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ANELINE HENGEMÜHLE LEVANTAMENTO DE MORTES DE VERTEBRADOS SILVESTRES DEVIDO A ATROPELAMENTO EM UM TRECHO DA ESTRADA DO MAR (RS-389). CANOAS, 2008.

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ANELINE HENGEMÜHLE

LEVANTAMENTO DE MORTES DE VERTEBRADOS SILVESTRES

DEVIDO A ATROPELAMENTO EM UM TRECHO DA ESTRADA DO

MAR (RS-389).

CANOAS, 2008.

ANELINE HENGEMÜHLE

LEVANTAMENTO DE MORTES DE VERTEBRADOS SILVESTRES

DEVIDO A ATROPELAMENTO EM UM TRECHO DA ESTRADA DO

MAR (RS-389).

Trabalho de conclusão de curso apresentado à professora orientadora do curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, do Centro Universitário La Salle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas, sob a orientação da Prof. Dra. Cristina Vargas Cademartori.

CANOAS, 2008.

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANELINE HENGEMÜHLE

LEVANTAMENTO DE MORTES DE VERTEBRADOS SILVESTRES

DEVIDO A ATROPELAMENTO EM UM TRECHO DA ESTRADA DO

MAR (RS-389).

Trabalho de conclusão aprovado como requisito para a obtenção do grau de bacharel do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário La Salle pela

seguinte avaliadora:

Prof ª Drª. Cristina Vargas Cademartori.UNILASALLE

Canoas, 17 de junho de 2008.

3

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais por terem me dado a vida e a oportunidade de estudar.

Especialmente à minha mãe, pela dedicação, amor e força.

Ao meu irmão, Augusto, pela paciência e apoio, e também pelas boas risadas

que costumamos dar juntos.

Ao Henrique, meu noivo, e também amigo e companheiro, pela compreensão

e carinho. Obrigada também pelo grande auxílio nas amostragens!

À minha orientadora, Cris, por ter me guiado durante este trabalho, e

principalmente por ser um exemplo de profissional, que admiro desde o primeiro

semestre no UNILASALLE.

Aos demais professores e pesquisadores que serviram de inspiração.

As colegas Rita, Roberta, Samanta, Priscilla, Vanessa e Diana (com seu

incansável scanner), que tornaram as aulas mais alegres, as saídas menos

cansativas e os trabalhos menos impossíveis. Em especial, a duas grandes amigas,

Márcia e Talita. Fico muito feliz de termos chegado até aqui juntas!

Aos demais amigos e colegas.

Aos meus dois remedinhos anti-estresse, Tchuca e Rojão. Com vocês não

existe tempo ruim!

A todos àqueles que, de alguma forma, prestaram seu apoio.

Obrigada a todos!

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RESUMO

Realizou-se um levantamento de vertebrados silvestres mortos por atropelamento

em um trecho de 12 km da RS-389 (Estrada do Mar), no Município de Osório, RS,

Brasil, no período de agosto de 2007 a maio de 2008. Foram efetuadas 21

amostragens quinzenais, nas quais o trecho era percorrido a pé, possibilitando a

melhor visualização das carcaças. Para a análise dos dados, utilizou-se o teste

estatístico não paramétrico Kruskal-Wallis (KW), além da estatística descritiva.

Registrou-se o atropelamento de 143 indivíduos, pertencentes a quatro classes, 12

ordens, 20 famílias e 27 espécies. O grupo dos répteis foi o mais vitimado, seguido

pelo grupo dos mamíferos. A espécie mais comumente encontrada foi Trachemys

dorbigni (Emydidae), seguida por Didelphis albiventris (Didelphidae).

Palavras-chave: atropelamentos, vertebrados silvestres, RS-389.

ABSTRACT

There was a survey of wild vertebrates killed by vehicles in a stretch of 12 km in of

the RS-389 highway, in the city of Osório, RS, Brazil, from August 2007 to May 2008.

Samples were taken every fifteen days (21 at all), on foot, allowing a detailed view of

the dead animals. The non-parametric statistical test Kruskal-Wallis (KW) and

descriptive statistics were used to analyze the data. In total, 143 records were made

from four classes, 12 orders, 20 families and 27 species. Reptiles were the most

affected, followed by mammals. Trachemys dorbigni (Emydidae) was the commonest

species, followed by Didelphis albiventris (Didelphidae).

Key words: road deaths, wild vertebrates, RS-389 highway.

5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................7

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................9

2.1 Impactos causados por estradas.....................................................................9

2.1.1 Mortes devido a atropelamento.........................................................................10

2.2 Atropelamento de fauna no Brasil..................................................................11

2.2.1 Atropelamento de fauna no estado do Rio Grande do Sul...............................13

2.3 Medidas Mitigatórias, Preventivas e Compensatórias..................................14

3 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................18

3.1 Área de estudo.................................................................................................18

3.2 Procedimentos Amostrais..............................................................................19

3.3 Análise estatística...........................................................................................20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................21

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................30

REFERÊNCIAS........................................................................................................31

APÊNDICE A – Análises Estatísticas....................................................................35

APÊNDICE B – Fotografias da RS-389..................................................................38

APÊNDICE C – Fotografias de indivíduos atropelados na RS-389.....................41

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1 INTRODUÇÃO

A história do desenvolvimento do Brasil está associada, em grande parte, à

construção de estradas e à fabricação de automóveis. Talvez por isso, elas estejam

no imaginário brasileiro tão associadas às idéias de progresso e modernidade

(PRADA, 2004). No entanto, as estradas podem causar diversos impactos no meio

ambiente, como, por exemplo, poluição sonora e luminosa, fragmentação de

habitats, dispersão de espécies exóticas, perda de fauna por atropelamento, entre

outros.

Seiler e Heldin (2006) destacam que, nas últimas décadas, os atropelamentos

passaram a ser mais importantes que a caça como causa direta de mortalidade de

vertebrados terrestres e tendem a se tornar uma ameaça significativa à

biodiversidade em países em rápido desenvolvimento, tais como a China e a Índia,

situação que pode ser comparada com a do Brasil.

Forman et al. (2002) apontam que acidentes envolvendo animais de grande

porte e veículos estão aumentando na maioria das regiões da América do Norte, o

que causa danos a veículos, fatalidades com seres humanos e perdas de

possibilidades econômicas. Ressaltam, ainda, que embora animais conspícuos

(alces, ursos, veados, cervos) sejam mais notados quando mortos em rodovias, é

possível que uma biomassa ainda maior de pequenos animais seja morta em

estradas e, em alguns casos, essa mortalidade poderia exceder causas naturais de

morte, como predação e doenças. Os autores atribuem tal incremento nos

atropelamentos a um maior desenvolvimento humano, aos avanços dos subúrbios

associados ao aumento do fluxo do tráfego, com picos no início da manhã e à noite,

coincidindo com picos de atividade de fauna silvestre.

