ANATOMIA DENTÁRIA periodontal

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ANATOMIA DENTRIAGeneralidades A palavra anatomia originria do grego ("anatom" significando 'inciso') e do latim ("anatoma-" significando 'dissecao do corpo'). Trata-se da cincia que, tendo por base os mtodos de dissecao e corte, estuda a organizao estrutural dos seres vivos, por isso tambm denominada morfologia interna.

Alguns animais possuem uma nica dentio (se perderem algum dente no nasce outro no lugar); outros possuem vrias denties e existem aqueles animais que, como ns, humanos, possumos duas denties. Os animais que possuem uma nica dentio so denominados monofiodontes (do grego "mnos", 'nico + "pho", 'nascer' + "odonto", 'dente') que, como exemplos, poder-se-ia citar baleia, tatu e bicho-preguia. Os que possuem vrias denties so chamados de polifiodontes (do grego poli, muitos + "pho", 'nascer' + "odonto", 'dente'). Entre estes esto, por exemplo, peixes, que na maioria das espcies apresentam centenas de denties e os rpteis como os crocodilos que apresentam cerca de 25 denties. Os animais que, como ns e os mamferos domsticos, possumos duas denties so conhecidos como difiodontes (do grego di, dois + "pho", 'nascer' + "odonto", 'dente') . As duas denties humanas A primeira dentio, que comea a se formar por volta dos seis meses de idade completando-se por volta dos trs anos, chamada dentio primria, decdua, temporria, infantil, de leite, e outros. Nota: o nome de leite se deve cor fortemente esbranquiada destes elementos; e o nome decdua inspirado em certas plantas das florestas temperadas, as quais perdem suas folhas anualmente, no outono e inverno, renovando-as na primavera e vero (Do latim "decidu-", 'que cai; cado'). Nesta dentio existem normalmente 20 dentes (sendo dez na arcada superior e dez na inferior).

A segunda dentiao, que comea a formar-se por vota dos seis anos completando-se aproximadamente aos treze anos, denominada dentio permanente ou secundria. Nesta dentio existem, normalmente, 32 dentes sendo dezesseis em cada arcada.HOMODONTIA E HETERODONTIA

Alguns animais possuem todos os seus dentes morfologicamente semelhantes e so denominados homodontes (do grego homos, semelhante + odonto, dente); e outros, como ns, temos dentes com formatos variados e somos denominados heterodontes (do grego hetero, diferente + odonto, dente). Os animais homodontes (figura abaixo) apresentam, portanto, todos os dentes da mesma forma, variando apenas pelo volume. Os dentes, nestes animais, servem para apreender a presa e depois degluti-la. So exemplos de animais homodontes, a maioria dos peixes, os crocodilianos, os ofdios e alguns mamferos da subordem Odontoceti (golfinho e o cachalote).

Os grupos dentrios humanos (incisivos, caninos, pr-molares e molares). Ns humanos, que, como os mamferos domsticos (gato, cachorro, etc), somos heterodontes, apresentamos os dentes morfologicamente diferentes divididos em grupos com funes diferentes para cada grupo. Trata-se, portanto, de uma adaptao evolutiva..

O ato de mastigar como uma linha de produo. Cada um de nossos dentes, com suas formas to variadas e diferentes, tm funes especficas e distintas neste ato. Uns so responsveis por cortar em pedaos o alimento; outros so responsveis por picar estes pedaos; e, por fim, outros so responsveis por moer tais pedaos at transformar todo o alimento em uma pasta, saborosa e rica em energia. A falta de um destes dentes ao "trabalho" leva, fatalmente, m formao do produto final (bolo alimentar), permitindo que parte do alimento seja deglutido na forma de "pedaos", cujas pores internas no sofrero a ao das enzimas digestivas, sendo descartados pelo corpo com toda a sua riqueza energtica desprezada, vitaminas e sais minerais to importantes para a vida. Da o prejuzo para a sade total do indivduo que representa a perda de um ou mais destes elementos. Por isso, costuma-se considerar dentro das funes dos dentes, quatro aspectos caractersticos: preenso, inciso, dilacerao e triturao. Os grupos dentais humanos especializados nas funes acima so denominados incisivos, caninos, pr-molares e molares. Vejamos agora, com desenhos esquemticos, estes grupos funcionais dentrios especializados.

