ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e...

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1 Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente ILHÉUS, BAHIA 2009 NAMARA SANTOS LOPES ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA FRAGMENTAÇÃO, VISANDO A FORMAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS NA APA PRATIGI, BAIXO SUL DA BAHIA. NAMARA SANTOS LOPES

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Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

ILHÉUS, BAHIA

2009

NAMARA SANTOS LOPES

ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA FRAGMENTAÇÃO, VISANDO A FORMAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS NA APA PRATIGI,

BAIXO SUL DA BAHIA.

NAMARA SANTOS LOPES

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NAMARA SANTOS LOPES

ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA FRAGMENTAÇÃO, VISANDO A FORMAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS NA APA PRATIGI,

BAIXO SUL DA BAHIA.

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Orientador: Profº Dr. Maurício Moreau Co-orientadora: Profº Dra. Maria Eugênia Bruck

ILHÉUS- BAHIA 2009

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L864 Lopes, Namara Santos. Análise da paisagem com base na fragmentação, visando a formação de corredores ecológicos na APA Pratigi, baixo sul da Bahia / Namara Santos Lopes. – Ilhéus, BA: UESC, 2009. xii, 105f. : il.; anexos. Orientador: Maurício Moreau. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Inclui bibliografia. 1. Áreas de conservação de recursos naturais - Bahia. 2. Paisagens fragmentadas. 3. Corredores ecológicos. 4. Área de Proteção Ambiental do Pratigi. I. Título. CDD 577.098142

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ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA FRAGMENTAÇÃO, VISANDO A FORMAÇÃO DE

CORREDORES ECOLÓGICOS NA APA DO PRATIGI, BAIXO SUL DA BAHIA.

Ilhéus-BA, 19/06/2009

_______________________________________________________ Maurício Santana Moreau- DS

UESC (orientador)

_______________________________________________________ Maria Eugênia Bruck de Moraes- DS

UFSCar (Co-orientador)

_______________________________________________________ Walter Antônio Pereira Abrahão- DS

UFV (Examinador externo)

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais e irmãos que, mesmo ao longe estiveram presentes dando apoio incondicional a minha vida acadêmica, e ao meu companheiro Teco, pelo auxílio, paciência e companhia em

todos os momentos dessa caminhada, dedico.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus pelo dom da vida, por tudo que sou, e pelo que conquistei em minha

caminhada.

À Universidade Estadual de Santa Cruz e ao DAAD (Intercâmbio Acadêmico

BRASIL - ALEMANHA), pela oportunidade da realização do curso.

Aos coordenadores do curso Prof. Dr. Alexandre Schiavetti e Prof. Dr. Neylor

Calazans, pelo apoio recebido.

Ao Prof. Dr. Maurício Moreau, pela orientação, pela amizade e pelo apoio.

À Prof. Dr. Maria Eugênia, pela co-orientação, e pela ajuda na correção deste trabalho.

Aos professores do curso, pelo convívio e pelos ensinamentos durante esse período.

Aos colegas e amigos do curso, em especial Luciana, Michele, Marcele, Aretuza,

Erlana, Itana e Acácia pelo convívio, preciosa amizade e pelas doces lembranças que sempre

levarei em meu coração.

A Associação Guardiã da APA do Pratigi – AGIR, ao Instituto Floresta Viva – IFV, à

Organização para Conservação de Terras – OCT, pelo apoio logístico dado a esta dissertação.

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ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA FRAGMENTAÇÃO VISANDO A FORMAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS NA ÁREA DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL PRATIGI, BAIXO SUL DA BAHIA.

RESUMO

A fragmentação de ecossistemas é o principal fator causal de redução da biodiversidade, outros efeitos causados pelo insularização dos ecossistemas como: mudanças no microclima, distúrbios do regime hídrico das bacias hidrográficas e modificação das relações ecológicas tem posto em sérios riscos ecossistemas ainda bastante expressivos. Todos esses efeitos deletérios podem estar se revelando na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pratigi, Baixo Sul da Bahia, e influenciando a manutenção de seus ecossistemas que passam a depender do intercâmbio de espécies entre as áreas de mata fragmentada. Para garantir essa interação, estudiosos e pesquisadores tem incentivado a criação de corredores ecológicos. O objetivo deste estudo é identificar possíveis rotas de Corredores Ecológicos na Area de Proteção Ambiental do Pratigi, Baixo Sul da Bahia, com base no processo de fragmentação da área. Os procedimentos metodológicos adotados estão baseados na adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o sistema de informações geográficas ArcGIS 9.2. Os resultados mostraram que os limites da APA guardam ainda remanescentes bastante representativos, a análise do tamanho dos fragmentos indica que a APA do Pratigi apresenta um grande potencial para a conservação da biodiversidade, pois tem uma quantidade expressiva de remanescentes, 35% da área de estudo é coberta por fragmentos, sendo que 94% deles tem área maior ou igual a 300 ha. Além disso, o percentual formado por classe de mata (35,66%) é quase o mesmo percentual formado por classe de agricultura (36,76%), este fato pressupõe que a paisagem da APA possui uma matriz bastante permeável á passagem das espécies. A metodologia proposta identificou 5 rotas apropriadas para a formação de Corredores Ecológicos na APA. Os resultados obtidos a partir da metodologia proposta para identificação de corredores se mostraram eficientes, pois permitiram a identificação de caminhos mais viáveis para interligar os fragmentos.

Palavras-chave: Corredor Ecológico; Fragmentação; APA do Pratigi.

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Landscape analyses based on the fragmentation process in order to implement wildlife corridors in the

protected are of Pratigi – South Bahia

Namara Santos Lopes

Abstract The main cause of reduction in biodiversity is the fragmentation of ecosystems. Other

consequences of the ecosystem insularization, such as changes of the micro-climate,

disturbance on the river basin’s hydrological regime and modifications on the ecological

relations also jeopardize important ecosystems. All the above mentioned effects might be at

work in the Environmental Protected Area of Pratigi (APA), South Bahia, affecting the

conservation of the ecosystem which then depends on species exchanges between fragmented

areas. To guarantee this interaction, specialists and researchers stimulate the creation of

wildlife corridors. The aim of this study is to identify potential routes for green corridors at

the Environmental Protected Area of Pratigi. The methodological procedures adopted were

based on the least-cost path method and the geographic information system – ArcGis 9.2. The

results indicate that the boundaries of the Environmental Protected Area include

representative forest residual areas. The analysis of the forest fragments indicate that Pratigi’s

EPA has enormous potential to biodiversity conservation since it still has a large number of

forest fragments. Among these fragments, 94% of them have area as large as 300ha, some are

even bigger. Furthermore, the percentage of land covered by forest (35,66%) is almost the

same as the percentage covered by crop (36,76%). This fact reassures that APA is quite

appropriate to bear green corridors for species exchange. The survey conducted identified five

routes. The method was found efficient to identify the most viable routes to connect the forest

fragments.

Keywords: wildlife corridor, fragmentation, APA Pratigi,

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LISTA DE FIGURAS 1 Representação esquemática do processo de fragmentação de habitat.........................................................................................................................07 2 Princípios do planejamento de unidades de conservação baseado na Teoria de Biogeografia de Ilhas.............................................................................................09 3 Fatores que promovem alterações nas bordas dos fragmentos..................................................................................................................14 4 Relação área dos fragmentos e efeito de borda..............................................15 5 Fragmentos envoltos pela matriz, destacando o efeito de borda....................18 6 Tipos de matrizes.............................................................................................20 7 Mapa de Corredores Ecológicos do Brasil......................................................33 8 Localização da Área de estudo.......................................................................36 9 Janela do SWAT para delimitação de bacias e sub-bacias hidrográficas...............................................................................................................39 10 Fluxograma dos procedimentos metodológicos para análise dos fragmentos..................................................................................................................40 11 Fluxograma metodológico para identificação das APPs.................................41 12 Fluxograma metodológico para identificação das áreas de conflitos ambientais..................................................................................................................42 13 Fluxograma metodológico para delimitação de Corredores Ecológicos na APA do

Pratigi....................................................................................................................44

14 Mapa de ampliação da área de estudo...........................................................47 15 Proposta de nova poligonal para a APA do Pratigi.........................................................................................................................51 16 Municípios que compõe a proposta de nova poligonal da APA do Pratigi.........................................................................................................................52 17 Mapa da Rede hidrográfica da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi.........................................................................................................................55 18 Mapa de tipologia climática da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi.........................................................................................................................57

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19 Mapa de unidades geológicas da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi.........................................................................................................................60 20 Mapa de Geomorfologia da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi.........................................................................................................................63 21 Mapa de solos da nova poligonal proposta para APA do Pratigi.........................................................................................................................67 22 Mapa de uso do solo e remanescentes florestais da nova poligonal proposta para APA do Pratigi....................................................................................................69 23 Mapa dos fragmentos conforme seu valor para conservação da biodiversidade............................................................................................................72 24 Fotografias dos fragmentos com suas bordas desmatadas................................................................................................................73 25 Fotografias dos fragmentos com suas bordas transformadas em pasto...........................................................................................................................73 26 Mapa dos fragmentos com índices de circularidade mais extremos.....................................................................................................................78 27 Mapa de área de preservação permanente da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi............................................................................................................80 28 Mapa de áreas de conflito de uso do solo da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi............................................................................................................82 29 Proposta de Corredores Ecológicos da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi ...................................................................................................................86 30 Proposta de Corredor Ecológico 1 da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi ........................................................................................................................87 31 Proposta de Corredor Ecológico 2 da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi ........................................................................................................................88 32 Proposta de Corredor Ecológico 3 da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi ........................................................................................................................89 33 Proposta de Corredor Ecológico 4 da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi ........................................................................................................................90 34 Proposta de Corredor Ecológico 5 da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi ........................................................................................................................91

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LISTA DE TABELAS 1 Classes com pesos qualitativos para obtenção do mapa de superfície de dificuldades da nova poligonal da APA do Pratigi proposta por este estudo, 2008............................................................................................................................43 2 Valores das áreas das classes do uso e cobertura do solo da nova poligonal da APA do Pratigi proposta por este estudo, 2008............................................................................................................................68 3 Parâmetros avaliados da paisagem para os fragmentos florestais remanescentes da nova poligonal da APA do Pratigi proposta por este estudo, 2008............................................................................................................................70 4 Área de Preservação Permanente da APA do Pratigi estabelecida pela legislação e as áreas efetivamente preservadas, 2008............................................................................................................................81

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SUMÁRIO Resumo................................................................................................................ VI Abstract................................................................................................................ VII 1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 1

2- REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 5

2.1- FRAGMENTAÇÃO DE ECOSSISTEMAS NATURAIS:

PROBLEMÁTICA E IMPLICAÇÕES PARA BIODIVERSIDADE...........

5

2.1.1- Conseqüências e impactos derivados do processo de fragmentação... 10

2.1.2- Efeito de borda: uma iminência externa................................................ 12

2.1.3- Outros fatores comprometem a vulnerabilidade dos fragmentos: qualidade e

grau de isolamento.............................................................

16

2.1.4- A influência da matriz............................................................................. 17

2.2- FRAGMENTOS EM ILHAS X CONECTIVIDADE.................................. 22

2.3- ELEMENTOS DA PAISAGEM: MATRIZ, MANCHA E CORREDOR..... 27

2.3.1- Corredor ecológico: concepções, funcionalidade e viabilidade............. 28

2.3.1.1- Como obter êxito nos projetos de corredores ecológicos e interconexão dos

fragmentos?...............................................................

33

3- MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................... 36

3.1- ÁREA DE ESTUDO............................................................................... 36

3.1.1- Aspectos climáticos e biológicos da Área de estudo............................. 37

3.2- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................. 38

3.2.1- Proposta de nova poligonal para a APA do Pratigi................................ 38

3.2.2- Mapeamento da cobertura florestal remanescente e análise dos

fragmentos.............................................................................................

39

3.2.3- Mapeamento das áreas de preservação permanentes (APPs)............. 41

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3.2.4- Identificação das áreas de conflitos de uso do solo.............................. 42

3.2.5- Identificação de Corredores Ecológicos na APA do Pratigi................... 42

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 45

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DA APA DO PRATIGI..................... 45

4.1.1- Proposta de nova poligonal para a APA do Pratigi................................ 49

4.2- DESCRIÇÃO FÍSICA DA NOVA POLIGONAL PROPOSTA PARA A

APA DO PRATIGI..................................................................................

53

4.2.1- Hidrografia............................................................................................. 53

4.2.2- Clima...................................................................................................... 56

4.2.3- Unidades geológicas.............................................................................. 58

4.2.4- Geomorfologia....................................................................................... 61

4.2.5- Solos...................................................................................................... 64

4.3- MAPEAMENTO DO USO DO SOLO E COBERTURA FLORESTAL

REMANESCENTE DA NOVA POLIGONAL PROPOSTA PARA A APA

PRATIGI........................................................................................

68

4.4- ANÁLISE DOS FRAGMENTOS CONFORME SEU TAMANHO........... 70

4.5- ANÁLISE DOS FRAGMENTOS CONFORME SEU ÍNDICE DE

CIRCULARIDADE (IC)...........................................................................

72

4.6- MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

(APPs)....................................................................................................

78

4.7- MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE CONFLITO DE USO DO SOLO DA

NOVA POLIGONAL PROPOSTA PARA A APA DO PRATIGI..............

81

4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA PROPOSTA DE NOVA

POLIGONAL DA APA DO PRATIGI...........................................

83

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4.8.1- Mapa dos Corredores Ecológico para a nova poligonal proposta da APA do

Pratigi........................................................................................

84

4.8.1.a- Corredor Ecológico 1............................................................................. 87

4.8.1.b- Corredor Ecológico 2............................................................................. 88

4.8.1.c- Corredor Ecológico 3............................................................................. 89

4.8.1.d- Corredor Ecológico 4............................................................................. 90

4.8.1.e- Corredor Ecológico 5............................................................................. 91

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 93

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 95 ANEXO A............................................................................................................... 105

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1. INTRODUÇÃO

Desde as primeiras etapas da colonização do Brasil a Mata Atlântica tem passado por

uma série de fases de conversão de florestas naturais para outros usos, cujo resultado final

observa-se na paisagem hoje fortemente modificada pelo homem. A maior parte dos

ecossistemas naturais foi destruído ao longo de diversos ciclos de desenvolvimento, nem

sempre bem planejado, resultando na devastação de habitats extremamente ricos em recursos

biológicos (MMA, 1998b).

Conforme Fernadez (2000), a explosiva expansão populacional e econômica da

humanidade transformou o que antes eram grandes áreas contínuas de florestas em paisagens

com mosaicos, formados por manchas remanescentes de floresta cercadas por áreas

profundamente modificadas pelo homem de várias formas: atividades e instalações

agropastoris, assentamentos urbanos e industriais.

Assim, a Mata Atlântica apresenta hoje, um quadro de grave e histórica fragmentação

florestal, expondo um cenário de ilhas de remanescentes de mata, insustentável e inviável para

a manutenção da diversidade biológica.

A fragmentação da floresta em Ilhas causa o isolamento dos remanescentes,

desencadeando uma série de mudanças no microclima, distúrbio do regime hídrico das bacias

hidrográficas, degradação dos recursos naturais e a modificação ou eliminação das relações

ecológicas com outras espécies e conseqüentemente a diminuição de biodiversidade

(DEODATO, 2007).

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Todos esses efeitos deletérios podem estar se revelando na Àrea de Proteção

Ambiental (APA) do Pratigi, Baixo Sul da Bahia- uma área ímpar por suas riquezas naturais,

e grande representatividade de espécies florísticas e faunísticas.

Tais fenômenos podem influenciar a manutenção de ecossistemas da APA , que

passam a depender do intercâmbio de espécies entre as áreas de mata fragmentada. Para

garantir essa interação, estudiosos e pesquisadores tem incentivado a criação de corredores

ecológicos.

Fonseca et al. (2002) afirma que estratégias pautadas na implementação de corredores

ecológicos podem reverter a situação crítica de contínua fragmentação e isolamento das

florestas.