7

Além dos prejuízos à fauna silvestre, Seiler (2003) relata também prejuízos

humanos e econômicos. Na Suécia, em média, 12 pessoas morrem por ano e mais

de 600 são feridas em colisões com grandes ungulados a um custo calculado, em

média, entre € 7.400,00 e 20.000,00 para cada acidente com alces, num total que

excede cem milhões de euros.

Grande parte das pesquisas de levantamento de fauna atropelada tem sido

feita no exterior, principalmente em países temperados. Nesses locais, os registros

incluem invertebrados, mamíferos, anfíbios, répteis e aves (ROMIN e BISSONETTE,

1996; ARESCO, 2004; PUKY, 2005). No Brasil, a maior parte dos levantamentos diz

respeito a mamíferos de médio e grande porte, e a aves (NOVELLI, 1988; SCOSS,

2002; TUMELEIRO, 2006; CHEREM, 2007; SANTOS-FILHO, 2007).

Segundo Fischer (1997), animais silvestres atropelados, conhecidos como

“fauna de estrada”, podem servir como indicadores da biodiversidade local, além de

fornecerem dados ecológicos e sobre a história natural de algumas espécies. Ainda,

segundo o autor, monitorar a fauna de estrada pode revelar aspectos interessantes

como o padrão de deslocamento e a dinâmica sazonal de algumas populações de

espécies presentes na comunidade. Com essas informações pode-se avaliar o

estágio de conservação local e estabelecer áreas prioritárias para a conservação.

O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento de mortes

de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da RS-389, Estrada

do Mar. Buscou-se, também: identificar variações sazonais no número de acidentes,

bem como os trechos com maior incidência de colisões; averiguar quais os grupos

de vertebrados mais atingidos e se ocorre morte de espécies ameaçadas de

extinção.

8

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Impactos causados por estradas

Segundo Trombulak e Frissel (2000), toda a paisagem que recebe estradas

está associada à ocorrência de impactos negativos sobre a integridade biótica, tanto

de ecossistemas terrestres como aquáticos. Para esses autores, os principais

impactos ecológicos causados por estradas são: mortalidade de animais devido à

construção de estradas e colisões com veículos, modificação do comportamento

animal, alterações do ambiente físico e químico, além da dispersão de espécies

exóticas e aumento do uso do hábitat por humanos. Já para Goosem (1997), os

principais impactos causados por estradas são: destruição e alteração de hábitats,

com conseqüente redução no tamanho das populações; distúrbios, efeitos de borda

e introdução de espécies exóticas; incremento na mortalidade de fauna devido ao

tráfego de veículos; e fragmentação de hábitats e populações. De acordo com

Spellberg (1998), as estradas causam, ainda, poluição sonora e luminosa,

decorrente do trânsito e faróis de veículos, produção de areia, pó de asfalto e outras

partículas metais (Pb, Cd, Ni, Zn) e gases (CO, NO).

As alterações do hábitat original por estradas não se limitam somente às

áreas cortadas para a confecção do seu traçado, mas podem afetar grandes

distâncias nos sentidos de suas margens. Segundo Goosem (1997), as estimativas

apresentadas pelo The United States Council on Environmental Quality indicam que

seria necessário desapropriar cerca de 13,5 ha de áreas naturais para cada

quilômetro de rodovia interestadual.

9

A zona de efeitos de estradas é definida como zona lateralmente influenciada

por estradas, atingindo não só seu traçado, mas também distâncias variáveis das

paisagens que compõem suas margens (REIJNEN et al., 1995; FORMAN e

ALEXANDER, 1998; FORMAN e DEBLINGER, 2000). As alterações ecológicas das

margens são detectadas a dezenas e até centenas de metros da estrada (FORMAN

e ALEXANDER, 1998), geralmente exibindo baixas densidades de espécies e

riqueza de espécies menor, comparando-se com as áreas controle.

Segundo Forman (2000), os fatores ecológicos que determinam a zona de

efeito de estradas estão relacionados com as espécies, solo e água. A faixa de

extensão desses efeitos varia de acordo com as condições locais de cada estrada,

incluindo:

a) características de construção da estrada, como largura, presença ou ausência

de pavimentação e tipo de cobertura vegetal da margem;

b) densidade de veículos por dia;

c) velocidade dos veículos; e

d) tipo de paisagem recortada pela estrada.

2.1.1 Mortes devido a atropelamento

A estrada atrai alguns animais. Esta atração está relacionada a diversos

fatores, entre os quais podem estar a proteção contra predadores, a oferta de

alimentos de boa qualidade e melhores condições para locomoção. Serpentes são

muito atraídas pelo calor do asfalto, enquanto algumas aves tomam “banho-de-

areia” nos acostamentos e se alimentam de grãos que caem dos caminhões. As

taxas de mortalidade nas rodovias também parecem ser influenciadas por

parâmetros como paisagem do entorno e características da estrada, volume de

tráfego e velocidade dos veículos (TSUNOKAWA, 1997; NOSS, 2001; PRADA,

2004).

Vale ressaltar que as taxas de atropelamento em geral são subestimadas. Os

animais que não morrem no momento da colisão se deslocam para a vegetação

adjacente, onde perecem sem que sejam contabilizados. Pequenos vertebrados

mortos são levados rapidamente por necrófagos e carcaças de animais de médio

10

porte, em geral, somem da estrada em um período compreendido entre um e 15 dias

(FISCHER, 1997). Além disso, os animais de pequeno e médio porte podem ser

arremessados para longe da estrada no momento da colisão.

A mortalidade por atropelamento afeta diversos grupos taxonômicos, como

aves, répteis, anfíbios, mamíferos, além de invertebrados. Diversos estudos vêm

sendo realizados para diagnosticar os impactos das estradas sobre esses grupos.

No entanto, a grande maioria inclui apenas grupos de mamíferos de médio e grande

porte.

2.2 Atropelamento de fauna no Brasil

No Brasil diversos estudos envolvendo mortalidade de fauna em estradas já

foram realizados, incluindo diferentes táxons e regiões geográficas. No entanto, de

acordo com Prada (2004), o número de trabalhos é insuficiente e poucos deles

apresentam metodologia específica.

