Anastomose esofagogástrica cervical com invaginação após ... · Analisar a incidência de...

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Anastomose esofagogástrica cervical com invaginação após esofagectomia Programa de Iniciação Científica PIBIC/IAMSPE 22 de Nov 2012 Acadêmico: André Luiz L C Campos Orientador: Prof. Dr. Jaques Waisberg

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Anastomose esofagogástrica cervical com invaginação após

esofagectomia

Programa de Iniciação Científica PIBIC/IAMSPE

22 de Nov 2012

Acadêmico: André Luiz L C Campos

Orientador: Prof. Dr. Jaques Waisberg

Introdução

• Esofagectomia – Cirurgica complexa de grande porte.

– Tx morbidade: 60%

– Tx Mortalidaade: 26,7%

• Multiplicidade de vias de acesso e variantes técnicas.

• Indicação: Ca Esôfago; Dolicomegaesôfago

Epidemiologia

• Incidência (> 60 anos) – 7.770 Homens (5o S, 6a SE e CO, 7a NE, 9a N) – 2.650 Mulheres ( 11o S, 13a NE e 15a SE,CO e N)

• Risco estimado – 8 casos novos a cada 100.000 homens – 3 casos novos a cada 100.000 mulheres

• Mundo (2008) – 482 mil casos novos – 407 mil mortes (Países Desenvolvidos) – China, Irã, África do Sul, França e Japão

Apresentação Clínica

• Ao diagnóstico – 74 % apresentam disfagia progressiva – 57% emagrecimento – 17 % odinofagia – Sialorréia, Regurgitação, Hematêmese…

• Avançado – Afagia (incapacidade para deglutir) – Pneumonia aspirativa (estenose esofago) – Rouquidão (Infilt. Nervo laringeo recorrente) – Tosse durante deglutição (fístula esôfago-traqueal) – Insuf. Respitatoria (infiltração da traquéia.)

Dificuldade para o tratamento

• Geralmente é doença avançada

• Paciente em precárias condições clínicas

• Problemas respiratórios concomitantes

• Quimio/radioterapia ainda são insatisfatório

• Opções terapêuticas agressivas

Esofagectomia - Histórico

• 1877: Czerny → 1° ressecção e reanastomose de esôfago cervical em humanos com sucesso

• 1913: Torek → 1° ressecção carcinoma esofágico com sucesso via transtorácica

• 1946: Ivor Lewis → 1° esofagectomia via tóracolaparotomia • 1954: Josias de Freitas → reforço da anastomose

esofagogátrica com a pleura mediastínica • 1974: Pinotti → 1° esofagectomia subtotal via

cérvicoabdominal com transecção do diafragma • 1976: Pinotti → publicação acesso extrapleural do esôfago

por frenolaparotomia • 1977: Pinotti → publicação esofagectomia subtotal por túnel

transmediastinal sem toracotomia • 1978 Orringer e Sloan → publicação esofagectomia sem

toracotomia

Esofagectomia - Complicações

• Pulmonares (broncoaspiração, pneumonia)

• Estenose da anastomose

• Necrose de víscera transposta

• Mediastinite

• Fístula Cervical (I: 0,8-50%)

– 2% evoluem de maneira catastrófica

• 30-50% evoluem para estenose

Técnicas Cirúrgicas

• Anastomose em dois tempos11,

• Revascularização do tubo gástrico12,

• Mobilização laparoscópica do estômago e preparação do conduto gástrico cinco dias antes da esofagectomia13,

• Anastomose com invaginação18-20

– Haight (telescopagem) e Nigro (submucosa-mucosa)

– Henriques (Com vs Sem invaginação)

Objetivo

Analisar a incidência de fístula e estenose da anastomose esofagogástrica cervical com invaginação após esofagectomia subtotal e esofagogastroplastia para o tratamento do carcinoma esofágico e megaesôfago chagásico avançado

Material e Métodos

Casuística

• 54 pacientes (45 ca esôfago + 9 megaesôfago)

• 33 carc cels escamosas + 12 adenocarc – 21 (46,6%) > 1/3 médio

– 24 (53,3%) > 1/3 inferior

• 44 homens e 10 mulheres ;

• Média de idade de 58,5 anos (30-84 anos);

Material e Métodos

Critérios de inclusão:

• Esofagograma sem desvio;

• Lesões com extensão longitudinal de até 5 cm;

• Ausência de invasão da árvore respiratória;

• Ausência de sinal de irressecabilidade;

• Ausência de disseminação a distância;

• Ausência de contraindicação cirúrgica ou anestésica;

Material e Métodos

Técnica operatória

• Na ausência de contraindicações >> esofagectomia + esofagogastroplastia cervical; – 41 (75,9%) > abordagem transhiatal

– 13 (24%) > abordagem abdominotoracocervical

• Tempo cirúrgico único. Duas equipes simultaneamente.