A inciso dos alimentos, ou ato de cort-los em partculas menores, realizado pelas peas dentrias situadas anteriormente na boca, cujo conjunto denominado dentes incisivos. Os incisivos so dentes espatulados e cuneiformes, que possuem uma borda cortante e situam-se imediatamente atrs dos lbios, os quais funcionam como suporte, evitando que os incisivos se desloquem para adiante. A dilacerao dos alimentos, ou o ato de rasgar e reduzir as substncias alimentares a partculas menos compactas, realizada pelo grupo de quatro dentes: os caninos, que seguem aos incisivos na seqncia normal dos dentes nas arcadas dentrias. Os caninos possuem formas aguadas e so de volume maior que o dos incisivos. Distinguem-se destes por terem borda cortante dividida em dois segmentos distintos por uma ponta ntida, que ultrapassa o plano incisal normal dos dentes espatulados. Observao: os dentes anteriores, incisivos e caninos, alm das suas funes at agora mencionadas, desempenham funo importante na esttica buco-facial. A perda de parte ou de todos os dentes anteriores ocasiona profundas modificaes no s no esqueleto facial como tambm nas partes moles que o recobrem. Os lbios e as bochechas se introfletem para a cavidade bucal devido ao fato de perderem seus elementos suportes, produzindo-se um caracterstico pregueamento vertical.

A triturao dos alimentos feita pelos pr-molares e pelos molares. Se a simplicidade de forma adaptada funo uma caracterstica dos dentes anteriores, a complexidade que se sobressai nos posteriores. A morfologia dos dentes complica-se medida que retrocedemos na arcada dentria. Este fato deve-se presena de salincias, sulcos e depresses mais ou menos acentuadas, que tornam os pr-molares e molares aptos a desempenharem suas funes de verdadeiras ms (da o nome molar) ou de um pistilo no gral no ato de reduzirem substncias alimentares a partculas mais facilmente deglutveis e digerveis. As arcadas dentrias (superior e inferior) As faces de todos os dentes humanos voltadas para a bochecha, lbio ou lngua tem, cada face, uma morfologia curva que lembra a forma de um arco. Quando os dentes esto em posio na boca eles se colocam lado a lado e o conjunto deste arcos individuais forma uma curva denominada de arcada dental (o termo arcada usado para lembrar que tal curva formada por um conjunto de arcos). A figura A abaixo mostra o arco dental inferior permanente completo. Diferentemente do que ocorre em outras espcies animais, no ser humano, o nmero de dentes em cada uma das duas arcadas o mesmo (16 dentes). Como todo indivduo possui dois arcos dentais (superior e inferior) o nmero total de dentes normalmente presente no indivduo adulto 2 X 16 = 32 (sendo 8 incisivos, 4 caninos, 8 pr-molares e 12 molares).

Note que as figuras B e C representam, respectivamente, as metades (hemiarcos) direita e esquerda do arco permanente. Observe que cada metado tem, portanto, oito dentes cada (confira com a imagem). De fato, as imagens B e C foram obtidas seccionando-se a figura A (que tem 16 dentes) ao meio (o corte seguiu a linha mediana mostrada na figura) como, alis, as figuras deixam claro. Isto quer dizer que o hemi-arco direito

(figura B) representa a imagem especular (no espelho) do hemi-arco esquerdo (figura C). O nome dos dentes permanentes, a partir da linha mediana em direo posterior, so, para os dois hemi-arcos: incisivo central, incisivo lateral, canino (popularmente chamado de presa), primeiro pr-molar, segundo pr-molar, primeiro molar, seguindo molar e terceiro molar (dente do siso ou do juizo). A dentio humana decdua completa possui ao todo 20 dentes sendo 10 em cada arcada e, portanto, 5 em cada hemi-arcada. A figura ao lado mostra, esquematicamente, os dois arcos dentrios decduos (superior e inferior). Repare que, nesta dentio, no existem terceiros molares e pr-molares. Os cinco dentes temporrios de cada hemi-arco, a partir da linha mediana, que aparece tracejada na figura, so: incisivo central, incisivo lateral, canino, primeiro molar e segundo molar (confira com a figura). FRMULA DENTRIA Como vimos, o nmero total de dentes na dentio humana , normalmente, 20 na dentio decdua e 32 na permanente. Para representar facilmente este nmero e os tipos de dentes usa-se a frmula dentria, isto , a maneira suscinta de especificar a quantidade de dentes em cada hemi-arcada. Na frmula dentria, a denominao de cada dente est representada pela letra inicial, sendo minscula para os decduos e maiscula para os permanentes. Estas iniciais so colocadas em forma de frao que traduzem a separao das arcadas dentrias duperior e inferior, tendo como numerador o nmero de dentes da hemi-arcada maxilar (superior) e no denominador os dentes da hemi-arcada mandibular (inferior). Assim sendo, a dentio permanente representada pela seguinte frmula:

Repare que a frmula dentria acima nos informa que em cada hemi-arcada permanente humana completa temos: 2 incisivos, 1 canino, 2 pr-molares e 3 molares.

