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André Fernando Macedo de Sousa Sistema ótico baseado em compostos de Al e Si para a conversão fototérmica da radiação solar André Fernando Macedo de Sousa novembro de 2013 UMinho | 2013 Sistema ótico baseado em compostos de Al e Si para a conversão fototérmica da radiação solar Universidade do Minho Escola de Engenharia

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  • André Fernando Macedo de Sousa

    Sistema ótico baseado em compostos deAl e Si para a conversão fototérmica daradiação solar

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    Universidade do MinhoEscola de Engenharia

  • novembro de 2013

    Tese de MestradoCiclo de Estudos Integrados Conducentes aoGrau de Mestre em Engenharia de Materiais

    Trabalho efetuado sob a orientação doProfessor Doutor Luís Rebouta

    André Fernando Macedo de Sousa

    Sistema ótico baseado em compostos deAl e Si para a conversão fototérmica daradiação solar

    Universidade do MinhoEscola de Engenharia

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    Agradecimentos

    A realização da minha dissertação de mestrado seria muito difícil e penosa se eu

    contasse apenas com o meu empenho, como em todos os projetos a que nos dedicamos

    durante a vida, o apoio de outras pessoas é essencial e em muito suaviza o caminho

    necessário a percorrer para a realização dos mesmos. Neste aspeto considero-me um

    privilegiado, pois tive o apoio de inúmeras pessoas e este foi fulcral para a realização da

    minha dissertação. A todas eles devo a minha gratidão e como tal aproveito este espaço para

    expressar os meus agradecimentos, sabendo que por palavras nunca conseguirei expressar

    na plenitude o quanto a elas estou agradecido, pois o alcance deste marco na minha vida

    pessoal e profissional é algo indescritível.

    Ao meu orientador, o Professor Luís Rebouta, devo um dos maiores agradecimentos.

    Uma vez que, das inúmeras pessoas pertencentes à grande instituição que é a Universidade

    do Minho, foi a que mais importância teve para o meu percurso académico. Os meus

    agradecimentos a ele vão desde o início do meu percurso académico nesta instituição, onde

    através da docência de algumas disciplinas comecei a nutrir uma enorme admiração por ele.

    A admiração por ele e o surgimento de uma oportunidade de poder trabalhar sobre a sua

    orientação, não me deixaram hesitar em enveredar neste projeto. Depois da realização do

    mesmo, creio que não poderia ter melhor orientador, tendo em conta todo o apoio, a

    incessável disponibilidade, a motivação e confiança que sempre me demonstrou. Hoje, mais

    do que um orientador, considero-o um amigo e em paralelo ao crescimento da admiração

    que tenho por ele, também infinitamente cresceu o meu sentimento de gratidão por ele.

    À Pauline Capela, engenheira de materiais, pela gentileza e disponibilidade com que me

    instruiu na utilização de alguns dos equipamentos que foram utilizados na produção e

    caracterização dos produtos desenvolvidos neste projeto. Também muito lhe agradeço pela

    sua constante intenção de ajudar-me, mesmo quando não era solicitada.

    Aos técnicos do Departamento de Física da Universidade do Minho, Adão e César, pelo

    apoio que sempre me prestaram nas diversas situações em que foram solicitados.

    Ao Departamento de Física da Universidade do Minho pelas excelentes condições

    proporcionadas para a realização da parte experimental deste projeto.

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    À SAVO SOLAR pelo apoio financeiro, para a aquisição de alvos, para a realização de

    algumas das caraterizações, entre outros.

    Aos amigos que ganhei durante o meu percurso nesta academia, principalmente à Ana

    Pereira, à Joana Oliveira e à Lais Oliveira que me acompanham desde o início do meu

    percurso nesta academia, enriquecendo-o e enchendo-o de memórias inesquecíveis que

    levarei sempre guardadas na minha memória. Também, não me poderia esquecer do Ricardo

    Lima e Tiago Monteiro, que se tornaram, numa fase mais tardia da minha vida académica,

    meus amigos e companheiros nas inúmeras viagens realizadas entre a minha casa e a

    universidade. A eles o meu obrigado pelas longas conversas e bons momentos passados.

    Aos meus amigos de longa data, eles sabem quem são, por todo o apoio que me deram

    e por saber que posso contar com eles para tudo, nos bons e essencialmente nos maus

    momentos.

    Ao António Barbosa e à sua família, por o considerar um segundo pai e na sua família

    encontrar uma segunda família também. Obrigado por todos os valores transmitidos e apoio

    dado, obrigado por tentar fazer de mim um melhor ser humano.

    À minha família, tios, tias, primos e primas. A todos eles o meu agradecimento por todo

    o apoio que sempre me foi dado durante todas as etapas da minha e esta também sem

    exceção. Obrigado por estarem sempre lá, nos bons e nos maus momentos.

    Aos meus avós, apesar de infelizmente já não poder contar com a presença de 3 deles,

    a minha enorme gratidão pois com muito orgulho faço parte do legado por eles deixado.

    Aos meus pais, a quem tudo devo aquilo que sou hoje, a minha infinita gratidão pelo

    amor e apoio incondicional sempre demonstrados. Pelos sacrifícios pessoais que

    enfrentaram para me proporcionar as melhores condições e assegurar que nada me faltava,

    ao longo da minha vida e do meu percurso académico. Pelos valores e educação dada, dos

    quais muito me orgulho. Por isto tudo e por muito mais a eles dedico a minha dissertação

    Por fim, gostaria de agradecer a todas as pessoas, que de uma maneira ou de outra

    influenciaram a minha vida e me fizeram tornar aquilo que sou hoje, o que consequentemente

    levou-me à realização deste marco de realização pessoal e profissional que é a minha

    dissertação de mestrado.

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    Sistema ótico baseado em compostos de Si e Al para a conversão fototérmica da radiação solar

    Resumo

    A energia solar concentrada (CSP), será segundo alguns estudos a principal fonte de energia

    para a zona mediterrânica a partir do ano 2020 [1]. Para tornar estas previsões realidade é necessário

    maximizar a eficiência dos conversores fototérmicos. Como tal, o objetivo deste trabalho é o

    desenvolvimento de um sistema ótico baseado em revestimentos multicamadas à base de compostos

    de Si e Al e com uma camada de W [W/AlSiNx/AlSiNxOy/ (SiO2/AlSiOx)] para a conversão foto

    térmica eficiente da radiação solar. Para tal, estes revestimentos devem ter uma absorção solar

    superior a 95% e uma emissão térmica, que está associada a perdas de energia por radiação, inferior

    a 9% a 400 °C. Estas propriedades óticas devem estar associadas a uma longa durabilidade do sistema

    ótico nas suas condições de funcionamento, ou seja, devem ser termicamente estáveis a temperaturas

    superficiais superiores a 400 °C, se possível ao ar (embora os sistemas sejam desenhados para serem

    utilizados em vácuo). O desenvolvimento/estudo destes revestimentos envolveu as seguintes etapas:

    Produção de filmes de camadas individuais de W; AlSiNx; AlSiNxOy; AlSiOx por pulverização

    catódica com diferentes condições de deposição. Os compostos de Si e Al referidos foram

    depositados com 3 alvos com diferentes razões Al/Si, as deposições foram realizadas em regime

    estático ou rotativo. Produção de filmes de SiO2 por deposição química de vapores (CVD).

    Caraterização ótica das camadas individuais através de medidas de transmitância e refletância

    Caraterização química das camadas individuais através das técnicas de EDS e XPS.

    Desenho e deposição dos revestimentos multicamadas através do conhecimento das constantes

    óticas das camadas individuais.

    Caraterização ótica dos revestimentos multicamadas, determinação do coeficiente de absorção

    solar e da emissividade.

    Caraterização morfológica e estrutural destes revestimentos multicamadas através das técnicas

    de SEM e XRD.

    Avaliação do desempenho dos revestimentos através de testes de durabilidade tratamentos

    térmicos ao ar a 400ºC, em vácuo a 600ºC e em ambiente húmido >95% HR a 40ºC).

    Foram desenvolvidos revestimentos multicamadas com um coeficiente de absorção solar de

    cerca de 95% e uma emissividade de 7% (a 100 °C), os resultados dos testes de durabilidade permite

    afirmar que estes terão uma boa durabilidade nas condições de funcionamento definidas. Verificou-

    se que dentro dos rácios de Al/Si estudados, o aumento do teor em Si não favoreceu o desempenho

    dos revestimentos multicamadas, afetando negativamente as suas propriedades óticas e a sua

    durabilidade. A deposição da camada de W e o polimento do substrato é um requisito necessário para

    a obtenção das propriedades desejadas. Positivamente o regime de deposição (estático vs. rotativo)

    não afeta as propriedades dos revestimentos.

