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Análise de custos de produção de oleaginosas destinadas à geração de bioenergia no norte do
Estado de Minas Gerais
Reis, R.F.O.; Braga, G.B.; Perez, R.
Custos e @gronegócio on line - v. 15, Edição Especial, /Abr - 2019. ISSN 1808-2882
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Análise de custos de produção de oleaginosas destinadas à geração de
bioenergia no norte do Estado de Minas Gerais
Recebimento dos originais: 09/03/2018
Aceitação para publicação: 17/05/2019
Rafael Felipe Oliveira Reis Bacharel em Agronegócio – Universidade Federal de Viçosa - UFV
Instituição: Universidade Federal de Viçosa
Endereço: Avenida Peter Henry Rolfs, s/n – Campus Universitário, Viçosa – MG - CEP
36570-900
E-mail: [email protected]
Gustavo Bastos Braga
Doutor em Extensão Rural pela UFV
Instituição: Universidade Federal de Viçosa
Endereço: venida Peter Henry Rolfs, s/n – Campus Universitário, Viçosa – MG - CEP 36570-
900
E-mail: [email protected]
Ronaldo Perez Doutor em Engenharia de Alimentos pela UNICAMP
Instituição: Universidade Federal de Viçosa
Endereço: Avenida Peter Henry Rolfs, s/n – Campus Universitário, Viçosa – MG - CEP
36570-900
E-mail: [email protected]
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo analisar os sistemas e custos de produção de oleaginosas
destinadas a produção de biocombustíveis no Norte do Estado de Minas Gerais. O sistema de
cultivo predominante na região é de agricultura familiar, pouca mecanização e intenso uso de
mão de obra. Foram analisados também programas governamentais que foram propostos na
região como o Programa Nacional de Produção e Uso Biodiesel (PNPB), além de análises dos
custos e dos preços de venda de cada oleaginosa, bem como a produtividade e área plantada.
De acordo com o rendimento kg de matéria prima / l de biodiesel, pode-se verificar qual
melhor alternativa de oleaginosa para a indústria. Já para o produtor rural, de acordo com as
respectivas produtividades, custo de produção e cotações das culturas, pode-se verificar qual
proporciona maior retorno ao agricultor familiar. Em primeira análise observou-se que a
produtividade da região está em média de acordo com a realidade brasileira, somente o
algodão que está abaixo da média. Em relação ao retorno de que cada oleaginosa proporciona
à indústria observou-se que a melhor opção seria a mamona, devido a uma menor taxa de
conversão kg/l (biodiesel) e ao baixo custo de produção. Já para o produtor rural, a melhor
cultura considerando que o destino da produção não seja a indústria de biodiesel, seria o
algodão, devido ao seu custo de produção ser baixo, e o nível de preço ser a ponto de trazer
um excelente retorno ao produtor.
Palavras-chaves: Custos. Familiar. Biodiesel
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1. Introdução
De acordo com Mota (2009), as perspectivas de esgotamento das reservas, os riscos
geopolíticos decorrentes da dependência do petróleo de países politicamente instáveis e os
compromissos mais sólidos com a questão ambiental, desde a assinatura do Protocolo de
Kyoto, potencializaram atenção nas fontes alternativas de energia em todo mundo.
A energia renovável então tem o seu momento, principalmente no Brasil. De acordo
com International Energy Agency (IEA), 35,9% da energia fornecida no Brasil eram de
origem renovável, enquanto no restante do mundo era de apenas 13,5% (IEA, 2004). Diante
desse contexto, a humanidade então conhece as propriedades dos combustíveis derivados da
biomassa. De acordo com a União Europeia (2009), biomassa é a uma parte biodegradável de
produtos, resíduos ou subprodutos de origem biológicas, que são oriundas da agricultura. O
Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE USP, 2017) define
biomassa como um combustível ou matéria bruta, que são derivados de organismos que
estiveram vivos recentemente, então o biodiesel que se inclui nos chamados biocombustíveis
é um combustível derivado de biomassa, seja ela óleos vegetais, gorduras animais ou outros
óleos oriundos de frituras.
Sendo assim o biodiesel a célula combustível de hidrogênio, passou a constar de forma
definitiva da agenda dos governos e das políticas de praticamente todos os países,
principalmente logo após o Protocolo de Kyoto, que, segundo o Ministério do Meio Ambiente
(MMA), é um tratado definindo metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para
os países desenvolvidos e os que apresentam economia em transição para o capitalismo,
considerado os responsáveis históricos pela mudança atual do clima (MMA, 2017).
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o biodiesel já é conhecido
desde o século passado. Alguns registros históricos mostram motores a diesel sendo
abastecido com óleo de amendoim, isso na mostra mundial de Paris em 1900, o que mostra
que essa alternativa, surge num contexto de tentativas de substituição do óleo diesel comum
por combustíveis feitos a partir de biomassa (MME, 2017).
A utilização do biodiesel pode trazer vantagens tanto econômicas quanto ambientais.
De acordo com o MME, a utilização desse combustível traz economia de divisas, uma vez que
se irá importar menos óleo diesel. O combustível traz como vantagens ainda a redução da
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poluição ambiental, além de proporcionar alternativas de emprego em áreas geográficas
menos atraentes como é o caso da região Norte de Minas (MME, 2017).
O Brasil se coloca em uma posição privilegiada quando se trata de utilização de fontes
limpas e renováveis, e isso, em longo prazo, pode se tornar uma fonte importante de geração
de receita para o País (MME, 2017). Focando neste contexto, o presente trabalho pretende
realizar uma análise de espécies vegetais destinadas à geração de bioenergia, assim como
avaliar os custos de produção no Norte do Estado de Minas Gerais, que foi uma das regiões
foco de programas de biodiesel do Governo Federal.
A relevância de se compreender os custos envolvidos em cada espécie vegetal,
auxiliará produtores e outros membros da cadeia produtiva a direcionar seus esforços, bem
como predeterminar o volume de negócio. Além de permitir mensurar o resultado econômico
dos envolvidos nas atividades (CALLADO; CALLADO, 1999). Os resultados, por sua vez,
produzirão subsídios empíricos, que auxiliarão a literatura voltada para custos no
agronegócio, corroborando ou refutando os impactos socioeconomicos esperados na produção
de biodiesel, bem com a competitividade no agronegócio que envolve a biomassa (MOTA,
2009).
