Andreiev - A Conversao do Diabo

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Conto de Andreiev em que discute a noção de bem, tendo como personagem central um Diabo que cansou de ser mau.

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LEONIDAS

ANDREIEV

A converso

do diabo

I215

Quem no ama o bem? Um belo dia, um diabo de certa idade, um robusto chamado l embaixo de Nariz-Adunco, apaixonou-se pelo bem. Em sua juventude, gue torpeza, figuro subitamente

~

como todos os diabos, tinha-se entrefosse por natureza um diabo'" o f-

mas, ao cabo dos anos, a razo chegou at ele e eleoZ

sentiu uma santa insatisfao. Embora

forte, os excessos tinham minado um pouco a sua sade, e ele perdeu o gosto pelas torpezas; uma certa tendncia para a ordem, virtude muito embora apoderava difundida um pouco entre os diabos, um esprito slido e positivo, limitado, uma espcie de vaga tristeza que se nos dias de festa e, para terminar, a ausn-

o

dele sobretudo

cia do suporte que uma fanlia e filhos trazem, porque Nariz-Adunco tinha permanecido sua convico solteiro, tudo isso tinha pouco a pouco abalado trabalho com avidez uma numa pequena igreA, citando suas de que o inferno e seu modo de vida eram a encarnade suas penosas dvidas, e tinha tentado na qualidade de tentador.

o absoluta da razo na vida eterna. Procurava

a fim de distrair-se

srie de oficias antes de se fixar definitivamente ja catlica de Florena,

prprias palavras, ele respirou um pouco, meou sua nova vida de mrtir. A igreja era pequena, e Nariz-Adunco fazer. Tinha desistido de todas as pequenas no sacristo e cochichar . Tudo isso o aborrecia, taes perversas

e foi tambm

a que co-

Tais passatempos, comeou domsticos, cobre, a imiscuir-se e tornou-se

embora agradveis, iam de encontro

natu-

reza ativa de nosso velho diabo; e, sem nem mesmo se dar conta, no tinha muita coisa a maldades que os jovens em orao. Os fiis eram cediam s inciabalar a nem pelo ouro, de uma vaidade e o na vida da igreja, a partilhar seus interesses uma espcie de segundo sacristo sem. esse de endireitava as velas cadas e

diabos esto to inclinados a fazer, como soprar as velas, dar rasteiras horrores gratuitos s velhinhas e nada de srio se' apresentava.

ttulo. Todas as manhs ele varria a igreja e polia as maanetas durante os servios religiosos,

respondia com os fiis numa voz nasalada: "Ora pro nobis", Ao entrar na igreja, mergulhava quem est acostumado do todo o mundo levemente a pata na pia de gua benta num gesto de e aspergia gua benta em si mesmo, e quania, empurrando como todos que ele era. Quansentia cada vezJ

todos pessoas modestas e tranqilas que dificilmente dos diabos: Nariz-Adunco paz e a serenidade nunca conheceram, grandiosa totalmenteI

no conseguia

de suas almas pouco profundas nem pelos sonhos orgulhosos

ia receber a bno, ele tambm

que eles nunca tinham visto, nem pelas chamas do amor, que eles estranha sua existncia sem pretenses. Quanto de bom grado sozinhos, de gastar sua imaginao de pecados tempos, ele tentou

os outros, como diabo mal-educado

do de suas raras visitas ao inferno onde se apresentava, os diabos, com relatrios mentirosos, Nariz-Adunco mais averso pela algazarra, pelo tumulto, tinha plenamente com freqncia sofrimentos Corno prestado homenagens

aos pecados veniais, eles os cometiam1(\

pela sujeira e pela deI

diabo no tinha necessidade nem vontade procurando mergulhar tad novos pecados, veniais extremamente limitado.

sordem que l reinavam. As feiticeiras esganiadas, a quem ele antes de paixo, agora o enchiam prensava-lhes os com o medo de nojo; no tendo perdido das infelizes. todos mentiam sem cessar, como cada uma de suas como Sat mentia mais que todos e par:l o ar livre. volnada de sua esperteza,

tanto mais que o nmero Nos primeiro

nos abismos da tentao o prprio padre, mas a tambm quanto um

a cauda nas portas, alegrando-se

,I