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    Optical system based on Si and Al compounds for photothermal conversion of solar radiation

    Abstract

    According to some studies [1], the concentrated solar power (CSP) will be the main energy

    source for the Mediterranean region after 2020. To make these predictions a reality, is necessary to

    maximize the efficiency of the photothermal converters. Thus, the main goal of this work is the

    development of an optical system based on multilayer coatings composed by Si and Al compounds

    and a layer of W [W/AlSiNx/AlSiNxOy/(SiO2/AlSiOx)] for efficient photothermal conversion of

    the solar radiation. To this purpose, these coatings must have a solar absorption exceeding 95 % and

    a thermal emission, which is associated with energy losses by radiation, less than 9% at 400 ºC.

    These optical properties need to be associated with a long life of the optical system in operating

    conditions, i.e. they must be thermally stable at surface temperatures exceeding 400 ºC , if possible

    in air (even though the systems are designed for use in vacuum). The development/study of these

    coatings involved the following steps:

    Production of the individual layers of W; AlSiNx; AlSiNxOy; AlSiOx with different sputter

    deposition conditions; Si and Al compounds were deposited by 3 targets with different Al/Si

    ratio; the depositions were performed under static or rotary regime. Production of SiO2 films by

    chemical vapor deposition (CVD).

    Optical characterization of the individual layers through measures of transmittance and

    reflectance.

    Chemical characterization of the individual layers through EDS and XPS techniques.

    Design and deposition of multilayer coatings through knowledge of the optical constants of the

    individual layers.

    Optical characterization of the multilayer coatings, determination of the solar absorption and

    emissivity coefficients.

    Morphological and structural characterization of these multilayer coatings by XRD and SEM

    techniques.

    Performance evaluation of the coatings through durability tests (heat treatment in air at 400 °C,

    in vacuum at 600 °C and in a humid atmosphere >95%RH at 40 °C).

    Multilayer coatings were successfully developed with an solar absorption coefficient of about

    95% and an emissivity of 7% (at 100 ºC). The durability tests results indicate that these coatings will

    have a long life at the defined operating conditions. It was found that within the Al/Si ratios studied,

    the increase of the Si content did not improve the performance of the multilayer coating, adversely

    affecting its optical properties and durability. W layer deposition and the substrate polishing is

    necessary for obtaining the desired properties. Positively the deposition regime (static vs. rotary)

    does not affect the properties of the coatings.

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    Índice

    Motivação ......................................................................................................................... 1

    Objetivos ........................................................................................................................... 2

    Enquadramento teórico ..................................................................................................... 3

    1.1. Estado de arte ............................................................................................................. 3

    Conversores fototérmicos ..................................................................................... 3

    Energia Solar Concentrada.................................................................................... 4

    Absorsores solares - seletividade espectral ........................................................... 4

    Absorsores Solares para Altas Temperaturas...................................................... 10

    1.2. Propriedades óticas .................................................................................................. 12

    Radiação Solar .................................................................................................... 12

    Constantes óticas ................................................................................................. 13

    Cálculo da função dielétrica ................................................................................ 15

    Coeficiente de absorção solar ............................................................................. 16

    Emissão térmica .................................................................................................. 16

    Técnicas experimentais ................................................................................................... 19

    2.1. Técnicas de Processamento ..................................................................................... 19

    Deposição Física de Vapores por Pulverização Catódica ................................... 19

    Deposição Química de Vapores (CVD) .............................................................. 21

    2.2. Técnicas de caraterização ........................................................................................ 23

    Caraterização estrutural, morfológica e química ................................................ 24

    2.3. Testes de durabilidade ............................................................................................. 31

    Resistência à Humidade ...................................................................................... 32

    Tratamento térmico em Vácuo ............................................................................ 33

    Tratamento térmico em Atmosfera Oxidativa .................................................... 34

    Sistema ótico ................................................................................................................... 35

    3.1. Configuração ............................................................................................................ 35

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    3.2. Materiais Utilizados ................................................................................................. 36

    Parte Experimental .......................................................................................................... 39

    4.1. Camadas Individuais ................................................................................................ 39

    Tungsténio ........................................................................................................... 39

    Óxido de Silício .................................................................................................. 41

    Nitretos, Oxinitretos e Óxidos de Alumínio Silício ............................................ 42

    Caraterização Química ........................................................................................ 59

    4.2. Revestimentos Multicamadas .................................................................................. 71

    Simulação e Processamento dos Revestimentos Multicamadas ......................... 71

    Caraterização Ótica ............................................................................................. 74

    Caraterização Estrutural (XRD) .......................................................................... 79

    Caraterização Morfológica (SEM) ...................................................................... 81

    Testes de durabilidade ......................................................................................... 84

    Conclusões ...................................................................................................................... 93

    Referências Bibliográficas .............................................................................................. 97

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    Índice de Figuras

    Figura 1 – Tubo de conversão fototérmica SCHOTT PTR 70 Receivers [3]........................ 3

    Figura 2 – Gráfico representativo da seletividade espetral ideal (linha verde tracejada) para

    um absorsor solar [4] ............................................................................................................. 5

    Figura 3 – Esquematização de um revestimento multicamadas para a absorção seletiva da

    radiação solar ......................................................................................................................... 6

    Figura 4 – Esquematização de um revestimento multicamadas para a absorção seletiva da

    radiação solar ......................................................................................................................... 7

    Figura 5 - Espectro da radiação solar que atinge a superfície terrestre ............................... 12

    Figura 6 - Esquema representativo dos fenómenos de interação da radiação solar com um

    corpo .................................................................................................................................... 13

    Figura 7 - Espectro de emissão de um corpo negro em função da sua temperatura[31] ..... 17

    Figura 8 - Espectro de emissão de radiação de diferentes corpos ....................................... 18

    Figura 9 - Esquematização do funcionamento do PVD [33] ............................................... 20

    Figura 10 – Esquema de funcionamento do CVD [34] ....................................................... 22

    Figura 11 - Esquema de funcionamento de um espectrofotómetro [35] ............................. 23

    Figura 12- Difração dos raios-X segundo a lei de BRAGG ................................................ 29

    Figura 13 – Esquematização das a) camadas do sistema ótico e b) camadas individuais ... 37

    Figura 14 – Constantes óticas (n,k) espectrais da camada de W ......................................... 40

    Figura 15 - Constantes óticas (n,k) espectrais da camada de SiO2 ...................................... 41

    Figura 16 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de AlSiNx produzidas com o alvo

    Al/9Si - Estático .................................................................................................................. 44

    Figura 17 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de AlSiNxOy produzidas com o

    alvo Al/9Si - Estático ........................................................................................................... 44

    Figura 18 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de AlSiNx produzidas com o alvo

    Al/9Si - Rotação .................................................................................................................. 48

    Figura 19 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de AlSiNxOy produzidas com o

    alvo Al/9Si – Rotação .......................................................................................................... 48

    Figura 20 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de AlSiOx produzidas com o alvo

    Al/9Si – Rotação .................................................................................................................. 48

    Figura 21 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de AlSiNx produzidas com o alvo

    Al/15Si - Estático ................................................................................................................ 51

    Figura 22 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de AlSiNxOy produzidas com o

    alvo Al/15Si - Estático ......................................................................................................... 51

    Figura 23 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de AlSiOx produzidas com o alvo

    Al/15Si - Estático ................................................................................................................ 52

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    Figura 24 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de SiAlNx produzidas com o alvo

    Si70/Al30 – Estático ............................................................................................................ 57

    Figura 25 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de SiAlNxOy produzidas com o

    alvo Si70/Al30 – Estático .................................................................................................... 57

    Figura 26 - Constantes óticas (n,k) espectrais das camadas de SiAlOx produzidas com o alvo

    Si70/Al30 – Estático ............................................................................................................ 58

    Figura 27 - Espectros EDS das amostras 9_N14 e 9_NO9 ................................................. 60

    Figura 28 - Espectros EDS das amostras 9_N12r, 9_NO8r e 9_O10r ................................ 61

    Figura 29 - Espectros EDS das amostras 15_N4 e 15_NO8 ............................................... 61

    Figura 30 - Espectro XPS das amostras 9_N12; 9_NO8; 9_NO8r e 9_O10 ....................... 64

    Figura 31 - Espectros XPS dos eletrões Al 2p, Si 2p, N 1s e O 1s para as várias amostras

    analisadas ............................................................................................................................. 66

    Figura 32 – Imagem do revestimento multicamadas D1_9Si_R ......................................... 74

    Figura 33 - Refletância (Simulação vs. Experimental) da amostra D1_9Si ........................ 75

    Figura 34 - Refletância (Simulação vs. Experimental) da amostra D1_15Si ...................... 75

    Figura 35 – Difratogramas do substrato de aço inox e das amostras D1_9Si; D1_9Si (Ar;

    400ºC; 1427h);D1_9Si (Vácuo; 600ºC; 800h); D1_9Si_R; D1_15Si e D1_SiAl ............... 79

    Figura 36 – Imagens de SEM da amostra: a) D1_9Si – vista da superfície; ....................... 81