Diante do que foi exposto, o artigo objetiva analisar os custos de produção de
oleaginosas destinadas à produção de biocombustíveis no Norte do Estado de Minas Gerais.
Identificando as principais oleaginosas produzidas no Norte do Estado de Minas Gerais. Além
de analisar a sua a competitividade e viabilidade econômico-financeira.
Espera-se que os resultados vão auxiliar ambas as partes, produtores e indústria, na
tomada de decisão. No caso do produtor, auxiliando no momento de decidir o que plantar, e
para onde irá destinar sua produção. No caso da indústria, auxiliar na decisão de qual
oleaginosa a mesma irá demandar para processamento, como base nos custos de produção da
região em análise.
2. Revisão Teórico-empirica
2.1. Custos no agronegócios
O proprietário rural deve se preocupar com a gestão do empreendimento agrícola, sem
se esquecer da produtividade e da lucratividade. Para galgar melhores posições em um
mercado competitivo, conhecer e gerir seus custos torna-se uma ferramenta administrativa
vital para o sucesso organizacional. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento
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(CONAB), custo de produção nada mais é do que a soma dos valores de todos os recursos,
sejam eles: insumos; serviços; plantio e adubação; colheita e beneficiamento; que são
utilizados no processo produtivo de uma atividade agrícola (Conab, 2010). Assim, ter controle
da contabilidade do empreendimento, bem como ter conhecimento sobre suas necessidades
econômico-financeiras são fundamentos de uma empresa rural bem sucedida (CALLADO;
CALLADO., 1999; FERREIRA; BATALHA; DOMINGOS, 2016; MARION; SEGATTI,
2005).
Para poder gerir melhor os custos, conhecer suas origens de forma segmentada e
realizar uma classificação facilitam a sua administração. Uma das classificações mais
utilizadas nos custos é dada pela sua variação unitária em relação a escala de produção. Dessa
forma, pode-se classificar os custos em fixos, quando são inalterados independente do volume
de produção, e, em variáveis, quando há proporcionalidade entre o incremento quantitativo da
produção e os custos unitários. Há ainda, a classificação relacionada a identificação do
produto, onde os custos podem ser diretos, quando sua visualização no produto final pode ser
mensurada diretamente, ou indiretos, quando a fonte do custo é compartilhada e deve-se
estabelecer um critério de rateio para cada item (CALLADO; CALLADO, 1999; MARION;
SANTOS, 1993).
No agronegócio, é comum se classificar os custos quanto a sua natureza, que se refere
ao item do qual se provem o custo, por exemplo, mão de obra, insumos, serviços, plantio,
colheita, entre outros. Com esse tipo de agrupamento, é possível verificar em qual a fonte dos
custos mais relevantes, além de visualizar em quais áreas o produtor deve centrar seus
esforços para minimizar custos. Nesse paper, o agrupamento dos custos será centrado dessa
forma.
Além de se categorizar os custos, para uma boa gestão é necessário se escolher um
método de apropriação dos custos. Existem várias formas de se apurar os custos de uma
organização, dentre as principais, podemos destacar o custeio direto (também conhecido como
variável), o custeio por absorção e o custeio ABC (Activity Based Costing). No custeio direto,
apenas os custos que são variáveis, dependendo no nível de produção, são considerados para o
cálculo do custo unitário do produto. Os custos fixos e custos não relacionados a produção,
são lançados ao final do período.
No custeio por absorção todos atrelados a produção, variáveis ou fixos, são incluídos
nos custos unitários. Para tanto, os custos fixos de produção são rateados entre os produtos
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produzidos. Somente as despesas de comercialização e as administrativas não são
consideradas como custos dos produtos. Já o custeio ABC é frequentemente usado como uma
ferramenta gerencial. Nele os custos não ligados diretamente a produção, ainda que tenham
sido causados por ela, são considerados na apuração dos custos. O método ABC parte do
pressuposto que os recursos são utilizados pelas atividades que geram um produto final.
Assim, de forma distinta dos outros sistemas, todos os custos envolvidos em atividades
necessárias para a produção ou prestação de serviço são contabilizados (GARRISON;
NOREEN; BREWER, 2013). No agronegócio, é possível verificar todas essas ferramentas de
custeio, apesar de ser mais comum a utilização de métodos de apropriação tradicionais, o
direto e o por absorção. (CALLADO et al., 2007; LIMA; AZZOLINI, 2017)
2.2. O Biodiesel
Segundo Expedito (2003), o biodiesel é um combustível renovável, biodegradável e
ambientalmente correto. Biodiesel é um excelente substituto para o diesel derivado do
petróleo, sendo produzido por fontes renováveis e causando menos impactos em sua produção
quando comparado a uma refinaria de petróleo. Sendo assim o biodiesel está inserido nos
biocombustíveis, que são, combustíveis líquidos utilizados para transportes, produzidos a
partir de biomassa (UNIÃO EUROPÉIA, 2009).
O óleo vegetal, obtido por esmagamento, pode ser processado segundo diferentes
caminhos tecnológicos (transesterificação etílica ou metílica, craqueamento) para se produzir
a biomassa. Seja qual for a oleaginosa, pinhão-manso, babaçu, soja, dendê, girassol,
amendoim, mamona, ou de gordura animal, e do caminho tecnológico, o biodiesel é lançado
no mercado nacional de combustíveis com especificação padrão e qualificação internacional
(MME, 2017). A regulação e a fiscalização são de responsabilidade da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biodiesel (ANP), que define biodiesel pelo Regulamento Técnico nº
4/2012 da ANP como combustível composto de álquil ésteres de ácidos carboxílicos de cadeia
longa, produzido a partir de transesterificação e esterificação de matérias graxas, de gorduras
de origem vegetal ou animal (ANP, 2016).
Estudos sobre biocombustíveis vieram através da perspectiva de esgotamento das
reservas e as constantes crises de preços do petróleo, além da comprovação dos efeitos da
queima de combustíveis fósseis no aquecimento global justificam o caráter estratégico e o
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grande interesse pela produção de biodiesel no Brasil e no mundo (LEITE, 2006). Segundo
Rathamnn (2006), o consumo desse biocombustível irá ser crescente em todo o mundo,
devido aos tratados internacionais para a redução de emissão de poluente na atmosfera e
devido também a maior consciência ambiental, tem motivado o desenvolvimento de
tecnologias para atender ao aumento da demanda que o biodiesel terá nos próximos anos.