Analogamente, para a arcada decdua, temos a seguinte frmula:

A figura acima relata que em cada hemi-arcada decdua humana completa temos: 2 incisivos, 1 canino e 2 molares. NOTAO DENTRIA (REGISTRO) O cirurgio-dentista tem necessidade de anotar todas as alteraes que encontra durante o exame clnico do aparelho dentrio. Para tanto utiliza-se de uma ficha onde assinala aquilo que corresponde ao estado atual dos dentes do seu paciente. Este sistema de indicar, de maneira sumria e prtica, os detalhes anatmicos das arcadas dentrias, constitui a notao dentria. A compreenso por parte do leitor desta notao o auxiliar a entender as anotaes de seu dentista. Cada profissional pode ter o seu modo pessoal de assinalar as peas dentrias, porm o mais usado atravs da notao internacional. Para isso consideremos que cada uma das arcadas dentrias determinada por trs planos a saber: horizontal, frontal e sagital (de acordo com a figura abaixo).

Destes trs planos o que mais vai nos interessar o plano sagital mediando que divide as arcadas dentrias em suas duas hemi-arcadas (direita e esquerda) a partir do encontro dos dois incisivos centrais (como mostra a figura acima). O leitor deve imaginar agora o indivduo de frente conforme a figura abaixo. Nesta figura, o plano sagital mediano aparece como um eixo vertical e o plano horizontal (que passa entre as duas arcadas superior e inferior em contato) visto como um eixo horizontal. Note que o lado direito do paciente aparece esquerda da figura (como a nossa imagem no espelho).

Dividimos, assim, a boca em quatro quadrantes numerados a partir do superior direito em sentido horrio. Portanto, temos: a) b) c) d) Quadrante 1: superior direito Quadrante 2: superior esquerdo Quadrante 3: inferior esquerdo Quadrante 4: inferior direito. Numeramos agora os dentes de cada hermi-arcada (de 1 a 8) a partir do plano sagital mediano (conforme figura ao lado). Os dentes podero ser agora identificados, de acordo com a notao internacional, por um nmero de dois dgitos onde o primeiro dgito se refere ao quadrante e o segundo, ao dente. Dessa forma para os dentes da hemi-arcada superior esquerda temos os seguintes nmeros indicando os respecivos dentes (confira com a figura):

21 Incisivo central superior esquerdo (quadrante 2, dente 1) 22 Incisivo lateral superior esquerdo (quadrante 2, dente 2) 23 Canino superior esquerdo (quadrante 2, dente 3) 24 Primeiro pr-molar superior esquerdo (quadrante 2, dente 4) 25 Segundo pr-molar superior esquerdo (quadrante 2, dente 5) 26 Primeiro molar superior esquerdo (quadrante 2, dente 6) 27 Segundo molar superior esquerdo (quadrante 2, dente 7) 28 Terceiro molar suoperior esquerdo (quadrante 2, dente 8) Dessa forma os dentes permanentes todos se identificam pelos seguintes nmeros visto na figura abaixo:

Para a dentio decdua, em que os quadrantes so numerados analogamente de 5 a 8. Analogamente, os dentes decduos so numerados de 1 a 5. Os nmeros dos dentes de leite so: os incisivos centrais 1, os incisivos laterais 2, os caninos 3, os primeiros molares 4 e os segundos molares 5. A figura abaixo mostra como fica, portanto, a numerao de todos os dentes decduos:

Na figura acima repare que, por exemplo, o dente 73 o canino inferior esquerdo decduo.

AS CINCO FACES DOS DENTES Generalidades.Na descrio das faces e dos detalhes anatmicos dos dentes muito usado os conceitos de ngulos diedros e triedros. Vamos recordar esses dois conceitos.

A palavra diedro vem do grego ("di", 'dois', 'duas vezes' + "hedra", 'plano') significando "que tem duas faces" e, em geometria, "ngulo formado por dois semi-planos com reta comum" ou "ngulo de duas faces" (dicionrio Porto Editora).Analogamente triedro um ngulo formado por trs semiplanos com ponto comum.

Cavidade bucalO nico osso mvel da cabea a mandbula. Quando elevamos a mandbulade tal modo que os dentes da arcada inferior tocam os dentes da arcada superior dizemos que ocluimos as arcadas ou os dentes ou ainda que os dentes ou as arcadas entraram em ocluso.