    Figura 37 - Gráficos da variação da absorção (a) e da emissividade (b) das amostras sujeitas

    aos diversos testes de durabilidade ...................................................................................... 85

    Figura 38 - Gráficos da variação da absorção (a) e da emissividade (b) das amostras sujeitas

    aos diversos testes de durabilidade ...................................................................................... 87

    Figura 39 - Gráficos da variação da absorção (a) e da emissividade (b) das amostras sujeitas

    aos diversos testes de durabilidade ...................................................................................... 91

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    Índice de Tabelas

    Tabela 1 – Alvos usados para a produção de filmes por pulverização catódica ................. 37

    Tabela 2 - Parâmetros da deposição por pulverização catódica da camada individual

    produzida com o alvo de W, espessura e taxa de deposição da mesma camada. ................ 39

    Tabela 3 - Parâmetros da deposição por CVD da camada de SiO2 ..................................... 41

    Tabela 4 - Parâmetros da deposição por pulverização catódica das camadas produzidas com

    o alvo Al/9Si - Estático ........................................................................................................ 43

    Tabela 5 - Fluxos gasosos usados durante a deposição das camadas de AlSiNx e AlSiNxOy

    produzidas com o alvo Al/9Si - Estático, espessuras e taxas de deposições das mesmas

    camadas. .............................................................................................................................. 43

    Tabela 6 - Parâmetros da deposição por pulverização catódica das camadas produzidas com

    o alvo Al/9Si - Rotação ....................................................................................................... 47

    Tabela 7 - Fluxos gasosos usados durante a deposição das camadas de AlSiNx, AlSiNxOy e

    AlSiOx produzidas com o alvo Al/9Si - Rotação, espessuras e taxas de deposições das

    mesmas camadas.................................................................................................................. 47

    Tabela 8 - Parâmetros da deposição por pulverização catódica das camadas produzidas com

    o alvo Al/15Si - Estático ...................................................................................................... 50

    Tabela 9 - Fluxos gasosos usados durante a deposição das camadas de AlSiNx,AlSiNxOy e

    AlSiOx produzidas com o alvo Al/15Si – Estático, espessuras e taxas de deposições das

    mesmas camadas.................................................................................................................. 50

    Tabela 10 - Parâmetros da deposição por pulverização catódica das camadas produzidas com

    o alvo Al/15Si - Rotação ..................................................................................................... 54

    Tabela 11 - Fluxos gasosos usados durante a deposição das camadas de AlSiNx, AlSiNxOy

    e AlSiOx produzidas com o alvo Al/15Si – Rotação, espessuras e taxas de deposições das

    mesmas camadas.................................................................................................................. 54

    Tabela 12 - Parâmetros da deposição por pulverização catódica das camadas produzidas com

    o alvo Si70/Al30 - Estático .................................................................................................. 56

    Tabela 13 - Fluxos gasosos usados durante a deposição das camadas de SiAlNx, SiAlNxOy

    e SiAlOx produzidas com o alvo Si70/Al30 - Estático, espessuras e taxas de deposições das

    mesmas camadas.................................................................................................................. 56

    Tabela 14 - Composição elementar e rácio Al/Si das várias amostras analisadas por EDS 60

    Tabela 15 - Identificação dos picos característicos dos elementos Al 2p e Si 2p das várias

    amostras analisadas por XPS ............................................................................................... 67

    Tabela 16 - Identificação dos picos característicos dos elementos N 1s e O 1s das várias

    amostras analisadas por XPS ............................................................................................... 67

    Tabela 17 - Fração atómica dos elementos constituintes das amostras analisadas por XPS

    (não incluindo o carbono) .................................................................................................... 67

    Tabela 18 - Parâmetros da deposição por pulverização catódica das camadas individuais de

    AlSiNx, AlSiNxOy e AlSiOx dos revestimentos multicamadas para os diferentes alvos. . 73

    Tabela 19 – Absorção solar e emissividade das amostras processadas de revestimentos

    multicamadas ....................................................................................................................... 74

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    Lista de Símbolos

    α – coeficiente de absorção solar

    αa – coeficiente de absorção solar por

    unidade de espessura

    αs – coeficiente de absorção solar

    ε – coeficiente de emissividade

    λ – comprimento de onda

    ρ – coeficiente de reflexão

    ρs – coeficiente de absorção solar

    τ – coeficiente de transmissão

    τs – coeficiente de transmissão solar

    at – fração atómica

    c – velocidade da luz

    e – espessura

    I – radiação incidente num corpo

    Iab – radiação absorvida

    Iref – radiação refletida

    Itr – radiação transmitida

    k – coeficiente de extinção

    n – índice de refração

    Ø – diâmetro

    Ra – rugosidade aritmética principal

    T – temperatura

    v – velocidade de propagação da luz num

    meio

    φ – função de trabalho

    Lista de acrónimos

    CD – Critério de Desempenho

    CSP – Energia Solar Concentrada

    CVD – Deposição Química de Vapores

    EDS – Espectroscopia de raios-X por

    dispersão de Energia

    PVD – Deposição Física de Vapores

    SEM – Microscopia Eletrónica de

    Varrimento

    XPS – Espectroscopia de fotoeletrões por

    raios-X

    XRD – Espectroscopia de difração de

    raios-X

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    Motivação

    Na atualidade a demanda energética é cada vez maior, no entanto as principais fontes

    de energia como os combustíveis fósseis são finitas além de serem nocivas para o ambiente.

    Mas a energia solar é uma fonte infinita e limpa que não é causadora de poluição e é tão

    poderosa que estima-se que energia radiada pelo sol que atinge a superfície terrestre durante

    apenas 30 minutos é aproximadamente igual à energia que as atuais civilizações usam

    durante um ano. Como tal o correto aproveitamento da energia solar pode ser a principal

    solução para a cada vez maior demanda energética, este facto é realçado no estudo realizado

    pelo centro aeroespacial alemão[2], que prevê a evolução da produção de eletricidade e das

    suas fontes para a região mediterrânica. Este estudo conclui que as principais fontes atuais

    de energia, os combustíveis fósseis, irão ter uma redução significativa a partir do ano 2020.

    No entanto a produção/necessidade de eletricidade continuará a aumentar. Assim novas

    fontes de energia terão que ser encontradas para colmatar essa necessidade, este mesmo

    estudo refere que a principal alternativa para a zona mediterrânica será a energia solar

    concentrada (concentrating solar power -CSP).

    Assim durante a minha formação em engenharia de materiais e em particular na minha

    dissertação é extremamente motivante poder desenvolver novas soluções com base num

    profundo conhecimento das propriedades dos materiais, que permitam maximizar a

    eficiência de tecnologias que convertem a energia solar em energia térmica e a sua

    consequente transformação em eletricidade. Tirando assim um cada vez maior proveito desta

    energia limpa e inesgotável que nos é fornecida pela estrela do nosso sistema solar.

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    Universidade do Minho | 2

    Objetivos

    O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um sistema ótico para a conversão

    fototérmica da radiação solar baseado em deposições de revestimentos multicamadas

    constituído por 4 a 6 camadas, com a primeira de W e 3 a 5 camadas de compostos de Si e

    Al com diferentes teores de azoto e oxigénio. Os revestimentos serão depositados em

    substratos de aço inox através da técnica de pulverização catódica, excetuando a camada de

    SiO2 que é depositado por CVD. Este sistema ótico através da absorção seletiva da radiação

    solar deve permitir maximizar a eficiência de sistemas de conversão foto térmica da energia

    solar. Para tal os principais objetivos deste trabalho são obter revestimentos com elevados

    coeficientes de absorção solar (α) superiores a 95% e coeficientes de emissão térmica (ε), a

    100 °C inferiores a 8%, pois valores de ε elevados estão associados a perdas de energia

    elevadas por emissão térmica. Além das propriedades anteriores os revestimentos

    desenvolvidos também devem ser termicamente estáveis a temperaturas superficiais

    superiores a 400 °C, se possível ao ar (embora os sistemas sejam desenhados para serem

    utilizados em vácuo). Dentro destes objetivos, serão testados sistemas óticos com diferentes

    razões Al/Si, determinada a influência das deposições serem realizadas em regime estático

    ou rotativo. Também se determinará a necessidade do polimento do substrato, da deposição

    da camada de W e da substituição da camada de SiO2 por um composto óxido de Si e Al

    (AlSiOx).

    Em termos industriais, outro dos objetivos deste trabalho é também testar a viabilidade

    de utilizar alvos de ligas Al-Si em vez de alvos de ligas Ti-Al-Si, que são naturalmente ligas

    mais dispendiosas.

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    Enquadramento teórico

    1.1. Estado de arte

    Conversores fototérmicos

    O conversor fototérmico é um equipamento que tem como função absorver a radiação

    solar e transformar este tipo de energia em energia térmica. Esta energia térmica será usada

    para o aquecimento de líquidos e/ou gases. Esta função serve para aplicações desde o

    aquecimento de água para uso doméstico até ao acionamento de turbinas através da

    movimentação de fluidos/gases, para a produção de energia elétrica.