Carriquiry (2007) traz em seus estudos uma amostra da rápida expansão da produção
de biodiesel nos Estados Unidos, que se desenvolveu através dos programas de estímulo a
bioenergia implantado no país, onde as empresas que produzissem biodiesel no país, recebiam
pagamentos por essa atividade.
Diante desse cenário, o Governo Federal lançou o programa RenovaBio, no final do
ano de 2016, que tem por objetivo expandir a produção de biocombustíveis no Brasil. De
acordo com o Ministério de Minas e Energia, o programa tem o objetivo de ajudar o País a
cumprir as metas voluntárias que foram assumidas na Conferência das Partes (COP21), de
reduzir em 43% suas emissões de gases de efeito estufa, além disso de obter uma matriz
energética de 45% oriunda de energias renováveis até 2030, esse crescimento envolve a
expansão do setor de etanol e do biodiesel (MME, 2016).
De acordo com o MME, atualmente a produção de biocombustíveis gera mais de 1
milhão de empregos diretos no Brasil, e cerca de 2 milhões de empregos indiretos. Os
biocombustíveis contribuem para o desenvolvimento de mais de 1.600 municípios brasileiros,
e sua produção contribuiu para o PIB com um valor anual superior a 150 bilhões de reais.
Com o Renovabio o Governo espera incluir cerca 1,4 milhão de trabalhadores no setor de
biocombustíveis, aumentando as unidades produtivas de biodiesel em 27 novas unidades, o
que vai gerar um aumento da produção em 7 bilhões de litros por ano. Diante desse aumento,
o programa o Renovabio irá aumentar expressivamente o seu valor no PIB, em valores
correntes até 2030 (MME, 2016).
Para que a cadeia de biocombustíveis se consolide ainda mais no País, e traga os
benefícios que os próximos programas propõem, uma variável importante nesse meio são os
custos de produção. De acordo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), grande parte
do custo de produção do biodiesel vem dos óleos vegetais, que correspondem por 80% do
custo. As matérias primas adquiridas para produção de biodiesel, são um obstáculo para a
expansão da indústria, pois o custo das mesmas, representam de 60% a 80% do total do custo
do litro de biodiesel (CALLE, F.R.; PELKMANS, L, 2009). Com isso, o desafio da cadeia de
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produção de biodiesel é garantir, ao mesmo tempo, a atratividade da produção de oleaginosas
para o produtor rural e preços baixos do óleo vegetal na indústria de biodiesel (CGEE, 2004).
Sendo assim, o Governo Federal lança o Programa Nacional de Produção e Uso ao
Biodiesel (PNPB) em dezembro de 2004 e logo regulamentado em janeiro de 2005, pela Lei
nº 11.097 (BRASIL, 2005). O PNPB é um programa para a produção e uso de biodiesel, que
oferece alguns aspectos sociais, como diminuir as desigualdades regionais, além da geração
de renda no campo, através do incentivo à inclusão da agricultura familiar do semiárido e das
regiões Norte e Nordeste no cultivo e comercialização das oleaginosas, em principal a
mamona, para produção de biodiesel (BRASIL, 2004). Assim o objetivo do programa é de
auxiliar o processo de inclusão da agricultura familiar na cadeia de produção, o que pode
proporcionar um possível aumento de renda dos produtores e colaborar na diversificação da
produção dos mesmos.
Junto ao PNPB, para promover a inclusão social, foi criado o Selo Combustível Social
em 2005, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em conjunto ao Programa
Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. O selo tem por objetivo ser um instrumento de
fiscalização utilizado pelo Governo como forma de assegurar que a agricultura familiar está
inclusa na cadeia de produção de biodiesel (MME, 2017). A indústria que possui o selo social
tem vantagens como incentivos fiscais, alíquotas diferenciadas de programas como PIS e
PASEP, além de condições diferenciadas de financiamento junto a bancos públicos como
Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras instituições
financeiras, além de ter o direito a concorrer nos leilões de biodiesel da ANP (BRASIL,
2004).
Sendo assim, o programa tem por objetivo estimular a produção de biocombustíveis,
procurando apoiar a participação da agricultura familiar na cadeia de produção de oleaginosas
e, com isso, promover a inclusão social e o desenvolvimento regional. Segundo Campos
(2009), as empresas que desejarem obter o selo social precisam seguir alguns requisitos,
como: assistência técnica aos agricultores familiares; adquirir um valor mínimo de matérias
primas provenientes dos agricultores familiares, que deve ser formalizado via contratos com
termos e condições negociados antecipadamente; e, por fim, uma instituição para representar
os agricultores familiares, como por exemplo um Sindicato de Trabalhadores Rurais.
A introdução desse novo combustível na matriz energética brasileira foi, em grande
parte, devido à realização de leilões públicos de compra do biodiesel, promovidos pela
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP, 2016). Segundo
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McAfee e Mcmillan (1987), leilão é uma instituição de mercado, com um conjunto explícito
de regras que determinam a alocação de recursos e preços baseados nos lances dos
participantes.
Segundo a ANP, a comercialização do biodiesel é feita por meio de leilões públicos
organizados pela mesma. Os leilões de biodiesel visam à aquisição de biodiesel das indústrias
refinadoras para o atendimento ao percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao
óleo diesel e para fins de uso voluntário. Estes leilões determinam os volumes de compra,
limites de oferta, locais e prazos de entrega. Adicionalmente, a ANP exige que as empresas
ofertantes devam possuir o Selo Combustível Social, isto é, empresas que realizem compras
de oleaginosas e ações estruturantes junto à agricultura familiar (ANP, 2015, 2016).
Em janeiro de 2005 foi sancionada a Lei nº 11.097 (BRASIL, 2005), que introduziu o
biodiesel na matriz energética brasileira, fixando um percentual mínimo de 2 % em volume,
para adição no diesel comercializado nos postos de combustíveis até 2008, e de 5 % até 2013,
que já entrou em vigor em 2014. No mesmo ano de 2014 o Senado Federal aprovou por
unanimidade o Projeto de Lei de Conversão 14/2014, decorrente da Medida Provisória
647/2014, que aumentou o teor de biodiesel adicionado ao diesel fóssil de 5% (B5) para 6%
(B6) em 1° de julho, e para 7% (B7) a partir de novembro (BRASIL, 2014).
