior melhor

LIQUIDEZ CORRENTE Fórmula (ativo circulante / passivo circulante) Objetivo Quanto à empresa possui de ativo circulante para cada $ 1 de dívida de curto prazo Análise Quanto maior melhor

LIQUIDEZ IMEDIATA Fórmula (caixa+bancos+aplicações financeiras) / (passivo circulante) Objetivo Quanto à empresa possui disponível imediatamente para cada $ 1 de dívida de curto

prazo. Análise Quanto maior melhor

LIQUIDEZ GERAL Fórmula (ativo circulante + realizável LP) / (passivo circulante + exigível LP) Objetivo Quanto à empresa possui de ativo circulante + realizável a LP para cada $ 1 de dívida

total Análise Quanto maior melhor

Fonte: Adaptado de Matarazzo (2003), Assaf Neto (2008) e Padoveze (2007).

A liquidez seca, seguindo a explicação de Assaf Neto (2008, p.190), “demonstra a porcentagem das dívidas a curto prazo em condições de serem saldadas mediante a utilização de itens monetários de maior liquidez do ativo circulante”. Já a liquidez corrente é o índice que “indica o quanto existe de ativo circulante para cada $1 de dívida em curto prazo. Quanto maior a liquidez corrente, mais alta se apresenta a capacidade da empresa em financiar suas necessidades de capital de giro”. O autor explica ainda que a Liquidez Imediata “revela a porcentagem das dívidas a curto prazo (circulante) em

condições de serem liquidadas imediatamente. Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade.” E por fim, a liquidez geral, conforme Silva (1999, p.267), “indica quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e longo prazo, para fazer face às suas dívidas totais”.

Finalizando os indicadores da situação financeira têm-se os índices de estrutura de capitais a serem considerados para este artigo. Tais índices estão

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resumidos no quadro 3 apresentado abaixo:

A estrutura de capitais é composta pelos índices que expressão as importantes linhas de decisões financeiras, visualizando a obtenção e a aplicação de recursos (MATARAZZO, 2003). Diante dessas decisões financeiras a respeito da estrutura de capitais: “É convencional fazer referência a escolhas a respeito de estrutura de capital de terceiros e capital

próprio como decisões a respeito de estrutura de capital” (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2010, p. 318).

Sob uma visão mais administrativa e apresentada com o nome estrutura – alvo de capital, o indicador em questão é conceituado como “o mix de endividamento, ações preferenciais e ações ordinárias com a qual a empresa planeja financiar seus investimentos” (WESTON; BRIGHAM, 2000, p. 658).

Quadro 3 - Índices de Estrutura de capital PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS (ENDIVIDAMENTO GERAL)

Fórmula (capitais de terceiros / patrimônio líquido) Objetivo Quanto à empresa tomou de capitais de terceiros para cada $1 de capital próprio Análise Quanto menor, melhor.

COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO Fórmula (passivo circulante / capitais de terceiros) Objetivo Qual percentual de obrigações em curto prazo em relação às obrigações totais Análise Quanto menor, melhor.

ENDIVIDAMENTO FINANCEIRO Fórmula (empréstimos e financiamentos (Cp e Lp) / patrimônio líquido) Objetivo Quanto de $ a empresa tomou de empréstimo financeiro para cada $ 1 de capital próprio Análise Quanto menor, melhor.

IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Fórmula (ativo permanente / patrimônio líquido) Objetivo Quanto de $ a empresa aplicou no ativo permanente para cada $ 1 de patrimônio líquido Análise Quanto menor, melhor.

Fonte: Adaptado de Matarazzo (2003), Gitman (2004) e Padoveze (2007).

Outro ponto importante a se revelar sobre a estrutura de capitais é no que se refere à diferença existente desta estrutura entre empresas, independente de pertencerem ao mesmo setor (BRIGHAM; HOUSTON, 1999).

A participação de capital de terceiros (endividamento) é o índice que indica a dependência do capital de terceiros, pela instituição. Observando por um prisma estritamente financeiro, quanto maior o vínculo entre o capital de terceiros e o patrimônio líquido, menor a autonomia

das decisões financeiras da instituição ou maior a dependência a esses terceiros (MATARAZZO, 2003). Ainda sobre este índice, Gitman, analisando-o através das lentes da administração financeira, fez o seguinte comentário:

O índice de endividamento de uma empresa indica o volume de dinheiro de terceiros usado para gerar lucros. Em geral, o analista financeiro preocupa-se mais com as dívidas de longo prazo porque elas comprometem a empresa com uma série de pagamentos por muitos anos. Em geral, quanto mais

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capital de terceiros é usado por uma empresa em relação a seus ativos totais, maior sua alavancagem financeira, isto é, a ampliação do risco e do retorno introduzido pelo uso de financiamento a custo fixo, como o obtido com a emissão de títulos de dívida e ações preferenciais. Quanto mais uma empresa servir-se de dívidas a custo fixo, maiores serão o risco e o retorno dela esperados (GITMAN, 2004, p.49).

Ainda tendo como foco o

endividamento tem-se o índice de endividamento geral, utilizado na medição da proporção de ativos totais financiados por credores da empresa. Esse índice tem sua análise apreciada de modo que, quanto maior o valor do índice de endividamento geral, maior o volume de recursos de terceiros usado na geração de lucros na empresa (GITMAN, 2004). A composição do endividamento é, segundo Matarazzo (2003, p.155), “o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais”.

Segundo o autor esse índice deve ser analisado tendo a interpretação de quanto menor melhor. O endividamento financeiro apresenta o total que a empresa

possui de Capital Próprio comprometido com dívidas em bancos no curto e longo prazo. (PADOVEZE, 2007). O autor citado sinaliza também que o mencionado índice deve ter sua análise pautada no sentido de que quanto menor, melhor será o desempenho da empresa. Já a imobilização do patrimônio líquido é o índice que demonstra quanto à instituição disponibilizou ao ativo permanente para cada $ 100 de patrimônio líquido. Quanto mais recursos à instituição investir no ativo permanente, menos serão os recursos próprios remanescentes para o ativo circulante, portanto, menor será sua independência de capitais de terceiros para o financiamento do ativo circulante (MATARAZZO, 2003).

O fator de insolvência é o indicador através do qual é possível verificar a possibilidade de continuidade da empresa, ou seja, é o instrumento pelo qual se torna possível prever a possibilidade de falência da empresa utilizando para isso os índices de rentabilidade do patrimônio líquido, liquidez geral, liquidez seca, liquidez corrente e da participação de capital de terceiros (KANITZ, 1974).

3 METODOLOGIA

O presente estudo foi elaborado a partir de pesquisa do tipo descritiva, com enfoque quantitativo e qualitativo e com base bibliográfica e documental.

Para Gil (2010, p.1), “pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.

Sampei, Colado e Lucio (2006, p.100), sobre o objetivo no estudo descritivo, afirmam que “o objetivo do pesquisador consiste em descrever situações, acontecimentos e feitos, isto é, dizer como é e como se manifesta determinado fenômeno”.

Sobre pesquisa bibliográfica e documental, Severino (2007, p.122) tratou-a assim: “é aquela que se realizam a

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partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc.”.

Já observando o enfoque quantitativo e qualitativo, os mesmos autores citados no parágrafo anterior o apontam como o que “utiliza a coleta e a análise de dados para responder às questões de pesquisa e testar as hipóteses estabelecidas previamente, e confia na medição numérica, na contagem e frequentemente no uso da estatística”.

A metodologia de pesquisa adotada foi a bibliográfica e documental que, segundo o autor (GIL, 2010) é a desempenhada tendo como base o material existente, formado principalmente por livros e artigos científicos.

O foco de observação das instituições selecionadas foram os indicadores econômico-financeiros (rentabilidade, liquidez e estrutura de capital), formados com base nas demonstrações contábeis publicadas nos sites da BM&F - Bolsa de Mercado e Futuros, BOVESPA - Bolsa de Valores do Estado de São Paulo, e CVM – Comissão de Valores Mobiliários.

Como método de análise utilizou-se a observação estruturada para a realização

dos procedimentos necessários para a elaboração do presente artigo.

As pesquisas bibliográfica e documental estão baseadas na literatura nacional e internacional sobre o tema principal e temas auxiliares de necessário conhecimento para a execução deste trabalho, reunindo assim referencial de apoio ao desenvolvimento da pesquisa.

A coleta dos dados secundários foi realizada na base de dados da BM&F – BOVESPA e CVM, e das companhias analisadas (BRF, JBS e MARFRIG) para o acesso às informações a respeito do perfil de cada empresa e aos relatórios e demonstrações contábeis necessários ao estudo de caso com a finalidade da elaboração dos cálculos dos índices que compõem os indicadores econômico-financeiros (rentabilidade, liquidez e estrutura de capital) no período de 2010 a 2012 para suas respectivas análises.

