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ANEXOS
Anexo A - Guião de entrevistas;
GUIÃO DE ENTREVISTA
Tema: ASPECTOS EDUCATIVOS DO ESTUDO DA FILOSOFIA DOS DOZE PASSOS
- UM OLHAR SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DE COORDENADORES DOS GRUPOS
DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS - AA DO BRASIL E DE PORTUGAL
Objetivo geral:
Levantar os aspectos educativos, significado e importância, atribuídos pelos coordenadores
dos grupos de Alcóolicos Anônimos - AA, ao estudo sistematizado dos doze passos.
Objetivos específicos:
Identificar o perfil dos coordenadores dos grupos.
Saber como cada coordenador sente, entende e percebe sua função de coordenador e o
estudo dos Doze Passos.
Conhecer a importância atribuída pelos coordenadores dos grupos, ao estudo dos Doze
Passos
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS:
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
01- Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
02- Qual seu nível de escolaridade?
03- Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
04- Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
05- O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
2º bloco: Como cada coordenador entende, sente e percebe a sua função.
06- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
07-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
08-Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
09-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura
por você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
10-Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
11 – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
11-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
12-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante
tanto tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
13- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
14-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
15-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem
significativa durante o processo de estudo?
16-Houve alguma pergunta que você considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
Anexo B - Transcrição das entrevistas dos portugueses;
Antes de cada entrevista, nós apresentávamos brevemente nosso percurso dentro da
pesquisa em Alcoólicos Anônimos, como a entrevista se daria apresentando o tema dos três
blocos de perguntas, bem como o porquê de estar ali realizando a mesma.
Transcrição das entrevistas feitas aos coordenadores de grupo nas salas de
Alcoólicos Anônimos em Portugal.
Entrevistado Português 01 – EP1
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EP1- Eu tenho 70 anos e estou em AA a 21 anos, portanto ao longo desse tempo tenho
realizado uma série de trabalho e uma série de serviços em AA, inclusive a função de
coordenadora.
I- Mas me diga nesse tempo em que realiza trabalhos inclusive de coordenação nos grupos,
a senhora pode me dizer quantos está dedicado ao serviço de coordenação? Desses 21 anos
quantos foram de coordenação de grupos de estudo? Foi assim que chegou ao grupo?
EP1- Não, não, foi uns dois anos depois.
I- Então nós podemos dizer que tem uns 19 anos de coordenação?
EP1- Sim claro.
I-Qual seu nível de escolaridade?
EP1- Pós-graduada.
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EP1- De 8 a 10 pessoas nos grupos, a reunião dura de 1hora e 30minutos
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EP1- A quem conduz? Você quer dizer a quem coordena?
I- Sim. Dependendo de quem coordena, você acredita que há diferença de valor no que se
refere ao assunto estudado? Se for coordenado por X , Y, Z , há diferença do que está
sendo estudado? Há algum valor a mais atribuído ao estudo em relação a quem conduz? Ou
não, independe de quem coordena?
EP1- É assim, em AA não há protagonismo, são os princípios acima das personalidades.
Portanto não há valor a mais, de quem ou por quem coordena, a não sei, vamos lá:
eventualmente, pois o que que é importante em uma coordenação/ deixar as pessoas
falarem. Não há protagonismo do coordenador, portanto a única coisa é que, se há algum
conflito, se há algum problema, dependendo da assertividade do coordenador o problema é
melhor ou não resolvido. Mas o sucesso da reunião ou o bem-estar da reunião, depende do
grupo todo, não é do coordenador porque, o coordenador não tem protagonismo. Eu digo
que o AA não há chefes em AA não há topos de pirâmides, pelo contrário.
I- Então nessa questão o valor a ser agregado seria muito mais em havendo conflitos etc?
Não no que vai ser estudado, é isso?
EP1- Exatamente
I- O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo
de estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EP1- Estou vendo que as perguntas que você está me fazendo diz respeito a um perfil de
um coordenador e não de um bom servidor AA. Não vejo necessidades de perfis
específicos, a não ser que tenha algum tempo de sobriedade, que tenha na sua vida pessoal
uma postura de integridade, ou seja que ele seja no geral um exemplo de membro AA, de
pessoa AA, ou seja que ele tenha e que ele seja pela sua própria figura e em sua vida uma
referência AA. Não é que ele seja mais brilhante, mais inteligente, mais culto, isso para AA
não importa, por isso é que em AA está tudo nivelado pela mesma bitola, o engenheiro e o
pobre da rua.
2º bloco: Como cada coordenador entende, sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EP1- Eu preferiria generalizar essa resposta, veja, não é função do coordenador que me
traz essa ou aquela especificidade, mas eu membro AA num grupo quando escuto a partilha
de outro membro. Eu penso que é essa a questão eu você está colocando, não é? Pois
quando eu partilho alguma dificuldade, minha da minha própria experiência, é como se eu
tirasse de dentro de mim, alguma coisa que me angustia, alguma coisa que está cá dentro e
é como se eu visse aqui do lado de fora, a cor, a forma, o tamanho daquela dificuldade ou
daquela coisa que eu estou a partilhar, eu tenho é... na medida que eu partilho eu tiro pra
fora de mim a minha dificuldade ou a minha inexperiência, eu estou a visualizá-la e a
corporiza - la fora de mim e é mais fácil eu poder trabalhar sobre ela, ou seja se eu tenho
um problema então eu tenho um insight, na medida em que eu vi a coisa. É isso que eu
acho muito importante. Falar é fundamental. Falar significa que eu consegui verbalizar uma
coisa que está dentro de mim. Falar significa que eu consegui visualizar o problema que eu
só senti. Eu falo eu consigo visualizar e ai eu ponho pra fora e isso é muito importante, isso
até é se a gente quiser usar a palavra; terapêutico. De um lado eu acho importantíssimo a
experiência da partilha, até por que “entre aspas’ é terapêutico, porque não há um olha
crítico do outro, porque em AA não há devolução, as pessoas, assim eu me sinto mais à
vontade para partilhar e por outro lado, quando eu ouço o outro, quando eu estou ouvindo o
outro em geral eu me identifico com a partilha do outro. O outro é, eu posso me identificar
com uma série de coisas, ligadas a partilha do outro, que o que vocês chamam em brasileiro
o compartilhamento. Então eu me identifico com a partilha do outro então eu me sinto
fazendo parte de um grupo que fala a mesma língua que entende meu problema, porque
vive o meu problema da mesma maneira. Não sei se eu respondo a sua questão.
I- Deixa eu ver se eu consigo sintetizar para eu me sentir mais segura com a sua resposta:
Eu posso dizer que falar ou ouvir, não tem nesse mecanismo diferença de aprendizagem, ou
melhor há diferentes aprendizagem, mas não há uma melhor que a outra. É isso que você
me diz:
EP1- Sim é isso, é isso. Não há uma melhor que a outra elas são complementares.
I- Ok agora me diga, como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do
estudo em grupo dos DOZE PASSOS?
EP1- Bom os doze passos são fundamentais, você com certeza conhece e o que nós
fazemos em geral aqui em AA. É lermos uma vez por mês um passo. Existe uma reunião
em que uma vez por mês nós lemos um passo. Um passo por mês. Ou seja, o primeiro
passo em janeiro e o décimo segundo passo em dezembro etc. Quer dizer a cada passo
corresponde a um mês. Naquele mês lê-se o passo e fala-se sobre o passo. O que é muito
importante aí e é a função do coordenador em relação ao passo, é importante dirigir, dirigir
não é o caso, mas não permitir, permitir não é o caso porque elas não se usam em AA
porque o usamos são palavras orientadoras. Enfim é propiciar que as partilhas girem em
torno daquele passo. Isso é que é importante, que não aja outro tipo de partilha, quero dizer,
digamos que, motivar as pessoas a falarem sobre aquele passo. E sobre a sua experiência
sobre aquele determinado passo.
I- Então, não seria atenção que precisa ter, vou falar para ver se consigo organizar essa
resposta, veja se é: então você está me dizendo que a atenção do coordenador precisa ter
para que naquele momento o assunto gire em torno do passo, não saia do assunto referente
ao passo.
EP1- De preferência que não saia do assunto do passo, de preferência, não seria a atenção,
seria a habilidade, ou a sensibilidade, seria a palavra ideal que o coordenador deveria ter
para motivar o grupo partilhar dentro ou em torno do passo.
I- Ok. Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EP1- Eu estou afetado e afeto ao mesmo tempo. Na medida em que eu sou afetado e eu
devolvo isso, eu estou a afetar. Na mediada em que o outro sente que eu fui afetada ele se
sente gratificado e se sente emocionalmente próximo de mim, porque nós interagimos. Ele
conseguiu me afetar, percebe isso é eu porque fui afetada percebo que ele conseguiu me
afetar. Portanto isso cria um laço, cria uma coisa muito boa que é o espírito de irmandade
de fraternidade, de identificação completa.
I -Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EP1- Claro. Eu acho que isso tem a ver com a progressão nossa em alguma coisa, quero
dizer a minha progressão na vida, eu considero que nunca se ler o mesmo livro da mesma
maneira, qualquer que ele seja. É como uma “chicana”, nãos ei se sei dizer bem; é como se
fosse uma coisa que gira sempre em torno da mesma coisa, mas é sempre mais alto. Ou
seja, quanto mais eu evoluo, ou eu vivo, ou tenho experimento ou experiência em AA, mas
aprofundada vais tendo a minha compreensão do texto, da literatura e das coisas que Bil e
Bob deixaram. Por exemplo, uma coisa por exemplo, é ... posso dar um exemplo pra mim:
durante muito tempo eu não percebi o sétimo passo que dizia que humildemente eu pedia a
Ele, ao poder superior, que me livrasse das minhas imperfeições. Eu entendia sempre isso
do ponto de vista intelectual, mas isso nunca entrou no meu coração. Por exemplo, na
medida em que eu percebo as minhas, os meus lados negros, os meus lados sombra, o
quanto eu tenho ainda defeitos de caráter, como nós dizemos em AA. Como eu tenho coisas
a melhorar por exemplo, eu tenho, eu cultivava sempre um grande ressentimento em
relação a min há irmã, eu tenho só uma irmã. E a medida que eu vou me descascando, eu
vou percebendo que eu não sou só a boazinha, a pessoa ideal eu gostaria de ser, mas o lado
negro o lado sombra, eu não consigo resolver isso, isso continua lá e eu consigo pedir,
entregar isso ao poder superior, que ele remova minhas imperfeições, que ele remova isso
de mim porque eu não consigo. Percebe? Isso foi uma coisa que eu só introjetei isso
realmente, quando eu percebi essa minha imperfeição e como é que eu não conseguia viver
com ela. Porque em AA eu tenho o meu percurso em AA e o meu percurso pessoal. Que
cada vez mais eu vou crescendo eu vou me aprofundando, e esse crescimento pessoal tem a
ver com o aprofundamento, com quem eu sou na realidade, quais são as minhas qualidades,
quais são as minhas imperfeições. Quem eu sou em preto e branco, nos dois lados, no lado
da sombra e no lado sol, essa coisa é que me faz a identidade. E quanto mais eu vou
percebendo isso é que eu vou vivendo em AA é que eu vou partilhando e que eu vou
ouvindo. Então essa literatura vai tomando, vai entrando de outra maneira a medida em que
eu vou identificando as minhas necessidades.
I- Então eu posso dizer que, vou trazer outra linguagem e saber de ti se eu estou formulando
bem: Eu posso dizer então que essa mudança de compreensão está par a passo com o seu
processo de compreensão de mundo, seu capital intelectual, no sentido de compreensão de
mundo, não no sentido de formação acadêmica?
EP1- Sim compreensão de mundo e a compreensão de mim mesma através do meu
programa de doze passos. E essa compreensão de mundo tem a ver com o meu programa de
AA
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I- Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EP1- Claro, e isso tem a ver com toda a dinâmica de AA, porque tudo em AA é partilha e
identificação. Ora quando eu... os doze passos é minha vida e quando eu no primeiro passo
“admitimos que somos impotentes diante do álcool e que nossa vida tinha se tornado
ingovernável”, pronto, isso eu sei. Mas quando eu ouço outra pessoa dizer a mesma coisa,
há naquele momento uma identificação. É dinâmica da reunião de grupo de AA que é a
partilha e a identificação. Então é muito diferente ler e estudar, ou seja, falar dos passos e
das tradições em grupo do que ler e estudar só e individualmente.
I- Então eu posso dizer que a partilha e a identificação ela vai agregar valor ao estudo e
isso, faz a diferença no estudo?
EP1- Sim com certeza
I – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EP1- O livro dos “Doze Passos” certamente e o livro que me foi muito importante no
início que eu entrei no AA foi o “Viver Sóbrio”, porque era muito simples, com sugestões
muito claras e simples sobre o dia a dia, as 24 horas do processo de começar a deixar de
beber.