• Transposição estômago p/ região cervical via mediastino posterior.

Material e Métodos

• O esôfago foi dissecado e separado de suas estruturas adjacentes nas áreas

cervical, torácica e abdominal • Secção na região cervical com preservação do coto proximal (C: 4 cm; M: ≥ 5 cm)

Material e Métodos

• Tração do esôfago para região abdominal e secção do estômago com grampeador

Material e Métodos

• Miotomia transversal em toda circunferência;

Material e Métodos

• Na borda proximal da miotomia

– anastomose do coto esofágico com o estômago

– polydioxanone 4.0

Material e Métodos

• Invaginação do segmento de 4,0 cm de esôfago.

• Anastomose da parece anterior.

Material e Métodos

• No megaesôfago:

– Linfadenectomia não realizada.

– Coto proximal de 6 cm.

– Retirada da camada muscular do segmento a ser invaginado.

Material e Métodos

• Pós-operatório

– Sem fístula esofagocutânea: dieta no 10º PO.

– Com fístula: dieta via sonda nasoenteral, cuidados locais e dieta VO após fechamento de fístula.

Resultados

• Não houveram óbitos intra-operatórios;

• 41 (75,8%) complicações pós-op

• Cinco (9,2%) tiveram complicações sérias – 2 obituaram

• Três tiveram fístulas de baixo débito – Duas tiveram fístula no 7º e 10º Pós-op – fechamento

espontâneo após 10 e 5 dias, respectivamente.

– Um teve fístula esofagopleurocutânea de baixo débito c/ efusão pleural sero-sanguinolenta – foi drenado e tratado c/ atb. Evolução boa. Alta no 23º pós-op.

Resultados

• 13 (24%) desenvolveram estenose fibrótica. • Em 12 destes, a estenose ocorreu entre 16 dias a 12

meses de pós-op. Em um, ocorreu após 36 meses. • Dilatação endoscópica para alívio (média de 4 seções). • Outras complicações tratadas com sucesso:

– disfonia em 24 (44,4%), – broncopneumonia em 11 (20,3%), – atelectasias em três (5,5%), – falência renal em três (5,5%), – fibrilação atrial aguda em uma (1,8%) – infecção de ferida em um (1,8%)

Discussão

• Técnica modificada que objetiva diminuir formação de fístulas e estenoses;

• Invaginação de 4 cm e miotomia transversa

– Recobrir internamente a zona de anastomose;

– Permitir o deságue de saliva abaixo da zona de anastomose.

– Miotomia > borda cruenta na camada musc do esôfago para anastomose c/ a camada seromuscular do estômago.

Discussão

• Akitama24 e Roth et al.25 > Margem 5 cm;

• Para invaginação > + 4 cm de esôfago proximal. Ainda assim, radical!

• Walther et al.23Anastomose intratorácica (Ivor Lewis) vs anastomose cervical:

– Retirada de 5 cm a mais na anastomose cervical não alterou a sobrevida em cinco anos.

Discussão

• Diagnóstico clínico de fístula > estudos radiológicos com contraste : baixa sensibilidade e falsos negativos.

• Nenhum caso apresentou fístula de alto débito.

• Incidência na literatura4,7,8 50% vs 3,4% (um) com repercussão clínica relevante.

Discussão

• Técnica com invaginação não altera a incidência de deiscência. Permite rápida regeneração.

• Mesmo princípio dos Stents auto-expansíveis.

• Por isto, 3 casos fístulas c/ repercussão leve.

• A incidência da estenose da anastomose foi parecido com a literatura (12 (34%) vs 5-45%).

Discussão

• Técnica não influencia nos outros fatores prediponentes de fístula: isquemia na porção prox. da gastroplastia.

• Presença de fístulas não identificáveis pelos critérios clínicos (saída de saliva abaixo do ponto de deiscência).

Conclusão

• Menor incidência de fístula esofagogástrica, e incidência semelhante de estenose quando comparada à anastomose sem invaginação.

• Menor repercussão clínica das fístulas encontradas.

• Estudos prospectivos randomizados e controlados para confirmar os resultados obtidos

Agradecimentos

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