A análise qualitativa dos dados foi elaborada a partir das técnicas contábeis de análise dos indicadores, segundo ASSAF, MATARAZZO, MARION, e exposta de forma descritiva em tabelas e gráficos apresentados no corpo do estudo e em seus apêndices.

4 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS

Para que se possam conhecer melhor cada uma das empresas selecionadas para este estudo e entender sua importância no mercado, inicia-se nesta etapa do trabalho a apresentação de cada uma das companhias com base nos sítios institucionais de cada uma delas e o entendimento de como serão realizadas as análises.

O Grupo Marfrig, uma das maiores empresas globais de alimentos à base de carnes bovinas, suína, de aves e peixes; possui uma plataforma operacional diversificada e flexível composta por unidades produtivas, comerciais e de distribuição instaladas em vinte e dois países e cinco continentes, tendo seus produtos presentes em cento e quarenta

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países. O Grupo Marfrig, composta pelas empresas Marfrig, Marfood USA, Tacuarembó, Moy Park, Keystone Foods e Seara, emprega em suas unidades aproximadamente noventa mil funcionários, sendo também o maior produtor de ovinos da América do Sul, a maior companhia de carnes na Argentina, o maior produtor de aves no Reino Unido e a maior companhia privada no Uruguai e na Irlanda do Norte. Fundada em 1956, a Seara foi incorporada pelo Grupo Marfrig, sendo esta uma das maiores produtoras e exportadoras de alimentos à base de carne de aves e suínos do mundo.

A JBS, por sua vez, é a maior empresa em processamento de proteína animal do mundo, com atuação nas áreas de alimentos, couro, biodiesel, colágeno e latas, estando presente em todos os continentes, com plataformas de produção e escritórios no Brasil, Argentina, Itália, Austrália, Estados Unidos, Uruguai, Paraguai, México, China, Rússia, entre outros países. Com acesso a todos os mercados consumidores, a empresa possui cento e quarenta unidades de produção no mundo e aproximadamente cento e vinte mil colaboradores. A JBS foi a primeira companhia do setor a negociar suas ações na bolsa, o que ocorreu com a abertura do capital em 2007, ano em que se consolidou como a maior empresa do mundo no setor de carne bovina com a aquisição da Swift & Company tendo os direitos da marca Swift em nível mundial. Em 2009, a JBS ingressou no segmento de frangos com a compra da Pilgrim’s Pride e seguindo sua ampliação com a incorporação da Bertin Ltda entrando também nos segmentos de lácteos e biodieseis.

A terceira empresa selecionada para este trabalho é a BRF, que surgiu da fusão ocorrida entre Perdigão e Sadia, em que os acionistas da Perdigão S/A participam em sessenta e oito por cento, ao passo que os da Sadia S/A são possuidores dos trinta e dois por cento restantes. A empresa nasceu como um dos maiores “players” globais do setor alimentício, reforçando a posição do país como potência no agronegócio. Sua atuação está voltada ao segmento de carnes (aves, suínos e bovinos), alimentos processados de carnes, lácteos, margarinas, massas, pizzas e vegetais congelados com marcas consagradas como Sadia, Perdigão, Batavo, Elegê, Qualy, entre outras.

Ela é uma das maiores empregadoras do país, com cerca de cento e dez mil funcionários com operações em cinquenta fábricas em todas as regiões do Brasil e trinta e três centros de distribuição. No tocante ao mercado externo, responsável por aproximadamente quarenta e um por cento das receitas líquidas em 2012, ela mantém nove unidades industriais na Argentina e duas na Europa, sendo estas na Inglaterra e na Holanda, além de dezenove escritórios comerciais para atendimento a mais de cento e vinte países dos cinco continentes. A BRF integra o Novo Mercado da BM&F Bovespa, consolidando sua posição de excelência em gestão, incorporando elevados padrões de Governança Corporativa.

A partir dos dados pesquisados nas análises econômico-financeiras e nos fatores de insolvência das empresas Marfrig, JBS e BRF é possível que se possa visualizar o desempenho destas após as alterações estruturais ocorridas, seja pela fusão, no caso da BRF (Sadia/Perdigão), ou

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pelas incorporações, Bertin pela JBS e Seara pela Marfrig. Para as análises econômico-financeiras das três companhias, levaram-se em consideração os indicadores tratados neste artigo e os dados apresentados nos balanços patrimoniais e nas demonstrações dos resultados dos exercícios dos períodos

pós-crise financeira até a situação presente. Ressalta-se que as demonstrações contábeis compõem o apêndice deste trabalho.

5 RESULTADOS DAS ANÁLISES ECONÔMICO-FINANCEIRAS

No tocante ao retorno dos recursos aplicados referentes aos Indicadores de

Rentabilidade, observou-se a situação econômica das instituições (Tabela 1).

Tabela 1 – Indicadores de Rentabilidade – Elaboração: 2013

GIRO DO ATIVO EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 0,70% 1,25% 0,82% 2011 0,88% 1,25% 0,86% 2012 0,93% 1,25% 0,93%

MARGEM LÍQUIDA EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 0,9% -0,5% 3,5% 2011 -3,6% -0,5% 5,3% 2012 -1,0% 1,0% 2,9%

RENTABILIDADE DO ATIVO EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 0,6% -1,0% 2,9% 2011 -3,1% -0,7% 4,6% 2012 -0,9% 1,5% 2,7%

RENTABILIDADE DO PL EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 3,0% -1,0% 6,0% 2011 -22,0% -2,0% 10,0% 2012 -5,0% 4,0% 6,0%

Fonte: www.bmfbovespa.com.br.

Iniciando as análises pelo Giro do Ativo e tendo a empresa Marfrig como ponto de partida desta análise, percebeu-se que ela finalizou o período de 2010 com o índice de 0,70, ou seja, para cada $1 de investimento total a empresa vendeu $0,70, demonstrando um cenário preocupante, haja vista o baixo valor das receitas se

comparadas às outras empresas analisadas. Do período de 2010 para 2011, a empresa melhorou seu Giro do Ativo chegando ao patamar de 0,88, o que pode ser explicado pela melhoria nas receitas de vendas que obtiveram um aumento de 24,44%, enquanto o ativo total por sua vez cresceu 5,14%, tendo como grande responsável por

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esse aumento o ativo não circulante, já que neste período o ativo circulante sofre uma redução.

Analisando o período de 2012, é notável a melhoria do índice, agora em menor escala, passando para 0,93 já que as receitas de vendas evoluíram neste período em 11,43%, exigindo para isso um investimento maior em 6,90%. Este índice ocorreu em virtude do aumento dos ativos circulante e não circulante, tendo este último sua maior representatividade de aumento no ativo permanente. É importante notar que em mais um período a empresa encerra com prejuízo em sua DRE, mesmo que menor em relação ao período de 2011, pois no período de 2010 a companhia obteve lucro.

A empresa JBS finalizou suas atividades de 2010 com um índice de Giro do Ativo de 1,25, sendo o maior entre as empresas analisadas nesse período. Apesar de esta ser a maior receita entre elas, é a que possui maior ativo, sendo ele em sua maioria concentrado no ativo não circulante. Para o período de 2011 houve aumento nas receitas de 11,46%, exigindo-se para isso um aumento do ativo total em 7,51%, aparecendo às disponibilidades do ativo circulante como maiores causadoras deste aumento, o que elevou o Giro do Ativo para 1,31. O período de 2012 foi dentre os analisados o melhor visualizando este índice, pois ele saltou de 1,31 para 1,53 exigindo investimentos de 4,70%, inferiores aos do período anterior e aumentando as receitas em 27,72%, destacando o lucro em sua DRE, o que não se viu nos dois últimos períodos.

Analisando a BRF, observa-se um índice de 0,82 em 2010, período em que a

empresa apresentou menor Giro do Ativo entre os períodos, visto que este aumentou para 0,86 em 2011. O pequeno aumento deu-se em conta do equilíbrio que houve entre os investimentos efetuados e as receitas, pois aqueles aumentaram em 7,44% para que estas alcançassem 11,77% de aumento. Em 2012 o percentual seguiu aumentando, alcançando o patamar de 0,93 devido ao aumento das receitas em 9,86%, exigindo-se apenas o investimento de 2,56% para isso. A BRF, ao contrário das demais empresas analisadas, não encerrou nenhum período com prejuízo.