Vieira (1996) contabilizou cerca de 2.700 mamíferos atropelados em rodovias

da região do Cerrado.

Fischer (1997) realizou um estudo ao longo de 420 km da BR-262, no Mato

Grosso do Sul, durante um ano e meio. Foram registradas 1.402 carcaças de

vertebrados silvestres, referentes a diversas espécies em extinção, como Panthera

onca (Onça-pintada), Blastocerus dicothomus (Cervo-do-pantanal) e Spheotus

venaticus (cachorro-vinagre).

Scoss (2002) realizou um levantamento dentro do Parque Estadual do Rio

Doce, em Minas Gerais, que é cortado por uma rodovia que atravessa 22 km do

parque. Para monitorar o impacto desta estrada sobre os mamíferos da área, o

pesquisador utilizou parcelas de areia para identificar pegadas de mamíferos de

médio e grande porte ao longo da estrada. Em um total de 1.200 parcelas foram

registradas 16 espécies de mamíferos de médio e grande porte.

Prada (2004) investigou o atropelamento de vertebrados silvestres no

nordeste do estado de São Paulo, em uma região cortada por seis rodovias

pavimentadas. A autora registrou a morte de 596 animais pertencentes a 81

espécies. Considerando os 239,24 km do percurso, ela chegou a um número de

11

2,49 animais mortos/km/ano ou 0,21 animais/km/mês. A maior parte dos registros foi

de aves, seguida por mamíferos, répteis e anfíbios. Dentre as espécies ameaçadas

de extinção estão Chrysocyon brachyurus (Lobo-guará), Myrmecophaga tamandua

(Tamanduá-bandeira) e Leopardus pardalis (Jaguatirica).

Bagatini (2006) realizou estudo comparando a evolução dos índices de

atropelamento de vertebrados nas rodovias do entorno da Estação Ecológica de

Águas Emendadas, no Distrito Federal, e a eficiência de medidas mitigadoras. O

estudo foi realizado entre julho de 2004 e agosto de 2005, comparativamente a um

trabalho desenvolvido na região antes da colocação de placas indicativas de

limitação de velocidade e de travessia de fauna. Foram identificadas carcaças de 37

espécies pertencentes a 27 famílias, 21 ordens e quatro classes de vertebrados. As

aves foram a classe mais atingida. A comparação com o trabalho anterior mostrou

que houve grande redução dos índices de atropelamento.

No estado do Paraná, Silva et al. (2007) realizaram um levantamento de

herpetofauna atropelada entre os quilômetros 3 e 9 da Rodovia PR-340. Este estudo

não incluiu apenas amostragens feitas de carro, como os outros estudos, mas

também a pé ou de bicicleta. Os anuros com maior representatividade foram os

pertencentes à família Leptodactylidae (49%). Entre os répteis, 79% dos registros

referiram-se à família Colubridae.

Melo e Santos-Filho (2007) estimaram o número de atropelamentos de

vertebrados silvestres em um trecho da BR-070 na cidade de Cáceres, Mato Grosso.

O levantamento foi realizado entre os meses de novembro de 2000 e outubro de

2001; a distância era percorrida de carro. Foram registrados 211 indivíduos, dos

quais 59,24% eram mamíferos, 25,59% aves, 9,47% répteis e 5,21% anfíbios. As

espécies mais abundantes foram Cerdocyon thous, Euphractus sexcinctus e

Tamandua tetradactyla.

Cherem et al. (2007) realizaram um levantamento de mamíferos de médio e

grande porte mortos em diferentes rodovias do estado de Santa Catarina. O estudo

foi efetuado entre agosto de 2000 e novembro de 2005, totalizando 77 viagens, com

cerca de 30.100 km percorridos. Foram contabilizadas 257 carcaças pertencentes a

20 espécies, que representaram 50% das espécies de mamíferos terrestres de

médio e grande porte registradas para o estado de Santa Catarina. A espécie mais

freqüente foi Cerdocyon thous e a segunda foi Didelphis albiventris.

12

2.2.1 Atropelamento de fauna no estado do Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, alguns estudos abordando a relação entre estradas e

mortalidade de fauna já foram publicados. No entanto, ainda existem poucas

informações sobre o assunto, fazendo com que seja necessária a realização de

novos estudos em diversas regiões e abrangendo maior número de táxons.

Novelli et al. (1988) publicaram um trabalho sobre as aves atropeladas em

trecho da rodovia BR-471, entre os distritos de Quinta e Taim. O levantamento foi

realizado entre o início de março e o final de junho de 1983, abrangendo cerca de 66

km. Além da contagem de indivíduos mortos, foi analisado o conteúdo estomacal de

boa parte das carcaças e feita a biometria das aves. Os autores registraram 144

indivíduos, incluídos em oito ordens, 13 famílias e 15 espécies. O maior número de

atropelamentos ocorreu no mês de abril, coincidindo com a abundância de grãos de

arroz espalhados pela estrada, que ao serem derramados dos caminhões atraíram

diversas espécies de aves. Grande parte dos atropelamentos ocorreu em trechos

próximos a grandes plantações de arroz, demonstrando que tais locais deveriam

receber medidas mitigatórias ou preventivas, como colocação de placas de

sinalização e redutores de velocidade.

Coelho (2003) comparou o número de mamíferos de médio e grande porte

atropelados na RS-389 (Estrada do Mar) e na BR-101. O levantamento foi realizado

de agosto de 2002 a julho de 2003, entre os municípios de Osório e Torres, num

total de 95 km na RS-389 e 100 km na BR-101. Foram percorridos 2.340 km de

carro, em amostragens mensais, onde foram registradas 19 espécies, 12 famílias e

cinco ordens, num total de 416 indivíduos. As espécies mais atingidas foram

Cerdocyon thous e Didelphis albiventris.

Rosa e Mauhs (2004) realizaram um levantamento de vertebrados silvestres

mortos na RS-040, entre outubro de 1999 e outubro de 2001, em viagens mensais,

perfazendo 21 amostragens. Foram registradas 90 carcaças de 34 espécies, sendo

11 mamíferos (32,3%), 18 aves (52,9%) e cinco répteis (14,7%). O maior número de

registros foi de Didelphis albiventris (23), Tupinambis merianae (9) e Galictis cuja (6).

Segundo este estudo, o número de atropelamentos foi maior na primavera e nenhum

réptil foi registrado nos meses de outono e inverno.

13

Tumeleiro et al. (2006) registraram os mamíferos atropelados na região de

Uruguaiana, com informações sobre dieta e conservação. As amostragens foram

feitas entre abril de 2005 e setembro de 2006 na BR-472 e na BR-290. Foram

registrados 58 indivíduos de 16 espécies, pertencentes a seis ordens e 11 famílias.