Quando as duas arcadas entram em ocluso o conjunto forma como que uma muralha (figura ao lado) que divide a cavidade bucal em dois compartimentos: um situado entre os lbios e bochechas e os dentes que denominado vestbulo bucal (a palavra vestbulo quer dizer entrada); e outro localizado entre os dentes onde se encontra a lngua que a cavidade bucal propriamente dita. Os dentes permanentes possuem uma coroa que pode ser inscrita num slido geomtrico. Se considerarmos as formas geomtricas que mais exatido tem para caracterizar as diferentes formas de coroas podemos dizer que os anteriores (incisivos e caninos) se enquadram mais em slidos cuneiformes (figura A da imagem abaixo), enquanto que os pr-molares e molares se enquadram mais nos slidos rombides (respectivamente figuras B e C da imagem abaixo).

As faces dos dentes posteriores (pr-molares e molares), que ocluem com os da arcada antagnica, denominada de face oclusal. Nos dentes anteriores (incisivos e caninos) essa face no to evidente e, neste caso,

prefervel falar em borda ao invs de face para essa aresta cortante (que lembra um diedro) que lembra o pice de uma cunha. Assim cada coroa de dentes posteriores tem 12 ngulos diedros e 8 ngulos triedros (confira com as figuras B e C acima). Dessa forma os dentes possuem cinco faces reais a saber: 1. Face vestibular (V): voltada para o vestbulo da boca e que mantm relao com os lbios e bochechas. 2. Face lingual (L): voltada para a cavidade bucal propriamente dita e que mantm relao com a lngua (nos dentes superiores essas faces so tambm denominadas face palatina (P) devido s suas relaes com o plato o cu da boca). 3. Faces proximais: so as faces de contato entre dois dentes vizinhos na arcada dentria, sendo: Face mesial (M): a mais prxima (ou voltada para) o plano sagital mediano Face distal (D): a face oposta mesial (de trs). 4. Face oclusal (O): so as faces que entram em contato quando os dentes entram em ocluso. Nota: para os dentes anteriores comum chamar-se as faces oclusais de bordas incisais ou caninas (conforme referir-se incisivo ou canino), mas continua-se a represent-las pela letra O. A figura abaixo ilustra as cinco faces acima referidas:

A figura abaixo mostra as cinco faces com o dente em posio na arcada dentria (o quadrado da direita focaliza, em maior aumento, o mesmo campo do quadrado da esquerda):

DIVISO DA COROA EM TEROSAs vrias faces das coroas dentais (e as razes) so divididas em segmentos ou teros, tornando mais fcil a localizao de certos detalhes anatmicos, a descrio de leses bem como a comunicao falada e escrita. Os teros so denominados de acordo com a sua denominao. A figura abaixo, por exemplo, mostra essas divises em um dente posterior inferior e um dente anterior superior:

Nota: a regio do colo dental denominada regio cervical.

a) Face oclusal: no sentido msio-distal: teros mesial, mdio e distal; no sentido vestbulo-lingual: teros vestibular, mdio e lingual. b) Faces vestibular e lingual: no sentido gngivo-oclusal: teros gengival ou cervical, mdio e oclusal; no sentido msio-distal: teros mesial, mdio e distal. c) Faces mesial e distal: no sentido gngivo-oclusal: teros gengival ou cervical, mdio e lingual; no sentido vestbulolingual: teros vestibular, mdio e lingual. d) Razes: para as razes s interessa a diviso no sentido vertical, isto , do longo eixo do dente: no sentido crvicoapical: teros cervical, mdio e apical.

FACE OCLUSALPara as faces oclusais devemos atentar para as seguintes formaes: CSPIDE, SULCO, FOSSETA e CRISTA que sero agora examinadas. Ao olharmos as faces oclusais dos dentes jugais (pr-molares e molares) constatamos a presena de salincias (morrinhos) que so denominadas cspides. Estas formaes so separadas umas das outras por depresses que simulam vales denominados sulcos. Ao longo dos trajetos tortuosos dos sulcos encontramos tambm escavaes (buraquinhos) chamados fossetas. A figura abaixo permite a visualizao destes elementos.

As trs imagens acima representam a face oclusal do dente 36 (Primeiro Molar Inferior). A imagem A foi obtida atravs de um aumento da imagem B. Na imagem A as setas verdes apontam para as cinco cspides normalmente presentes neste dente: trata-se de um dente pentacuspidado. As setas azuis apontam para sulcos e as setas vermelhas, para fossetas (repare que, embora s duas fossetas estejam indicadas com setas, existem mais fossetas nesta face dental).

A presena dos sulcos e fossetas tem implicaes clnicas: os primeiros dentes a serem cariados so os jugais (molares e pr-molares) devido a essas informaes que favorecem a implantao de leses cariosas. Repare na presena de cries na figura C.