A comparação desses indicadores revela que a JBS tem maior giro entre as três, significando vantagem competitiva com a perspectiva de recuperação de Ativos investidos com maior rapidez.

Com atenção agora voltada para o índice da Margem Líquida, verifica-se como as despesas operacionais e financeiras, e os custos dos bens e/ou serviços vendidos influenciam fortemente neste índice da Rentabilidade.

Analisando a Marfrig através da Margem Líquida, observa-se que no período de 2010, o único entre os analisados que obteve lucro, o índice apresentou 0,9% de lucro para cada $1 vendido, sendo considerado baixo, por exemplo, se comparado ao da BRF que no mesmo período atingiu 3,5%. Esse baixo percentual é traduzido pela baixa receita desse período, já mencionada na análise do índice anterior e dos altos valores de despesas operacionais e financeiras vistas na DRE. Em 2011, ano de maior prejuízo dentre os analisados, a empresa apresentou -3,6% de Margem Líquida. Neste período apesar de ter obtido um melhor resultado

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bruto (diferença entre receitas líquidas e custos de bens e/ou serviços vendidos) a Marfrig teve suas despesas operacionais aumentadas e um acréscimo de mais de 50% em suas despesas financeiras. Mesmo continuando em prejuízo no ano de 2012, a companhia reduziu suas despesas financeiras e aumentou seu resultado bruto o que, apesar de não satisfatório, melhorou o índice para -1%.

A JBS fez o caminho contrário ao da Marfrig, começando os períodos analisados com índices negativos, chegando a um índice positivo em 2012. Analisando o exercício de 2010, verifica-se que a empresa o encerrou com prejuízo, haja vista aos valores correspondentes às despesas operacionais e financeiras, gerando um índice de Margem Líquida de -0,5%. Em 2011, apesar de se manter com o mesmo índice de 2010, algumas mudanças puderam ser observadas, entre elas, o início da redução das despesas financeiras. Mantendo a mesma estratégia de 2011, a JBS conseguiu uma redução ainda mais expressiva em suas despesas financeiras e, auxiliadas pelo aumento das receitas, a Margem Líquida chegou ao patamar de 1,0% em 2012, ano em que a JBS apresentou lucro em sua DRE.

A BRF também teve oscilações em sua Margem Líquida, mas sempre dentro de percentuais positivos, visto não ter prejuízo em nenhum dos períodos analisados. Em 2010 seu percentual foi de 3,5%, sendo o maior entre as três empresas. O exercício de 2011 foi o que a empresa apontou com o maior percentual, chegando a 5,3%, muito em virtude do aumento apresentado pelas vendas e redução das despesas financeiras. O último

ano por sua vez não foi tão positivo quanto os demais, tendo seu pior percentual 2,9%, pois, apesar do aumento das receitas, a BRF sofreu redução no seu resultado bruto e aumento das despesas operacionais e financeiras.

No tocante à Margem líquida, a BRF apresentou indicadores positivos e a melhor situação no setor, tornando-se mais competitiva com relação ao aspecto da lucratividade e, em contraposição, as demais apresentaram margens negativas, evidenciando a necessidade urgente de gestão para enxugar gastos, pois os indicadores mostraram que, se persistir tal situação, quanto mais produzir e vender, mais poderão perder recursos, cabendo análise de custos e dos processos de produção e vendas.

No tocante à Rentabilidade do Ativo, observou-se que além da influência dos custos e despesas as quais interferem no lucro líquido, uma das variáveis deste índice tem-se também o ativo total que, em todos os períodos analisados das três empresas, sofreu aumentos em percentuais já mencionados na análise do Giro do Ativo.

A Marfrig apresentou em 2010 um valor de 0,6% de lucro para cada $1 de investimento total de Rentabilidade do Ativo, visto os motivos aqui já levantados, sobretudo o baixo lucro líquido afetado pelas despesas operacionais e financeiras e a receita líquida pouco expressiva. No exercício seguinte, a empresa teve como índice -3,1%, ou seja, prejuízo de 3,1% sobre cada $1 de investimento total. Em 2011, a companhia apresentou o pior resultado deste índice, tendo em vista o aumento dos investimentos e um

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crescimento acentuado das despesas financeiras auxiliando na obtenção do prejuízo. No ano de 2012 o percentual negativo reduziu para -0,9% em virtude da redução das despesas financeiras, amenizando o prejuízo em relação a 2011.

Como visto na Margem Líquida, a JBS veio de resultados negativos em 2010 e 2011 até conseguir passar de prejuízo a lucro em 2012. Do exercício de 2010 ao de 2011 o índice negativo que era de -0,6% no primeiro período chegou a -0,7% em 2011, visto os aumentos do prejuízo e dos investimentos. No exercício de 2012, devido ao lucro gerado pelo aumento das receitas e da redução das despesas financeiras, além do baixo investimento total, obteve-se índice de 1,5% sendo o único positivo do período analisado.

A BRF mais uma vez, ao contrário das demais, teve índices positivos nos três períodos sendo de 2,9% em 2010, chegando a 4,6%, o maior entre eles, em 2011, por causa do aumento do lucro líquido como já citado, e tendo queda para 2,7% em 2012 quando, apesar do baixo aumento do ativo total, houve queda do lucro líquido, sendo o responsável mais uma vez o aumento das despesas financeiras.

Analisada a Rentabilidade do Ativo, percebeu-se que a BRF apresentou melhor retorno sob o investimento total, enquanto as demais empresas apresentaram prejuízo sob o ativo pelo menos em dois períodos dos três selecionados para esta análise, sendo importante salientar a recuperação da JBS no último ano.

Finalizando o rol dos Indicadores de Rentabilidade, tem-se o índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido, que é

gerado pela relação entre o lucro líquido e o patrimônio líquido. Para análise desse índice, observaram-se as variações do lucro líquido aqui já mencionadas na análise dos índices de Margem Líquida e de Rentabilidade do Ativo. Assim, será mais intensa a tratativa das variações do patrimônio líquido nesta análise.

Iniciando a análise pela Marfrig, que em 2010 teve índice de 3,0% em média no exercício obtido para cada $1 de capital próprio investido, pode-se observar através de suas demonstrações contábeis que além do baixo lucro do período o patrimônio líquido apresentou um prejuízo acumulado de R$ 563.144,00. Para o período seguinte, o mais crítico dentre os analisados, observou-se vários fatores para justificar o índice de -22,0%, sendo os seguintes: o prejuízo destacado na demonstração do resultado do exercício, o aumento do saldo negativo em 53,71% na conta prejuízo acumulado e a apresentação de saldo negativo na conta ajustes de avaliação patrimonial. Em 2012 mais uma vez a empresa teve prejuízo com o resultado do exercício, sendo este menor em relação ao período anterior. Com relação ao patrimônio líquido, é possível notar que, embora ele tenha sofrido acréscimo em decorrência do aumento do capital social realizado, também apontou aumento no prejuízo acumulado e um aumento de pouco mais que três vezes no saldo negativo da conta ajustes de avaliação patrimonial, o que lhe gerou mais um índice negativo, sendo ele agora de -5,%.

A JBS, embora tenha apresentado prejuízo em suas demonstrações do resultado dos exercícios de 2010 e de 2011, não apresentou em seus balanços

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prejuízo acumulado em nenhum dos períodos analisados. Assim, no período de 2010 a empresa apresentou um índice de -1,0%. Este índice seguiu negativo em 2011 chegando ao patamar de -2,0% em decorrência de um prejuízo ainda maior que o de 2010 e pelo aumento do patrimônio líquido, tendo como maior responsável o aumento em 16,09% do capital social realizado. No último período analisado, 2012, a JBS apresentou um quadro diferente dos demais exercícios, obtendo o índice de 4,0%, visto que, diferente dos demais períodos analisados a mesma gerou lucro e também sofreu redução em seu patrimônio líquido, protagonizado principalmente pelo saldo negativo das reservas de capital.

Quanto à BRF, salienta-se que não apresentou prejuízo em nenhum dos três períodos e em seu patrimônio líquido não foram diagnosticados prejuízos acumulados. Logo, a companhia atingiu a marca de 6,0% em 2010 de índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido. Partindo para o ano de 2011, no qual se observou maior lucro líquido entre os períodos, o índice aumentou para 10,0%, embora a empresa ainda tenha destacado um aumento gerado em seu patrimônio líquido muito em conta da maior concentração de capital em suas reservas de lucro. No exercício seguinte, tendo em vista a queda ocorrida nos lucros em relação a 2011 e o aumento do patrimônio líquido, destaca-se mais uma vez as reservas de lucro que foram fomentas em 22,14% a mais que no período passado, aos quais levaram a BRF ao mesmo índice de 2010, 6,0%. A BRF, apesar de não ter

apresentado índices expressivos de Rentabilidade do Patrimônio Líquido, foi a única a não apresentar índices negativos, sobretudo por não ter acusado prejuízo em nenhum dos períodos analisados, tendo o melhor desempenho neste índice.