    Existem dois tipos de conversores fototérmicos, os conversores concentradores que

    usam dispositivos para concentrar a radiação solar (espelhos côncavos) e como tal operam a

    temperaturas mais elevadas do que os mais vulgares conversores planos, onde não há

    concentração da radiação solar. Neste trabalho houve particular interesse nos conversores do

    primeiro tipo, onde existem exigências mais elevadas no seu desempenho e resistência a

    altas temperaturas. A exigência de uma eficiência elevada é comum a todos os tipos de

    conversores, mas no caso nos dispositivos que funcionam a temperatura elevada, e por este

    motivo, as perdas são normalmente maiores e o sistema deve operar em vácuo de modo a

    reduzir as perdas de calor por condução e convecção do conversor para o meio exterior. A

    sua emissividade tem de ser alvo de especial atenção, já que também é um modo importante

    de perda de energia por parte do conversor. Na figura 1 está representado um tubo onde no

    seu interior está um revestimento que permite a absorção eficiente da radiação solar e que

    opera em vácuo.

    Figura 1 – Tubo de conversão fototérmica SCHOTT PTR 70 Receivers [3]

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    Energia Solar Concentrada

    Prevê-se que a energia solar concentrada (CSP) seja uma fonte de energia que tenha

    uma elevada expansão no futuro e que venha a ser uma solução viável para a crescente

    demanda energética[2]. Nesta tecnologia usam-se sistemas de concentração da radiação

    solar, nomeadamente os de forma parabólica, para permitir que os absorsores solares atinjam

    temperaturas mais elevadas, onde a energia solar é convertida em energia térmica e

    posteriormente será convertida em energia elétrica. Os sistemas de CSP operam desde

    temperaturas médias (100ºC

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    ter uma elevada reflexão ou baixa absorção da radiação, porque associado a uma elevada

    reflexão estão baixas emissividades nesses comprimentos de onda, que é o que se pretende.

    Ou seja, a absorção seletiva da radiação permite ter conjuntamente uma elevada absorção

    solar e uma baixa emissão térmica.

    Figura 2 – Gráfico representativo da seletividade espetral ideal (linha verde tracejada) para um

    absorsor solar [4]

    O papel da seletividade espectral na obtenção das propriedades acima descritas já é

    conhecido desde o início do século passado[5], nos anos 30 e 40 do mesmo século surgiram

    as primeiras superfícies com uma refletância muito baixa para os comprimentos de onda

    menores e uma elevada refletância para os comprimentos de onda mais elevados[4,5]. Mais

    tarde, já em 1955 foram apresentadas na primeira conferência da energia solar (Tucson,

    EUA) as primeiras superfícies desenvolvidas para a absorção seletiva da radiação solar[6–

    8]. Estas superfícies consistiam em camadas de óxidos e de sulfuretos, produzidos por

    conversão química ou por galvanização numa folha de metal.

    A partir da década de 70 devido à crise do petróleo começaram a surgir cada vez mais

    desenvolvimentos significativos nesta área. Atualmente existem várias soluções para o

    desenvolvimento de revestimentos com seletividade espectral para a aplicação em

    absorsores solares. Assim consoante o tipo de soluções encontradas podem-se dividir os

    tipos de revestimentos usados em seis categorias distintas. De seguida serão referidas essas

    categorias, dando mais enfâse às três primeiras pois tendo em conta a prevista evolução para

    os sistemas CSP, são as que mais se adequam para temperaturas médias e elevadas.

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    1) Revestimentos multicamadas podem ser absorsores de radiação solar seletiva

    bastante eficientes. A esquematização das camadas deste tipo de absorsor solar seletivo pode

    ser vista na figura 3, onde facilmente se vê que neste revestimento multicamadas alternam-

    se entre camadas dielétricas e camadas metálicas.

    Figura 3 – Esquematização de um revestimento multicamadas para a absorção seletiva da radiação

    solar

    Estes revestimentos podem ser desenvolvidos de forma a tornarem-se eficientes

    absorsores seletivos. O efeito de absorção seletiva deve-se às múltiplas reflexões da luz que

    passam até a camada dielétrica inferior (E) e é independente da seletividade do dielétrico.

    Uma fina camada semitransparente e refletiva (D), usualmente metálica, separa um quarto

    de onda das camadas dielétricas (C e E) promovendo a absorção da radiação solar através de

    interferências destrutivas. Esta camada inferior refletiva (D) tem uma elevada refletância na

    região dos infravermelhos e uma mais baixa refletância na região do visível, esta

    característica vai contribuir para a diminuição da emissividade do sistema. A camada

    dielétrica (C) reduz a refletância na região do visível. A espessura desta camada determina

    a forma e a posição da curva de refletância [4]. Uma camada semitransparente tipicamente

    metálica (B) promove ainda mais a redução da refletância na região do visível. A camada

    dielétrica (A) aumenta a absorção na região do visível, promovendo assim o aumento do

    coeficiente de absorção solar sem comprometer o efeito de seletividade espectral. Para as

    camadas metálicas podem ser utilizados diversos metais como prata, cobre, níquel,

    molibdénio entre outros. Para as camadas dielétricas podem ser usados por exemplo, sulfeto

    de zinco, sílica, alumina entre outros [11].

    Este tipo de sistemas tornou-se bastante eficiente também porque a física por detrás

    destes fenómenos é bem conhecida, o que levou ao desenvolvimento de softwares de

    modulação computacional. Estes softwares permitem uma otimização do efeito da absorção

    seletiva, ajustando por exemplo as espessuras das várias camadas de modo a desenvolver o

    efeito ótico idealizado.

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    Os absorsores multicamadas têm elevadas absorções solares, baixas emissões térmicas

    e podem ser estáveis entre temperaturas médias e altas se forem usados nas camadas do

    revestimento materiais com elevada estabilidade química. As temperaturas elevadas, os

    absorsores multicamadas podem sofrer oxidação das camadas metálicas [12], difusão de

    átomos entre as várias camadas [4], ou delaminação devido a diferentes coeficientes de

    expansão térmicas das camadas que o constituem [13].

    2) Revestimentos semicondutores-metais, baseiam-se na capacidade de absorver

    radiação com pequenos cumprimentos de onda de alguns semicondutores, que têm hiatos de

    energia (band gap) que vão dos cerca de 0,5 eV (2,5 µm) até aos 1,26 eV (1,0 µm). Estes

    semicondutores são depositados sobre uma camada de metal de elevada refletividade. Esta

    camada de metal permite reduzir significativamente as emissões térmicas. Os

    semicondutores mais usados são o silício (1,1 eV), o germânio (0,7 eV) e o sulfureto de

    chumbo (0,4 eV) [14]. Como estes semicondutores têm índices de refração elevados é

    necessário depositar sobre eles uma camada de um material anti refletor. Isto deve ser feito

    para ajustar (transição suave) os índices de refração entre o ar e as camadas dos

    semicondutores, para assim reduzir a refletância prejudicial (diminuição da absorção) que

    ocorre quando a luz passa de um meio para outro com índices de refração bastante diferentes.

    A sílica é um dos materiais que pode desempenhar o papel de camada anti refletora. Através

    das propriedades referidas conseguem-se assim desenvolver absorsores solares com uma

    elevada absorção solar e uma baixa emissão térmica.

    A esquematização deste tipo de revestimentos está presente na figura 4, onde se pode

    ver a camada do semicondutor sobre um metal e sobre esta a camada anti refletora. Para

    aplicações de médias e altas temperaturas, o que se pretende para os CSP, soluções à base

    de silício produzidas por deposição química de vapores (CVD) têm-se mostrado adequadas

    [15].

    Figura 4 – Esquematização de um revestimento multicamadas para a absorção seletiva da radiação

    solar

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    3) Revestimentos de compósitos metal-dielétrico (metal-cerâmico) também

    conhecidos como cermets. São revestimentos com elevada absorção na região de maior

    intensidade da radiação solar mas transparentes na região dos infravermelhos. Estes

    revestimentos são constituídos por partículas metálicas finas dispersas numa matriz

    dielétrica ou cerâmica depositados sobre metais com elevada refletividade na região dos IV.

    A elevada absorção dos filmes de cermets em comprimentos de onda pequenos e a sua

    elevada transmitância (transparência) em comprimentos de onda mais elevados deve-se às

    transições de bandas no metal e à ressonância das pequenas partículas. O tamanho das

    partículas deve ser bastante inferior em relação aos comprimentos de onda da radiação solar,

    de modo a absorvê-la em vez de dispersá-la. O conceito dos revestimentos cermets permitem

    uma elevada flexibilidade na otimização da sua absorção seletiva da radiação solar, esta

    otimização passa pelo uso dos constituintes corretos, espessuras dos revestimentos,

    concentração de partículas, o seu tamanho, a sua forma e a sai orientação [3, 15].

