ANÁLISE DA RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO...
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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ÇPROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA
ANÁLISE DA RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO
VINICIUS SANT’ANNA DE SOUZA
ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ VALENTIM
Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2012.2.
FP
A
“ANÁLISE DA RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO”
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Finanças
ORIENTADOR: José Valentim
Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2012.
“ANÁLISE DA RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO”
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Finanças
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor JOSÉ VALENTIM (Orientador) Instituição: IBMEC _____________________________________________________
Professor OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN Instituição: IBMEC _____________________________________________________
Professor ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES Instituição: BANCO CENTRAL DO BRASIL
Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2012.
FICHA CATALOGRÁFICA Prezado aluno (a), Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail [email protected], colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO. Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas). 1) Nome completo; 2) Título e subtítulo (se houver e separados); 3) Ano da defesa; 4) Área de concentração: 5) Assunto principal (contextualizado); 6) Assuntos secundários; 7) Palavras-chave, e 8) Resumo (se possível) 9) Curso (Mestrado profissionalizante em ...) Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.
v
AGRADECIMENTOS
A toda a minha família, em particular a minha esposa pelas noites em claro, a minha avó pela
torcida sincera e a minha mãe pelos desmedidos esforços para prover a melhor educação
possível aos seus filhos.
Aos amigos da ASM ASSET que me ajudaram em diferentes níveis ao longo destes dois anos
e, em especial, aos sócios pela oportunidade que me concederam de cursar este mestrado.
A todos os colaboradores do IBMEC, que sempre estiveram prontamente à disposição para me
orientar durante este curso, destacando-se o professor José Valentim por todo o conhecimento que me
passou dentro e fora da sala de aula.
vi
RESUMO
Nos últimos anos, o número de fundos de investimento imobiliário registrados para
negociação na CVM tem se multiplicado rapidamente. Dentre as principais razões para este
crescimento está a atraente rentabilidade proporcionada por esse tipo de investimento. Neste
estudo, nós analisamos os retornos provenientes de quatorze fundos de investimento
imobiliário ocorridos desde o início de 2008 até meados de 2012, comparando-os aos retornos
proporcionados pelo setor de construção civil e pelo mercado como um todo nesse mesmo
período. Buscamos no mercado explicações para o sucesso destes fundos, analisando
diversos fatores que possam estar correlacionados com seus retornos. Entretanto, concluímos
que os retornos provenientes das aplicações em fundos de investimento imobiliário têm pouca
ou nenhuma correlação com os demais fatores que habitualmente impactam no valor de
mercado dos ativos.
Palavras Chave: Fundos de Investimento Imobiliário, IMA-C, alfa de Jensen.
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ABSTRACT
In recent years, the number of real estate investment funds in Brazil registered at CVM for
negotiation has skyrocketed. One of the main reasons behind this growth is the attractive
returns provided by this kind of investment. In this study, we analyze the returns of fourteen
real estate investment funds from the beginning of 2008 to mid-2012, comparing them to the
returns provided by the real estate segment and the stock market as a whole in the same
period. We search for the reasons behind such success and other variables in the market that
may be correlated to these funds’ returns. We find, however, that the returns provided by
these real estate investment funds have little or no correlation whatsoever to other variables
that usually impact the market value of assets.
Key Words: Real Estate Investment Funds, IMA-C, Jensen´s alfa.
viii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico I - Retornos Acumulados dos FIIs, IBOVESPA e IMOB ............................................. 7
Gráfico II – Retorno Acumulado Versus Betas dos FIIs desde 2008 ....................................... 21
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela I – Rentabilidade FIIs no Mercado de Balcão ............................................................... 7 Tabela II – Rentabilidade FIIs na Bolsa .................................................................................... 8 Tabela III – Demonstrativo Volatilidade FIIs no Mercado de Balcão ....................................... 8 Tabela IV – Demonstrativo Volatilidade FIIs na Bolsa ............................................................. 9 Tabela V – Resultado Teste Kruskal-Wallis ........................................................................... 15 Tabela VI – Significância do Alfa de Jensen na Regressão da Média dos retornos dos FIIs... 16 Tabela VII – FIIs Negociados no Mercado de Balcão – Comparação IMOB .......................... 17 Tabela VIII - FIIs Negociados no Mercado de Balcão – Comparação IBOVESPA ................ 17 Tabela IX - FIIs Negociados no Mercado de Bolsa – Comparação IMOB .............................. 18 Tabela X - FIIs Negociados no Mercado de Bolsa – Comparação IBOVESPA ...................... 18 Tabela XI – Beta dos FIIs comparação IMOB ......................................................................... 19 Tabela XII – Beta dos FIIs comparação IBOVESPA............................................................... 19 Tabela XIII- Correlação entre os FIIs listados no mercado de Balcão ..................................... 22 Tabela XIV - Correlação entre os FIIs listados na Bolsa ......................................................... 22 Tabela XV – Significância do Coeficiente de Cada Fator de Mercado – Balcão .................... 23 Tabela XVI – Significância do Coeficiente de Cada Fator de Mercado - Bolsa ...................... 23 Tabela XVII - Significância dos Coeficientes do IMA-C e IMOB – Balcão ........................... 25 Tabela XVIII - Significância dos Coeficientes do IMA-C e IMOB – Bolsa ........................... 25
x
LISTA DE ABREVIATURAS ANBIMA Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais
que representa as instituições do mercado de capitais brasileiro CAPM Capital Asset Pricing Model ou Modelo De Precificação De Ativos
Financeiros CMN Conselho Monetário Nacional CVM Comissão de Valores Mobiliários FII Fundo de Investimento Imobiliário FIPE ZAP Índice calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas através dos
preços de vendas de imóveis anunciados no ZAP Imóveis, calculado através da média do preço do metro quadrado de cada bairro ponderado pelo peso que a renda de cada bairro exerce na renda total da cidade, conforme índice apurado pelo Censo Demográfico do IBGE
IGP-M Índice de inflação mensal medido e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas IMA-C Índice da família dos Índices de Mercado ANBIMA que representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IGP-M IMOB Índice BM&FBovespa Imobiliário IN CVM 472 Instrução CVM Nº 472, de 31 de Outubro de 2008 IOF Imposto Sobre Operações Financeiras REIT Real Estate Investment Trust
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LISTA DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO ANALISADOS ABC IMOB Fundo de Investimento Imobiliário Grand Plaza Shopping ALMIRANT Fundo de Investimento Imobiliário Edifício Almirante Barroso A BRANCA Fundo de Investimento Imobiliário Projeto Água Branca BB PROGR BB Fundo de Investimento Imobiliário Progressivo CRIANCA Fundo de Investimento Imobiliário Hospital da Criança EUROPAR Fundo de Investimento Imobiliário Europar HIGIENOP Fundo de Investimento Imobiliário Shopping Pátio Higienópolis HOTEL MX Fundo de Investimento Imobiliário Hotel Maxinvest LOURDES Fundo de Investimento Imobiliário Hospital Nossa Senhora de Lourdes PANAMBY Fundo de Investimento Imobiliário Panamby OURINVES Fundo de Investimento Imobiliário Edifício Ourinvest S F LIMA Fundo de Investimento Imobiliário Continental Square Faria Lima TORRE AL Fundo de Investimento Imobiliário Torre Almirante TORRE NO Fundo de Investimento Imobiliário Torre Norte
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2 BASE DE DADOS E RENTABILIDADE DOS ATIVOS ................................................ 5
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 10
4 RESULTADOS .................................................................................................................... 15 4.1 SIGNIFICÂNCIA DO EXCESSO DE RETORNOS DOS FIIS COMPARADOS AOS RETORNOS DE MERCADO ................................................................................................. 15 4.2 PARCELA DA RENTABILIDADE DOS FIIS INDIFERENTE ÀS FLUTUAÇÕES DE MERCADO – ALFA DE JENSEN ........................................................................................ 16 4.3 CORRELAÇÃO ENTRE OS FIIS .................................................................................... 22 4.4 RELAÇÃO ENTRE OS FIIS E DEMAIS FATORES DE MERCADO ........................... 23
5 MUDANÇAS REGULATÓRIAS E TRIBUTÁRIAS NO AMBIENTE DOS FIIS ...... 26 5.1 ALTERAÇÕES DA IN CVM 472 ..................................................................................... 26 5.2 ALTERAÇÕES DO CMN PARA FUNDOS DE PENSÃO .............................................. 27
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 31
1
1 INTRODUÇÃO
A explosão do volume investido em FIIs fez com que representantes da BMF&Bovespa
viessem a público declarar que criarão em breve um índice específico para este tipo de fundo
de investimento (FORDELONE, 2009). O volume de ofertas cresceu 160% em média, ao
ano, desde 2008 até 2012, enquanto o patrimônio líquido subiu 74% em média, ao ano, saindo
de R$ 3,53 bilhões, ao final de 2008, para atingir o valor de R$ 25,6 bilhões em 30 de junho
de 2012. O que poderia explicar um crescimento tão vertiginoso neste tipo de investimento?