A ordem mais freqüente foi Rodentia, cuja espécie mais atingida foi Cavia aparea,

seguida por Carnivora, tendo como espécies mais comuns Cerdocyon thous e

Conepatus chinga. Segundo os autores, os atropelamentos aconteceram mais

habitualmente perto de pontes, o que indicaria que as matas ciliares são usadas

como corredores biológicos.

Brandt et al. (2001) publicaram resultados preliminares de um levantamento

de mamíferos atropelados na rodovia BR-290, no trecho entre Porto Alegre e

Cachoeira do Sul. Das 113 carcaças de mamíferos constatadas, as espécies mais

abundantes foram Conepatus chinga e Didelphis albiventris. Os pesquisadores

encontraram, ainda, duas carcaças de Lontra longicaudis, espécie ameaçada de

extinção.

2.3 Medidas Mitigatórias, Preventivas e Compensatórias

Como medida compensatória à flora e à fauna é proposta a preservação de

áreas vegetadas similares próximas, com a criação de reservas e/ou apoio à

manutenção de unidades de conservação (VICENTINI apud PRADA, 2004).

Segundo PRADA (2004), as medidas preventivas são as que servem para

diminuir a ocorrência de situações em que os veículos em velocidade e fauna

silvestre venham a se encontrar. Isso inclui diminuir o número de estradas, o número

de veículos e a velocidade dos mesmos. Também inclui não atrair os animais para a

pista com a oferta de água e alimento. De acordo com Tsunokawa (1997), Noss

(2001), Prada (2004) e Vicentini apud Prada (2004), outras medidas preventivas

incluem:

a) evitar traçados próximos a áreas ecologicamente sensíveis e/ou

protegidas;

b) implantar programas de educação ambiental de operários e usuários

sobre as questões do lixo, incêndios e atropelamentos;

14

c) incluir a questão no programa de treinamento para a aquisição da

carteira nacional de habilitação, no sentido de informar e orientar a

respeito do atropelamento de fauna;

d) restringir a criação de novas estradas e investir no melhoramento das

rodovias já existentes;

e) realizar Estudos de Impacto Ambiental (EIA) antes da construção de

novas rodovias ou, no caso da ampliação das já existentes, que

contemplem adequadamente o problema de atropelamento de fauna;

f) evitar traçados próximos a corpos de água, principalmente os que se

posicionem paralelamente ao trajeto de rios por longos trechos;

g) incentivar o transporte solidário e melhorar a oferta de transporte

coletivo e de cargas de qualidade, com o objetivo de diminuir o fluxo de

veículos nas rodovias;

h) limitar a oferta de alimentos na pista através da criação de mecanismos

que evitem o derramamento de grãos e frutos dos caminhões durante o

seu deslocamento, que determinem o recolhimento imediato de toda a

matéria orgânica que caia na pista, seja por acidente com veículos de

carga ou por morte de animais por atropelamento, e que proíbam o

estabelecimento de depósitos de lixo municipais nas margens das

rodovias;

i) proibir queimadas nas margens das rodovias.

Já as medidas mitigatórias, conforme Prada (2004), são aquelas tomadas com

o objetivo de diminuir a mortalidade de fauna por atropelamento, uma vez que as

condições de encontro de animais com veículos já existem. Dentre estas medidas

estão:

a) instalar dispositivos especiais, como valetas profundas, cercas,

barreiras, próximos de áreas protegidas ou vegetadas, para evitar o

acesso de animais;

b) implantar dispositivos de travessia para a fauna terrestre, como pontes

e túneis;

c) implementar estruturas adequadas para cruzamento de rios, evitando

retificações e canalizações;

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d) instalar pontos fosforescentes, espelhos refletores e dispositivos que

imitem assovios ultrassônicos nas margens da rodovia para repelir os

animais;

e) colocar sinalização educativa e de orientação para os usuários da via;

f) reduzir a velocidade de tráfego na via, o que pode ser feito através da

colocação de redutores (esta redução pode ser aplicada somente em

períodos noturnos ou em trechos específicos);

g) desativar rodovias que causem impactos significativos ao ambiente.

A travessia de fauna pode ser incentivada de três formas, segundo Prada

(2004). Os animais e veículos podem transitar em um mesmo nível da rodovia, mas

a possibilidade de acidente é minimizada pela redução drástica da velocidade no

local, com a colocação de obstáculos que obriguem o motorista a efetivamente

respeitá-los. O grande problema desta medida é sua aceitação por parte dos

motoristas, já que o custo para a implantação não é muito elevado.

Outra maneira de minimizar o impacto sobre a fauna é fazendo com que os

veículos atravessem túneis por baixo do hábitat das populações naturais. Esta é a

forma mais segura de travessia de fauna; no entanto, esta medida pode ser muito

dispendiosa, dependendo do relevo da região.

Na última forma de travessia, os animais é que passam por baixo da rodovia

através de passagens já existentes ou construídas para este fim. Geralmente, as

passagens são cercadas por barreiras vegetais ou artificiais para que os animais

não tenham acesso à pista nessa área. É uma medida menos eficaz para diversas

espécies comparativamente às passagens sobre a rodovia, mas é mais comum por

ser menos dispendiosa. Existem restrições ao uso desta medida, pois tanto túneis

como cercas colocadas próximas a eles para conduzir a passagem dos animais

podem interferir nas relações entre presas e predadores, favorecendo estes últimos

por restringir a rota de fuga dos primeiros (TSUNOKAWA, 1997).

É imprescindível a manutenção dessas estruturas e a adequação constante

das mesmas tanto às novas tecnologias como às modificações no tráfego que

possam vir a ocorrer. Outra medida bastante importante é manter baixa a vegetação

nas margens da rodovia, para que a mesma não atraia os animais e também para

que os motoristas consigam enxergar os animais e os animais a eles (PRADA,

2004).

16

Ainda existem poucos estudos relativos à eficiência das medidas

relacionadas, principalmente no Brasil. Deve-se levar em conta que cada espécie

reage de forma diferente a tais medidas. Por isso, é importante que, antes de ser

tomada qualquer decisão, seja feito um estudo aprofundado da região em questão e

das populações ali existentes (SCOSS, 2002).