De acordo com o Portal Brasil (2017), começou a valer desde março de 2017, a
medida de adicionar 8% (B8) de biodiesel no diesel fóssil, e em março de 2018 9% (B9) e até
março de 2019 de 10% (B10). O Conselho Nacional de Política Energética poderá aumentar
esse percentual até 15% após março de 2019.
Segundo o boletim de biodiesel da ANP (2016), atualmente existem 50 plantas
produtoras de biodiesel autorizadas pela ANP para operação no País, correspondendo a uma
capacidade total autorizada de 20.480,81m3/dia, sendo que o Centro Oeste lidera com 23
usinas, a maioria delas no Mato Grosso, a região Sul possui 14 usinas, Sudeste com 7 usinas,
Nordeste e Norte ambos com 3 usinas. Ainda segundo a ANP (2016), há 3 novas plantas de
biodiesel autorizadas para construção, o que pode aumentar a capacidade de produção em
3.257 m3/dia, o que irá representar um aumento de 15% na capacidade atual. Segundo
Schlensinger (2008), a maior concentração de usinas no Centro-Oeste é devido à agricultura
da região ser patronal na produção de soja, e a compra de matéria prima da agricultura
familiar ser relativamente pequena.
A principal matéria-prima utilizada para produzir biodiesel no Brasil é a soja, com
cerca de 72% do total. Destaque para a região Centro-Oeste que mais utiliza essa matéria
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prima, devido da grande concentração dessa oleaginosa na região. Seguindo temos o sebo
bovino, que corresponde à 16% do total da matéria prima destinada para produção de
biodiesel, a região Norte que mais se utiliza a mesma. O restante da participação advém de
materiais graxos, com 7% do total. E por fim outras matérias como: óleo de fritura usado;
materiais graxos; óleo de palme e dendê; gordura de porco e de frango e por fim óleo de colza
e canola (ANP, 2016).
2.3. A cadeia de produção de oleaginosas
Segundo Batalha (1997), as cadeias de produção são a soma de todas as operações de
produção, começando desde as matérias primas, a comercialização da mesma junto a
industrias de processamento, e vai ao longo da cadeia até que o produto desejado esteja nas
mãos do consumidor final. Então, uma cadeia de produção envolve basicamente três macros
segmentos: o de produção de matéria para a indústria, a industrialização que é onde ocorre a
transformação da matéria prima em produto final e pôr fim a comercialização que é o
segmento onde o produto é oferecido ao consumidor final.
Pires (2001) define cadeia de produção com um conjunto articulado de atividades
econômicas integradas como consequência da relação, em termos de mercados, entre
tecnologia, organização e capitais. Zylbersztajn (2000) divide as cadeias produtivas
agroindustriais nos subsistemas como: produção de matéria prima; transformação da matéria
prima; distribuição; e consumo. Neste contexto, ainda se destacam alguns importantes elos da
cadeia, como, por exemplo, os insumos e agentes externos, como bancos e entidades
financeiras.
A cadeia agroindustrial do biodiesel a partir de diversas oleaginosas está em fase de
construção. Segundo Zylberstajn (2000), a cadeia agroindustrial de biodiesel se caracteriza
basicamente em três estágios: no primeiro incluem principalmente a plantação de diversas
oleaginosas e os esmagamentos de grãos para a obtenção do óleo bruto, onde podem ser
utilizados outras matérias primas como sebo animal e óleo de gorduras residuais; o segundo
estágio seria a produção de biodiesel feito pelas usinas autorizadas; e o terceiro estágio se
constitui na distribuição e na comercialização.
Sendo assim, a introdução da agricultura familiar na cadeia de produção do biodiesel
deve ser feito no primeiro estágio, favorecendo ganhos econômicos e rentabilidade da
implantação de culturas pelos pequenos agricultores, gerando aumento de renda e emprego no
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meio rural, sendo esses o segmento-alvo do Governo Federal para a inclusão social. Destaca-
se ainda, a possibilidade de inserção da agricultura familiar no elo da cadeia produtiva, no
segundo estágio voltado para a transformação das oleaginosas em seus respectivos óleos
vegetais, com aproveitamento dos subprodutos.
3. Metodologia
Os dados utilizados nessa pesquisa foram obtidos de fontes secundárias e primárias.
Foram recolhidas informações relativas aos níveis de atividades, produtividade e fatores de
produção das culturas agrícolas utilizadas para biodiesel, com um corte temporal no ano de
2014, na região Norte de Minas Gerais, Brasil. O Norte de Minas é composto pelas
microrregiões de Bocaiúva, Grão Mogol, Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora e
Salinas. No Quadro 01, são apresentadas os municípios que compõem as microrregiões
supracitadas.
MICRORREGIÕES CIDADES
Bocaiúva Bocaíuva, Francisco Dumont, Guaraciama, Engenheiro Navarro,
Olhos d’Água
Grão-Mogol Botumirim, Grão-Mogol, Cristália, Itacambira, Padre Carvalho,
Josenópolis
Janaúba Gameleiras, Espinosa, Catuti, Jaíba, Mamonas, Janaúba, Monte Azul,
Mato Verde, Nova Porteirinha, Pai Pedro, Serranópolis de Minas,
Riacho dos Machados
Januária Cônego Marinho, Bonito de Minas, Chapada Gaúcha, Itacarambi,
Icaraí de Minas, Juvenilia, Januária, Matias, Manga, Montalvânia,
Miravânia, Pintópolis, Pedras de Maria da Cruz, São João das Missões,
São Francisco, Urucuia
Montes Claros Campo Azul, Coração de Jesus, Claro dos Poções, Capitão Enéias,
Brasília de Minas, Francisco Sá, Ibiracatu, Glaucilândia, Lontra,
Luislândia, Juramento, Japonvar, Montes Claros, Patis, Marabela,
Ponto Chique, São João da Ponte, São João da Lagoa, São João do
Pacuí, Verdelândia, Ubaí
Pirapora Jequitaí, Buritizeiro, Ibiaí, Lagoa dos Patos, Pirapora, Lassance, Santa
Fé de Minas, São Romão, Várzea da Palma, Riachinho
Salinas Curral de Dentro, Águas Vermelhas, Divisa Alegre, Novorizonte,
Fruta de Leite, Montezuma, Indaiabira, Ninheira, Rio Pardo de Minas,
Santo Antônio do Retiro, Rubelita, Salinas, São João do Paraíso, Santa
Cruz de Salinas, Vargem Grande do Rio Pardo, Taiobeiras
Quadro 01: Cidades que compõem as Microrregiões do Norte de Minas.