A resposta pode ser parcialmente justificada pela rentabilidade dos investimentos imobiliários
que, no Brasil, nunca foi tão convidativa. De acordo com a vigésima pesquisa anual
divulgada pela Associação de Investidores Estrangeiros em Imóveis (AFIRE), uma das mais
respeitadas pesquisas sobre imóveis do mundo cujos participantes somam aproximadamente
um trilhão de dólares em ativos imobiliários, o Brasil aparece pelo segundo ano seguido em
primeiro lugar no ranking dos países emergentes indicados para se investir em imóveis,
seguido mais uma vez pela China. Nesta mesma pesquisa, o Brasil subiu da quarta para a
segunda colocação do ranking dos países com maior potencial de ganhos com investimento
em imóveis, situando-se atrás apenas dos Estados Unidos. No ranking das melhores cidades
para se investir, São Paulo pulou da 26ª para a 4ª colocação, atrás de Nova Iorque, Londres e
Washington (HAMILTON, 2012). Entretanto, conforme pesquisa da Cushman & Wakefield,
o Rio de Janeiro superou Nova Iorque no posto de aluguel comercial mais caro das Américas,
seguido de perto por São Paulo (PACKARD, 2011). Tendo o preço dos imóveis acompanhado
2
esta valorização, o investimento direto em imóveis nas grandes cidades brasileiras está em
valor muito elevado em relação ao poder aquisitivo da maior parte da população.
Para superar a barreira do alto valor necessário para se adquirir um imóvel nos grandes
centros urbanos, investidores podem optar por comprar cotas de FIIs em valores muito
inferiores, satisfazendo o desejo de aplicar em imóveis com menos necessidade de capital.
Nesta dissertação, nós comparamos a rentabilidade dos FIIs com a valorização de outros
ativos do mercado e através do teste não paramétrico Kruskal-Wallis verificamos se de fato
houve uma rentabilidade significativamente superior dos FIIs no período.
Outro fator que pode ter influenciado no aumento do investimento em FIIs é a percepção do
brasileiro de segurança, em tempos de crise econômica, no investimento imobiliário.
HOTELLING (1929) enfatiza que os preços dos imóveis são indiferentes às variações de
mercado, tendo em vista que os imóveis detêm o monopólio daquele espaço que ocupam.
Desta forma, analisamos os principais fatores do mercado que poderiam impactar na
rentabilidade dos FIIs, individualmente ou conjuntamente, verificando ainda se existe alguma
parcela da rentabilidade constante totalmente alheia aos fatores de mercado (alfa de Jensen).
Nossa análise é baseada em regressões pelo método dos mínimos quadrados, utilizando os
FIIs como variável dependente e o índice IMOB, representativo da rentabilidade de empresas
de construção civil, intermediação imobiliária e exploração de imóveis, como variável
explicativa. Como a gestão e os ativos dos FIIs são muito similares aos das empresas inscritas
no IMOB, é de se esperar que tal índice esteja intimamente correlacionado com os FIIs.
Repetimos a análise usando o IBOVESPA, índice representativo de todo o mercado, como
variável explicativa. Adiante, analisamos, pelo mesmo método de regressão, se há relação
3
entre a rentabilidade dos FIIs e as variações do valor do dólar, IGP-M, IMA-C, juros e o
índice de preços de imóveis FIPE ZAP.
Estudos anteriores analisaram a rentabilidade de fundos imobiliários ou discorreram sobre a
influência dos fatores de mercado nos preços de imóveis. PEREIRA (2010) comparou as
vantagens do investimento em cotas de FIIs frente à aquisição direta de imóveis. Enquanto
VOGEL (2006) analisou os impactos das variações nas taxas de juros no preço de imóveis
destinados exclusivamente para locação. CHUNG (2010) estudou a correlação entre as
cotações dos REITs nos Estados Unidos, equivalente aos FIIs no Brasil, com o setor
imobiliário e entre si, chegando à conclusão de que a existência destas correlações depende de
quem são os cotistas dos fundos. Porém nenhum dos trabalhos aqui citados analisa
diretamente se há fatores de mercado que podem ser relacionados à rentabilidade dos FIIs ou,
ainda, se existe uma parcela do retorno dos fundos independente de qualquer fator de
mercado, ou seja, se há a presença de um alfa de Jensen significativo na regressão traçada.
Os principais resultados de nosso estudo são os seguintes: (1) Apesar de os FIIs terem um
retorno consistentemente superior a outros ativos e índices do mesmo setor e de todo o
mercado, tal ganho não é estatisticamente superior devido à alta volatilidade destes retornos;
(2) Conjuntamente, os FIIs detêm um alfa de Jensen significativo quando comparados ao
mercado imobiliário, porém esta relação não se verifica individualmente com a maioria dos
FIIs testados, tendo em vista a baixa correlação apresentada entre os FIIs; e (3) Os diversos
fatores de mercado analisados não detêm qualquer relação com a rentabilidade dos FIIs,
reforçando a tese de que estes ativos respondem muito pouco aos movimentos de mercado.
Por último, buscamos fatores de fora do mercado que possam explicar não só o aumento do
volume investido em FIIs como também sua rentabilidade no período. Dentre os possíveis
4
candidatos estão as recentes mudanças regulatórias e tributárias que vêm estimulando o
desenvolvimento do mercado de FIIs.
Pela baixa correlação entre os FIIs e diversos fatores do mercado, os resultados deste estudo
sugerem que a aplicação em FIIs pode ser uma opção válida de diversificação da carteira de
investimento tanto para os pequenos poupadores quanto para os gestores de fundos de
investimento que possam aplicar em cotas de FIIs. Somado a este fato e ao bom histórico de
rentabilidade apresentado pelos FIIs, as recentes modificações implementadas pelos órgãos
governamentais parecem ter surtido o efeito desejado, atraindo recursos para este importante
setor da economia nacional que é a construção civil.