Conforme MMA (2004), existem espécies raras e ameaçadas de extinção na área da

APA, como o macaco-prego-de-peito-amarelo Cebus xanthosternos, o macuquinho-baiano

Scytalopus psychopompu,( ave endêmica da região) Bradypus torquatus (preguiça-de-coleira),

Leopardus pardalis (jaguatirica) e Puma concolor (puma), mamíferos de médio e grande

porte. Este fato indica que os fragmentos de Mata Atlântica do Baixo Sul mantêm uma boa

qualidade ambiental, com capacidade de suporte para uma rica biodiversidade de animais que

necessitam de grandes áreas bem conservadas para suas populações sobreviverem.

Segundo a OCT (2006) existe na região do Baixo Sul uma área remanescente de mata

de 104.244 hectares correspondendo á 17% da extensão total, contudo, encontram-se

fortemente fragmentada, além disso, essas ilhas de floresta sofrem com a extração de madeira,

corte seletivo e caça predatória.

Percebe-se desta maneira, como essa região pode continuar contribuindo para a

conservação da biodiversidade, além do mais, há muito sustenta grupos remanescentes de

quilombolas como as de Jatimane, Boitaraca e Lagoa Santa, pescadores, extrativistas,

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populações estas, que convivem historicamente com as riquezas naturais da região e a partir

destas, tem sua existência garantida (OCT 2006).

A condição insular destes remanescentes florestais só evidencia a vulnerabilidade a

qual estão submetidos, bem como vem reafirmar a necessidade urgente em ações de

conservação. Assim, os escopos deste estudo, se inserem numa proposta indispensável ao

restabelecimento destes remanescentes, buscando mitigar os impactos decorrentes da

fragmentação na paisagem da APA do Pratigi.

.

1.1- OBJETIVOS

O objetivo geral deste estudo é identificar possíveis rotas de Corredores Ecológicos na

APA do Pratigi, Baixo Sul da Bahia com base no processo de fragmentação da área e os

específicos são: montar uma proposta de nova poligonal mais viável e que abranja os limites

físicos da APA do Pratigi; Analisar os fragmentos da APA conforme tamanho e Índice de

circularidade; delinear áreas para serem restauradas, mapear áreas de preservação

permanentes; elaborar mapa com conflitos de uso do solo na área.

O texto desta dissertação, em seu capítulo 2 traz a revisão de literatura e vai tratar da

problemática da fragmentação dos ecossistemas, as implicações para a biodiversidade, das

conseqüências e seus impactos, além de adentrar sobre dois quesitos importantes para

compreensão do processo de fragmentação: Efeito de Borda e influência da Matriz.

Ressalta-se ainda na revisão de literatura, a importância da conectividade para os

fragmentos insulares, além da abordagem sobre os elementos da paisagem, dando especial

atenção ao Corredor Ecológico as suas concepções, funcionalidade e viabilidade.

Os materiais e procedimentos metodológicos utilizados para atingir os objetivos

propostos pelo trabalho estão apresentados no capítulo 3.

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O capítulo 4 apresenta os resultados referentes a proposta de nova poligonal para a

APA do Pratigi, e em seqüência a caracterização física da área.

Ainda neste capitulo é apresentado os resultados relacionados ao mapeamento da

cobertura florestal remanescente, a análise dos fragmentos conforme tamanho e conforme os

índices de circularidade e ao mapeamento dos corredores identificados.

O capítulo 5 apresenta as considerações finais a cerca deste estudo.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1- FRAGMENTAÇÃO DE ECOSSISTEMAS NATURAIS: PROBLEMÁTICA E

IMPLICAÇÕES PARA BIODIVERSIDADE.

Em todo o mundo, uma das principais ameaças à biodiversidade é a conversão de

habitats naturais em fragmentos de diversos tamanhos, níveis de conexões e de pertubarção

(SHAFER, 1990).

No Brasil particularmente, a fragmentação florestal está presente praticamente em

todas as etapas do processo de expansão da fronteira agrícola, desde as mais antigas, na Mata

Atlântica nordestina até as mais recentes nos cerrados do Centro Oeste e nas florestas úmidas

da Amazônia (VIANA et al. 1992).

Segundo Geneletti (2003), a fragmentação de ecossistemas, de maneira geral,

caracteriza-se por três principais efeitos: aumento no isolamento dos fragmentos, diminuição

em seus tamanhos e aumento da suscetibilidade a distúrbios externos, tais como invasão por

espécies exóticas ou alterações em suas condições físicas.

Conceituando o termo, fragmentação seria “o processo no qual um habitat contínuo é

dividido em manchas, ou fragmentos, mais ou menos isolados” (CERQUEIRA et al., 2003,

p.32).

Esse processo de fragmentação torna o ecossistema frágil, desperta preocupações, e

demonstra a necessidade de pesquisas e estudos que apontem ações para manter a

sustentabilidade dos fragmentos. Conforme afirma Almeida, (1996), grande parte dos

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fragmentos - principalmente da floresta Atlântica- hoje se encontram com um grande número

de árvores mortas, alta infestação de cipós, muitas espécies raras, características que indicam

a não sustentabilidade destas áreas.

Os fatores que afetam a dinâmica de fragmentos florestais, bem como as

conseqüências relacionadas a esta situação vem sendo amplamente abordada nos ramos da

Biologia da Conservação e da Ecologia de Paisagem, e, por conseguinte estão sendo alvos de

múltiplos estudos: (VIANA & PINHEIRO, 1998; SHAFER,1990; VIANA,1995;

SCARIOT,1998; FAHRIG, 2003; LOPES, 2004; ZAÚ, 1998; METZGER, 2001, 2003;

NASCIMENTO et AL, 1999; TABARELLI, 2004).

A justificativa para este crescente interesse é a constatação de que a maior parte da

biodiversidade se encontra hoje localizada em pequenos fragmentos florestais, pouco

estudados e historicamente marginalizados pelas iniciativas conservacionistas (VIANA &

PINHEIRO, 1998, p. 26).

A Figura 1 demonstra o processo de fragmentação de habitat, onde uma grande área é

transformada em um número de pequenos fragmentos com área pequena, isolados por uma

matriz de habitat diferente da original, até a completa destruição dos remanescentes

(FAHRIG, 2003).

Figura 1- Representação esquemática do processo de fragmentação de habitat. Fonte: FAHRIG, 2003.

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Quando se trata de fragmentos florestais ou “Ilhas de remanescentes florestais”, o

principal referencial teórico é fornecido pela Teoria da Biogeografia de Ilhas de MacArthur e

Wilson. A teoria foi elaborada para prever o número de espécies que uma ilha de determinado

tamanho poderá suportar, baseando-se no balanço entre a extinção e imigração

(MACARTHUR & WILSON, 1967).

Esta semelhança entre sistemas insulares e fragmentos florestais resultou na condução

de inúmeros estudos sobre o tema, e a teoria tornou-se, até recentemente, imprescindível na

interpretação de dados empíricos e no direcionamento de políticas de conservação em

paisagens fragmentadas e ilhas oceânicas (DANTAS, 2004).

A idéia central da teoria é que o equilíbrio do número de espécies numa ilha é

alcançado ao longo do tempo pelo balanço aproximado entre as taxas de imigração e extinção.

Assim, o equilíbrio entre o aumento do número de espécies em função da imigração e a

diminuição do número de espécies causada pela extinção local resulta numa “renovação” de

espécies. A teoria também prediz que as taxas de imigração variam com a distância do

continente e que as taxas de extinção variam com a área e com a distância. (MACARTHUR &

WILSON, 1967).

Essa teoria reuniu preceitos e fatos, baseando-se em duas variáveis chaves: o tamanho

das ilhas e a distância ao continente. Assim, de acordo com a teoria de biogeografia de ilhas,

ilhas pequenas e isoladas apresentariam um menor número de espécies do que aquelas

maiores e próximas a outras ilhas.

Logo, diversas questões foram suscitadas em decorrência desta teoria: qual o tamanho

mínimo que um fragmento deveria ter para conservar os processos ecológicos? É melhor um

grande fragmento ou vários menores? Que distância os fragmentos deveriam ter entre si para

permitirem a circulação da fauna?

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Conforme Pires et al (2006), a partir de 1970 a Teoria de Biogeografia de Ilhas passou

a ser vista como uma diretriz a ser seguida no planejamento e manejo de reservas naturais,

dela foi derivada algumas recomendações, que inclusive passaram a ser usadas pelo Banco

Mundial como estratégias de conservação:

1- Uma reserva grande é melhor do que uma pequena;

2- Uma reserva grande é melhor do que várias pequenas que totalizam a mesma área;

3- Reservas mais próximas entre si são melhores do que reservas distantes umas das outras;

4- Reservas agrupadas são melhores do que reservas dispostas em linha reta;

5- Reservas ligadas por corredores são melhores do que as que não têm ligação entre si;

6- Reservas circulares são melhores do que reservas alongadas ou de forma irregular.

A Figura 2 exibe os princípios do planejamento de unidades de conservação baseado

na Teoria de Biogeografia de Ilhas. Conforme Diamond, (1976), as reservas seriam "ilhas" de

habitats naturais cercadas por áreas que foram totalmente alteradas por atividades humanas. A

aplicação prática deste princípio ainda é objetivo de estudos. Os princípios 2 e 5, em

particular, tem sido objetivos de grande polêmica (DIAMOND, 1976).

Figura 2. Princípios do planejamento de unidades de conservação baseado na Teoria de Biogeografia de Ilhas. Fonte: (DIAMOND, 1976).

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Existem, entretanto, críticas e questionamentos em relação aos postulados admitidos

pela TBI (teoria de biogeografia de ilhas). Por exemplo, estudos realizados por Tabanez

(1995), em 5 fragmentos de tamanhos distintos entre 0.7 e 220 ha na região de Piracicaba-SP

entre 1990 e 1995 indicaram que a correlação entre a área dos fragmentos e o número de

espécies não é trivial, e mais complexa do que a postulada na teoria de biogeografia de ilhas.

Fragmentos de áreas semelhantes (9 ha), situados em solos, clima e topografia semelhantes e

com intensidade amostral semelhantes, apresentaram riqueza de espécies arbóreas

extremamente diferentes.

Da mesma maneira, em um estudo realizado por Vieira et al. (2003 b), onde se

mapeou os efeitos da fragmentação sobre boa parte dos ecossistemas brasileiros, evidenciou

que fragmentos com uma média de 100 hectares, conseguem servir de refúgio para uma

diversidade adequada de pequenos mamíferos (basicamente roedores e marsupiais). A

comunidade de pequenos mamíferos tendeu a ser mais rica e abundante, nos pequenos

fragmentos (< 100 ha) em comparação com os grandes fragmentos (> 1.000 ha) da região.

Portanto, essa questão que relaciona o tamanho da área do fragmento e o número e

diversidade de espécies devem ser analisadas com reservas, pois fragmentos de pequenos

tamanhos podem até não possuir habitats suficientes para a persistência das populações de

determinadas espécies, todavia alguns estudos mostram o inverso, como os citados nos

parágrafos anteriores.

2.1.1- Conseqüências e impactos derivados do processo de fragmentação

Conforme afirma Viana & Pinheiro (1998), a fragmentação introduz uma série de

novos fatores na história evolutiva de populações naturais de plantas e animais, que afetam de

forma diferenciada os parâmetros demográficos de mortalidade e natalidade de diferentes

espécies e, portanto, a estrutura e dinâmica de ecossistemas.

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O maior impacto da fragmentação florestal é a perda da biodiversidade regional, e

quanto mais fragmentadas e perturbadas as paisagens, maiores são os desafios para

conservação da biodiversidade (VIANA, 1995).

A drástica redução da diversidade biológica, por sua vez irá causar a eliminação de

grandes trechos da floresta, causando mudanças no microclima e em outras características do

habitat, como perda de indivíduos reprodutivos da população, modificação ou eliminação de

relações ecológicas com espécies polinizadoras e dispersoras de sementes, afetando a

capacidade das espécies sobreviverem no remanescente florestal (ALMEIDA, 2000).

Este estado em que se encontram os fragmentos - isolados em trechos estanques -

ameaça abrigar populações cada vez menos viáveis e geneticamente diversificadas de animais

e plantas (LOPES, 2004). Isto, porque populações de plantas e animais em fragmentos

isolados têm menores taxas de migração e dispersão e, em geral, com o tempo sofrem

problemas de troca gênica e declínio populacional (CERQUEIRA et al., 2003).

A população isolada em um fragmento pode sofrer sensíveis mudanças na sua

estrutura genética, pela possibilidade de passarem por endocruzamento, e conseqüentemente

perderem a variabilidade genética resultando em perdas de populações locais (PAGLIA et al.,

2006).

Assim, as chances de sobrevivência desses animais e plantas, dependerão em grande

parte, da capacidade de transitar entre um fragmento e outro

Segundo Lopes (2004), conforme o processo de fragmentação avança, surge outro

resultado indesejável: a complexidade estrutural da floresta – que permite a ocupação de

vários níveis por árvores adaptadas à luminosidade do dorsel e o sub-bosque, tomados pelas

plantas que crescem na sombra – desaparece, ou pelo menos diminui.

Deodato (2007), também elenca algumas mudanças que ocorrem na paisagem

fragmentada em virtude do isolamento dos remanescentes: alterações no microclima, distúrbio

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no regime hídrico das bacias hidrográficas, modificação ou eliminação das relações

ecológicas com outras espécies e conseqüentemente a diminuição de biodiversidade.

Cerqueira et al. (2003), afirma que os fragmentos são afetados por problemas direta e

indiretamente relacionados à fragmentação, tal como o efeito da distância entre os

fragmentos, ou o grau de isolamento; o tamanho e a forma do fragmento; o tipo de matriz

circundante e o efeito de borda.

Assim, conforme analisa Galindo-Leal (2005), o tamanho, o formato e a localização

desses fragmentos, afetam sua estrutura, função e composição biológica. Segundo o mesmo

autor, algumas espécies podem beneficiar-se da nova geometria do fragmento, outras não, e,

por possuírem um menor número de indivíduos, as populações dos fragmentos são mais

susceptíveis à extinção em razão de fatores genéticos, demográficos ou ambientais.

Alguns dos efeitos e fatores relacionados à fragmentação estão esquematizados e

dispostos em um quadro nos anexos deste trabalho. Entretanto, adiante nesta revisão será

discutido alguns desses pontos.

2.1.2- Efeito de borda: uma iminência externa

O processo de fragmentação impõe a criação de uma borda de floresta onde esta não

existia anteriormente. A borda consiste em uma quebra abrupta da paisagem, separando um

hábitat do outro adjacente, diferentemente das zonas de ecotonia natural, que são

caracterizadas por um gradiente natural de limites entre dois habitats (PÉRICO et al., 2005).

Bueno (2004, p. 43) define efeito de borda como:

A influência, num determinado ecossistema, da proximidade de outro ecossistema ou ambiente estranho a ele. No caso, o ambiente estranho é a matriz antropizada. O efeito de borda é, portanto, tão mais intenso quão mais próximo da fronteira do ecossistema se chega, sobre a qual, inclusive, pode formar-se um terceiro ambiente, diferente dos dois que se encontram.

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De acordo com Pires et al. (2006), o drástico aumento no total de bordas de habitat é

uma conseqüência inevitável da fragmentação florestal, uma vez que a alta relação

perímetro/área dos fragmentos leva á criação de amplas zonas de contato entre os fragmentos

e os habitats alterados ao seu redor. Por conseguinte, as populações estarão expostas á

alterações de ordem bióticas e abióticas associadas á borda dos fragmentos. Esse conjunto de

modificações tem sido denominado efeito de borda e é um dos fatores mais importantes que

levam às mudanças em comunidades fragmentadas.

Conforme Murcia (1995), os efeitos de borda podem ser classificados em três

diferentes tipos:

1- Efeitos abióticos envolvendo mudanças nas condições ambientais resultantes da

proximidade de um habitat estruturalmente distinto;

2- Efeitos biológicos diretos, os quais envolvem alterações na abundância e distribuição de

espécies, causadas diretamente pelas condições físicas próximas a borda e determinadas pela

tolerância fisiológica das espécies a essas condições;

3- Efeitos biológicos indiretos, os quais envolvem mudanças nas interações ecológicas, como

predação, dispersão de sementes e competição.

Em relação às alterações decorrentes do efeito de bordas nos fragmentos Pires et al.

(2006), salienta que os remanescentes florestais são expostos a condições climáticas

drasticamente distintas; inicialmente ocorre uma maior penetração da radiação solar e uma

exposição direta aos ventos quentes e secos originados ao redor do fragmento, o que pode

levar ao aumento da temperatura e diminuição da umidade, tanto no ar quanto no solo

afetando assim o interior do fragmento.