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EP1- Toda porque é fundamental vir ao grupo, o grupo em devolve aquilo que eu dei a ele.
É fundamental, pois sem o grupo não haveria AA, porque o grupo me devolve a
identificação, me proporciona o sentido de integração com a comunidade, me ajuda a me
perceber, me ajuda a me amar, o grupo me aceita. O grupo foi e é fundamental para o meu
crescimento qualquer que ele seja.
I- Então novamente a necessidade de relação, posso dizer isso?
EP1- Claro, é fundamental de relação e de identificação.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
EP1- Porque os AAs são um programa de vida muito simples e um programa de vida
voltado para hoje. Eu posso dizer que durante muito tempo da minha vida aqui e no Brasil
eu fiz muito tempo psicologia, fiz terapia, psicanálise ... e toda a experiência que tenho com
o apoio psicoterapêutico de maneira geral tinha a ver com o passado. Era “ Ha mais você
tinha isso porque sua mãe fez aquilo, ou o meu marido ou o mundo ou não sei mais o quê”.
Em AA eu ponho tudo dentro de mim. Tudo está em mim e tem a ver com a minha
percepção de mim. Não tem a ver com o que minha mãe fez ou deixou de fazer, tem a ver
como é que eu vejo a minha mãe e como é que eu senti a minha mãe e eu tenho que
perceber que eu só posso modificar a mim mesmo, eu não posso modificar ninguém. O que
mudou a minha vida de fato foi a oração da serenidade percebe? Então voltando a sua
questão os AAs, mudaram a minha vida, mudaram muito mais do que qualquer programa
terapêutico, porque puseram dentro de mim a solução da minha felicidade, da minha
infelicidade, do meu percurso todo. Eu conduzo a minha vida, eu bebo se eu quiser,
ninguém me obrigou a beber, eu não bebo porque eu estou triste ou eu estou alegre. Não é
nada por causa disso. Eu conduzo a minha vida, eu tenho a minha vida em minhas mãos.
Isso é o que o AA me ensinou.
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EP1- O pré-requisito é “mente aberta”, não é nem força de vontade é “mente aberta”,
espírito aberto. Boa vontade, humildade e mente aberta.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EP1- Sim eu posso dizer que eu descobri no grupo que não importa o nível intelectual ou a
forma de percepção para você seguir o programa. Nós tínhamos num grupo em que eu
coordenei em Évora, um operário, um senhor da construção civil que teve um cancro na
laringe e estava muito mal e ele continuava indo ao grupo mesmo em fase terminal, e ele
dizia: eu vou morrer, mas eu não bebo. Eu sei que tenho os dias contados, mas nem por isso
eu vou beber. Ele aguentou firme, nunca voltou a beber, porque ele achava que só por 24
horas e viver sóbrio era muito melhor do que continuar a beber. Outro caso era uma outra
companheira que o marido continuava bebendo e vivia e tentava por tudo que ela voltasse a
beber. A vida doente que eles tinham justificava e validava a dele e por isso ele queria a
companhia dela nesse processo. E ela dizia: eu até posso me suicidar, mas beber nunca
mais. A convicção que ela tinha. Sim é claro que ela não pode dizer isso porque em AA a
gente só vive as 24 horas, só por hoje a gente não vai beber. Porque a gente não pode dizer
que nunca mais vai beber. Mas essa experiência, essa vontade tão grande de manter sua
sanidade, foi uma coisa, foram duas experiências que foram marcantes pra mim.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EP1- O respeito e o espirito de grupo. A espiritualidade que se gera quando se partilha de
coração.
I-Houve alguma pergunta que você considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EP1- Sim, talvez tentar perceber qual é a magia, dinâmica de AA independentemente da
coordenação, que faz com que o AA funcione com tanta gente. Eu lembro que havia, que
há um grande psiquiatra americano chamado Vaillant que fez um estudo longitudinal mais
importante sobre o AA de 40 anos, ele acompanhou o AA por 40 anos e ele dizia... ele
estava no brasil para uma conferência e ele dizia; “ Não há ateus nas trincheiras”. Sabe eu
acho isso muito importante, quer dizer o sofrimento é tão grande, é uma trincheira na
realidade para o alcoólatra, sabe essa validade da espiritualidade, quando as pessoas
chegaram ao fundo do poço. Acho que essa magia que existe em AA e que se reflete nos
grupos acho que é muito importante.
I- Então seria identificar que magia é essa...
EP1- Sim identificar e isso não tem a ver com direção, com a coordenação. Ao contrário,
tem a ver com essa simplicidade que tem trazido tanto efeito de fazer bem a tanta gente.
I- Eu agradeço muito, sua partilha e sua contribuição com o meu trabalho.
Entrevistado Português 02 – EP2
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EP2- Tenho 67 anos e coordeno a praticamente 11 anos
I- Qual seu nível de escolaridade?
EP2- Secundário
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EP2- Entre 4 a 20 participantes, o tempo é de uma hora e meia.
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EP2- Tem diferença sim quem conduz o estudo. Nem todo coordenador tem o mesmo
perfil, porque nem todos tem o perfil de coordenar uma reunião de estudos de uma maneira
mais ou menos eficaz, porque cada um tem seu estilo.
I- Então nesse caso não é só o assunto a ser estudado e sim a pessoa que conduz o estudo
que o faz de forma significativa ou não para agregar valor ao que está sendo estudado. É
isso?
EP2- Completamente
I-O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EP2- Na minha opinião é importante ter uma boa dicção, ter bom conhecimento no assunto
dos passos, habilidade de saber conduzir qualquer reunião e claro ter boa vontade.
2º bloco : Como cada coordenador entende , sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EP2- Essa pergunta é bocado complicada, não sei se eu percebi bem, portanto se há uma
diferença entre, por exemplo a minha companheira estar ali para coordenar e eu perceber o
que ela diz, se tenho o mesmo entendimento se for eu a coordenar...
I- É porque quando a gente fala a gente se escuta, então vamos supor que nós estamos
falando de rendição, há diferença de compreensão do assunto quando você fala e você se
escuta ou quando você escuta de outro? Quando você elabora o raciocínio?
EP2- ok agora estou a perceber. Sim há diferença. Quando eu elaboro o raciocínio eu
mesmo entendo e quando eu estou ouvindo o outro posso não entender como ele elaborou o
pensamento dele, mas também depende muito de quem está a transmitir isso. Se for uma
pessoa eloquente que transmite bem a mensagem não há diferença.
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
EP2- Primeiro ele tem de ser conhecedor profundo do que ele vai estar ali a falar e depois
conseguir transmitir a parte mais importante do estudo que é a essência do passo. Depois
saber orientar por exemplo quando há de ter em posta uma discussão, saber conduzir bem e
não deixar sair daquele tema. Estar fixo naquele tema.
I- Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EP2- Eu penso que quando há identificação eu fico afetado porque eu sinto mais o que está
sendo falado e se eu sinto que o que eu estou a transmitir e consigo ter a atenção do outro e
se eu experimentei e vivenciei eu consigo melhor afetar o outro. Eu consigo transmitir o
que eu já passei o que já senti.
I- Então você está me dizendo que a identificação é a grande questão de afetar e ser afetado
é isso?
EP2- Sim é isso.
I-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EP2- É. Porque quando eu chego, o primeiro livro que eu li foi o “Alcoólicos Anônimos” e
eu me identifiquei logo, mas quando eu voltei agora a ler e vou lendo não ele seguido, mas
as partes que eu me identifico mais e nessa hora eu vou descobrindo outras coisas que eu já
estou a vivenciar, portanto eu já sinto diferente, pois cada vez que eu leio o texto da nossa
literatura ou dos passos, vou descobrindo coisas novas que na altura eu não percebia. Penso
que será cada vez mais em que eu vou crescendo em sobriedade em recuperação, eu vou
percebendo melhor o que o autor quis dizer.
I- Você então está me dizendo que quando você vivencia o que você ler, a compreensão
então é outra. É isso?
EP2- É. Alagar-se mais os horizontes e eu consigo ver mais ao longe porque eu já vivenciei
me identifico mais e sinto que posso fazer mais.
I- Então você está me dizendo que é importante a prática para a compreensão das questões
é isso?
EP2- Muito.
I- Eu posso dizer então pelo que você me descreve que, a teoria precisa de uma prática
para que ela seja mais fortalecida, é isso que você está me dizendo?
EP2- É isso mesmo.
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I- Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EP2- Em grupo o estudo dos passos passa a ser mais importante. A experiência daquele que
já vivenciou é importante para aquele que está a começar. A experiência da partilha do
passo que estamos a falar tem... fica mais rico. Não é a mesma coisa de eu levar o livro, e
eu posso e devo levar o livro e ler, até porque o coordenador quando vai coordenar a
reunião sobre determinado passo ele vai estudar esse passo. Não que haja nada que o
obrigue a estudar o que vai coordenar, mas eu entendo que eu preciso estudar o passo em
casa certo? Ler, estudar para que eu possa explica-lo, mas a discussão é enriquecida em
grupo porque as experiências dos outros é que vai ... que enriquece o conhecimento.
I – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EP2- A literatura em AA importantíssima, ela faz parte do nosso grupo e nós utilizamos
toda ela com os temas da reunião e em casa também, porque em casa eu recorro muito o
livro que é “Na opinião de Bil”, que dá enxerto dos outros livros que está escrito. Eu abro
uma página e naquele que sair eu abro ao acaso e o que tiver dize-me sempre qualquer
coisa. Mas eu destaco mais o livro “Alcoólicos Anônimos”. Esse eu li logo todo. Logo
depois que eu cheguei da reunião, logo que cheguei a casa, eu li o livro “azul” todo nessa
noite. Eu quase não dormi. Foi quase que compulsivo e eu me identificando sempre,
sempre. Eu dizia isso me diz respeito e esse livro pra mim é o mais importante e na
comunidade eu também penso que sim porque é um livro que tem recuperado uma multidão
de pessoas que esteja longe, que não tenha grupos, se a pessoa tiver boa vontade e quiser
através desse livro, a pessoa pode recupera-se. Para mim e a experiência me diz, da nossa
história de 81 anos que muitas gentes se recuperou com o livro. É claro que o grupo é
melhor, mas muita gente se recuperou com o livro por isso eu destaco ele. É claro que o
livro dos passos é importante, todos eles são importantes. Porque os passos são o suporte da
nossa recuperação. Se eu não praticar os passos eu não consigo entender coisa nenhuma,
porque assim eu não vou manter-me em recuperação. É preciso eu pôr em prática e para
mim os primeiros cinco passos são importantíssimos. São passos de reflexão, que eu faço
uma análise de mim, da minha condição de alcoólica e de me preparar para os sete passos a
seguir que eu vou pôr em pratica todos os dias e eu não preciso fazer seguidos. O primeiro
ele é sempre o primeiro que é aceitação de tudo que eu sou alcoólico e depois a aceitação
de tudo. Aceitar a vida como ela é que eu não tenho que consertar as coisas, porque assim
eu não vou ser feliz. Preciso aceitar os outros e cada passo tem que ser praticado conforme
nossas necessidades, não é? Portanto todos eles, a literatura é importante.
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EP2- Sim porque o grupo para o exemplo quando eu entrei em AA, eu não sabia o que era o
AA, eu estava perdida para o aspecto psicológico. Foi no grupo que eu encontrei forças, se
não eu estava perdida. Portanto o grupo para mim é tudo e é no grupo que eu consigo a
prender a viver. Para mim desde o primeiro dia foi o sentimento de “eu estou no sítio
certo”, porque antes eu tinha procurado muita coisa. Fiz tudo, várias coisas, fui a médicos,
fui a psiquiatras e não encontrava. Eu lia muita coisa sobre terapias, mas eu não encontrava
e depois eu tentava e começava a melhorar e depois ficava um tempo sem beber e depois
voltava e aqui eu conheci pessoas que sabia, que percebe o que eu estou a falar, mais
ninguém entendia e o grupo sabia de tudo o que eu estava a passar o que eu estava a sentir.
E eles falarem da experiência, porque no início eu não falava eu só ouvia, precisei ouvir
muito e eu sentia cá dentro como se fosse eu.
I- Então você está me dizendo que esse era um lugar de identificação?
EP2- Completamente, completamente e eu me sentia fazendo parte.
I- Então eu posso dizer que você sentia pertencimento, que você estava em um lugar...
EP2- Sim de pertencimento, por isso eu estava voltando, voltando, porque as pessoas não
me ignoram como cá fora. As pessoas cá fora as vezes eu cumprimentava com bom dia e
nem me respondia. Quando eu encontrava um membro de AA era diferente e eu não
precisava dizer a ninguém de onde conheci aquela pessoa do AA. É meu amigo, é minha
amiga e eu abraço e dá cá um abraço e só isso nos ajuda. É a força do grupo é a força do
AA. Nos sentirmos como uma família. Eu posso não gostar de toda a gente, de gostar de
conviver diariamente, mas aceito o outro. Não preciso conviver com ele, mas é como uma
família.
