Andebol - Herlander Silva

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Herlander Silva, Daniela Silva - 1 - 2006 Coordenação – como trabalhar no jovem atleta Silva, Herlander 1 Silva, Daniela 2 1 Licenciado em Educação Física e Desporto pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Treinador de Grau 3, Seleccionador na Associação de Andebol de Aveiro. E-mail: [email protected] 2 Licencianda em Educação Física e Desporto pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras Chave: Andebol, Coordenação, Velocidade de Reacção O movimento, do ponto de vista neurológico, é entendido como toda a “actividade voluntária em que participam todas as formas de movimento, conscientes e inconscientes, controladas e perspectivadas pelo sujeito e de acordo com o sistema nervoso.” (Antonelli & Salvini, 1978). A coordenação é a forma como o corpo se relaciona consigo próprio num determinado espaço físico, inserido numa realidade temporal. Segundo Kiphard e Schilling (1976) a coordenação é a interacção harmoniosa e económica dos sistemas musculo-esquelético, do sistema nervoso e do sistema sensorial com o fim de produzir acções motoras precisas e equilibradas, e reacções rápidas adaptadas a diversas situações. É através do controlo muscular que conseguimos realizar desde as mais simples tarefas do dia-a- -dia até às mais complexas, dependendo essa complexidade do número de graus de liberdade implicados no movimento (Todorov, E.; Jordan, E.; 2002). Num jogo de andebol, existe uma multiplicidade de factores que, aliados aos graus de liberdade inerentes às acções táctico-técnicas realizadas, tornam imprescindível uma boa coordenação, quer muscular, quer perceptiva. Segundo Sampaio e Reis (2003) ao nível muscular existem dois tipos de coordenação: (i) a coordenação intramuscular que nada mais é do que a relação entre o número de fibras musculares estimuladas e a frequência de estimulação do sistema neuromuscular e (ii) a coordenação intermuscular que é a coordenação dos músculos de acção agonista, sinérgica e antagonista combinando diferentes modelos de estímulos (alongamento-encurtamento). A adequada harmonia entre agonistas e antagonistas, a automatização das acções bem como a estabilidade da coordenação fina dos músculos participantes no movimento desportivo constituem factores que influem de forma relevante no nível de desempenho. Segundo Ribeiro (2000), as características que mais dificultam a criança na sua pretensão de jogar como um adulto situam-se a cinco níveis: (i) Capacidades coordenativas, (ii) capacidades tácticas, (iii) capacidades condicionais básicas, (iv) nível das capacidades técnicas e (v) nível das capacidades psíquicas. No que diz respeito às capacidades coordenativas destacam-se as dificuldades em se deslocar para um objecto em movimento, tendo a percepção do seu local de queda (orientação espaço-temporal); dificuldades em dissociar os diferentes segmentos corporais (diferenciação cinestésica); dificuldade em permanecer equilibrado após travagens, mudanças de direcção e saltos (dificuldades de equilíbrio, especialmente na sua componente dinâmica); dificuldade de alternância de estado de relaxação/ tensão muscular; predominância estabilizada dum membro sobre o outro; dificuldades ao nível óculo-manual e óculo pedal; e dificuldades de velocidade de reacção, especialmente na sua vertente complexa. Para o trabalho desta índole, nem sempre é fácil motivar os atletas mais jovens, visto que, na sua perspectiva, é algo que não é muito importante trabalhar. Desta forma temos que arranjar formas lúdicas que, até as aprendizagens estarem consolidadas, deverão ser não competitivas. Os exercícios deverão ser construídos progressivamente até chegarmos à situação mais próxima de jogo possível, com objectivos diferenciados. Na fase inicial de aprendizagem o Sistema Nervoso Central não deverá estar fatigado para que seja possível construir ou readaptar o programa motor genérico à situação apresentada mas, à medida que vamos conseguindo consolidar as aprendizagens, devemos realizar os exercícios já com alguma fadiga, por aproximação à situação de jogo. Neste tipo de trabalho, o feedback do treinador é importante, mas o atleta facilmente consegue ter a percepção de se está ou não a realizar correctamente o exercício. Em artigo serão propostos e fornecidos em suporte de vídeo, um conjunto de exercícios adequados para trabalhar cada uma das capacidades coordenativas que Ribeiro (2000), destaca como sendo as que mais dificultam que a criança “jogue” como um adulto, por forma a que estes possam ser readaptados à realidade a que são apresentados. Bibliografia: Casal, P. (2004). La mejora de los movimientos de pies en defensa. XV Clinic de Baloncesto, Ourense, Espanha. Pelz, J.; Hayhoe, L & Loeber, R. (2001). The coordination of eye, head and hand movements in natural tasks Verlag: Springer-Verlag. Ribeiro, M. (2000). O ensino do andebol na escola – 1ª Parte. Caderno Técnico n.º 3. Andeboltop, 3, 17-23.