A maior penetração de luz poderá promover mudanças estruturais na vegetação, como

por exemplo, o crescimento de uma vegetação mais densa, característica de áreas perturbadas,

ricas em lianas e trepadeiras, já a exposição aos ventos faz com que a queda de arvores,

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troncos e folhas seja maior na borda, favorecendo também uma redução na cobertura do

dossel. Essas alterações estruturais poderão facilitar a penetração de incêndios no entorno dos

fragmentos (MURCIA,1995).

Desta maneira, em decorrência dos efeitos gerados tanto pelas alterações

microclimáticas bem como pelas mudanças estruturais da vegetação, a distribuição, a

abundância, a riqueza e diversidade das espécies animais tenderão a ser modificados, por

conta do efeito de borda (PIRES et al, 2006).

O efeito de borda afasta muitas espécies da fronteira do fragmento, e assim reduz a

área efetiva utilizada para conservação (BUENO, 2004).

A Figura 3 ilustra alguns fatores que atuam e promovem efeito de borda, e, por

conseguinte, modificações nos fragmentos.

Figura 3 – Fatores que promovem alterações nas bordas dos fragmentos. Fonte: BUENO, 2004.

Conforme Zaú (1998), o efeito de borda pode ser perceptível em três níveis distintos

de intensidade:

1) Estrutura física da vegetação: a vegetação da borda apresenta-se com menor altura

total, menor sobreposições de copas, menor diâmetro médio das espécies arbóreas;

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2) Composição florística: em trechos de borda são muito mais freqüentes as espécies

com características pioneiras e típicas de clareiras, com muitos indivíduos de poucas espécies,

tal aspecto imprime uma tonalidade verde mais clara à esta formação, quando comparada à

floresta não alterada diretamente pelo efeito de borda;

3) Dinâmica populacional: quando as espécies apresentam densidades e arranjos

espaciais distintos daqueles apresentados em situações de não borda (interior da mata).

O efeito de borda é condicionado por dois fatores principais: forma e tamanho do

fragmento. Quanto maior um fragmento, maior será a área interna preservada, o núcleo do

fragmento, e a sua preservação será mais efetiva se este tiver uma forma circular

(SCHMIGUE; NUCCI, 2006).

De maneira equivalente afirma Nascimento e Laurance, (2006, p.184):

“Quanto menor o tamanho de um fragmento florestal maior é a razão borda/área e, portanto fragmentos menores estão mais sujeitos a maiores intensidades dos efeitos de borda”.

A Figura 4 demonstra a relação que existe entre tamanho e forma dos fragmentos e a

magnitude do efeito de borda sobre estes: quanto menor é a área do fragmento (3), maior é a

área exposta aos efeitos de borda e vice-versa.

Figura 4 – Relação área dos fragmentos e efeito de borda. Fonte: BUENO, 2004.

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Alguns trabalhos sobre fragmentação têm apresentado cálculos capazes de estimar a relação

entre a área dos fragmentos e o efeito de borda, a título de exemplo tem-se: cálculo do Fator

de Forma, (VIANA e PINHEIRO, 1998), Índice de Borda, (SCHMIGUE e NUCCI 2006),

Índice de Circularidade, (ROCHA, 2008) e (CORDEIRO, 2003). Estes dados fornecem

parâmetros úteis para análise da vulnerabilidade dos fragmentos á perturbações,

principalmente as sobrevindas do efeito de borda.

Uma forma de minimizar este problema é o estabelecimento de zonas de

amortecimento (também chamadas de zonas-tampão1), no entorno do fragmento.

2.1.3- Outros fatores comprometem a vulnerabilidade dos fragmentos: qualidade e grau

de isolamento

Além do tamanho, da forma, e do efeito de borda nos fragmentos, outros fatores têm

também grande importância para o estudo de paisagens fragmentadas. Dentre eles, aqueles

relacionados à qualidade do fragmento, entre estes, estão a estrutura da vegetação e a riqueza

dos habitats.

Em relação a esses fatores, Colli et al., 2003, p.320) lembra que:

As características internas dos fragmentos também influenciam a estrutura das comunidades. Na costa norte do Brasil, fragmentos de melhor qualidade apresentaram maiores populações de aves migratórias. Em fragmentos de Cerrado, a diversidade da herpetofauna foi associada à estrutura do habitat, sendo que algumas espécies foram mais abundantes em áreas alteradas, de forma similar ao que aconteceu com borboletas frugívoras na Floresta Atlântica em Una. Por fim, características únicas dos fragmentos podem condicionar a ocorrência de algumas espécies mais exigentes. Assim, na Floresta Atlântica a abelha mandaçaia (Melipona quadrifasciata) necessita de árvores com ocos grandes para estabelecer colônias.

1 Segundo SNUC(Sistema Nacional de Unidades de Conservação), é o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade.

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O mesmo autor ainda adverte que interferências antrópicas, ou melhor, as formas de

uso nos fragmentos podem comprometer a estrutura e a capacidade de manutenção de

populações naturais nos fragmentos. Dentre as formas de uso mais danosas à estrutura de

fragmentos, destacam-se a exploração de madeira e alguns produtos não-madeireiros (cipós,

palmito), e a introdução de animais domésticos e a caça (COLLI et al., 2003).

Outro fator apontado por Colli et al. (2003), como sendo de utilidade para análise de

paisagens fragmentadas é o grau de isolamento dos remanescentes, pois o isolamento entre

fragmentos irá afetar a probabilidade de trocas de indivíduos comprometendo a persistência

das populações. O autor cita dois acontecimentos que exemplificam tal situação:

Fragmentos menos isolados de Floresta Atlântica mostraram maior diversidade e abundância de abelhas Euglossini. A similaridade florística entre fragmentos de Floresta Estacional Decidual e a similaridade faunística entre fragmentos da Floresta Atlântica foi maior entre fragmentos mais próximos.(COLLI, 2003, p. 321)

O grau de isolamento dos fragmentos não é apenas afetado pela distância entre os

mesmos, mas também pela natureza do entorno dos fragmentos - a chamada Matriz, e

conseqüentemente pela permeabilidade desta.

2.1.4- A influência da matriz

Quanto mais sinuoso for o recorte do fragmento, maior será a área de contato com a

chamada matriz, o entorno do fragmento, que pode está ocupado pela agropecuária, por áreas

urbanas, ou com vegetações em diferentes estágios de regeneração. Assim, quanto maior for a

área de contato, maior tende a ser o efeito de borda, e, conseqüentemente isso implicará na

redução da área efetiva disponível do fragmento florestal (LOPES, 2004).

Para Forman & Godron (1986) 2 citado por Valente (2001), a Matriz pode ser

entendida como uma unidade da paisagem que controla a dinâmica da paisagem.

2 FORMAN, R.T.T.; GODRON, M. Landscape ecology. New York: John Wiley, 1986. 619 p.

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“Em geral essa unidade pode ser reconhecida por recobrir a maior parte da paisagem,

sendo a unidade dominante em termos de recobrimento espacial” (METZGER, 2001, p.08).

Por exemplo, em uma paisagem com uso intensivo de pastagem com pequenas ilhas de matas,

temos o pasto como matriz entre os fragmentos florestais.

A Figura 5 exibe um cenário de dois fragmentos envoltos pela matriz, e sob influência

do efeito de borda: Habitats fragmentados (2 e 4) sobre uma matriz antrópica (1), estas áreas

são adicionalmente reduzidas pelo efeito de borda (3 e 5).

Figura 5- Fragmentos envoltos pela matriz, destacando o efeito de borda.

Fonte: BUENO, 2004

Hoje, praticamente todas as paisagens fragmentadas são compostas por uma matriz

constituída de habitats antropizados que circundam os remanescentes florestais, e é a

proporção e o tipo dessa matriz que determinarão a facilidade de propagação de perturbações

como o fogo ou espécies oportunistas e exóticas que podem invadir o fragmento (PIRES et

al., 2006).

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De uma maneira geral, quanto maior o contraste entre a estrutura dos fragmentos e da

matriz, maior a intensidade dos efeitos de borda e da matriz, tanto sobre a flora quanto sobre a

fauna (COLLI et al., 2003).

A matriz por apresentar uma alteração qualitativa do habitat original remanescente,

influencia sobremaneira a manutenção das comunidades ao passo que interage com os

fragmentos (DANTAS, 2004).

Em um estudo realizado no município de Una, Sul da Bahia, a comunidade de

pequenos mamíferos: roedores, marsupiais e morcegos, conseguiram usar o entorno , a matriz

dos fragmentos, de tal forma que foi constatada que a diversidade e abundância das espécies

permaneceram em números razoáveis. A matriz era composta por cabruca – cacaueiro,

plantado à sombra de outras árvores. As cabrucas serviram como válvula de escape para

espécies que dependem do dossel (VIEIRA et al, 2003 a).

Ainda em Una, Bahia, cabrucas e capoeiras também funcionaram como extensões da

floresta para muitas borboletas frugívoras e sapos e lagartos da serrapilheira, promovendo

uma maior conectividade e maior permeabilidade entre os fragmentos. Dessa forma, cabrucas

e capoeiras desempenham importante papel na conexão entre fragmentos florestais e

contribuem para a permanência da fauna nativa, devendo ser incorporadas aos planos de

manejo (COLLI et al., 2003).

A dimensão e o tipo dessa matriz é que vai promover maior ou menor permeabilidade

e, por conseguinte irá ou não facilitar a passagem das espécies, a Figura 6 mostra dois tipos de

matrizes: a mais permeável e a menos permeável:

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Figura 6- Tipos de matrizes

FONTE: BUENO, 2004

A similaridade estrutural entre a matriz e o habitat dos fragmentos influencia na

capacidade de cada espécie em atravessar a matriz, quanto mais similar, mais permeável ela

deve ser para as espécies, entretanto, cada espécie apresenta um nível próprio de tolerância,

podendo ter a capacidade de habitar a matriz ou de apenas atravessá-la. Deste modo, a matriz

irá funcionar como um filtro seletivo para a dispersão dos indivíduos, determinando quais

espécies será capaz de atravessá-la e com que freqüência (PIRES et al., 2006).

As transformações impostas pela matriz determinam fortemente as bordas florestais,

por exemplo, matrizes extremamente impactantes, como campos agrícolas tenderiam a exibir

uma paisagem com aspecto estruturalmente homogêneo, em contrapartida, matrizes menos

impactantes poderiam favorecer a recuperação dos processos e padrões naturais dos

ecossistemas exibindo um aspecto da paisagem estruturalmente mais heterogêneo quando

comparado a locais bem preservados (RODRIGUES; NASCIMENTO, 2006).

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Vê-se, portanto, que as informações relativas ao tamanho, forma, grau de isolamento,

efeito de borda dos fragmentos, sobre matriz e sua permeabilidade na paisagem, mostram-se

como atributos vitais para o planejamento e manejo de paisagens fragmentadas, em virtude

disto, este estudo está atento às informações relativas a estes elementos, pois é de suma

importância para aplicabilidade dos objetivos deste trabalho.

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2.2- FRAGMENTOS EM ILHAS X CONECTIVIDADE

Para minimizar os efeitos da fragmentação, o enfoque mais utilizado tem sido o

estabelecimento de Unidades de Conservação em áreas representativas dos habitats naturais

em ambientes antropizados (DANTAS, 2004).

Estudos pautados nos ramos da Ecologia de Paisagens indicam que tal estratégia,

dissociada de abordagens que priorizem a conservação de extensões mais abrangentes da

paisagem, não irá assegurar a manutenção de comunidades ecologicamente viáveis em longo

prazo (METZGER, 2001, 2003).

Em relação a este tema Brown (1980) assinala que o empenho para preservar espécies

isoladas, ameaçadas, será inócuo se não for combinado com esforços destinados a salvar

ecossistemas inteiros.

Ainda sobre essa questão, Maciel (2007) expõe que a criação de unidades de

conservação é uma das principais estratégias de conservação in situ, contudo, não conseguem

evitar a fragmentação que impede o fluxo de genes e movimentação da biota, necessários à

manutenção de ecossistemas em longo prazo.

A demarcação de UCs constitui uma das principais estratégias utilizadas

mundialmente para atingir a sustentabilidade dos recursos vivos. A conservação destes

recursos, segundo a IUCN et al. (1980), apresenta três objetivos:

1- Assegurar o aproveitamento sustentado das espécies e dos ecossistemas;

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2- Manter os processos ecológicos e os sistemas vitais essenciais, exemplos: a regeneração e a

proteção dos solos, a reciclagem dos nutrientes e a purificação das águas;

3- Preservar toda a gama de material genético que se encontra nos organismos vivos do

mundo inteiro, da qual dependem o funcionamento de muitos dos processos e sistemas acima

mencionados, assim como boa parte do progresso científico e médico, da inovação técnica e

da segurança das numerosas indústrias que utilizam os recursos vivos;

Conforme Metzger (2001), o termo conectividade é definido como sendo a capacidade

da paisagem (ou das unidades da paisagem) de facilitar os fluxos biológicos, todavia, como

atingir os objetivos capazes de assegurar a conservação dos recursos vivos, relacionadas

acima, sem atentar-se para a restauração da conectividade das paisagens fragmentadas?

Na análise de Bueno (2004), a conservação da biodiversidade no Brasil, vem seguindo

um modelo pautado em “ilhas de conservação”, e estes ambientes são literalmente limitados,

visto que, os processos ecológicos não persistem num sistema assim tão modificado onde todo

o entorno foi ocupado por humanos, desmatado, fragmentado e poluído.

A mesma autora ainda diz que:

Deve-se repensar a questão da conservação da biodiversidade. Não se pode apenas criar reservas naturais independentes, pois as reservas isoladas acabam funcionando como grandes jardins botânicos e zoológicos, e a função de conservação fica assim comprometida, limitada. Para que a conservação seja eficiente, será necessário ligar estas áreas, recuperando minimamente a paisagem e principalmente as funções ecológicas dos sistemas naturais, sustentadas pelos diversos fluxos, através de passagens ecologicamente viáveis (BUENO, 2004, p.23).

A conectividade, por conseguinte, favorece a recuperação da paisagem, do ponto de

vista geográfico e ecológico, pois quanto mais se consegue expandir as áreas naturais, mais

serviços ambientais e relações ecológicas são recuperados, ou mesmo criados (BUENO,

2004).

Segundo Viana & Pinheiro (1998), a definição de estratégias para a conservação da

biodiversidade deve, portanto, ultrapassar os limites das unidades de conservação e considerar

as características e potencial de conservação nos fragmentos vizinhos.

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Resumindo a situação, Bueno (2004, p. 15), assinala:

A fragmentação de habitats por si levará à extinção, e mesmo que todos os fragmentos remanescentes sejam transformados em unidades de conservação, a extinção de uma parcela significativa da biodiversidade não será impedida. É imprescindível, portanto que aja a conexão destes fragmentos, para que seja restaurada a rede ecossistêmica original, intrinsecamente mais resistente, que simultaneamente aumentará a resistência do todo à degradação e também as áreas disponíveis para as espécies (mais área de alimentação, reprodução e facilitação do fluxo gênico) e, conseqüentemente, a sobrevivência das mesmas.

Há uma discussão trazida por Forero-Medina e Vieira (2007) a respeito da definição

de duplo aspecto para a conectividade de fragmentos florestais, uma estrutural e outra

funcional: a primeira descreve relações físicas, como distâncias entre fragmentos, e é baseada

completamente na estrutura da paisagem, as respostas dos organismos. Já a conectividade

funcional, considera as respostas comportamentais aos elementos da paisagem junto com a

estrutura espacial.

A conectividade estrutural pode ser considerada um potencial de conectividade

funcional. No entanto, o estabelecimento de conexões espaciais não significa que elas existam

funcionalmente. Ou inversamente, a ausência de conexões espaciais não implica na ausência

de fluxos biológicos. Tudo depende das características da espécie e da maneira como ela se

locomove na paisagem e interage com seus elementos: corredores, matriz, fragmentos

(METZGER, 2003).

Assim, para atingir os objetivos da conectividade, seja ela funcional ou estrutural,

projetos pautados na implantação de Corredores Ecológicos conectando áreas protegidas é

necessária, urgente e acima de tudo, sábia, porque é potencialmente uma ferramenta capaz de

conservar boa parte das espécies (BUENO, 2004).