I- Você acha então eu dor é um elemento que os une?
RP2- Sim a dor nos une independentemente do tipo de caráter. Mas existe uma coisa que é
o elo, que é a experiência de cada um. Eu antes achava que não era alcoólatra, mas foi a
identificação a identificação do sofrimento.
I- Eu posso dizer então que isso, o sofrimento é o que sobrepõe a todas as outras coisas?
EP2- Sim, não interessa se é branco, preto, a postura moral, intelectual, bonito ou feio,
diferenças sociais, econômicas e intelectuais. O que nos une é a identificação,
completamente.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
EP2- Eu acho que o grande fator é que somente um alcoólico entende outro alcoólico e é
através da partilha das experiências ... Foi exatamente o que aconteceu no início do AA
com Bil e Bob, e que quando eles viram que quando estão a partilhar sobre a suas
experiências eles conseguem ficar bem estás a ver? E depois toda a filosofia dos passos do
amor. Há um amor incondicional nos grupos de AA. Esse amor supera qualquer diferença
de ele não se identificar tanto com o outro ou não gostar tanto do outro. O amor
incondicional, esse existe. E isso prende nos e só um alcoólico entende outro alcoólico. E
isso que faz eu voltar, eu querer. Infelizmente nem toda gente que chega a AA fica, mas é
só por quer porque todo grupo o que faz é receber bem o recém-chegado e se ele não fica
nós, costumamos fazer um inventário do grupo, para saber se fizemos a mal se estamos
precisando fazer algo e fazendo o inventário e percebendo e tendo a consciência de grupo
que fizemos tudo para o recém chegar possa vir, então se ele não vem é porque ainda não
quis parar. Se ele não quiser, não há ninguém que o possa obrigar
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EP2 - Eu penso que qualquer pessoa que tenha boa vontade para se recuperar, entende até
aquilo que não sabe, porque a través da partilha do outro entende pois temos casos de
pessoas que mal sabem ler entendem porque tem essa boa vontade. Costumamos dizer que
a pessoa precisa ter boa vontade honestidade. Isso é muito importante, a pessoa entende os
passos. Pode levar mais tempo que o outro mas acaba por entender pois ele precisa praticar.
Há pessoas que vão as reuniões, mas não pratica os passos e por isso não vai aprender sobre
ele. Se não fizermos as tais mudanças que é sugerido. Eu costumo dizer que quando eu
parava, mas não aplicava os passos, quando havia alguma complicação eu recorria ao
álcool novamente. Não tinha onde me agarrar, não sabia aceitar avida, não sabia lhe dar
com os sofrimentos. Não conhecia os passos, não me conhecia os defeitos e nem as minhas
qualidades.
I- É a diferença que se diz de estar sóbrio e sobriedade?
EP2- É. Não é só estar abstinente e sim estar sóbrio. Muitos ainda não conseguem estar
sóbrio embora estejam abstêmios. Há diferença grande.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EP2- Sim, as vezes quando termina a reunião e depois as pessoas que estão ali assistindo e
que me vem e me dão um abraço e me dizem que se identificaram e que o que lhes disse
pode ajudar a lhes compreender melhor. É, portanto, o saber que eu estou a ser útil e isso
por vezes acontece e não é me sentir com orgulho ou vaidoso, mas é me sentir instrumento
de ajudar o outro. Porque todos nós não somos professores, somos todos iguais, claro uns
com mais tempo e experiência que outros mas se eu estou a explicar um passo e eu as tiver
vivenciado, muitas vezes as lágrimas me chegam aos olhos e o coração me chega a boca e
as pessoas entendem e eu sempre escuto em AA; quando eu estou dano ao outro é que estou
me dando e por mais que eu dê eu não consigo dar tudo que me foi dado. Mais do que
parar de beber em AA foi aprender a viver. Eu podia aprender a parar de beber, mas depois
eu não sabia viver comigo. Portanto em AA eu aprendo a saber viver sem a muleta do
álcool, que é importantíssimo, que é a aceitação, aceitar a vida como ela é e não como eu
quero que ela seja.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
I-Houve alguma pergunta que você considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EP2- Eu penso que tá ai tudo. Eu penso que sim.
I- Eu gradeço sua disposição de me ajudar. Muito obrigada.
Entrevistado Português 03 – EP3
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS:
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EP3- Tenho 44 anos, como coordenador uns 5 a 6 anos.
I-Qual seu nível de escolaridade?
EP3- Sou licenciado. Sou advogado
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EP3- Número média deixe-me pensar... 14.
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EP3- Sim. Tem sempre, sempre há diferenças. Nós nos grupos temos, pelo menos naquele
em que nós conhecemos tem reuniões temáticas e a dos Doze Passos e ai nós temos que
estudar os passos então dependendo de quem vai conduzir a reunião, por que há sempre a
perspectiva pessoal e experiência do passado, as experiência de recuperação, as recaídas ou
não, então há sim diferenças.
I-O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EP3- Em primeiro lugar aquelas características que devem ter qualquer servidor do grupo,
que é em primeiro lugar conhecer bem o grupo, ser assíduo as reuniões, estar atento as
coisas que acontecem nas reuniões. Mais do que é dito estar atento aquilo que não é dito,
nessa perspectiva pois o silêncio as vezes fala mais do que as próprias palavras. Depois ter
o gosto por ler. Porque há companheiros que têm muitas experiências, mas não leem. Tem
que ter gosto e interesse em ler, não só ouvir mais ler. E há literatura sobre AA, há
literaturas sobre dependências, há literaturas vastíssimas e esse interesse é sempre uma
mais valia para o grupo. E aí o coordenador vai mais além do que o básico, do que o obvio.
Há livros dos Doze Passo e Doze tradições, há o livro azul e pois há muito mais e há relatos
de textos e de experiências que são um amais valia para uma sala de Alcoólicos Anônimos.
E todas essas perspectivas o coordenador pode oferecer, principalmente aqueles que
chegam. Há a textualidade do material, mas há coisas que só a experiência pode ajudar e o
problema não é só a questão do alcoolismo, mas outras que advém dela e que são da vida,
que diz respeito ao desemprego, a família, ligados a ansiedade, ao desejo de beber, isso
tudo é importante.
I- Então você está me dizendo que é importante que o coordenador seja um leitor, que ele
conheça o grupo, que ele seja assíduo não é isso?
EP3- Sim é isso.
2º bloco : Como cada coordenador entende , sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EP3- Eu acho diferente porque eu me escuto partilhando em voz alta, quando meus
pensamentos saem e voltam a entrar, tem uma compreensão muito diferente. Agora na
minha experiência nas salas doa Alcoólicos Anônimos, há muitas coisas que nos une, mas é
importante que saber que temos muitas diferenças e que é preciso saber conviver com elas.
Então eu posso dizer que a própria interpretação que eu posso ter do primeiro passo é
diferente dependendo de como eu estou e o que eu vivi., da minha impotência diante do
álcool, e nesse aspecto cada um trabalha com a vossa experiência. A experiência de um não
é a experiência de outro, portanto muda.
I- Bem agora eu ainda queria tentar conseguir sintetizar mais essa resposta. Quando a gente
fala a gente estrutura o pensamento e você falou muito bem disso e você disse que ele sai,
vai para fora e volta porque você se ouviu, essa mensagem ela chega de um jeito e te afeta
de um jeito, e se você pudesse dizer para mim como afeta o seu discurso para você e o
discurso do outro também para você.
EP3- Bem quando é o meu próprio discurso do meu pensamento ele ganha outra
perspectiva porque eles foram partilhados, já foram experimentados por mim. Portanto
quando eu penso sobre aquilo que já disse e começo a comparar com o que já vivi antes ele
tem uma perspectiva muito mais diferente pois ele já me parece mais objetivo. Agora
relativo ao discurso dos outros, tem sempre a relação com a identificação. São sempre duas
perspectivas diferentes. Os meus pensamentos ficam mais objetivos e eu me situo e quando
escuto o outro eu tenho identificação e isso me faz sentir um sentimento de pertença e crio
laços com o outro.
I- Você está me dizendo então eu quando você se escuta você se situa e quando escuta o
outro você entra no processo de identificação é isso?
RP3- Sim é isso.
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
RP3- Como qualquer coordenação penso que o mais importante é perceber que ele faz falta
mais que ele não sobressaia. Está sempre na sombra, intervir quando for preciso, orientar
não deixar que saia do assunto dos Doze Passos, na verdade é a função de orientar. Essa
reunião é sobre os passos, pois vamos falar sobre ele e em outro momento haverá tempo
para falar sobre outras coisas. Tentar orientar e de preferência sem se sobressair. O
coordenador não deve falar muito, não deve fazer a partilha principal sobre o tema. Ele ter a
postura de anonimato e se ele mais anônimo está, se ele conseguir fazer isso em uma
reunião de estudo isso é um ótimo sinal. Ele não pode personalizar. Ele pode até quere fazer
o trabalho, mas se o grupo entende que ele não tem o perfil para isso ele vai fazer outra
coisa. Mas depois de ter sido eleito para coordenar o grupo não mais interessa que o faz, se
A, B ou C. Interessa eu o trabalho esteja sendo feito. O serviço não está associado aquela
pessoa em especifico se não a rotatividade não tinha porque ser. Aquele faz tão bem porque
não podemos manter ele lá? Então o anonimato faz muito sentido porque até porque ele
evita de ser apontado desde que o fez bem ou em algum momento porque errou, portanto o
anonimato nesse aspecto é um salvaguarda e embora não se tenha hierarquias há
necessidades de líderes e são esses líderes que sabem se pôr de lado quando for a horas,
sabem se sobressair, sabem não dar ordens e sim sugestões. Isso é um trabalho mais difícil
do que ser um líder de uma empresa, porque tem se sempre travar a sua personalidade, tem
que sempre está em anonimato.
I- É então o a literatura do AA chama de servir?
EP3- Sim. Servir sempre no anonimato. Sempre que eu aceito a responsabilidade de servir
eu tenho que sempre lembrar que eu estou ali para servir. E tem a responsabilidade de que
se alguma coisa não está a correr bem, ser assertivo, sem criar constrangimento a ninguém.
As vezes se passa por pouco simpático, mas as vezes tem que ser, pois as vezes se
combinamos que cada um tem um tempo para partilhar mas passa desse tempo, o
coordenador tem que tomar a palavra e dizer companheiro por hoje acabou o seu tempo.
Isso especialmente é muito difícil.
I-Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EP3- não sei se percebi bem, mas você está me perguntando onde na minha partilha eu
sinto que afeto e onde eu sou afetado na partilha do outro?
I- Sim,
EP3- Ok, por exemplo eu falo muito bem e isso as vezes me deixa cheio de orgulho, mas eu
gostava que as palavras que eu uso fossem vistas mais o que está por trás delas. As palavras
eu sei tem muita força, mas eu gostaria que fosse percebida de outra maneira, mas eu não
posso falar de outra maneira porque eu sou fruto das minhas experiências e eu sou
licenciado e sei que a minha partilha afeta as vezes pela identificação e também as vezes
pela não identificação. Eu particularmente pela minha experiência em alcoolismo fui muito
abaixo, fiz muita coisa errada e felizmente não é a história da maioria e as vezes eu percebo
que minha partilha pode afetar de forma ruim. Se há identificação nas semelhanças há
também em alguns casso coisas que chocam, e isso não vai ajudar a ninguém. Tenho isso
muito presente na minha experiência de algumas partilhas e então as vezes parece me inibir
de partilhar em algumas salas e se calhar não vai ajudar e eu prefiro então partilhar com
meu padrinho ou um outro. Agora a partilha dos companheiros, as vezes há partilhas que
quando eles falam a identificação é total e a identificação de como fala, o que fala. Por
exemplo tem uma companheira que quando ela fala, ela é mais velha que tem outras
vivencias, mas quando ela fala do passo eu digo sempre, quero isso ai para mim, quero
aquela visão e as vezes não tem nada haver em ser alcoólico mas tem a ver com a maneira
de estar, de servir. E aí eu começo a criar esses laços que tem a ver com a identificação e
isso é o grande caminho dentro da comunidade e isso tem a ver com a identificação dentro
de cada passo. E isso acontece mais quando há essas reuniões temáticas dos passos e das
tradições.