MORFOLOGIA DAS CSPIDES tal a importncia das cspides que d origem classificao dos dentes em bi, tri, tetra e pentacuspidados, ficando reservado o nome unicuspidados para os dentes caninos, os quais (segundo alguns) tem suas coroas constitudas por essa formao. As faces oclusais so verdadeiras faces de equilbrio morfo-funcional e uma das responsveis pela integridade das arcadas dentrias, graas ao engrenamento das cspides antagnicas na ocluso normal. So elementos funcionalmente valiosos na triturao dos alimentos. Elas tomam parte na constituio de uma parte ativa da mastigao, a qual, paulatinamente, vaise desgastando. Cada cspide uma pirmide de base quadrangular e, assim sendo, tem detalhes bem definidos que devem ser corretamente interpretados: quatro faces ou planos inclinados, que se unem entre si por intemdio de arestas ou bordas, e que convergem para um ponto comum ou pice, o qual se localiza do lado oposto base.

Na imagem acima temos: A a concepo morfolgica piramidal de cada cspide individualmente. B Incio hipottico da construo da face oclusal de um dente bicuspidado: primeiro secciona-se uma parte da cspide da figura A segundo um plano perpendicular a uma das arestas. C Depois junta-se duas destas pirmides seccionadas pelo plano de seco e temos a concepo morfolgica de uma face oclusal bicuspidada. D Vista superior mostrando como unida as duas cspides para se formar a face oclusal bicuspidada. E Vista superior da figura C. Abaixo a concepo anloga da face de um dente tetracuspidado.

Deve-se notar que, quando o dente est em posio na arcada dentria, a aresta (e no a face) de cada cspide que fica voltada para os lados lingual e vestibular. A figura seguinte ilustra bem esse fato.

CRISTAS MARGINAIS As cristas so elevaes lineares que unem cspides ou que refora a periferia de certas faces dos dentes. Podem ser: 01. Cristas marginais. Estas se encontram sempre presentes nas faces oclusais dos dentes jugais (so as cristas marginais mesial e distal); e nas faces linguais dos dentes anteriores, so quase verticais, localizando-se entre a face lingual e as faces de contato (figura abaixo).

01.

Cristas longitudinais. Estas nem sempre presentes e quando aparecem se situam nas faces oclusais unindo as cspides linguais entre si e/ou as cspides vestibulares.

02.

Cristas oblquas (ou ponte de esmalte). Estas atravessam em diagonal as faces oclusais dos molares superiores e unem as cspides msio-lingual e disto-vestibular. A figura abaixo mostra o desenho normal e estilizado da face oclusal do primeiro molar superior onde as setas vermelhas apontam para a ponte de esmalte.

DIVISO ANATMICA DO DENTEDo ponto de vista anatmico e descritivo, o dente formado por trs partes distintas: coroa, colo e raiz (figura seguinte). A coroa dentria a poro visvel e funcionante na mastigao e seu aspecto distingue-se de imediato das demais partes. Ela brilhante e permanece acima dos ossos de suporte e gengiva ( o que a gente v quando olhamos nossos dentes no espelho).

A fixao do dente no osso se d atravs da raiz em cavidades prprias (alvolos) no interior do osso. Sua forma de ser implantada, simulando um prego encravado na madeira, fez com que durante muito

tempo fosse chamada de gonfose essa relao dente-alvolo (do grego gonphos quer dizer prego). Alm de suas funes como elemento fixador, a raiz dentria suporta o impacto das foras mastigatrias, graas s suas relaes com as paredes do alvolo dentrio atravs de fibras do desmodonto (tecido conjuntivo fibroso que une o dente ao alvolo). A raiz nem sempre nica e a variao no nmero de razes pode ser vista na figura abaixo.

O colo o segmento imediato entre a coroa e a raiz. a parte mais estrangulada do dente (o pescoo do dente) e limitado por uma linha sinuosa que se interpe entre as duas outras partes do dente (figura ao lado). importante que se faa distino entre o colo anatmico e verdadeiro do dente e o colo cirrgico. O primeiro (colo anatmico) representa exatamente os limites divisrios entre a coroa e a raiz, facilmente perceptvel pela diferena de cor (a coroa branca e a raiz, amarela) e pela sinuosidade (como na figura ao lado) que apresenta em todas as faces do dente. O colo cirrgico, nada mais do que a poro inicial ou basal da raiz que fica sempre acima do alvolo dentrio e que, no indivduo revestido de suas partes moles, permanece revestida pela gengiva. A retirada cirrgica da coroa dental feita sempre nesta parte basal da raiz, justificando plenamente o seu nome.