    Os valores mais elevados de absorvância da radiação solar são obtidos quando o

    revestimento é um compósito metal-dielétrico de composição gradual. A obtenção de uma

    estrutura com composição gradual tem como objetivo mudar o índice de refração (n) e o

    coeficiente de extinção (k) na estrutura do revestimento. A variação gradual da composição

    do revestimento deve ser feita de modo a promover uma diminuição contínua do n e do k do

    substrato metálico até à superfície do revestimento. Este tipo de composição permite reduzir

    as interferências da radiação solar ao passar pelo revestimento e também permite diminuir a

    refletância superficial do revestimento, promovendo assim um aumento da absorção da

    radiação solar. O caso ideal seria aquele em que a superfície do revestimento tinha um n=1

    e um k=0 [16–18].

    Propriedades metálicas na base do compósito aumentam a refletância na região dos

    infravermelhos e como tal promove a diminuição da emissão térmica [16–18].

    Este tipo de revestimentos é dos mais eficientes para altas temperaturas, como tal é os

    dos mais usados para este tipo de aplicações.

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    4) Revestimentos com absorção seletiva intrínseca, os materiais constituintes dos

    revestimentos têm uma absorção seletiva característica que lhes permitem desenvolver a

    seletividade espectral desejada. No entanto este tipo de soluções não é muito utilizada porque

    não há materiais com uma seletividade espectral intrínseca satisfatória para estas aplicações.

    5) Superfícies texturizadas que permitem ter seletividade espectral devido a

    “prenderem” a radiação solar e sendo muito refletivas à energia térmica. As superfícies

    apresentam uma textura rugosa onde as propriedades óticas dos revestimentos podem ser

    alteradas através da modificação macroestrutural destes por tratamentos de feixes de iões

    [20]. São revestimentos adequados apenas para aplicações de baixas temperaturas devido à

    sua microestrutura porosa que os torna muito suscetíveis à oxidação.

    6) Revestimentos de transmissão seletiva da radiação solar sobre absorsores do

    tipo de corpos negros. Estes revestimentos são transparentes a pequenos comprimentos de

    onda e refletores a comprimentos de onda elevados. Tal característica permite que o absorsor

    que se comporta como um corpo negro absorva a radiação solar, mas o mesmo revestimento

    bloqueia a emissão térmica do absorsor devido a ser refletor em comprimentos de onda

    elevadas. Esta solução é adequada para sistemas de baixas temperaturas.

    Apesar de se apresentarem aqui 6 categorias distintas de absorsores solares de

    seletividade espectral, possivelmente o aumento da eficiência destes pode passar por

    hibridizar novos revestimentos com “partes” de alguns dos tipos de revestimentos acima

    referidos. Ou seja, por exemplo uma possível solução passaria por utilizar um sistema do

    tipo 1) usando sobre este uma camada anti refletora em semelhança ao que se usa no

    revestimento do tipo 2) para assim diminuir ao máximo a possível reflexão da luz que possa

    ocorrer devido à transição brusca da luz entre meios com índices de refração bastante

    diferentes. Ainda do revestimento do tipo 2) pode-se aproveitar a ideia de este ser depositado

    sobre um metal bastante refletor como método para a diminuição das emissões térmicas.

    Então um seguimento lógico seria utilizar um substrato bastante refletor ou que sobre ele

    seja depositada uma camada com elevada refletância e de seguida depositava-se um sistema

    semelhante ao tipo 1) e por fim a camada anti refletora.

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    A deposição por pulverização catódica é uma das técnicas mais adequadas para a

    produção dos revestimentos híbridos, pois permite a deposição de um grande leque de

    materiais. Mas mais importante, como as propriedades óticas destes sistemas são

    dependentes das espessuras das várias camadas, sabendo que estas espessuras podem ser

    nanométricas é essencial que a técnica de produção permita o controlo nanométrico das

    espessuras das camadas produzidas, o que é o caso da técnica referida.

    Absorsores Solares para Altas Temperaturas

    Os absorsores/coletores de energia solar térmica podem ser categorizados consoante a

    sua temperatura de funcionamento, assim tem-se a categoria dos que operam a baixas

    temperaturas (T

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    1.1.4.1. Mercado Atual

    Os absorsores solares para altas temperaturas presentes no mercado atual baseiam-se em

    tubos de aço inox revestidos geralmente por cermets, envolvidos por um tubo de vidro

    revestido por um filme anti refletor, no qual é feito vácuo e selado por uma convencional

    união metal-vidro (Figura 1).

    No mercado existem absorsores solares como o UVAC 2010 desenvolvido pela Solel

    (Siemens), que se baseia num revestimento multicamadas de cermets de alumina, com um

    coeficiente de absorção solar de 96% e uma emissividade a 400ºC de 9% [24]. O Schott

    PTR® 70 é um absorsor que usa um revestimento de absorção seletiva baseada num

    revestimento cermet de molibdénio e alumina, que segundo os seus produtores tem um

    coeficiente de absorção solar de 96% e uma emissividade de 9,5% a 400ºC [3]. Os HEMS11

    Archimede Solar Energy são produzidos com uma licença da ENEA (Agência Nacional de

    Pesquisa Italiana), com revestimentos baseados num cermet de tungsténio e alumina, o seu

    produtor refere para estes revestimentos um coeficiente de absorção solar superior a 95% e

    uma emissividade a 400ºC inferior a 9% [25]. Apesar de alguns deles serem estáveis a 400ºC

    ao ar por períodos de tempo curtos, nenhum deles provou ser suficientemente estável por

    longos períodos de tempo. Como tal o desenvolvimento de um revestimento que seja estável

    a 400ºC ao ar por longos períodos de tempo será um excelente indicativo do seu possível

    desempenho.

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    1.2. Propriedades óticas

    Radiação Solar

    A radiação solar é a energia radiante emitida pelo Sol sobre a forma de ondas

    eletromagnéticas. A emissão desta energia deve-se a processos de fusão nuclear no núcleo

    do Sol, onde átomos de hidrogénio dão origem a átomos de hélio, libertando-se enormes

    quantidades de energia.

    O espectro da radiação solar que atinge a atmosfera terrestre, vai desde comprimentos

    de onda dos 100 nm até 1 mm. No entanto a maior parte da radiação solar que atinge a

    atmosfera terrestre encontra-se nos comprimentos de onda das regiões do visível,

    ultravioletas e infravermelhos próximos da região do visível, como se pode constatar no

    espectro da radiação solar apresentado na figura 5, em que a curva a vermelho corresponde

    ao espectro da radiação solar que atinge a estratosfera terrestre e a curva a verde ao espectro

    da radiação solar que atinge a crosta terrestre (radiação ao nível do mar) depois de parte

    desta ter sido filtrada pelas restantes camadas da atmosfera. Há que ter em conta que só a

    radiação solar que atinge a crosta terrestre é que pode ser aproveitada para a produção de

    energia elétrica ou térmica.

    Figura 5 - Espectro da radiação solar que atinge a superfície terrestre

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    A energia proveniente da radiação solar que atinge a crosta terrestre anualmente é de

    cerca de 1,5×1018 kJ[26]. Tendo em conta que é uma energia limpa e praticamente

    inesgotável, numa escala de tempo para a qual o ser humano tem sensibilidade. É

    extremamente importante desenvolver e otimizar tecnologias que captem esta energia e a

    transformem em energia elétrica e térmica para colmatar a cada vez maior demanda por este

    tipo de energias.

    Constantes óticas

    A energia radiante que incide sobre um corpo, como é o caso da radiação solar, pode

    interagir de diversas formas com este, sofrendo fenómenos de reflexão, absorção e

    transmissão. Parte da radiação incidente num corpo pode ser refletida, isto consiste no

    retorno da energia incidente em direção à região de onde ela é oriunda, ou seja acontece um

    fenómeno de reflexão. Outra parte da radiação incidente num corpo pode ser absorvida pela

    massa do corpo em que esta incide, transformando-se, regra geral, em energia térmica, sendo

    isto característico de um fenómeno de absorção. E por fim, parte da radiação incidente pode

    ser transmitida, quando a radiação incidente propaga-se através do corpo em que incide para

    os meios seguintes, acontecendo assim fenómenos de transmissão.

    Os três fenómenos descritos no parágrafo anterior, são fenómenos competitivos, ou seja

    o aumento da reflexão da luz num corpo implica a diminuição da absorção e/ou da

    transmissão da luz neste. Como se pode ver na figura 6 e na equação 1, a soma da radiação

    que é refletida (Iref) com a absorvida (Iab) e a transmitida (Itr) pelo corpo tem que ser igual a

    totalidade da radiação incidente no corpo (I).