I-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EP3- Há sim claro que sim. Esse livro que você estava a folhear o “Vier Sóbrio”, quando eu
li logo que peguei de uma vez só do princípio ao fim e me ajudou muito, mas pronto estava
ali o livro e depois com o tempo eu fui vendo que precisava voltar a trás e ir ler de maneira
diferente com outro jeito e voltei e pegar no livro e a partir daí nunca, mas o guardei. Então
esse livro o “viver Sóbrio” eu não mais leio de uma ponta a outra, mas vejo o que me faz
sentido ler hoje. Por exemplo o livro “azul” comecei a fazer a mesma coisa. Eu penso o que
eu preciso me refrescar. O que eu preciso repetir e rebater é preciso ler as coisas de outra
maneira de uma outra perspectiva diferente. Por exemplo essa semana tinha uma
companheira recém-chegada e ela estava lá reclamando que não acreditava em certas
coisas, que quilo era um religião etc. E a companheira que estava coordenando falou
algumas coisas pra ela mas no final da reunião percebi que faltava alguma, que ela
precisava perceber que ali não havia nenhuma religião e coisa, ai peguei o livro e escolhi o
tema da fé e escolhi algumas passagens. E eu percebo que em algumas situações é muito
melhor ler em voz alta um livro do que está a dizer é assim é assado. O que está escrito foi
pensado, bem pensado, portanto se for eu a falar dependendo do estadão de espirito posso
interferir. E ai quando eu li eu comecei a lembra da passagem da bíblia que diz que a fé sem
obras é morta e eu vi como retornar a literatura ela me leva a outras coisas, inclusive a
outros livros e eu estou até hoje pensando nisso, por exemplo, na fé sem obras é morta. Que
Deus ajuda amis quem se ajuda a si próprio. Então a literatura é importante porque é onde
posso recorrer quando estou em dúvidas.
I- Então eu posso dizer que seus conteúdos internos, a sua leitura de mundo, interfere na
sua leitura da palavra, da textualidade da literatura com o tempo?
EP3- Há sim! A partir que eu me debruço sobre o mesmo livro, mas tendo passado por
experiências outras a minha leitura passa a ser outra. Vejo com outro olho.
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I-Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EP3- O efeito é que cada um com sua experiência, ali está e ler de uma maneiro um tempo
e depois lê de outras e não há mal nenhum em se voltar a trás e mudar de ideia. E quando
isso acontece m grupo dá outra perspectiva, dá uma perspectiva de grupo e que a vida não é
só a minha experiência, mas a junção de várias experiências, a experiência do grupo todo. E
refletir sobre a publicação da literatura por exemplo foi construída por um grupo de pessoas
e que deu muito trabalho para isso acontecer e que tudo isso foram experiências coletivas.
Que a escrita dos Doze Passos por exemplo foi a experiência de anos de várias pessoas e
que falavam sobre isso e que partilhavam e que chagavam a conclusão que isso funcionava
graças as experiências do passado. Portanto deixar que esse estudo seja feito
individualmente, não quero dizer que seja perigoso, mas que é menos bom. Porque me
grupo é a experiência minha, a experiência do outro e do outro e se eles puderam ser
partilhados, isso me ajuda ou a mudar de ideias ou me convencer que o que eu estou
fazendo é realmente bom para mim.
I- Então eu posso dizer que a partir das experiências facilita o entendimento?
EP3- Sim Claro! E assim é mais fácil, não é mais fácil é mais confortável porque eu tenho
um termo de comparação e assim eu posso dizer para mim: é acho que é melhor ir por aqui
ou se calhar não é melhor eu experimentar outro caminho. Porque as vezes a minha mente
tem um percurso de desonestidade e de manipulação e se isso for feito sozinho não me
parece muito bom.
I – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EP3- Sim o livro “viver sóbrio”, mas há um folheto que eu acho extraordinário que eu
gosto muito, muito mais pelo intuito com que ele foi feito que é o; “você pensa que é
diferente”. E eu acho fantástica essa ideia do folheto, por causa da identificação e por
perceber que a ideia que eu tenho desse texto é valioso m as a ideia subjacente a escrita dele
é extraordinária. Mas em termo de sumo o livro “Alcoólicos Anônimos”.
I- E foi interessante que você me falou sobre a literatura em outra pergunta mas que está
aqui dentro que é quando você diz que em alguns casos é melhor que se leia o livro do que
se falar sobre, então você está me dizendo que a literatura funciona como uma autoridade
por ter sido impressa por ter sido pensada. Foi isso realmente que você me disse?
EP3- Sim porque nesse aspecto ela é mais pura. Não está sendo influenciada por um estado
de espirito de determinado momento, se estou sendo pressionado ou não. A questão é
aquela que ali está escrito e nesse aspecto é mais pura. É mais eficaz.
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EP3- Há sim claro. Mas lembro que quando eu comecei no serviço no AA, não foi na
coordenação de grupo, foi como representante de serviços gerais e fiz isso muito cedo, eu
ainda não tinha nem um ano na irmandade e eu não pensei nas eventuais consequências de
aceitar esse serviço. E eu aceitei com uma questão de ego e pelo grupo ter confiado em
mim e em sete meses de sobriedade já ser representante de serviços gerais. Ok se aqui
somos todos bons há alguns que são melhores e percebi o quanto isso poderia ter sido
perigoso para mim. Felizmente aquela pré - recaída foi logo a seguir e eu lembro bem que
eu ouvia dentro de mim: não tu não vais beber porque você recebeu a confiança do grupo,
tu tens essa obrigação acrescida e essa questão do ego aí acabou por funcionar de forma
positiva e a meu favor.
I- Então você está me dizendo que a noção de reponsabilidade te ajudou a se manter limpo.
Então o grupo te ajudou nisso, é isso?
EP3- Sim o grupo ao me dá confiança a um serviço, acabou por segurar a minha
recuperação naquele momento, pois eu tenho certeza absoluta que se fosse o contrário eu
teria recaído.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
EP3- Olha não são tanto os passos aplicados, mas que as tradições são para se cumprirem
entre aspas.
I- Você está se referindo as doze tradições que são o roteiro para a manutenção do grupo
não é? É só para pode ficar registrado.
EP3- Sim e que não há porque abrir quaisquer exceções e é perigoso que se abrisse
quaisquer exceções em relação as tradições e ela são as que mantem o grupo como ele é. É
não é ter que parar de beber, mas é a vontade de parar de beber. Que é importante em
primeiro lugar o bem-estar do grupo e que não se pode em detrimento do seu bem-estar
comprometer o bem-estar do grupo. Mesmo que alguma coisa seja sacrificada e não há
situações perfeitas, mas essa condição é importante manter. O anonimato, não haver
endosso de nenhuma outra comunidade, não haver interferência da irmandade em nada
mesmo até nas questões do alcoolismo, sobre lei seca, blits, diagnósticos... E ter sempre em
mente que essa comunidade tem um propósito específico que é não vamos nos afastar dele
e só por aí é que conseguimos sobreviver nessas mudanças de tempo de mentalidade de
países é a única maneira. E cá estar a pensara que se miudássemos em relação a legislação,
cada país seria diferente e o alcoólatra é igual em qualquer lugar. Se as mudanças de
diferenças de países, legislação etc mudar o AA aí começa a perigar e eu espero que isso
nunca aconteça. O cumprimento das Doze Tradições e de forma estrita, sem manobras de
nenhuma forma.
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EP3- Ter noção do que é estar em recuperação, aí o companheiro está mais seguro para
poder estudar, para poder partilhar e para poder se orientar. Saber o que abstinência e o que
é recuperação.
I- Então você está me dizendo que este é o pré-requisito para se compreender os Doze
Passos?
EP3- Sim ter essa visão, saber dessa diferença.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EP3- Há sim tenho, tenho várias, mas há uma que me recordo que quando eu estava
coordenando uma reunião e um companheiro que estava bêbado ou estava tomando drogas,
não sei bem e estava nitidamente exaltado e as tantas se levantou e ameaçou e disse
palavrões e eu pensei o que eu hei de fazer e comecei a ficar vermelho e disse que tenho
que pôr fim a isso aqui e eu pedi que ele se acalmasse e ele não se acalmou e eu fiz um
intervalo em uma hora que não era para fazer pois a reunião tinha começado a pouco tempo
e eu tive que ter com ele, lhe dizer que isso não se permite aqui e que iriamos depois
recomeçar a reunião e se ele não se portasse ele iria ser conduzido para fora da reunião e
será posto na rua. Pois eu fiz isso tudo, depois retornei à reunião e ele não apareceu, e
depois e eu fiquei por dentro muito embaralhado e fiquei com muitas dúvidas se eu tinha
agido por ego, para ser autoritário, para dizer que fui eu que pus ordem naquilo, e depois
cheguei à conclusão que não, que acabou por ser a atitude melhor aquilo, por pensar no
bem-estar do grupo. Mas eu andei a pensar por um tempo que não naquela situação, mas
em outras situações da vida eu tive a abusar um bocadinho da minha autoridade no sentido
de ter sido mais áspero do que era preciso, pois eu já tinha me vangloriado mais por ser
autoritário. E eu percebi que não foi naquela situação em concreto, mas em outras e que
essa experiência no grupo me ensinou muito. E foram meus próprios companheiros que me
deixaram eu chegar a essa conclusão. Nunca me apontaram, nunca me criticaram e foi eu
mesmo que fiz um olhar para trás e revi o meu percurso no serviço eu percebi que tinha
errado em alguns determinados episódios e eu percebi que meus companheiros me deram
oportunidade até de errar para ver depois acertar e a partir daí eu entendi que
definitivamente estava no lugar certo. Me deixaram descobrir meu próprio caminho sem
críticas. Isso agora é uma perspectiva minha quando vejo um companheiro que chaga e
acha que descobriu a pólvora, e eu aí começo a pensar: há esse aí precisa abaixar a bola e aí
eu me lembro e digo: quem sou eu? Olho para traz e vejo, deixa lá ele chegar a uma
conclusão no tempo dele e acho que só no serviço é que se entende isso.
I- Então eu posso dizer que a aprendizagem, esse processo de construção humana ela está
alinhada à prática, ao exercício e a experiência? A partilha dá então suporte independente
de ser boa ou rui, é isso?
EP3- Sim, e as partilhas que não são boas é que são as melhores, porque é delas que se
tiram as melhores lições. E as experiências em serviços principalmente. E foram as
experiências em serviços que tirei muitas coisas para minha vida própria, inclusive a
profissional. Eu mudei completamente a minha perspectiva no trabalho, a maneira como eu
me comportava com as pessoas com os julgamentos e isso foi a minha experiência em
serviços dentro do AA.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EP3- Em primeiro lugar a questão da persistência e a continuidade. Mesmo que alguém
diga: há mais nós já falamos sobre isso, mas sabemos que essa aprendizagem é continua.
Não é assim: pronto já lemos o primeiro passo está feito. Não! Voltamos quantas vezes for
necessário, porque as tradições têm essa importância pois se chegou alguém novo, ele tem
que te r a mesma oportunidade de estudar os passos e nós de revê-los. Cada um tem a
experiência de fazer a aprendizagem como eu fiz. Ele precisa seguir o programa dos passos
e apesar de todas as outras literaturas, o estudo dos passos é importante.
I- Então você está me dizendo que a repetição, a constância do que se está estudado é que
dá significado é isso?
EP3- Dá, é isso.
I-Houve alguma pergunta que vc considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EP3- Eu gostei imenso das perguntas e eu acho que não. Acho que referente ao estudo dos
passos não, foi tudo.
I- Eu agradeço a sua disposição de ajudar nessa pesquisa. Muito obrigada.
Entrevistado Português 04 – EP4
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS:
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EP4- tenho 46 anos e estou nas salas seguramente há uns 13 anos.
I-Qual seu nível de escolaridade?
EP4- Tenho frequência universitária incompleta.
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EP4- No meu grupo básico varia entre 5 a 10 pessoas. E a duração uma hora e meia.
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EP4- Sim para mim há diferenças. Há estilos de coordenação, há diferentes visões do grupo
de como conduzir uma reunião de AA, e as pessoas diferentes têm visões diferentes de
como conduzir os passos e aplicar o programa na sua vida. Portanto há seguramente, estilos
e formas, diferenças nas formas de conduzir as reuniões de AA.
I- Então isto muda o que vai ser estudado?
EP4- Não; porque o fio condutor é o mesmo, é realmente o espirito de entre ajuda. A
mensagem subjacente que eu procuro transmitir e outro coordenador procura transmitir, no
meu entendimento é a mesma que é a mensagem de esperança na sobriedade. Na
abstinência e na sobriedade, a parte espiritual do programa também, independente de os
estilos ser diferentes. Eu consigo comunicar ou transmitir para um determinado grupo de
pessoas e a outros não, ou alguma outra pessoa consegue tocar um certo grupo de pessoas
diferentes de mim que eu não conseguirei tocar.
I-Então o conteúdo do que vai ser trabalhado, ele pode sofrer alguma interferência em
relação a quem trabalha o conteúdo?
EP4- Não entendi bem;
I- Assim se você fala do passo referente a rendição, mesmo seguindo um roteiro para ajudar
nessa explanação e o outro colega também fala de rendição na reunião que ele conduz, o
conteúdo sofre interferências de quem fala, mesmo o conteúdo sendo o mesmo?
EP4- Sim é isso que eu estou dizendo. Diria que sim, que sofre interferência de quem fala.