Mais uma vez pôde-se observar como os prejuízos aferidos pela Marfrig e pela JBS afetaram o rendimento de seus índices, desta vez o de Rentabilidade do Patrimônio Líquido, no qual se percebeu novamente a importância de uma melhor gestão de custos e de despesas. No que se refere à BRF, é perceptível o controle de investimento de capital próprio em relação aos lucros gerados.

Com a visão geral sob a análise dos Indicadores de Rentabilidade, pôde-se perceber a situação preocupante da Marfrig durante os períodos analisados, em especial o ano de 2011, o que a credencia como a menos rentável das três empresas. A JBS, apesar dos maus resultados em 2010 e 2011, demonstrou reação em 2012. No que se refere à BRF, esta se mostrou equilibrada em seus índices, gerando-lhe retorno positivo durante os três períodos, sendo esta a de melhor desempenho, a mais rentável.

Já no que se refere à capacidade das instituições liquidarem suas dívidas, voltam-se as atenções aos índices do Indicador de Liquidez.

Abrindo as análises da situação financeira, tem-se como ponto de partida os Indicadores de Liquidez Geral que apontam o quanto a empresa possui de ativo circulante mais o realizável a longo prazo para cada $1 de dívida total (passivo circulante mais exigível a longo prazo).

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Tabela 2 – Indicadores de Liquidez – Elaboração: 2013 LIQUIDEZ GERAL

EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 0,62 0,66 1,02 2011 0,59 0,75 0,99 2012 0,63 0,76 0,95

LIQUIDEZ CORRENTE EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 1,35 1,62 1,76 2011 1,40 1,71 1,39 2012 1,33 1,67 1,55

LIQUIDEZ IMEDIATA EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 56% 43% 59% 2011 52% 51% 34% 2012 41% 47% 34%

LIQUIDEZ SECA EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 103% 115% 139% 2011 102% 119% 106% 2012 98% 122% 115%

Fonte: www.bmfbovespa.com.

Analisando a Marfrig sob a ótica desse índice, verificou-se que em nenhum dos períodos o índice chegou a 1, revelando um cenário desfavorável, haja vista que em nenhum momento o montante dos direitos foi maior que o das obrigações. Como exemplo tem-se o exercício de 2010 em que o baixo índice de 0,62 foi alcançado pela empresa merecendo destaque às dívidas de longo prazo do ano em questão. No ano seguinte o índice sofreu uma queda, chegando a seu pior percentual dentre os três anos analisados, 0,59, o que foi reflexo do pouco aumento do ativo circulante e do realizável a longo prazo. No que diz respeito ao montante do passivo, notou-se que nem mesmo a redução das obrigações de curto prazo foi suficiente para equilibrar o expressivo aumento no longo prazo

protagonizado em sua maior parte pelo aumento de 27,91% nos empréstimos e financiamentos em relação ao ano anterior. O último exercício refletiu o melhor índice entre os três analisados, chegando a 0,63 alcançados devido ao crescimento do ativo circulante e do realizável em longo prazo, especialmente na conta de tributos diferidos, enquanto o passivo sofreu redução dos empréstimos e financiamentos em longo prazo.

Seguindo os baixos índices da Marfrig, a JBS também não obteve patamares elevados de Liquidez Geral, embora tenham crescido ano após ano. O primeiro período analisado, 2010, foi o menor, atingindo o número de 0,66, em que a exemplo de sua concorrente teve seus direitos no curto e longo prazos inferiores às obrigações. No ano seguinte, a

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JBS cresceu em suas disponibilidades aumentando então seu ativo circulante e ao mesmo tempo promoveu uma redução nas obrigações de longo prazo, melhorando seu índice para 0,75. De 2011 para 2012 o crescimento da Liquidez Geral foi pouco notada, visto o pequeno salto de 0,75 para 0,76, imagem da melhora ocorrida especialmente no realizável a longo prazo.

Ao contrário da JBS, a BRF vem apresentando índices decrescentes ano a ano. Entretanto, foi a única a apresentar em um período um montante de direitos maior que o de obrigações, o que pode ser observado no exercício de 2010, quando este índice foi de 1,02. Em 2011 algumas alterações em relação a 2010 devem ser observadas para se entender a queda do índice para 0,99, como: o crescimento das obrigações no curto prazo, principalmente na conta de fornecedores que aumentou em 23,20%; e os empréstimos e financiamentos a curto prazo com um aumento de 35,47%. No último exercício, o índice seguiu em queda, refletindo o percentual de 0,95 que se explica pela redução do realizável em longo prazo em que os tributos diferidos caíram em 72,42% de 2011 para 2012. Além desta redução e apesar da diminuição dos empréstimos e financiamentos em curto prazo, a BRF aumentou em 35% o saldo desta mesma conta no longo prazo.

De modo geral, as empresas não apresentaram uma Liquidez Geral satisfatória, haja vista apenas a BRF, das três empresas, em apenas um dos períodos, ter apresentado capacidade de liquidar suas dívidas totais com seus ativos, no qual

podendo-se perceber a dependência de capital de terceiros em todas elas.

No que se refere aos índices de Liquidez Corrente, no qual se verifica quanto de ativo circulante as empresas possuem para cada $1 de dívida de curto prazo (passivo circulante), o resultado se mostrou mais positivo em relação à Liquidez Geral. A Marfrig, empresa que apresentou os índices mais modestos das três empresas, encerrou 2010 no patamar de 1,35, o qual saltou para 1,40 no ano seguinte, embora o ativo circulante de 2011 tenha reduzido em função das quedas das contas Disponibilidades e Créditos, o passivo circulante também decresceu com a redução das obrigações trabalhistas e de empréstimos e financiamentos. No exercício de 2012 a Marfrig obteve o menor índice de todos os períodos analisados entre as três companhias, sendo de 1,33, isso em virtude principalmente do crescimento das dívidas trabalhistas, fiscais e de empréstimos e financiamentos.

De modo geral, a exemplo da primeira empresa, a JBS também teve Liquidez Corrente satisfatória se comparada aos índices de Liquidez Geral. Em 2010 chegou a 1,62 de Liquidez Corrente, atingindo seu melhor patamar em 2011 com 1,71 em virtude do crescimento das disponibilidades e dos estoques, mesmo sofrendo com acréscimos nas contas fornecedores e empréstimos e financiamentos em relação ao período anterior. No último ano houve uma redução desse índice para 1,67. Mesmo com o aumento da conta Créditos, maior responsável pelo aumento do ativo circulante neste período, a JBS seguiu

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aumentando as dívidas com obrigações trabalhistas, empréstimos e financiamentos.

Em 2010 a BRF chegou a 1,76 de Liquidez Corrente, sendo o melhor índice de todos os períodos das três companhias. Mas, em 2011 esse número caiu para 1,39, visto que enquanto o ativo circulante cresceu 9,92% o passivo circulante emplacou um incremento de 28,81%, sendo o maior contribuinte para isso os empréstimos e financiamentos. A Liquidez Corrente da BRF reagiu em 2012 atingindo 1,55; em virtude da crescente dos estoques e dos créditos, o ativo circulante aumentou, ao passo que o passivo circulante reduziu tendo como maior causador a redução em 29,30% dos empréstimos e financiamentos em relação ao ano de 2011.

Utilizando o ativo circulante como recurso para saldar as dívidas de curto prazo, as empresas se encontraram em patamares parecidos, sendo todas capazes de honrar suas obrigações no curto prazo nesta condição.

No intuito de descobrir quanto às empresas possuem imediatamente disponível para liquidar dívidas de curto prazo, passa-se a analisar os índices de Liquidez Imediata, relacionando às disponibilidades com o passivo circulante. Com a análise dos índices da Marfrig obteve-se em 2010 seu melhor percentual que foi de 56%, não conseguindo repeti-lo em 2011, descendo ao patamar de 52%, visto a redução de 10,30% em suas disponibilidades, enquanto o passivo circulante reduziu apenas 3,96%. A queda seguiu em 2012, quando o referido índice acusou seu pior percentual dos três períodos, 41%, devido à contínua redução

das disponibilidades, sendo no referido ano de 8,59%, ao contrário do passivo circulante com crescimento de 13,19%, todos em relação a 2011.