O restante desta dissertação está organizado da forma adiante exposta. A segunda sessão
expõe a base de dados e a rentabilidade dos ativos analisados. A terceira sessão detalha a
metodologia utilizada neste estudo. Na quarta sessão os resultados são demonstrados e
discutidos. Na quinta sessão apresentamos uma revisão da legislação. Finalmente, na sexta
sessão, apresentamos a conclusão deste trabalho.
5
2 BASE DE DADOS E RENTABILIDADE DOS ATIVOS
Para fins de base de comparação da rentabilidade dos FIIs foi utilizado o índice IBOVESPA
como referência do mercado como um todo e o índice IMOB para o mercado imobiliário,
ambos os índices divulgados pela BM&F Bovespa que mede, respectivamente, o
comportamento das ações das principais empresas listadas e de empresas representativas dos
setores da atividade imobiliária compreendidos por construção civil, intermediação
imobiliária e exploração de imóveis. As ações componentes são selecionadas por sua liquidez,
e são ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.
Assim como a maior parte dos índices acionários, o IMOB teve uma volatilidade atípica
durante e após a crise de 2008, caindo 64% em 2008 e se recuperando em 205% no ano
seguinte. Já o IBOVESPA oscilou um pouco menos, caindo 37% em 2008 e subindo 83% no
ano seguinte. Para mitigar o efeito da crise econômica na análise da rentabilidade acumulada
dos ativos, utilizamos como data base para fins de análise 31 de janeiro de 2008.
De forma a obtermos dados confiáveis e em periodicidade estatisticamente relevante,
utilizamos apenas os dados dos FIIs registrados para negociação na BM&F Bovespa que
distribuam proventos e tenham suas cotações diárias regularmente divulgadas. Ao final de
maio de 2012, havia 64 FIIs que atendiam a estas condições, sendo 25 em mercado de balcão
e 39 em bolsa. Destes, 14 eram registrados no início de 2008 (8 no balcão e 6 na bolsa) e
foram utilizados em nossa análise. Faz-se importante ressaltar que estes 14 FIIs eram os
únicos fundos que atingiam os critérios aqui expostos no início de 2008. Ou seja, nenhum FII
elegível para este estudo no início de 2008 foi excluído da amostra por ter sido descontinuado,
eliminando assim qualquer problema de viés na seleção destes ativos.
6
Quando da distribuição de proventos por empresas emissoras de ações pertencentes aos
índices IMOB e IBOVESPA, são efetuados os ajustes necessários de modo a assegurar que os
índices reflitam não somente as variações das cotações da ação, como também o impacto da
distribuição dos proventos. Em função desta metodologia, os índices IMOB e IBOVESPA são
considerados índices que avaliam o retorno total das ações componentes de suas carteiras. Por
conseguinte, acrescentamos a distribuição dos proventos ao retorno dos FIIs em análise.
De acordo com o Gráfico I elaborado pelo site FUNDO IMOBILIÁRIO (2012), o retorno
médio de todos os FIIs registrados na CVM desde o início de 2008 até maio de 2012 supera,
com margem considerável, tanto o IMOB quanto o próprio IBOVESPA. O índice do Gráfico I
considera a rentabilidade de cada um dos 16 FIIs registrados para negociação na CVM
ponderados pela capitalização de mercado de cada um deles. O cálculo da rentabilidade é
feito através da taxa interna de retorno, considerando a variação da cota do fundo e as
distribuições de proventos. A capitalização de mercado é igual ao valor da cota multiplicado
pelo número de cotas do FII em cada data de referência.
Gráfico I – Retornos Acumulados dos FIIs, IBOVESPA e IMOB
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Os FIIs analisados neste estudo tiveram desempenho semelhante à média do Gráfico I.
Conforme Tabelas I e II, todos os 6 fundos negociados no mercado de bolsa e os 8 negociados
no mercado de balcão tiveram uma rentabilidade acumulada superior àquelas observadas para
o IMOB e IBOVESPA no período.
Tabela I – Rentabilidade FIIs no Mercado de Balcão
Tabela II – Rentabilidade FIIs na Bolsa
Rentabilidade (%) IMOB IBOVESPA FII TORRE AL FII BB PROGR FII OURINVES FII ALMIRANT FII CRIANCA FII HOTEL MX FII LOURDES FII TORRE NO
2008 * -64% -37% -3% 12% 7% 6% 1% 5% 12% -2%
2009 205% 83% 46% 45% 28% 42% 49% 36% 30% 31%
2010 10% 1% 30% 23% 18% 25% 20% 44% 21% 37%
2011 -28% -18% 18% 49% 6% 32% -15% 28% -15% 10%
2012 ** 1% -4% 21% 3% 4% 6% 14% 18% 17% 19%
Acumulado Período -13% -8% 164% 206% 78% 162% 75% 210% 74% 132%
* A partir de 31 de Janeiro de 2008
** Até 31 de Maio de 2012
Rentabilidade percentual do IMOB, IBOVESPA e FIIs negociados no mercado de Balcão
8
Exceto pelo FII ABC no ano de 2010, FII PANAMBY em 2011 e pelo ano de 2009 em que o
IMOB e o IBOVESPA tiveram um retorno excepcionalmente alto devido à queda do ano
anterior, todos os FIIs tiveram retorno superior ao IMOB em todos os outros anos analisados.
Em seguida, analisamos o desvio padrão das séries de excesso de retornos logarítmicos,
considerando a SELIC como taxa livre de risco. Como era de se esperar, os FIIs listados para
negociação no mercado de balcão, mais restrito, tiveram um desvio padrão menor do que os
FIIs listados na bolsa. Analisando a Tabela III, nota-se que a volatilidade dos retornos dos
FIIs é expressivamente menor do que a volatilidade do IMOB e do IBOVESPA no período.
Este resultado também era esperado visto que as aplicações financeiras dos FIIs são
integralmente lastreadas em ativos imobiliários, naturalmente menos sujeitos a flutuações
abruptas no preço.
Tabela III – Demonstrativo Volatilidade FIIs no Mercado de Balcão
Rentabilidade (%) IMOB IBOVESPA FII ABC IMOB FII EUROPAR FII S F LIMA FII A BRANCA FII PANAMBY FII HIGIENOP
2008 * -64% -37% 9% -3% 15% 30% 1% -5%
2009 205% 83% 61% 32% 42% 15% 8% 35%
2010 10% 1% -7% 21% 50% 31% 36% 41%
2011 -28% -18% 3% 3% -1% 13% -31% -1%
2012 ** 1% -4% 7% 18% 15% 22% 16% 36%
Acumulado Período -13% -8% 82% 87% 179% 169% 18% 144%
* A partir de 31 de Janeiro de 2008
** Até 31 de Maio de 2012
Rentabilidade percentual do IMOB, IBOVESPA e FIIs negociados no mercado de Bolsa
Rentabilidade (%) IMOB IBOVESPA FII TORRE AL FII BB PROGR FII OURINVES FII ALMIRANT FII CRIANCA FII HOTEL MX FII LOURDES FII TORRE NO
2008 * 19% 11% 3% 2% 5% 2% 7% 1% 4% 3%
2009 15% 6% 3% 3% 4% 4% 6% 4% 7% 4%
2010 8% 5% 4% 3% 2% 3% 6% 4% 2% 5%
2011 7% 5% 3% 6% 3% 4% 3% 6% 6% 2%
2012 ** 9% 9% 7% 6% 5% 1% 11% 7% 4% 2%
Acumulado Período 14% 8% 4% 4% 4% 3% 6% 5% 5% 4%
* A partir de 31 de Janeiro de 2008
** Até 31 de Maio de 2012
Desvio Padrão do IMOB, IBOVESPA e FIIs negociados no mercado de Balcão
9
Entretanto, os FIIs listados em bolsa, conforme Tabela IV, apesar de demonstrarem na média
um desvio padrão inferior ao IBOVESPA e ao IMOB, já não apresentam uma diferença de
volatilidade tão expressiva. O fato de estarem listados em bolsa facilita o movimento
especulativo de investidores, mascarando assim a menor volatilidade dos preços dos imóveis.