Fonte IBGE (2009), adaptado por Silva e Perez (2012).
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Para se cumprir os objetivos propostos, foram obtidos dados junto aos Institutos de
Pesquisas Agropecuária nos âmbitos nacionais, estaduais e regionais, como a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Minas Geais (EMATER) e Empresa de Pesquisa Agropecuária
de Minas Gerais (EPAMIG), cooperativas, agricultores familiares e órgãos não-
governamentais (ONG’s) da região geográfica em estudo. Destacamos que a EPAMIG,
juntamente com a Universidade Federal de Viçosa, atuaram como instituições parceiras no
desenvolvimento desse trabalho, fornecendo subsídios técnicos relacionados a dados de
campo e aspectos de produtividade utilizados na avaliação de oleaginosas potenciais para a
produção do biodiesel. vem realizando pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de
oleaginosas com potencial de produção de biodiesel na região.
Foi detectada junto as instituições citadas, que as culturas que mantém relação com a
produção de biodiesel, no norte do estado de Minas Gerais, são a soja, o algodão e a mamona.
Destas oleaginosas foram coletados dados buscando evidenciar as microrregiões mais
produtivas, bem como as oleaginosas mais cultivadas. Além dos dados relativos aos custos de
produção e dos resultados obtidos pelos produtores com cada cultura.
Para o levantamento dos custos envolvidos em cada cultura foram feitos contatos com
Cooperativas que atuam na região e a EPAMIG da região Norte de Minas Gerais. Para a
cultura do algodão, a Cooperativa dos Produtores Rurais de Catuti forneceu planilha de
custos. No caso da mamona, os custos de produção foram obtidos junto à EPAMIG do Norte
de Minas Gerais. O custo de produção de soja foi fornecido pela Cooperativa Agropecuária
Pioneira (COOAPI), Norte de Minas.
Para se calcular o resultado que cada cultura gera, foi considerado a diferença entre os
custos de produção e as receitas potenciais obtidas com as vendas da produção, por hectare.
Para as estimativas de receitas, foram considerados os preços de comercialização, ou seja, os
preços de venda de mercadoe a produtividade média de cada cultura. Os preços de vendas dos
produtos foram obtidos do Centro de Referência da Cadeia de Produção de Biocombustíveis
Para Agricultura Familiar (Biomercado) e do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (CEPEA).
4. Resultados
5.1. Produção em toneladas (ton.) e área plantada ( ha.)
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A cultura da soja é produzida no Norte de Minas, principalmente, nas microrregiões de
Januária, Pirapora e Janaúba, essa última possui uma produção reduzida. Em Januária
observou que a produção, no ano de 2013, atingiu um total de 30.116 ton. Em Pirapora, a
produção ficou em 83.035 ton., o que mostra uma produção bem mais significativa do que na
região de Januária (IBGE, 2013).
A cultura do algodão é cultivada no Norte de Minas, nas microrregiões Janaúba,
Januária, Montes Claros e Pirapora. Em Janaúba, a produção de 2013, ficou na casa das 713
ton. Pode-se considerar esse resultado fruto de um baixo incentivo para se cultivar algodão. Já
em Januária, em 2013, ficou em torno de 15 ton. Montes Claros não obteve produção no ano
de 2013. Pirapora, foi a microrregião que obteve uma produção mais significativa, em 2013 a
produção algodão alcançou a marca de 8.112 ton. sendo a cidade que mais produz a
oleaginosa dentre as demais (IBGE, 2013).
A mamona é cultivada no Norte de Minas, em todas microrregiões. O motivo de todos
as microrregiões cultivarem a cultura, seria a inclusão do PNPB na região nos anos anteriores.
Com isso, várias famílias foram incentivadas a cultivar a mamona para participarem do
programa, mas, devido ao insucesso do mesmo, a produção caiu nos anos posteriores,
chegando a quase zero.
Januária obteve uma produção de 496 ton., o que a colocou numa posição destaque,
sendo a região com maior produção da oleaginosa, seguida de Montes Claros com, 179 ton.
Janaúba foi a terceira microrregião mais produtiva em 2013 onde obteve uma produção de
140 ton. Bocaiúva obteve uma produção de 24 ton., seguida de Pirapora e Salinas que ficaram
com 18 ton. e 5 ton. respectivamente. Grão-Mogol não obteve produção no ano de 2013
(IBGE, 2013). Conforme tabela a seguir.
Tabela 1: Área plantada e quantidade produzida de soja, algodão, mamona –
Microrregiões Norte de Minas
Microrregião Algodão Mamona Soja
Área
plantada
(ha.)
Produção
(ton.)
Área
plantada
(ha.)
Produção
(ton.)
Área
plantada
(ha.)
Produção
(ton.)
Bocaiúva 0 0 20 24 0 0
Grão-Mogol 0 0 0 0 0 0
Janaúba 2.572 713 566 140 1 1
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Januária 40 15 546 496 23.811 30.116
Montes Claros 0 0 306 179 0 0
Pirapora 2.179 8.112 15 18 24.504 83.035
Salinas 0 0 11 5 0 0
Fonte: Elaboração baseada nos dados do IBGE (2013).
A área utilizada para o plantio de soja, conforme a Tabela 1, se concentra em regiões
que margeiam o rio São Francisco, Pirapora e Januária. A disponibilidade hídrica que o rio
ofere pode ser uma das causas dessa concentração. Além disso, é possível verificar nos dados
que apesar de a soja ser uma cultura relativamente recente na região, ela já soma grandes
áreas (GARCIA et al., 2006)
O algodão, de maneira similar, é cultivado no Norte de Minas Gerais nas
microrregiões banhadas pelo o rio São Francisco. Com uma peculiar concentração na
microrregião de Pirapora (IBGE, 2013).