Metzger (2003) sugere que, para reconectar subpopulações isoladas em fragmentos de

habitat, existem basicamente duas opções: melhorando a rede de corredores e aumentando a

permeabilidade da matriz da paisagem. E complementa:

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Os corredores são reconhecidos por reduzirem os riscos de extinção nos fragmentos, favorecer as (re) colonizações de fragmentos a partir dos fragmentos vizinhos e aumentarem a probabilidade de sobrevivência das populações na paisagem como um todo. Os corredores permitem um aumento da diversidade da paisagem, o que pode estar associado com um aumento da diversidade de espécies. A substituição de uma matriz pouco permeável (em geral, com baixa similaridade florística e fisionômica com ambientes de habitat) por uma matriz mais permeável (alta similaridade com o habitat) pode favorecer a manutenção de espécies numa paisagem fragmentada, na medida que exista uma fonte de indivíduos, ou seja, um fragmento maior onde as populações possam permanecer de forma estável. Quando esta fonte não existe, uma matriz mais permeável pode favorecer as (re) colonizações a partir de fragmentos vizinhos. Aumentar a densidade dos “stepping-stones” em uma paisagem é também uma forma de tornar a matriz mais permeável. Os “stepping-stones”, chamados no Brasil de “pontos de ligação” ou de “trampolins ecológicos” são áreas reduzidas de habitat inseridas na matriz (Metzger, 2003, p. 54)

Vários são os estudos com fauna, citados por Metzger (2001), comprovando que os

corredores facilitam os movimentos e fluxos, como para aves, pequenos roedores e pequenos

mamíferos. Portanto, intervenções visando o aumento da conectividade, podem contribuir no

sentido de que os efeitos da fragmentação sobre a biodiversidade possam ser diminuídos.

Tais intervenções devem ser vistas caso a caso, e possivelmente adotado um plano que

leve em consideração o tamanho a qualidade e a localização dos remanescentes, além de um

diagnóstico das principais deficiências de cada fragmento da paisagem (TRES, 2006).

Metzger (1998) ainda ressalta que para otimizar a conectividade e a possibilidade de

trocas genéticas entre os remanescentes, deve-se conjuntamente planejar o uso do solo

prevendo o manejo da matriz e dos Corredores da paisagem.

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2.3- ELEMENTOS DA PAISAGEM: MATRIZ, MANCHA E CORREDOR.

Segundo Forman & Godron (1986)2 citado por Valente (2001), ao estudar a paisagem

três de suas características devem ser consideradas : sua estrutura, sua função e suas

alterações. Essas características são definidas pelos autores como:

1- Estrutura, que são as relações entre os distintos ecossistemas ou elementos presentes em

relação ao tamanho, forma, número, tipo e configuração;

2- Funcionamento, que se traduz nos fluxos de energia, matéria e espécies dentro da

paisagem;

3- Alterações que são as modificações observadas na estrutura e fluxos do mosaico ecológico.

Para esse estudo o termo estrutura da paisagem será adotado com a finalidade de

relacionar as análises da disposição espacial, tamanho e forma dos fragmentos da área

estudada.

De acordo com Metzger (2001), matriz, mancha e corredor são elementos que

compreendem a paisagem. Como o primeiro elemento, matriz, já foi supracitado nesta

revisão, será dada atenção aos outros dois elementos.

Conforme Metzger (2001, p. 08), “mancha são áreas homogêneas (numa determinada

escala) de uma unidade da paisagem, que se distinguem das unidades vizinhas e têm

extensões espaciais reduzidas e não-lineares”.

Como o tema central deste trabalho enfatiza o terceiro elemento da paisagem será dada

especial atenção a ele no tópico a seguir.

Page 40: ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o ... 4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA

27

2.3.1- Corredor ecológico: concepções, funcionalidade e viabilidade

O conceito de corredor ecológico vem sendo construído por várias instituições,

governamentais e não governamentais. Esboçamos nesta revisão algumas definições de

corredor ecológico necessárias para embasamento deste estudo:

O Sistema Nacional de Unidade de Conservação define corredores ecológicos como:

Porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. (SNUC, 2000, p.16)

A Resolução nº 09 do CONAMA/1996, artigo 225, estabelece parâmetros e

procedimentos para a identificação e implementação de corredores ecológicos, definindo-o

como:

Uma faixa de cobertura vegetal existente entre remanescente de vegetação primária em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar habitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes. Os corredores entre remanescentes constituem-se pelas faixas de cobertura vegetal existentes nas quais seja possível a interligação de remanescentes, em especial, às unidades de conservação e áreas de preservação permanentes.

Corredor Ecológico ou de Biodiversidade é um mosaico de usos da terra que conectam

fragmentos de floresta natural através da paisagem. O objetivo do corredor é facilitar o fluxo

genético entre populações, aumentando a chance de sobrevivência a longo prazo das

comunidades biológicas e de suas espécies componentes. Além disso, o corredor também

pretende garantir a manutenção em grande escala dos processos ecológicos e evolutivos (CI,

2000).

Também se pode observar a seguinte definição para Corredor Ecológico:

É uma unidade de planejamento biorregional, formada por ecossistemas naturais que possibilitam a conectividade de suas espécies e áreas protegidas, delimitada com o propósito de conservar a biodiversidade para as presentes e futuras gerações, o uso sustentável dos recursos naturais e a distribuição eqüitativa das riquezas. Um de seus principais objetivos é manter ou restaurar a conectividade da paisagem, de modo a facilitar o fluxo gênico entre populações, aumentando a chance de sobrevivência em longo prazo das comunidades biológicas e de suas espécies componentes, além de pretender garantir a manutenção em grande escala dos processos ecológicos evolutivos. Servem para aumentar o tamanho e as chances de sobrevivência de

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populações de diferentes espécies, além de poderem servir como possibilidade de recolonização de espécies localmente perdidas e, ainda, permitir a redução da pressão do entorno das áreas protegidas. (IBAMA, 2004, p. 17)

Para Rocha et al. (2006, p.320), os corredores ecológicos são elementos capazes de

manter e/ou estabelecer a conectividade em uma paisagem fragmentada, tornando a paisagem

mais permeável, favorecendo a movimentação e a recolonização diminuindo o risco de

extinção das espécies.

Em comum, todas essas definições têm a função que o Corredor Ecológico deve

desempenhar: proporcionar vias de intercâmbio, acrescendo as possibilidades de circulação

dos indivíduos pertencentes a populações que se encontram isoladas, favorecendo assim, a

manutenção dos processos ecossistêmicos fundamentais para a sustentação da biodiversidade.

Em um estudo recente publicado pela revista Science em 2006, coordenado por

Damschen et al. (2006), foi demonstrado a funcionalidade dos corredores, os quais auxiliam

na diversidade de plantas através do aumento da polinização e dispersão de sementes. O

estudo abordou a dispersão de plantas em povoamentos de pinus (Pinaceae) na Carolina do

Norte (EUA), demonstrando que os corredores são uma ferramenta e instrumento de

conservação.

Assim, o estabelecimento de corredores de ligação entre populações isoladas seria uma

estratégia de minimizar os riscos de extinção das espécies como um todo, podendo elevar as

probabilidades de sobrevivência do conjunto das populações isoladas de uma determinada

espécie, conhecida como “metapopulação” (CI, 2000).

Conforme Maciel (2007), os corredores são projetados para manter ou restaurar

biotas inteiras, mosaicos de paisagens, além dos serviços ambientais 3 em escala regional,

trazendo assim benefícios como a conservação da biodiversidade.

3 Os serviços ambientais seriam: Ciclagem de minerais, em especial carbono, nitrogênio e fósforo, Valor cultural (estético, artístico, científico e espiritual, tratamento de resíduos e filtragem de produtos tóxicos, controle de distúrbios climáticos como tempestades, enchentes e secas, armazenamento de água em bacias hidrográficas, reservatórios e aqüíferos, produção de alimentos (pescado, caça, produtos extrativistas), regulação dos níveis de gases atmosféricos poluentes (CO2, O3, etc.),

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29

Conforme Bueno (2004, p.86), “a função do corredor ecológico é proporcionar um

fluxo de matéria e energia entre as áreas que conecta, visando algum tipo de benefício

decorrente dessa conexão”, a mesma autora ainda lista em sua revisão tipos de corredores

quanto á sua função:

Os corredores de habitats naturais: São aqueles estabelecidos com vegetação nativa e que

proporcionam alimento, abrigo, área de forrageamento e reprodução. Funcionam não apenas

como área de passagem entre fragmentos, mas também como habitat para algumas espécies;

Corredores ripários: são os cursos de água conjuntamente com as matas ciliares. Segundo

Bueno (2004), os corredores de habitats naturais e os ripários, por serem contínuos são

esperados serem os preferidos pela fauna, este último então, apresenta vários aspectos

positivos: além da conservação da biodiversidade, funciona como estabilizador das margens,

auxilia na contenção de erosão hídrica e eólica, e no controle da colmatagem dos rios e na

depuração das águas do lençol freático.

Corredor de habitat artificial: podem ser exemplificados por um contínuo de cercas-vivas,

uma servidão para auto-estrada, linha de transmissão, linha férrea.

Corredor de passagem ou movimento: são as passagens subterrâneas ou túneis, e vêm

sendo freqüentemente chamados de corredores. Elas são utilizadas para restabelecer os fluxos

biológicos rompidos pela construção de estradas.

Corredor urbano: Estes corredores são aqueles que estão dentro de ou cruzando áreas

urbanas. Visto que a maior parte da população vive em áreas urbanas, os corredores urbanos

são importantes na conexão de fragmentos de habitats e, por outro lado, um grande desafio

para o planejador e gestor.

recreação (ecoturismo, pesca esportiva, atividades ao ar livre), fonte de matérias-primas (madeira, combustíveis e rações animais), controle de erosão e sedimentação através da retenção do solo, controle biológico de pragas e doenças (TONHASCA, 2004).

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30

Já Anderson et al. (2003), identificam dois grandes tipos de corredores ecológicos:

a) Corredor Linear - consiste em uma ligação estreita e unidirecional entre dois blocos

maiores de habitat nativo estendendo-se a distâncias de até 10 km. São adequados para

realizar objetivos específicos e possivelmente eficazes em circunstância onde:

• uma grande parte da paisagem é alterada ficando inabitável às espécies nativas;

• as espécies críticas são condicionadas a habitats sem distúrbio;

• e/ou o ecossistema desejado pode ser restabelecido ou mantido em corredores lineares, como

ao longo de córregos (matas ciliares).

b) Corredor de paisagem - Esta proposta está associada à conservação em larga escala, como

uma unidade de planejamento regional e podem estender-se sobre áreas de milhares de km2.

Consiste na ligação multidirecional e compreende uma rede de unidades de conservação e

outras áreas de usos menos intensivo, que são gerenciadas de maneira integrada para garantir

a sobrevivência do maior número possível de espécies de uma região.

No Brasil o conceito de Corredores ecológicos ou Corredores de Biodiversidade é

relativamente novo, essa estratégia de conservação vem sendo construída dentro do Ministério

de Meio Ambiente desde 1997, no âmbito do Programa Piloto para Proteção das Florestas

Tropicais no Brasil- que lida com a dinâmica da fragmentação e promove a formação e a

conservação de grandes corredores na Amazônia e na Mata Atlântica, aí estão sendo

desenvolvidos vários projetos de corredores com abrangência regional a exemplo do Corredor

Central da Amazônia, Corredor Central da Mata Atlântica e Corredor da Caatinga (AYRES et

al., 2005).

A Figura 7 mostra os sete grandes corredores apontado pelo Programa Piloto, que

correspondem a cerca de 25% das florestas tropicais úmidas do Brasil, sendo que cinco deles

localizados na Amazônia (Corredor Central da Amazônia, Corredor Norte da Amazônia,

Corredor Oeste da Amazônia, Corredor Sul da Amazônia, Corredor dos Ecótonos Sul-

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31

amazônicos) e dois, na Mata Atlântica (Corredor Central da Mata Atlântica e Corredor Sul da

Mata Atlântica ou Corredor da Serra do Mar) (MMA et al, 2006).

Numa escala menor estão sendo desenvolvidos diversos trabalhos com propostas de

criação e implantação de corredores: (SZMUCHROWSKI e MARTINS, 2001),

(CORDEIRO, 2003), (GIORDANO, 2004), (NUNES et al., 2005), (ALTOÉ et al., 2005),

(ROCHA et al, 2007a), (MUCHAILH, 2007), (ROCHA, 2008) .

Figura 7: Mapa de Corredores Ecológico do Brasil.

Fonte: MMA et al, (2006)

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32

2.3.1.1- COMO OBTER ÊXITO NOS PROJETOS DE CORREDORES ECOLÓGICOS

E INTERCONEXÃO DOS FRAGMENTOS?

Segundo Rocha et al. (2006), para atingir, em algum grau, o sucesso no objetivo de

elevar a conectividade entre fragmentos, não se deve vislumbrar como única ou mais

apropriada, estratégias de manejo simplistas de reflorestamentos, entretanto, deve-se fazer

uma análise das condicionantes e das estratégias potenciais de interligação entre os

remanescentes de mata, para posterior elaboração de um plano de manejo da paisagem que

vise o estabelecimento de um corredor.

M.M.A. et al. (2006) ainda afirma que para a implantação dos corredores são

necessárias ações coordenadas que visem incentivar as formas de uso da terra de baixo

impacto como o adequado manejo florestal e os sistemas agroflorestais.

Para Martins et al. (1998), o planejamento de corredores ecológicos requer a análise e

integração de vários fatores, cujo processo, aplicado a um conjunto de dados, pode ser

realizado por meio de um sistema de informações geográficas (SIG), georeferenciando as

informações a serem criadas.

Os SGIs permitem a realização de análise espaciais complexas através da rápida

formação e alternância de cenários que propiciam aos planejadores e administradores em

geral, subsídios para a tomada de decisões (CARVALHO et al., 2000).

Os SGIs fornecem ferramentas capazes de armazenar todos os dados e informações

necessárias à implantação de um Corredor, assim como modelar o ambiente de modo a

permitir não só os diagnósticos iniciais, como também os prognósticos de futuros cenários, o

que pode ajudar a planejar ações visando a conectividade e o manejo adequado da matriz

(BUENO, 2004).

Bueno (2004), em sua tese, formulou uma proposta metodológica com uma seqüência

de ações necessárias à funcionalidade e viabilidade de um projeto de Corredor Ecológico, a

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33

sua estrutura metodológica estabelece alguns requisitos mínimos necessários ao sucesso:

diagnóstico geográfico e diagnóstico ecológico dos fragmentos.

Conforme Bueno (2004), de posse dessas informações geográficas e biológicas, pode-

se então avaliar a melhor opção para a conservação, se um corredor, um aumento de área dos

fragmentos, um aumento do número de pontos de ligação (stepping-stones), ou outra forma de

ação qualquer para a conservação.

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34

3. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1- ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo corresponde à região da Área de Proteção Ambiental do Pratigi - APA do

Pratigi, no Litoral Sul da Bahia (Figura 08), a qual ocupa atualmente os municípios de Nilo

Peçanha, Ituberá, Igrapiúna, Piraí do Norte e Ibirapitanga, uma área de aproximadamente

85.686 ha.

Figura 8- Localização da Área de estudo no Baixo Sul da Bahia, destacando a área de proteção ambiental do Pratigi. Fonte: SEI, 2003.

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3.1.1- Aspectos climáticos e biológicos da Área de estudo

De acordo com a classificação de Köppen o clima da área de estudo é do tipo Af –

Clima Tropical chuvoso de floresta, sem estação seca, com pluviosidade média mensal

superior a 60mm e anual superior a 1500 mm.

Em relação à Vegetação a área é constituída por remanescentes de Floresta Ombrófila

Densa Sub-Montana e Montana (mata atlântica), em diversos estágios de conservação,

encontram-se ainda a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, a Formação Pioneira com

influência Flúvio-Marinha (mangue), Formação Pioneira com Influência Fluvial (banhado) e a

Formação Pioneira com Influência Marinha (restinga).

Quanto à fauna a área registra grande representatividade de espécies da Herpetofauna,

da Avifauna e da Mastofauna.