A JBS teve seu menor percentual de Liquidez Imediata em 2010 com 43% saltando para o maior entre os três períodos, 51%. O crescimento em 2011 foi reflexo do aumento das disponibilidades em 22,95% em relação a 2010, enquanto o passivo circulante cresceu 9,42% em relação ao mesmo período. No exercício de 2012, a JBS viu sua Liquidez Imediata reduzir para 47%, haja vista o aumento de 9,90% das dívidas de curto prazo e de apenas 1,76% das disponibilidades em relação ao exercício anterior.

A BRF exibiu em 2010 a maior Liquidez Imediata dos períodos analisados entre as empresas, chegando esta liquidez a 59%. Entretanto, nos anos seguintes, 2011 e 2012, a empresa viu este índice cair para 34% nos dois períodos. De 2010 para 2011 as disponibilidades desceram um percentual de 18,05%, ao passo que as dívidas de curto prazo subiram 28,81%. Do período de 2011 para 2012 as disponibilidades e o passivo circulante sofreram crescimentos parecidos, sendo de 6,82% para aquelas e de 6,56% para este, o que não refletiu em alteração à Liquidez Imediata.

No tocante à Liquidez Imediata, é importante salientar o crescimento das dívidas de curto prazo ocorridas na BRF nos períodos de 2011 e 2012, diminuindo de forma consistente os percentuais nestes períodos. Com relação às demais empresas, observara-se um índice minimamente equilibrado na JBS e reduções ano a ano na Marfrig.

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A seguir avalia-se o índice de Liquidez Seca, em que se vê quanto às empresas possuem de ativo circulante para cada $1 de dívida de curto prazo, sem comprometer os estoques.

Começando pela empresa que apresentou os índices mais baixos das três em estudo, a Marfrig gerou no primeiro período 103% de Liquidez Seca, sendo este seu melhor percentual nos três anos, haja vista o efeito decrescente deste índice a cada ano, como se verá adiante. No segundo período, 2011, o percentual reduziu em 1%, chegando aos 102% devido a maior representação dos estoques no total do ativo circulante em relação a 2010, embora as dívidas de curto prazo tenham sofrido redução. Queda um pouco mais acentuada se constatou com o percentual de 98% em 2012, ano em que, como já comentado, apresentou-se aumento de 13,19% do passivo circulante em relação a 2011, sendo ainda importante salientar que este percentual foi maior que o crescimento da diferença entre ativo circulante e estoques no mesmo período, que foi de 9,28%.

Mais uma vez, ao contrário da Marfrig, a JBS exibiu percentuais crescentes ano a ano, partindo em 2010 com 115% de Liquidez Seca. Ela chegou ao final do exercício de 2011 com o índice de 119%, pois o aumento de 9,42% no passivo circulante não atrapalhou o crescimento, visto que os estoques foram menos representativos no ativo circulante em relação a 2010. Em 2012, com 122% a companhia em análise chegou ao seu maior índice nos últimos três anos e, a exemplo do ano anterior, mesmo tendo crescimento das dívidas de curto prazo, em

9,90%, a empresa obteve um aumento na sobra dos ativos circulantes, excluindo destes os estoques.

A BRF diferente das demais teve uma oscilação em sua Liquidez Seca entre 2010 e 2012, visto que seu menor índice foi em 2011. O primeiro exercício analisado mostrou o maior percentual dentre todos os períodos analisados das empresas em estudo o qual foi de 139%, sendo reduzido a 106% em 2011. Apesar da maior sobra do ativo circulante subtraído do estoque, a BRF teve ao mesmo tempo aumento em suas dívidas de curto prazo, destacando-se os empréstimos e financiamentos com acréscimo de 35,47%, como já mencionado na análise de outros índices. A Liquidez Seca voltou a crescer em 2012, haja vista uma menor participação dos estoques no ativo circulante e a redução do passivo circulante que teve em sua composição uma redução de 29,30% dos empréstimos e financiamentos de curto prazo.

Com relação à Liquidez Seca, observou-se que em todos os períodos as empresas conseguiriam liquidar suas dívidas de curto prazo utilizando o ativo circulante sem os estoques, exceto no período de 2012 da Marfrig, empresa que vem piorando este índice a cada período.

Ao observar o quadro geral dos Indicadores de Liquidez, verifica-se que todas as empresas em estudo se encontram desfavoráveis no que diz respeito à liquidação das dívidas totais, visto os índices de Liquidez Geral. No que se refere à liquidação das obrigações de curto prazo, observou-se que, embora a Marfrig ainda seja a detentora dos índices mais baixos, é notável a redução dos índices da BRF em face do aumento do endividamento no

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curto prazo. A JBS, por sua vez, manteve o equilíbrio nos índices sem oscilações expressivas.

Na sequência apresentam-se os Indicadores de Estrutura de Capital.

Tabela 3 – Indicadores de Estrutura de Capital – Elaboração: 2013 EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 4,64 1,35 1,04 2011 5,97 1,20 1,12 2012 4,94 1,33 1,11

ENDIVIDAMENTO FINANCEIRO EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 2,41 1,0 0,53 2011 3,42 0,88 0,57 2012 2,91 0,96 0,65

COMPOSIÇÃO DO INDIVIDAMENTO EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 37,4% 37,5% 40,3% 2011 32,7% 40,3% 50,3% 2012 36,1% 40,7% 46,1%

IMOBILIZAÇÃO DO PL EMPRESAS MARFRIG JBS BRF

ANO 2010 2,78 1,46 0,98 2011 3,42 1,30 1,01 2012 2,81 1,32 1,06

Fonte: www.bmfbovespa.com.br.

Atentando-se aos índices de Endividamento Geral, inicia-se mais uma vez a análise pela Marfrig, que mostrou índices bem superiores à JBS e à BRF, apontando em 2010 o endividamento de geral de 4,64 e o ampliando ao patamar de 5,97 no exercício de 2011. Vale ressaltar que esse aumento em grande parte ocorreu devido ao crescimento do passivo não circulante, em que sua conta de empréstimos e financiamentos foi afetada por um aumento de 27,91%. No período de 2012 a Marfrig conseguiu uma pequena redução deste índice para 4,94, pois, embora os empréstimos e financiamentos

de curto prazo tenham aumentado em 32,73%, consequentemente aumentando o passivo circulante, o patrimônio líquido também cresceu em 20,58%.

A JBS teve seus Indicadores de Estrutura de Capital posicionados entre os da Marfrig e os da BRF. Seus índices de endividamento geral foram melhores que os da empresa analisada anteriormente, haja vista, por exemplo, o período de 2010, quando a empresa chegou a 1,35 de endividamento geral, e reduzindo-o para 1,20 em 2011 por mérito do aumento do capital social realizado que auxiliou no crescimento do patrimônio líquido em

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13,42%. Em 2012, a JBS piorou seu índice para 1,33, principalmente por ter fomentado seus empréstimos e financiamentos a curto e longo prazos.

A BRF obteve os melhores índices de Endividamento Geral, visto que estes foram os menores entre as empresas analisadas nos três anos. Iniciando pelo índice de 1,04 em 2010, a BRF alimentou seus empréstimos e financiamentos de curto prazo em 35,47% o que ajudou a impulsionar este endividamento geral para 1,12 em 2011. Em 2012, apesar de a empresa reduzir em 29,30%, ela conta que havia sofrido o aumento no ano anterior e o índice teve uma redução muito baixa, ficando em 1,11 no último período.

Com a análise dos índices de Endividamento Geral pode-se perceber o protagonismo das contas de empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo. Assim, direcionam-se os estudos neste momento às análises de endividamento financeiro para que se possa perceber quanto cada empresa tomou de empréstimos financeiros para cada $1 de patrimônio líquido.

Com os índices menos favoráveis, visto que quanto menores melhor, a Marfrig vem apresentando os maiores índices de Endividamento Financeiro entre as três companhias. No período de 2010 a Marfrig exibiu o índice de 2,41 e finalizou 2011 com 3,42, haja vista o já mencionado aumento de 27,91% nos empréstimos de longo prazo auxiliados pela redução do patrimônio líquido em 14,71%. No exercício de 2012, a Marfrig conseguiu reduzir seu endividamento financeiro, pois, embora tenha crescido em seus empréstimos de curto prazo, conseguiu

gerar aumento em seu patrimônio líquido e redução dos empréstimos de longo prazo.

Contemplada com um Endividamento Financeiro menor que a Marfrig, a JBS teve esse índice avaliado em 1,0 em 2010, reduzindo-o a 0,88 em 2011, sendo essa redução reflexo do aumento do patrimônio líquido em 13,42%, já comentado quando analisado o endividamento geral. Com o crescimento dos empréstimos de curto e longo prazos e a redução no patrimônio líquido, o aumento para 0,96 no endividamento financeiro em 2012 foi inevitável.