Tabela IV – Demonstrativo Volatilidade FIIs na Bolsa
Por fim, para testar o grau de significância da superioridade de rentabilidade de cada FII sobre
o IMOB e o IBOVESPA não se pode utilizar o teste t para médias, pois não há normalidade
na distribuição das séries analisadas. Assim sendo, aplicamos o teste não paramétrico
Kruskal-Wallis, cuja hipótese nula é de igualdade das médias. Este teste é recomendado para
3 ou mais amostras e identifica se alguma das médias difere significativamente das demais.
Como observamos, pelo Gráfico I e pela correlação testada de 84% entre os índices, que o
IMOB e o IBOVESPA têm médias próximas, testamos cada FII contra o IMOB e o
IBOVESPA, pois qualquer desvio na média terá grande chance de ser creditado ao FII em
relação a estes outros 2 índices. Utilizamos um nível de significância de 5% para aceitar ou
rejeitar a hipótese nula. Os resultados são apresentados e analisados na quarta sessão deste
estudo.
Rentabilidade (%) IMOB IBOVESPA FII ABC IMOB FII EUROPAR FII S F LIMA FII A BRANCA FII PANAMBY FII HIGIENOP
2008 * 19% 11% 16% 2% 8% 7% 2% 6%
2009 15% 6% 7% 5% 6% 2% 9% 8%
2010 8% 5% 4% 2% 7% 3% 7% 7%
2011 7% 5% 3% 2% 2% 2% 9% 3%
2012 ** 9% 9% 1% 3% 5% 2% 11% 9%
Acumulado Período 14% 8% 8% 3% 6% 4% 8% 7%
* A partir de 31 de Janeiro de 2008
** Até 31 de Maio de 2012
Desvio Padrão do IMOB, IBOVESPA e FIIs negociados no mercado de Bolsa
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3 METODOLOGIA
Para fins de análise dos retornos dos FIIs e a fim de investigarmos se há algum componente
deste retorno que não possa ser explicado pelos riscos do mercado imobiliário ou do mercado
como um todo, tomamos como base o modelo de precificação de ativos financeiros, CAPM,
amplamente utilizado no mercado financeiro. Conforme testado por BLACK (1972) o CAPM
é um modelo de precificação de ativos tomados individualmente ou de carteiras de ativos
baseado no princípio de que o custo de capital corresponde à taxa de rentabilidade exigida
pelos investidores como compensação pelo risco de mercado ao qual estão expostos.
Resumidamente, para fins deste estudo, a fórmula do CAPM é dada por:
Ri-Rf = β (Rm-Rf)
Ri = Retorno esperado do ativo
Rf = Taxa de juros livre de riscos
β = coeficiente que representa a sensibilidade dos retornos do ativo em relação aos do
mercado
Rm = Retorno do mercado
A diferença entre Rm e Rf é convencionada como prêmio de mercado ou prêmio de risco.
Assim, podemos observar pela fórmula do CAPM que o prêmio de risco deve ser equivalente
ao excesso de retorno de cada ativo em relação à taxa livre de risco dividido pelo seu
coeficiente beta.
11
Entretanto, pelos retornos observados dos FIIs acreditamos que exista um prêmio (procurar
“constante” e excluir) adicional ao prêmio de risco quando comparados à rentabilidade do
IMOB ou do IBOVESPA. JENSEN (1964) em sua pesquisa sobre gestores de fundos,
incrementou a constante alfa à fórmula original do CAPM argumentando que se um fundo
específico conseguir obter um retorno adicional e constante ao mercado é devido a uma
capacidade especial de seu gestor que não está disponível ao mercado como um todo.
Em nosso estudo, a existência de um retorno constante adicional ao mercado imobiliário e ao
mercado como um todo pode ser um dos motivadores para que investidores tenham optado
por investimento em FIIs. Adaptamos, assim, a fórmula da medida de Jensen de modo a testar
se o valor estimado de alfa chapéu é significativamente maior do que zero, com alguma
significância estatística (“Regressão 1”):
Ri-Rf = α + β (Rm-Rf) + ε
Onde,
Ri = Retorno da média dos FIIs ou de cada FII individualmente
Rf = Retorno do ativo livre de risco (SELIC)
Rm = Retorno do IMOB ou do IBOVESPA
α = Constante - Alfa de Jensen
ε = Variável aleatória cujo valor esperado é zero.
Como veremos na sessão seguinte de resultados, tanto o IMOB quanto o IBOVESPA não
explicam satisfatoriamente as variações de rentabilidade dos FIIs. Desta forma, buscamos
montar outras equações de regressão com fatores de mercado que pudessem ser relacionados à
rentabilidade dos FIIs. Foram utilizados os fatores relacionados a seguir:
12
· Variação da cotação do dólar americano em reais. Além do impacto na inflação
brasileira, a cotação do dólar pode atrair ou afastar investidores estrangeiros que têm
participação tanto no mercado imobiliário nacional quanto no mercado de fundos. Os
dados foram extraídos diretamente do site do Banco Central do Brasil
(www.bcb.com.br).
· Variação mensal na taxa de juros DIxPRÉ de um ano. A taxa de juros da economia
mantém uma relação inversamente proporcional ao preço dos imóveis, principalmente
os residenciais, pois quanto menores os juros menores serão as prestações que o
comprador do imóvel terá a pagar e, consequentemente, os preços dos imóveis tendem
a subir. Os dados foram extraídos diretamente do site do Banco Central do Brasil
(www.bcb.com.br).
· Série histórica mensal do IGP-M. Este é o índice que reajusta os alugueres
imobiliários que são as principais fontes de renda dos FIIs. Os dados foram extraídos
diretamente do site do site da Fundação Getúlio Vargas (portal.fgv.br).
· Média dos preços de venda dos imóveis nos municípios do Rio de Janeiro e São Paulo
(FIPE ZAP). Como a maior parte dos FIIs analisados aplica os recursos quase que
exclusivamente em imóveis localizados no eixo Rio de Janeiro/São Paulo, fizemos
uma média aritmética dos preços de venda dos imóveis nessas duas capitais
anunciados na internet através do site ZAP. Os dados foram extraídos diretamente do
site do ZAP Imóveis (www.zap.com.br/imoveis/fipe-zap).
As regressões utilizadas com os fatores descritos acima podem ser resumidas através da
seguinte equação (“Regressão 2”):
13
Onde,
Ri = Retorno da média dos FIIs ou de cada FII individualmente
Rf = Retorno do ativo livre de risco (SELIC)
Rm = Retorno do IMOB ou do IBOVESPA
α = Constante - Alfa de Jensen
= Variação da cotação do dólar americano em reais
= Variação mensal na taxa de juros DI x PRÉ de um ano
= Série histórica mensal do IGP-M
= Média dos preços de venda dos imóveis
ε = variável aleatória cujo valor esperado é zero.