I-O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EP4- Obviamente que a minha posição é também o que eu fui aprendendo com meus
companheiros que estão nas salas de AA e que fazem serviços também e fizeram serviços.
Desde a questão da imagem, ter um a imagem limpa, não precisa estar com roupas dessa ou
daquela forma, mas está limpo, arrumado. Uma imagem cuidada, até porque eu penso que
um coordenador quando está a coordenar uma reunião é a cara de AA, para quem entra
naquela sala seja na primeira vez , seja pela enésima vez, seja um alcoólico seja um não
alcoólico. O coordenador naquele momento representa os alcoólicos anônimos. Não tem a
ver com um estilo de vestir , mas tem a ver com um cuidado. Isso no aspecto interior que é
no todo menos importante e enquanto aspecto interior dia respeito a se sentir minimamente
à vontade com os temas e ter sido minimamente apadrinhado, ou ensina, apadrinhado é um
termo de dentro do programa e das salas. Mas ter sido apadrinhado e orientado porque
coordenar uma reunião se aprende para se éter um a capacidade de falar sobre os temas da
reunião, ter pensado, ter meditado, ter trabalhado sobre esses temas, penso que são
condições importantes. E depois duas coisas que penso também que de alguma forma são,
ter algum controlo do tempo e capacidade de ser assertivo de quando um companheiro ou
uma companheira começar a falar demasiado e de uma forma educada mais firme, dizer
que o companheiro está falando fora do seu tempo , também com respeito ao tema, se for
descontextualizado, saber também , interromper e não permitir que se fale de temas que
não são o propósito da reunião, sem falar do que já me aconteceu algumas vezes de pessoas
que chegam profundamente embriagadas, e que aconteceram com dois indivíduos por duas
vezes diferentes e em que um deles chegou profundamente agressivo e quis jogar uma
cadeira e atirar a cadeira como forma de mostrar seu desespero. Mas pronto não vou falar
tanto nesse extremo, mas tem que ter essa habilidade. Mas essa habilidade aprende- se, mas
qualquer pessoa que tenha boa vontade de fazer verdadeiramente isso pode fazer.
I- E como se aprende essa habilidade lá dentro?
RP4-Eu aprendi pela assistência, pela cópia dos exemplos e pelas perguntas que fazia e
ouvindo as respostas porque é desse jeito assim e não assado e também pensando se me faz
sentido ou não, não é? Eu se estiver ouvindo uma partilha que eu sinta também e veja que a
pessoa está a precisar de falar eu não vou estar a olhar para o relógio e logo interromper. É
também algo muito subjetivo, tem que ter sensibilidade.
2º bloco : Como cada coordenador entende , sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EP4- Eu acho que não existe dois momentos, duas frases que iguais. Assim como eu
aprendi ouvindo um determinado grupo de pessoas, outras pessoas vão a prender me
ouvindo, se é que aprendem que vem desse grupo que eu aprendi e mais aquilo que é meu
não é? O que muda eu não sei quando me ouço, mas eu sei que procuro passar a mensagem
mas de sei que de alguma forma nem sempre sai como eu desejaria e que não há duas
formas diferentes.
I- Sim a minha pergunta está muito votada para você. Você ouvir de outro e você ouvir de
ti. Essa elaboração do pensamento estrutural sobre determinada coisa ela muda quando é
você que o faz, ou quando é outro que o faz para você?
EP4- Sim penso que sim. Penso que muda.
I- Consegue identificar qual a diferença?
EP4- Não sei, eventualmente porque eu quando eu escuto o outro eu estou a ouvi-lo eu
estou a pensar e a raciocinar e quando eu não estou ouvindo o outro posso também
raciocinar e posso também meditar e raciocinar. Quando sou eu é difícil eu não consigo
explicar como é se ouvir. Mas há sim diferenças. Não sou papagaio que repito e nem as
pessoas são papagaio que repetem o que eu digo ou falo. Acho que o valor acrescentado é o
amor com que eu coloco na mensagem que eu próprio quero passar.
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
EP4- Eu descobri e tive que experimentar, e quando cheguei aos alcoólicos anônimos e
quando cheguei a fazer o serviço do chá, toda gente dizia que esse serviço era bom que me
fazia crescer, ponha-me em contato com aquilo que eu não gostava e não sabia lhe dar que
era ouvir dizer não e ouvir dizer sim, era realmente eu achava aquilo muito vago. Pois eu
chego com toda a minha arrogância pois eu sei mais do que toda essa gente que aqui está
eles não sabem nada coitados. Eu achava que eu sabia como lá chegar e ao começar a fazer
o serviços e pela prática de realizar o serviço eu realmente percebi que é importante fazer
o serviço. Eu me perdi no meio da resposta. Pode me repetir por favor?
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
EP4- Há sim isso foi a introdução porque um coordenador deixa a reunião fluir, deixa a
reunião avançar e intervém só quando é necessário, e partilhará se for necessária, mas é
eixar a reunião fluir para que a mensagem se passe e eu falei tudo isso antes por que
realmente ser coordenador me faz crescer enquanto estou no meu processo de recuperação
e de abstinência.
I-Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EP4-Não sei particularizar isso. Eu consigo, eu quando ouço a partilha de um companheiro
e de uma companheira eu estou...não sei, há uma magia qualquer que eu digo assim: há
mais esse indivíduo está a falar das coisas que eu sinto e das coisas que eu penso. É algo tão
pouco claro mais está relacionado com a identificação. Mas não consigo verbalizar o que é
como é. É uma das coisas que me faz ver esse programa como um mistério, eu sou uma
pessoa que insistentemente procura explicação das coisas e acho que eu sou muito racional
e embora minha companheira ache que eu sou muito emotivo, mas sempre penso, porque
isso é assim, porque viajo desse jeito, porque não sei o quê. E a magia que acontece nas
salas de alcoólicos anônimos que me trouxeram e ainda continuam a me trazer é quando
dessa partilha e dessa identificação é que eu não consigo buscar o racional para explicar de
determinado comportamento, mas é como se eu estivesse nele e eu os vejo para aprender e
não continuar a repetir ou repetir o que me é bom. Portanto é uma coisa muito pouca
verbalizada por mim, não sei bem.
I- Sim, quando eu trago essa questão de afetar e ser afetado é porque em muitos de nós
existem pontos nevrálgicos em que a nossa identificação ali se apresenta; por exemplo uma
mãe pode se sentir afetada sempre que um assunto referente a maternidade se apresenta,
algumas pessoas saber que existem pontos que lhe afetam de forma mais significativa, se
for falar de espiritualidade isso me afeta, se for falar de trabalho isso e afeta. É nesse
sentido de que tipo de cousa lhe afeta mais significativamente na partilha sua e do outro.
EP4- Mas isso não necessariamente acontece enquanto eu como coordenador. Enquanto
escutador. Realmente há temas que me afetam mais, como coisas que tem a ver com o
sofrimento próprio que o alcoolismo próprio que leva as pessoas a partilhares, tudo que tem
a ver com o relacionamento porque o meu alcoolismo essencialmente foi a minha
inabilidade de lhe dar com os meus sentimentos com os relacionamentos com os outros,
não é? Porque as questões do trabalho, as questões do dinheiro que eu também as tive e
tenho, não são coisas que me tocam particularmente, mas tudo que tenham a ver com
relacionamentos com os sentimentos e o saber me relacionar comigo e com os outros e algo
que me toca e quando alguém partilha esses temas eu fico particularmente tocado, não é? E
tudo tem a ver com esse desespero que é a consequência que me levou ao alcoolismo, é
algo que me toca profundamente.
I-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EP4- Claro que sim, eu quando leio, eu vou lendo com alguma regularidade, porque aqui
em Portugal, não sei bem como é no Brasil, mas aqui em Portugal os folhetos são
relativamente poucos e a literatura é relativamente pouca, mas a medida em que eu vou
avançando no programa e no meu próprio estudo e no meu próprio entendimento, uma
leitura que eu fiz quando eu tina um ano de sobriedade do livro “azul”, hoje eu vou lê-la de
outra forma. Por exemplo as questões da espiritualidade, eu não acreditava na
espiritualidade, porque tinha muito aquela relação de Deus, religião e espiritualidade muito
misturada e muito negativa e eu hoje, apesar de eu continuar a não acreditar em Deus e eu
ser muito agnóstico e quase ateu em relação a existência de outra vida eu tenho uma
espiritualidade dentro de mim e eu digo; olha isso é a minha espiritualidade, são todos vós,
o mundo a vida, isso o meu poder superior. E isso foi mudando com o avançar do programa
e aí ler trechos dos livros hoje tenho um entendimento é diferente dentro do que tenho e
tinha há dez anos atrás, não é?
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I-Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EP4- Eu acredito que a partilha genuína e não manipulativa daquilo que eu sou com os
outros, faz-me crescer e faz o outro crescer e vice-versa. Quando eu ouço o outro e ele se
torna vulnerável e se permite mostrar como é, é algo tão enriquecedor e tão verdadeiro que
eu cresço, assim... eu acho que esse programa, eu acredito que esse programa funciona
exatamente porque há os outro, há o outro, porque sozinho eu nunca me permitir sentir
vulnerável porque eu nunca havia visto esse exemplo. Eu estava na minha visão de mundo
isolado com ami há garrafa e se tivesse havido alguém que não se tivesse se apresentado
vulnerável para mim, se mostrado efetivamente como é, com seu lado negro e branco, com
seu lado mais escuro e mais bondoso, eu nunca teria crescido nesse programa. E quando eu
me permito tornar-me vulnerável, quando eu deixo todas as proteções que tenho e deixo
sair de mim tudo que é verdadeiro, os elementos genuínos. Tu empregas a palavra estudo e
eu não gosto, da palavra estudo nesse contexto mais é a semântica, mas eu acho que quando
a outra partilha comigo e eu partilho com o outro genuinamente há um crescimento nos
dois lados.
I- Então você está me dizendo que a partilha da experiência vai agregando valor ao
conhecimento é isso que você está me dizendo?
EP4- Sim o todo é maior que a soma das partes. Portanto o estudo em grupo é bem mais
valioso do que eu sentar sozinho para estudar. Sim porque se eu não tiver uma validação,
não sei bem se essa é a palavra para não entrar em outros campos, mas algo que me
devolva, alguma opinião sobre o meu raciocínio, como é que eu vejo, como eu que eu infiro
meu raciocínio e isso não tem a ver com sentimento, mas com o que penso.
I – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EP4- Pra mim o livro “Viver Sóbrio” e depois o livro “Azul”. São fundamentais.
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EP4- O grupo me trouxe um conjunto de vivencia de experiências que eu sozinho não
quero dizer que eu não conseguir inferir sobre ela, mas, o grupo permitiu-me, se calhar em
um tempo mais curto, chegar a esse gênero de crescimento.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
EP4- Acho que ... por ser.… por me mostrar que se eu for humilde eu consigo ser eu
próprio. Acho que isso é a chave.
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EP4- Predisposta a estar, a ouvir.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EP4- Quando eu me predisponho a ouvir sem nenhum preconceito. Uma partilha de
qualquer companheiro ou companheira é sempre um aspecto de grande valia para meu
crescimento. Qualquer um. Tenho é que fazer a minha parte. Não há nada que eu possa
falar especificamente.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EP4- Não sei. Digo que se eu soubesse eu era rico. Mas sabe nós temos um companheiro
que ele tem mais de seis meses de sobriedade do que eu, e ele não acredita nos Doze Passos
e ele acha que é uma fanchada e é fato que ele vai as reuniões e apesar de negar e dizer que
o programa não funciona eu vejo o programa nele e como ele foi se modificando no longo
dos anos e foi falando com os outros companheiros que estão entrando e, portanto, não há
assim um jeito. Eu não sei dizer o que é significativo. Eu sei que é um milagre não e´?
Especialmente para mim que infelizmente ou felizmente me tenho sempre no plano do
pensamento, não é? Permitir-me sentir, seja bom ou seja mal... e já me disseram que aquilo
que eu sinto é o que está certo né. Então é algo que é muito difícil e fazer isso é dádiva eu
não sei, é dádiva. Não sei dizer.
I-Houve alguma pergunta que você considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EP4- Olha eu, é a primeira vez que participo de um estudo desse gênero, de forma que eu
estou completamente a zero e, portanto, não tenho nenhuma baliza que me diga, portanto eu
estou disposto a ouvir e a responder, mas seguramente são perguntas que me puseram a
pensar e a meditar e repensar um pouco sobre a minha função de coordenador no que eu
posso melhorar para mime para o outro.
I- Pois eu agradeço muito a disposição de ajudar e de ter me recebido. Grata.
Entrevistado Português 05 – EP5
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS:
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EP5- Tenho 62 anos, entrei para alcoólicos anônimos com 44 anos e desde os 45 que
coordeno as reuniões de AA.
I-Qual seu nível de escolaridade?