A BRF, com os índices mais brandos de Endividamento Financeiro, não mostrou grande oscilação de 2010 para 2011, quando seus índices foram de 0,53 naquele e de 0,57 neste. Por sua vez, em 2012, percebendo-se um aumento de 34,99% em seus empréstimos e financiamentos de longo prazo, o endividamento saltou para 0,65.

Podem-se notar índices de Endividamento Financeiro tanto na JBS quanto na BRF, sendo estes mais satisfatórios nesta última. No tocante à Marfrig, ela mostra índices bem mais elevados que as demais, indiciando expressiva dependência de capital de terceiros.

Sobre o índice de composição do endividamento, observa-se qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais, sendo desejado o menor percentual possível.

Esse índice foi a única exceção da Marfrig na análise dos Indicadores de Estrutura de Capital, pois nos demais a empresa se mostrou em condição desfavorável em relação as demais

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empresas. Visualizando os índices, percebe-se que em 2010 a companhia apresentava na composição de seu endividamento 37,4% de suas obrigações no curto prazo, o que foi ainda melhorado em 2011 ao percentual de 32,7% quando a empresa reduziu em 18,10% os empréstimos e financiamentos de curto prazo e os aumentou em 27,91% no longo prazo. Em 2012, o índice aumentou para 36,1%, sendo mais uma vez capitaneado pelas contas de empréstimos e financiamentos de curto e longo prazos gerando, por sua vez aumento no passivo circulante e redução no não circulante.

A JBS com percentuais maiores que os da Marfrig vêm crescendo ano após ano nos índices de composição do endividamento, permitindo concluir que se tem dado preferência a dívidas de curto prazo em vez das de longo prazo. Observa-se esse crescimento quando se analisa os percentuais e percebe-se o aumento que passou o índice de 37,5% em 2010 para 40,3% em 2011, tendo como maior responsável para isso o crescimento do passivo circulante, em que os empréstimos e financiamentos de curto prazo aumentaram em 7%, enquanto as dívidas de longo prazo reduziram. No período de 2012 esse índice aumentou em baixa escala, haja vista o crescimento parecido entre as dívidas de curto e longo prazo chegando a 40,7%.

Das três companhias a BRF vem sendo a que mais prestigia as dívidas de curto prazo, visto possuir os maiores percentuais. Do período de 2010 para 2011 a empresa apresentou, nesta análise, o maior crescimento nesse índice quando evoluiu de 40,3% a 50,3%. Do período de

2010 para 2011 foi possível ainda notar o aumento do passivo circulante em 28,81%, enquanto o passivo não circulante foi reduzido. Em 2012, com a redução das dívidas de curto prazo e o aumento das de longo prazo, esse percentual desceu a 46,1%.

Analisados os índices de Endividamento Financeiro pôde-se perceber a preferência do endividamento no longo prazo da Marfrig em relação às demais empresas. A BRF, com os maiores índices, deixou transparente a preferência em dívidas no curto prazo, contudo é preciso dar atenção ao comportamento da JBS neste indicador, haja vista o crescimento sistemático do endividamento no curto prazo período a período.

Finalizando os Indicadores de Estrutura de Capital, ver-se-á a partir deste ponto a relação entre o ativo permanente (investimentos, imobilizado e intangível) e o patrimônio líquido para que se possa chegar aos índices de Imobilização do Patrimônio Líquido. Este índice trata da demonstração de quanto à empresa aplicou no ativo permanente para cada $1 de seu patrimônio líquido.

A empresa que mais investiu seu capital próprio em ativos permanentes foi a Marfrig. Nesta empresa iniciou-se a análise em 2010 com um índice de 2,78 e o incrementando para 3,42 em 2011, período em que se constatou uma redução de 14,71% do patrimônio líquido e aumento do ativo permanente em 4,48% em relação ao período anterior. No último ano, 2012, a imobilização do patrimônio líquido reduziu para 2,81, haja vista o crescimento do patrimônio líquido em

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20,58%, tendo maior expressão neste aumento o capital social realizado.

A JBS com índices intermediários entre as outras duas empresas abre a análise em 2010 com 1,46 de imobilização do patrimônio líquido, tendo redução deste para 1,30 em 2011, devido ao aumento em seu patrimônio líquido de 13,42% em relação ao exercício anterior. O crescimento desse índice para 1,32 em 2012 se justifica no percentual de aumento de 0,93% do ativo permanente e a redução em 0,83% no patrimônio líquido.

Os menores índices de Imobilização do Patrimônio Líquido ficaram por conta da BRF. O período de 2010 foi o que esta empresa apresentou menor índice, 0,98, aumentando para 1,01 em 2011 com o crescimento de 6,15% no ativo permanente contra os 3,36% de seu patrimônio líquido em relação a 2010. No último período a imobilização do capital próprio chegou a 1,06, visto o crescimento de 8,11% do ativo permanente em relação a 2011 e de apenas 3,20% no patrimônio líquido em relação ao mesmo período.

Em vista da análise da Imobilização do Patrimônio Líquido percebeu-se os maiores índices presentes na Marfrig, enquanto a JBS e a BRF mantêm baixo comprometimento do capital próprio em ativos permanentes.

Analisando de modo geral os índices dos Indicadores de Estrutura de Capital, pôde-se observar que a Marfrig é a detentora dos maiores índices e a BRF dos menores, exceto no que diz respeito aos índices de composição do endividamento,

em que as situações se invertem. Assim, percebeu-se que a BRF se endivida mais em curto prazo ao passo que a Marfrig concentra a maioria de suas dívidas no longo prazo. Ainda foi possível notar que as empresas JBS e BRF possuem endividamentos homogêneos, sem grandes oscilações, o que difere da realidade da Marfrig a qual, além do endividamento acentuado, apresenta desenvolvimento irregular dos índices.

5.1 ANÁLISES DOS FATORES DE

INSOLVÊNCIA

A fim de analisar a possibilidade de falência das três empresas utilizou-se o modelo dos Fatores de Insolvência desenvolvido pelo professor Stephen C. Kanitz (ano). O Fator de Insolvência, segundo a teoria do autor anteriormente citado, pode ser encontrado pela fórmula (X1+X2+X3-X4-X5), em que X1 será o índice de rentabilidade do patrimônio líquido multiplicado por 0,05, X2 é representado pela multiplicação do índice de liquidez geral a 1,65, X3 será o produto da multiplicação entre o índice de liquidez seca e 1,35, X4 o produto da liquidez corrente vezes 1,06 e X5 a multiplicação entre a participação de capital de terceiros (endividamento geral) e 0,33. A avaliação dos resultados encontrados pode ser analisada de três formas, como o representado esquematicamente no quadro 04 a seguir:

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Quadro 4 – Avaliação dos Resultados dos Fatores de Insolvência

0 a 7

0 a -3

-3 a -7

RESULTADOS

Intervalo de Solvência (reduzidas possibilidades de falência)

Zona de "Penumbra" (situação Indefinida)

Zona de Insolvência ( Propensão a Falência) Fonte: Adaptado de Kanitz

Com o entendimento do cálculo dos Fatores de Insolvência e seus possíveis resultados, passa-se a análise de cada empresa durante os períodos de 2010,

2011 e 2012, começando pela Marfrig que gerou os seguintes resultados demonstrados na tabela 4 abaixo:

Tabela 4 – Fatores de Insolvência – Marfrig

2010 2011 2012

X1 0,001747332 -0,010919 -0,002709

X2 1,015 0,982 1,046

X3 1,389 1,382 1,323

X4 1,434 1,487 1,411

X5 1,530 1,969 1,632

-0,6 -1,1 -0,7

FATOR DE INSOLVÊNCIA

RENTABILIDADE DO PL X 0,05

LIQUIDEZ SECA X 1,35

LIQUIDEZ GERAL X 1,65

LIQUIDEZ CORRENTE X 1,06

PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS X 0,33

RESULTADO (X1+X2+X3-X4-X5)

PERÍODO

Fonte: Dados da Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3.

A Marfrig apresentou resultados que requerem atenção, haja vista a permanência na “zona de penumbra” nos últimos três anos.

Situação diferente é vista na JBS, pois além de ter reduzidas possibilidades de

falência, a empresa vem melhorando gradualmente este índice ano após ano como se pode observar.

Tal progresso rumo ao solidificação da solvência pode ser percebido na tabela 5 a seguir.