17

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O norte da planície costeira do Rio Grande do Sul está situado entre o oceano

Atlântico e a Serra Geral, que apresenta, na encosta, remanescentes de Mata

Atlântica stricto sensu. Apesar de ser a região mais antropizada da costa gaúcha,

ainda contém fragmentos de Mata Atlântica lato sensu (florestas de restinga,

arenosas e paludosas) considerados de alta Importância para a conservação da

biodiversidade deste bioma (MMA/SBF apud COELHO, 2003). A paisagem também

é composta por áreas de banhados, campos, marismas e grandes lagoas costeiras.

O litoral norte, além de ser a região costeira do Rio Grande do Sul mais

atingida pelas atividades antrópicas, é a que mais sofre alterações em sua

população durante o veraneio (ANELE, SILVA e FERRARO, 2002). Segundo

RAMBO (2005), o principal uso da planície costeira do litoral norte é o veraneio,

apresentando ainda ocupação agrícola de pequenas e médias propriedades, bem

como criação de gado, que constitui a maior riqueza rural do litoral.

O clima é úmido, regido por massas tropicais oceânicas durante o verão e

massa polar Atlântica no inverno (SANDER et al., 2002).

A RS-389, conhecida como Estrada do Mar, localiza-se próxima ao litoral,

entre os municípios de Osório e Torres, no estado do Rio Grande do Sul. É uma

rodovia estadual de pista simples, onde o acostamento costuma ser usado como

segunda pista. A velocidade máxima permitida é de 80 km/h, controlada por radares

eletrônicos, chamados de pardais. A circulação de veículos pesados é restrita. O

fluxo de veículos é maior durante o verão. Nos últimos anos, as margens da estrada

vêm sendo tomadas por empreendimentos imobiliários.

18

O estudo foi realizado entre os quilômetros 8 e 20 da RS-389. O trecho

pertence ao perímetro rural do município de Osório. Entre os quilômetros 16 e 17

está localizada a ponte sobre o rio Tramandaí. Na Figura 1, a área de estudo está

demarcada com um traço amarelo.

Figura 1 - Imagem de satélite com a localização da área de estudo, trecho da RS-389.Fonte: Google Earth, 2007.

3.2 Procedimentos Amostrais

Foram realizadas 21 amostragens quinzenais, entre os meses de agosto de

2007 e maio de 2008. O trecho era percorrido a pé, durante aproximadamente 5

horas, para a melhor visualização das carcaças.

19

A localização das carcaças foi tomada com base na quilometragem mais

próxima. Desse modo, os 12 quilômetros monitorados foram divididos em 12 trechos

de um quilômetro cada (por exemplo, trecho entre os quilômetros 8 e 9, 9 e 10, e

assim por diante). Para auxiliar na identificação foi realizado levantamento

fotográfico, de modo a permitir uma análise minuciosa do material encontrado e o

cotejo com bibliografia especializada.

Não foram contabilizadas as carcaças de animais domésticos.

3.3 Análise estatística

O programa estatístico GraphPad Instat versão 3.01 foi utilizado na aplicação

do teste estatístico não paramétrico Kruskal-Wallis (KW). O teste foi empregado para

averiguar a existência de diferenças significativas entre: o número de

atropelamentos registrados por trecho analisado, o número de atropelamentos

observado nas distintas estações do ano e, por fim, o número de atropelamentos por

categoria taxonômica (classes de tetrápodos). As diferenças foram consideradas

significativas para p<0,05. Aplicou-se, ainda, o teste complementar de comparações

múltiplas de Dunn para determinar quais das séries de dados diferiram

significativamente entre si.

Também utilizou-se, para o tratamento dos dados, a estatística descritiva,

obtendo-se:

a) a variação sazonal no número de atropelamentos;

b) a variação sazonal no número de indivíduos mortos, considerando-se as

classes de tetrápodos;

c) a taxa de atropelamentos por trecho.

20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registrados 143 vertebrados silvestres mortos por atropelamento,

referentes a quatro classes, 12 ordens, 20 famílias e 27 espécies. A comparação

entre os grupos taxonômicos, em nível de classe, por trecho estudado, revelou uma

diferença significativa (KW=9,106; p=0,0279) no número de atropelamentos,

especialmente entre aves e répteis.

Figura 2. Percentual de atropelamentos por classe de vertebrados tetrápodos na RS-389, de agosto de 2007 a maio de 2008. Fonte: Autoria própria, 2008.

A classe mais vitimada foi a de répteis (41%), seguida por mamíferos (29%),

anfíbios (17%) e aves (10%). Cinco indivíduos (3%) não puderam ser identificados,

29%

10%

41%

17%

3%

MamíferosAvesRépteisAnfíbiosNãoidentificados

21

sequer quanto à classe. Os resultados diferiram da maioria dos levantamentos

realizados para estas quatro classes em outras regiões do país. Em geral, nesses

trabalhos, mamíferos e aves estão entre os dois grupos mais vitimados, e répteis e

anfíbios são apresentados como os menos registrados.

No presente estudo, os resultados para aves e répteis foram bastante

diferentes dos encontrados em outras estradas brasileiras. Essas diferenças podem

ser causadas por características específicas do trecho estudado, pela metodologia

de amostragem ou, ainda, por ambos. Ao contrário da maioria dos levantamentos

realizados no país, neste o trecho era percorrido a pé e não de carro. Esse tipo de

procedimento possibilita a visualização de espécies de pequeno porte e de carcaças

escondidas na vegetação adjacente à estrada, facilitando o registro de répteis e

anfíbios que, em geral, são de difícil visualização.

As características da estrada podem ter influenciado os registros de aves,

principalmente, já que a RS-389 tem a circulação de veículos pesados restrita.

Normalmente, a passagem é liberada somente para ônibus e caminhões

transportando material de construção (observação da autora). Portanto, esta rodovia

não é utilizada para o escoamento da safra de grãos, que em outras rodovias

servem de atrativo às aves, que vêm se alimentar dos grãos que são derramados na

pista pelos caminhões.

Foram identificadas 58 carcaças de répteis pertencentes a duas ordens,

quatro famílias e oito espécies (Tabela 1). A espécie mais vitimada foi Trachemys

dorbigni (Tartaruga-tigre-d’água), com 19 registros; também foi a mais atingida

quando consideradas todas as classes. Trata-se de uma espécie bastante comum

na região. Por ter locomoção lenta, T. dorbigni é uma vítima comum em estradas.

Segundo Lema (2002), na Estação Ecológica do Taim, a sudoeste do Rio Grande do

Sul, é comum encontrar, durante a época de reprodução, fêmeas atropeladas e os

ovos, ainda por serem postos, espalhados pela pista.