EP5- Licenciatura em serviço social
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EP5 - 10 a 12 a média
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EP5 – Sim sem dúvida, quem conduz a reunião é isso, não é? Depende muito de quem está
a coordenar o grupo para que essa reunião decorra com maior produtividade, ou seja se nós
estamos a falar de uma tradição de um passo, vai depender da experiência que essa pessoa
que está conduzindo a reunião tem. Tenha praticado efetivamente para poder dá uma
experiência mais rica. Se você percebe que é teoricamente que sabe, não tem tanto efeito e
tanto resultado.
I-O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EP5- Em primeiro lugar tem que conhecer as tradições de AA. Portanto o alcoólico tem
muita tendência a inventar e a criar novas situações e por vezes não dá muitos resultados. É
preciso conhecer as tradições, é necessário ter uma postura de respeito e ouvir ao outro, de
empatia e ter muita tolerância e muita paciência por vezes nas reuniões pois há os mais
variados níveis de pessoas uns mais variados tempos das pessoas, desde os recém-
chegados, aqueles que ainda não parou de beber ou que já ode ter uma serenidade. Pode ter
um que tenha um comportamento muito alterado e compete ao coordenador, ter calma,
saber como lhe dar com isso é não entrar em conflito com os companheiros.
I- E essa habilidade é formada dentro do grupo?
EP5- Não, ela não é formada ela é construída a partir das experiências dos outros e tem
muito a ver com a prática do programa e o praticar dos passos. Vamos praticando os passos
e vamos experimentando o que dá certo e o que não dá certo.
2º bloco: Como cada coordenador entende, sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EP5- Muda. E o que muda é a responsabilidade. Eu sinto maior responsabilidade se eu for
coordenar uma reunião de um passo e para isso eu terei que me preparar melhor e para isso
não é teorizar as coisas, mas é preparar-me. Saber exatamente o que o passo, o que está lá
escrito, fazer a minha interpretação e conduzir a reunião nesse sentido. Quando eu estou
escutando como participante sem coordenar e sem eu mesma elaborar o raciocínio, eu
recebo e recebo de todos os outros a experiência, mas estou mais despreocupada. Não sinto
a responsabilidade de me preparar para isso e acontece de eu ir a uma reunião e nem sei que
lá está a se falar de passo e sou surpreendida que aquela reunião é para se falar dos passos e
pronto. E não fui pensando no passo e fui surpreendida lá na altura.
I- Então a apreensão do assunto é diferente?
EP5- Sim porque quando eu coordeno e falo espera-se que eu tenha estudado e isso me
enriquece mais. Eu me aproprio mais do conteúdo. Porque o estudo anterior me ajuda muito
e é assim que nós vamos estudando a própria literatura dos Alcoólicos Anônimos não é?
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
EP5- A função dele tem muito a ver em dar a conhecer o programa dos Alcoólicos
Anônimos. Dar a conhecer que existem os passos, que cada um pode usar à sua maneira,
falando também no apadrinhamento que é importante e que o apadrinhamento é sempre
feito com aquela pessoa que tem mais tempo e que pratica os passo e que vai ajudar a
pessoa a fazer e que tem a ver com a melhoria da qualidade de vida e da filosofia de vida e
o caminho da recuperação. Naturalmente que a condução desse trabalho ou melhor desse
serviço, o coordenador tem muito a ver com sua própria experiência e prática dos Doze
Passos e das tradições também, obviamente.
I-Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EP5- Eu sou afetado muito com a realidade da vida de outra pessoa. A tal identificação em
que eu vou buscar identificação da minha, seja do passado seja do presente com o outro.
Portanto isso afeta-me e isso sempre de forma positiva, pode ter alguma memória, alguma
recordação menos boa, mas o que é verdade que até isso me ajuda a olhar para ela e
arrumar isso. E penso que ao contrário também acontece. Acho que a identificação é a
palavra-chave.
I-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EP5- Sim, sem dúvida. Para mim a literatura tem sido um instrumento fundamental na
minha recuperação, e a medida que eu vou lendo a literatura de AA, mais eu vou entendo o
que ela significa e a mais valia que me pode trazer para a minha vida. Sei lá o livro “azul”,
por exemplo que é o texto básico do AA, eu li no princípio em que eu estava entrando em
recuperação e eu não conseguia ficar com nada na minha cabeça. Se eu tivesse desistido e
dito, pronto já li eu teria perdido, mas na medida em que o tempo foi passando e eu fui
lendo, percebo que a leitura hoje é bem diferente, bem como a minha interpretação
também. Portanto para mim a literatura é fundamental e eu não me esqueço daquele livro,
“Viver Sóbrio”, foi muito importante na minha vida a princípio, pois era o meu livro de
cabeceira. Era o livro que quando eu tinha dúvidas quando tinha um jantar de família, era
recorrer ao livro “Viver Sóbrio” para eu perceber como eu devia atuar. Sem dúvida que a
literatura é extremamente importante na minha vida e estou sempre a sugerir que todos
tenham a leitura porque é fundamental assim como o livro sobre a reflexão diária, a
reflexão do dia. Começar o dia com a reflexão diária com um a perspectiva de renovar e de
situar na pessoa que somos.
I- Então eu posso dizer que todo esse processo educativo precisa estar direto de mãos dadas
com os membros do AA para que ele possa ter o suporte?
EP5- Sim, sem dúvida.
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I-Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EP5- São duas coisas diferentes. Eu individualmente faço a minha própria interpretação e
em grupo eu tenho a oportunidade de ouvir a opinião dos outros e como os outros sentem
na sua vida esse passo né? E ganho muito mais com isso se for em grupo do que se for
individual. Mas não descuido nunca da leitura individual, pois a passos que nós temos que
fazer para nós, como por exemplo o quarto passo, é um passo muito individual e, portanto,
tem que ser uma leitura individual, tem que ser um trabalho individual. Esse é o único
passo que penso deve ser feito individual que é quando é sugerido fazer um escrito, tem
muito esse trabalho individual, mas é evidente que até eu fazer eu ouvir como os outros
fizeram o quarto passo, vai me ajudar imenso.
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EP5- Sim, sem dúvida. Por exemplo aquilo que se passa na reunião de cada um falar na sua
vez. A questão do respeito pelo outro, de ouvir o outro, não interromper. Isso é muito raro
em nós cá fora assistirmos a isso e a verdade é eu isso teve um efeito tão grande em mim
que eu comecei a praticar isso na minha vida profissional. Estar mais tento ao que o outro
tem a dizer e não interromper e isso eu aprendi de fato nos alcoólicos Anônimos. A
dinâmica, natural de que se ver nas reuniões de aa que é espantoso e isso me serviu muito.
A honestidade também, a questão de as pessoas conseguirem se expor os outros, falando de
si próprio, sem apontar o dedo. Estou ali para falar de mim e não do outro. E isso me
ajudou muito na minha vida pessoal, nas minhas relações por exemplo de evita apontar o
dedo e falar da forma como me sinto e isso é uma aprendizagem que eu adquiro em
Alcoólicos Anônimos e muito mais exemplos.
I- Então eu posso dizer que mais do que os conteúdos a serem estudados, a aprendizagem
se faz também na dinâmica educativa das salas de AA?
EP5- Sempre, sempre.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo dos Doze Passos?
EP5- O que eu tenho verificado que quanto mais as pessoas têm estudado os passos e
aplicam, menos probabilidade tem de recair. Quando não o fazem e ficam só no primeiro
passo, perdem uma séria de possibilidades para serem felizes, e naturalmente ao perderem
essas possibilidades o copo está mais perto e há mais possibilidade de beber.
I-Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EP5 – Penso que o único pré-requisito é a boa vontade, e o espirito aberto e o desejo
realmente de ter uma vida diferente, uma vida melhor e uma vida em que se preocupem
mais com o dia de hoje do que com o de ontem e dia de amanhã. Viver mais o presente e ter
boa vontade.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EP5- Normalmente as pessoas que me tem ajudado mais são os recém-chegados. Eles
acabam por me lembrar a situação em que cheguei e é isso que me faz perceber o quanto eu
já cresci e fico muito grata, fico muito grata. E, portanto, quando sou confrontada com
alguma situação em que me identifico e que percebo que não estou a fazer as coisas certas,
que eu não estou a praticar a coisa certa e isso me ajuda a refletir e a parar e corrigir e
voltar outra vez ao caminho e voltar a trabalhar na minha recuperação. Isso tem sido
extremamente rico para mim nessa aprendizagem.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EP5- A partilha. Penso que a partilha de vida é a nossa maior riqueza que os alcoólicos
anônimos têm. O falarmos de nós com honestidade é uma das coisas mais ricas que eu
tenho dado conta não é. E isso tem me passado naturalmente até com a relação com as
minhas filhas. Não é por quere, propositadamente, mas a verdade é que minhas filhas
começaram a se habituar a falar de si com honestidade, dizerem o que sentem, como sente e
acho que isso é uma mais valia de uma reunião de alcoólicos anônimos que eu me
beneficiei pessoalmente.
I- Então você está me dizendo que a aprendizagem dentro do grupo para sua recuperação
dentro dos grupos de AA, chegou a ser transportada para casa?
EP5- Sim, sim. Sem dúvida, sem ser propositada. A verdade é que minhas filhas as vezes
me olhavam e diziam: mãe tu estas diferente, e eram elas que me faziam ver que eu estava
diferente e naturalmente essa forma de estar surtia também nelas, um efeito de mudança
também. E hoje elas sabem por exemplo que quando eu digo que não, não é porque eu
estou zangada e porque eu não posso. Se eu disser não é não se eu disser sim é sim e sem
justificativa. Isso foi uma das coisas que eu aprendi em AA. Acabamos por ter uma vida
mais saudável, sem mentiras, sem arranjar desculpas e, portanto, tem sido muito benéfico e,
no entanto, eu tenho netos que vão aprender também da mesma forma.
I-Houve alguma pergunta que você considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EP5- Eu penso que não sei, mas pode ser que me escapou, mas eu acho que tudo isso está
implícito no serviço em alcoólicos anônimos, coordenação é obvio que é um serviço, mas
por exemplo servir o café. O recém-chegado ao ter a possibilidade de fazer algum serviço
em AA, é de um impacto enorme, pois é um sentimento de pertença, um sentimento de
utilidade e um sentimento de compromisso, de reponsabilidade e começa-se assim. E para
mim isso é muito importante e para mim o servir o café é o início de tudo para depois
coordenar uma reunião.
Anexo C - Transcrição das entrevistas dos brasileiros;
Antes de cada entrevista, nós apresentávamos brevemente nosso percurso dentro da
pesquisa em Alcoólicos Anônimos, como a entrevista se daria apresentando o tema dos três
blocos de perguntas, bem como o porquê de estar ali realizando a mesma.
Transcrição das entrevistas feitas aos coordenadores de grupo nas salas de Alcoólicos
Anônimos no Brasil
Entrevistado Brasileiro 01 – EB1
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EB1- Eu tenho 64 e já não realizo mais a função, realizei a algum tempo atrás. No AA, todo
o serviço é feito por um tempo determinado para cada servidor.
I-Qual seu nível de escolaridade?
EB1- Meu nível de escolaridade é superior.
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EB1- O Número média é de uns 10 membros e a duração da reunião é de umas duas horas.
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EB1- No AA, tudo é feito e decidido pelo grupo, temos Tradições que sugerem isto. O
valor é bem maior do que o indivíduo sozinho.
I-O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EB1- O importante é ser membro do AA e ter uma cera experiência no serviço e o
conhecimento dos princípios de AA
2º bloco: Como cada coordenador entende, sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EB1- A Experiência mostra que tudo é feito através da troca de experiências vivida
anteriormente pelo outro companheiro de AA, e a nossa literatura tem as sugestões escritas
para cada serviço de AA.
I- Ok agora me diga, como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do
estudo em grupo dos DOZE PASSOS?
EB1- Em primeiro lugar para você coordenar um grupo de pessoas ou estudos, você deve
conhecer com uma certa profundidade o assunto referente aos Doze passos.
I- Ok. Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EB1- No AA, ninguém afeta ou é afetado, todos têm a consciência da doença e a
necessidade da recuperação. O que acontece é a troca constante da experiência também na
recuperação.
I -Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EB1- Sim, à medida que você vai se recuperando através de um esforço contínuo na prática
dos Doze Passos, a mente vai se abrindo e na evolução do seu programa de recuperação dos
Doze Passos, a visão, compreensão e entendimento muda a cada dia.
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I- Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EB1- O programa de Doze Passos é individual, pois trata da recuperação, chega até a ser
solitário, porém o estudo em grupo se faz necessário, justamente pela troca de
experiências.
I – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EB1- A literatura é muito importante para o indivíduo e para o grupo. Considero que os 36
princípios de AA, são extremamente necessários para reabilitação, convivência e serviço.
Sendo a recuperação através dos Doze Passo, o livro dos Doze Passos é o destaque.