São registradas mais de 66 espécies de anfíbios e 68 espécies de répteis, destaca-se a

ocorrência da Hyla atlantica espécie endêmica da Bahia. A caracterização da avifauna da

APA resultou num total de 270 espécies de aves distribuídas em cinqüenta famílias, dentre

elas destacam-se algumas que encontram-se ameaçadas: anambé-deasa-branca Xipholena

atropurpurea, mutum-de-bicovermelho Crax blumenbachii e rabo-branco Phaetornis

margarettae entre outras. De acordo com os vestígios encontrados e a literatura relacionada, a

mastofauna associada da Área da APA está representada por 77 espécies divididos em 8

ordens: Didelphimorphia, Chiroptera, Xenarthra, Primates, Carnivora, Artiodactyla, Rodentia

e Lagomorpha, ainda foram registradas 11 espécies endêmicas da Mata Atlântica na APA do

Pratigi como um todo (MMA, 2004).

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36

3.2- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.2.1- Proposta de nova poligonal para a APA do Pratigi

Para delimitação da nova proposta para APA do Pratigi, uma preocupação fundamental

foi respeitar os limites naturais, logo, estabeleceu-se a delimitação a partir dos rios, litoral e

limites das bacias hidrográficas.

Na delimitação das bacias hidrográficas, utilizou-se o modelo hidrológico Soil and Water

Asssesssment Tool - SWAT, modelo avançado de simulação hidrológica com interface para o

sistema de informações geográficas ArcGIS criado em 2000, tendo suporte técnico no U.S. -

Departament of Agriculture, Agricultural Research Laboratory, and Temple, Texas, EUA.

Para identificação das bacias, foi necessário digitalizar através de mesa digitalizadora

Summagrid IV, tamanho A0, ligada ao ArcGIS as curvas de nível de 40 em 40 metros das

Cartas Topográficas da SUDENE contemplando as folhas Velha Boipeba (SD-24-X-C-IV),

Ituberá (SD-24-V-D-VI), Jaguaquara (SD-24-V-D-V), Ubaitaba (SD-24-Y-B-III) e Ipiaú (SD-

24-Y-B-II); todas na escala de 1:100.000. A partir das curvas de nível digitalizadas, gerou-se

o modelo digital de elevação no ArcGIS 9.2, que alimentou o banco de dados do SWAT. Em

seguida, os procedimentos realizados para delimitação das bacias hidrográficas que compõem

a nova proposta da APA do Pratigi foram conforme o guia de uso desenvolvido por Di Luzio

et al. (2002). Todo procedimento tem por base a identificação dos divisores de águas

delimitados pelo programa SWAT, a partir do modelo digital de elevação e dos principais

cursos d`água das bacias hidrográficas delimitadas a partir dos seu pontos de descarga.

A Figura 9 apresenta a janela do programa SWAT no qual foram delimitadas as bacias

hidrográficas para comporem a APA do Pratigi.

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37

Figura 9 – Janela do SWAT para delimitação de bacias e sub-bacias hidrográficas.

Fonte: Software SWAT

3.2.2- Mapeamento da cobertura florestal remanescente e análise dos fragmentos

Para obtenção do mapa de cobertura florestal remanescente e uso do solo na APA

Pratigi, foram aproveitados os dados em formato shape file disponibilizados pelo Ministério

do Meio Ambiente, do projeto de conservação e utilização sustentável da diversidade

biológica brasileira – PROBIO, 2007. Em seguida os dados tiveram seu sistema de

coordenadas definidos como Universal Transversa de Mercator (UTM), datum SAD1969, que

adota coordenadas métricas planas, mais adequadas para cálculo de áreas.

Para análise dos fragmentos segundo seu tamanho, utilizou-se como referência o

trabalho de Laurence et al. (1997) adotando os seus parâmetros que relaciona tamanho dos

fragmentos e o valor destes para a conservação da biodiversidade.

Já os critérios adotados para análise dos fragmentos conforme os índices de

circularidade estão em consonância com o trabalho de Borges et al. 2004, segundo este autor,

o índice de circularidade (IC) fornece o valor, que é definido como a raiz quadrada da área do

polígono em questão (área do fragmento – A1), dividido pela área (A2) de um círculo de

Page 51: ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o ... 4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA

38

mesmo perímetro (P) do polígono (fragmento). Assim, com o perímetro do fragmento

calculou-se o raio (R) como R=P/2π. Com base em R, determinou-se a área (A2=πR2) de um

círculo de mesmo perímetro. Logo, quando IC for igual a 1 (um), o fragmento florestal é

circular. À medida que ele se torna mais alongado, o valor de IC tende a diminuir, até chegar

próximo de 0 (zero). Esses cálculos foram efetuados com ajuda do software Excel, onde foi

gerada uma tabela, estes dados foram transportados para o software Arcgis 9.2 para análise

dos fragmentos e confecção dos mapas. A Figura 10 mostra os procedimentos adotados.

Figura 10- Fluxograma dos procedimentos metodológicos para análise dos fragmentos

3.2.2- Mapeamento da cobertura florestal remanescente e análise dos fragmentos

Para obtenção do mapa de cobertura florestal remanescente e uso do solo na APA

Pratigi, foram aproveitados os dados em formato shape file disponibilizados pelo Ministério

do Meio Ambiente, do projeto de conservação e utilização sustentável da diversidade

biológica brasileira – PROBIO, 2007. Em seguida os dados tiveram seu sistema de

A) FRAGMENTOS COM ALTO VALOR APRESENTAM MEDIDAS MAIORES QUE 300 ha; B) FRAGMENTOS COM VALOR MEDIANO APRESENTAM ENTRE 3 E 300 HA; C) FRAGMENTOS COM VALOR BAIXO APRESENTAM MEDIDAS MENORES QUE 3 ha.

IC = (A1 ) ÁREA DO FRAGMENTO ha /

(A2) ÁREA DE UM CÍRCULO DE MESMO PERÍMETRO DO POLÍGONO DO FRAGMENTO

ANÁLISE DOS FRAGMENTOS CONFORME TAMANHO

ANÁLISE DOS FRAGMENTOS CONFORME ÍNDICE DE CIRCULARIDADE (IC)

MAPA DE USO DO SOLO E REMANESCENTES

FLORESTAIS

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39

coordenadas definidos como Universal Transversa de Mercator (UTM), datum SAD1969, que

adota coordenadas métricas planas, mais adequadas para cálculo de áreas.

Para análise dos fragmentos segundo seu tamanho, utilizou-se como referência o

trabalho de Laurence et al. (1997) adotando os seus parâmetros que relaciona tamanho dos

fragmentos e o valor destes para a conservação da biodiversidade.

Já os critérios adotados para análise dos fragmentos conforme os índices de

circularidade estão em consonância com o trabalho de Borges et al. 2004, segundo este autor,

o índice de circularidade (IC) fornece o valor, que é definido como a raiz quadrada da área do

polígono em questão (área do fragmento – A1), dividido pela área (A2) de um círculo de

mesmo perímetro (P) do polígono (fragmento). Assim, com o perímetro do fragmento

calculou-se o raio (R) como R=P/2π. Com base em R, determinou-se a área (A2=πR2) de um

círculo de mesmo perímetro. Logo, quando IC for igual a 1 (um), o fragmento florestal é

circular. À medida que ele se torna mais alongado, o valor de IC tende a diminuir, até chegar

próximo de 0 (zero). Esses cálculos foram efetuados com ajuda do software Excel, onde foi

gerada uma tabela, estes dados foram transportados para o software Arcgis 9.2 para análise

dos fragmentos e confecção dos mapas. A Figura 10 mostra os procedimentos adotados.

A) FRAGMENTOS COM ALTO VALOR APRESENTAM MEDIDAS MAIORES QUE 300 ha; B) FRAGMENTOS COM VALOR MEDIANO APRESENTAM ENTRE 3 E 300 HA; C) FRAGMENTOS COM VALOR BAIXO APRESENTAM MEDIDAS MENORES QUE 3 ha.

IC = (A1 ) ÁREA DO FRAGMENTO ha

/ (A2) ÁREA DE UM CÍRCULO DE MESMO PERÍMETRO DO POLÍGONO DO FRAGMENTO

ANÁLISE DOS FRAGMENTOS CONFORME

TAMANHO

ANÁLISE DOS FRAGMENTOS CONFORME

ÍNDICE DE CIRCULARIDADE (IC)

MAPA DE USO DO SOLO E REMANESCENTES

FLORESTAIS

Figura 10- Fluxograma dos procedimentos metodológicos para análise dos fragmentos

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40

3.2.3- Mapeamento das áreas de preservação permanentes (APPs) Para mapeamento das áreas de preservação permanente foi utilizado como base a Lei

n.° 4.771, de 15 de setembro de 1965 do Código Florestal, atualizado em 06/01/2001, que

dispõe sobre parâmetros, definições e limites de APPs. Os parâmetros utilizados foram:

• 30 metros para os cursos d’água de menos de 10 metros de largura,

• Raio de 50 metros ao redor de nascentes,

• Encostas com declividade superior a 45 graus;

• E as formações vegetais naturais protegidas por lei.

Com o auxílio do sistema de informações geográficas ArcGIS 9.2, utilizando os

módulos de análise envolvendo as ferramentas de “buffer”, e “merge” aplicou-se os

parâmetros restritivos do Código Florestal aos dados hidrológicos sendo possível estabelecer

as áreas de preservação permanente das nascentes e das áreas de matas ripárias. Para separar

as áreas acima de 45 graus de declividade, gerou-se um modelo digital de elevação pela

interpolação de curvas de nível e em seguida calculou-se a declividade, separando as classes

de declive de interesse, por fim com os dados da cobertura florestal empregou-se a ferramenta

“merge” onde foi possível criar o mapa de áreas de preservação permanente da área de estudo.

Figura 11: Fluxograma metodológico para identificação das APPs.

Page 54: ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o ... 4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA

41

3.2.4- Identificação das áreas de conflitos de uso do solo

Para identificação e análise de conflito de uso do solo, ou conflitos ambientais nas

áreas destinadas à preservação permanente foram utilizados os mapas temáticos de uso e

cobertura do solo e das categorias de APPs. Inicialmente, foi realizada uma sobreposição

desses mapas por meio dos procedimentos disponíveis no módulo de análise do ArcGIS 9.2

“Overlay”. Em seguida, as ocorrências de conflito de acordo com as classes de uso foram

identificadas e devidamente mensuradas, executando as funções de busca (Query Build) e de

cálculo de área. A Figura 11demonstra tais procedimentos:

Figura 12: Fluxograma metodológico para identificação das áreas de conflitos ambientais

3.2.5- Identificação de Corredores Ecológicos na APA do Pratigi.

Os procedimentos adotados estão baseados na adaptação da metodologia de distâncias

de custo e caminhos de menor custo (EASTMAM, 1996). Foi utilizado o sistema de

informações geográficas ArcGIS 9.2, o qual permitiu a identificação de corredores

ecológicos na APA Pratigi.

A escolha da metodologia adotada se deu por conta de ser uma das técnicas

atualmente mais utilizadas O Fluxograma metodológico da Figura 13 indica que os

procedimentos se deram a partir do mapa de uso do solo e cobertura florestal, onde este teve

sua tabela de atributos editadas, aplicado o comando EDITOR, foi feita então uma

MAPA TEMÁTICO DE USO E COBERTURA DO SOLO

MAPA TEMÁTICO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO

PERMANETE OVERLAY

MAPA DE CONFLITOS AMBIENTAIS

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42

reclassificação modificando-se o atributo de cada célula criando valores que corresponde a

níveis de dificuldade gerando o mapa de dificuldades.

Assim, todos os dados referentes ao uso do solo foram reclassificados, definindo pesos

de adequabilidade, sendo os de maiores pesos aqueles por onde não deveriam passar os

corredores como no caso das áreas de pastagem, a Tabela 1 mostra as classes com seus pesos

qualitativos.

Tabela 1: Classes com pesos qualitativos para obtenção do mapa de superfície de dificuldades da nova poligonal da APA do Pratigi proposta por este estudo, 2008.

Classe

Pesos

Mata

1

Manguezal

1

Capoeira

10

Corpos d’água

50

Agricultura

70

Pastagem

100

Para a escolha dos pesos de restrição usados para reclassificar o mapa de uso do solo,

transformando-o em mapa de superfície de dificuldade, pensou-se num mamífero de médio

porte, estes podem funcionar como espécies-chave do ecossistema, porque seu

comportamento alimentar regula as populações de outras espécies. A idéia é que se as

necessidades de um mamífero de médio porte são atendidas, aumenta muito as chances de que

as outras espécies tenham suas necessidades também atendidas (BUENO, 2004).

Com comando COST DISTANCE gerou-se uma superfície de dificuldades, depois foi

aplicado o comando COST PATHWAY e a partir do fragmento de origem o programa

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43

realizou a delimitação de uma rota ideal para a passagem do corredor até o fragmento de

destino.

Figura 13: Fluxograma metodológico para delimitação de Corredores Ecológicos na

APA do Pratigi.

MAPA DE SUPERFÍCIE DE DIFICULDADE

PATHWAYG

CORREDOR ECOLÓGICO

COMANDOS

MAPA DE USO DO SOLO E COBERTURA

FLORESTAL REMANESCENTE

MAPA DE DIFICULDADE

EDITOR

DISTANCE

FRAGMENTO DE ORIGEM

FRAGMENTO DE DESTINO

Page 57: ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o ... 4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA

44

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um dos objetivos deste estudo foi montar uma proposta de poligonal mais viável,

nesse sentido, julgou-se necessário antes, apresentar uma contextualização da área de estudo

com seus limites já demarcados, para subseqüentemente apresentar a nova proposta e a

caracterização dos aspectos físicos da mesma.

4.1- CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DA APA DO PRATIGI

A legislação ambiental brasileira, no que concerne à conservação da biodiversidade,

traz em seus textos imposições legais que se cumpridas na prática ajudaria a garantir a

preservação das florestas e corredores ecológicos e demais funções ecológicas. Os

documentos aqui referenciados são em especiais: o Código Florestal, Lei 4771/1965, (que

trata da proteção de florestas e matas brasileiras), a lei nº 6.902/ 1981, (que dispõe sobre a

Política Nacional do Meio Ambiente), a Resolução CONAMA 303/2002, (que dispõe sobre

parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente), além da Resolução nº

09/1996 (que define corredores entre remanescentes e estabelece parâmetros e procedimentos

para a sua identificação e proteção).

Percebe-se que, não por falta de uma legislação os biomas brasileiros vêm sendo

acometidos por severas ameaças.

O histórico de uso da terra no domínio da Mata Atlântica, que já em 1998 apresentava

segundo MMA (1998a), menos de 9% de sua cobertura original, e ainda hoje não evidencia

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45

sinais de inversão na curva de degradação desse bioma, é um exemplo evidente de negligência

para com a preservação desses ecossistemas Conforme aponta Viana (1995), a maior parte

dos remanescentes florestais da Mata Atlântica, encontra-se na forma de pequenos fragmentos

em paisagens intensamente cultivadas altamente perturbados, isolados, pouco conhecidos e

pouco protegidos.

Para Almeida (1996), o desmatamento da Mata Atlântica é particularmente sério, uma

vez que este ecossistema apresenta uma alta diversidade e elevado nível de endemismo,

levando à extinção um número incalculável de espécies e populações.

A APA (Área de Proteção Ambiental) do Pratigi está localizada neste bioma e como

tal tem estado à mercê dessa degradação.

A APA foi criada através do Decreto n°7.272, de 02 de abril de 1998, considerando a

grande extensão de praias, restingas, manguezais e floresta ombrófila densa, bem como a

representatividade da fauna e da flora das regiões litorâneas, formando um expressivo

conjunto dos ecossistemas associados da Mata Atlântica, de importante valor ambiental

(MMA, 2004).

Inicialmente a APA contava com aproximadamente 48.746 ha, abarcando os

municípios de Ituberá e Nilo Peçanha, mas teve sua poligonal estendida através do Decreto nº

8.036, de 20 de setembro de 2001, abrangendo os municípios de Nilo Peçanha, Ituberá,

Igrapiúna, Piraí do Norte e Ibirapitanga, totalizando uma área estimada de 85.686 ha (Figura

14).

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46

Figura 14- Mapa de ampliação da área de estudo

Fonte: MMA, 2004. Elaborado por: Lopes,N.S.