Os outros 39 indivíduos pertencem a ordem Squamata. Apenas cinco

referiram-se a espécie Tupinambis merianae (Lagarto-teiú), da família Teiidae, todos

os demais eram serpentiformes. Destes, 21 tiveram a identificação prejudicada,

devido ao estado da carcaça, que muitas vezes estava em avançado processo de

decomposição ou não estava completa. Entre as famílias de serpentes, registrou-se

Colubridae, com 10 indivíduos, e Viperidae, com três. A espécie mais comum foi

Helicops infrataeniatus (Cobra-d’água), com cinco registros.

22

Tabela 1. Lista de espécies de répteis atropelados na RS-389, de agosto de 2007 a maio de 2008. N= número de indivíduos por espécie. NI= não identificado.

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM N

Testudines Emydidae Trachemys dorbigni (Durémil& Bibron, 1835) Tartaruga-tigre-d’água 19Squamata Teiidae Tupinambis merianae (Duméril & Bibron,

1839)

Lagarto-teiú 5

Colubridae Mastigodryas bifossatus (Raddi, 1820) Jararaca-do-banhado 1Philodryas patagoniensis (Girard, 1857) Parrelheira 1Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) Cobra-verde 3Helicops infrataeniatus Jan, 1865 Cobra-d’água 5

Viperidae Bothrops jararaca (Wied, 1824) Jararaca 2

NI 21

Total 58Fonte: Autoria própria, 2008.

No que se refere aos mamíferos, foram registrados 42 indivíduos de cinco

ordens, nove famílias e 11 espécies (Tabela 2). As ordens mais atingidas foram

Didelphimorphia e Carnivora, com 15 indivíduos cada. Deste modo, as duas ordens

mencionadas são responsáveis por mais de 70% dos registros de atropelamentos de

mamíferos, resultado muito parecido com o descrito para outras estradas brasileiras.

Prada (2004) afirma que o fato dos carnívoros terem grandes áreas de vida os

expõe a várias travessias de estradas; além disso, são atraídos a elas devido ao

hábito da necrofagia. As duas espécies de mamíferos mais registradas pertencem a

essas ordens. Em primeiro lugar está Didelphis albiventris (Gambá-de-orelha-

branca), seguido por Cerdocyon thous (Graxaim-do-mato), com 14 e seis indivíduos,

respectivamente. Coelho (2003), em trabalho feito na mesma estrada, porém em um

trecho muito maior, registrou D. albiventris (61,2%) como a mais vitimada, seguida

por Ctenomys minutus (8,4%). Já no presente levantamento, C. minutus sequer foi

registrada. Esta diferença pode ser devida aos trechos dos trabalhos não serem os

mesmos. Coelho (2003) também registrou a morte de C. thous, assim como muitos

outros autores (VIEIRA, 1996; FISCHER, 1997; TUMELEIRO et al., 2006; CHEREM

et al., 2007). Segundo ele, a espécie apresenta grande mobilidade, além de ser

abundante na região, e assim como outros carnívoros, utiliza a estrada para

forrageio e deslocamento. Esses fatores colaboram para o maior número de

acidentes envolvendo C. thous. O alto número de registros de D. albiventris pode

estar relacionado ao hábito tolerante e oportunista da espécie, além de ser um

marsupial bastante comum em todo o Rio Grande do Sul e também na região.

23

Em seu trabalho, Coelho (2003) salienta que, embora D. albiventris e C. thous

sejam comuns em ambientes alterados, atualmente, em função da possível

diminuição ou da drástica extinção de outros carnívoros de grande porte na região,

elas podem ser as principais espécies a exercer determinadas funções ecológicas,

como dispersão de sementes e predação, importantes para a dinâmica e

conservação dos remanescentes da região.

Cabe ressaltar o registro de atropelamento de dois indivíduos de Lontra

longicaudis (Lontra), espécie que consta como vulnerável na lista das espécies da

fauna ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul (MARQUES et al., 2002). Um

indivíduo foi registrado no inverno, no trecho entre os quilômetros 16 e 17, e o outro

durante o verão, entre os quilômetros 15 e 16. Nesse trecho de dois quilômetros

localizam-se a ponte sobre o Rio Tramandaí e arrozais com grandes áreas

alagadas. Assim, seria aconselhável implantar algum tipo de medida mitigatória ou

preventiva nesse trecho, como placas de sinalização ou redutores de velocidade.

Também seria interessante a colocação de algum tipo de passagem ou mesmo de

contenção de fauna. No entanto, para isso é necessário realizar estudos mais

aprofundados, já que medidas como essas podem trazer efeitos negativos se mal

implantadas.

Dentre as onze espécies de mamíferos silvestres, houve o registro de Lepus

europaeus, espécie exótica trazida da Europa, que foi introduzida no sul do país

para a prática de caça.

Tabela 2. Lista de espécies de mamíferos atropelados na RS-389, de agosto de 2007 a maio de 2008. N= número de indivíduos por espécie. NI= não identificado.

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM N

Didelphimorphia Didelphidae Didelphis albiventris Lund, 1841 Gambá-de-orelha-

branca

14

Lutreolina crassicaudata (Desmarest,

1804)

Cuíca-de-cauda-

grossa

1

24

Carnivora Canidae Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Graxaim-do-mato 6Procyonidae Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798) Mão-pelada 2Mephitidae Conepatus chinga (Molina, 1792) Zorrilho 3Mustelidae Galictis cuja (Molina, 1792) Furão 2

Lontra longicaudis (Olfers, 1818) Lontra 2Rodentia Caviidae Cavia sp. Preá 4

Cricetidae NI 1NI 1

Xenarthra Dasypodidae Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 Tatu-galinha 1Dasypus hybridus (Desmarest, 1804) Tatu-mulita 4

Lagomorpha Leporidae Lepus europaeus Pallas, 1778 Lebre 1Total 42Fonte: Autoria própria, 2008.

Em relação a anfíbios, foram registrados 24 indivíduos, todos da ordem Anura.

Assim como no caso dos répteis, a identificação dos indivíduos foi bastante

prejudicada pelo estado das carcaças. Por isso, 12 indivíduos foram identificados

somente em nível de ordem, oito em nível de família (Leptodactylidae) e quatro

indivíduos tiveram a espécie confirmada, de acordo com a Tabela 3. Os registros

para anfíbios podem estar subestimados, já que pelo diminuto tamanho a carcaça

permanece muito pouco tempo na estrada, seja devido à ação de predadores, por

serem jogados para fora da pista no momento da colisão ou porque as carcaças se

deterioram rapidamente (PRADA, 2004).

Tabela 3. Lista de espécies de anfíbios atropelados na RS-389, de agosto de 2007 a maio de 2008. N= número de indivíduos por espécie. NI= não identificado.