OS ALVOLOS

A figura acima mostra os alvolos (cavidades sseas onde se inserem as razes) das arcadas superior (maxilar) e inferior (mandibular). Quando o dente possuir uma nica raiz esta se insere nos alvolos denominados unilaculares (seta vermelha 3); quando o dente possuir duas razes, estas se inserem nos bilacunares (seta vermelha 1) e se tiver trs razes, estas se inserem nos trilacunares (seta vermelha 2). Os alvolos bi e tri lacunares possuem divises sseas internas que so os septos sseos que separam a cavidade de cada raiz individualmente (seta verde). A parte mais alta do alvolo, prxima ao colo dentrio, que contorna a entrada do alvolo, chama-se crista ssea alveolar ou simplesmente crista ssea. As setas azuis apontam para duas destas cristas. DIVISO ARQUITETURAL E ESTRUTURAL DO DENTE Do ponto de vista arquitetural, e estrutural, o dente pode ser descrito com o sendo formado de quatro partes: esmalte, dentina, cemento e polpa (figura abaixo). As trs primeiras formaes so duras, calcificadas, enquanto que a polpa o nico tecido mole do dente.

ESMALTE Propriedades fsicas O esmalte forma uma capa protetora, de espessura varivel, sobre a superfcie dental da coroa (o esmalte envolve a coroa). Nas cspides de molares e pr-molares o esmalte tem uma espessura mxima de 2 a 2,5 mm, aproximadamente, adelgaando-se para baixo at quase o bordo de uma navalha, aio nvel do colo do dente. Devido ao seu alto contedo de sais minerais e seu aspecto cristalino, o esmalte o tecido mais duro do organismo humano. A funo do esmalte formar uma capa resistente para os dentes, tornando-os adequados para a mastigao. A estrutura e a dureza do esmalte tornam-no quebradio. O peso especfico do esmalte 2,8 g/cm3. Outra importante propriedade fsica do esmalte a sua permeabilidade. Com traados radioativos tem sido constatado que o esmalte funciona como uma membrana semipermevel, permitido uma passagem completa ou parcial de certas substncias: uria, etc. O mesmo fenmeno demonstrado por meio de substncias corantes. A cor da coroa coberta pelo esmalte vai do branco amarelado at o branco acinzentado. Tem sido sugerido que as diferenas de cor se devem translucidez do esmalte, de tal modo que dentes amarelos tem esmalte fino e translcido, atravs do qual a cor amarela da dentina visvel e dentes acinzentados possuem um esmalte mais opaco. Propriedades qumicas

O esmalte consiste principalmente de material inorgnico (96%) e somente uma pequena porcentagem de material orgnico e gua (4%). O material inorgnico do esmalte semelhante a um mineral denominado apatita [3Ca3(PO4)2.2NaX] sendo que X pode ser cloreto (Cl-), fluoreto (F-) ou hidrxido (OH-). A natureza orgnica do esmalte protica e semelhante queratina (protena que recobre a pele dos vertebrados). O espao relativo ocupado pela armao orgnica e o esmalte completo quase igual. A figura ao lado ilustra esse fato, pela comparao entre uma pedra e uma esponja de tamanhos aproximadamente iguais. A pedra representa o contedo mineral, e a esponja representa a armao orgnica do esmalte. Embora seus tamanhos sejam quase iguais, seus pesos so muito diferentes. A pedra 100 vezes mais pesada que a esponja, ou expressando em porcentagem, o peso da esponja quase que 1% do peso da pedra. Estrutura Da mesma forma que uma parede formada por tijolos o esmalte dental formado por prismas ou bastes. Na constituio do esmalte entram tambm bainhas dos prismas e, em algumas regies, uma substncia interprismtica cimentante. O prisma o componente mineral do esmalte e as demais formaes so orgnicas. Os prismas cobrem toda a espessura do esmalte desde o limite com a dentina at a superfcie coronria e se dispes num trajeto oblquo e ondulado de forma que o comprimento de um prisma maior que a distncia do limite da dentina at a superfcie. aceito que o dimetro mdio dos prismas de 4 micra (4 milsimos de milmetros), mas esta medida varia uma vez que a superfcie do esmalte junto dentina menor que no lado externo. Embora muitas reas do esmalte humano parecem conter prismas envolvidos por bainhas dos prismas e separados por uma substncia interprismtica, um modelo mais comum um prisma em forma de buraco de fechadura quando cortados longitudinalmente (figura ao lado). A parte circular mais volumosa do prisma denominada cabea do prisma e a parte mais estreita, cauda do prisma.

As figuras abaixo mostram essas imagens caractersticas ao microscpio eletrnico.