De acordo com este decreto a ampliação da APA se deu pelos seguintes motivos:

- Necessidade de ampliar a proteção das restingas e manguezais, característicos do

ecossistema da Mata Atlântica nesta sub-região, para as áreas de estuário do município de

Igrapiúna até a foz do rio Pinaré, devido ao excelente estado de conservação decorrente do

isolamento físico.

- Necessidade de proteção ambiental da Bacia Hidrográfica do rio Juliana e maciços florestais

adjacentes, pelos remanescentes de Floresta Ombrófila Densa em avançado estágio de

regeneração, e pelo exuberante complexo hídrico, que contribuem para a estabilidade de todo

o singular sistema hidrográfico microregional, incluindo a Cachoeira da Pancada Grande,

importante atrativo turístico da região (MMA, 2004).

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47

Atualmente, toda a área da APA encontra-se inserida no “Corredor Central da Mata

Atlântica” e é considerada área prioritária para ações conservacionistas pela Reserva da

Biosfera da Mata Atlântica.

A seleção dos corredores envolveu critérios distintos para os diferentes biomas sendo

que, na Mata Atlântica, o Corredor Central foi selecionado em razão do seu alto grau de

vulnerabilidade e fragmentação (PPG7 & MMA, 2003).

Tendo em vista a alta fragmentação da floresta, observada no Corredor Central da

Mata Atlântica, a principal estratégia de atuação nesse corredor é aumentar a integridade

ecológica e a conectividade dos fragmentos. Para isso, o Projeto Corredores Ecológicos

selecionou as áreas prioritárias que já possuem unidades de conservação e que exibem

potencial para incrementar a conectividade entre os fragmentos, dentre elas foi selecionada a

região do Baixo Sul da Bahia, onde está inserida a APA do Pratigi (PPG7 & MMA , 2003).

Conforme MMA (2004), encontram-se arranjadas aí a Reserva Ecológica do rio

Juliana, criada pelo Decreto 1.657/1997, no município de Ituberá, com a finalidade de

preservar remanescentes florestais; - as Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPN

Fugidos (Portaria IBAMA 28/2000, com cerca de 450,02 ha) e uma outra RPPN Fazenda

Piauí, em Piraí do Norte (em processo de criação); e - a APA Municipal da Cachoeira da

Pancada Grande (Decreto Municipal 1.534/94, com cerca de 50 ha, em Ituberá).

4.1.1- Proposta de nova poligonal para a APA do Pratigi

Um dos objetivos específicos deste trabalho foi criar uma proposta de nova poligonal

para a APA Pratigi, com a justificativa de que é necessário abranger os principais rios e

afluentes que nascem nas serras, a exemplo da Serra de Papuã a oeste do oceano e alcance a

faixa costeira do Pratigi, para dessa maneira envolver grande parte da rede hidrográfica, como

sugerido pelo plano de manejo (MMA,2004).

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Conforme aponta Hutchinson (1996), a topografia é um controle dominante nos

processos de superfície. Ela é um agente moderador na distribuição espacial do clima que, em

última instância, dita a distribuição e a produtividade dos sistemas biológicos. Para Ribeiro et

al (2005), esse fato por si só, vai justificar a adoção da bacia hidrográfica como unidade

natural de planejamento ambiental, já que podem se tornar efetivas as práticas de recuperação

dos mananciais e revegetação das bacias de cabeceira, uma vez que o problema é tratado de

forma holística.

Do mesmo modo, a Lei nº 9.433 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos

define a bacia hidrográfica como a unidade territorial para implementação da Política

Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos.

Schiavetti & Camargo (2005), também assinalam que a adoção da bacia hidrográfica

como unidade de planejamento ambiental é uma das maneiras mais eficazes para atingir um

desenvolvimento regional integrado. Assim, os novos limites sugeridos neste estudo tentam

envolver essas premissas.

Como limite norte da nova poligonal ficou estabelecido o rio das Almas, incluindo

suas sub-bacias da margem direita e o oceano como limite leste, incluindo também uma

porção de terras que está hoje excluída da APA do Pratigi, situada no município de Nilo

Peçanha, que envolve florestas bem conservadas. Assim, abrangem-se os grandes limites

físicos desta micro-região, envolvendo quase toda a rede hidrográfica que alcança a planície

costeira do Pratigi, situada, entre o arquipélago de Tinharé Boipeba e a Baía de Camamu.

Para delimitação dos limites sul e oeste da nova poligonal foram estabelecidos como

limites as bacias hidrográficas. No caso da bacia hidrográfica a oeste, incluiu-se um afluente

do rio de Contas, devido a necessidade de proteger os fragmentos florestais da Serra do

Papuã.

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49

O novo polígono proposto (Figura 15) vai abranger os principais rios e seus afluentes

que nascem nas serras, a exemplo da Serra da Papuã, e alcançam a faixa costeira do Pratigi,

tendo ao norte a foz do Rio das Almas e ao sul a Baía de Camamu.

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Figura 15: proposta de nova poligonal para a APA do Pratigi. Fonte: SEI, 2003. Elaborado por: LOPES, N.S.

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Compreendida entre os paralelos 13° 30’ e 14° 00’ de latitude Sul e os meridianos

38° 50’ e 39° 40’ de longitude oeste, os novos limites estão totalmente inseridos na

Região do Baixo Sul da Bahia. Como apresentado na Figura 16, este novo território

abrange uma área aproximada de 220.000 ha, envolvendo integralmente os

municípios de Ituberá, Igrapiúna e Piraí do Norte, e parcialmente Nilo Peçanha,

Camamu, Gandu, Barra do Rocha, Ibirataia, Maraú, Ubatã, Nova Ibiá, Ibirapitanga e

Cairú. As BR 101 a oeste e a BA 001 a leste são as principais rodovias que cortam a

poligonal da APA Pratigi, sendo importantes para a comunicação dos municípios

dessa região.

Figura 16: Municípios que compõe a proposta de nova poligonal para a APA do

Pratigi.

Fonte: SEI, 2003. Elaborado por: LOPES,N.S

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52

4.2- DESCRIÇÃO FÍSICA DA NOVA POLIGONAL PROPOSTA PARA A APA DO

PRATIGI.

4.2.1- Hidrografia O território da APA do Pratigi está sob duas regiões hidrográficas importantes,

de acordo com a Superintendência de Recursos Hídricos do Estado da Bahia são

elas: Bacia Hidrográfica do Rio de Contas e Bacia Hidrográfica do Rio do Recôncavo

Sul (Figura 17).

A Bacia Hidrográfica do Rio de Contas abrange 63 municípios com uma área

de 5.533.400 ha. Formada por 29 microbacias possui o Rio das Contas como

principal. Este rio tem nascente na Serra do Tomba no município de Piatã, região da

Chapada Diamantina e jusante em Itacaré onde deságua no Oceano Atlântico,

Região Sul da Bahia, perfazendo cerca de 620 km de extensão.

Os tributários da margem direita do rio de Contas são o Rio Brumado, Rio Gavião e rio

Gongogi, e da margem esquerda são o Rio Ourives, Rio do Laço, Rio Jequiezinho e Rio Oricó

(CRA, 2001).

Na APA do Pratigi esta bacia drena toda área sudoeste com mais de 72.000 hectares. A

drenagem é do tipo dendrítica e paralela, já que - a oeste de Camamu e sul de Ibirapitanga - os

cursos escoam quase que paralelamente uns aos outros, essa diferença deve-se a alguns

fatores como a geologia e as classes de solos nessas áreas.

Já a Bacia Hidrográfica do Recôncavo Sul drena 2.222.000 hectares envolvendo 28

municípios (CRA, 2001). Os principais rios são Jaguaripe, Jequiriçá, Ribeira do Cupido, Rio

do Braço, Una, Jequié, Almas, Preto e Cachoeira Grande.

Com uma complexa rede de drenagem fluvial banha cerca de 70% da APA do Pratigi

formando grande área estuarina. Essa bacia se subdivide em quatro microbacias: do Rio

Jequié, do Rio Cachoeira Grande e outras duas abordadas neste trabalho como microbacia dos

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Estuários de Nilo Peçanha e microbacia dos Estuários de Camamu. A microbacia do Rio

Cachoeira Grande desemboca no estuário de Serinhaém e é navegável até a altura da

Cachoeira Grande (em Tremembé). Caracterizada por pequenos cursos d’água os principais

rios destas bacias são respectivamente Rio do Braço, Almas e Cachoeira Grande.

Os principais usos da água comuns às bacias são: abastecimento urbano e rural,

irrigação, dessedentação de animais, recreação, pesca e corpo receptor de esgotos domésticos

e industriais. Há ainda o lazer, turismo na faixa litorânea, navegação na foz dos rios e a

geração hidrelétrica de pequeno porte. A aqüicultura também é uma das atividades

desenvolvidas na região, entretanto é encontrada apenas na bacia do Rio Recôncavo Sul

(CRA, 2001).

A agropecuária é a principal geradora de impactos negativos nos recursos hídricos da

região, pois além de causar assoreamento, essa atividade lança efluentes líquidos e resíduos

sólidos advindos das culturas temporárias, pecuária, horticultura e culturas irrigadas. Também

são relevantes os impactos causados pelo extrativismo vegetal, mineração, urbanização e

indústrias (CRA, 2001).

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Figura 17: Mapa da Rede hidrográfica da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi. Elaborado por: LOPES,N.S.

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4.2.2- Clima

A APA do Pratigi está sob a influência de duas tipologias climáticas de acordo com o a

classificação Köppen, Tropical Chuvoso de Floresta (Af) e Tropical de Monção (Am), (Figura

18).

A porção litorânea, central e sudeste estão sob a ação do clima Af que cobre mais de 65%

da APA. Esta tipologia climática se distingue das demais por ser quente e úmido sem estação

seca definida, com temperaturas elevadas sem grandes oscilações. Precipitação superior a

1.000 mm anuais bem distribuídos durante o ano (total anual acima de 1.330 mm),

temperatura média de 24ºC e umidade relativa do ar em torno de 80% são características deste

clima (SEI, 1998).

O clima Tropical de Monção (Am) quente com uma estação seca, presente na região

oeste da APA, é um clima de transição entre Af e o Aw (quente com chuvas de verão). O clima

Am também é chuvoso, quente e úmido, entretanto possui período seco ou menos úmido. A

precipitação anual superior elevada, acima de 1.000 mm, compensa os meses mais secos,

agosto e setembro, nos quais a precipitação chega a ser inferior a 100 mm (SEI, 1998).

O clima Am apresenta temperatura média elevada com mínima de 18°C e superior acima

de 23°C (SEI, 1998). Assim como em toda região a temperatura dos municípios litorâneos são

influenciados pelo oceano que atua como fator regulador da temperatura, desta forma,

percebe-se nos municípios interiores da bacia o efeito do fator continentalidade, aliado ao

aumento de altitude, proporcionando amplitudes térmicas maiores

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Figura 18: Mapa de tipologia climática da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi. Elaborado por: LOPES,N.S.

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4.2.3- Unidades geológicas

Como mostra a Figura 19, a APA do Pratigi, do ponto de vista geotectônico, está

assentada sobre as seguintes unidades geológicas: Depósitos marinhos e continentais

costeiros, Formação Rio de Contas, Grupo Brotas, Monzonitos-mangeritos/shoshomíticos,

Cinturão Itabuna – Almadina, Rochas metaultramarficas, Jequié – migmatitos, Cinturão

Itabuna – Itabuna glabros e Cinturão Itabuna – Itabuna tonalitos (RADAMBRASIL, 1981).

Os depósitos marinhos e continentais costeiros são sedimentos da Era Cenozóica e

Período Quaternário – Holoceno, dominantemente arenosos com lentes mais finas de silte e

argila, cascalho variados em lentes no meio do conjunto, mas quase sempre na base.

A Formação Rio de Contas data da Era Mesozóica e Período Cretáceo. È pouco conhecida

na Bacia de Camamu, sendo diagnosticada a presença de calcários , que constituem 10 a 15%

da seção. Em um poço estratigráfico perfurado na Bacia de Almada, a formação mostra um

registro litológico composto de 70% de folhelhos com restos de peixe e coprólitos, 13% de

calcários e 9% de arenito, o restante é comglomerado e siltito.

O Grupo Brotas é uma unidade litoestratigráfica do Mesozóico composta, da base para o

topo, pelas formações Afligidos, Aliança e Sergi. De forma geral em sua composição

encontra-se arenito, comglomerados e folhelhos.

Intrusões de monzonitos-mangeritos/shoshoníticos datam da Era Proterozóica Inferior. Os

Monzonitos provavelmente derivam de um magma potássico com tendência calcialcalina. Já

as rochas shoshoníticas da Região Sul da Bahia são ricas em ilmenita-magnetita, apatita,

biotita, antipertita e mesopertita, estas últimas em equilíbrio com os piroxênios.

Cinturão Itabuna - Almadina, estão reunidas rochas alumino-magnesianas kinzigíticos

com níveis calcissilicáticos, quartzíticos, carbonáticos e granulitos básicos e ácidos. Datam do

Arqueano e Proterozóico Inferior.

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58

Rochas Metaultramáficas, neste grupo reúnem-se os corpos máficos-ultramáficos

encaixados nas rochas ortoderivadas, com componentes suprocrustais metamorfizados, de

idade Arqueana e Proterozóica Inferior são integrantes da região granulítica do Sul da Bahia,

na zona de interface do Cinturão Itabuna e o Bloco Jequié.

Jequié – migmatitos, datado do Arqueano, ocorrem tanto no Bloco Guanambi, em contato

com o Espinhaço Setentrional, sendo ai denominadas de Complexo Santa Isabel, assim como,

e sobretudo, no Bloco Jequié.

O Cinturão Itabuna com Itabuna-gabros, encontra-se entre as cidades de Camamu e

Itabuna formando granulitos bandados, posicionados subverticalmente. As bandas de

granulitos básicos (espessura variando de poucos centímetros até cinco metros) se intercalam

com bandas de granulitos intermediários (poucos metros até dezenas de metros de espessura).

Datam do Arqueano e Proterozóico Inferior.

O Cinturão Itabuna com Itabuna-tonalitos, é a classe predominante na área de estudo,

estes, são granulitos essencialmente de composição intermediária a ácida, homogêneos, de cor

cinza-esverdiado e com textura em geral média, datam do Arqueano e Proterozóico Inferior.

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Figura 19: Mapa de Unidades Geológicas da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi. Elaborado por: LOPES,N.S.

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4.2.4- Geomorfologia

A APA do Pratigi, como mostra a Figura 20, está assentada sobre quatro conjuntos

geomorfológicos principais: Regiões de Acumulação situados na porção leste, Bacia

Sedimentar Recôncavo-Tucano, Planalto Costeiro e Planalto Pré-litorâneo na porção oeste

(RADAMBRASIL, 1981).

As regiões de acumulação são planícies que sofrem influência direta do mar ficando

sujeitos a inundações periódicas nas porções mais baixas com variações de salinidade.

Existem dois tipos de acumulação, a que recebe influência somente das águas do mar,

chamada de Planície Marinha e a que recebe influência das águas do mar e dos rios,

conhecidas como Planícies Flúvio-marinhas.

As Planícies Marinhas podem formam feições como restingas, cordões e flexas arenosas,

canais de maré, terraços e dunas. Possui vegetação peculiar, a Restinga, composta por árvores

baixas de caule retorcido adaptados a solo arenoso.

As Planícies Flúvio-marinhas, feições resultantes da combinação das ações marinhas e

fluviais nas embocaduras de rios, são constituídas de materiais argilo-siltosos, ricos em

matéria orgânica originando solos hidromórficos. Estes formam terraços desenvolvem

vegetação resistente à alta salinidade, o Manguezal.

A Bacia Sedimentar Recôncavo-Tucano é constituída por rochas sedimentares

arenosas e argilosas, os efeitos da tectônica e da litologia se refletem na compartimentação do

relevo de desnudação. O relevo é de topos aplanados com bordas desniveladas contendo

degraus e planos embutidos. As encostas têm formas predominantemente convexas e sua

geologia é representada por bacias sedimentares do Fanerozóico. Suas feições aparecem como

colinas, forma de meia laranja, monoclinal, meseta, feições convexas ou tabulares separados

por vales chatos ou agudos, formando uma drenagem dendrítica. Os desníveis são da ordem

de 20 - 50 metros.