A mamona, de maneira distinta, está distribuída em todas as microrregiões analisadas,
com exceção de Grão Mogol. Além das áreas banhadas pelo rio São Francisco, as
microrregiões Montes Claros e Bocaiúva tem áreas dedicadas a mamona. A cidade de Montes
Claros, possui uma usina beneficiadora de biodiesel, e atrai o cultivo dessa cultura para áreas
mais próximas (IBGE, 2013).
4.2. Custos de produção
Para a análise dos custos de produção, foram levantados dados junto as Cooperativas
Agropecuárias da região Norte de Minas, de acordo com cada seguimento da cooperativa,
soja, algodão ou mamona.
Para a cultura da soja, a cooperativa responsável pelo fornecimento de dados na região
Norte de Minas, foi a Cooperativa Agropecuária Pioneira (COOAPI), e conforme dados de
custos de produção da oleaginosa soja, os custos com insumos são responsáveis por 67% dos
desembolsos, logo vem serviços com 11%, plantio 10% e colheita 12%. Custos levantados em
uma área de 197 ha, e com uma produtividade de 3.300 kg/ha. conforme Tabela 2 e Gráfico 1.
Tabela 2: Custo de produção de soja.
Atividades R$
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(1) Insumos 1.116,59
(2) Serviços 180,00
(3) Plantio/Adubação 167,00
(4) Colheita 200,00
(5) Beneficiamento -
(6) Taxa Seguro (2%) -
Total 1.663,59 Fonte: Elaboração baseada nos dados da Cooperativa Agropecuária Pioneira (2014)
No Gráfico 01, estão os dados de custos de produção divididos por grupos.
67%
11%
10%
12%
C u s to Pro d u çã o S o ja
Gráfico 1: Custos de produção da soja, por grupos de custos, em porcentagem:
Fonte: Elaboração baseada nos dados da Cooperativa Agropecuária Pioneira (2013)
Conforme apresentado, a maior parte dos custos da soja deriva dos insumos e em torno
de 30% para os serviços e a colheita. Isso também é verificável em outras regiões do país,
como no Norte do país (OLIVEIRA et al., 2012) e no Centro-oeste (RICHERTTI; STAUT,
2005). O que atesta que a região tem uma estrutura de custo similar a outras partes do Brasil,
ainda que não seja uma grande produtora nacional, como o centro-oeste do país.
Para a cultura do algodão, foram levantados dados junto a Cooperativa Agropecuária
de Catuti da região Norte de Minas. Com base nos dados de custo de produção, os insumos
são responsáveis por 22% dos custos, serviços com 1,72%, plantio e adubação 21,94%,
colheita 35% e beneficiamento 19%. Custos realizados com base de 80@/ha, ou seja,
1200kg/ha. conforme Tabela 3 e Gráfico 2. Observamos um custo relativamente baixo, pois
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na região utiliza-se muita mão de obra familiar. Isso faz com que o custo de mecanização seja
baixo, ou seja, a cultura na região é pouco mecanizada.
Tabela 3: Custo de produção do algodão.
Atividades R$
(1) Insumos 322,75
(2) Serviços 25,00
(3) Plantio/Adubação 319,40
(4) Colheita 510,00
(5) Beneficiamento 278,40
(6) Taxa Seguro (2%)
Total 1.455,55 Fonte: Elaboração baseada nos dados da Cooperativa de Catuti – MG (2013).
22%
2%
22%35%
19%
C us to de Prod uçã o A lg od ã o
(1) Ins um os (2) S erv iços (3) Pla ntio/Aduba çã o
(4) C olheita (5) B enef ic ia m ento (6) Ta x a S eg uro (2% )
Gráfico 2: Custo de produção do algodão por grupos de custos, em porcentagem.
Fonte: Elaboração baseada nos dados da Cooperativa de Catuti – MG (2013)
A baixa mecanização torna os custos do algodão mais dispersos entre os itens
analisados. De maneira diferente da soja, os insumos não são a principal fonte de custos, e sim
a colheita, que na região emprega extensivamente mão de obra (COOPERATIVA DE CATUTI,
2013). O que torna a região com uma estrutura de custos distinta de áreas onde o plantio do
algodão é mais tecnificado.
Para a mamona, os dados de custos de produção foram coletados juntos a Emater
Norte de Minas. Os insumos são responsáveis por 36,42% dos custos, logo vem serviços com
36,61%, plantio e adubação 7,14% e colheita 17,86%. Custos realizados com base de
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2500kg/ha. conforme Tabela 4 e Gráfico 3. Observamos assim como o algodão, a mão de
obra familiar reduz o custo de produção.
Tabela 4: Custos de produção da mamona.
Atividades R$
(1) Insumos 408,00
(2) Serviços 410,00
(3) Plantio/Adubação 80,00
(4) Colheita 200,00
(5) Beneficiamento -
(6) Taxa Seguro (2%) 21,96
Total 1.119,96 Fonte: Elaboração baseada nos dados da Emater – MG (2013)
36%
37%
7%
18%
2%
C u s to Pro d u çã o Ma m on a
(1) Ins um os (2) S erv iços (3) Pla ntio/Aduba çã o
(4) C olheita (5) B enef ic ia m ento (6) Ta x a S eg uro (2% )
Gráfico 03: Custos de produção da mamona por grupos de custos, em porcentagem.
Fonte: Elaboração baseada nos dados da Emater (2013)
A mamona, apesar de não ter emprego de mecanização, a colheita consome apenas
18% dos custos. Para efeito comparativo, temos a seguir a Tabela 5 que mostra em conjunto o
custo de produção de cada atividade do plantio das oleaginosas em estudo.
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Tabela 5: Comparativo de custos de produção soja, algodão e mamona.