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    Coordenao como trabalhar no jovem atleta

    Silva, Herlander1 Silva, Daniela

    2

    1 Licenciado em Educao Fsica e Desporto pela Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro, Treinador de Grau 3, Seleccionador

    na Associao de Andebol de Aveiro. E-mail: [email protected]

    2 Licencianda em Educao Fsica e Desporto pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

    Palavras Chave: Andebol, Coordenao, Velocidade de Reaco

    O movimento, do ponto de vista neurolgico, entendido como toda a actividade voluntria em que participam

    todas as formas de movimento, conscientes e inconscientes, controladas e perspectivadas pelo sujeito e de acordo

    com o sistema nervoso. (Antonelli & Salvini, 1978). A coordenao a forma como o corpo se relaciona consigo

    prprio num determinado espao fsico, inserido numa realidade temporal. Segundo Kiphard e Schilling (1976) a

    coordenao a interaco harmoniosa e econmica dos sistemas musculo-esqueltico, do sistema nervoso e do

    sistema sensorial com o fim de produzir aces motoras precisas e equilibradas, e reaces rpidas adaptadas a

    diversas situaes. atravs do controlo muscular que conseguimos realizar desde as mais simples tarefas do dia-a-

    -dia at s mais complexas, dependendo essa complexidade do nmero de graus de liberdade implicados no

    movimento (Todorov, E.; Jordan, E.; 2002). Num jogo de andebol, existe uma multiplicidade de factores que, aliados

    aos graus de liberdade inerentes s aces tctico-tcnicas realizadas, tornam imprescindvel uma boa coordenao,

    quer muscular, quer perceptiva. Segundo Sampaio e Reis (2003) ao nvel muscular existem dois tipos de

    coordenao: (i) a coordenao intramuscular que nada mais do que a relao entre o nmero de fibras musculares

    estimuladas e a frequncia de estimulao do sistema neuromuscular e (ii) a coordenao intermuscular que a

    coordenao dos msculos de aco agonista, sinrgica e antagonista combinando diferentes modelos de estmulos

    (alongamento-encurtamento). A adequada harmonia entre agonistas e antagonistas, a automatizao das aces bem

    como a estabilidade da coordenao fina dos msculos participantes no movimento desportivo constituem factores

    que influem de forma relevante no nvel de desempenho. Segundo Ribeiro (2000), as caractersticas que mais

    dificultam a criana na sua pretenso de jogar como um adulto situam-se a cinco nveis: (i) Capacidades

    coordenativas, (ii) capacidades tcticas, (iii) capacidades condicionais bsicas, (iv) nvel das capacidades tcnicas e

    (v) nvel das capacidades psquicas. No que diz respeito s capacidades coordenativas destacam-se as dificuldades em

    se deslocar para um objecto em movimento, tendo a percepo do seu local de queda (orientao espao-temporal);

    dificuldades em dissociar os diferentes segmentos corporais (diferenciao cinestsica); dificuldade em permanecer

    equilibrado aps travagens, mudanas de direco e saltos (dificuldades de equilbrio, especialmente na sua

    componente dinmica); dificuldade de alternncia de estado de relaxao/ tenso muscular; predominncia

    estabilizada dum membro sobre o outro; dificuldades ao nvel culo-manual e culo pedal; e dificuldades de

    velocidade de reaco, especialmente na sua vertente complexa. Para o trabalho desta ndole, nem sempre fcil

    motivar os atletas mais jovens, visto que, na sua perspectiva, algo que no muito importante trabalhar. Desta

    forma temos que arranjar formas ldicas que, at as aprendizagens estarem consolidadas, devero ser no

    competitivas. Os exerccios devero ser construdos progressivamente at chegarmos situao mais prxima de jogo

    possvel, com objectivos diferenciados. Na fase inicial de aprendizagem o Sistema Nervoso Central no dever estar

    fatigado para que seja possvel construir ou readaptar o programa motor genrico situao apresentada mas,

    medida que vamos conseguindo consolidar as aprendizagens, devemos realizar os exerccios j com alguma fadiga,

    por aproximao situao de jogo. Neste tipo de trabalho, o feedback do treinador importante, mas o atleta

    facilmente consegue ter a percepo de se est ou no a realizar correctamente o exerccio.

    Em artigo sero propostos e fornecidos em suporte de vdeo, um conjunto de exerccios adequados para trabalhar

    cada uma das capacidades coordenativas que Ribeiro (2000), destaca como sendo as que mais dificultam que a

    criana jogue como um adulto, por forma a que estes possam ser readaptados realidade a que so apresentados.

    Bibliografia:

    Casal, P. (2004). La mejora de los movimientos de pies en defensa. XV Clinic de Baloncesto, Ourense, Espanha.

    Pelz, J.; Hayhoe, L & Loeber, R. (2001). The coordination of eye, head and hand movements in natural tasks Verlag: Springer-Verlag.

    Ribeiro, M. (2000). O ensino do andebol na escola 1 Parte. Caderno Tcnico n. 3. Andeboltop, 3, 17-23.