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O Planalto Costeiro tem como feições características os Mares de morros; estes

relevos de topos tabulares são capeados por sedimentos. Barreiras que localmente recobrem

rochas cratonizadas do Escudo Oriental lateritizados em superfície e entalhados por drenagem

dendrítica ou paralelo-ramificada de desnudação.

Apresentam feições geralmente convexas ou convexo-côncavas como lombada, morro

e monte. Separadas por vales chatos ou agudos formam drenagem dendrítica ou ramificada;

os desníveis topográficos são da ordem de 50 - 100 metros.

O Planalto Pré-Litorâneo é a feição que cobre quase que 80 % da área, esta é

caracterizado por um relevo de topos planos e encostas predominantemente convexas e

convexa-côncavas separadas por vales chatos ou agudos, formando uma drenagem dendrítica

ou ramificada. As serras e maciços montanhosos refletem os alinhamentos estruturais das

rochas intensamente metamorfizadas cortadas por gargantas do tipo Apalacheano de

desnudação. A topográfica fica em torno de 50 a 100 metros.

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Figura 20: Mapa de geomorfologia da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi. Elaborado por: LOPES,N.S.

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4.2.5- Solos

As unidades pedológicas mapeadas na APA do Pratigi, conforme mostra a Figura 21 são:

LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO, LATOSSOLO AMARELO, ARGISSOLO

VERMELHO-AMARELO, ARGISSOLO AMARELO, NEOSSOLO QUARTZARÊNICO,

ESPODOSSOLO HUMILÚVICO, GLEISSOLO SÁLICO e CHERNOSSOLO HÁPLICO.

Os Latossolos segundo a EMBRAPA (2006) são solos constituídos por materiais

minerais com a presença de horizonte B latossólico, imediatamente abaixo do horizonte A,

dentro de 200 cm da superfície ou 300 cm se o horizonte A apresenta mais que 150 cm de

espessura. São caracterizados como profundos, bem drenados a moderadamente drenados,

possuem textura média argilosa, e geralmente são álicos devido ao alto grau de saturação de

alumínio.

Os Argissolos são solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B

textural com argila de atividade baixa imediatamente abaixo o horizonte A ou E, e

satisfazendo, ainda, os requisitos ditados pela EMBRAPA (2006) de: Horizonte plíntico, se

presente, não satisfaz os critérios para Plintossolo; Horizonte glei, se presente, não satisfaz os

critérios para Gleissolo.

A erodibiliodade nos Argissolos é forte. Estes solos possuem drenagem moderada, isto

ocorre devido a dificuldade de infiltração causada pela eluviação de argila do horizonte A

para o B. Ocorrem geralmente em relevo forte ondulado (declives com predomínio de 20 a

45%) e têm permeabilidade um tanto restrita, o que torna-os muito erodíveis. Os processos de

escoamento superficial são difusos e rápidos, concentrados ou até mesmo movimentos de

massa, do tipo rastejamento e solifluxão, podem ocorrer (RESENDE, 1995).

Os Neossolos são solos pouco evoluídos e sem horizonte B diagnóstico. Os

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS possuem seqüência de horizonte A-C sem contato lítico

nos 50 cm primeiros de profundidade, apresentando textura areia ou areia franca nos

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horizontes até no mínimo 150 cm. São solos muito profundos, bem drenados a

excessivamente drenados, ácidos, com baixa saturação em bases e alta saturação em alumínio

trocável, ocorrendo em superfícies planas. São solos arenosos com predominância de quartzo,

e praticamente ausência de minerais primários alterávies, baixo teor de matéria orgânica e de

nutrientes (EMBRAPA, 2006).

Nos NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS, a erodibilidade vai de muito fraca a fraca

uma vez que estes são solos muito profundos, porosos e bem permeáveis, friáveis e estão

situados em relevo plano, com declividades que raramente ultrapassam 3%. Os processos de

escoamento superficial são difusos e lentos (RESENDE, 1995).

Os Gleissolos, são solos constituídos por material mineral com horizonte glei

iniciando-se dentro de 150 cm da superfície, imediatamente abaixo de horizontes A ou E, ou

de horizonte hístico com menos de 40 cm de espessura e não apresentando horizonte vértico

ou horizonte B textural com mudança textural abrupta acima ou coincidente com horizonte

glei, tampouco qualquer outro tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei, ou

textura exclusivamente areia ou areia franca em todos os horizontes até a profundidade de 150

cm da superfície do solo ou até um contato lítico. Horizonte plíntico se presente deve estar a

profundidade superior a 200 cm da superfície do solo (EMBRAPA, 2006). Estes solos

apresentam drenagem e aeração deficientes, favorecendo a redução no ferro e manganês do

sistema. Esse processo de redução do ferro é intensificado pelo acúmulo de matéria orgânica

que, juntamente com o alto teor de sais, condiciona o desenvolvimento de manguezais

(RESENDE, 1995).

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65

3- MAPEAMENTO DO USO DO SOLO E COBERTURA FLORESTAL

REMANESCENTE DA NOVA POLIGONAL PROPOSTA PARA A APA DO

PRATIGI.

Conforme Guimarães (2005), os pilares fundamentais para a construção de Corredores

Ecológicos são os fragmentos mais representativos e grandes áreas com remanescentes de

matas preservadas, pois estes constituem importantes redutos de biodiversidade.

Assim, uma etapa fundamental para o seguimento deste trabalho foi apontar uma

classificação do uso e cobertura do solo na área da APA e com isso obter uma configuração

espacial dos remanescentes de mata, a Tabela 2 mostra os 5 usos identificados, bem como

suas respectivas áreas e porcentagens.

Estes resultados revelam uma configuração espacial favorável à conservação da

biodiversidade na APA, visto que a área coberta por mata tem o quantitativo quase equiparado

com a área coberta por agricultura: a classe agricultura cobre cerca de 36.76% da área da

nova poligonal para a APA proposta por este estudo, enquanto que a classe mata cobre cerca

de 35.66% da área da APA proposta por este estudo, Figura 22.

Tabela 2- Valores das áreas das classes do uso e cobertura do solo da nova poligonal da APA do Pratigi proposta por este estudo, 2008.

Fonte: Dados da pesquisa

Classe Área (ha) % da paisagem

Agricultura 80.905

36.76

Capoeira

160 0.07

Manguezal

11.634 5.28

Mata 78.479 35.66

Pastagem 43.016 19.54

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66

Figura 22: Mapa de uso do solo e remanescentes florestais da nova poligonal proposta para a

APA do Pratigi.

Forman e Godron (1986) citam que a área de um fragmento é uma das mais importantes

informações de uma paisagem, não somente porque é a base para o cálculo de outros índices,

como também porque é por si só, uma informação de grande valor.

Desta maneira, o segundo passo desse estudo foi esboçar o quadro geral quantitativo

da área coberta por fragmentos da área de estudo, a tabela 3 mostra este cenário, bem como,

outros parâmetros da paisagem avaliados.

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67

Tabela 3- Parâmetros avaliados da paisagem para os fragmentos florestais remanescentes da nova poligonal da APA do Pratigi proposta por este estudo, 2008.

Fonte: Dados da pesquisa

A área total da paisagem tem aproximadamente 220.079,00 ha, vale lembrar que está

sendo considerada a nova proposta de poligonal para a APA realizada por este estudo, a área

total coberta por fragmentos apresenta 78.479 ha, são 58 unidades de fragmentos que

corresponde a 35,66% da área da APA coberta por estes, tais valores evidenciam a grande

expressividade de remanescentes da área, e confirmam os dados apontados pelo plano de

manejo da APA ao assegurar que uma das principais características da APA do Pratigi é

exatamente conter representativos fragmentos de Mata Atlântica e ecossistemas associados

(MMA, 2004).

4.4- ANÁLISE DOS FRAGMENTOS CONFORME SEU TAMANHO

Segundo Vettorazzi & Valente (2002), os índices de tamanho e de variabilidade

métrica, por serem medidas da configuração da paisagem, contribuem para o entendimento da

espacialização dos fragmentos e do processo de fragmentação florestal.

Desta maneira, este trabalho delineou uma análise do tamanho dos fragmentos pautada

nos estudos de Laurence et al. (1997), onde estes afirmam que, existe uma relação

PARÂMETROS AVALIADOS DA PAISAGEM

ÍNDICES

Área total da paisagem (nova poligonal da APA) 220.079 ha

Área total de fragmentos 78.479 ha

Tamanho médio dos fragmentos 1.330 ha

N° de Fragmentos 58 unid.

Área do maior fragmento 29.568 ha

Porcentagem da área coberta pelo maior fragmento 13,43%

Porcentagem da área coberta por fragmentos 35,66%

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68

importante entre o tamanho e o valor do fragmento para a conservação da biodiversidade,

assim ele apresenta os seguintes parâmetros;

a) Fragmentos com alto valor apresentam medidas maiores que 300 ha;

b) Fragmentos com valor mediano apresentam entre 3 e 300 ha;

c) Fragmentos com valor baixo apresentam medidas menores que 3 ha.

Sob a ótica deste estudo, os limites da APA, ou seja, da nova poligonal para APA

proposta por este estudo, guardam ainda remanescentes bastante representativos com alto

valor para a conservação da biodiversidade, já que em média os fragmentos têm 1.330 ha,

valor superior ao recomendado, além disso, da área total coberta por fragmentos, que é de

78.479 ha, 94% tem área maior ou igual a 300 ha, considerado de alto valor para conservação

da biodiversidade, O restante da área coberta por fragmentos, cerca de 4.107 ha, tem área

entre 3 e 300 ha, considerados de valor mediano, e com a escala utilizada não foi possível

identificar fragmentos com medidas menores que 3 ha considerado de baixo valor para

conservação da biodiversidade,

Na Figura 23 estão expostos os fragmentos considerados com alto valor para

conservação da biodiversidade e os de valor mediano conforme (LAURENCE et al.1997).

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69

Figura 23: Mapa dos fragmentos conforme seu valor para conservação da biodiversidade.

4.5- ANÁLISE DOS FRAGMENTOS CONFORME SEU ÍNDICE DE

CIRCULARIDADE (IC).

As observações efetuadas em campo evidenciaram uma problemática: a exposição dos

fragmentos aos efeitos de suas bordas. A borda é a região do fragmento sob maior influência

da matriz e, por conseqüência, das ações antrópicas que contribuem para o processo de

fragmentação florestal, as Figuras 24 e 25 podem mostrar este processo.

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70

Figura 24: Fotografias dos fragmentos com suas bordas desmatadas. Fonte: Fotografias tiradas em campo, 10/11/2008.

Figura 25: Fotografias dos fragmentos com suas bordas transformadas em pasto. Fonte: Fotografias tiradas em campo, 10/11/2008.

Conforme observado por Périco et al. (2005) o tamanho e a forma de um fragmento

estão intrinsecamente ligados a borda e quanto menor o fragmento, ou mais alongado, mais

fortemente os efeitos de borda podem se fazer sentir, pois diminui a razão interior/margem.

Page 84: ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o ... 4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA

71

Desta maneira, um objetivo indispensável para este estudo foi avaliar quais fragmentos

estariam mais expostos a estes efeitos, assim, analisou-se os fragmentos segundo seu índice de

circularidade (IC), esta análise levou em consideração a área/tamanho (área e perímetro) e a

forma (índice de circularidade) dos fragmentos.

O Índice de Circularidade varia de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1, melhor a

condição dos fragmentos, portanto, o fator de forma ideal para a manutenção dos processos

ecológicos, principalmente para minimizar os efeitos de borda no fragmento seria 1, porém,

não foi encontrado nenhum fragmento com esse valor, o mais próximo disso foi 0.95.

No Quadro 1, os fragmentos destacados em vermelho e amarelo tiveram os índices de

circularidade mais extremos: em amarelo estão os fragmentos mais arredondados, e em

vermelho os mais recortados. Estas referências foram adotadas com base em estudos

realizados por Viana e Pinheiro, (1998).

Page 85: ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o ... 4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA

72

Quadro 1- Dados relativos ao tamanho (área e perímetro) e à forma (índice de circularidade) dos fragmentos florestais da área de estudo.

ID Área 1- Área do fragmento (ha) Área 2 - ππππR2 IC 0 577372.69 844666.53 0.83 1 38259.01 153844.63 0.50 2 1357105.46 2002213.72 0.82 3 697485.20 921289.37 0.87 4 3889422.85 7500866.57 0.72 5 194955.23 360299.58 0.74 6 3239936.59 11832423.31 0.52 7 37668.24 97459.69 0.62 8 2758188.22 5653915.83 0.70 9 2132898.79 3098888.89 0.83 10 2156562.45 3802707.72 0.75 11 112724.17 182727.18 0.79 12 45713438.49 421505756.07 0.33 13 1580645.64 2271336.48 0.83 14 2538797.72 3838687.04 0.81 15 7584131.38 46961008.92 0.40 16 487109.25 605748.15 0.90 17 2230212.32 6817577.16 0.57 18 2113152.23 3157448.45 0.82 19 25012904.56 170222745.98 0.38 20 3130213.11 8271580.65 0.62 21 1813824.97 4462809.30 0.64 22 676864.35 805006.46 0.92 23 1176517.69 1643535.78 0.85 24 337353.86 1599608.35 0.46 25 1174444.10 1799583.44 0.81 26 862247.23 996240.82 0.93 27 1342590.14 1701009.87 0.89 28 4117511.94 7181693.95 0.76 29 405833.09 477943.05 0.92 30 630529.88 693759.65 0.95 31 15703026.99 51546798.44 0.55 32 119711097.41 1531353770.78 0.28 33 537662.47 617727.34 0.93 34 827494.26 967605.59 0.92 35 78886922.24 694141654.58 0.34 36 6869842.26 20983105.78 0.57 37 1154854.36 1593178.61 0.85 38 37821844.91 164540802.22 0.48 39 1826278.92 2333485.05 0.88 40 494987.11 823927.49 0.78

Page 86: ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o ... 4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA

73

ID Área 1- Área do fragmento (m2) Área 2 - ππππR2 (m2) IC* 41 510095.50 693567.81 0.86 42 420359.09 801377.57 0.72 43 493371.72 751910.26 0.81 44 401905.81 586019.25 0.83 45 4920191.56 13146249.60 0.61 46 478513.56 645700.91 0.86 47 66396770.34 936389516.40 0.27 48 21304205.92 107330428.72 0.45 49 3735722.12 7510791.69 0.71 50 1291323.73 2012262.99 0.80 51 2050190.25 5839280.75 0.59 52 1249601.62 3959740.98 0.56 53 920424.32 1738763.63 0.73 54 488407.09 597233.45 0.90 55 295110.23 611467.89 0.69 56 30525.65 96887.22 0.56 57 295685366.49 6285969490.10 0.22

Na Figura 26, os fragmentos em vermelho apresentaram os valores mais críticos, pois

são muito próximos a zero, os índices de circularidade estão entre 0,2 e 0,4, indicando que os

mesmos têm formato bastante recortado, apesar de serem fragmentos extensos, serão

provavelmente os mais acometidos pelos efeitos de borda. Já os fragmentos em amarelo,

menores em área, apresentaram valores maiores ou iguais a 0,7, logo, são mais circulares, e,

portanto, os fragmentos que irão sofrer menos efeitos de borda, já os outros fragmentos, na

cor salmon, tiveram IC com valores medianos entre 0,4 e 0,7.

Estes dados demonstram uma correlação entre os índices de circularidade e o tamanho

dos fragmentos, pois, à proporção que eles são maiores em extensão, menores são os índices

de circularidade, e vice-versa.

Conforme Almeida (2008), fragmentos mais próximos ao formato circular têm a razão

borda/área minimizada e, portanto, o centro da área está eqüidistante das bordas. Sendo assim,

Nota: * IC = = Raiz quadrada da área do fragmento florestal- A1 , dividida pela área de um círculo de

mesmo perímetro que o fragmento em questão- A2.

Continuação

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74

a área central encontra-se “protegida” dos fatores externos. Áreas mais recortadas

(invaginadas) têm maior proporção de bordas que as menos recortadas, logo, fragmentos com

áreas maiores e menos recortadas estão mais protegidos, porque apresentam menor proporção

de borda/área.