    Figura 6 - Esquema representativo dos fenómenos de interação da radiação solar com um corpo

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    𝐼 = 𝐼𝑟𝑒𝑓 + 𝐼𝑎𝑏 + 𝐼𝑡𝑟 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)

    Considerando agora os coeficientes de reflexão (ρ), de absorção (α) e de transmissão (τ)

    como representativos da parte da luz que é respetivamente refletida, absorvida e transmitida

    (estes coeficientes dependem do meio e da sua espessura), sabe-se que a sua soma tem que

    ser igual a 1 e que os valores destes podem variar entre 0 e 1. Assim obtêm-se a seguinte

    equação representativa desta afirmação, a equação 2.

    𝜌 + 𝛼 + 𝜏 = 1 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2)

    Assim conhecendo estes coeficientes ou pelo menos dois deles (o outro é posteriormente

    obtido a partir da equação 2) e a radiação incidente é possível determinar a radiação refletida,

    a radiação absorvida e a radiação transmitida pelo corpo. Para tal basta utilizar-se as

    seguintes equações (3-5).

    𝐼𝑟𝑒𝑓 = 𝜌𝐼 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 3); 𝐼𝑎𝑏 = 𝛼𝐼 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4); 𝐼𝜏 = 𝜏𝐼 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5)

    A intensidade com que cada um dos fenómenos anteriormente descritos pode ocorrer

    quando a radiação incide num determinando corpo, pode ser prevista através do

    conhecimento das constantes óticas características do material pelo qual o corpo é formado.

    Um material pode ser caracterizado por duas constantes óticas, o índice de refração (n)

    e o coeficiente de extinção (k). O índice de refração de um material representa o quociente

    entre a velocidade de propagação da luz no corpo (c) e a velocidade de propagação da luz

    no vazio (v). O coeficiente de extinção de um material representa a capacidade do material

    absorver determinados comprimentos de onda da radiação incidente (λ).

    𝑛 =𝑐

    𝑣 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 6); 𝑘 =

    𝛼𝐴𝜆

    4𝜋 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 7)

    Como se pode ver pela equação 7, o conhecimento do coeficiente de extinção, permite

    calcular o coeficiente de absorção por unidade de espessura do meio (αA), ou seja a fração

    da potência absorvida por unidade de espessura do meio. Podendo assim determinar a

    percentagem de radiação incidente que é absorvida pelo corpo. Conhecendo também o índice

    de refração, pode-se calcular a percentagem da radiação incidente que é refletida (R) pelo

    corpo, através da equação 8 (válida para uma interface ar/corpo):

    𝑅 = |ñ − 1

    ñ + 1|

    2

    =(𝑛 − 1)2 + 𝑘2

    (𝑛 + 1)2 + 𝑘2 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 8)

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    Conhecendo a percentagem da radiação incidente que é refletida e a percentagem da

    radiação incidente que é absorvida pelo corpo, também se pode determinar a fração da

    radiação incidente que é transmitida, pois a soma deste três fenómenos tem que corresponder

    à totalidade da radiação incidente (100%). Como tal o conhecimento das constantes óticas

    de cada material é fulcral para determinar a intensidade dos diversos fenómenos que ocorrem

    devido à interação da radiação solar com um corpo. Softwares de simulação, como o

    SCOUT, permitem através conhecimento da refletância e transmitância de um material

    determinar as suas constantes óticas (n; k) ou vice-versa. [27]

    Cálculo da função dielétrica

    A análise teórica da transmitância e da refletância dos filmes produzidos pode ser usada

    para determinar as contantes óticas desses filmes. Para tal utilizou-se um software de

    simulação e análise de espetros óticos, o SCOUT [28]. Este software, através da modelação

    das curvas experimentais da refletância e transmitância dos filmes, permite determinar a

    espessura dos filmes, as constantes óticas espetrais do filme e a sua função dielétrica. O

    mesmo software, através do conhecimento destas propriedades, permite simular o

    comportamento ótico (refletância) de um revestimento multicamadas, onde se escolheu a

    combinação de camadas e respetivas espessuras que permitam obter valores mais elevados

    de coeficientes de absorção solar.

    As constantes óticas são fulcrais para investigar o que acontece com a direção e a

    intensidade da luz quando interage com a matéria, enquanto que a função dielétrica é mais

    adequada para descrever os efeitos microscópicos dentro de um sólido [27]. As funções

    dielétricas (εr) das camadas individuais foram consideradas como uma contribuição das

    transições intrabandas e interbandas. A equação 9 descreve como são determinadas as

    funções dielétricas

    𝜀�̃� = 𝜀�̃�𝑢𝑛𝑑𝑜 + 𝜀�̃�𝑟𝑢𝑑𝑒 + ∑ 𝜀�̃�𝑜𝑟𝑒𝑛𝑡𝑧 + 𝜀�̃�𝐽𝐿 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 9)

    Onde o modelo de Drude (εDrude), usado apenas nos nitretos, representa os osciladores de

    eletrões livres e descreve as transições intrabandas de eletrões na banda de condução. O

    modelo de osciladores harmónicos (εLorentz) ligados foi usado para descrever as transições na

    parte superior da banda de condução [29]. O termo OJL (εOJL) foi usado para descrever as

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    transições interbandas considerando as bandas parabólicas com uma cauda de estados com

    decaimento exponencial para dentro do hiato de energia [30]. Também foi usada uma função

    representativa de um fundo constante (εfundo).

    O SCOUT mostrou-se uma ferramenta fulcral para a realização deste trabalho, uma vez

    que intrinsecamente faz estes cálculos complexos quando se procede à modelação da

    refletância e transmitância dos filmes das camadas individuais.

    Coeficiente de absorção solar

    O coeficiente de absorção solar (αs) é uma medida direta da eficiência do sistema ótico.

    O cálculo deste consiste em primeiro calcular o coeficiente de refletância solar (ρs), através

    da ponderação da refletância espectral (ρλ) de um corpo em relação à intensidade da radiação

    solar incidente no mesmo corpo ao longo dos vários comprimentos de onda (iλ,i). Como as

    amostras do sistema ótico são opacas, logo não existe transmissão da luz, assim através do

    conhecimento do coeficiente da refletância solar e sabendo que o coeficiente transmissão é

    zero é possível calcular o coeficiente de absorção solar a partir da equação 2. De seguida

    apresenta-se a equação 10 que representa as afirmações feitas.

    𝛼𝑠 = 1 − 𝜌𝑠 = 1 −𝐼𝑟𝑒𝑓

    𝐼𝑖= 1 −

    ∫ 𝜌𝜆∞

    0𝑖𝜆,𝑖𝑑𝜆

    ∫ 𝑖𝜆,𝑖𝑑𝜆∞

    0

    (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 10)

    Emissão térmica

    1.2.5.1. Corpo Negro

    Um corpo negro é um objeto teórico capaz de absorver toda (100%) a radiação que nele

    incide, independentemente do comprimento de onda, direção de incidência ou estado de

    polarização. Nenhuma parte da radiação nele incidente é transmitida ou refletida.

    Um corpo negro também pode ser considerado como o emissor perfeito, pois este

    comporta-se como uma fonte ideal de radiação térmica, isto é, se o corpo negro estiver em

    equilíbrio térmico com outros objetos na mesma temperatura, na média, ele emitirá tanta

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    radiação quanto a que absorve, para cada comprimento de onda. Um corpo negro a uma

    determinada temperatura emite exatamente os mesmos comprimentos de onda com as

    mesmas intensidades que emitiria um ambiente em equilíbrio à mesma temperatura.

    Existindo uma relação direta entre a temperatura dos corpos e o espectro emitido, ou seja,

    quanto maior for a temperatura do corpo negro menor são os comprimentos de onda do

    espectro emitido, pois menores comprimentos de onda estão associados a maiores energias.

    Este comportamento está ilustrado na figura 7.

    Figura 7 - Espectro de emissão de um corpo negro em função da sua temperatura[31]

    O que foi referido no parágrafo anterior pode ser descrito pela equação de Planck

    (equação 11), uma vez que a emissão de um corpo negro é função da sua temperatura:

    𝐸𝑏𝜆 =𝐶1

    𝜆5 (𝑒𝐶2

    𝜆𝑇⁄ − 1)

    (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 11)

    Onde,

    Ebλ – poder emissivo monocromático de um corpo negro [W/m2.µm]

    T – temperatura do corpo [K]

    λ – comprimento de onda [µm]

    C1 – 3,74x108 W/m2.µm

    C2 – 1,44x104 W/m2.µm

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    A energia emitida por um corpo negro (Eb) é dada pela lei de Stefan-Boltzman (equação

    12) e consiste na integração de Ebλ em função do comprimento de onda.

    𝐸𝑏 = ∫ 𝐸𝑏𝜆𝑑𝜆∞

    0

    = 𝜎𝑇4 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 12)

    Onde,

    σ – constante de Stefan Boltzman = 5,6696x10-8 W/m2.K4

    1.2.5.2. Emissividade

    Todos os corpos têm tendência para emitir energia sobre a forma de radiação, regra geral

    a radiação que é emitida é dos comprimentos de onda dos infravermelhos, exceto para

    temperaturas elevadas onde já há emissão na região do visível. A emissividade (ε) é uma

    propriedade dos materiais que como se pode ver pela equação 13, representa o quociente

    entre a energia irradiada pela superfície de um corpo (E) relativamente à energia emitida por

    um corpo negro à mesma temperatura. Na figura 8, pode-se ver o espectro de emissão de

    radiação diferentes corpos [32], onde facilmente se vê que o corpo negro é o que apresenta

    valores de emissão mais elevados.