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EB1- Sem o grupo eu não teria conseguido uma recuperação. Lá acontece a identificação e
na troca de experiências nasce a esperança.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
EB1- O programa dos Doze Passos não tem fim, é um programa de vida que não se decora,
se aprende um grupo de princípios espirituais que se praticados serão para a vida toda.
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EB1- Boa vontade, a necessidade da recuperação, a mente aberta e a disposição de evoluir
no programa e na vida sóbria e serena.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EB1- A necessidade de ter recuperação e ser humilde no desempenho das funções.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EB1- O apadrinhamento e a necessidade de conhecer e viver os princípios.
I-Houve alguma pergunta que você considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EB1- Sim, a questão do anonimato que é o alicerce espiritual das nossas tradições,
lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.
Entrevistado Brasileiro 02 – EB2
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EB2- Tenho 56anos e coordeno a praticamente 2 anos
I- Qual seu nível de escolaridade?
EB2- Superior
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EB2- Uns 20 participantes, o tempo é de duas horas.
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EB2- Sim quando o coordenador tem conhecimentos e está motivado tudo muda.
I-O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EB2- Na minha opinião é ter liderança para ser facilitador.
2º bloco : Como cada coordenador entende , sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EB2- A nossa recuperação é baseada nas experiências dos outros, por isso muda quando
você escuta o outro mais do que quando se escuta.
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
EB2- Acho que liderar para o serviço.
II- Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EB2- Na identificação das experiências dos outros.
I-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EB2- Sim, você se capacita apara ouvir os outros com interesse.
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
C- Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EB2- Fundamentalmente a compreensão dos outros para a sua identificação.
I – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EB2- A literatura em AA é muito rica e completa. O livro dos Alcoólicos Anônimos.
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EB2- Sim, as experiências vividas e repassadas pelos outros.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante
tanto tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
EB2- Eu acho que o grande fator é a relação ouvir e passar adiante. Dar de graça o que
recebeu de graça.
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EB2 – Humildade, honestidade e mente aberta.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EB2- Sim, desenvolver a capacidade de ouvir.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EB2- São as diversas formas de levar a mensagem e as experiências.
I-Houve alguma pergunta que vc considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EB2- Sim, o que faz você permanecer indo ao grupo mesmo depois de conseguir parar de
beber.
Entrevistado Brasileiro 03 – EB3
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS:
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EB3- Tenho 45 anos e coordeno há dois anos e três meses.
I-Qual seu nível de escolaridade?
EB3- Aluno de mestrado.
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EB3- Número médio de 20 pessoas e a reunião tem uma duração de duas horas.
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EB3- Sim. Creio que o condutor da reunião pode contribuir positivamente na maneira como
conduz, sempre atento as palavras e ressaltando pontos positivos e negativos, quando
possível, no que houver no companheiro. A partilha em si já funciona como alívio para o
orador. O coordenador deve ter a disciplina e manter a serenidade durante a reunião. O 11º
passo, fala sobre a prece a meditação, portanto a boa espiritualidade do condutor se espalha
dentre os demais.
I-O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EB3- Não se deve interromper a narrativa do companheiro, tentar manter o silêncio e
nunca monopolizar a palavra e os conhecimentos. Todos querem e podem contribuir da
melhor forma. O tempo deve ser pré-fixado para que todos participem. Serenidade no que
faz é importante para o condutor.
2º bloco : Como cada coordenador entende , sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EB3- Com certeza. A aceitação faz com que escutemos e aceitemos boas sugestões.
Repassar a informação se baseia em experiências próprias e a auto percepção é fundamental
na recuperação. Investigar momentos de risco em nosso dia a dia e identificar o porquê de
nossa ativa desenfreada.
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
EB3- Entendo que os Doze Passos é o suprassumo que todas as religiões tentaram chegar e
não conseguiram. Então os Doze Passos, vem como um contato espiritual de alta relevância
na vida do alcoólatra. Acreditar nisso e mostrar as aplicações dos Doze Passos na vida
cotidiana é característica que deve ser inerente ao facilitador.
I- Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EB3- Sou afetado pela mudança de vida que os seguidores dos doze passos conseguiram
em suas vidas e a minha mudança é que afeta. A mudança é tudo. Não há como nãos ser
positiva essa mudança.
I-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EB3- Sim. Melhora a cada dia mi há compreensão.
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I- Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EB3- Individualmente acho que não funciona. Em grupo com a experiência viva de cada
um, a mudança é realmente efetiva.
I – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EB3- De muita importância. Os livros “Reflexões Diárias” e “Viver Sóbrio” são essenciais
na minha recuperação.
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EB3- O grupo é a base da minha recuperação. A troca de experiências é a chave da ajuda.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
EB3 – Os Doze Passos é uma filosofia de vida, todos mesmos os não alcoólatras deveriam
aprender com a experiência espiritual trazida pelos Doze passos.
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EB3 - Agir conforme as leis divinas, com honestidade acima de tudo. A ação é essencial. A
fé no futuro é algo que voltamos a ter.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EB3 - Várias, como as trocas de fichas de pessoas com mais de 25 anos vivendo sóbrios e
felizes é algo sublime.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EB3 - Porque funciona. Porque todas as pessoas passam por situações muito difíceis e se
recuperam. Porque ajudam as pessoas a viverem sem culpa e com orgulho de ser vitorioso.
Isso é um milagre.
I-Houve alguma pergunta que vc considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
Entrevistado Brasileiro 04 – EB4
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS:
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EB4 - Tenho 48 anos e coordeno o grupo há um ano.
I-Qual seu nível de escolaridade?
EB4- Segundo grau completo
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EP4- Uns 20 companheiros e a duração é de duas horas.
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EB4- Sim há. A capacidade de liderança faz a diferença e como ele é eleito pelo grupo isso
faz a diferença na condução do estudo.
I- O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EB4 – Levar jeito para encaminhar a discussão e ter conhecimento do programa de Doze
passos.
2º bloco : Como cada coordenador entende , sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EP4- Sim quando eu me escuto eu amadureço mais a compreensão da minha doença.
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
EB4- Realizar um serviço para a irmandade faz parte da nossa recuperação. Coordenar é
um dos muitos serviços importantes na irmandade.
I- Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EB4-Na hora da partilha, quando me identifico com o companheiro.
I-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EB4- Claro que sim. Quando eu coordeno, fico mais atento as partilhas e me aprofundo no
conhecimento de como meu alcoolismo afetou minha vida e de meus familiares.
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I- Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EB4- As duas são muito importantes, porém em grupo o efeito é mais profundo.
I – Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EB4- Muito importante toda ela, mas para mim o livro “Azul”, “Viver Sóbrio” e a revista
“Vivências” são os destaques
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EB4- Sim. Com depoimento dos outros eu aprendo e busco mudar e crescer minha fé na
sobriedade.
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo em dos Doze Passos?
EB4- O fato de ser gratuito e realizado pelos próprios alcóolatras, tendo como base um
programa espiritual. Também tem sido muito importante a prática do 12º passo, que é
passar para frente a mensagem do AA.
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EB4- Mente aberta, humildade e desejo de mudar.
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EB4- Acho que desenvolvi a tolerância e saber ouvir com atenção a partilha do outro.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EB4- O aprofundamento dos conhecimentos sobre a programação através da discussão do
programa dos Doze Passos.
I-Houve alguma pergunta que você considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EB4- Acho que essas perguntas são suficientes.
Entrevistado Brasileiro 05 – EB5
PERGUNTAS DAS ENTREVISTAS:
1º Bloco de Perguntas: Perfil dos coordenadores:
I-Que idade tem e há quanto tempo você realiza a função coordenador nas salas de AA?
EB5- Tenho 71 anos. Já fui coordenador algumas vezes. No momento não tenho função nos
serviços do AA.
I-Qual seu nível de escolaridade?
EB5- Superior completo.
I-Quanto as reuniões, qual o número médio de participantes e sua duração?
EB5 – 15 a 20 pessoas em média.
I-Você identifica algum valor à mais atribuído ao estudo em grupo, em relação a quem o
conduz? Poderia explicar?
EB5 – Sim, quem conduz as reuniões é escolhido democraticamente pelo grupo. Sempre
são escolhidos os que demonstram uma certa liderança e conhecimento da programação.
I-O que você considera importante ter para realizar a função de coordenador de grupo de
estudo? Que tipo de postura é importante para realizar a referida função?
EB5- Habilidade para ser um facilitador das discussões sobre o programa do AA além do
conhecimento do programa e da literatura da irmandade.
2º bloco: Como cada coordenador entende, sente e percebe a sua função
I- Há alguma diferença de compreensão entre receber orientação das mãos de outrem e
você mesmo repassa-lo? O que muda quando você se escuta?
EB5- No AA funciona o que funciona tecnicamente as ciências do comportamento chamam
de Terapia do espelho. Ou seja, quando eu escuto sou o terapeuta; quando falo sou o
paciente. Desse modo me escuto espelhando-me na partilha do outro.
I-Como você designaria e /ou entende ser a função coordenador do estudo em grupo dos
DOZE PASSOS?
EB5- Liderar como um serviço que ajuda na recuperação dos outros e também do próprio
coordenador.
I- Onde na partilha das considerações sobre o estudo em grupo, você considera que é
afetado e como você afeta?
EB5- Na partilha minha e do outro que conta a sua história de vida.
I-Você identifica alguma ou algumas mudanças na compreensão do estudo da literatura por
você, com o passar do tempo? Poderia explicar?
EB5- Quando coordeno fico mais atento as histórias de vida e isso me faz aprofundar
individualmente minha compreensão da programação.
3º Bloco: Sobre a importância e entendimento atribuído pelos coordenadores dos
grupos ao estudo dos DOZE PASSOS.
I- Na sua visão, que efeito sofre o estudo dos Doze Passos ele sendo estudado
individualmente e em grupo?
EB5- O estudo em grupo contribui para o enriquecimento do conteúdo da literatura que
mesmo mantenho seus princípios fundamentais dos doze passos, se atualiza diante das
novas realidades sociais que surgem com o avanço das mudanças na sociedade como um
todo.
I- Qual sua opinião a respeito da literatura de suporte publicada pela irmandade para o
grupo? Qual publicação você considera que mais contribuiu para seu aprendizado?
EB5 - O livro azul e viver sóbrio. Outras literaturas também são importantes
I-Você identifica alguma contribuição do grupo para seu processo pessoal de
aprendizagem? Pode exemplificar?
EP5- Sim, quando o outro conta a sua história de vida aprendo com ele naquilo que me
identifico no seu relato
I-Você poderia citar no seu entendimento, que fatores contribuem para o êxito durante tanto
tempo e em escala tão grande do referido estudo dos Doze Passos?
EB5- Dar de graça o que recebeu de graça. A pratica do 12º passo: levar a mensagem dos
Doze Passos para aqueles que precisam.
I- Na sua visão, que pré-requisito ou o que precisam ter, os que estudam os Doze Passos,
para que possam compreender o que está sendo estudado?
EB5 – Boa vontade e mente aberta
I-Poderia descrever alguma situação experienciada por você durante a função de
coordenador grupo, que considere relevante para o processo de aprendizagem?
EB5- Aprendi uma habilidade importante: saber ouvir e respeitar a opinião do outro.
I-O que na sua visão, acontece nos grupos que faz com que haja aprendizagem significativa
durante o processo de estudo?
EB5- A unidade do grupo e o desejo de superar seu alcoolismo e se tronar um cidadão
melhor.
I-Houve alguma pergunta que você considera importante e que eu não fiz durante essa
entrevista quanto ao estudo do modelo nos grupos de Alcóolicos Anônimos?
EB5- Talvez você devesse interrogar sobre recuperação e recaídas.
Anexo D -Tabela de dados entrevistados portugueses;
Tabela 1- PERFIL DO COORDENADOR
Perfil do coordenador
EP1
EP2
EP3
EP4
EP5
1-Idade e gênero;
2-Tempo de coordenação;
3- Nível de Escolaridade;
4-Nº de participantes do
grupo;
5- Requisito para
coordenar
1- 70 Anos/ F
2 - 19 Anos
3 - Pós-graduada
4 – 08 Pessoas
5- Ser assertivo, não
protagonista, empático,
íntegro e honesto.
1-67 Anos/F
2- 11 Anos
3- Secundário
4-10 Pessoas
5- Boa dicção, boa
vontade e conhecer o
assunto
1- 44 Anos/M
2- 6 Anos
3-Licenciado
4 – 14 Pessoas
5- Ter experiência no
passo, conhecer bem o
grupo, gostar de ler e estar
atento às necessidades dos
mesmos
.
1- 46 Anos/M
2-13 Anos
3- Superior incompleto
4 – 7 Pessoas
5- Aspecto cuidado,
conhecer os temas, ser
assertivo, permitir que se
expressem e boa vontade.
1- 62 Anos/F
2- 17 Anos
3- Licenciada
4 - 10 Pessoas
5- Ter experiência no
passo, conhecer as
tradições, saber ouvir o
outro com respeito e saber
mediar conflitos.