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIENOME

COMUMN

Anura Leptodactylidae NI Rã 8Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758) Rã 2Leptodactylus plauamani Ahl, 1936 Rã 2

NI 12

Total 24Fonte: Autoria própria, 2008.

O grupo das aves foi o que apresentou o menor número de registros. Obteve-

se um total de 14 registros referentes a quatro ordens, seis famílias e seis espécies;

25

seis indivíduos não tiveram identificação confirmada (Tabela 4). Em outros

levantamentos de mortes de aves em rodovias, os resultados, em geral, foram altos

(ROSA e MAUHS, 2004; PRADA, 2004, BAGATINI, 2006). Novelli et al. (1988)

registraram 144 indivíduos mortos, em um período relativamente curto. Durante o

trabalho, também realizaram a análise do conteúdo estomacal das aves. Os autores

concluíram que existe uma forte correlação entre as mortes de aves e o

derramamento de grãos durante o escoamento de safra. Como a RS-389 tem o

tráfego restrito a veículos pesados, ali não ocorre escoamento de safra, não

havendo grãos derramados ao longo da estrada. Deste modo, as espécies que

costumam consumir grãos não são atraídas à Estrada do Mar, e talvez por isso

tenha sido registrado um baixo número de aves mortas.

As duas espécies mais registradas foram Sicalis flaveola (Canário-da-terra) e

Nothura maculosa (Perdiz), ambas com dois registros. Nothura maculosa é uma

espécie lenta, que vive no chão e voa apenas quando em perigo e por poucos

metros. Segundo Belton (2004), é comum vê-la atravessando estradas onde, às

vezes, permanece quieta, “congelada”, mesmo com carros passando a pouca

distância. Essas características podem explicar a ocorrência de atropelamento de N.

maculosa. Já o fator que pode explicar a ocorrência de mortes de S. flaveola é a sua

abundância em todo o estado, em qualquer época do ano (BELTON, 2004). Foi

registrada, ainda, uma espécie exótica, Passer domesticus (Pardal), muito bem

adaptada e comum em todo o Rio Grande do Sul.

Enfatiza-se que estes resultados talvez sejam subestimados, uma vez que,

por se tratarem de animais, em sua maioria, de pequeno porte, as carcaças tendem

a permanecer pouco tempo na estrada.

Assim como em Prada (2004), foi baixo o número de urubus. Registrou-se

apenas um indivíduo de Coragyps atratus, que se encontrava ao lado da carcaça de

um C. thous. Em uma das amostragens, uma carcaça deixou de ser registrada,

porque pouco antes de ser computada, a mesma foi levada por um urubu. O mesmo

aconteceu em outra ocasião, quando um cachorro (de grande porte) estava

comendo uma carcaça ao lado da estrada.

Tabela 4. Lista de espécies de aves atropeladas na RS-389, de agosto de 2007 a maio de 2008. N= número de indivíduos por espécie. NI= não identificado.

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM N

26

Ciconiformes Cathartidae Coragyps atratus (Bechstein, 1793) Urubu-de-cabeça-

preta

1

Passeriformes Emberezidae Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) Canarinho-da-terra 2Tyrannidae Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Bem-te-vi 1Passeridae Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Pardal 1

Tinamiformes Tinamidae Nothura maculosa (Temminck, 1815) Perdiz 2Cuculiformes Cuculidae Piaya Cayana (Linnaeus, 1766) Alma-de-gato 1

NI 6

Total 14Fonte: Autoria própria, 2008.

Comparando-se os registros de atropelamento entre as quatro estações do

ano, encontrou-se uma diferença não significativa (KW=3,856; p=0,2775). No

entanto, pode-se notar um aumento no número de mortes durante o verão (Figura

3), provavelmente mais associado a um aumento do fluxo de veículos durante o

veraneio do que a eventuais características climáticas ou de comportamento das

espécies registradas. Também é importante mencionar que, durante a primavera,

não houve registro de anfíbios mortos.Classes de Vertebrados Atropelados por Estação

0

10

20

30

40

50

60

70

Primavera Verão Outono Inverno

Estações

Ver

teb

rad

os

atr

op

ela

do

s

Mamíferos Aves Répteis Anfíbios Não Identificados

Figura 3. Classes de vertebrados tetrápodos atropelados por estação na RS-389, de agosto de 2007 a maio de 2008.Fonte: Autoria própria, 2008.

27

A análise da variação encontrada entre os trechos (Figura 4) sugere que tal

variação possa não ter sido ao acaso, uma vez que a diferença obtida foi

considerada quase significativa (KW=18,227; p=0,0765). Classes de Vertebrados Atropelados por Trecho

0 5 10 15 20 25 30

8 e 9

9 e 10

10 e 11

11 e 12

12 e 13

13 e 14

14 e 15

15 e 16

16 e 17

17 e 18

18 e 19

19 e 20

Tre

ch

o

Indivíduos por Classe

Mamíferos

Aves

Répteis

Anfíbios

Nãoidentificados

Figura 4. Classes de vertebrados atropelados por trecho na RS-389, de agosto de 2007 a maio de 2008.Fonte: Autoria própria, 2008.

Verificou-se que seis trechos consecutivos (do quilômetro 12 ao 18) foram

responsáveis por 79% dos registros de atropelamento (Figura 5). Em apenas um

28

desses trechos (17 - 18) não foi registrada a ocorrência de todas as quatro classes

de vertebrados silvestres (Figura 4). Logo, este segmento da estrada pode ser

considerado crítico para as quatro classes de vertebrados estudadas. A grande

circulação de animais nessa área pode ser dar devido à existência de diversos

corpos d’água próximos à estrada, incluindo o rio Tramandaí. Portanto, os seis

quilômetros em questão devem receber especial atenção quanto à implantação de

medidas mitigadoras. Num primeiro momento deve-se investir na sinalização

educativa e na redução da velocidade, que tem se mostrado a forma mais efetiva de

evitar atropelamentos de fauna. Subseqüentemente, seria importante realizar mais

estudos para a implantação de outros tipos de medidas, como dispositivos de

travessia e/ou de contenção de fauna. O uso deste tipo de medida requer maiores

informações sobre as espécies vitimadas, já que alguns tipos de dispositivos podem

não funcionar adequadamente ou até mesmo prejudicar determinados táxons.