Acima: a figura 1 representa os prismas em corte transversal e a figura 2. em corte longitudinal; B representa a cabea ou corpo dos prismas e A, a cauda (confronte a figura 1 com o desenho dos prismas mais acima). DENTINA Propriedades fsicas Nos dentes de indivduos jovens, a dentina tem uma cor amarelo-claro. Ao contrrio do esmalte, que muito quebradio, a dentina est sujeita a deformaes leves. E altamente elstica. algo m,ais dura que o osso, mas mais mole que o esmalte. Propriedades qumicas A dentina consiste de 30% de matria orgnica e 70% de material inorgnico. A substncia orgnica constituda fundamentalmente de fibras colgenas (um tipo de protena fibrosa) e mucopolissacardeos. A poro mineralizada composta de cristais de apatita como no osso, cemento e esmalte. Cada cristal de hidroxiapatita composta por milhares de unidades. Cada unidade tem a frmula qumica 3Ca3(PO4)2,Ca(OH)2. Os

cristais so descritos em forma de placas e muito menores do que os do esmalte. Estrutura Apesar de ser menos resistente do que o esmalte, a dentina tem a particularidade de ser mais desenvolvida porque encontra-se na coroa e na raiz do dente, formando como que o fuste dentrio sobre o qual repousam o esmalte e o cemento. Alm do mais a dentina limita uma cavidade onde se aloja a polpa dentria. Essa cavidade denomina-se cavidade pulpar ou dentria. A figura ao lado mostra a cavidade pulpar e possvel perceber que esta descreve quase que perfeitamente a morfologia externa do dente. As clulas que produzem a dentina so denominadas odontoblastos e esto localizadas em torno da polpa junto parede de dentina em forma de paliada como se fosse um epitlio. Estas clulas emitem prolongamentos citoplasmticos para dentro dos milhes de tbulos que percorrem a dentina em toda a sua extenso e espessura. A figura abaixo mostra uma fotografia da imagem microscpica da dentina costada transversalmente onde se pode notar a abundncia dos tbulos dentinrios onde a parte da direita representa a parte da esquerda em maior aumento.

Da superfcie da cavidade pulpar at o esmalte (se for dentina coronria que forma a coroa) ou cemento (se for dentina radicular que forma a raiz) o trajeto dos tbulos dentinrios algo curvo e lembra a forma de um S.

A relao entre as reas de superfcie no lado externo e interno da dentina cerca de 5:1. Conseqentemente os tbulos esto mais separados nas camadas perifricas e mais justapostos nas camadas mais internas. Alm disso eles so mais largos perto da superfcie pulpar (3 a 4 micra milsimos de milmetro) e se tornam mais estreitos em sua em suas extremidades externas (1 mcron). O nmero de canalculos perto da cavidade pulpar da dentina varivel e est entre 30 000 e 75 000 por mm2. H mais tbulos por unidade de rea na coroa que na raiz. Cada tbulo tem mais ou menos 1 mcron de dimetro. Dentro deste canalculos encontra-se tambm prolongamentos de clulas nervosas o que explica a alta sensibilidade da dentina. Para que o leitor possa fazer uma melhor idia do teor de substncia orgnica na matriz dentinria a figura ao lado a imagem ao microscpio eletrnico de varredura de um corte transversal do canalculo e mostra a disposio irregular das fibras colgenas calcificadas ao redor dos canalculos. (aumento de 15 000 vezes).

POLPAA cavidade dentria (pulpar), com suas pores coronria e radicular, contm o tecido mole do dente, a polpa dentria. Ambas as pores da cavidade pulpar so limitadas pela dentina, a qual vai, durante a evolulo normal do dentes, determinar a diminuio progressiva desta parte cavitria do dente.

Na figura acima, a parte escura interna ao dente tanto representa a cavidade pulpar como a polpa dentria. A parte desta cavidade que ocupa a coroa do dente denominada cmara pulpar (ou coronria); e a parte que ocupa o interior das razes, canal radicular. O canal radicular se abre na regio do pice da raiz atravs de um orifcio chamado formem radicular, cujo dimetro varia entre 0,3 a 0,4 mm . pelo formem que entram, para dentro da cavidade pulpar, os vasos e nervos que vo irrigar e enervar a polpa (figura ao lado). O teto da cmara coronria corresponde face oclusal dos pr-molares e molares ou borda incisal dos dentes anteriores. Esta parte caracteriza-se pela presena de depresses que nos moldes surgem como elevaes correspondentes s cspides ou s bordas incisais. Cada prolongamento pulpar, ou corno pulpar, comunica-se amplamente com a cavidade central; e acompanha (o corno pulpar) o maior ou menor aguamento da cspide. Se h desgaste nas pontas das cspides ou bordas incisais, o mesmo acontece com as pontas dos cornos pulpares, devido formao de novas camadas de dentina destinadas a compensar o desgaste exterior. Os cornos pulpares so tantos quanto as cspides. Evoluo das cavidades pulpares