Cultura Soja - 3.300kg/ha
Algodão -
1200kg/ha Mamona - 2500kg/ha
Atividades R$ (%) R$ (%) R$ (%)
Insumos 1.116,59 67,12% 322,75 22,17% 408,00 36,42%
Serviços 180,00 10,82% 25,00 1,72% 410,00 36,61%
Plantio/Adubação 167,00 10,04% 319,40 21,94% 80,00 7,14%
Colheita 200,00 12,02% 510,00 35,04% 200,00 17,86%
Beneficiamento - - 278,40 19,13% - -
Taxa Seguro (2%) - - - - 21,96 1,96%
Total 1.663,59 100% 1.455,55 100% 1.119,96 100% Fonte: Elaboração baseada nos dados da Cooperativa Catuti; Emater; Cooperativa Pioneira (2013)
Em resumo, temos que a soja, tem maior custo de produção, isso é devido aos insumos
que são responsáveis por mais de 60% dos custos de produção. No algodão o que eleva o
custo de produção é a parte de beneficiamento que gira em torno de 35% do total dos custos, é
o mais relevante. A mamona tem o menor custo de produção quando comparada as demais
oleaginosas, isso é devido aos insumos, terem valores bem inferiores quando comparado com
a soja, e a mamona não precisa de beneficiamento, como é o caso do algodão. A seguir o
Gráfico 4 com o comparativo dos custos de produção totais.
10 ,0 0
4 0 0 ,0 0
8 0 0 ,0 0
1 .2 0 0 ,0 0
1 .6 0 0 ,0 0
C u s to s d e Prod u çã o
S oja Alg odã o Ma m ona
C ultura s
R$
/ha
.
Gráfico 04: Gráfico comparativo de custos de produção soja, algodão e mamona.
Fonte: Elaboração baseada nos dados da Cooperativa Catuti; Emater; Cooperativa Pioneira (2013)
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4.3. Análise das alternativas de oleaginosas para produção de biodiesel
Para fazer um comparativo de qual melhor matéria prima deve ser utilizada pela
indústria, com base nos custos de produção da região, calculou-se a quantidade de matéria
prima que é necessária para produção de 1 (um) litro de biodiesel. Com isso é possível obter o
custo por litro de biodiesel de cada oleaginosa produzida: soja, mamona e algodão.
Conforme dados de Silva e Perez (2012), para produzir um litro de biodiesel são
necessários cerca de 5,00 kg da matéria prima soja; já para a mamona são necessários 2,439
kg da matéria prima para produzir um litro de biodiesel; e, por fim, temos a matéria prima
algodão, que para produzir um litro de biodiesel a partir dessa oleaginosa, são necessários
cerca de 6,67 kg.
Para se chegar no custo de um litro de biodiesel, relativo a matéria orgânica comprada,
utilizou-se a seguinte fórmula:
Custo de produção / (Produtividade / Necessidade de kg por litro) = Custo por litro (1)
Sendo assim, temos o resultado da melhor alternativa de acordo com os dados
levantados, segue Tabela 6 abaixo:
Tabela 6: Comparativo da melhor opção de matéria prima para indústria.
Cultura / Soja Mamona Algodão
Coeficientes
Produtividade / ha. 3.300 2.500 1.200
Rendimento kg/l 5,000 2,439 6,670
Custo de Produção/ ha. R$ 1.663,59 R$ 1.119,96 R$ 1.455,55
l / ha. 660 1.025,01 179,91
R$ / l R$ 2,52 R$ 1,09 R$ 8,09 Fonte: Cooperativa Catuti; Emater; Cooperativa Pioneira; Silva e Perez;(2013, 2012)
A partir da Tabela 7, observamos que, de acordo com a taxa de conversão em óleo, é
melhor obter biodiesel a partir da mamona. Além disso, o custo de obtenção de mamona é o
menor dentre as culturas analisadas. Para a indústria, é melhor que o produtor seja incentivado
a plantar essa matéria prima, pois assim a indústria irá ter o menor custo para aquisição da
mesma e logo um menor custo de produção no seu produto final.
Seguindo temos a soja, que de acordo com a análise, segue em segundo lugar de
acordo com o custo de obtenção, mesmo a produtividade sendo maior, o custo fica R$ 2,52 do
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ponto de vista da analise realizada, seria um plano alternativo na região caso não tenha oferta
de mamona como matéria prima.
Por fim o algodão como pior alternativa de obtenção para extração do óleo, pois seu
custo fica em torno de R$ 8,09 por litro, quase 8 vezes maior que o da mamona e mais de 3
vezes maior que o da soja. Isso demonstra não ser atrativo para a indústria de biodiesel.
O que demonstra que culturas com mais alternativas de comercialização, como a soja e
o algodão, aumentam os custos de produção do biodiesel. O que diverge de outros estudos,
como Barros et al. (2006), que apontou os custos de produção do biodiesel tendo com fonte o
algodão menores que os da mamona por litro na região oeste da Bahia.
4.4. Análise das alternativas de oleaginosas para o produtor
Para análise de retorno ao produtor, foram coletadas cotações no ano da colheita da
produção. Os dados de cotação foram obtidos junto ao site Biomercado para soja e mamona,
já para o algodão foi coletado junto ao Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea) foi feito um levantamento anual e após uma média anual. Quanto ao custo de
produção, foi utilizado o mesmo durante todo a análise anual. Para se obter o retorno ao
produtor foi feito o seguinte cálculo com a fórmula:
(Preço da saca (média anual) * Sacas/ha.) - (Custo Produção/ha.) = Lucro por ha. (02)
Segue a análise do retorno na Tabela 7 a seguir:
Tabela 7: Lucro por hectare, considerando custo da safra, e preço mensal médio da saca
da soja, mamona, algodão:
Comparativo de Retorno Financeiro - Produtor
Cultura Soja Mamona Algodão
Coeficientes
Produtividade – kg/ha 3.300 2.500 1.200
Preço Médio Saca R$ 60,890 R$ 110,40 R$ 62,890
Custo de Produção/ ha. R$ 1.663,59 R$ 1.119,96 R$ 1.455,55
Lucro Médio / ha. R$ 1.685,36 R$ 3.480,04 R$ 3.575,65 Fonte: Cooperativa Catuti; Emater; Cooperativa Pioneira; Biomercado; Cepea;(2012,2013,2014)
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Conforme dados do site pesquisado, é possível concluir que a flutuação do preço de
venda da saca de soja possui uma variação pequena. Então para obter o retorno médio ao
produtor, utilizamos o preço médio da saca de 60 kg de R$ 60,89. Com isso temos que o lucro
médio anual do produtor de soja de R$ 1.685,36/ha., considerando que não haja
eventualidades que impactem a produtividade.