A seguir, como a totalidade dos FIIs analisados têm suas carteiras baseadas em imóveis para
locação, buscamos um índice de mercado que precifique imediatamente as variações na
expectativa do IGP-M, que por reajustar os contratos de locação, está intimamente ligado à
expectativa do preço dos alugueres. Este índice é o IMA-C divulgado diariamente pela
ANBIMA em seu site (www.anbima.com.br). O IMA-C é da família dos Índices de Mercado
ANBIMA e representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos
indexados ao IGP-M. Montamos, assim, a equação abaixo (“Regressão 2”):
Onde,
Ri = Retorno da média dos FIIs ou de cada FII individualmente
Rf = Retorno do ativo livre de risco (SELIC)
14
Rm = Retorno do IMOB
α = Constante - Alfa de Jensen
= Variação mensal do IMA-C
ε = Variável aleatória cujo valor esperado é zero.
Faz-se importante ressaltar que há uma limitação de liquidez nas negociações de cotas de FIIs
no mercado secundário, o que pode influenciar no resultado dos testes. Adicionalmente,
eventos não recorrentes dentro das carteiras de cada um dos FIIs também podem afetar o
resultado destas regressões. Alguns destes eventos pontuais chamaram a atenção do autor tais
como as liminares judiciais que reduziram os alugueres nas carteiras dos fundos CRIANÇA e
LOURDES (VALOR ONLINE) e o acordo do fundo PANAMBY em que este doou fração do
seu imóvel aos órgãos públicos a fim de obter as devidas licenças para o seu projeto (ATA
PANAMBY). Todos os eventos descritos impactaram negativamente as cotas de seus
respectivos fundo em mais de 15% (quinze por cento) em um único mês.
Por fim, de forma a verificar o grau de correlação entre as carteiras de cada um dos FIIs,
montamos duas matrizes de correlação, sendo a primeira entre os FIIs listados no mercado de
balcão e a média dos quatorze FIIs analisados e a segunda entre os FIIs listados no mercado
de bolsa e a média dos quatorze FIIs analisados.
15
4 RESULTADOS
4.1 SIGNIFICÂNCIA DO EXCESSO DE RETORNO DOS FIIS COMPARADOS AO
RETORNO DE MERCADO
A fim de verificar se a aparente superioridade na rentabilidade dos FIIs frente ao IBOVESPA
e ao IMOB é estatisticamente relevante, utilizamos o teste não paramétrico Kruskal-Wallis e
observamos que nenhum dos FIIs possui rentabilidade estatisticamente significante superior
ao IBOVESPA ou IMOB.
Tabela V – Resultado Teste Kruskal-Wallis
O resultado acima pode ser parcialmente atribuído à enorme volatilidade encontrada,
principalmente nos índices IMOB e IBOVESPA. Embora visualmente na comparação dos
gráficos de rentabilidade seja intuitivo inferir que há uma superioridade na rentabilidade dos
FII frente ao IMOB e ao IBOVESPA, como o desvio padrão é muito alto, estatisticamente
esta superioridade não é relevante. Conforme calculado pelo autor e apresentado na segunda
FUNDO p - valor RESULTADOFII HOTEL MX 0,26 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII BB PROGR 0,26 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII S F LIMA 0,44 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII A BRANCA 0,40 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII TORRE AL 0,35 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII ALMIRANT 0,34 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII HIGIENOP 0,63 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII TORRE NO 0,43 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII EUROPAR 0,56 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII ABC IMOB 0,81 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII OURINVES 0,60 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII CRIANCA 0,70 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII LOURDES 0,58 não rejeito hipótese de igualdade de médias
FII PANAMBY 0,86 não rejeito hipótese de igualdade de médias
16
sessão deste estudo, o desvio padrão do excesso da rentabilidade mensal em log natural do
IMOB é de 14% para o período, frente a 8% do IBOVESPA e a 5 % na média para os FIIs.
Tendo em vista que a média do excesso da rentabilidade mensal em log natural do IMOB,
IBOVESPA e FIIs foram respectivamente -1,11%, -1,02% e 0,78% é possível perceber a
magnitude dos desvios padrões citados.
4.2 PARCELA DA RENTABILIDADE DOS FIIS INDIFERENTE ÀS FLUTUAÇÕES
DE MERCADO – ALFA DE JENSEN
Utilizando a Regressão 1, descrita na sessão Metodologia, e um nível de significância de 5%,
a média do excesso de retornos logarítmicos dos FIIs quando regredidos contra o IMOB ou
IBOVESPA apresenta um Alfa de Jensen altamente significativo. Isso nos indica que, quando
analisados conjuntamente, os FIIs têm um retorno constante positivo que não pode ser
explicado pelas condições de mercado.
Tabela VI – Significância do Alfa de Jensen na Regressão da Média dos retornos dos FIIs
Variável Dependente: Média Rentabilidade FIIs Variável Dependente Beta Desvio Padrão t-Stat P-Valor. IMOB 0.065790 0.020671 3.182677 0.0025
α 0.008556 0.002839 3.014284 0.0040 Variável Dependente: Média Rentabilidade FIIs
Variável Dependente Beta Desvio Padrão t-Stat P-Valor. IBOVESPA 0.100997 0.038256 2.640026 0.0110
α 0.008858 0.002933 3.020211 0.0040
17
Fizemos o mesmo teste para cada um dos FIIs individualmente e, dentre os fundos negociados
no mercado de balcão, apenas ALMIRANT, HOTELMX, TORREAL e BBPROGR
apresentaram um Alfa de Jensen positivo e estatisticamente significante quando comparados
com o IMOB e com o IBOVESPA.
Tabela VII – FIIs Negociados no Mercado de Balcão – Comparação IMOB
Tabela VIII - FIIs Negociados no Mercado de Balcão – Comparação IBOVESPA
Já no mercado de bolsa, não houve nenhum FII que apresentasse um alfa de Jensen
significativo dentro do nível de significância estipulado. Vale mencionar que o ABRANCA
apresentou um alfa de Jensen positivo com p-valor de 0,066 quando comparado com o IMOB
FUNDO RENTABILIDADE ALFA p (ALFA)
FII HOTEL MX 210% 0,01368 0,03
FII BB PROGR 206% 0,01372 0,02
FII TORRE AL 164% 0,01106 0,04
FII ALMIRANT 162% 0,01048 0,02
FII TORRE NO 132% 0,00758 0,13
FII OURINVES 78% 0,00322 0,54
FII CRIANCA 75% 0,00289 0,75
FII LOURDES 74% 0,00239 0,73
FUNDO RENTABILIDADE ALFA p (ALFA)
FII HOTEL MX 210% 0,01 0,04
FII BB PROGR 206% 0,01 0,01
FII TORRE AL 164% 0,01 0,04
FII ALMIRANT 162% 0,01 0,02
FII TORRE NO 132% 0,01 0,12
FII OURINVES 78% 0,00 0,37
FII CRIANCA 75% 0,00 0,81
FII LOURDES 74% 0,00 0,73
18
e 0,055 quando comparado com o IBOVESPA, ficando muito próximo do nível de
significância utilizado neste estudo.