Dessa forma, principalmente os fragmentos com os menores índices de circularidade, e

os fragmentos com pequenas áreas devem merecer uma atenção especial sob pena de serem

extintos da área, com o decorrer dos anos, já que menor índice de circularidade significa

maior efeito de borda e maior deterioração do fragmento a partir de seus limites. Da área da

APA coberta por fragmentos, 86% apresentam IC<= 0,4 (recortados) e/ou área <= 300 ha

(considerados de valor mediano para a conservação da biodiversidade), assim, estes requerem

não apenas proteção contra perturbações antrópicas, mas também manejo e até mesmo

expansão para sua conservação.

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75

Figura 26: Mapa com índices de circularidade dos fragmentos.

4.6- MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APPs)

Conforme Lei n.° 4.771, de 15 de setembro de 1965 do Código Florestal, área de

preservação permanente é a área protegida coberta ou não por vegetação nativa, com a função

ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das

populações humanas.

Um dos objetivos específicos deste trabalho foi também mapear essas áreas de

preservação permanente (APPs), e a partir destas, serem analisados os conflitos de uso na área

da APA, a Figura 28 evidencia as APPs (área de preservação permanente), de acordo com a

Lei n.° 4.771.

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76

A área das APPs corresponde a 95.122,36ha. Como a área da nova proposta para APA

Pratigi é de aproximadamente 220.079 ha, as APPs representam cerca de 43% da área total da

APA, valor bastante representativo para a conservação da biodiversidade desta unidade de

conservação, as áreas que são consideradas como de preservação permanente são os

fragmentos florestais, áreas de manguezal, nascentes, áreas com declividade superior a 45°, e

matas ripárias, estas foram identificadas considerando a hidrografia da área de estudo.

De acordo com o Código Florestal, toda vegetação natural ao longo dos rios ou de

qualquer curso d'água também é considerada de preservação permanente. A largura da faixa

de mata ciliar que deve ser preservada está relacionada com a largura do curso d’água. Desta

maneira, neste estudo foram consideradas áreas de preservação permanente a vegetação ao

longo dos rios cuja largura mínima de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que

tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; de 100 (cem) metros para os cursos

d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; ao redor das

nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua

situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura.

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77

Figura 27: Mapa de área de preservação permanente da nova poligonal proposta para a APA

do Pratigi. Elaborado por: Lopes,N.S.

4.7- MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE CONFLITO DE USO DO SOLO DA NOVA

POLIGONAL PROPOSTA PARA A APA DO PRATIGI.

A Tabela 4 demonstra a quantidade em hectares e as respectivas porcentagens das

áreas de preservação permanente que deveriam estar preservadas, ou seja, deveriam estar

coberta por áreas florestadas. As matas ciliares são as APPs cujas áreas estão menos

preservadas, apenas 28%, enquanto que as APPs com declividade superior a 45° apresentam

59% de área preservada, e cerca de 73% das nascentes encontram-se em áreas florestadas.

Page 91: ANÁLISE DA PAISAGEM COM BASE NA … · adaptação da metodologia de distâncias de custo e caminhos de menor custo, onde foi usado o ... 4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A ÁREA

78

Tabela 4 – Área de preservação permanente da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi estabelecida pela legislação e as áreas efetivamente preservadas, 2008.

Área de Preservação Permanente Área estabelecida

por lei para preservação (ha)

Área efetivamente

preservada (ha)

Área efetivamente preservada

(Porcentagem)

Remanescentes Florestais 78.479,00 78.479,00 100%

Manguezais 11.634,00 11.634,00 100%

Matas Ciliares 4.641,00 1.324,00 28%

Declividade > 450 353,48 210,00 59%

Nascentes (princ. rios) 15,00 11,00 73%

Total 95.122,36 91.658,00 Fonte: Dados da pesquisa

A Figura 28 mostra em destaque as áreas que apresentam conflitos de uso do solo, e

evidencia que as APPs de matas ripárias são as mais desprotegidas.

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79

Figura 28: Mapa de áreas de conflito de uso do solo da nova poligonal proposta para a APA

do Pratigi. Elaborado por: Lopes,N.S.

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80

4.8- CORREDORES ECOLÓGICOS PARA A NOVA POLIGONAL PROPOSTA DA

APA DO PRATIGI

Rocha et al. (2006), assinala que há uma certa dificuldade em definir Corredores e

avaliar sua importância em programas de conservação, pelo fato de que significados demais

foram atribuídos ao termo “Corredor”, e completa ao defender que o desenho adequado de

um Corredor dependem criticamente de uma explanação clara e definida de suas intenções.

Neste sentido, este trabalho se fundamenta numa definição de Corredor baseada na

resolução nº 09 do CONAMA/1996, que estabelece parâmetros e procedimentos para a

identificação destes, onde tais corredores são definidos como uma faixa de cobertura vegetal

existente entre remanescente de vegetação, capaz de propiciar habitat ou servir de área de

trânsito para a fauna residente nos remanescentes. Dessa maneira, espera-se com a proposta

de Corredores delimitada por este estudo, que este tenha a função de proporcionar vias de

interação, aumentando as possibilidades de circulação dos indivíduos pertencentes a

populações que se encontram isoladas, favorecendo assim, a manutenção dos processos

ecossistêmicos fundamentais para a sustentação da biodiversidade.

De posse dos dados referentes aos usos do solo da APA do Pratigi, seguiram-se os

procedimentos seguintes para delinear a proposta de Corredores Ecológicos: elaboração do

mapa de dificuldade, do mapa de superfície de dificuldade e o mapa de corredores.

A criação do mapa de superfície de dificuldades exigiu a avaliação e escolha de

facilitadores e de restrições à movimentação do fluxo gênico, exemplificando: áreas de

culturas foram consideradas restrições e fragmento de mata considerado como facilidade (vide

tabela 1 da metodologia).

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81

4.8.1- Mapa dos Corredores Ecológicos para a nova poligonal proposta da APA do

Pratigi

A metodologia proposta identificou 5 rotas apropriadas para a formação de Corredores

Ecológicos na APA Pratigi (vide figura 29).

É importante frisar que na aplicação da metodologia para formação do Corredor

Ecológico nenhum dos fragmentos foi desprezado, todos tiveram mesmo peso de dificuldade

para a passagem do corredor. Esse procedimento se deve ao fato de que em áreas estudas por

Vieira et al (2003 b), menores que 100 ha, demonstraram uma presença apreciável de

pequenos mamíferos.

Contudo, nem todos os fragmentos foram conectados, a metodologia proposta

percorreu um caminho de menor custo com base nos pesos estabelecidos na tabela 03,

entretanto, é necessário salientar que todos os fragmentos remanescentes que não foram

ligados têm igual importância no manejo dos corredores, pois, embora possam não manter

ligação com os corredores, eles poderão servir como pontos de parada ou alimentação para

várias espécies da fauna, além de representar a heterogeneidade espacial original da região e

assim, desempenhar papel fundamental na conexão dos corredores.

Em relação à largura do corredor Bueno (2004) argumenta que um Corredor só terá

viabilidade se atender a uma largura mínima em face da distância entre fragmentos, a autora

considera qualquer corredor com menos de 30 metros como super-estreito, pois segundo a

autora já existe na literatura especializada um estudo que aponta esta largura como sendo a

mínima razoável para cumprir a função de uma conexão ecologicamente funcional (AMLD,

2001).

A resolução nº 09 do CONAMA/1996, também fixa uma largura mínima para o

corredor que deve ser de 100 m, atendendo a esta resolução foi realizado um buffer de 100m

para que cada Corredor tivesse este valor mínino.

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Figura 29- Proposta de Corredores Ecológicos da nova poligonal proposta para a APA do Pratigi. Elaborado por: LOPES, N.S.

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4.8.1.a- Corredor Ecológico 1

O primeiro Corredor Ecológico identificado foi denominado de Corredor 1, ele tem

59 Km de extensão e conecta 7 fragmentos, a matriz que envolve o corredor é formada em

grande parte por classe de agricultura e pastagem, a porção norte do corredor apesar de passar

por grandes fragmento de mata, existe uma área (área 1) extensa com classe de pastagem que

invade e ameaçam estes remanescentes, já na porção sul do corredor as classes de mata

tornam-se mais raleadas. Assim, identificaram-se quatro áreas onde a classe pastagem ameaça

os fragmentos, logo, estas áreas necessitam de manejo adequado para que possam ser

restauradas.

Figura 30- Proposta de Corredor Ecológico 1 da nova poligonal proposta para a APA do

Pratigi. Elaborado por: LOPES, N.S.

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4.8.1.b- Corredor Ecológico 2

O segundo Corredor Ecológico identificado, chamado de Corredor 2, tem 48 km de

extensão conectando 6 fragmentos, a matriz que envolve este corredor é composta em grande

parte por áreas de mata, entretanto, identificou-se quatro áreas ao redor do corredor que

devem ser manejadas adequadamente para serem restauradas, principalmente a porção central

deste corredor, onde encontramos uma área crítica, pois é uma área com grandes extensões de

pastagem entre dois grandes fragmentos e que além disso, são áreas onde estão dois rios.

Figura 31- Proposta de Corredor Ecológico 2 da nova poligonal proposta para a APA do

Pratigi. Elaborado por: LOPES, N.S.

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4.8.1.c- Corredor Ecológico 3

O terceiro Corredor Ecológico identificado, o Corredor 3, apresenta 51 km de extensão

conectando 5 fragmentos, metade desse corredor percorre o mesmo caminho cursado pelo

corredor 1, e do mesmo modo em sua porção norte passa por uma matriz que envolve grandes

fragmentos de mata, porém a porção sul deste corredor é extremamente raleada, inclusive é a

parte da APA que contém menos fragmentos e onde a matriz é formada em grande parte pela

classe agricultura. Desta maneira identificou-se 4 áreas a serem restauradas e, especialmente

os limites próximos a área 3 e 4 deste corredor devem merecer atenção.

Figura 32- Proposta de Corredor Ecológico 3 da nova poligonal proposta para a APA do

Pratigi. Elaborado por: LOPES, N.S.

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86

4.8.1.d- Corredor Ecológico 4

O quarto Corredor Ecológico identificado, chamado de Corredor 4, apresenta a menor

extensão, são apenas 7 km, este corredor foi formado ligando apenas os 3 fragmentos mais

próximos. O fragmento que deu origem a este e os outros corredores é o maior fragmento da

APA e também o mais recortado, a matriz que o circunda é composta principalmente por

pastagem, portanto, a área tracejada é uma área que merece ações urgentes de manejo por

conta dos efeitos de borda a que está sujeito os fragmentos, o que aumenta a pressão sobre

eles e as espécies neles contidas.

Figura 33- Proposta de Corredor Ecológico 4 da nova poligonal proposta para a APA do

Pratigi. Elaborado por: LOPES, N.S.

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4.8.1.e- Corredor Ecológico 5

O quinto Corredor Ecológico identificado, chamado de Corredor 5, apresenta 50 Km

de extensão, ele está conectando 5 fragmentos, metade desse corredor percorre o mesmo

caminho cursado pelo corredor 1 e o corredor 3, a porção leste do corredor passa por uma

matriz que envolve grandes fragmentos de mata que vai se tornando rala a medida que segue

em direção oeste. Foram identificadas duas áreas extensas deste corredor que precisam ser

restauradas, pois são áreas de pastagem que ameaçam os fragmentos conectados pelo

corredor.

Figura 34- Proposta de Corredor Ecológico 5 da nova poligonal proposta para a APA do

Pratigi. Elaborado por: LOPES, N.S.

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Os corredores 1,2 e 3 passam por rodovias ou próximos a elas, nessas áreas os

corredores devem ser monitorados pois de acordo com Forman e Alexander (1998) as estradas

promovem um efeito ecológico de distanciamento de espécies das suas proximidades, causado

principalmente pelo aumento dos níveis de ruídos (tráfego de veículos) e, em menor escala, o

distúrbio visual e a emissão de poluentes. De acordo com estes pesquisadores, os mamíferos

tendem a diminuir a densidade populacional em áreas contíguas a estradas, até cerca de 100 a

200 m.

Em todos os 5 corredores identificados percebeu-se que a matriz em sua volta é

tomada em grande parte por áreas de pastagens e áreas de agricultura, conforme o MMA

(2004), o uso do solo na APA Pratigi é baseado numa diversificação agrícola com múltiplos

cultivos: dendê, seringa, guaraná, pupunha, piaçava, coco e cacau, nesse sentido, o fato da

paisagem não estar composta por monoculturas extensas pode beneficiar a implementação

destes corredores ou podem também estar funcionando como zonas de amortecimento,

também chamadas de zonas-tampão no entorno do fragmento.

Conforme Bueno (2004), estas zonas de amortecimento protegem as bordas do

fragmento, reduzindo os efeitos negativos que ocorrem nelas, logo, devem ser atividades que

promovam equilíbrio e garanta a integridade dos ecossistemas. Arruda (2004), por exemplo,

sugere que sejam plantados bosques de árvores frutíferas entre os fragmentos para aumentar a

heterogeneidade na paisagem estimulando movimentos saltitantes de dispersão para muitas

espécies.

Vale lembrar que somente o estabelecimento de corredores não assegura que

fragmentos cumpram seu papel na preservação das espécies, mas, estes aumentam as

expectativas de sobrevivência das populações isoladas em fragmentos.

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5.0- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A nova poligonal proposta por este estudo para a APA Pratigi representa um avanço

na delimitação de Unidades de Conservação, na medida em que se levou em consideração os

limites físicos, neste caso a rede hidrográfica, para demarcação dos contornos, mostrando

assim, uma demarcação mais eficaz para a gestão e conservação da biodiversidade nesta

Unidade de conservação.

Os resultados da análise do tamanho dos fragmentos indicam que a APA Pratigi

apresenta um grande potencial para a conservação da biodiversidade, pois tem uma

quantidade expressiva de remanescentes, 35% da área de estudo é coberta por fragmentos,

sendo que 94% deles tem área maior ou igual a 300 ha. Além disso, o percentual formado por

classe de mata (35,66%) é quase o mesmo percentual formado por classe de agricultura

(36,76%), este fato pressupõe que a paisagem da APA possui uma matriz bastante permeável

à passagem das espécies em geral.

A obtenção dos índices de circularidade foi útil para os objetivos deste trabalho,

indicando que grande parte dos fragmentos estão bastante recortados, este dado vem

demonstrar a necessidade de implementar estratégias que visem minimizar os riscos de

deterioração e extinção destes fragmentos através do efeito de borda, assim, o corredor

ecológico é apontado como uma alternativa viável.

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Os fragmentos juntamente com as APPs somam 173.601 ha, isto implica que, cerca de

78% da área da nova poligonal da APA Pratigi poderiam estar mais protegidas, ou em forma

de APPs, ou ligadas através dos corredores ecológicos.

As áreas de conflitos de usos identificadas por este estudo devem ser detalhadamente

estudadas, para que possam subsidiar a elaboração de projetos de recuperação de áreas

degradadas, a restauração dessas áreas podem ainda contribuir para a conexão entre os

fragmentos.

As metodologias adotadas para a identificação de corredores se mostraram bastante

eficientes, pois permitiram a identificação de caminhos mais viáveis para interligar os

fragmentos, além disso, podem ser utilizadas para outros ecossistemas fragmentados.

Todavia, os resultados não foram validados por trabalho de campo, o que é recomendado para

uma pesquisa subseqüente.

Alves (2007) ressalta que para completar a estratégia de criação do corredor, deve

ainda ser feito: restauração e manejo de algumas áreas florestais situadas estrategicamente;

pesquisas biológicas e socioeconômicas; incentivo à agricultura e pecuária familiar que utilize

técnicas conservacionistas e harmonize os objetivos econômicos com os ambientais; combate

à caça ilegal; criação de novas RPPN’s entre outras.

Tanto a proposta de nova poligonal para a APA Pratigi quanto a proposta de

corredores resultam de uma análise científica, contudo, elas devem ser discutidas pelo

conselho gestor da APA, pelos governos e lideranças locais, associações de produtores,

proprietários de terras, enfim, a funcionalidade destes projetos só pode ser obtida se atendidos

tais requisitos.

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ANEXO A: ESQUEMATIZAÇÃO DOS EFEITOS E FATORES RELACIONADOS À FRAGMENTAÇÃO

Fonte; LOPES, (2004)