Tabela 5 – Fatores de Insolvência – JBS

2010 2011 2012

X1 -0,001 -0,001 0,002

X2 1,095 1,238 1,249

X3 1,549 1,610 1,645

X4 1,720 1,815 1,768

X5 0,446 0,397 0,439

0,5 0,6 0,7

PERÍODO

RENTABILIDADE DO PL X 0,05

LIQUIDEZ GERAL X 1,65

LIQUIDEZ SECA X 1,35

PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS X 0,33

RESULTADO (X1+X2+X3-X4-X5)

FATOR DE INSOLVÊNCIA

LIQUIDEZ CORRENTE X 1,06

Fonte: Dados da Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3.

A BRF, apesar de apresentar os melhores resultados e se encontrar com reduzida possibilidade de falência (assim

como a JBS), tem seus resultados representados por índices decrescentes a cada ano, o que deve ser tratado

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criteriosamente, de forma a manter intervalo de solvência. Para melhor compreensão do desempenho do Fator de

Insolvência da BRF observa-se a tabela 6 a seguir.

Tabela 6 – Fatores de Insolvência – BRF

2010 2011 2012

X1 0,003 0,005 0,003

X2 1,686 1,640 1,560

X3 1,872 1,427 1,550

X4 1,868 1,476 1,646

X5 0,342 0,371 0,367

1,4 1,2 1,1

LIQUIDEZ SECA X 1,35

FATOR DE INSOLVÊNCIAPERÍODO

LIQUIDEZ CORRENTE X 1,06

PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS X 0,33

RESULTADO (X1+X2+X3-X4-X5)

RENTABILIDADE DO PL X 0,05

LIQUIDEZ GERAL X 1,65

Fonte: Dados da Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3.

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A pesquisa teve como objetivo geral analisar os indicadores econômico-financeiros durante os exercícios de 2010 a 2012 das companhias Marfrig, JBS e RBF, componentes do setor de carnes do Brasil, que sofreram fusão/incorporação no final do ano de 2009, período em que a economia mundial lutava contra uma forte crise econômica.

Os resultados mostraram que a respeito dos Indicadores de Rentabilidade, a JBS, com relação ao Giro do Ativo, foi a empresa que alcançou a melhor produtividade. Embora tenha obtido resultados positivos no Giro do Ativo, a JBS juntou-se à Marfrig nos resultados negativos nos demais índices de Rentabilidade, visto o deficiente gerenciamento dos custos e despesas destas empresas, comprometendo assim o lucro líquido. A BRF, por sua vez, vem sendo a exceção neste indicador, mostrando equilíbrio em sua Rentabilidade, ressalvados os resultados adquiridos no

Giro do Ativo, em que, contudo, demonstraram melhorias a cada período.

Com os resultados observados dos Indicadores de Liquidez, concluiu-se que a Marfrig foi a empresa a apresentar maior deficiência nos índices de Liquidez, retratando o desequilíbrio entre os ativos e passivos desta empresa. Em contra partida as empresas JBS e BRF exibem Indicadores de Liquidez satisfatórios, porém, é cabível a observação a que se refere à Liquidez Geral, ponto que deve ser tratado pelas empresas visando melhorias futuras na capacidade delas liquidarem suas dívidas com maior facilidade e velocidade.

Concluiu-se ainda com a análise dos Indicadores de Estrutura de Capital que a Marfrig é a empresa a qual mostra uma condição preocupante no tocante ao seu endividamento, principalmente no que se retrata no Endividamento Geral e no Endividamento Financeiro, deixando transparecer sua extrema dependência do capital de terceiros. Ao contrário do apresentado pela Marfrig, a JBS e a BRF

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demonstraram equilíbrio e controle em seus índices de endividamento.

Com a conclusão das análises, pode-se observar a diferença de estratégias entre as incorporações ocorridas pela Marfrig e pela JBS. A Marfrig incorporando-se a Seara, visou ampliar sua atuação no mercado em que já atuava apostando assim na força da marca Seara em nível mundial, especialmente na divulgação desta através de patrocínios esportivos como no Santos Futebol Clube, na Seleção Brasileira de Futebol, na Copa América de 2011 e da Copa do Mundo FIFA 2014. Essa estratégia não se tem mostrado interessante visto que seus indicadores não apresentam índices desejáveis e refletem pioras a cada período em muitos deles.

A JBS, com a incorporação, visou a ampliação de áreas de atuação, permitindo a companhia atuar em mercados e com produtos diferentes dos que atuava, o que já havia ocorrido com a incorporação da Pilgrim’s Pride com o propósito de ingressar no segmento de frangos, repetiu-se incorporando a Bertin para a entrada no segmento de lácteos e biodiesel. Pôde-se perceber que do período entre 2010 a 2012 a empresa melhorou vários de seus indicadores chamando a atenção para o crescimento periódico de seu Giro do Ativo, sendo inclusive bem mais positivo que nas demais empresas analisadas, haja vista seu maior raio de atuação e com maior gama de produtos.

A BRF diferentemente da Marfrig e da JBS, nasceu da fusão entre dois grupos renomados, Sadia e Perdigão, com o propósito de unir forças e ampliar suas atuações principalmente no mercado internacional, o que em 2012 a fez

responsável por 9% das exportações mundiais de proteína animal. A BRF foi constituída sob o conceito de excelência de gestão, que vem promovendo índices positivos à companhia, haja vista seu equilíbrio econômico-financeiro, ressalvados seus índices de Liquidez Geral, que acusam quedas periódicas, impossibilitando-a de liquidar suas dívidas totais.

De modo geral, pode-se perceber a necessidade de medidas corretivas na Marfrig visando à redução do endividamento, e o equilíbrio entre seus direitos realizáveis e suas exigibilidades em busca de melhoramentos para geração de lucro líquido satisfatório. A JBS aponta melhoramento a cada período mostrando conseguir sanar suas deficiências a cada exercício e a BRF espelha bom gerenciamento e controle de suas atividades, mas demonstrou pequena redução em alguns indicadores, o que merece ser observado para ser mantida esta harmonia.

Este trabalho trouxe como maiores desafios: a seleção de empresas do mesmo setor que vivenciassem a mesma estratégia e no mesmo período, o estudo das extensas demonstrações contábeis e a seleção da melhor doutrina na elaboração dos indicadores, visto a diferença do posicionamento de alguns dos autores a respeito dos indicadores.

Em fim, observando a amplitude que o tema demonstra, sugere-se estudos a respeito das análises econômico-financeiras comparando o desempenho de fusões entre empresas de setores diferentes a fim de avaliar em qual setor a fusão foi mais benéfica.

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APÊNDICE A - BALANÇO PATRIMONIAL – MARFRIG

Balanço patrimonial – MARFRIG

Período 2012 2011 2010 Período 2012 2011 2010

Ativo Total 25.589.454 23.823.441 22.599.586 Passivo Total 25.589.454 23.823.441 22.599.586

Ativo Circulante 10.234.652 9.359.113 9.400.239 Passivo Circulante 7.687.320 6.673.099 6.948.559

Disponibilidades 3.178.194 3.476.960 3.876.356 Fornecedores 2.580.227 2.783.120 2.310.763

Créditos 1.793.315 1.302.906 1.361.945 Empréstimos e Financiamentos 3.741.780 2.517.245 3.073.579

Estoques 2.703.732 2.526.827 2.249.314 Outras Obrigações 1.365.313 1.372.734 1.564.217

Outros 2.559.411 2.052.420 1.912.624

Ativo Não Circulante 15.354.802 14.464.328 13.199.347 Passivo Não Circulante 17.902.134 17.150.342 15.651.027

Ativo Realizável a LP 15.354.802 14.464.328 13.199.347 Passivo Exigível a LP 13.597.042 13.731.128 11.642.286

Outros 3.261.150 2.781.092 2.039.469 Empréstimos e Financiamentos 8.786.467 9.162.817 6.605.437

Investimentos 11.107 13.195 10.040 Outras Obrigações 4.810.575 4.568.311 5.036.849

Imobilizado 8.010.620 7.315.085 6.963.142

Intangível 4.071.925 4.354.956 4.186.696 Patrimônio Líquido 4.305.092 3.419.214 4.008.741

BALANÇO PATRIMONIAL - MARFRIG

Fonte: www.bmfbovespa.com.br, (2013)

APÊNDICE B - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – MARFRIG

Demonstração do resultado do exercício - MARFRIG

Descrição da Conta 2012 2011 2010Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 23.726.394 21.014.111 15.878.469

Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos -20.167.234 -18.032.316 -13.277.024Resultado Bruto 3.559.160 2.981.795 2.601.445

Despesas/Receitas Operacionais -2.397.534 -2.001.198 -1.725.703Com Vendas -1.736.934 -1.485.370 -1.407.500