Tabela 2 FUNÇÃO DE COORDENDOR
Função de
coordenador
EP1
EP2
EP3
EP4
EP5
1-Como designa a função?
2-Como afeta e é afetado
no grupo?
3- Há diferenças de
compreensão do conteúdo
quando coordena e quando
é coordenado?
1- Função de orientar e
motivar as pessoas para
seguir o programa.
2 - Nas minhas partilhas e
quando escuto a partilha
do outro
3 – Sim, mas não são
melhores uma do que a
outra. São
complementares.
1- A função de orientar e
conduzir o tema.
2- Afeto e sou afetado
quando há identificação
nas partilhas minhas e dos
outros.
3- Sim, há diferença.
Quando eu falo eu elaboro
o raciocínio e assim fico
mais próximo do
entendimento.
1- Não ser protagonista,
orientar sem se sobressair.
2-Eu me afeto quando há
identificação com o outro,
e eu afeto também quando
o outro se identifica com a
minha partilha.
3-Sim há diferença,
quando eu me escuto eu
me situo e quando eu
escuto o outro eu me
identifico.
1- A função de orientar
deixando fluir e intervindo
só quando for necessário.
2- Sou afetado e afeto
dependendo da minha
partilha e a do outro e com
isso a identificação ou
não.
3- Sim, há diferenças mais
não sei dizer como.
1- A função de dar a
conhecer o programa de
forma clara sem
imposição.
2- Sou afetado e afeto
quando há identificação
com a partilha.
3- Há diferença, porque
espera-se que quando eu
falo, eu tenha estudado
antes melhora minha
aprendizagem.
Tabela 3- SOBRE O ESTUDO DOS PASSOS
Sobre o estudo dos
Doze Passos
EP1
EP2
EP3
EP4
EP5
1-Diferença e valor do
estudo em grupo e
individualmente.
2-Como faz uso da
literatura.
3- Qual literatura destaca.
4-Pré requisito para
compreender o estudo dos
Doze Passos.
5- Fatores que facilitam o
entendimento do estudo.
1- Muita diferença. Em
grupo a partilha e a
experiência enriquece o
aprendizado.
2 - Lendo e meditando em
grupo e individualmente.
3 - O livro “AA” e o
“Viver Sóbrio”
4 – Boa vontade, mente
aberta e humildade
5 – O respeito as partilhas
e o espirito de grupo.
1-Em grupo o estudo é
mais importante pelas
partilhas das experiências.
2- Vou ler e meditar
sempre o tema que eu
preciso trabalhar naquele
momento.
3- O livro do “AA” e o
livro “Na opinião de Bill”.
4- Basta ter boa vontade e
honestidade.
5- Ser conduzido por um
alcoólatra, pois só um
alcoólatra entende um
outro alcoólatra e a
partilha das experiências.
1- Individualmente é
perigoso. É necessário a
partilha das experiências
para facilitar a
aprendizagem.
2- Vou lendo para
perceber onde preciso
melhorar.
3-O livro “Viver Sóbrio” e
o folheto “Você pensa que
é diferente”.
4 – Ter noção do que é
estar em recuperação,
saber o que é abstinência e
o que é recuperação.
5- Seguir as tradições de
forma restrita.
1- O programa funciona
porque há o outro. Por
isso o grupo é essencial.
2-Eu leio com
regularidade embora
considere pouca literatura.
3- O livro “Viver Sóbrio”
e o Livro do “AA”.
4- Só estar pré-disposto a
aprender e a ouvir.
5- Não sei bem, acho que
é eu saber que outros
conseguiram eu também
posso conseguir.
1- Eu acho que ganho
muito mais se eu estudar
em grupo.
2- Eu leio e releio e
sempre amplio meus
conhecimentos.
3- O livro “Viver Sóbrio”.
4 – Boa vontade, espírito
aberto e desejo sincero de
mudar.
5- A partilha é a grande
chave.
Tabela 4- SOBRE O GRUPO
Sobre o grupo
EP1
EP2
EP3
EP4
EP5
1-Contribuição do grupo
para o aprendizado.
2-Fatores que contribuem
para o êxito do estudo.
3- Aspectos importantes
na dinâmica nas salas de
AA.
1- O grupo me dá o
sentido de integração e
aceitação.
2 - Por ser um programa
de vida simples e aplicado
para o dia de hoje e pelo
respeito e o espírito de
grupo.
3 - O fato de não haver
obrigatoriedade e todos
poderem falar.
1-Me faz sentir que eu
tenho um ligar para
chamar de meu e isso me
deixa à vontade para eu
me desenvolver.
2- O êxito está relacionado
com o fato de que só um
alcoólatra compreende
outro alcoólatra e também
a questão da partilha.
3- Que todos podem e são
estimulados a falar.
1- A noção de
responsabilidade,
humildade e confiança.
Isso me ajuda no meu
aprendizado.
2- Seguir as tradições é
que contribui para o êxito
do estudo.
3-Ter a partilha, a ordem
das falas, a continuidade, a
repetição e a constância.
1- Ele me trouxe um
conjunto de vivências
importantes que eu não
teria sozinho.
2-Me mostrar que se eu
for humilde, eu consigo.
Também quando me
permitem sentir tudo.
3- Pode ser um lugar onde
todos podem falar sem ser
criticado.
1- Me contribui muito
quando me mostra a
necessidade do respeito a
fala do outro. Noção de
honestidade e
responsabilidade.
2- A constância, o
exercício dos passos e
cumprir o programa.
3- A ordem das falas, o
respeito aos depoimentos
de cada um e o aprender a
ouvir.
Anexo E - Tabela de dados entrevistados brasileiros;
Tabela 5- PERFIL DOS COORDENDORES
Perfil do coordenador
EB1
EB2
EB3
EB4
EB5
1-Idade e gênero;
2-Tempo de coordenação;
3- Nível de Escolaridade;
4-Nº de participantes do
grupo;
5- Requisito para
coordenar
1- 64 Anos/ F
2 – 10 Anos
3 - Superior
4 – 10 Pessoas
5- Ser membro do AA, ter
experiência no serviço e
conhecimento dos
princípios do AA.
1-56 Anos/M
2- 2 Anos
3- Superior
4-10 Pessoas
5- Ter liderança e ser
facilitador.
1- 45 Anos/M
2- 2 Anos
3-Pós-graduado
4 – 20 Pessoas
5- Não interromper as
narrativas, não
monopolizar, manter o
silêncio, se sereno e
organizar bem o tempo.
1- 48 Anos/M
2-1 Ano
3- Segundo grau
4 – 20 Pessoas
5- Ter conhecimento do
programa dos Doze Passos
e saber encaminhar as
questões na sala.
1- 71 Anos/M
2- 3 Anos
3- Superior
4 - 20 Pessoas
5- Ter habilidade para ser
facilitador das discussões
sobre o programa do AA
além de conhecimento da
literatura do AA.
Tabela 6- FUNÇÃO DE COORDENADOR
Função de
coordenador
EB1
EB2
EB3
EB4
EB5
1-Como designa a função?
2-Como afeta e é afetado
no grupo?
3- Há diferenças de
compreensão do conteúdo
quando coordena e quando
é coordenado?
1- Função de passar o
conhecimento do AA.
2 - Nas trocas constantes
das experiências de
recuperação.
3 – Tudo é feito através da
troca de experiências
vividas anteriormente, seja
de quem coordena ou não.
1- A função de liderar
para o serviço
2- Na identificação das
experiências dos outros.
3- Sim, há diferença.
Muda mais quando você
escuta o outro.
1- A função de acreditar
no programa dos Doze
Passos e mostrar a
aplicação dele na vida
cotidiana.
2-Sou afetado pela
mudança de vida que os
seguidores dos Doze
Passos conseguiram em
suas vidas.
3-Sim. A aceitação faz
com que escutemos e
aceitemos boas sugestões,
melhorando minha auto
percepção da minha
recuperação.
1- A função de realizar um
serviço para a irmandade.
2- Sou afetado na hora da
partilha, quando me
identifico com o
companheiro
3- Sim. Quando eu me
escuto eu amadureço mais
a compreensão da minha
doença.
1- A função de liderar
como um serviço de ajuda.
2- Sou afetado na partilha
minha e do outro que
conta sua história de vida.
3- Há diferença, porque eu
exerço duas funções
distintas. Quando eu ouço
sou terapeuta, quando eu
falo sou paciente.
Tabela 7- SOBRE O ESTUDO DOS DOZE PASSOS
Sobre o estudo dos
Doze Passos
EB1
EB2
EB3
EB4
EB5
1-Diferença e valor do
estudo em grupo e
individualmente.
2-Como faz uso da
literatura.
3- Qual literatura destaca.
4-Pré requisito para
compreender o estudo dos
Doze Passos.
5- Fatores que facilitam o
entendimento do estudo.
1- O estudo é individual,
mas sendo ele feito em
grupo, é melhor pela troca
de experiências.
2 - Lendo e meditando em
grupo e individualmente.
3 - O livro “AA”.
4 – Boa vontade, mente
aberta, necessidade de
recuperação e
disposição de evoluir.
5- Ser ele um programa de
vida com princípios
espirituais para a prática
cotidiana.
1-Em grupo o estudo traz
mais compreensão pela
identificação com o outro
2- A literatura é muito rica
e completa, me ajuda
muito.
3- O livro “AA”.
4- Humildade,
honestidade e mente
aberta
5- Eu acho que é o fator
de ouvir e passar adiante.
Dar de graça o que
recebeu de graça.
1- Individualmente não
funciona. Em grupo com a
experiência viva de cada
um a mudança é afetiva.
2- Leio sempre.
3-Os livros “Reflexões
Diárias” e “Viver Sóbrio”.
4 – Agir conforme as leis
divinas, honestidade e fá
no futuro
5- Os Doze Passos é uma
filosofia de vida e uma
experiência espiritual.
1- As duas são muito
importantes, mas em
grupo é mais profundo.
2-É muito importante e
leio.
3- “Viver Sóbrio” Livro
do “AA” e a revista
“Vivência”.
4- Mente aberta,
humildade e desejo de
mudar.
5- Ser gratuito, ser
realizado por alcoólatras e
aplicação do 12º Passo.
1- Em grupo há o
enriquecimento do
conteúdo da literatura.
2- A literatura é valiosa.
3- O livro “Viver Sóbrio”
e “AA”.
4 – Boa vontade e mente
aberta.
5- O fato de dar de graça o
que recebeu de graça e a
pratica dos Doze passos.
Tabela 8- SOBRE O ESTUDO DOS DOZE PASSOS
Sobre o estudo dos
Doze Passos
EB1
EB2
EB3
EB4
EB5
1-Diferença e valor do
estudo em grupo e
individualmente.
2-Como faz uso da
literatura.
3- Qual literatura destaca.
4-Pré requisito para
compreender o estudo dos
Doze Passos.
5- Fatores que facilitam o
entendimento do estudo.
1- O estudo é individual,
mas sendo ele feito em
grupo, é melhor pela troca
de experiências.
2 - Lendo e meditando em
grupo e individualmente.
3 - O livro “AA”.
4 – Boa vontade, mente
aberta, necessidade de
recuperação e
disposição de evoluir.
5- Ser ele um programa de
vida com princípios
espirituais para a prática
cotidiana.
1-Em grupo o estudo traz
mais compreensão pela
identificação com o outro
2- A literatura é muito rica
e completa, me ajuda
muito.
3- O livro “AA”.
4- Humildade,
honestidade e mente
aberta
5- Eu acho que é o fator
de ouvir e passar adiante.
Dar de graça o que
recebeu de graça.
1- Individualmente não
funciona. Em grupo com a
experiência viva de cada
um a mudança é afetiva.
2- Leio sempre.
3-Os livros “Reflexões
Diárias” e “Viver Sóbrio”.
4 – Agir conforme as leis
divinas, honestidade e fá
no futuro
5- Os Doze Passos é uma
filosofia de vida e uma
experiência espiritual.
1- As duas são muito
importantes, mas em
grupo é mais profundo.
2-É muito importante e
leio.
3- “Viver Sóbrio” Livro
do “AA” e a revista
“Vivência”.
4- Mente aberta,
humildade e desejo de
mudar.
5- Ser gratuito, ser
realizado por alcoólatras e
aplicação do 12º Passo.
1- Em grupo há o
enriquecimento do
conteúdo da literatura.
2- A literatura é valiosa.
3- O livro “Viver Sóbrio”
e “AA”.
4 – Boa vontade e mente
aberta.
5- O fato de dar de graça o
que recebeu de graça e a
pratica dos Doze passos.
Anexo F - Símbolo dos Alcóolicos Anônimos- AA;
Anexo G - Fotos de publicações dos Alcóolicos Anônimos – AA.
Anexo H- AUTORIZAÇAO DE CITAÇÃO de Dr. Domingos Neto