0

5

10

15

20

25

30

8 - 9 9 - 10 10 - 11 11 - 12 12 - 13 13 - 14 14 - 15 15 - 16 16 - 17 17 - 18 18 - 19 19 - 20

Trechos

me

ro d

e I

nd

ivíd

uo

s

Figura 5 – Número total de atropelamentos por trecho na RS-389, de agosto de 2007 a maio de 2008.Fonte: Autoria própria, 2008.

29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fica claro o impacto causado à fauna no trecho estudado. Para diminuir os

riscos de atropelamento, sugere-se a instalação de placas de sinalização, bem como

de redutores de velocidade, principalmente entre os quilômetros 12 e 18, que

registraram o maior número de mortes. Sugere-se também a conscientização dos

motoristas, através de campanhas educativas.

É importante que se façam mais estudos na área, para avaliar a possibilidade

de implantação de medidas mais específicas e também para verificar a intensidade

do impacto dos atropelamentos, especialmente em Lutra longicaudis (Lontra),

espécie ameaçada de extinção, e de maneiras para evitar essas mortes.

30

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34

APÊNDICE A – Análises Estatísticas

Comparação Sazonal

Kruskal-Wallis Test (Nonparametric ANOVA)

The P value is 0.2775, considered not significant.Variation among column medians is not significantly greater than expected by chance.

The P value is approximate (from chi-square distribution) because at least one column has two or more identical values.

Calculation detail

Number Sum Mean of of of Group Points Ranks Ranks =============== ======= ======= ======= Primavera 12 255.00 21.250 Verão 12 373.00 31.083 Outono 12 263.50 21.958 Inverno 12 284.50 23.708

Kruskal-Wallis Statistic KW = 3.856 (corrected for ties)

Post tests were not calculated because the P value was greater than 0.05.

Summary of Data

Number of Group Points Median Minimum Maximum =============== ====== ======== ======== ======== Primavera 12 1.500 0.000 4.000 Verão 12 3.500 0.000 20.000 Outono 12 1.000 0.000 16.000 Inverno 12 2.000 0.000 7.000

* * *

35

Comparação por Trechos

Kruskal-Wallis Test (Nonparametric ANOVA)

The P value is 0.0765, considered not quite significant. Variation among column medians is not significantly greater than expected by chance.

The P value is approximate (from chi-square distribution) because at least one column has two or more identical values.

Calculation detail Number Sum Mean of of of Group Points Ranks Ranks =============== ======= ======= ======= 8 e 9 21 2880.0 137.14 9 e 10 21 2290.0 109.05 10 e 11 21 2374.0 113.05 11 e 12 21 2042.5 97.262 12 e 13 21 2811.5 133.88 13 e 14 21 2865.5 136.45 14 e 15 21 2936.0 139.81 15 e 16 21 2983.0 142.05 16 e 17 21 2915.0 138.81 17 e 18 21 2895.5 137.88 18 e 19 21 2179.5 103.79 19 e 20 21 2705.5 128.83

Kruskal-Wallis Statistic KW = 18.227 (corrected for ties)

Post tests were not calculated because the P value was greater than 0.05.

Summary of Data Number of Group Points Median Minimum Maximum =============== ====== ======== ======== ======== 8 e 9 21 0.000 0.000 3.000 9 e 10 21 0.000 0.000 2.000 10 e 11 21 0.000 0.000 1.000 11 e 12 21 0.000 0.000 1.000 12 e 13 21 0.000 0.000 2.000 13 e 14 21 0.000 0.000 8.000 14 e 15 21 0.000 0.000 8.000 15 e 16 21 0.000 0.000 6.000 16 e 17 21 0.000 0.000 5.000 17 e 18 21 0.000 0.000 2.000 18 e 19 21 0.000 0.000 2.000 19 e 20 21 0.000 0.000 1.000

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Grupo taxonômico por trecho

Kruskal-Wallis Test (Nonparametric ANOVA)

The P value is 0.0279, considered significant.Variation among column medians is significantly greater than expected by chance.

The P value is approximate (from chi-square distribution) because at least one column has two or more identical values.

Calculation detail

Number Sum Mean of of of Group Points Ranks Ranks =============== ======= ======= ======= Mamíferos 12 354.50 29.542 Aves 12 238.50 19.875 Répteis 12 375.00 31.250 Anfíbios 12 208.00 17.333

Kruskal-Wallis Statistic KW = 9.106 (corrected for ties)

Dunn's Multiple Comparisons Test

Mean Rank Comparison Difference P value ================================== ========== =========== Mamíferos vs. Anfíbios 12.208 * P<0.05 Aves vs. Répteis -11.375 * P<0.05 Répteis vs. Anfíbios 13.917 * P<0.05

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APÊNDICE B – Fotografias da RS-389

Figura 6 – Km 8 – Estrada Do Mar.Fonte: Autoria própria, 2007.

Figura 7 – Km 10 – Estrada Do Mar.Fonte: Autoria própria, 2007.

38

Figura 8 – Km 11 – Estrada Do Mar.Fonte: Autoria própria, 2008.

Figura 9 – Dois indivíduos de Coragyps atratus, trecho 12 - 13.Fonte: Autoria própria, 2007.

39

Figura 10 – Três filhotes de Cerdocyon thous, trecho 15 - 16.Fonte: Autoria própria, 2007.

Figura 11 – Ponte sobre o Rio Tramandaí, trecho 17 - 18.Fonte: Autoria própria, 2008.

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APÊNDICE C – Fotografias de indivíduos atropelados na RS-389

Figura 12 – Carcaça de Lontra longicaudis, trecho 16 - 17.Fonte: Autoria própria, 2007.

Figura 13 – Duas carcaças de Cerdocyon thous, trecho 16 - 17.Fonte: Autoria própria, 2007.

41

Figura 14 – Carcaça de Tupinambis merianae, trecho 13 - 14.Fonte: Autoria própria, 2007.

Figura 15 – Carcaça de Piaya cayana, trecho 18 - 19.Fonte: Autoria própria, 2007.

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Figura 16 – Carcaça de Philodryas olfersii, trecho 17 - 18.Fonte: Autoria própria, 2008.

Figura 17 – Carcaça de serpente não identificada, trecho 17 - 18.Fonte: Autoria própria, 2008.

43

Figura 18 – Carcaça de anfíbio não identificado, trecho 14 - 15.Fonte: Autoria própria, 2008.

Figura 19 – Carcaça de roedor não identificado, trecho 17 - 18.Fonte: Autoria própria, 2008.

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Figura 20 – Carcaça de Trachemys dorbigni, trecho 14 - 15.Fonte: Autoria própria, 2008.

Figura 21 – Carcaça de Lutreolina crassicaudata, trecho 17 - 18.Fonte: Autoria própria, 2008.

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