    Figura 8 - Espectro de emissão de radiação de diferentes corpos

    𝜀 =𝐸

    𝐸𝑏 , 0 < 𝜀 < 1 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 13)

    Como tal a emissividade mede a tendência que um corpo tem para emitir radiação

    através da sua superfície. A emissividade de um corpo é função da sua temperatura. Regra

    geral quanto mais refletor for o material menor será a sua emissividade. Um corpo que

    apresente valores elevados de emissividade tem associadas perdas elevadas de energia sobre

    a forma de radiação.

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    Técnicas experimentais

    Neste capítulo falar-se-ão brevemente das várias técnicas experimentais usadas no

    desenvolvimento do sistema ótico. Estas técnicas estão divididas em três grandes grupos, as

    técnicas de processamento que permitem a produção do sistema ótico, as técnicas de

    caraterização que como o próprio nome indica permitem caraterizar o sistema ótico e por

    fim as técnicas usadas para testar a durabilidade do sistema ótico.

    2.1. Técnicas de Processamento

    O sistema ótico consiste em revestimentos multicamadas de filmes finos, a principal

    técnica de processamento utilizada na produção destes filmes finos foi a pulverização

    catódica, usada na produção das camadas de W; AlSiNx; AlSiNxOy; AlSiOx. O CVD foi

    usado em menor extensão, unicamente para a produção de SiO2.

    Deposição Física de Vapores por Pulverização Catódica

    A deposição física de vapores por pulverização catódica é uma técnica usada na

    produção de filmes finos em vácuo, que é comummente conhecida por Magnetrão

    Sputtering.

    Esta técnica consiste sucintamente na criação de um plasma gasoso que vai gerar iões

    que posteriormente vão ser acelerados contra um alvo. O bombardeamento do alvo pelos

    iões através de fenómenos de transferência de energia vão promover a ejeção de partículas

    (átomos individuais, grupos de átomos e moléculas) do alvo, num processo chamado

    pulverização ou “sputtering”. Estas partículas ao serem ejetadas vão viajar e depois vão se

    condensar em superfícies/substratos formando assim filmes finos.

    A existência de um magnetrão tem como um intuito o confinamento do plasma gasoso

    nas proximidades do alvo, promovendo assim uma ionização mais eficiente dos átomos do

    gás de trabalho, usualmente árgon. Isto permite usar tensões mais baixas para promover a

    ionização do gás de trabalho, além disso também se pode usar pressões de trabalho inferiores

    a 10-3 mbar. A pressão de trabalho tem influência no livre percurso médio dos átomos

    arrancados e consequentemente na energia com que eles atingem o substrato e na taxa de

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    deposição. Assim pressões de trabalho mais baixas levam o aumento do livre percurso médio

    levando a que as partículas arrancadas do alvo atinjam o substrato com mais energia

    originando filmes mais compactos e de melhor qualidade.

    A figura 9 ilustra o que foi referenciado nos dois anteriores parágrafos.

    Figura 9 - Esquematização do funcionamento do PVD [33]

    Esta técnica pode ser ou não reativa, ou seja, se durante a deposição não se colocarem

    gases reativos na câmara e se o alvo for por exemplo de um material metálico, o filme fino

    originado será desse metal. No entanto, se durante a deposição inserirem-se gases reativos

    como oxigénio, as partículas removidas desse alvo metálico vão reagir com as moléculas de

    oxigénio presentes levando a formação de óxidos, depositando-se assim filmes finos de

    óxido desse metal. Esta caraterística é extremamente importante para este trabalho. Pois a

    partir do mesmo alvo é possível depositar diferentes filmes finos usando diferentes gases

    reativos e diferentes proporções dos mesmos, obtendo assim diferentes materiais com

    diferentes propriedades óticas, o que é essencial para o desenvolvimento do comportamento

    ótico pretendido.

    O equipamento de pulverização catódica utlizado pertence ao Centro de Física da

    Universidade do Minho e encontra-se na Escola de Ciências do polo de Azurém.

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    Deposição Química de Vapores (CVD)

    A deposição química de vapores, vulgarmente conhecida pela sua sigla em inglês CVD

    é uma técnica de produção de filmes finos que envolve dissociações e/ou reações químicas

    de gases percussores num meio ativado por luz, calor ou plasma levando à formação de um

    produto sólido estável. Assim, estas deposições englobam reações homogéneas que ocorrem

    na fase gasosa e reações químicas heterogéneas que ocorrem sobre ou na proximidade de

    uma superfície aquecida (substrato) levando à formação sobre esta de filmes finos. Este tipo

    de deposição é de natureza atomística, uma vez que as espécies depositadas são átomos,

    moléculas ou combinação de ambos.[34]

    Existem várias técnicas de CVD, tais como o HWCVD, o PECVD entre muitas outras.

    Apesar das várias peculiaridades de cada técnica, todas se baseiam num princípio de

    funcionamento geral, ilustrado na figura 10. Este consiste na (1) formação dos reagentes

    gasosos. Depois segue-se a (2) inserção destes gases reativos/percursores num reator através

    de um fluxo forçado contínuo. De seguida, ocorre (3) a reação entre os reagentes o que leva

    a formação de espécies intermédias. Posteriormente, ocorre a formação de uma fase sólida

    na camada secundária (camada limite que se forma na superfície do substrato e onde se dá a

    reação). No passo seguinte tem-se a (4) adsorção de reagentes gasosos sobre o substrato

    aquecido (reação heterogénea). Depois, ocorre a (5) difusão dos produtos ao longo da

    superfície havendo a formação do centro de cristalização e crescimento do filme. Por fim,

    (6) os subprodutos gasosos são removidos da camada secundária através de convecção e (7)

    todos os produtos gasosos são retirados da câmara de reação.

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    Figura 10 – Esquema de funcionamento do CVD [34]

    A técnica de CVD será utilizada neste trabalho para a produção de filmes finos de SiO2

    e foi escolhida por permitir obter entre outros fatores uma boa capacidade de cobrimento e

    deposição uniformes mesmo em substratos irregulares. Esta característica será essencial para

    o bom desempenho deste camada de SiO2, que entre outras funções tem a de conferir uma

    proteção as restantes camadas e ao substrato contra fenómenos degradativos, aumentado

    assim a vida útil do sistema ótico desenvolvido.

    O equipamento de CVD utlizado pertence à empresa finlandesa SAVO SOLAR.

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    2.2. Técnicas de caraterização

    2.2.1.1. Caraterização ótica

    2.2.1.2. Espectrofotometria

    A espectrofotometria é uma técnica quantitativa que permite quantificar a reflexão,

    absorção e transmissão da luz em função do comprimento de onda de um determinado

    material.

    Esta técnica envolve o uso de um espectrofotómetro, que é um equipamento usado como

    fonte de luz com uma determinada energia (comprimento de onda) e que de seguida

    dependendo do seu modo de deteção mede a quantidade de luz que é refletida, absorvida ou

    transmitida pela amostra. Mais detalhadamente pode se ver na figura 11 o princípio de

    funcionamento deste esquipamento, que consiste em ter uma fonte de luz (lâmpada) que

    como é de esperar emite luz. Essa luz passa por uma abertura e incide num prisma que

    transforma um feixe de luz policromático num feixe monocromático (monocromador), de

    seguida esse feixe sai por uma abertura e vai incidir na amostra a caraterizar, a luz resultante

    da interação do feixe incidente com a amostra é detetada por um detetor e de seguida á um

    processador de sinal que permite determinar assim as propriedades óticas da amostra.

    Figura 11 - Esquema de funcionamento de um espectrofotómetro [35]

    Esta técnica é das mais importantes para a realização deste trabalho, pois está presente

    em todas as fases do trabalho uma vez que é essencial conhecer detalhadamente as

    propriedades óticas de todos os materiais que integram este sistema ótico de modo a

    desenvolvê-lo o mais eficientemente possível.

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    O espectrofotómetro UV-Vis-IR utilizado foi um Shimadzu UV-3101PC pertencente ao

    Centro de Física da Universidade do Minho que se encontra no Departamento de Física no

    polo de Gualtar.

    2.2.1.3. Medição da Emissividade

    A medição da emissividade baseia-se num detetor de infravermelhos que deteta a

    radiação emitida por um corpo com comprimentos de onda compreendidos entre os 2,5 a 30

    µm. Este equipamento integra a radiação ao longo dos comprimentos de onda detetados

    permitindo determinar a energia emitida pela superfície do corpo, depois automaticamente

    a compara com a energia emitida por um corpo negro à mesma temperatura possibilitando

    assim a determinação da emissividade (equação 13).

