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Caderno de Resumos do Congresso Internacional de Estudos sobre África e Brasil (CONEAB), Garanhuns: NEAB/UPE, v.1, 2015, p. 11

“A CONFISSÃO DA LEOA”, DE MIA COUTO: ENTRE MITOS E RITOS Anderson de Souza Frasão (UFS) As literaturas africanas de língua portuguesa são marcadas por uma complexa rede de relações que vão desde os intertextos com a tradição oral até os contatos com as literaturas europeias, latino-americanas e africanas em outras línguas, como nos informa Ana Mafalda Leite (2012), em Oralidades & escritas pós-coloniais: estudos sobre literaturas africanas; buscam a identidade como forma de re-conhecimento do ser africano, que semelhantemente é marcado pelos contatos com outros povos e outras culturas. Trata-se, na verdade, de um universo híbrido que evidencia tensões e que alcança níveis históricos, culturais e sociais, todos eles potencializados no projeto estético-literário de seus escritores. Da generalização para o específico: o universo ficcional em Moçambique se faz, segundo Francisco Noa (2008, p. 44), pela “conciliação ou a confrontação de múltiplas ordens e dimensões”, dentre elas “o tradicional e o moderno, o passado e o presente, o interdito e o permitido, o rural e o urbano, [...] a vida e a morte”. Representar esses confrontos, com vistas a transcender as relações binárias, parece uma marca distintiva na produção literária do escritor moçambicano Mia Couto, pois em grande parte de suas narrativas a tradição faz parte da vida cotidiana de seu povo, sendo elemento fundamental nas suas trajetórias. Assim sendo, discutir como as personagens do romance A confissão da leoa (2012), de sua autoria, se colocam entre a preservação e a transitoriedade de suas culturas, sob a referência dos modelos culturais estrangeiros e dos processos de modernização, é o objetivo deste trabalho, na perspectiva de perceber como os mitos e ritos, assim como o animismo e o evemerismo, características existentes em “sociedades primitivas”, povoam os limites da racionalidade “moderna”.