Gerais e Administrativas -783.737 -684.553 -562.688Outras Receitas Operacionais 122.468 168.725 244.485

Resultado de Equivalência Patrimonial 669 0 0

LAJIR 1.161.626 980.597 875.742

Financeiras -2.081.394 -2.300.684 -1.147.242

LAIR -919.768 -1.320.087 -271.500

Provisão para IR e Contribuição Social 430.215 543.274 411.592Resultado Líq. das Oper. Descontinuadas 256.322 30.130 0

Lucro/Prejuízo do Período -233.231 -746.683 140.092

DEMO NSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCICIO - MARFRIG

Fonte: www.bmfbovespa.com.br, (2013)

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APÊNDICE C – BALANÇO PATRIMONIAL – JBS

Balanço Patrimonial - JBS

Período 2012 2011 2010 Período 2012 2011 2010

Ativo Total 49.613.232 47.279.851 43.727.794 Passivo Total 49.613.232 47.279.851 43.727.794Ativo Circulante 19.240.438 17.800.248 15.280.243 Passivo Circulante 11.537.573 10.395.699 9.416.485

Disponibilidades 5.383.087 5.288.194 4.074.574 Fornecedores 3.564.270 3.323.886 2.962.395Créditos 5.688.648 4.679.846 4.036.104 Empréstimos e Financiamentos 6.098.898 5.339.433 4.966.198

Estoques 5.182.187 5.405.705 4.476.934 Outras Obrigações 1.874.405 1.732.380 1.487.892Outros 2.986.516 2.426.503 2.692.631

Ativo Não Circulante 30.372.794 29.479.603 28.447.551 Passivo Não Circulante 38.075.659 36.884.152 34.311.309

Ativo Realizável a LP 30.372.794 29.479.603 28.447.551 Passivo Exigível a LP 16.785.314 15.415.997 15.724.285

Outros 2.198.322 1.568.270 1.397.851 Empréstimos e Financiamentos 14.390.046 13.532.761 13.679.368Investimentos 258.620 0 0 Outras Obrigações 2.395.268 1.883.236 2.044.917

Imobilizado 16.207.640 15.378.714 14.624.201

Intangível 11.708.212 12.532.619 12.425.499 Patrimônio Líquido 21.290.345 21.468.155 18.587.024 Fonte: www.bmfbovespa.com.br, (2013)

APÊNDICE D - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – JBS

Demonstração do resultado do exercício – JBS Descrição da Conta 2012 2011 2010

Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 75.696.710 61.796.761 54.712.832Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos -67.006.886 -55.100.207 -47.994.792

Resultado Bruto 8.689.824 6.696.554 6.718.040

Despesas/Receitas O peracionais -5.969.295 -4.915.934 -4.436.449

Com Vendas -3.877.714 -3.144.069 -2.627.201Gerais e Administrativas -2.057.415 -1.739.198 -1.641.024

Outras Despesas Operacionais -35.002 -32.667 -168.224Resultado de Equivalência Patrimonial 836 0 0

LAJIR 2.720.529 1.780.620 2.281.591Financeiras -1.338.243 -2.010.728 -2.223.021

LAIR 1.382.286 -230.108 58.570Provisão para IR e Contribuição Social -619.396 -92.777 -325.428

Resultado Líq. das Oper. Descontinuadas 0 0 12.246Lucro/Prejuízo do Período 762.890 -322.885 -254.612

Fonte: www.bmfbovespa.com.br, (2013)

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APÊNDICE E - BALANÇO PATRIMONIAL – BRF

Balanço patrimonial – BRF Período 2012 2011 2010 Período 2012 2011 2010

Ativo Total 30.772 29,983,456 27,751,547 Passivo Total 30.772.248 29.983.456 27.751.547Ativo Circulante 11,589,980 11,123,751 10,020,699 Passivo Circulante 7.464.218 7.987.829 5.686.384

Disponibilidades 2.552.601 2.739.514 3.343.018 Fornecedores 3.381.246 2.681.343 2.059.196Créditos 3.208.619 3.264.748 2.606.696 Empréstimos e Financiamentos 2.440.782 3.452.477 2.227.713

Estoques 3.018.576 2.679.211 2.135.809 Outras Obrigações 1.642.190 1.854.009 1.399.475Outros 2,810,184 2,440,278 1,935,176

Ativo Não Circulante 19.182.268 18.859.705 17.730.848 Passivo Não Circulante 23.308.030 21.995.627 22.065.163Ativo Realizável a LP 19.182.268 18.859.705 17.730.848 Passivo Exigível a LP 8.731.990 7.885.710 8.428.645

Outros 3.723.249 4.654.837 4.399.259 Empréstimos e Financiamentos 7.077.539 4.601.053 4.975.226Investimentos 36.658 20.399 17.494 Outras Obrigações 1.654.451 3.284.657 3.453.419

Imobilizado 10.670.700 9.798.370 9.066.831Intangível 4.751.661 4.386.099 4.247.264 Patrimônio Líquido 14.576.040 14.109.917 13.636.518

Fonte: www.bmfbovespa.com.br, (2013)

APÊNDICE F - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – BRF

Demonstração do resultado do exercício – BRF Descrição da Conta 2012 2011 2010

Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 28.517.383 25.706.238 22.681.253Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos -22.063.563 -19.046.963 -16.951.152

Resultado Bruto 6.453.820 6.659.275 5.730.101Despesas/Receitas Operacionais -5.064.905 -4.658.146 -4.245.521

Com Vendas -4.317.304 -3.837.537 -3.523.073Gerais e Administrativas -388.930 -426.872 -332.882

Outras Receitas Operacionais 201.628 343.104 107.496Outras Despesas Operacionais -582.737 -745.819 -501.397

Resultado de Equivalência Patrimonial 22.438 8.978 4.335LAJIR 1.388.915 2.001.129 1.484.580

Financeiras -570.602 -479.523 -483.126LAIR 818.313 1.521.606 1.001.454

Provisão para IR e Contribuição Social 2.354 -156.517 -196.458Lucro/Prejuízo do Período 820.667 1.365.089 804.996

Fonte: www.bmfbovespa.com.br, (2013)

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APENDICE G – GRÁFICOS COMPARATIVOS DOS INDICADORES DE RENTABILIDADE

Gráfico 1 – Indicadores de Rentabilidade – Giro do Ativo

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 2 – Indicadores de Rentabilidade – Margem Líquida

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 3 – Indicadores de Rentabilidade – Rentabilidade do Ativo

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 4 – Indicadores de Rentabilidade – Rentabilidade do PL

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

0,70 0,88 0,93

1,25 1,31 1,53

0,82 0,86 0,93

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

0,9%

-3,6%

-1,0% -0,5% -0,5%

1,0%

3,5% 5,3%

2,9%

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

0,6%

-3,1%

-0,9% -0,6% -0,7%

1,5% 2,9%

4,6%

2,7%

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

0,03

-0,22

-0,05 -0,01 -0,02

0,04 0,06 0,10

0,06

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

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APENDICE H – GRÁFICOS COMPARATIVOS DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ

Gráfico 5 – Indicadores de Liquidez – Liquidez Geral

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 6 – Indicadores de Liquidez – Liquidez Corrente

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 7 – Indicadores de Liquidez – Liquidez Imediata

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 8 – Indicadores de Liquidez – Liquidez Seca

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

0,62 0,59 0,63 0,66 0,75 0,76

1,02 0,99 0,95

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

1,35 1,40 1,33 1,62 1,71 1,67 1,76

1,39 1,55

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

1,35 1,40 1,33 1,62 1,71 1,67 1,76

1,39 1,55

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

103% 102% 98% 115% 119% 122%

139%

106% 115%

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

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APENDICE I – GRÁFICOS COMPARATIVOS DOS INDICADORES

DE ESTRUTURA DE CAPITAL

Gráfico 9 – Indicadores de Estrutura de Capital – Endividamento Geral

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 10 – Indicadores de Estrutura de Capital – Endividamento Financeiro

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 11 – Indicadores de Estrutura de Capital – Composição do Endividamento

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

Gráfico 12 – Indicadores de Estrutura de Capital – Imobilização do PL

Fonte: Bovespa – Elaboração (2013)

4,64 5,97

4,94

1,35 1,20 1,33 1,04 1,12 1,11

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

2,41

3,42 2,91

1,00 0,88 0,96 0,53 0,57 0,65

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

37,4% 32,7% 36,1% 37,5% 40,3% 40,7% 40,3%

50,3% 46,1%

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF

2,78

3,42

2,81

1,46 1,30 1,32 0,98 1,01 1,06

2010 2011 2012

MARFRIG

JBS

BRF