    Para assegurar uma correta medição o equipamento é calibrado através do uso de dois

    padrões, um com uma emissividade (ε) de 0,06 e outro com uma de 0,88.

    Para a medição da emissividade usou-se um emissómetro AE-AD3 da empresa Devices

    & Service Company pertencente ao Centro de Física da Universidade do Minho que se

    encontra na Escola de Ciências no polo de Azurém.

    Caraterização estrutural, morfológica e química

    2.2.2.1. Microscopia Eletrónica de Varrimento (SEM)

    A microscopia eletrónica de varrimento que é vulgarmente conhecida pela sua sigla em

    inglês SEM (scanning eletron microscopy), é uma técnica de análise não destrutiva que

    utiliza um feixe de eletrões de alta energia para gerar uma variedade de sinais na superfície

    de amostras sólidas. Os sinais que derivam da interação entre o feixe de eletrões e a amostras

    após a sua deteção por detetores adequados permitem revelar informações como a

    morfologia, a textura, a composição química, as estruturas cristalinas e a orientação dos

    materiais constituintes da amostra. Esta é uma técnica de alta resolução que pode gerar

    imagens da superfície das amostras com ampliações de até 500 000x.

    O princípio de funcionamento desta técnica, como já foi dado a entender no parágrafo

    anterior, consiste na produção de um feixe de eletrões de alta energia (10 a 50 keV) que ao

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    colidir com uma amostra vai dissipar essa energia gerando uma variedade de sinais

    característicos das interações entre os eletrões e a amostra. Estes sinais, entre outros, incluem

    eletrões secundários, eletrões retrodifundidos, eletrões retrodifundidos difratados e raios-X.

    Os eletrões secundários e os retrodifundidos são usados na geração de imagens SEM, sendo

    os eletrões secundários usados para obter a morfologia e topografia das amostras e os eletrões

    retrodifundidos usados para ilustrar contrastes em amostras que têm fases de diferentes

    composições. Os eletrões retrodifundidos difratados são usados para determinar estruturas

    cristalinas e as suas orientações. Os raios-X produzidos permitem fazer análises elementares

    quantitativas e qualitativas, ou seja determinar a composição química da amostra através de

    uma técnica de análise, o EDS que geralmente está associada ao SEM e do qual se falará

    posteriormente.

    As amostras que passam por este tipo de caraterização não devem ser afetadas pelo alto

    vácuo que é necessário à realização desta técnica. Além da condição anterior, caso a amostra

    não apresente uma boa condutividade superficial, é necessário proceder-se a uma deposição

    de uma fina camada de ouro de modo a evitar a acumulação de cargas na superfície da

    amostra.

    A caracterização das amostras por esta técnica é essencial pois permite avaliar a

    homogeneidade dos revestimentos bem como a sua morfologia o que está relacionado com

    o desempenho do sistema ótico.

    Para esta caraterização foi utilizado um NanoSEM – FEI Nova 200 (FEG/SEM); EDAX

    –Pegasus X4M. Este equipamento pertence ao SEMAT da Universidade do Minho e está

    localizado na Escola de Ciências no polo de Azurém.

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    2.2.2.2. Espectroscopia de raios-X por dispersão de energia (EDS)

    A espectroscopia de raios-X por dispersão de energia, vulgarmente conhecida pela sua

    sigla em inglês EDS, é uma técnica de microanálise não destrutiva que permite a

    determinação da composição química de materiais analisados por esta técnica.

    O equipamento utilizado nesta técnica, que regra geral está integrado no equipamento

    usado no SEM, consiste num detetor de raios-X, um tanque de armazenamento de azoto

    líquido para arrefecimento e um software para recolha e análise dos dados.

    O princípio de funcionamento desta técnica baseia-se na deteção dos raios-X emitidos

    por uma amostra quando esta é bombardeada por um feixe de eletrões de alta energia (10 a

    50 keV). Os eletrões do feixe de alta energia que bombardeiam a amostra promovem a

    remoção de eletrões das orbitais interiores (baixa energia) do material por fenómenos de

    transferência de energia. Os eletrões removidos da amostra são substituídos por eletrões de

    orbitais mais energéticas, a energia perdida por estes quando se movem de uma orbital de

    um nível energético superior para uma de um nível energético inferior é libertada sobre a

    forma de raios-X. Cada elemento atómico tem vários níveis de energia, logo existem várias

    possibilidades de remoções de eletrões de diferentes níveis energéticos, como tal também

    existem várias possibilidades de eletrões de níveis energéticos superiores ocuparem as vagas

    deixadas pelos eletrões removidos. Como consequência, mesmo os elementos puros emitem

    raios-X com diferentes energias, mas como cada elemento tem uma estrutura atómica

    característica e diferenciada dos restantes assim também cada elemento terá um espectro de

    emissão de raios-X característico e diferenciado dos restantes elementos. Como tal, através

    da deteção dos diferentes espectros de raios-X emitidos pelo material é possível identificar

    os elementos que fazem parte da sua constituição. A intensidade com que cada espectro de

    raios-X atinge o detetor permite a quantificação de cada elemento. Assim esta técnica

    permite a qualificação e quantificação dos elementos presentes no material, ou seja, permite

    determinar a composição química deste.

    Os resultados obtidos regra geral apresentam-se graficamente, onde nos eixos das

    ordenadas está a intensidade dos raios-X e no eixo das abcissas a energia emitida por estes

    em keV. Os picos de energia correspondem aos vários elementos da amostra e regra geral

    eles são estreitos e facilmente identificáveis, mas há que ter em conta que alguns elementos

    apresentam picos múltiplos e que os picos de elementos em baixa concentração podem ser

    ocultados pela radiação de “fundo”. Além disto está técnica tem outras limitações, como a

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    sobreposição de picos de diferentes elementos, logo um pico pode corresponder a vários

    elementos o que em alguns casos pode dificultar uma correta análise. Outra limitação é na

    dificuldade de deteção de elementos atómicos leves, tipicamente com números atómicos

    inferiores ao sódio (Na).

    As amostras analisadas por está técnica têm que cumprir os mesmos requisitos das

    amostras analisadas por SEM, uma vez que está técnica como já foi referido, está integrada

    na técnica do SEM.

    A caracterização das amostras das camadas individuais de nitretos e oxinitretos e óxidos

    por esta técnica é importante pois permite avaliar as alterações químicas nas amostras devido

    à alteração das diferentes condições de processamento, tais como os diferentes alvos, os

    diferentes gases reativos utilizados e os seus fluxos, entre outros.

    Nesta caraterização foi usado o mesmo equipamento que foi utilizado na caraterização

    anteriormente descrita (SEM).

    2.2.2.3. Espectroscopia de fotoeletrões por raios-X (XPS)

    A espectroscopia de fotoeletrões por raios-X, conhecida pela sua sigla em inglês XPS,

    é uma técnica de análise superficial não destrutiva que se baseia no efeito fotoelétrico para

    medir a composição elementar, a fórmula empírica, o estado químico e o estado eletrónico

    dos elementos existentes no material.

    O princípio de funcionamento desta técnica consiste em incidir sobre a amostra um feixe

    monocromático de raios-X (1,0 a 1,5 keV), usando tipicamente como fonte da radiação de

    Mg ou Al e posteriormente medir a energia e intensidade com que os fotoeletrões são

    removidos da amostra. Pois, quando um feixe de raios-X incide sobre a superfície da

    amostra, a energia dos fotões de raios-X é absorvida pelo eletrões dos átomos da amostra.

    Se a energia dos fotões forem superiores as energias de ligação dos eletrões, estes escapam

    e são emitidos para fora da superfície. Os eletrões emitidos são referidos como fotoeletrões

    e devido à sua emissão estes têm uma energia cinética associada. A energia de ligação pode

    assim ser determinada através da relação de Einstein (equação 14).

    𝐸𝑏 = ℎ𝑣 − 𝐸𝑘 − 𝜙 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 14)

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    Onde Eb é a energia de ligação da orbital da qual o eletrão removido, hν é a energia do

    fotão de raios-X (energia fixa e dependente da fonte de emissão), Ek é a energia cinética do

    fotoeletrão e φ é a função de trabalho induzida pelo equipamento de análise e cuja influência

    pode ser removida através de calibração do equipamento. Obtendo assim a equação:

    𝐸𝑏 = ℎ𝑣 − 𝐸𝑘 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 15)

    Onde conhecendo a energia do feixe dos fotões de raios-X e com a deteção da energia

    cinética com que os eletrões removidos se movimentam é possível determinar a energia de

    ligação destes. A energia de ligação que também pode ser referida como energia de ionização

    tem valores característicos e bem definidos para os vários elementos atómicos bem como as

    moléculas que estes podem formar quando estabelecem ligações entre si. Assim tendo em

    conta este pressuposto, a determinação das energias de l