Tabela IX - FIIs Negociados no Mercado de Bolsa – Comparação IMOB
Tabela X - FIIs Negociados no Mercado de Bolsa – Comparação IBOVESPA
Cabe ressaltar que, estatisticamente, utilizando um nível de 5% de significância em uma
amostragem de 14 fundos, era de se esperar que na média ao menos um fundo demonstrasse
alfa de Jensen cujo valor positivo ou negativo fosse significativo, meramente pelo acaso.
Ademais, como todos os fundos tiveram um retorno acima do IMOB e do IBOVESPA, é de
se esperar que os betas de cada fundo fossem positivos, conforme demonstrado nas Tabelas X
e XI, com exceção de dois resultados negativos cujos betas são altamente não significativos.
De acordo com JENSEN, isto resulta num viés de resultado negativo para o alfa de Jensen,
visto que a linha de regressão pelo método de mínimos quadrados deve passar pela origem.
FUNDO RENTABILIDADE ALFA p (ALFA)
FII S F LIMA 179% 0,01288 0,12
FII A BRANCA 169% 0,01065 0,07
FII HIGIENOP 144% 0,01035 0,25
FII EUROPAR 87% 0,00412 0,33
FII ABC IMOB 82% 0,00389 0,73
FII PANAMBY 18% -0,00498 0,65
FUNDO RENTABILIDADE ALFA p (ALFA)
FII S F LIMA 179% 0,01 0,11
FII A BRANCA 169% 0,01 0,06
FII HIGIENOP 144% 0,01 0,22
FII EUROPAR 87% 0,00 0,28
FII ABC IMOB 82% 0,00 0,75
FII PANAMBY 18% 0,00- 0,67
19
Apesar disso, nenhum fundo apresentou um alfa de Jensen negativo estatisticamente
significante.
Tabela XI – Beta dos FIIs comparação IMOB
Tabela XII – Beta dos FIIs comparação IBOVESPA
FUNDO BETA p (BETA) RENTABILIDADE
FII HOTEL MX 0,0450 0,33 210%
FII BB PROGR 0,0710 0,08 206%
FII S F LIMA 0,1507 0,01 179%
FII A BRANCA 0,0179 0,67 169%
FII TORRE AL 0,0883 0,03 164%
FII ALMIRANT 0,0430 0,19 162%
FII HIGIENOP 0,1612 0,02 144%
FII TORRE NO -0,0056 0,88 132%
FII EUROPAR 0,0575 0,06 87%
FII ABC IMOB 0,0870 0,30 82%
FII OURINVES 0,0616 0,11 78%
FII CRIANCA 0,0611 0,35 75%
FII LOURDES 0,0230 0,65 74%
FII PANAMBY 0,0305 0,71 18%
FUNDO BETA p (BETA) RENTABILIDADE
FII HOTEL MX 0,02 0,83 210%
FII BB PROGR 0,12 0,11 206%
FII S F LIMA 0,22 0,05 179%
FII A BRANCA 0,06 0,39 169%
FII TORRE AL 0,15 0,04 164%
FII ALMIRANT 0,07 0,22 162%
FII HIGIENOP 0,26 0,03 144%
FII TORRE NO 0,02 0,74 132%
FII EUROPAR 0,06 0,05 87%
FII ABC IMOB 0,08 0,61 82%
FII OURINVES 0,18 0,01 78%
FII CRIANCA -0,01 0,94 75%
FII LOURDES 0,03 0,75 74%
FII PANAMBY 0,05 0,74 18%
20
O fato de muitos dos FIIs individualmente não demonstrarem alfa significativo pode ser
atribuído em parte à grande volatilidade dos retornos, conforme discutimos na segunda sessão
deste estudo. Já a não significância dos betas é ocasionada pelo fato das carteiras destes FIIs
serem altamente concentradas em poucos imóveis que estão arrendados por períodos longos.
Desta forma, quando utilizamos a média do retorno dos FIIs, obtemos uma carteira menos
volátil, contribuindo para a significância do alfa e ao mesmo tempo mais suscetível aos
diversos movimentos do mercado, contribuindo para a significância do beta.
O Gráfico II divide os fundos em quatro quadrantes dependendo do retorno total que cada FII
teve ao longo de todo o período e o beta obtido na regressão linear feita contra o IMOB.
Quanto menor o beta obtido, melhor o resultado para o investidor, visto que este está menos
exposto às perdas ocasionadas por variações no mercado imobiliário. Por motivos evidentes, a
rentabilidade total mantém relação direta com a preferência do investidor. Assim, é de se
esperar que os FIIs que representam o melhor investimento estejam no primeiro quadrante.
Todos os quatro FIIs que têm alfa positivo e significativo e o ABRANCA que se encontra
muito próximo do nível de significância desejado se encontram dentro deste primeiro
quadrante.
Gráfico II – Retorno Acumulado Versus Betas dos FIIs desde 2008
21
Conforme aqui disposto, todos os FIIs que tiveram um alfa de Jensen positivo e significativo a
um nível de 5% são negociados no mercado de balcão. Este resultado pode num primeiro
momento contrariar a expectativa do leitor, tendo em vista que os fundos negociados em bolsa
têm uma vantagem sobre os negociados em balcão, pois desde que cumpram certos critérios
previstos na lei 11.165 gozam de isenção do Imposto de Renda sobre as distribuições pagas
aos cotistas pessoas físicas. Assim, era de se esperar que houvesse uma parcela do retorno
para estes cotistas que não dependesse do risco do mercado imobiliário, culminando num alfa
de Jensen positivo. É possível, porém, que este seja exatamente um dos motivos da ausência
de um alfa significativo. Como a lei 11.165 foi editada em 2005 e a amostragem deste estudo
inicia-se em 2008, os cotistas pessoas físicas provavelmente consideraram este benefício
tributário anteriormente à decisão de investir no mercado imobiliário. Ou seja, todo o
benefício tributário já havia sido precificado no valor da cota de entrada, fazendo com que os
Ren
tabi
lidad
e A
cum
ulad
a
Beta
22
retornos dos FIIs negociados na bolsa sejam explicados apenas por condições do mercado
imobiliário.
4.3 CORRELAÇÃO ENTRE OS FIIS
Em consonância com a não significância dos betas apresentada no subitem acima, a
correlação entre os FIIs é significativamente baixa, conforme demonstrada nas Tabelas XII e
XIII. Este fato pode ser atribuído à concentração das carteiras dos FIIs em imóveis locados
por períodos longos, com valores de aluguéis atualizados pelo IGP-M, fazendo com que a
sensibilidade da rentabilidade de cada um dos FIIs sofra pouca interferência de fatores alheios
às locações de suas próprias carteiras.