No caso da mamona, o preço da mesma se manteve estável de acordo com o site
pesquisado, então se utilizou o valor médio da saca de 60 kg conforme calculado para a soja,
então podemos concluir que o produtor de mamona obtém um lucro médio de R$ 3.480,04
por ha., o que mostra ser bem atrativo a produção dessa oleaginosa.
Já para o algodão, o preço de comercialização da arroba do algodão é em pluma, ou
seja, não inclui o preço do caroço de algodão que também pode ser comercializado, mas nessa
análise utilizaremos somente o preço médio do algodão em pluma. Conforme apresentado na
tabela 08, observamos que o produtor tem uma receita média de R$ 62,89 por arroba de
algodão produzido, o que gera um retorno médio, ou seja, um lucro médio de R$ 3.575,65 por
ha. produzido o que coloca a cultura como melhor alternativa de produção do lado do
produtor.
Para o produtor, a melhor alternativa de produção seria o algodão, pois seu retorno é
superior as demais. Contudo, essa cultura é também a que apresenta maior custo para
produção do biodiesel, o que mostra uma divergência quanto a melhor alternativa para ambos
os lados. A mamona tem lucratividade próxima a do algodão, uma diferença de R$ 95,61 por
hectare na lucratividade. Essa cultura é a que apresenta o menor custo para industria, sendo
praticamente oito vezes menor o custo para produção de um litro de biodiesel. Sendo assim,
essa alternativa poderia estar mais próxima de um benefício mútuo.
5. Conclusões
Em resumo, podemos concluir a importância da inserção do biodiesel no diesel fóssil,
pois com essa iniciativa beneficiou a agricultura familiar. Com os proprietários de usinas,
tendo de adquirir sua matéria prima, da agricultura familiar, isso fez com que muitos
agricultores aumentassem seu ramo de atividades, trazendo assim um maior retorno financeiro
a sua propriedade. Além disso os usineiros ainda são isentos de alguns impostos, caso aderem
ao PNPB.
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Foram levantados dados de soja, mamona e algodão, que hoje são as oleaginosas mais
produzidas no Norte do Estado de Minas, e com os dados observamos que a soja se destaca
como a mais produzida. Isso mostra uma divergência de acordo com o programa implantado
pelo Governo nos anos anteriores, que incentivava a produção de mamona na região, mas de
acordo com as análises o programa não atingiu o objetivo e com isso a soja que obteve uma
posição de destaque.
Quanto à produtividade, observamos que algumas culturas da região estão de acordo
com a média nacional. Por exemplo, a soja tem uma produtividade de 3.300kg/ha., que é um
bom resultado quando comparado ao resto do país, pois de acordo com a Embrapa, a média
brasileira está em 2.882 kg/ha.
O algodão está com uma produtividade menor quando comparado à média Nacional,
pois no norte de Minas está com 1.200gk/ha. e a média Nacional 2.400kg/ha.. Já a mamona
possui uma produtividade maior do que a média Nacional, no Norte de Minas a produtividade
gira em torno de 2.500 kg/ha. já a média Nacional fica em 1.500kg/ha., o que pode ser um
reflexo do PNPB (SILVA E PEREZ, 2012).
Quanto à melhor opção de oleaginosa para a indústria, temos a mamona como
destaque, pois a mesma tem o melhor rendimento kg/l (biodiesel) e também o menor custo de
produção. Devido a esses fatores, os usineiros deveriam incentivar os produtores regionais a
cultivarem essa matéria-prima. Assim conseguiriam um menor custo do produto final, e logo
ofertariam o biodiesel no mercado a um preço competitivo, trazendo assim um ganho para
toda a cadeia.
O retorno da soja para indústria, fica como segunda alternativa. Apesar da cadeia da
soja ser bem desenvolvida no país, sua produtividade na região Norte fica um pouco a desejar
para destinar a produção para biodiesel. E mesmo que a produtividade seja acima da média
Nacional, o custo por litro de biodiesel fica acima da mamona. Já o algodão se mostra
inviável para a indústria na produção de biodiesel.
Para o produtor rural, a melhor alternativa de plantio fica com o algodão. Mesmo com
produtividade inferior à média nacional, a oleaginosa traz um retorno satisfatório conforme
levantamento de dados. Porém, a produção tem que ser destinada a outros mercados, pois,
conforme analisamos, fica inviável para a indústria adquirir essa matéria prima. A mamona se
mostra como segunda melhor opção, pois de acordo com o lucro/cultura, a matéria prima se
mostra lucrativa. A soja fica como última opção, tendo um retorno inferior as demais
oleaginosas.
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Concluindo, observamos que a melhor alternativa para o produtor familiar na região,
seria o algodão, mas irá depender qual destino o produtor irá escolher para sua produção. No
caso da indústria fica como melhor opção a mamona e logo depois a soja. Observamos então
que há uma divergência de preferência do produtor e da indústria, em relação a oleaginosa
mais vantajosa, isso demonstra que algumas políticas públicas deveriam ser revistas, para que
a melhor alternativa de oleaginosa seja a mesma para ambos os lados, incentivando assim toda
a cadeia de produção.
O estudo também contribui na literatura sobre o tema, reforçando os conhecimentos
empíricos sobre os custos na região norte de minas. Como foi vislumbrado no trabalho, a
estrutura de custos das culturas no Norte de Minas Gerais e distinto de outras regiões,
relativamente próximas, como no oeste da Bahia aferido por Barros (2006). Espera-se, ainda
que esse estudo fomente mais trabalhos que contrapõe os interesses industriais aos dos
produtores, levando a um incremento no estado da arte do tema.
Sendo assim, o presente trabalho realizado para o Norte de Minas Gerais, poderá ser
replicado como futuras pesquisas, em outras regiões do País. Com a sugestão de inclusão de
mais algumas variáveis de medidas econômicas, como a margem bruta e margem líquida,
assim poderia se verificar outros resultados que essas atividades estão trazendo aos
produtores. Para a indústria, pode se incluir cálculos, que verificariam se a região possui
oferta de matéria prima suficiente, para atender toda a demanda da empresa. Assim o trabalho
traria um maior conjunto de informações, que poderá beneficiar aos interessados em questão.
6. Referências
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