O tamanho da cmara pulpar e o calibre dos canais radiculares sofrem influncia da idade do dente, da sua atividade funcional e da sua histria clnica. A deposio de dentina contnua at o dente atingir o seu tamanho normal. Esta recebe o nome de dentina primria. Entretanto, devido aos fatores apontados, decorrentes da prpria evoluo dos dentes e do indivduo, novas camadas de dentina so depositadas sobre a dentina primria, as quais podem ser divididas em dentina secundria e dentina esclerosada. A dentina secundria forma-se em condies normais, constantemente, devido atrio que as faces dentrias sofrem na mastigao; ou ento, em condies patolgicas. Assim pode-se dividir a dentina secundria em dois tipos: a) dentina secundria fisiolgica b) dentina formativa ou reparadora a) A dentina secundria fisiolgica vai se depositando sobre a dentina primria, quer na cmara coronria, quer no canal radicular, acompanhando a evoluo do dente e, ao mesmo tempo, modificando o volume dessas cavidades. Esta deposio dentinria serve para manter sempre uma certa distncia entre a superfcie do dente e a polpa do rgo. b) A dentina reparadora forma-se secundariamente a processos patolgicos que incidem sobre o dente, tais como eroso, crie, briquismo ou irritao por certas substncias irritantes. Enquanto que a dentina reparadora semelhante primria, esta desorganizada. A imagem abaixo reala estes dois tipos de dentina.

Quer a neoformao dentinria se faa fisiolgica ou reparativamente, a tendncia geral da cmara coronria reduzir-se a ponto de desaparecer completamente. Quando isso acontece o dente permanece vitalizado somente graas aos tecidos vizinhos ao redor do dente (periodonto). c) A dentina esclerosada ou transparente pode surgir em qualquer outro tipo de dentina e em qualquer parte do dente. Caracteriza-se por ser translcidas e apresentar alto grau de mineralizao. Sendo mais mineralizada que a dentina primria, a dentina esclerosada torna-se mais transparente, semelhana do esmalte. Ela muito presente em leses cariosas ou eroses dentrias acentuadas, mas parece estar relacionada com a idade, pois aparece mais em dentes de velhos. As setas vermelhas da figura ao lado mostram como aparece a dentina esclerosada quando colocada em cima de uma grelha.

Normalmente as pessoas tem um total de 52 rgos pulpares, 32 nos dentes permanentes e 20 nos decduos. Cada um destes rgos tem, evidentemente, uma forma que coincide com a cavidade pulpar. Eles tem numerosos caractersticas morfolgicas que so similares. O volume total de todos os rgos pulpares nos dentes permanentes 0,38 cm3 e o volume mdio de cada polpa humana adulta 0,02 cm 3. As polpas dos molares so trs ou quatro vezes maiores que as dos incisivos. A figura abaixo representa a morfologia das polpas dos dentes permanentes.

A polpa um tecido mesenquimal que contm, inclusive, clulas tronco e a polpa - de grande potencialidade formadora de dentina. As clulas que produzem a matriz dentinria so os odontoblastos cujos corpos celulares esto na cavidade pulpar lado a lado forrando as paredes desta cavidade. Embora o corpo celular esteja, portanto, dentro da cavidade pulpar e, portanto, na polpa, estas clulas emitem prolongamentos citoplasmticos que adentram os canalculos dentinrios. Portanto os odontoblastos esto presentes na polpa (corpo) e na dentina (prolongamentos citoplasmticos). Entretanto lembremos que no dente adulto essa capacidade de neoformao difere quando se considera a funo normal do dente (formando dentina primria) ou os processos patolgicos que podem afetar a superfcie dentria (dentina secundria). Estruturalmente, a polpa caracteriza-se pela presena de tecido conjuntivo frouxo (que um tecido mole) rico em clulas onde se destacam os fibroblastos, vasos, nervos e os odontoblastos. A polpa desempenha quatro funes importantes: formadora de dentina, nutridora, sensorial e protetora. A funo nutridora toma-se importante no dente adulto porque ela mantm os componentes orgnicos embebidos em substncias vitalizadoras, alm de fornecer a nutrio indispensvel vida dos odontoblastos. A funo sensorial corre por conta de suas fibras sensitivas (fibras aferentes somticas) que do a sensibilidade caracterstica da polpa e da dentina, graas aos prolongamentos dos odontoblastos. Ao lado destas fibras sensitivas, existem fibras motoras (fibras eferentes viscerais) para a musculatura lisa dos vasos pulpares, controlando o fluxo sangneo na cavidade dentria. A funo protetora evidencia-se nos processos inflamatrios que atingem a polpa: formam-se exsudatos que aumentam a presso intradentria e, conseqentemente, comprimem os filetes nervosos, aparecendo o sintoma dor.