Tabela XIII- Correlação entre os FIIs listados no mercado de Balcão
FUNDOS MÉDIAFIIS ALMIRANT BBPROGR CRIANCA HOTELMX LOURDES OURINVES TORREAL TORRENO
MÉDIAFIIS 1.000000 0.093214 0.231995 0.315057 0.391073 0.506280 0.455921 0.484339 0.473110
ALMIRANT 0.093214 1.000000 0.513723 0.140377 -0.220086 -0.099425 -0.010985 0.089869 -0.038743
BBPROGR 0.231995 0.513723 1.000000 0.038899 -0.171711 0.007161 0.178699 0.062437 0.036453
CRIANCA 0.315057 0.140377 0.038899 1.000000 0.102802 0.176166 -0.021224 0.098941 0.092341
HOTELMX 0.391073 -0.220086 -0.171711 0.102802 1.000000 0.208107 0.121359 0.180204 0.293221
LOURDES 0.506280 -0.099425 0.007161 0.176166 0.208107 1.000000 0.337155 0.086161 0.126455
OURINVES 0.455921 -0.010985 0.178699 -0.021224 0.121359 0.337155 1.000000 0.340783 0.074151
TORREAL 0.484339 0.089869 0.062437 0.098941 0.180204 0.086161 0.340783 1.000000 0.472026
TORRENO 0.473110 -0.038743 0.036453 0.092341 0.293221 0.126455 0.074151 0.472026 1.000000
Tabela XIV - Correlação entre os FIIs listados na Bolsa
FUNDOS MÉDIAFIIS ABCIMOB ABRANCA EUROPAR HIGIENOP PANAMBY SFLIMA
MÉDIAFIIS 1.000000 0.490873 0.465455 0.461744 0.400728 0.389866 0.696763
ABCIMOB 0.490873 1.000000 0.483948 0.047454 -0.035380 -0.005949 0.378038
ABRANCA 0.465455 0.483948 1.000000 0.134290 -0.049996 -0.006834 0.448091
EUROPAR 0.461744 0.047454 0.134290 1.000000 0.249393 0.214369 0.131314
HIGIENOP 0.400728 -0.035380 -0.049996 0.249393 1.000000 0.003908 0.243886
PANAMBY 0.389866 -0.005949 -0.006834 0.214369 0.003908 1.000000 0.253095
SFLIMA 0.696763 0.378038 0.448091 0.131314 0.243886 0.253095 1.000000
23
4.4 RELAÇÃO ENTRE OS FIIS E DEMAIS FATORES DE MERCADO
A partir da Regressão 2, buscamos alguns índices e cotações que pudessem explicar a
variação dos FIIs. Entretanto, conforme as Tabelas XIV e XV, não foi encontrada qualquer
relação significativa que ajudasse a explicar a variação na rentabilidade dos FIIs.
Tabela XV – Significância do Coeficiente de Cada Fator de Mercado – Balcão
P-Valor de Cada Fator de Mercado em Cada Regressão
FIIs BALCÃO DÓLAR DI X PRÉ IGP-M FIPE ZAP
FII TORRE AL 0.4878 0.3748 0.4525 0.2277
FII BB PROGR 0.5169 0.0348 0.7853 0.1825
FII OURINVES 0.3383 0.7846 0.5724 0.2308
FII ALMIRANT 0.0984 0.0062 0.2864 0.6232
FII CRIANCA 0.3778 0.2042 0.4600 0.5500
FII HOTEL MX 0.1201 0.2708 0.0477 0.1718
FII LOURDES 0.6285 0.3714 0.2864 0.4865
FII TORRE NO 0.3288 0.2943 0.7147 0.7616
MÉDIA FIIS 0.4937 0.3840 0.6079 0.3327
Tabela XVI – Significância do Coeficiente de Cada Fator de Mercado - Bolsa
P-Valor de Cada Fator de Mercado em Cada Regressão
FIIs BOLSA DÓLAR DI X PRÉ IGP-M FIPE ZAP
FII ABC IMOB 0.5126 0.1880 0.2152 0.1620
FII EUROPAR 0.4463 0.2518 0.7902 0.7290
FII S F LIMA 0.9120 0.8748 0.1639 0.9963
FII A BRANCA 0.2304 0.4500 0.3135 0.3475
FII PANAMBY 0.4293 0.9276 0.4938 0.6266
FII HIGIENOP 0.1280 0.9034 0.9988 0.8668
MÉDIA FIIS 0.4937 0.3840 0.6079 0.3327
Nos fundos ALMIRANT e BBPROGR, a variável DI x PRÉ aparece como sendo
significativa. Porém, o resultado desta variável nos demais fundos e na média dos fundos
24
indica que esta significância pode ser creditada a uma relação espúria. Segundo VOGEL
(2006), as variações nas taxas de juros não exercem impacto sobre imóveis estabilizados, ou
seja, que já estão sendo explorados comercialmente. Este tipo de imóvel compõe a maior
parte da carteira dos FIIs analisados, explicando assim a não significância da variável DI x
PRÉ.
Analisando a variável DÓLAR, vê-se que esta poderia impactar as cotações dos FIIs
indiretamente por sua contribuição na inflação ou diretamente através da entrada e saída de
investimento estrangeiro. No entanto, os custos iniciais para se investir no Brasil somados à
tributação do IOF devem inibir o investidor estrangeiro de especular a cada movimento
cambial.
O p-valor alto para o IGP-M já era esperado devido ao impacto atrasado que este tem no
reajuste dos alugueres meses depois. Porém, rodamos a regressão com o IGP-M defasado em
um e em dois períodos, mas isso não tornou o IGP-M significante frente aos FIIs.
Similarmente, a variação no preço dos imóveis divulgados pelo FIPE ZAP também leva
algum tempo para impactar nos valores dos alugueres, mas seu p-valor não ficou dentro dos
níveis de significância nem quando a série é defasada em até dois períodos.
Por último, calculamos a Regressão 3, utilizando o IMA-C, porém, com exceção dos FIIs
LOURDES e EUROPAR, todos os demais fundos não obtiveram um p-valor estatisticamente
significante para a inclusão do IMA-C na regressão, conforme demonstrado nas Tabelas XVI
e XVII. A significância do IMA-C em apenas duas das quinze amostras não nos permite
concluir que há qualquer relação entre este índice de mercado e a rentabilidade dos FIIs.
25
Tabela XVII - Significância dos Coeficientes do IMA-C e IMOB – Balcão
P-Valor de Cada Fator de Mercado em Cada Regressão
FIIs BALCÃO β IMOB P-valor IMOB β IMA-C P-valor IMA-C
FII TORRE AL 0.092974 0.0196 0.497042 0.2326
FII BB PROGR 0.067449 0.1036 (0.376149) 0.3906
FII OURINVES 0.060847 0.1166 (0.084605) 0.8361
FII ALMIRANT 0.045581 0.1669 0.275828 0.4303
FII CRIANCA 0.066480 0.3126 0.574012 0.4132
FII HOTEL MX 0.040794 0.3814 (0.445055) 0.3712
FII LOURDES 0.033946 0.4823 1.164320 0.0274
FII TORRE NO (0.002835) 0.9380 0.288391 0.4597
MÉDIA FIIS 0.068859 0.0015 0.325579 0.1438
Tabela XVIII - Significância dos Coeficientes do IMA-C e IMOB – Bolsa
P-Valor de Cada Fator de Mercado em Cada Regressão
FIIs BOLSA β IMOB P-valor IMOB β IMA-C P-valor IMA-C
FII ABC IMOB 0.085245 0.3119 -0.185762 0.8357
FII EUROPAR 0.063499 0.0373 0.641101 0.0484
FII S F LIMA 0.156862 0.0108 0.654187 0.3054
FII A BRANCA 0.022066 0.5966 0.437418 0.3274
FII PANAMBY 0.035254 0.6655 0.508256 0.5596
FII HIGIENOP 0.165880 0.0143 0.494330 0.4816
MÉDIA FIIS 0.068859 0.0015 0.325579 0.1438
Mediante a evidência de que fatores do mercado explicam muito pouco a rentabilidade dos
FIIs, exploraremos na próxima sessão deste estudo fatores de fora do mercado que possam
explicar não só o aumento do volume investido em FIIs como também sua rentabilidade no
período. Discutiremos, assim, as recentes mudanças regulatórias e tributárias que vêm
estimulando o desenvolvimento do mercado de FIIs nos últimos anos.
26
5 MUDANÇAS REGULATÓRIAS E TRIBUTÁRIAS NO AMBIENTE DOS FIIS
Grande parte do crescimento dos FIIs pode estar relacionada às alterações as regras do FII
implementadas pela IN CVM 472 em 2008. De acordo com a IN CVM 472, os FIIs passaram
a poder aplicar em diversos títulos e valores mobiliários desde que estes sejam lastreados em
ativos do mercado imobiliário. Tais alterações fizeram com que os FIIs se assemelhassem em
suas funções e investimentos às empresas de construção civil.
Soma-se aos benefícios trazidos pela IN CVM 472 o incentivo fiscal instituído aos fundos de
investimento que em conjunto com a Lei 8.668/93, conforme alterada, isenta os FIIs de
imposto de renda, contribuição social sobre lucro líquido, PIS e COFINS em suas operações
comerciais. Ademais, a Lei 11.196/05 estendeu aos cotistas os benefícios do inciso III do
artigo 3º da Lei 11.033/04, de isenção do Imposto de Renda sobre as distribuições pagas,
desde que sejam pessoas físicas e que o FII cumpra com determinadas condições. É de se
esperar assim que exista uma parcela de retorno nos investimentos em FIIs quando
comparados às ações de empresas de construção civil que não dependa de risco. Este retorno
adicional pode explicar, mesmo que parcialmente, a corrida dos investidores por este tipo de
fundo nos últimos anos.
5.1 ALTERAÇÕES DA IN CVM 472
Com a publicação da IN CVM 472 ao final de 2008, foi permitido aos FIIs que atuassem
como verdadeiras empresas do setor imobiliário, abrindo espaço para este tipo de veículo
como forma de captação para a construção civil.
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Dentre as mudanças, merece destaque a permissão expressa dada pela CVM para que os FIIs
possam investir em praticamente todos os ativos em que uma empresa de construção civil
pode investir, tais como (i) quaisquer direitos reais sobre bens imóveis (mesmo que haja ônus
constituído sobre o imóvel) (ii) ações, debêntures, bônus de subscrição, seus cupons, direitos,
recibos de subscrição e certificados de desdobramentos, certificados de depósito de valores
mobiliários, cédulas de debêntures, cotas de fundos de investimento e notas promissórias de
certos emissores permitidos (iii) ações ou cotas de sociedades cujo único propósito se
enquadre entre as atividades permitidas aos FII (iv) certificados de potencial adicional de
construção (v) letras hipotecárias, letras de crédito imobiliário e certificados de recebíveis
imobiliários.
Tal instrução também dispensou a obtenção de registro de administrador de carteiras junto à
CVM para os administradores de FIIs que invistam menos do que 5% em valores mobiliários.
Com isso, administradores de empresas do setor imobiliário podem migrar para a
administração de FIIs sem grandes barreiras de entrada.
Outra alteração relevante foi a permissão para que ocorra subscrição parcial de cotas, bem
como a integralização a prazo de acordo com o compromisso de investimento. Com isso, os
administradores dos FIIs podem melhor rentabilizar o capital investido, fazendo chamadas
para integralização somente quando houver uma nova oportunidade de investimento rentável.
Isto representa uma vantagem competitiva em relação à oferta pública de ações, tendo em
vista que uma vez que a empresa capta no mercado, encontra-se forçada a rentabilizar os
recursos imediatamente e nem sempre tem tempo hábil de buscar os ativos mais rentáveis
para investir.
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5.2 ALTERAÇÕES DO CMN PARA FUNDOS DE PENSÃO
Os fundos de pensão, compostos pelos regimes próprios de previdência social e por entidades
fechadas de previdência complementar, são investidores institucionais que movimentam
centenas de bilhões em suas carteiras de investimento. Daí a importância que as alterações
em seus limites de investimento têm sobre os mercados em que atuam.
Em 2007, com as resoluções do CMN 3.506 e 3.456 que tratam, respectivamente, dos regimes
próprios de previdência social e das entidades fechadas de previdência complementar, os
fundos de pensão enquadravam os investimentos em cotas de FIIs em suas carteiras dentro do
segmento de imóveis.
Em 2009, as resoluções do CMN 3.790 e 3.792 alteraram, respectivamente, os limites para
aplicação em cotas de FIIs dos regimes próprios de previdência social e das entidades
fechadas de previdência complementar, enquadrando no primeiro caso os FIIs dentro do
segmento de renda variável e permitindo aplicações de até 5% (cinco por cento) da carteira
própria de cada fundo de pensão. No segundo caso, os FIIs ficaram dentro do segmento de
investimentos estruturados, permitindo aos fundos de pensão investirem até 10% (dez por
cento) de suas carteiras próprias em cotas de FIIs.
Estas alterações trazidas pelas resoluções 3.790 e 3.792 foram efetuadas para que a
regulamentação dos fundos de pensão ficasse compatível com as mudanças da IN CVM 472.
Como aos FIIs foi permitido investirem em diversos tipos de ativos, desde que tenham como
lastro imóveis, não fazia mais sentido enquadrar os FIIs no mesmo segmento que o
investimento direto em imóveis. Por último, a resolução do CMN 3.922 de 2010, que
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revogou a resolução 3.790, prevê que os imóveis constantes nas carteiras dos fundos de
pensão poderão ser utilizados para a aquisição de cotas de fundos de investimento imobiliário,
cujas cotas sejam negociadas em ambiente de bolsa de valores. Novamente, esta alteração
visa adaptar a regulamentação à IN CVM 472, que permite em seu artigo 11 a integralização
em imóveis, desde que prevista no regulamento do FII.
Esta flexibilidade da regulamentação dos fundos de pensão para investimento em FIIs pode
ter contribuído decisivamente para o crescimento vertiginoso do volume de investimento em
FIIs observado nos últimos anos.
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6 CONCLUSÃO
À primeira vista, a rentabilidade proporcionada pelo investimento em cotas de FIIs supera a
rentabilidade não só do mercado imobiliário como também de todo o mercado financeiro. No
entanto, a enorme volatilidade observada nos últimos quatro anos não nos permite concluir
que tal superioridade é estatisticamente relevante. Investigamos então os fatores que
causaram com que tais retornos dos FIIs fossem nominalmente superiores aos do mercado
neste período.
Como demonstramos neste estudo, apesar da média dos retornos dos FIIs ser relacionada ao
IMOB, os modelos aqui propostos conseguiram explicar somente uma pequena parte da
rentabilidade dos FIIs quando estes foram analisados individualmente. Entretanto, como tais
retornos não aparentam uma correlação consistente com os fatores apresentados, conclui-se
que a rentabilidade de cada um dos FIIs depende fortemente da estratégia de investimento de
suas próprias carteiras que são lastreadas em operações de longo prazo e atualizadas por
índice de inflação.
Estes resultados podem ser utilizados por investidores, em todos os níveis, que planejem
diversificar suas carteiras de investimento, aplicando em ativos com rentabilidades atraentes.
Adicionalmente, o investimento em cotas de FIIs pode ser utilizado pelos gestores de
determinados fundos de investimento como hedge para proteger a rentabilidade das suas
carteiras de investimento.
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